"Veio como uma onda, ao ponto de não conseguirmos nos recompor. Nós lutamos como fogo, até o ponto em que nosso amor se transformasse em cinzas."
– Você não entende nem as minhas poesias, quem dirá os meus silêncios…
– Talvez eu não entenda, . Mas não é por falta de tentativa. Você se esconde nos seus próprios labirintos, e eu fico aqui, tentando alcançar um mapa que você nunca entrega.
– E se o mapa não existe? E se tudo o que eu sou são essas palavras tortas e esses silêncios?
– Então me deixa entender o vazio também. Não quero apenas as partes bonitas, . Quero você por inteiro, até o que dói.
– Mas e se você não gostar do que encontrar?
– E se eu já estiver apaixonada pelo caos?
desvia o olhar, respirando fundo. Yeonji dá um passo à frente, mas mantém a distância respeitosa.
– Eu sei que você tem medo. Eu também tenho. Mas não vou fingir que não quero tentar, mesmo que o amor entre nós pareça impossível às vezes.
– Às vezes parece mais fácil deixar queimar do que tentar reconstruir.
– Mas é exatamente nas cinzas que tudo renasce.
Silêncio. Eles trocam olhares intensos, onde as palavras não ditas pesam mais do que qualquer verso.
e Yeonji sempre tiveram essa estranha conexão, onde as palavras pareciam insuficientes e, ao mesmo tempo, excessivas. Era uma dança constante entre aproximação e distância, como ondas que nunca se cansavam de bater na mesma praia.
Eles haviam se conhecido em um café pequeno e discreto no centro da cidade. Ele estava sentado em uma mesa no canto, rabiscando versos em um caderno velho, enquanto Yeonji folheava um livro de filosofia na mesa ao lado. Quando ele a viu pela primeira vez, não foi o sorriso dela que chamou sua atenção, mas a expressão de curiosidade tranquila que parecia ler o mundo com outros olhos.
O primeiro contato foi breve. Um comentário casual sobre o livro dela, seguido de uma troca hesitante de palavras. Mas, de alguma forma, aquelas conversas esporádicas se tornaram rotina. Ele voltava ao café sempre no mesmo horário, e ela também. Até que, sem perceberem, as mesas separadas deram lugar a uma única mesa compartilhada.
sempre foi o caos em forma de poesia. Ele carregava o peso de traumas antigos, mágoas mal resolvidas e uma tendência quase masoquista de mergulhar no próprio sofrimento para encontrar inspiração. Yeonji, por outro lado, era racional, prática, mas com um coração que se recusava a endurecer. Ela acreditava que mesmo as dores mais profundas poderiam ser curadas, desde que se estivesse disposto a tentar.
Eles nunca rotularam o que tinham. Não era namoro, mas também não era apenas amizade. Havia beijos roubados no meio de discussões intensas, abraços que pareciam promessas em noites silenciosas, mas também havia dias de afastamento, quando as diferenças entre eles pareciam insuportáveis.
costumava desaparecer por dias, afundando-se em sua própria cabeça, enquanto Yeonji, com o coração na mão, tentava não enlouquecer com a ausência dele. Ela sabia que ele voltaria, mas isso não tornava as ausências menos dolorosas.
“Você não pode continuar fazendo isso”, ela dissera uma vez, os olhos brilhando com lágrimas que ela se recusava a deixar cair. “Não pode ir e vir como se eu fosse uma pausa na sua tormenta. Eu sou um porto, , mas até portos têm limites.” “E se eu não souber como ancorar?” ele respondeu, com a voz baixa, carregada de um desespero que ele tentava esconder.
Apesar de tudo, eles continuavam presos um ao outro. Como se algo maior os unisse, algo que não conseguiam explicar. Era amor, mas um amor torto, imperfeito, cheio de rachaduras. Um amor que os testava constantemente, mas que também os fazia crescer de maneiras que eles jamais imaginariam.
Enquanto se expressava através de versos melancólicos, Yeonji era o equilíbrio que ele não sabia que precisava. Mas ela também se descobria vulnerável ao lado dele, encarando seus próprios medos e inseguranças. Eles eram opostos, sim, mas talvez fosse exatamente essa tensão entre as diferenças que mantinha o fio invisível que os ligava.
Ainda assim, a pergunta pairava no ar: quanto tempo mais eles poderiam continuar assim? Quanto tempo o amor deles suportaria as cicatrizes que iam acumulando?
Por enquanto, tudo o que eles tinham eram momentos. E, naquela noite, com os olhares intensos que trocavam, era difícil dizer quem estava tentando salvar quem.
– De peito aberto, eu aceito a minha solidão. Eu aceito, eu não fujo mais.
