Autora: Li Santos
    Scripts: Autora Independente
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Finalizada em: 29/04/2022.
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POV


Me chamo , tenho 12 anos e nasci aqui em Montreal, Canadá. Hoje é um dia especial para mim e para toda minha família, pois hoje nasceu minha irmãzinha! De início eu não queria ter irmãos, não queria dividir meu espaço e atenção dos meus pais com outra pessoa. Mas, agora, depois que ela nasceu, eu me sinto revigorado, não sei explicar direito o que isso significa, mas é uma palavra que meu pai usou quando falou da minha irmã. Então, acho que deve ser algo bom. Eu toco piano desde os 9 anos de idade, nunca me interessei por outro instrumento. Porém, após saber que teria uma irmã mais nova, eu quis aprender a tocar violão só para tocar canções de ninar para ela. Meu pai me disse, que agora que minha irmã nasceu, eu teria que ter mais responsabilidade, como se minha irmã fosse um pedaço de mim, teria que cuidar de mim e dela. Meus pais chegaram agora em casa, não me deixaram ir para o hospital junto com eles. Desci as escadas em direção à sala de estar e lá estavam elas: minha mãe com minha irmã no colo. Ela é tão pequena.

- Venha, ! - Disse minha mãe, suavemente. Me aproximei dela no sofá e sentei-me meio sem jeito. - Veja, essa é sua irmãzinha. Dê ‘oi’ para ela. - Eu sorri e olhei para minha irmã. Era tão pequenina.
- Oi, irmãzinha! - Eu disse com felicidade na voz. Eu fiquei realmente muito feliz por vê-la de perto. Por ela estar ali comigo. - Ela tem nome, mãe?
- Ainda não, . Quer escolher? - Minha mãe questionou e eu gelei por um instante.
- Eu? Wow… Tem certeza, mãe? - Ela acenou que sim com a cabeça. Pensei por alguns instantes e respondi finalmente. - . . Aí, podemos chamá-la de ! - Respondi e meus pais me olharam surpresos, perguntando o motivo do apelido. - Ah, eu não sei. Só acho que ela tem cara de . - Sorri ao final da frase e eles concordaram.

E foi assim que eu dei o nome da minha irmã de , a minha . Ela se tornou minha vida. Faria de tudo para vê-la sorrindo. E foi o que fiz nos primeiros anos de vida dela: quando deu os primeiros passos eu estava lá; quando caiu pela primeira vez tentando andar eu estava lá; sua primeira palavra foi “” e isso realmente me deixou emocionado. Vê-la crescendo foi algo mágico, maravilhoso. A primeira vez que ela foi para escola, fui eu quem a levei. Aliás, faço isso até hoje, com 14 anos de idade, frequenta o primeiro ano do ensino médio. Deus, por que tão rápido? Ela é muito mais nova que os demais colegas e isso me preocupa. Sei muito bem o que acontece no ensino médio e isso está tirando meu sono.

- Cara, você vai surtar. Se acalma! - Disse , um dos meus melhores amigos. Na verdade, é o meu melhor amigo com o qual eu compartilhei a infância. Crescemos juntos aqui em Montreal e hoje temos uma banda. Ele compartilhou também o crescimento da minha irmã. Ele e o , meu outro grande amigo. e formam o restante da banda.
- Não consigo, cara. Segunda-feira ela vai para o ensino médio e eu fico como? - Eu falava da minha irmã, que estava no andar de cima, super ansiosa para seu grande passo: o ensino médio. - Não sei lidar, ok?
- Relaxa cara, ela vai ficar bem. Afinal, ela é uma ! - Disse , que estava sentado no sofá que fica na garagem daqui de casa, vulgo: estúdio de ensaios da banda. Nossas idades variavam entre 24 e 26 anos. Eu tenho 26 anos. Pensamento totalmente aleatório, eu sei.
- Ah, ok, né? Fazer o que? Vamos ensaiar!

Começamos o ensaio. Estávamos fazendo sucesso, não só em Montreal, mas no mundo todo. Nosso empresário conseguiu um estúdio profissional para ensaiarmos, porém, especialmente hoje, eu convenci a todos a ensaiar aqui em casa mesmo. Após o ensaio, eu fui até o quarto de minha irmã. Os caras me esperavam no andar debaixo, na sala de estar, enquanto eu ia conversar com a minha irmã. Ao chegar na porta, ouvi uma conversa dela e uma de suas amigas, elas conversavam via Skype.

- Ah, amiga, eu não sei o que fazer! Me ajuda. - disse e me parecia desesperada por uma solução. - O que devo fazer? Será que devo dizer o que sinto?
- Eu acho que deveria dizer, não custa nada, certo? - Respondeu a amiga do outro lado da tela do notebook. Mas, do que elas estão falando?
- Não! Meu irmão me mataria e o mataria também! - Fiquei preocupado agora.
- Verdade! - Elas riram – Seu irmão é super protetor, né? E ainda mais que o seu crush é melhor amigo dele. - Quê? Agora quero saber o que é… invadi o quarto dela. Ela se assustou ao me ver.
- ! - Gaguejou ao me ver entrando. - Já te ligo, amiga. - Ela disse e desligou rapidamente o notebook.
- Do que estavam falando, ? Posso saber quem é esse tal crush e qual melhor amigo meu morrerá hoje? – Questionei, sério, sentando-me na cama dela. Ela levantou e me encarou trêmula.
- , eu… eu posso explicar. Não é bem isso! - Disse gaguejando. - Por favor, não machuque o ! Te imploro, ! - Ela arregalou os olhos e eu também. Ela por ter revelado sem querer quem era seu crush e eu por descobrir quem era. - Nã-Não! Ah, que droga!
- O ? Ele é teu crush? – Perguntei, mas ela não disse nada. Levantei e me aproximei dela, segurei suas mãos e estavam geladas. – Calma, mana. Fica calma. - Tentei acalmá-la - Vem, senta aqui. Eu estou aqui, não precisa chorar. Eu não estou bravo com você e nem com o . - Na verdade, eu estava bem irritado sim em saber que minha irmãzinha estava apaixonada por alguém e ainda mais pelo . Mas, eu não pude deixar de me comover com o desespero dela, ela realmente estava preocupada de eu fazer algum mal para o . Jamais faria nada contra meus amigos: são meus irmãos de vida. ainda é muito nova para saber se realmente ama o . Eles sempre foram próximos, desde que ela tinha 2 anos (quando eu conheci o ). Ele sempre vinha aqui brincar com a gente, era bem divertido. - Você ama o ? – Perguntei, enquanto ela estava aninhada em meus braços.
- Eu não tenho certeza. Nunca senti nada disso antes por ninguém. Eu não sei, . Me ajuda! - Ela chorava e aquilo estava despedaçando meu coração.
- Eu acho que você ainda é muito nova, , sério, você é nova para saber se ama o como homem. Você sabe que ele tem dez anos a mais que você, né? - Ela fez que sim com a cabeça. Ela me olhava com um ar de derrota no olhar. - Então, não digo que não pode ficar com caras mais velhos que você. Não é isso, mas sim que você ainda é nova demais para essas coisas. Te digo isso com experiência. - Se ela não tivesse tão derrotada e chorona, certamente diria que eu sou velho, por isso tenho experiência de sobra.
- , vamos, cara! - Disse , entrando no quarto de minha irmã. - Foi mal, atrapalhei? - Ele viu que ela estava chorando.
- Não dude, relaxa. Eu já estava descendo. - Eu disse e dei um beijo na testa dela. Levantei e fui andando na direção da porta, onde estava.
- Hey, tampinha! - Disse , antes de sairmos. olhou para ele. - Seja lá o que for que te deixou assim chorona, dá um tempo que vai passar, está bem? - Ela sorriu de leve e concordou com a cabeça. Ele concluiu dizendo: - E se alguém te incomodar, pode falar comigo que eu resolvo! Super entrará em ação! - Ela sorriu mais, levantou-se e deu um abraço no .

era bem próximo dela também, desde que ela nasceu. Ele me ajudou bastante, pois já havia cuidado de primos menores, então, sabia lidar bem com crianças. Fui descendo as escadas, veio logo atrás. Nós iríamos num pub ali perto de casa, marcamos com algumas garotas. Eu não tinha namorada. e também não. Os únicos comprometidos eram e , e era isso que me preocupava também. Pois, com namorando, poderia deixar minha irmã mais triste ainda. Ela está sofrendo pelo e eu não sei o que fazer. O pior é que eu nem posso falar nada para o , brigar com ele, xingá-lo. Ele nem deve fazer ideia dos sentimentos de minha irmã e, obviamente, não tem culpa disso. No momento, só quero beber e tentar esquecer. Algumas horas se passaram desde que chegamos ao pub, os caras estavam se divertindo na pista e eu fiquei na mesa bebendo. aproximou-se gritando. A música está bem alta.

- O que houve, cara? Ficará o tempo todo aí sentado? – Disse, se jogando ao meu lado.
- Cara, eu preciso falar isso para alguém. - Eu disse, já bêbado. - Minha irmã está apaixonada pelo ! - Não deveria ter dito tão alto, apesar da música estar extremamente alta.
- Quê!? Pelo ? - Disse , surpreso com minha revelação. – Então, por isso que ela estava chorando. Puta que pariu cara… - Ele se mostrou preocupado com minha irmã. Ele gosta muito da , como se fosse sua irmãzinha também.
- Não conta para ninguém que te disse isso. Principalmente para o ! Por favor. - Pedi desesperado, não era para eu ter falado nada sobre isso. É a intimidade da minha irmã e eu contei para o . Me sinto péssimo com isso.
- Não se preocupe. Não contarei para ninguém.

Não demorou muito para voltarmos para casa. Cheguei em casa trocando as pernas. Passei pelo quarto da , como sempre fazia, para ver se ela já estava dormindo. A porta estava meio aberta e pude vê-la sentada na cama com um álbum de fotos nas mãos. Creio que seja o álbum que ela preparou para guardar todas as nossas memórias. Eu tenho um parecido, só que com fotos dos meus amigos também. Não quis atrapalhá-la, então, fui para o meu quarto. Não tinha forças nem para tomar banho, caí na cama e dormi. No dia seguinte, acordei e tinha uma bandeja com o meu café da manhã. Suco, café, frutas e pão com manteiga de amendoim. Meu favorito. Só poderia ter sido a quem fez isso. Junto à bandeja havia um bilhete. Minha suspeita foi confirmada, realmente havia sido ela quem preparou tudo aquilo. No bilhete dizia que era para eu tomar um banho porque provavelmente eu estava fedendo. Eu ri por dentro e deixei escapar um sorrisinho de canto de boca. Dizia também que ela havia ido para o colégio, finalmente havia chegado o grande dia dela ir para primeira aula no ensino médio. Droga! Não acredito que eu perdi. Antes de terminar de ler, eu saltei da cama e enquanto comia, vesti uma camisa e uma calça. Calcei o tênis e desci as escadas em disparada.

- Aonde vai, ? - Questionou minha mãe, que estava na cozinha quando me viu correr pela mesma até o quintal.
- Vou ver a , prometi para ela que a levaria hoje em seu primeiro dia de aula. Me esqueci! Que droga!
- Não se preocupe, , ela já foi. O pai da amiga dela passou aqui e veio buscá-la. - Disse minha mãe enquanto preparava o almoço. E concluiu dizendo: – Ela disse também para você não se preocupar, pois ela voltará com a amiga andando. Disse que talvez tenha aula pela tarde, mas que virá almoçar em casa.

