Última atualização dessa parte: 29/09/2025.
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As bandejas e vasilhas com os snacks foram deixadas sobre a mesa de centro, que Yoongi fez questão de mover para mais perto do sofá, fazendo um rangido estridente ecoar pela sala e pelos ouvidos de , que levou os dedos até os mesmos tapando-os enquanto fazia uma careta.
Yoongi riu das pequenas expressões de insatisfação que surgiam no rosto dela, e então pediu desculpas:

— Desculpa pelo barulho, achei que conseguiria erguer mais os pés da mesinha. Perdão. — Ele parou de finalmente mover o móvel e então se sentou ao lado de no sofá.

Ela levou as mãos até uma das vasilhas com as mini tortilhas que ele havia preparado, colocando a mesma em seu colo, como se dissesse a ele “essas são minhas, nem pensem em tirar essa vasilha daqui”. Suga sorriu sem mostrar os dentes e então passou um dos braços em volta dos ombros dela, puxando-a para si.
Ele sabia que amava aquelas tortilhas e havia feito as mesmas especialmente para ela naquela noite. era muito preciosa aos olhos de Yoongi e ele fazia questão de demonstrar isso à ela com atos de serviço, ou melhor: com comidas que ela gostava.
Já que ele era chef, porque não unir o útil ao agradável, não é mesmo? E lá estava levando as tortilhas à boca, uma a uma, antes mesmo do filme começar.

— Você tem certeza que quer assistir esse filme? Ouvi muita gente dizer que ficou com muito medo no cinema.

deu de ombros delicadamente e mastigou com calma uma das tortilhas que já estavam em sua boca, o que fez o pequeno sorriso de Suga se alargar.

— Eu não costumo sentir medo com filmes de terror, é o meu gênero preferido de filmes. Acho que as pessoas exageram nas reações. — Ela olhou de relance para Suga, que agora olhava para ela. — A , por exemplo, não assiste de jeito nenhum porque ela diz que pega toda a energia ruim para ela. Ela também não entra em cemitérios, acredita?
— Também por causa da energia? — Suga se ajeitou ainda mais perto dela e a viu deitar a cabeça em seu peito, fazendo ele relaxar os músculos para recebê-la.
— Uhum! — balançou a cabeça em afirmativa e umedeceu os lábios, já começando a ficarem alaranjados por causa das tortilhas. — Eu respeito as crenças dela e tudo mais, mas não pego para mim, sabe? Ela não me amedronta, aliás eu nem acho que seja essa a intenção dela, mas enfim.

Suga riu pelo nariz e depositou um beijo demorado na bochecha dela, que fechou os olhos para sentir melhor o toque dos lábios quentes e molhados dele.

— Também acho que não é essa a intenção dela, ela parece se preocupar muito com vocês. — Suga pontuou pegando um tortilla da vasilha no colo dela.

sorriu ao se lembrar da amiga, não do rosto é claro, mas da bolsa de ursinho que sempre acompanhava a amiga e fazia com que a reconhecesse sempre, onde quer que estivessem. era uma boa pessoa, e Yoongi tinha razão, ela se preocupava sempre muito com as amigas, de forma até exagerada às vezes. Mas a amava, mesmo com o jeitão exagerado e as paranóias. Aliás, ela amava todas as amigas, cada uma com seu jeitinho único.

— Isso é verdade, ela se preocupa muito com a gente. E eu gosto disso, gosto de gente que cuida de mim. Que nem você…