As palavras de ficaram suspensas no ar, como uma lâmina afiada que cortava algo profundo dentro dela. Yeonji sentiu os olhos marejarem, mas piscou rapidamente, recusando-se a deixar as lágrimas caírem. Não agora. Não na frente dele.
Ela o observou por um instante, tentando entender a profundidade daquelas palavras. Ele não estava apenas falando sobre estar sozinho; ele estava escolhendo isso. Escolhendo a solidão como um escudo contra o mundo, contra ela, contra tudo que eles poderiam ter sido juntos.
– Então é isso? Sua voz saiu mais baixa do que ela esperava, quase um sussurro.
não respondeu de imediato. Ele apenas desviou o olhar para o chão, como se estivesse buscando uma resposta que não sabia dar.
– Não é sobre você, Yeonji. É sobre mim. Sempre foi.
Aquilo doeu mais do que ela queria admitir. Porque, no fundo, ela sabia que era verdade. Ela sempre sentiu que lutava contra uma parede invisível, contra um vazio dentro dele que ela nunca seria capaz de preencher.
Sem dizer mais nada, Yeonji deu dois passos lentos até a cama dele, onde sua bolsa estava jogada de forma desleixada. Com mãos trêmulas, ela a pegou, segurando-a com força, como se fosse a única coisa que a mantinha firme naquele momento.
– Eu esperei, . Esperei que você me deixasse entrar. Esperei que você quisesse lutar por nós. Mas acho que sempre soube que, no fim, seria eu quem teria que ir embora.
Ele levantou os olhos, e por um momento, ela pensou que ele fosse pedir para ela ficar. Que ele fosse dizer algo que desfizesse o nó em seu peito. Mas tudo o que viu foi o mesmo olhar perdido de sempre, um olhar que parecia implorar por algo que ele não sabia como pedir.
– Eu sinto muito, Yeonji.
Essas palavras quebraram o pouco que ainda restava de esperança dentro dela. Mas, em vez de responder, ela apenas assentiu lentamente. Porque não havia mais nada a ser dito.
Yeonji deu meia-volta e caminhou até a porta. Antes de sair, parou por um breve segundo, respirando fundo. Não olhou para trás. Não podia.
Quando a porta se fechou atrás dela, o silêncio no quarto de era ensurdecedor. Ele permaneceu sentado, imóvel, encarando o vazio, como se cada palavra dita tivesse levado um pedaço dele junto com ela.
E do outro lado, Yeonji caminhava pela rua deserta, segurando as lágrimas que ameaçavam escapar. A cada passo, sentia o peso daquele adeus definitivo. Ela sempre soube que amá-lo seria difícil. Mas nunca imaginou que o mais difícil seria deixá-lo.
Naquela noite, ambos aceitaram suas próprias solidões. Ela escolheu seguir em frente. Ele escolheu continuar preso a si mesmo. E talvez fosse exatamente assim que deveria ser.
"Eu te amo de um jeito bagunçado, isso torna difícil encontrar as palavras para dizer. Não há melhor hora ou lugar..."
estava sentado em uma das mesas do fundo da cafeteria, absorto nos próprios pensamentos, quando a porta se abriu. O som do sino tocou suavemente, e ele levantou os olhos, sem esperar encontrar ninguém em particular.
Mas, ao vê-la, seu coração deu um salto no peito.
entrou com um sorriso largo no rosto, rindo de algo que sua amiga havia acabado de comentar. A luz suave do fim da tarde iluminava seu rosto de maneira quase etérea, e a visão dela, tão natural e tão cheia de vida, fez algo em se mexer de forma desconcertante. Ele mal se deu conta, mas o ambiente ao seu redor parecia desaparecer, como se tudo o que ele conseguisse focar fosse ela.
e sua amiga se aproximaram do balcão, conversando animadamente enquanto faziam seus pedidos. O barista, um jovem com um sorriso simpático, estava claramente tentando acompanhar o ritmo da conversa, mas os olhos de permaneciam fixos nela, como se fosse impossível desviar o olhar.
Ele não sabia por que estava tão nervoso. Não era como se fosse a primeira vez que a visse depois daquele encontro tenso, mas havia algo diferente no ar. Algo que ele não conseguia decifrar.
Ela parecia à vontade, como sempre, mas ele podia ver as pequenas hesitações, os gestos que traíam uma inquietação interna. Talvez ela estivesse, assim como ele, tentando encontrar uma maneira de lidar com o que não foi dito entre eles.
Quando e a amiga se sentaram em uma mesa perto da janela, se viu sem saber o que fazer. Ele queria levantar, ir até lá e conversar com ela, mas o medo de parecer invasivo o segurava no lugar. O que ele diria? O que eles diriam?