Droga. Não acredito que perdi de levar minha irmã em seu primeiro dia de aula por causa de uma bebedeira! Maldita vodca. Queria muito levar minha pequena no colégio novo, apoiar ela. Eu sei que ainda está triste por ontem, por eu ter descoberto do . Sei que ela iria me querer por perto. Minha mãe não deixou eu ir agora, mas eu vou mais tarde buscá-la para o almoço. Hoje eu não tenho ensaio, então posso passar o dia inteiro com ela. Ajudar na lição de casa, se tiver. Conversar. Ser o irmãozão favorito dela, como sempre fui.

- Já vou, mãe! – Eu disse, ao sair pela porta da frente.

Peguei as chaves do carro e fui até o colégio da minha irmã para buscá-la. Eu estava nervoso. Parecia até que eu ia buscá-la para um casamento. Estacionei o carro na rua em frente ao colégio. Um dos mais tradicionais de Montreal. Desci e caminhei até as escadas. Eu já falei que minha banda está famosa no mundo todo? Pois é, eu havia me esquecido disso por alguns instantes. Logo, muitas garotas estavam ao meu redor, gritando meu nome e outras coisas que não pude identificar.

– Calma, meninas, calma! - Tentei acalmar as “feras”, mas estava um pouco difícil. Logo, chegou um dos seguranças do colégio e espantou as meninas. – Obrigado, cara! Valeu mesmo. - Eu disse rindo e aliviado.
- Não há de quê. Veio falar com a diretora? - Questionou o segurança.
- Não, vim buscar minha irmã caçula. O nome dela é Adeline , é o primeiro dia dela hoje.
- Ahhh, a turma nova. Venha, te levo até lá. – Ele me conduziu até o interior da escola. Chegando na sala da , ele saiu e me deixou lá. Não havia muitos alunos, as aulas já haviam acabado. Será que ela já foi embora? Entrei e perguntei para um dos alunos. - A já foi embora?
- Acho que não, a vi saindo com a amiga dela e mais duas garotas. Acho que ela se encrencou no primeiro dia. As garotas são veteranas do 2ª ano. - Respondeu o garoto.
- Se encrencou? - Disse distraído – Ok, obrigado. - Concluí e saí disparado pelos corredores do colégio atrás da minha irmã. Será que ela está bem?

Eu procurei por todo o colégio. E olha que é um colégio bem grande. Ninguém soube me dizer o que havia acontecido. Estou começando a ficar preocupado de verdade com a situação. Se eu não a encontrar, vou até a polícia. Mas antes, eu vou rodar a vizinhança para ver se a encontro. Voltei para o carro e antes de entrar eu ouvi um assobio. Era o mesmo que eu ensinei para ela, nosso código secreto caso algum perigo estivesse nos rodeando. Olhei para os lados e não vi ninguém. Quando eu ia entrar no carro novamente, eu ouvi o assobio. Virei para trás e vi a atrás de uma árvore. Fui correndo até ela, de longe eu não consegui ver, mas, quando me aproximei, vi que ela estava machucada.

- O que aconteceu, maninha? Quem fez isso com você? - Perguntei angustiado.
- Ninguém fez nada comigo, eu consegui escapar. Por favor, , me tira daqui. - Ela disse angustiada e segurando firme meu braço. Levei ela até o carro e fomos embora. - Para casa não, , me leva para outro lugar. Não quero que a mamãe me veja assim.
- Tem certeza? - Perguntei e ela afirmou com a cabeça. - Está bem. Vamos para o estúdio, ok? Lá você me conta o que houve. - Ela concordou e fomos até o estúdio. Antes, liguei para minha mãe para avisar que não íamos almoçar em casa. Que tinha aula direto e eu tinha que ir ao estúdio com urgência. - Bom, já estamos aqui. Agora me conta o que houve, maninha. - Já havíamos chegado no estúdio. Nos sentamos no sofá de entrada e, só então, eu reparei quão assustada ela estava.
- Umas garotas… veteranas do 2ª ano implicaram comigo. Elas… elas me perseguiram pelo colégio, disseram que eu sou muito quieta e que não gostaram disso e por isso eu merecia apanhar. - Qual o sentido, não é mesmo? Enquanto ela me contava o que aconteceu, minha garganta dava um nó imenso. sempre foi uma garota doce, meiga, quieta, quase não falava de tão tímida. Ela só se abria comigo, nem com nossos pais ela conversava tanto quanto comigo. - Eu consegui escapar delas, mas tenho medo de ir para aula da tarde e elas estarem lá. , eu quero ir embora com você. Me leva com você para os EUA, por favor! - Esqueci de avisar, estou de mudança para os EUA. Nosso empresário disse, que agora que somos estourados no mundo, que devemos nos mudar para lá, pois fica mais fácil a agenda de shows, viagens e etc.
- Papai e mamãe nunca deixariam eu te levar, . Com quem você ficaria enquanto eu estivesse fora de casa? - Questionei sério, mas, no fundo, eu queria levá-la comigo. Não aguento ver minha irmã sofrendo dessa forma.
- Mas, ! Eu não posso ficar aqui, elas vão… elas vão me bater, , eu não gosto de brigar. Por favor, minha vida na escola será um inferno! - Segurou firme meus braços e me olhou chorando. Ah , para de me olhar assim...
- Calma! Hoje à tarde você fica comigo e amanhã, com calma, resolvemos isso, ok?
- Como?
- Vou falar com nossos pais. Deixa comigo.

Ela se acalmou mais. Pedi uma pizza para gente, almoçamos e demos risadas juntos enquanto conversávamos. Eu pretendia me responsabilizar pela educação e criação da minha irmã, se fosse preciso. Só para tirá-la daquela escola. Porque eu sei que mesmo se tirarmos ela daquela escola, aquelas garotas podem perseguir minha irmã. Montreal é uma cidade grande, mas não infinita. Tenho medo dela se machucar. Acho que o fato de eu a proteger tanto a tornou dependente de mim. Chegamos em casa, ela foi para o quarto dela e eu prometi que conversaria com nossos pais. Fui direto ao ponto, contei o que aconteceu de verdade hoje e eles ficaram horrorizados com a perseguição que sofrera em seu primeiro dia de aula. Falei também da vontade dela de ir comigo para os EUA, eles não ficaram muito contentes, mas, após meus argumentos, eles concordaram em deixar eu levá-la para lá. Claro que eu só poderia levar ela se eu me tornasse o responsável legal dela. Combinamos de no dia seguinte irmos ao cartório para acertar as coisas. Após a conversa com meus pais, eu fui até o quarto de minha irmã para contar a novidade. Ela ficou muito feliz. Nós conversamos a noite toda, lá pela madrugada, me despedi dela e fui para meu quarto. Quando saí vi que ela foi diretamente em seu armário para arrumar as malas. Nossa! Nós só viajaremos no fim de semana. Fui para o quarto sorrindo, feliz e aliviado, pois eu não queria deixar ela aqui sozinha. Apesar de saber que ela teria nossos pais para o que precisasse, mas eu queria estar por perto e com a turnê planejada que a banda tem, pelos EUA, não poderia fazer isso. Não poderia vir aqui em Montreal para visitar ela. Seria difícil conviver com isso. Enfim. Dormi.
No dia seguinte, eu e meus pais fomos ao cartório. foi conosco. Conseguimos a liberação para eu ser o tutor dela. Ou seja, eu serei responsável pela educação e segurança dela. Ou seja, tudo que eu já fazia antes, só que legalmente falando. HAHAHA Para mim nada mudou. Ela continua sendo minha irmãzinha e eu sempre cuidarei dela. Bom, mas a liberação dos papéis, oficialmente, só sairia na segunda-feira seguinte, como viajarei no sábado, não seria possível ela ir comigo. Tentei conversar com nosso empresário para eu viajar depois, mas como já temos compromisso para domingo, não seria possível. Assim que sair os papéis oficialmente, meus pais os pegarão e poderão conseguir a liberação da viagem da para os EUA. Ela iria sozinha, mas eu irei buscá-la no aeroporto. Confesso que estou muito ansioso para nossa nova vida: com a banda e com minha irmã ao meu lado.




POV

Estou tão nervosa. Meu Deus! É hoje o grande dia em que reencontrarei meu irmão e começarei uma nova vida longe de Montreal. Não é que eu não goste daqui, mas é que, sem meu irmão seria bem difícil de aguentar morar nessa cidade. Meus pais me levaram até o aeroporto, chorei na despedida, não queria deixá-los, mas foi preciso. Assim que der virei visitar eles. Não sei ao certo como aconteceu, mas, antes do viajar, nós tivemos uma briga feia. Ele viajou brigado comigo e eu nem sei se ele irá me buscar no aeroporto. Odeio brigar com meu irmão, não me recordo de muitas brigas nossas, de ficar tempos sem se falar. É raro de acontecer.
Passei a viagem toda dormindo, preciso me acostumar com o fuso novo. São três horas a menos de diferença. Uma hora dessas eu estaria dormindo (meu cochilo da tarde). Desembarquei, peguei minha mala e mochila e fui caminhando em direção à saída para o salão principal do aeroporto. Enquanto caminhava, liguei logo para meus pais para avisar que havia chegado bem.

- Sim, mamãe, fiz uma ótima viagem. – Falei, enquanto andava. - Não, ainda não encontrei o . Ok... o-ok... eu te aviso sim... é porque ainda não liguei para ele. Literalmente, acabei de descer do avião... – Minha mãe não parava de falar, nunca. – ... ok, mãe, eu vou desligar, pois estou batendo nas pessoas já... desculpa, moço! – Fingi me bater em alguém, tive que exagerar para ver se ela desligava... - ... certo, também te amo. Manda beijo para o papai! By-bye! - Desliguei o celular e continuei andando. Olhei em volta e não vi ninguém conhecido. Onde será que o pateta do se meteu? De repente, meu coração gelou. Acho que literalmente. - Não acredito. - Eu disse para mim mesma enquanto via o semblante do em meio às pessoas indo e vindo. O que ele faz aqui? Por que justo ele? Nossa, parece que ele está andando em câmera lenta. Tão lindo com esses óculos escuros. Sedutor. - Por que tão lindo? Ai, para, … - Me repreendi e cheguei mais perto dele. Ao me ver, ele abriu um enorme sorriso. Aquele sorriso que eu amo. Meu sorriso, licença!
- ! Que bom que chegou! - Disse . Eu sorri envergonhada. Não sabia se meu rosto estava vermelho, mas também não queria demonstrar que estava preocupada com isso. - Como foi a viagem? – Perguntou, gentilmente, enquanto carregava minhas malas.
- Fo-Foi boa. Foi ótima, . - Gaguejei ao falar. Nossa, que pateta eu sou. - E o ? Cadê ele? – Como se eu não estivesse gostando que o veio me buscar... na verdade, nem quero saber do meu irmão, por enquanto.
- Está no estúdio. Nosso empresário marcou um show de última hora hoje. Nossa, já venderam todos os ingressos. Acredita? - Sorri e concordei com a cabeça. - Vamos, vou te levar para o apartamento dele para você se instalar. Aliás, - disse ele ao entrar no carro – seu irmão me deu inúmeras recomendações para cuidar de você. Parece até que você tem dois anos de idade! Um chato. – Ele concluiu, dizendo e nós rimos do quão protetor excessivo meu irmão é capaz de ser. Mais até que meus pais.
- Ok, vamos sim.