sorriu, encostando a ponta do nariz no nariz dele. Yoongi aceitou o carinho de bom grado, fechando os olhos com força. Logo os lábios dos dois estavam grudados um no outro. O beijo começou suave, lento, sem pressa, sem pressão. As mãos de foram parar no pescoço dele, logo estavam nos ombros e Yoongi usou as mãos para trazê-la mais para si pela cintura.
As respirações se misturavam, quentes, os lábios se moviam em uma sincronia quase ensaiada e as línguas dançavam uma com a outra numa coreografia que começava a tirar o fôlego de ambos. Como se quisessem brigar por poder, mas acabassem cedendo juntas.
Quando se separaram, com as respirações irregulares, Yoongi passou o polegar pelo maxilar dela, numa tentativa de acalmar as respirações e num carinho íntimo que dizia para ela que ele não queria estar em nenhum outro lugar, com nenhuma outra companhia.
A prosopagnosia de às vezes piorava muito, e ele tinha muito trabalho para às vezes fazê-la se lembrar de quem ele era, mas Yoongi não trocaria os momentos ao lado dela por nada no mundo. Apesar das dificuldades que enfrentavam por causa da doença, era um presente. Yoongi aprendia algo com ela todos os dias.
A vida dele havia mudado da água pro vinho desde a sua chegada, e Yoongi era mais feliz, mais doce, mais calmo ao lado dela. E ele nunca quis tanto que algo desse tão certo, quanto o relacionamento dos dois. O que estavam construindo, pouco a pouco, devagar, era a coisa mais especial que já havia lhe acontecido. E podia dizer o mesmo. Nunca havia confiado tanto em alguém como confiava nele, nunca relacionamento nenhum, havia proporcionado o que Yoongi a proporciona. Especialmente por causa da prosopagnosia. Mas no caso de Yoongi, a doença parecia ser exatamente o que os unia ainda mais.
Deu o play no filme na TV e viu se aconchegar ainda mais em seu peito, ainda comendo as tortilhas e lambendo os dedos para tiraro excesso de molho. Yoongi sorriu, mesmo que ela não fosse ver. Estava no lugar certo, com a pessoa certa e era isso que interessava agora.

***

O menu do restaurante era sofisticado, tal qual sua decoração. A reputação do restaurante era uma das melhores da Coreia do Sul, e olhava ao redor como se estivesse perdida ou tentando se localizar.
Soltou sem perceber:

— Mais uma prova de que as nossas diferenças são gritantes.

Jimin fechou os olhos com força e então colocou o cardápio sobre a mesa, com um suspiro. Cortante. As palavras de lhe atravessaram como um punhal. Elas não eram de todo mentira, mas lhe feriam. Ele estava tentando consertar as coisas entre os dois desde o jantar caótico com seus pais. Mas não parecia estar adiantando muita coisa.

— Você me fere, falando assim.

estreitou os olhos e ajeitou a bolsa no colo.

— Me desculpe, eu só quis ser realista, cariño. Não quis te ofender, só estou dizendo o óbvio.
— Nós funcionamos muito bem juntos, apesar de todas as nossas diferenças. Mas você parece não achar mais… e isso me fere o dobro.

engoliu seco sentindo o paladar sumir pela garganta. Aquilo estava entalado há um tempo.

— Eu estava me esforçando Jimin. E você também. Mas será que realmente fomos feitos um para o outro como você acha?

Jimin piscou os olhos duas, três vezes. O punhal ainda cravado no peito.

— O que você quer dizer? Nós enfrentamos tudo que podia nos separar de frente, a falta de comunicação, as nossas diferenças. Agora por causa dos meus pais — ergueu uma das mãos, interrompendo-o.
— Não só por causa dos seus pais. O ocorrido naquele jantar só abriu meus olhos. Talvez estejamos perdendo tempo Jimin. Você e eu viemos de mundos totalmente diferentes, e isso é culpa minha. Eu não deveria ter cedido, eu deveria ter pensado nas consequências.
— Quais consequências? Porque até o momento tudo tem sido fantástico aos meus olhos. Você é a mulher da minha vida .
— Jimin… — Os olhos de marejaram pesadamente. — Ay Dios mio! Você é incrível Jimin, eu é que não sou.

Jimin estreitou os olhos com força, sentindo o peito sangrar, como se estivesse cravando o punhal ainda mais fundo dentro dele. A garganta secou, e ele pigarrou.

— Agora você vai jogar essa? “O problema não é você, sou eu”? Jura, ?

Foi a vez de estreitar os olhos e subir as sobrancelhas.

— Vou. Porque é exatamente isso. Eu não sou mulher para você, Jimin.
— Quem colocou isso na sua cabeça? Porque está dando ouvidos aos meus pais, quando nem eu estou?