Ele se perguntava se ela ainda sentia o mesmo…
E então, como se o universo tivesse decidido por ele, a amiga de olhou para o lado, percebeu sua presença e deu-lhe um sorriso simpático. a seguiu com o olhar e, ao vê-lo, congelou por um breve instante. Seus olhos se encontraram, e por um segundo, pensou que ela fosse simplesmente desviar o olhar, mas ela não o fez.
Ela sorriu, aquele sorriso que sempre conseguia derreter qualquer parede que ele tentava erguer ao redor de seu coração. Foi o sorriso dela que sempre o fazia sentir que, de alguma forma, as coisas entre eles poderiam se ajeitar, mesmo quando tudo parecia perdido.
A visão dela ali, diante dele, fez seu peito apertar. Ela o estava olhando com uma intensidade que ele não sabia como lidar, e de repente, todas as palavras que ele havia ensaiado em sua mente pareciam insuficientes.
A amiga de comentou algo e a tirou da momentânea imersão, mas o olhar que ela trocou com ele foi o suficiente para fazer seu coração acelerar. Ela ainda estava ali, ainda estava presente, e isso era tudo o que ele conseguia processar naquele momento.
levou a mão ao peito, tentando acalmar a respiração. Sentir sua presença depois de tudo parecia quase surreal. Ele ainda não sabia o que fazer com os sentimentos que estavam aflorando dentro dele. A única coisa que sabia era que, ao vê-la novamente, ele se sentia perdido em algo que não conseguia controlar.
Com um esforço visível, ele se levantou e se aproximou da mesa delas, sentindo uma mistura de ansiedade e esperança. O que ele diria? Seria tarde demais?
Quando chegou mais perto, a amiga de sorriu e fez um gesto amigável para que ele se sentasse. o observava, os olhos carregados de algo que não sabia identificar, mas que parecia ter a ver com algo inacabado entre eles.
E, então, ele decidiu.
– Posso me juntar a vocês? – perguntou, a voz mais rouca do que ele gostaria, mas suficiente para romper o silêncio.
olhou para ele, e por um breve momento, o que quer que houvesse entre eles parecia tão perto, tão palpável. Ela assentiu lentamente, um sorriso tímido surgindo em seus lábios. sentou-se, sentindo a tensão crescente, mas ao mesmo tempo, uma estranha sensação de alívio, como se finalmente estivesse começando a enfrentar aquilo que sempre teve medo de encarar.
puxou a cadeira e se sentou ao lado da amiga de , sentindo o peso do momento se dissipar ligeiramente com o som das risadas delas. Por um instante, ele apenas observou, absorvendo o clima leve e descontraído que parecia rodeá-las.
– Então, , semana passada você sumiu daqui, hein? – comentou a amiga, Eunha, com um sorriso curioso e um olhar astuto, como quem estava testando o terreno.
piscou, pego de surpresa, mas logo suavizou a expressão, inclinando-se para trás na cadeira.
– Precisava de um tempo longe das distrações. Às vezes, é bom mudar de cenário. – Respondeu, com um tom casual, embora soubesse que ela queria mais do que aquilo.
– Distrações? Esse café é um refúgio, não uma distração – retrucou Eunha, brincalhona, mas com uma pontada de provocação. – Você e a praticamente descobriram este lugar juntos, não foi?
, que até então estava em silêncio, olhou para Eunha, sentindo a tensão aumentar ligeiramente. Ela sabia que a amiga estava tentando arrancar alguma verdade, mas não tinha certeza se queria ouvir a resposta naquele momento.
desviou o olhar para , seus olhos encontrando os dela por um breve instante antes de responder.
– Sim, foi aqui que tudo começou – disse ele, sua voz mais baixa agora, quase como uma confissão. – Mas às vezes, é bom dar um passo para trás e… pensar.
Eunha arqueou uma sobrancelha, mas antes que pudesse responder, interrompeu, com um tom que era ao mesmo tempo leve e decisivo.
– Está tudo bem, Eunha. Nem todo mundo precisa estar aqui o tempo todo.
Eunha olhou entre os dois, percebendo a troca de olhares que dizia muito mais do que qualquer palavra. Ela deu de ombros e sorriu.
– Certo, certo. Só achei curioso, já que você parecia ser um cliente tão fiel, .
– Fiel eu sou… – respondeu ele, com um sorriso de lado. – Apenas precisei de uma pausa.
A conversa se dissipou em tópicos mais leves, mas o subtexto do que não foi dito pairava entre ele e . Ambos sabiam que havia muito mais a ser discutido, mas aquele momento não era o lugar para isso – pelo menos, não enquanto Eunha estivesse por perto.
☄️☄️☄️
O garçom se aproximou da mesa com as canecas fumegantes de cappuccino e o prato de bolo de cenoura coberto com uma generosa camada de chocolate. Eunha rapidamente agradeceu com um sorriso caloroso e começou a organizar o espaço na mesa para acomodar os pedidos.
aproveitou a oportunidade para sinalizar ao garçom.