Eu estava sem jeito de estar no mesmo carro que o , só eu e ele. Nunca havia acontecido antes, sempre um dos meninos estava conosco ou até meu irmão. Após despertar do meu transe momentâneo, pude ouvir o que dizia. Ele falou que deixou meu nome e o dele, como meu responsável, na porta do local do show para caso eu quisesse ir vê-los. Tinha deixado dinheiro para o táxi, para eu ir, e na volta eu vinha com ele. Não sei se eu vou, não sei como eu e ele estamos. Será que ainda estamos bem? Desde que ele viajou que não falo com ele, nem por mensagem, nem ligação. Nada.

[📷]


O apartamento do é bem legal. me mostrou o quarto onde eu ficarei. Deixei minhas malas num canto e deitei-me na cama.

- Bom, , eu já vou. Vou deixar a chave do apartamento com você, ok? Deixei na mesinha da sala o dinheiro e o número do taxista que virá te buscar, caso vá ao show. Quando estiver pronta, você liga para ele. Ah, o endereço do lugar está ali em cima também. Qualquer coisa: me liga ou liga para o , ok?

disse e eu concordei. Agradeci por ele ter me levado até o apartamento do e por ter me buscado no aeroporto. Ele foi embora e eu fiquei ali deitada na cama pensando no , no quão perfeitamente fofo ele é. E o quanto eu queria que ele me notasse como mulher e não como irmãzinha do . Ah, que vida! Fui tomar um banho, não tinha certeza se após o banho eu pediria uma pizza com o dinheiro do táxi ou se iria para o show. No fim, eu resolvi ir ao show. Cacei uma roupa nas malas para ir. Eu queria estar bonita para rever meu irmão e para que o me notasse. Poxa, eu já tenho quase quinze anos, ! Ah, preciso me controlar. Espantei os pensamentos loucos da mente e fui me arrumar. O show era às 19h, mas eu fui mais cedo para conversar com o antes do show. Fiquei pronta, liguei para o taxista e fui para o local do show. Levei minha identificação e os documentos que atestavam que o era meu responsável legal. Só assim poderia entrar numa boate classificação dezesseis anos, tendo somente catorze. Havia uma multidão (ok, não era bem uma multidão, mas tinha bastante gente ali) na porta do local do show. Me lembrei que o me disse que não havia mais ingressos, tratei de ir logo para frente para entrar logo.

- Licença. Desculpa, licença. - Fui tentando me infiltrar em meio às pessoas. Estava bem difícil, mas consegui chegar ao segurança. Ele estava bem irritado. - Com licença, eu sou irmã do vocalista da banda que vai tocar hoje, , ele disse que meu nome estaria com você aqui na porta. Me chamo Adeline . – Disse, na maior educação. Ele me olhou com cara de tédio.
- Menina, sabe quantas “ Adeline ” apareceram aqui só nessa última hora? - Me disse irritado. - Sai daqui, vai. Acabaram os ingressos. Ninguém mais vai entrar! – Gritou a última frase.
- Mas, eu sou a , olha aqui minha identificação. - Estendi minha identificação para ele ver, mas ele não quis e foi super ríspido comigo.
- Já mandei sair, garota! - Ele me empurrou e eu caí em meio às pessoas. Algumas deram risada de mim. Tive dificuldade para me levantar, mas consegui sair do meio deles. E agora, o que eu faço? Tentei ligar para o , mas ele não atendeu. Liguei para o e ele também não atendeu. Ninguém atendia minha ligação. Já eram 17h e eu não sabia como irei entrar.

Deu 21h e eu ainda estava na porta da casa de show esperando alguém me atender. Meu celular descarregou, agora sim que não conseguirei falar com ninguém. Ventava muito, assim como no Canadá, nos EUA era início de outono. O tempo estava frio. Sorte que não estava chovendo nem nevando. Estava com frio, sem celular e com medo. O segurança entrou na casa de show e então eu fiquei sozinha do lado de fora. A rua estava um pouco movimentada, pois havia outra casa noturna próxima dali. O que eu vou fazer se ninguém aparecer para me buscar? Não tenho dinheiro para voltar para o apartamento do … e agora?


POV

O show acabou e a pateta da minha irmã não veio nos ver. Não veio ME ver. Isso me magoa. Fomos ao camarim e então pude ver que meu celular tinha inúmeras ligações dela. Será que aconteceu algo? Os caras disseram que ela havia ligado para eles também. É, aconteceu alguma coisa com ela. Comecei a ligar desesperadamente para o celular dela, sem sucesso. Só caixa postal.

- Inferno! Só cai na caixa postal. - Eu disse irritado, andando de um lado a outro. - Ninguém atende lá em casa. Ou ela desmaiou ou ela não está em casa. - Concluí a ligação e pus as mãos na cabeça. - O que pode ter acontecido, caras?
- , calma. Vamos achar a . - Disse . - Eu a deixei em casa, ela disse que tomaria banho e decidiria se viria ou não. - Ele disse, tentando refazer os passos da última vez que encontrou com ela. De repente, ele teve uma ideia. - ! Já sei cara, liga para o taxista que você indicou para trazê-la aqui, ele pode ter alguma informação.
- Verdade! Porra, , às vezes você pensa! - Disse ironicamente, ele riu. Liguei para o taxista. - Tem certeza? - Eu disse ao telefone, ele havia me dito que pegou a no meu apartamento às 16h e a deixou aqui, tinha até um comprovante da corrida, que depois ele me mandou por mensagem. - Tudo bem, cara, muito obrigado! - Desliguei e fiquei ainda mais preocupado.
- E aí, ? - Perguntou . Todos estavam preocupados, juntamente comigo.
- Ele disse que trouxe ela para cá às 16h. Me mandou um comprovante da corrida e uma imagem da câmera do táxi dele onde dá para ver a . Mas, já são 21h20 e onde ela está? - Eu disse derrotado, preocupado e quase chorando. Primeiro dia dela na Califórnia e eu a perdi. Sou um péssimo irmão e um péssimo tutor!
- Caras! Tenho notícias da ! - Disse nosso produtor, entrando ao camarim animado. - Um segurança disse que várias garotas hoje se passaram por ela para tentar entrar, já que não havia mais ingressos, só que uma delas, além de dizer que era a , ainda mostrou uns documentos para ele. Só que ele não quis ver, pois estava muito movimentado e agitado. - Um alívio me consumiu por dentro, mas logo veio a angústia novamente. - Ele disse que acha que ela está lá fora ainda.
- Nesse frio? Esse filho da puta acha que é quem para deixar ela lá fora? Que insensível! Vou buscá-la agora! - Eu falei furioso e saí correndo até a saída. Todos me seguiram. - ! - Eu falei assim que saí, mas não encontrei ninguém. - Ei, - chamei a atenção do segurança que estava na porta da casa de show, ele olhou para mim - havia uma garota aqui na porta, sozinha, chorando provavelmente?
- Sim, ela estava aqui até cinco minutos atrás. Ela pegou os papéis que estavam com ela e saiu naquela direção. Se correrem, podem alcançá-la.
- Obrigado! - Eu nem pensei duas vezes. Saí correndo na direção para onde o segurança apontou. Meu coração estava disparado por conta da adrenalina da corrida e pela preocupação com ela. Eu não sabia se ela estava bem. Sabia que ela estava esse tempo todo esperando por mim, sozinha, nesse frio. Ainda não consegui achar ela. - Acharam ela? - Perguntei para os caras, que vinham logo atrás de mim. Eles negaram com a cabeça. Eu estava começando a me desesperar, quando ouvi um grito de socorro. - É ela! - Era a voz da minha irmã, tenho certeza, vinha de um beco ali perto. Todos fomos até lá e encontramos ela cercada por dois caras bem mal-encarados. - Hey, deixem-na em paz!
- ! - Ela disse chorando, aliviada ao me ver. – Cuidado, , eles estão armados. - Me falou preocupada. Dali para frente, eu só parti para cima dos dois, com muita raiva, os caras me ajudaram. foi até para protegê-la. Ficou abraçado a ela. - , estou com medo. - Ela disse abraçada às costas dele. Enquanto isso, brigávamos com os dois meliantes. - PETE! - Fui atingido de raspão no braço pela faca que um deles carregava. Logo, a polícia estava ali e os caras fugiram, mas foram presos. Eles tinham pegado o celular da minha irmã, mas a polícia o devolveu. - ! ! Está tudo bem? - Ela disse, soltando-se das costas do e vindo em minha direção.
- Au! – Gemi, pois ela tinha me abraçado forte demais, bem no braço machucado. Ela se afastou e pediu desculpas. - Tudo bem, anjinho, você está bem? Eles te machucaram? – Perguntei, acariciando sua cabeça.
- Não, eles tentaram tocar em mim, mas eu não deixei. Na hora que vocês apareceram, eles iam tentar novamente, me ameaçando com a faca. Ah, que bom ver vocês! - Disse aliviada, repousando a cabeça em meu ombro.
- Vamos voltar para boate. Lá você vai comer algo, deve estar com fome. - Ela concordou. Todos voltamos para boate, terminamos de curtir a noite e voltamos para casa. Ela dormiu no caminho de volta, deitada em meu colo. Tive que acordá-la quando chegamos. Subimos até meu apartamento e entramos. - Eu sei que você já deve conhecer, mas bem-vinda ao lar irmãzinha! Agora sim, oficialmente! - Ela sorriu e agradeceu pela hospitalidade. - Sou seu irmão e tutor. É minha obrigação. E mesmo se eu não fosse, eu te amo, . Jamais a deixaria sem um lar.
- Amo muito você, meu irmão! - Ela pulou em meus braços. Na boate, eu fiz um curativo no braço, realmente não foi nada demais a ferida. Liguei para nossos pais para avisar que já estávamos em casa. Combinamos em não contar para eles o que havia ocorrido, pois os conheço bem e sabia que exigiriam a volta da para Montreal mesmo eu sendo o tutor dela.

Após o ocorrido passou-se algum tempo. entrou numa escola tradicionalmente americana de ensino médio, fez amigos, sem os problemas que teve em Montreal. Ainda bem, pois isso me preocupava muito. Eu viajava muito com a banda, por isso, ela passava a maior parte do tempo sozinha. Ela tirou a carteira de motorista, dei um carro para ela de presente e com isso ficou mais fácil para ela ir para escola, pois a mesma ficava um pouco longe de nosso apartamento. Tudo estava indo muito bem para nós dois. A banda estava fazendo sucesso cada vez mais, muitas viagens, shows, CDs gravados. Ufa! Uma correria total. Às vezes, eu sinto falta de apenas chegar em casa, ir no quarto da minha irmã, pedir uma pizza e assistir a um filme ao lado dela. Saudades.