A voz dele saiu sussurrada, quase como uma súplica e aquilo cortou o coração de ainda mais, que deixou uma lágrima teimosa escapar do olho esquerdo. Depois do olho direito e então ela afundou o rosto entre as mãos, se entregando ao choro. Sofrido. Engasgado na garganta desde que havia entrado no carro dele.
Ela sabia o que deveria fazer, mas doía. Doía como arrancar um dente sem anestesia alguma. Era como se ela fosse a grande vilã de um filme adolescente, a culpa cairia toda sobre ela. Mas ela não podia deixar as coisas como estavam, estava corroída por dentro e Jimin não merecia perder seu tempo com uma mulher como ela. Os pais dele tinham razão.
Jimin se ajoelhou em frente á ela, empurrando sua cadeira em direção à parede, atraindo olhares curiosos e de julgamento. Ele segurou o rosto de entre as mãos, e encostou as testas dos dois.

— Porque está assim? Porque transformou aquele jantar na nossa ruína?
— Porque ele foi Jimin! Ele abriu uma cratera no meu peito. Eu não sou mulher para você, não posso continuar nesse relacionamento. Nós dois somos diferentes demais, e isso me quebra por dentro, você não faz ideia!
— E eu? — Ele sussurrou com a boca colada a dela — E eu? Não tô quebrado? Eu amo você.
— Não pode me amar. Deveria amar uma mulher à sua altura, não uma imigrante cubana, pobre e trabalhadora. Você tem potencial para muito mais que isso.
— Não fala assim! — Os polegares dele limparam as lágrimas quentes que escorriam pela bochecha dela — Você é perfeita para mim, e eu soube disso no momento em que pus os meus olhos em você.
— Eu não posso ser sua namorada Jimin, você precisa me esquecer. Estamos terminando.

O punhal estava sendo girado com força e Jimin sentiu os músculos tensionar, como se estivesse correndo uma maratona. A dor que lhe invadiu fez seus olhos marejarem intensamente, como se ele estivesse completamente à deriva no mar.

— O… o-que? O que você está dizendo? Está terminando comigo? — À voz embargada dele soou pelo restaurante, fazendo se levantar da cadeira. — Você pode fazer isso comigo, não sem antes conversarmos.
— Eu posso Jimin. Estou fazendo isso pelo nosso bem. É o melhor para você e para mim, e você precisa me deixar ir.

A última parte foi dita com muito esforço, a voz morrendo no final da frase, como se ela estivesse sem forças. E estava.

— Não , não posso permitir isso.
— Você pode, e vai. Não me procure mais, Jimin. É o único pedido que eu faço.

Quando ela saiu, sem olhar para trás, deixou com ele o coração e toda dor. As lágrimas quentes caiam desimpedidas pelo rosto maquiado de , que apenas seguia em frente. Só queria sair dali, precisava chegar em casa e se afundar no escuro para tentar tirar Jimin de dentro dela.
Aquela era a melhor decisão, por mais que a dor lhe fosse excruciante.
Jimin ficou lá, ajoelhado, no mesmo lugar, as mãos segurando o nada.
Doía, sangrava. Estava acontecendo de novo… e isso era tudo que ele repetia para si mesmo.
“Está acontecendo de novo, está acontecendo de novo. De novo.”

— Senhor Park, precisa de ajuda? Está tudo bem?

A voz de um dos garçons fez ele acordar do transe. Se levantou bruscamente, depositou algumas notas sobre a mesa e balançou a cabeça em negativa.

“Está acontecendo de novo, está acontecendo de novo. De novo.”
E assim, ele saiu do restaurante, pisando duro. Cada músculo do corpo doendo como se tivesse levado uma surra. E antes fosse isso.
“Está acontecendo de novo, está acontecendo de novo. De novo.”


Continua...



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Nota da autora: "Oi chuchus, peço desculpa por todas as raivas que fiz vocês passarem nesse capítulo. Segura que daqui para frente vai dar tudo errado para depois começar a dar tudo certo, tá?"








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