– Pode trazer mais um espresso para mim, por favor. Sem açúcar, como sempre.
O garçom assentiu, desaparecendo entre as mesas. Enquanto isso, Eunha cortava um pedaço do bolo com entusiasmo, e pegou sua caneca, soprando levemente o líquido quente antes de tomar um gole.
Por alguns instantes, ninguém falou nada. O som de talheres contra o prato e as conversas distantes das outras mesas preenchiam o ambiente. observava de soslaio enquanto ela saboreava seu cappuccino, os lábios curvados em um pequeno sorriso distraído.
– O bolo está ótimo, você devia provar – disse Eunha, oferecendo um pedaço com o garfo.
riu, balançando a cabeça.
– Eu já comi antes. Sei que é bom.
, com as mãos apoiadas nos joelhos, pigarreou suavemente, atraindo a atenção das duas.
– Eu não quero atrapalhar vocês… – começou ele, sua voz baixa e carregada de sinceridade. – Se preferirem, posso mudar de mesa e deixar vocês à vontade.
ergueu os olhos, encontrando os dele. Sua expressão era serena, mas havia algo nos olhos dela que o fez hesitar.
– Não está atrapalhando, – respondeu calmamente, colocando sua caneca de volta no pires. – A menos que você ache que não quer estar aqui.
Ele prendeu a respiração por um momento, refletindo sobre as palavras dela, antes de balançar a cabeça.
– Não, eu quero. Só não quero ser um incômodo.
Eunha, percebendo o clima mais denso entre os dois, tomou um gole longo do próprio cappuccino, decidindo não intervir.
– Então fique! – disse com firmeza, mas sem hostilidade. – Se você quer estar aqui, , então apenas... fique.
O garçom voltou naquele momento, depositando o espresso de na mesa, interrompendo a troca de olhares intensa entre ele e . agradeceu brevemente, pegou a xícara e tomou um gole, sentindo o calor do café atravessar sua garganta enquanto tentava ignorar a aceleração em seu peito.
A conversa voltou de forma tímida e espaçada, mas havia algo no ar que nem o cappuccino doce, nem o espresso forte podiam mascarar: o peso das palavras não ditas.
levou a xícara de espresso aos lábios mais uma vez, mas, em vez de se concentrar no sabor amargo e familiar, seu olhar vagueou em direção a . Ela estava inclinada ligeiramente para frente, mexendo distraidamente no cappuccino com a colher, enquanto Eunha falava sobre alguma anedota do trabalho.
Por mais que tentasse, ele não conseguia afastar os olhos dela por muito tempo. Cada pequeno gesto, cada curva de seus lábios quando ela sorria ou franzia a testa em pensamento, parecia magnetizar sua atenção.
Havia algo de incrivelmente reconfortante e, ao mesmo tempo, inquietante em tê-la tão perto novamente. Ele sentia o calor familiar no peito, aquele que sempre surgia quando estava ao lado dela, como se ela tivesse a habilidade de acender algo dentro dele que ele nunca soube nomear.
percebeu o olhar dele por um breve momento e ergueu os olhos, encontrando os dele. Foi apenas um instante, mas parecia carregar o peso de dias sem se verem. Ela desviou rapidamente, voltando sua atenção para o cappuccino, mas a ponta de suas orelhas ficou levemente avermelhada.
soltou um suspiro silencioso e pousou a xícara no pires com cuidado. Ele sabia que não deveria olhar tanto, mas era como se algo dentro dele insistisse em absorver cada detalhe, como se temesse que aquela proximidade fosse passageira demais.
Eunha, ainda falando, parecia alheia ao que acontecia entre eles, mas claramente não estava. Ela continuava mexendo no cappuccino, sem realmente bebê-lo, como se aquele simples ato fosse uma forma de esconder o leve desconforto que sentia sob o olhar de .
Ele decidiu desviar o olhar por um momento, fixando-o no anel de espuma que sobrara na borda de sua xícara de espresso. Mas, inevitavelmente, seus olhos voltaram para ela. Ele sabia que deveria dizer algo, quebrar aquela tensão silenciosa que se instalara entre eles, mas não tinha certeza de como começar.
Quando Eunha fez uma pausa na conversa para cortar mais um pedaço do bolo, finalmente ergueu o rosto, encarando de novo. Desta vez, ela manteve o olhar, os olhos carregando uma mistura de questionamento e algo que ele não conseguiu decifrar.
Ele sentiu o calor subir ao rosto e desviou rapidamente, fingindo ajeitar o relógio em seu pulso. Porém, o efeito dela já estava completo. Ele não precisava de palavras para saber: ainda tinha o poder de deixá-lo completamente vulnerável.
☄️☄️☄️
Continua...
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