POV

Acordei cedo hoje, arrumei o apartamento, tomei um banho, me arrumei e fui ao parque praticar. Depois que meu irmão engajou na carreira como músico, eu tive que arrumar algo para me distrair do fato de não ter ele por perto por muito tempo, como era antigamente. Então, resolvi fazer aulas de fotografia junto com o colégio. Estou pensando em, quando concluir o colégio, fazer uma faculdade relacionada. Ainda não sei qual, mas a fotografia virou uma grande paixão minha. Além de desenhar e escrever, claro.
Cheguei ao parque, agora são 13h49, está frio, mas faz um sol lindo aqui na Califórnia. Já se passaram dois anos e eu estou no último ano do ensino médio. É, o tempo voa. Mas, para mim, foram dois longos anos. Meu aniversário de quinze anos passou e meu irmão não pôde estar aqui comigo, somente meus pais. O que foi um alívio já que o não veio. Eu não contei para ele, não contei para meus pais, na verdade, ninguém sabe o quanto eu sofro por morar praticamente sozinha em uma cidade que ainda é estranha para mim, apesar desses quase três anos que estou aqui em LA. Qualquer lugar é estranho sem o meu irmão. Qualquer lugar longe do é estranho também. Pois é, eu ainda o amo muito.
A veia artística do passou para mim da melhor forma. De uma forma que eu não sei se ele ficaria orgulhoso de mim, nunca conversamos sobre isso. Até por quê, ele não tem mais tanto tempo assim e esse meu talento surgiu recentemente. Passar horas e horas sozinha dá nisso, surgem coisas de você extremamente surpreendentes para os outros e para você mesmo, às vezes. Eu comecei a escrever letras de músicas aleatórias. Poucas eu coloquei melodia no violão. havia me ensinado o básico, quando eu era mais nova, acho que com oito ou nove anos. Hoje em dia, eu toco bem mais e acabei aperfeiçoando.

Alguém consegue me ouvir?
Ou estou falando comigo mesmo?
Minha mente está se tornando vazia
Na busca por alguém
Que nem olha direito para mim
Está tudo estático na minha cabeça
Alguém pode me dizer
Por que estou sozinho como um satélite?

Porque esta noite eu me sinto como um astronauta
Mandando SOS por esta pequena caixa
Eu perdi o sinal quando me levantei
Agora estou preso aqui e o mundo me esqueceu
Posso descer por favor?
Porque eu estou cansado de girar e girar
Posso descer por favor?

Ensurdecido pelo silêncio
Foi alguma coisa que eu fiz?
Eu sei que existem milhões
Eu não posso ser o único desconectado
É tão diferente na minha cabeça
Alguém pode me dizer
Por que estou sozinho como um satélite?

Porque esta noite eu me sinto como um astronauta
Mandando SOS por esta pequena caixa
Eu perdi o sinal quando me levantei
Agora estou preso aqui e o mundo me esqueceu
Posso descer por favor?
Porque eu estou cansado de girar e girar
Posso descer por favor?

Agora eu perco o sono e grito na gravidade zero
E está começando a ficar pesado para mim
Vamos abortar esta missão agora
Posso descer por favor?


Essa foi uma das poucas músicas que tem uma melodia. É realmente uma música completa. Voz e violão. Compus em um dos dias mais tenebrosos da minha vida. Um dia em que eu não me aguentei de saudades do e do , dos meus amigos… e transformei em canção. Tenho andado muito triste ultimamente e nem sei dizer ao certo o motivo. Saudades, apenas? Ou seria algo mais profundo? Eu realmente não sei explicar. Também, eu já estou acostumada a ficar sozinha, apesar de odiar. Porém, vem a contradição de que, apesar de eu estar acostumada a ficar sozinha, eu suplico por ajuda e quero voltar a ser rodeada de pessoas que me amam, e que eu também ame. Eu quero poder acordar e ter meu irmão por perto ou, pelo menos, mais acessível do que eu o tenho hoje. Eu quero poder ir até o estúdio onde eles estão ensaiando e poder olhar o tocar. Ver o rosto dele se expressar em diversas caretas enquanto toca. Ouvir ele perguntar “Então, , tá legal essa parte?”, e eu sempre responder que está bom, porque realmente está. Minha vida está resumidamente restrita à saudade.
Eu não costumo sair com amigos, gosto mais de ficar em casa e chamá-los aqui para uma reunião. Cada um traz alguma coisa e fazemos nossa festinha em casa mesmo. Prefiro. Porém, a , uma das minhas melhores amigas e pessoas que pude conhecer aqui na Califórnia, me chamou para uma festa na casa de um amigo. De início, obviamente, eu não quis ir. Mas, sabe ser bem insistente quando quer.

- ! Não seja chata, vamos, vai ser divertido. - , eu não quero ir para ficar com cara de cu a festa toda. - Eu disse desanimada.
- Então não fique. - Ela estava em pé, na minha frente, com as mãos pousadas na cintura e batendo o pé.
- … - hoje eu não estava a fim de sair, mesmo. Nenhum dia eu estou, mas, especificamente hoje, não era o meu dia de sair. Mas, ela insistiu.
- is my dick! - Gritou e eu arregalei os olhos. - Você vai e acabou. Não me interessa, , você precisa esquecer desse tal de . - Ela sabia que eu não queria sair para ficar em casa pensando no . Sou uma idiota, I know this, ok?
- Não estou pensando no
- Está sim, não adianta mentir para mim, baby! Sou expert quando se trata de Adeline .
- Sou tão previsível assim? - Eu disse, rindo sem graça.
- Yep! - Ela disse de supetão, enquanto eu revirava os olhos – Amiga, é sério. O pode ser um cara legal, bacana, famoso, um dos seus grandes amigos da infância, mas poxa, ele é um babaca quando se trata de amor. Você me disse que já falou para ele, antes de vir para Califórnia, que o amava e o cara nem deu bola. Ele ainda te vê como irmãzinha do melhor amigo dele. Isso não vai mudar. - No fundo, tudo aquilo que a disse eu já sabia, só não queria aceitar. Mas desta vez, só desta vez, eu quis me permitir fazer diferente. Foi então que aceitei o convite/ultimato da .
- Ok, você me convenceu, . Eu vou na festa hoje. - Ela deu um grito de felicidade e eu cai na gargalhada.

me ajudou a me arrumar. Ela já está de mala e cuia aqui em casa faz alguns dias. Nos arrumamos e fomos até a tal festa. Chegando lá, me deparei com uma enorme casa no lago. Era um lugar realmente lindo, perto da divisa de LA com a cidade vizinha. Haviam muitas pessoas lá, muita bebida e alguns caras bem interessantes. Porém, eu não quis ninguém. Aliás, nenhum relacionamento meu deu certo até hoje, pelo simples, e óbvio fato, de eu não querer mais ninguém além do . Eu sei que isso faz mal para mim, de certo ponto, mas, o que eu posso fazer se meu coração não se esquece do ?
Algumas horas se passaram e já era noite. A essa altura da festa eu já havia me perdido da , provavelmente ela estava com algum cara no meio dos matos que há atrás da casa. é dessas: não se importa muito com o amanhã. Ela simplesmente vive, sem preocupações com sentimentos. Às vezes, eu queria ser assim: não me importar muito com sentimentos e simplesmente viver os momentos da vida, mas não sou assim. Uma pena, eu acho. Eu estava vagando, sozinha, pelos corredores da casa. Tinha gente deitada no chão, bêbada. Tinha gente se beijando no sofá. Enfim, eu estava bêbada já, mas ainda em plena consciência de meus atos. De repente, senti algo me segurando pelo braço. Virei-me para trás e tinha um cara me segurando, ele estava acompanhado de mais dois caras. Um deles me intimou a ir com eles para algum lugar. Eu não sabia onde era, então, disse que não queria ir. Mas, eles insistiram.

- Vem, gatinha, vai ser divertido! - Um deles falou, enquanto me arrastavam contra minha vontade para algum lugar. Eu até tentei chamar por ajuda, mas ninguém se importou.
- Me soltem, eu não quero ir! - Eu dizia e tentava me livrar deles. Em vão.
- Para, garota! Deixa de ser chata, eu sei que você quer. Vem cá… - de repente, eu estava num quarto e eles me empurraram uma bebida goela abaixo. Do nada, tudo estava girando. Foi então que desmaiei. Quando achei que estava tudo perdido, ele chegou para me salvar. Meu herói!




POV

Dizem por aí que quando você ama uma pessoa, você sente quando ela precisa de você. Não sei se é verdade isso, mas ultimamente eu estou sentindo algo estranho. Nos últimos dias, ando muito angustiado, ansioso, e com uma imensa vontade de me confessar para a garota que amo. Apesar de eu já ter 27 anos, eu amo uma garota de 21. O pior (ou não): ela é irmã do meu melhor amigo. é o grande amor da minha vida, desde que ela se confessou para mim. Na verdade, eu já a amava, só não queria admitir. Talvez por medo da reação do , irmão dela; medo da reação das pessoas, por ela ser mais nova que eu; não sei. Esse medo todo, esse receio todo me fez perder muitos anos sem poder abraçar a como eu gostaria, além de amor de amigo, um quase irmão. Eu sei que ela me ama como homem, ela já me disse isso, mas, mesmo assim, eu tenho medo. Preciso parar com isso…
A banda está indo tão bem. Graças a Deus, estamos fazendo bastante sucesso pelo mundo todo, muitos shows e turnês longas, hits lançados, clipes… muita fama! Junto com ela, vieram mulheres. Umas interessadas apenas na minha fama e outras que demonstravam gostar de mim. Mas, nenhuma delas foi capaz de me fazer esquecer da . Creio que o já saiba dos meus sentimentos pela irmã dele. Nunca falei abertamente com ele sobre isso. Nem com ele, nem com nenhum dos meus amigos que conhecem nossa “história”. Entre aspas, pois nunca chegamos a nos beijar, apesar de eu querer muito. E eu sei que ela também quer. A correria das turnês está tão louca que quase não temos tempo para ir à Califórnia para ver a . Passávamos longas tardes na casa do Pete, ou na casa de qualquer um de nós, conversando, bebendo (a também, ela começou cedo a beber), tocando uns covers ou músicas próprias. Era muito divertido e prazeroso para todos. Sinto muita falta disso. Principalmente de poder vê-la todos os dias.
Tivemos uma pausa de dois dias, uma folga micro, que poderíamos fazer o que quiséssemos. não pôde ir para Califórnia, pois ele estava doente e preferiu ficar em New York descansando. Eu resolvi ser homem, pelo menos uma vez, como diz o . Foi então que peguei o primeiro avião para a Califórnia. Destino? Casa do , onde estava. Eu não contei para ninguém que iria lá. Disse apenas que iria para Califórnia, mas não disse exatamente para onde. Cheguei ao apartamento da e ela não estava. Liguei para o celular dela e nada dela atender. Parece que meu coração apaixonado me enganou, acho que ela não precisava de mim. Mas, por que essa angústia no meu peito? Abri o Instagram e vi a última publicação que a postou. “Noite agitada com a minha Ela postou isso junto com uma foto dela com sua amiga e uma localização. Será que eu devo ir lá para vê-la? Resolvi arriscar e fui ao tal endereço onde ela estava. Havia uma casa enorme próximo a um lago. Era tarde da noite já, eu tinha alugado um carro para ir lá. Chegando ao local, eu procurei por ela. Entrei na casa e tinha muita gente bêbada já. Nem ligaram para minha presença. Passei por todo andar de baixo da casa e nada dela. Será que ela já foi? Resolvi subir para o andar de cima da casa, na esperança de encontrar ela lá. Tem quatro quartos e um banheiro aqui. Fui diretamente no banheiro e havia só uma garota vomitando. Não era ela. Passei por três quartos e não tinha ninguém. No último quarto, a porta estava trancada. Bati e ninguém respondeu, mas eu pude ouvir vozes vindas do interior do quarto. Insisti. Até que um cara abriu a porta. Ele estava claramente alterado.

— O que quer? — Ele disse rapidamente, só dava para ver uma fresta do interior do quarto.
— Estou procurando uma amiga. O nome dela é . Essa aqui. — Estendi o celular pela greta e mostrei uma foto minha e da , só nós dois. Uma das poucas que temos juntos e na qual eu guardo com carinho. — Você a viu por aqui?
— Não vi. — Ele disse seco e já ia fechando a porta quando eu ouvi um gemido e uma fala “Não! Não!”. Tive certeza de que era a voz da .
— Espera!

Empurrei a porta de volta, com força, e a mesma se abriu revelando o interior do quarto por completo. Quase não acreditei na cena que vi. Eu não queria acreditar. A minha querida estava deitada na cama, quase desacordada, e com dois caras em cima dela.

!

Espantei o cara que estava na porta e entrei no quarto. Foi então que começou uma briga. Os caras foram para cima de mim, tentei me defender como pude, mas três contra um foi covardia. Após me baterem (o máximo que consegui foi desferir dois socos), os três foram embora. Ela ainda estava deitada, agora desfalecida na cama.

… — eu disse meio arrastado e me arrastando até a cama. Eu sentia muita dor, minha boca estava sangrando muito e meu olho esquerdo dolorido. Provavelmente estava inchado. — Vou te tirar daqui, sweetheart. — Eu falei sem nem pensar direito no que dizia. A carreguei no colo, com muita dificuldade, e a levei até o carro. Dei uma olhada no estacionamento e o carro dela não estava lá. Então, ela veio de carona. Fui dirigindo de volta para o apartamento dela, pensando no terror que ela viveu até chegar àquela cena que presenciei.
— Ai… minha cabeça… — ela disse, deitada no banco de trás do carro. Olhei para trás e ela sentou-se com dificuldades. — ? O… o que faz aqui? Onde a gente está? — Ela perguntou com a voz rouca. — Ai meu Deus, os caras? Onde eles estão???? — Disse de supetão, assustada.
— Calma, , a gente está indo para casa já, ok? Está tudo bem agora. — Acalmei ela, que pareceu se aliviar mais. Ela me olhou pelo espelho e viu meus machucados.
— Seu rosto, … está machucado? — Disse preocupada. — Quem fez isso com você?
— Aqueles caras que… que estavam lá no quarto com você. — Falei, ainda olhando para a estrada. Olhei para o espelho rapidamente e pude vê-la começar a chorar.
— Ah, . Desculpa! — Ela estava chorando com as mãos no rosto. — Isso tudo foi culpa minha. Eu não me lembro de muita coisa. Só sei que eles me levaram para lá, me deram uma bebida e depois eu só lembro vagamente de você me carregando para fora da casa. — Contou em prantos.
— Não é culpa sua, não chore, my sweet… — eu falei, sem pensar novamente, e me corrigi: — Não chore, , já estamos chegando em casa. Vou cuidar de você. — Concluí e quando olhei para o espelho ela me olhava, ainda chorando, confusa com o que acabara de ouvir. Desviei o olhar e continuei dirigindo. Não falamos mais nada.

Chegamos finalmente ao apartamento dela. Ajudei-a a subir, coloquei ela na cama e a fitei. Ainda me perguntava porque meu coração estava um misto de medo e alegria. Talvez, porque agora ela esteja em segurança e, ao mesmo tempo, eu tenho medo dela interpretar errado aquele “my sweet” que eu larguei no carro. Se bem, que neste caso, só há uma forma de interpretação. Ela foi tomar banho, ela estava um pouco envergonhada por eu a ter encontrado naquela situação, talvez. Fui até a cozinha procurar um kit de primeiros socorros. A ferida na minha boca estava me incomodando bastante. Achei e fui até a sala, sentei-me no sofá, abri o kit e peguei uma gaze. Comecei passando no canto da boca, com calma, pois estava muito dolorido.
chegou até a sala e sentou-se ao meu lado.

— Deixa que eu faço isso, você está piorando tudo. Estabanado! — Ela disse brincando, sorrindo de leve e tomou a gaze da minha mão. Foi aos poucos passando o remédio na minha boca. Eu a olhava atentamente. — O que foi, ? — Ela perguntou envergonhada.
— Saudades, apenas. — Falei aquilo que meu coração me mandava dizer. — Por que você estava naquele lugar, ? Não combina com você… — perguntei com um nó na garganta, pois lembrei da cena que presenciei naquela hora.
— Essa é a nova , não sabia? — Disse dando de ombros.
— Você não é assim, definitivamente não é. — Segurei suas mãos e a olhei no fundo dos olhos.
— A vida fez isso comigo. Acostume-se. — ela falou decidida. Eu não podia aceitar que minha , aquela menina doce que sempre conheci, havia virado uma pessoa que frequenta aquele tipo de festa.
— Eu não posso me acostumar com isso. Nunca. — Falei, enquanto ela passava novamente o algodão na minha boca. — Au! Doeu! — Ela o apertou com força, gemi de dor e ela abaixou a mão. Parecia estar com raiva, parecia estar confusa. Não sei direito. Eu não estou conseguindo decifrar o que ela sente agora. — Eu te amo, sabia? — Deus, por que permitiu que eu dissesse isso? Ah, que burro. Por que falei aquilo? E agora? Ela ainda está olhando para baixo, com a testa franzida e a boca trêmula. — ? — Ela me fitou, seus olhos estavam marejados.
— Você o quê? — Finalmente ela falou alguma coisa. Eu repeti o que havia dito antes, só que desta vez segurando as mãos trêmulas dela. — Vo-Você tem certeza, ? Olha a minha idade… eu tenho 21 anos… sou irmã do seu amigo… eu não tenho nada para te oferecer. — Ela foi falando em lamentos. Segurei o seu rosto e o levantei para que me olhasse nos olhos.
— Você tem aquilo que eu mais quero… — eu falei sorrindo e completei — …amor! É só isso que eu quero: o SEU amor. — Enfatizei que quero somente o amor dela e isso ela tem de sobra para me dar.

A respiração dela, ofegante, se confundia com a minha, também ofegante. Fui aproximando meu rosto do dela. Percebi que ela estava gelada, talvez por medo ou talvez porque estava bem frio. Pensei em beijá-la, mas lhe dei apenas um abraço. Eu realmente não quero beijar a ela sendo mais nova. Eu consigo esperar. Já esperei todo esse tempo. Por que não esperar sua maior idade?
Acolhi ela em meus braços e pude sentir que ela relaxou nesse abraço. Toda a tensão que ela sentia se foi e sua respiração ficou controlada novamente. Me afastei aos poucos e lhe dei um longo beijo no rosto. Ela me perguntou novamente se eu a amava, eu disse que sim. Naquela altura, eu não tinha mais dúvidas de que queria ficar com ela para sempre. Foi então, que ela me disse o “Eu te amo, que eu queria ouvir desde que saí de NY. Olhei para ela com meu olhar apaixonado e bobo e eu fiquei acariciando o rosto dela.
Resolvemos ver um filme na TV, mas acabamos dormindo e, quando menos esperei, havia amanhecido. Acordei primeiro que ela, me levantei, escovei os dentes e fui para cozinha. Havia pouca comida na geladeira. Deixei um bilhete para ela dizendo que ia ao mercado comprar algo para gente tomar café e almoçar. De noite, pretendo levá-la a algum restaurante para jantarmos. Sonhei a noite toda com ela. Os melhores sonhos que tive, até hoje.
Quando eu voltei para casa, chamei por ela, mas não obtive resposta. Deixei as compras na cozinha e fui até o quarto para ver se ela estava lá dormindo. Ao me aproximar, pude ouvir som de um violão e alguém cantando. Era ela. Essa música eu não conheço. Cheguei mais perto para escutar melhor, acho que ela quem compôs. Será? ficaria orgulhoso ao saber que sua irmã está compondo. Peguei meu celular e comecei a gravar o som dela cantando. A sua voz é meio grave cantando, lindamente grave. A letra era profunda, falava de uma tristeza intensa. Será que ela se referia a si mesma? Imagino o que ela tenha vivido esses meses que passou sozinha em LA. Eu, com toda minha inteligência, deixei o celular escapar das minhas mãos e o mesmo caiu no chão. O áudio dela cantando tinha sido enviado para o grupo da banda, que temos para trocar mensagens. Ela se assustou e quase caiu da cama, se equilibrou novamente e me olhou envergonhada.

! — Ela falou, ajeitando o violão no colo. — Não te vi chegar. — Eu entrei no quarto.
— É, acabei de chegar e parei aqui para te ouvir cantando. — Falei com um sorriso no rosto. — Não sabia que cantava.
— Ah, eu… — ela estava bem envergonhada. Sentei-me ao seu lado na cama. — Eu que… eu que fiz essa música. Escrevi a letra e a melodia. Ficou boa? — Questionou, com um sorrisinho de canto de boca e me olhando com o olhar mais lindo dos universos.
— Ficou ótima! já ouviu? — Bom, se ele não tinha ouvido, agora já ouviu porque mandei para todo mundo. Haha
— Não. — Agora já era. — Acha que eu deveria mostrar para ele?
— Com certeza, . Essa música é muito boa. Quem sabe não fazemos uma regravação dela? Hein? Seria muito legal! — É uma ótima ideia, afinal.
— Depois mando para ele. Me ajuda a gravar? — Concordei com a cabeça e lhe dei um abraço.
— Vem, vamos para a cozinha fazer nosso café da manhã.

Conduzi ela até a cozinha e conversamos mais sobre a música dela. Realmente, ela havia escrito esta música quando estava sozinha aqui no apartamento. Me dói saber que ela sentiu esse tipo de solidão, esse tempo todo, e eu sem poder ajudar. Longe dela. Porém, isso acabaria em breve. Fizemos um vídeo dela cantando a música que compôs e mandamos para os caras. Eles adoraram, Pete mal pôde acreditar que aquela era sua irmãzinha cantando, compondo e tocando. Decidimos regravar a música. E foi o maior sucesso. “Astronaut”, esse é o título escolhido pela . Obviamente, os créditos da música são todos para ela.
Infelizmente, hoje estamos separados por alguns quilômetros de distância, mas estamos namorando (apesar de só nós dois sabermos). Ela na Califórnia e eu, e a banda, na Europa. Viemos fazer uma pequena turnê por aqui.

— Será que ela toparia vir? — Disse , sentado na cadeira em frente à minha, dentro do avião.

Nós falávamos da possibilidade da fazer parte da nossa produção. Ela estava em seu último mês do último ano do colégio. Logo, ela iria para uma faculdade, mas antes iríamos propor isso para ela. Será que ela toparia vir ficar conosco? Ficar ao meu lado?
— Talvez hein… pergunta para ela, — Diz , olhando para que estava mais na frente.
— Não sei, . — O nome dele é outro, mas chamamos ele assim, haha é mais fácil. — Acho que ela adoraria fotografar para gente. Ainda não falei nada com ela a respeito. Mas não sei se ela gostaria de deixar a Califórnia para viajar conosco. — Ele respondeu com um ar de tristeza. Desde o dia em que a vimos, início do ano, logo após gravarmos a música, que ele não a vê pessoalmente. Quase três anos se passaram. Se eu sentia muita falta dela, imagina o
— Por que não fala logo, ? — Eu gritei do fundo do avião. Ele virou o corpo para me fitar. — Não custa nada sondar, né? — Ele concordou com a cabeça e ligou para irmã.

Quero deixar algo claro: eu e a estamos juntos, porém o não sabe. Ela tem medo de contar e, eu a entendo, pois compartilho do mesmo medo. E não, nós nunca dormimos juntos, ta? Enfim, ligou para irmã e colocou no viva-voz para que todos ouvissem.




POV

Liguei para minha irmã para saber se ela gostaria de viajar conosco pelo mundo sendo nossa fotógrafa oficial. Não sei se ela gostaria, faz tempo que não conversamos. Por causa das provas finais dela no colégio e das nossas turnês intensas pelo mundo.

Nota do : se o pensa que está me enganando ao dizer que não tem nada com minha irmã, ele está pensando errado. É tão óbvio que todos na banda e na produção já sabem. super iludido. :)
Fim da nota.

- Mana! - Ela atendeu, parecia cansada, mas feliz ao me ouvir. - Está no viva-voz, fala com os caras. - Todos deram oi para ela, que retribuiu animada. Meu coração estava disparado ao ouvir a voz dela. Quanta saudades eu sinto. - Como está, maninha?
- Estou bem cansada, para falar a verdade. - Ela riu. Sabia que estava cansada. - E vocês como estão? - Todos responderam individualmente. parecia estar bem nervoso.
- Sentimos sua falta, ! - Disse .
- Sim, sentimos muito sua falta. - falou e eu tinha certeza de que ela também sentia muita falta dele. Conhecendo bem minha irmã, como conheço.
- Também sinto muitas saudades de todos vocês. Muita mesmo. - Ela falou com a voz meio chorosa.
- Então, mana, gostaria de te fazer uma proposta. - Ela concordou e então eu falei o que tinha para falar. Aguardei ansioso pela resposta dela. - E aí? O que acha? - Foram os 10 segundos mais longos da história de minha vida.
- Claro! Aceito sim! Vai ser ótimo para mim. Para todos nós, na verdade. - Finalmente veio a resposta e todos comemoramos.
- Então, eu espero por você mês que vem, sem falta! - Eu disse e ela concordou.

Um mês se passou e eu estava muito, mais muito ansioso para rever a minha irmã. Combinamos de buscá-la no aeroporto de Madrid, Espanha. Ainda estávamos na Europa fazendo shows. Conseguimos mais duas cidades antes de ir para a Austrália fazer mais dois shows e aí voltaríamos para os EUA para uma sequência de shows intensa pelo país. Claro que tudo isso intercalado com participações em programas de TV e rádio, fora os ensaios para o novo CD. Planejamos fazer com que a minha irmã registre tudo isso em vídeo e fotos, queremos lançar vídeos semanalmente no nosso canal do YouTube, para dar uma agitada lá. Enfim, antes dela desembarcar, chamei o em um canto.

- Fala, , que foi? - Ele falou apreensivo, na espera da chegada da minha irmã.
- Vem cá, , até quando você vai esconder que está namorando minha irmã? - Juro que senti o coração do parar de bater e quase saltar por sua boca. Não contive a risada. – Calma, cara, não estou bravo.
- N-Não? - Perguntou meio gaguejante. Neguei com a cabeça e sorri. - É… estamos namorando sim.
- E por que não me contaram? Todos já sabem e eu fico sabendo por último?! - Falei meio ofendido, que de fato estava.
- Desculpa, cara, mas ela estava com medo de sua reação e confesso que eu também estava. Ela vai fazer 21 anos ainda e eu tenho pouco mais de 30. Achei que fosse proibir. Não sei.
- Sou o tutor da ainda, mas não sou dono dela. Ela sabe muito bem o que quer da vida, já é independente há algum tempo e eu só estou aqui para proteger ela de qualquer mal. Você não é mal para ela. Eu sempre soube dos sentimentos dela por você e sei que você sente o mesmo. Por que eu seria contra? Além do mais, ela é quase maior de idade.
- Não sei, ahh perdemos tanto tempo… desculpa, cara, deveríamos ter lhe contado antes.

sempre foi um cara, digamos, “certinho”, uma pessoa que sempre se importou com os sentimentos e opinião dos outros. Às vezes, ele deixava de ser feliz por causa disso, e eu sempre o repreendi por isso. Não dá para ser “certinho” em todos os momentos. Às vezes, é bom largar o “foda-se” para opinião alheia e simplesmente ser feliz, não importando o que digam. E, além do mais, e formam um casal muito bonito. Jamais seria contra isso, somente se o a fizer infeliz… Aí sim, eu me meteria na relação deles. me chamou, pois estava vindo pelo portão de desembarque.

- Ela chegou! - Disse e foi correndo ao encontro dela. Eu o segui.
- Cheguei, meninos! - Ela falou animada e foi logo abraçada pelo . Eles sempre foram bem próximos, conversavam sempre. Depois de mim, era o confidente da . - Que saudades, ! - se aproximou dos dois e abraçou a . Afastou-se um pouco e ia lhe dar um selinho, mas ela o afastou. - ! – O olhou arregalando os olhos. Todos rimos.
- Todo mundo já sabe, . - ele se referiu a todos saberem, inclusive eu, que os dois estão de flerte há anos. Aliás, esses dois me enganaram por quase TRÊS ANOS. Cara, isso não se faz!
- Já? - Ela olhou para mim com os olhos de peixe. Eu tive que rir.
- Relaxe, maninha, estamos torcendo por vocês. - Falei e isso pareceu confortá-la.
- Obrigada, ! - Ela disse e sorriu para mim. Depois, virou-se para o e o beijou. Todos aplaudimos este milagre dos céus. Obrigado, Deus! Finalmente esse casal se assumiu! Temos que comemorar.
- Vamos almoçar!? Estou morrendo de fome. - disse e todos concordamos.

Fomos em um restaurante que tinha perto do hotel onde nos hospedamos. Antes, passamos lá para registrar a minha irmã. O quarto dela fica ao lado do meu. Almoçamos e depois fomos ao local do show para fazer o último ensaio antes do show. Pedi para levar o equipamento de fotografia dela, para poder tirar algumas fotos, fazer alguns vídeos. Ela já está por dentro do que pensamos em fazer com o canal do YouTube da banda. Passado o ensaio, fomos todos para o camarim. mostrou as fotos como ficaram, no cru, sem edição, e posso dizer algo para vocês: ficaram tão boas quanto a música que ela compôs. Juro! Minha irmã é demais, puxou a mim no talento. Hahahaha Modéstia à parte, sinto muito orgulho da minha irmã.

- … Vem cá. - Vi minha irmã fazer sinal para o que estava do outro lado do camarim. Fingi que não vi e continuei comendo meu sanduíche. se aproximou dela. - Sério que o está tranquilo com nosso namoro? - Perguntou apreensiva. Ela me olhava de canto de olho. E eu ria do outro lado.
- Sim. Não se preocupe com ele, . Ele me disse que quer apenas que você seja feliz. E eu também. Juntos então… melhor ainda. - Ele deu uma risadinha e abraçou ela. E completou dizendo: – Eu te amo, minha pequena . - essa frase a fez sorrir. E confesso que também me fez sorrir, pois a felicidade da minha irmã também é a minha. Os dois se beijaram.

Ao contrário do que muitos podem pensar, isso não é estranho para mim. Não quando é o , sabe? Se fosse qualquer outro cara, acho que não seria muito do meu agrado vê-lo beijando minha irmã, como já aconteceu. Anoiteceu e finalmente o show começou e estava lá para registrar tudo. Foi um baita show! Acabado tudo, voltamos para o hotel.

[📷]


Já amanheceu novamente e agora estamos no avião a caminho da Austrália: nossa última parada antes de voltarmos para os EUA. viajou ao lado do Seb e eles realmente formam um casal muito fofo. Sinto vontade de ter uma companhia assim ao meu lado, porém, nenhum dos meus relacionamentos deram certo até então. Finalmente chegamos na Austrália e vou contar algo para vocês: que lugar quente! Literalmente falando. Hahahaha sofremos um pouco com o calor, afinal viemos de um país essencialmente frio. Detestamos calor em excesso. Ainda mais quando não se tem muitas praias, como é o caso do Canadá. A Califórnia até que tem, dá para refrescar um pouco, mas… Enfim. Acho que já devem ter percebido que eu não gosto muito de calor, de fato.

- Está indo para onde com esse nano short? - Perguntei intrigado ao abrir a porta do meu quarto e avistar minha irmã vestindo um short bem curto. Sério, dava para ver a virilha dela. – Hein, mocinha? já te viu assim? - Ela passou por mim e me olhou com cara de tédio, revirando os olhos em seguida.
- Você também, ? Aff, me deixem vocês dois. – Provavelmente, já deve ter a visto assim e também não gostou.
- , diz para ela botar outra roupa. - invadiu meu quarto logo após entrar no mesmo.
- Obrigado, ! - Finalmente alguém que concorde comigo.
- Pois, senão vou querer tará-la no meio do saguão do hotel. – Completou, para minha surpresa. Ele e deram risada e eu fiquei atônico, completamente sem reação. Os engraçadinhos estavam zoando com a minha cara.
- Hey! - Eu disse, batendo na cabeça de – É da minha irmã que você está falando. Respeito! - Ele riu e pediu desculpas. - Já estão prontos? - Ambos concordaram com a cabeça e seguimos para a piscina do hotel.

Com um calor desses, obviamente que nós aproveitaríamos a piscina do hotel. Disso eu gosto: piscina! Melhor que praia que tem areia e a água é salgada. Não curto. Curtimos o calorzinho de Darwin, capital do Território do Norte, AUS. Uma cidade litorânea muito linda. É nossa primeira vez aqui e estamos bem empolgados. Após nosso banho na piscina, nos arrumamos e fomos ao local do show. Uma casa de show bem localizada no centro da cidade.
tirou muitas fotos desse momento de ensaio também. Como era perto, voltamos para o hotel para nos arrumarmos para o show. Será um grande dia, tenho certeza. Mas, algo estava me incomodando desde que entramos no avião a caminho para cá. Não sei o que é, mas sinto que algo grande acontecerá hoje. Temo que seja algo ruim… espero estar errado.




POV

Chegou o grande momento do show. Estávamos no palco, já tocando, enquanto estava passeando pelo palco e tirando fotos nossas. Fiz várias poses para ela, só para ela. Ela ria, enquanto me via fazendo poses diferentes e caras e bocas também. Nos divertimos naquele momento. Agora, ela está bem na minha frente, só que dessa vez na parte debaixo, em frente ao palco, no vão onde separa o palco do público. Enquanto o público fervia com nossas músicas, sempre cantando e vibrando conosco, foi chamada por um dos caras da produção da casa de show. Ela sumiu e não voltou mais. Até o fim do show, ela não havia voltado. Pete não percebeu, acho que fui o único a reparar que ela não estava mais ali. Talvez estivesse no camarim resolvendo algum problema na câmera. Não sei. Até então, eu não fiquei preocupado. Acabou o show e voltamos, exaustos, para o camarim. Ao chegar lá, para minha surpresa, ela não estava. Somente alguns policiais e nossa produção. Eu não entendi nada, mas comecei a ficar apreensivo.

- Wow. - Espantou-se ao entrar no camarim. - Aconteceu alguma coisa, Math? - Questionou ao nosso produtor que estava com uma cara de cansado e com medo ao mesmo tempo.
- Fala, Math! - Eu disse, um pouco irritado e apreensivo demais para medir palavras.
- Caras, esses aqui são o Agente Williams, da Polícia Federal Australiana... - ele começou falando.
- E esse é o Agente Miller, somos da divisão PTG, que é o nosso grupo antiterrorista. – Completou a fala, o tal agente Williams. Eles estavam nos olhando com uma cara não muito boa.
- E a que devemos a honra da visita de vocês em nosso camarim, agentes? - falou.
- Sentem-se, por favor. – Ordenou o agente Miller, nos sentamos e então ele começou a proferir. – Bem, vou direto ao ponto, ok? - Concordamos com a cabeça, sem falar nada, e ouvimos atentamente as palavras dele. - Há muito tempo estamos investigando um grupo que está agindo em segredo aqui na região de Darwin, e acreditamos que seja um grupo terrorista. A senhorita Adeline é irmã do senhor , correto? – Ele olhava os nomes num papel e, ao terminar de ler, ele ergueu a cabeça para olhar novamente para nós. levantou a mão.
- Ela é minha irmã. O que ela tem a ver com isso? - Deu um estalo nele – E cadê ela, por falar nisso? - Olhou em volta e não a viu em lugar nenhum. Começamos a ficar preocupados de verdade.
- Bem, acreditamos que um dos produtores desta casa de show faça parte deste grupo terrorista e que ele tenha sequestrado a senhorita . - Nada que não possa piorar, não é mesmo? Sequestro? Será que eu ouvi bem? Eu queria ser surdo em momentos assim...
- O quê?! - Espantou-se , enquanto eu olhava atônico, paralisado pelo medo, para um ponto fixo entre os agentes e o chão. O pé da cadeira onde estavam sentados, para ser mais preciso.

Eu ouvia a cada palavra, eu sabia muito bem o que estava ouvindo, porém, meu cérebro mandava meu coração continuar funcionando. O mesmo estava acelerado demais, parecia desregulado, louco por notícias da minha . Meus pulmões também entraram no ritmo do meu coração e começaram a mandar muito ar para as minhas vias aéreas, isso fez com que minha respiração aumentasse. Ofegante, eu tentava me manter acordado. Tentava não chorar, não gritar, não me desesperar. Era uma tarefa difícil. Os agentes explicaram que viram um carro suspeito saindo daqui e indo em direção aos limites da cidade de Darwin com Stuart Park, cidade vizinha. E que este carro foi um dos usados pelos terroristas, nos últimos dias, e que eles já o estavam monitorando e traçando uma possível rota para o cativeiro. Enquanto eu tentava assimilar aquilo tudo, chorava, gritava, creio que ele esteja sentindo algo parecido com o que eu estou sentindo agora: uma agonia sem fim. Não sei se já passaram por algo parecido, mas, juro para vocês, que é a pior, definitivamente a PIOR sensação do mundo. estava nas mãos de um grupo terrorista, sequestrada, num país estranho ao nosso, longe dos seus portos seguros: e eu. Os agentes nos pediram calma (como se fosse possível, rs), disseram que já estavam rastreando o tal carro que eles achavam que estava. Enquanto isso, voltamos para o hotel.

- Isso não pode estar acontecendo. Justo agora… - lamentou-se que andava de um lado para o outro dentro do quarto do . Estávamos todos lá.
- , vai dar tudo certo. Vamos encontrar a . - disse. Os caras podem até não transparecer, mas eles, assim como e eu, estão bem preocupados com ela.
- Essa espera está me matando, caras. Eu não estou bem. - Eu falei, sentado na cama do . - Se algo de ruim acontecer com ela, eu… - eu nem tive coragem de terminar a frase, mas, em minha mente, eu a completei: – seria capaz de me jogar na frente dela para salvá-la de qualquer perigo. Se algo de ruim acontecer com ela, eu morro junto. - Parece exagero, mas esse sentimento é forte e intenso demais. Não saberia viver sem ela. E eu realmente não sei como é viver sem ela. A vida sem ela é muita chata.
- Deita aí, , você está pálido cara. - disse e eu me deitei. Parece que piorou, pois senti minha cabeça pesar e minha respiração acelerar mais e mais. Sufocando-me. Meu coração estava apertado, dolorido e meus olhos ardendo. Me entreguei ao choro. - Estamos aqui, cara... calma. - e me consolavam, sentados na cama ao meu lado.
- Vamos achar a , . De qualquer jeito! - falou, me fazendo erguer um pouco meu corpo. Ele ainda chorava bastante. Concordei com a cabeça e voltei a me deitar. Aos poucos, eu fui me acalmando, pouco, mas sim, eu me acalmei. Adormeci.

Na manhã seguinte, eu acordei com o me batendo com uma toalha molhada. O mesmo disse que tinham novidades sobre a . Dei um pulo da cama, nem reclamei pela toalhada na cara. Tomei um banho rápido e logo e eu nos encontramos com os outros na recepção do hotel, nosso produtor, Math, também estava lá acompanhado dos agentes que nos abordaram ontem. Eles explicaram que tinham encontrado o local do possível cativeiro da . Segundo eles, o tal cativeiro fica numa região montanhosa, com uma densa floresta, na região de Buffalo Creek. Aliás, esse lugar fica literalmente do outro lado da província de Darwin. No extremo norte, para ser mais preciso. A cidade de Darwin fica no Sul, então, é um bom chão que vamos percorrer até lá. Depois de muito insistirmos, os agentes concordaram de irmos junto com eles nessa “missão de resgate”. Entre aspas, porque nem eles sabiam ao certo o que encontrariam lá. Não quiseram mandar helicópteros ao local para não espantar os caras, caso estejam lá. Eu, sinceramente, espero que eles estejam lá e que esteja bem; espero que tudo isso acabe hoje, ou no caso amanhã, pois só chegaremos lá amanhã pela tarde. Fomos em dois carros. Um menor, onde foi , os dois agentes (um deles dirigia), mais um policial federal e Math, nosso produtor. E no outro carro, que era mais uma van pelo tamanho, fomos eu, , , e mais três policiais federais. Fora os caras da polícia local que deram um apoio na estrada. Foi uma longa viagem: literal e figurativamente falando. Literalmente, por motivos óbvios, e figurativamente porque a aflição de não saber se sua mulher está bem, é angustiante. Passei toda a viagem calado, pensando no que fazer ao encontrar a . Pensando também caso não encontremos ela, o que faremos? Se ela não estiver lá, pode estar em qualquer lugar desse país ou até mesmo de outro, sei lá. Eu estou ficando, a cada segundo, mais louco. ~suspiro~ meus pensamentos estão todos contigo, minha pequena .




Naquele mesmo dia pela manhã, antes da viagem dos meninos para tentar encontrar

POV

Finalmente eu despertei do meu sono. Se bem, que creio que não tenha sido um sono agradável, minha cabeça dói, meu corpo inteiro dói. Abri os olhos, com dificuldade, e pude observar o local onde eu estava. Apesar de ter pouca iluminação no local, pude ver que era bem sujo. Era um quarto pequeno, provavelmente nos fundos de uma casa. A janela, que estava atrás de mim, estava coberta por um papel preto, meio rasgado, que revelava a parte de fora do lugar. Pela luz que vem de fora, já era dia. Não sei ao certo que horas são, estou sem meu celular. Provavelmente, quem me sequestrou deve ter o pego. Ai, minha cabeça dói tanto…
Sentei-me com dificuldades, encostando na parede de madeira. Não sei se é comum aqui na Austrália, mas creio que seja uma casa de madeira (assim como são a maioria das casas nos EUA), e esta casa, em especial, não me parece ser no centro da cidade. Está úmido demais para ser… bem, minha garganta dói um pouco também, estou com sede e com frio. Só agora percebi que estou molhada. Não no sentido pervertido, não me entendam mal! Por favor, hahahaha, mas sim, no sentindo literal da frase. Não sei o porquê, mas eu estou literalmente molhada, encharcada! Queria muito saber quem foi o idiota que fez isso comigo. Falar em idiota, sinto falta do Pete. Ah, ele deve estar louco atrás de mim. Será que eles sentiram minha falta? Ah, mas que besteira , claro que eles notaram seu sumiço! Seb… meu , deve estar louco. Justo agora que estamos acertados e namorando sem restrições (no sentido de que todos já sabem) vai lá e acontece algo assim. O que me intriga é: o que raios sequestradores querem comigo? Justo COMIGO?! Será que me levaram, pois sou irmã do ? O vocalista de uma grande banda internacional? Não sei… não estou conseguindo raciocinar direito com esta fome que sinto agora. Eu só queria um belo de um BK com fritas e um copão de refrigerante.
Adormeci, mas logo acordei. O barulho da porta destrancando fez com que eu acordasse do meu sono de beleza. HAHAHA até em momentos como esse, tu consegues brincar, ? Aff… olhei rapidamente para janela e o sol parecia estar da mesma forma, acho que amanheceu o outro dia. Dormi demais! Não sei direito… Alguém adentrou pela porta e a luz externa ao quarto revelou o semblante de um homem. Ele não parecia ser velho e nem muito novo (da minha idade, com certeza não era). Um cara bem bonito, por sinal. Ele entrou e fechou a porta. Em suas mãos ele trazia uma bandeja com um prato de comida e um copo com algum líquido. Queria muito que fosse meu BK com fritas e um refrigerante, mas, assim que ele pôs a bandeja no chão, pude ver que era um pão (que provavelmente não tinha nenhum recheio) e um copo de água. Sério? Pão com água? Acha que sou Jesus Cristo, por um acaso? Bem que poderia ser pão com vinho... eu suspirei entediada e decepcionada. O tal homem franziu a testa e disse.

- O que foi? - Com a testa ainda franzida, ele me olhava de cima para baixo.
- Nada. - Eu disse e completei – Queria um sanduíche do BK, apenas.
- O que diabos é isso garota? - Me olhou como se eu tivesse dito algo absurdo. O olhei de volta com o mesmo olhar.
- Não conhece Burger King?
- Não… - ele parou por um instante e logo lhe deu um estalo cerebral. - Ahh, deve estar falando do Hungry Jacks, certo? - Pisquei algumas vezes e o olhei com cara de interrogação. - Ah, é porque aqui na Austrália o Burger King, que tem nos EUA, mudou o nome para Hungry Jacks. Deve ser por isso que não conhece. - Sorriu de leve. [n/a: esse lance do BK se chamar Hungry Jacks na Austrália é real. Pesquisei a respeito! Haha os donos da franquia de lá compraram os direitos da BK e trocaram o nome para este. ]
- Aaaaaaa, isso explica sua surpresa ao me ouvir falar. - Sorri de volta.
- Não deveria conversar com você. - Ele voltou a ficar sério e voltou a me olhar como se eu tivesse alguma doença contagiosa - Você é nossa refém. - Após ter pensado um pouco ele completou: – Vamos, coma tudo. Logo partiremos daqui. O chefe está sendo bonzinho em te manter viva e alimentada antes da operação final. - Oi? Como assim cara… explica direito isso aí!
- Como assim? - Perguntei com um nó na garganta e trêmula.
- Não te interessa saber, apenas coma. – Taxativo, ele falou e saiu do pequeno quarto onde estávamos. Pude ouvir as trancas da porta sendo fechadas.

Voltei a ficar sozinha em meu quartinho: eu e meu superlanche. Bebi apenas a água. O pão está extremamente duro, mas duro que a cabeça do quando teima com algo. Mais uma vez pessoal, não me levem a mal. Estou falando no sentido figurado da frase. Hahahaha isso aqui está ficando muito pornográfico. [n/a: na verdade, quem pensou maldade fui eu mesma enquanto escrevia esta parte. Até hoje dou risada lendo. Enfim...] Anyway, let’s get to it (enfim, vamos ao que interessa), não é mesmo? Eu não sei o que esse bonitinho quis dizer, mas confesso estar com medo quando penso em “operação final”. O que raios será isso? E o que raios eu tenho a ver com isso tudo? Eu só quero ir para casa. Só!
Algumas horas se passaram e eu dormi novamente. Estou cansada por conta do fuso, toda hora sinto sono. Novamente as trancas da porta do quartinho foram removidas e eu despertei sentando-me em seguida, assustada. A porta abriu e o mesmo bonitinho adentrou por ela, infelizmente ele não estava sozinho. Um outro cara, maior que ele (maior, digo, fortão mesmo) e, muito mais mal-encarado, veio logo atrás. Ele me encarou com um olhar aterrorizante que me fez tremer por inteira. Medo me definia naquele momento. O bonitinho me segurou pelo braço e me ergueu num só puxão. Gemi de dor (e um pouco de medo) e o encarei amedrontada.

- Vamos, Jimmy, traga ela logo. - O grandão disse com a voz grave e virou-se para sair do quarto.
- Não se preocupe, não vamos te machucar. Fique quieta e tudo ficará bem, ok? - Sussurrou Jimmy, o bonitinho.

Agora já sei o seu nome, não preciso mais chamá-lo assim. Concordei com a cabeça, então Jimmy me levou até a sala praticamente me carregando, só depois notei que meu pé estava dolorido. Na verdade, era meu tornozelo que doía, me fazendo não conseguir pôr o pé no chão. Fui mancando para sala e lá estavam o restante do bando de idiotas que me sequestrou. O grandão estava lá com mais três caras. Um deles, o mais arrumado, parecia ser o chefe.

- Está tudo pronto? - Disse o suposto chefe do bando, encarando um ponto fixo aleatório no chão. Ele estava sentado numa poltrona e em uma de suas mãos segurava um charuto aceso.
- Sim, chefe. Tudo está como o senhor planejou. - Um dos homens respondeu e parecia estar orgulhoso. Sabe aquelas crianças de cinco anos que fazem um desenho e mostram para mãe com total orgulho de sua criação? Pois bem, parecia esse cara. Ri internamente da cara que ele fez, mas minha risada logo sumiu quando o chefe olhou para mim.
- Como está, jovem ? - Perguntou com um sorriso malicioso nos lábios. A princípio, fiquei calada, mas logo Jimmy me dera um aperto de leve no meu braço que ele segurava.
- Eu… eu estou bem. - Respondi envergonhada e morrendo de medo. Naquele momento, eu só pensava no meu irmão, nos meus amigos e principalmente no . Queria estar com ele, dentro de seus braços quentes. , onde você está meu amor?
- Bom, bom. - Ele disse e completou: – Sabe por que você está aqui, senhorita ?

Continuou me encarando. Não sei explicar em palavras, mas lá vai: toda vez que ele me olhou, nesses poucos segundos que estou na sala, eu me senti violada sexualmente. Parece que com seu olhar arrancava minhas roupas, mas de um jeito sádico e nojento; e não do jeito que o me olha (apesar de nunca termos transado, juro). Ah, droga, estou pensando no de novo.

- Nã-Não. Não sei por que estou aqui. – Encabulada, após ser despida com o olhar pelo chefe do bando, eu respondi sem jeito. Foi então que ele começou a explicar.
- Não era para você estar aqui, sabia? Era para seu irmão estar aqui conosco. - O ? Mas, por que ele? - Gostaria de pedir-lhe desculpas pelo engano. - Engano? Ah, eu fui um engano então? Nossa… - O nosso contato na casa de show se enganou, era para ele ter nos trazido o e não você, mas parece que no final ele acertou no presente. - Virei um objeto agora seu filho da puta?! Estou começando a me irritar com o tom dele. Eu me senti pior do que no dia que cheguei na Califórnia e fui roubada (quase estuprada) por um cara na porta da boate onde os meninos faziam show. Pior sensação da minha vida, até então. - Enfim, vamos começar o show! - Ele completou num tom festivo, como se estivesse esperando por aquilo a muito tempo.
- Espera! - Eu gritei e todos me olharam, incluindo Jimmy, que mais parecia estar me implorando para eu me calar. - O que eu tenho a ver com tudo isso?! E meu irmão? O que fez com ele? - Eu estava surtada, completamente. Mentalmente, eu me repreendi por aquilo.
- Para! - Jimmy apertou mais uma vez o meu braço, só que desta vez mais forte. - Por favor, , para! – Ele falar meu nome fez com que eu parasse e o fitasse. Por que ele estava sendo tão gentil comigo? Gentil até certo ponto, pois os apertões dele estavam doendo e muito. Ele parecia me conhecer antes daquele sequestro. Mas, de onde?
- O QUE? COMO SE ATREVE A USAR ESTE TOM COMIGO?! SUA GAROTINHA!

O chefe berrou, levantando e derrubando a cadeira onde estava. Jogou o charuto no chão e partiu para cima de mim aos berros. Ele ergueu a mão e fez o movimento para me bater. Virei o rosto e fechei os olhos. Senti sua mão pesada impactar-se com meu rosto. Foi quase um murro. Senti meu rosto esquentar e arder instantaneamente. Certeza de que ficou roxo. Abaixei a cabeça e comecei a chorar.

- Não chefe! Para! - Jimmy gritou segurando o braço do chefe. O mesmo se livrou do Jimmy e o fitou com raiva.- Por favor, não a machuque. - Pude sentir o nó na garganta do Jimmy. Tudo estava me intrigando mais e mais. Por que ele me defendia? Por que ele estava “me ajudando”?
- Tira essa garota da minha frente, agora! Antes que eu faça alguma besteira. - Bradou o chefe, saindo pela porta da frente da casa. Jimmy me amparava segurando meu braço com força.
- Falei para você ficar quieta! Olha só para o seu rosto, está vermelho! - Ele confirmou minha suspeita de que meu rosto estava quase roxo.

Ele passou a mão de leve pelo machucado (tinha um pequeno corte no meu rosto e estava sangrando um pouco. O chefe do bando tinha muitos anéis nos dedos, deve ter ferido por causa deles) e eu gemi de dor. Antes mesmo dele se dirigir, comigo ainda pendurava em seu braço, para o kit de primeiros socorros, que provavelmente estava na cozinha, o grandão o chamou.

- Vamos! Não há tempo para isso.

Ao concluir esta frase, o grandalhão saiu pela porta, Jimmy me arrastou para fora do local e os outros nos seguiram. A luz do sol quase me cegou e confirmei que já era a manhã do dia seguinte pelo fato do sol estar alto no céu. Fazia muito calor, fomos caminhando pela floresta. Meu pé ainda doía muito e agora meu rosto também doía. Andei com dificuldades, mas, ainda assim, a gentileza do Jimmy havia sumido, pois o mesmo me puxava forte toda vez que eu esboçava andar mais devagar do que o tolerado por ele. Já havia perdido as contas de quanto tempo estávamos andando, mas era muito tempo nas minhas condições atuais. De repente, todos pararam ao mesmo tempo, como se tivessem ouvido algo. Foi então que ouvi alguns gritos. Foi tudo muito rápido. Antes mesmo que pudéssemos correr, fomos cercados por homens armados. Olhei rapidamente e vi que eram policiais. Eu estava salva! Finalmente tinham me achado. Minha respiração acelerou ainda mais. E ao mesmo tempo eu estava ficando sem ar. Jimmy me envolveu em seus braços e sacou uma arma da cintura, que até então eu não havia reparado nela. Apontando a arma para mim, ele berrava para os policiais se afastarem. Os policiais pediam calma para todos, mas sem abaixarem as armas que tinham em punho. O medo crescia dentro de mim na mesma velocidade que meu coração acelerava cada vez mais. Alguns segundos se passaram e meu coração saltitava dentro de mim. O mesmo quase parou, repentinamente, ao ver o semblante dele entre os policiais. Mal pude acreditar no que via: estava ali. Parecia apreensivo, nervoso, sussurrava algo para um dos policiais. Atrás dele estavam e meus outros amigos. Todos vieram me salvar. Me senti um pouco mais calma e segura só em saber que eles estavam ali comigo, mesmo que de longe. Principalmente o ... como é bom revê-lo. Queria poder abraçar ele, beijar ele, sentir seu cheiro, seu calor, o conforto de seus braços…
Tentei me livrar do Jimmy, mas obviamente não consegui. Ele é muito mais forte que eu. Para falar a verdade, nem do eu consigo me livrar (quando o mesmo resolve me abraçar estilo “ursão” e não me larga de jeito nenhum), quem dirás o Jimmy que é um pouco mais forte que meu irmão. Comecei a chorar baixinho enquanto encarava o . De longe, eu enxerguei seu olhar direcionado a mim, aflito, desesperado e ao mesmo tempo corajoso e amoroso.

- Fiquem longe ou eu a mato! - Jimmy berrava enquanto apontava a arma para mim. Agora ele me agarrava com um só braço e ainda sim eu não conseguia me desvincular dele. O cano gelado da arma roçava em meu rosto fazendo com que meu corpo se arrepiasse de medo.
- Calma, rapaz. Deixa a moça ir e vamos conversar. - Um dos policiais dizia enquanto dava curtos passos em nossa direção. Naquela altura, os outros já haviam sido presos na hora da primeira abordagem da polícia, menos o chefe que fugiu mesmo após ter levado um tiro.
- Para trás! - Jimmy notou a aproximação dele e me apertou mais. Gemi alto de dor, pois ele além de ter me apertado, pisou no meu pé machucado. - Desculpe. - Falou baixinho só para mim. Eu estava confusa em relação ao Jimmy, pois uma hora ele estava dizendo que me mataria e outrora ele estava se desculpando comigo. Afinal, o que ele quer de mim? - Não pretendo te machucar, mas fique quieta. - Voltou a sussurrar comigo.
- O que quer com a minha ?! Seu covarde! O que fez com o rosto dela? - ! Ah, meu berrou. Pelo comentário, creio que ele tenha visto o roxo do meu rosto.
- Ele é teu namoradinho? O , né? - Sussurrou Jimmy. Afirmei que sim com a cabeça. Será que ele conhece o ? E então, ele prosseguiu: – É melhor ele não se meter, caso ele não queira morrer. - Suas palavras me fizeram arrepiar toda novamente. De medo. De aflição. De terror. Não permitiria que nada de mal acontecesse com ele. Eu nem estava raciocinando direito naquele instante. tentou ir ao nosso encontro, mas o policial que conversava com Jimmy e o o seguraram a tempo. - Nem se atreva! - Ameaçou Jimmy apontando a arma para que recuou. Num ato impensado eu dei um pisão em seu pé. Jimmy me olhou com ódio, juro que achei que fosse morrer ali mesmo. Ele voltou a apontar a arma para minha cabeça e bradou – Não se atreva, garota! Não se atreva a me desafiar! Eu não estou aqui para brincadeira! - Ele berrava ensandecido. Agora ele me segurava pelos cabelos, puxava com muita força e raiva. Minha cabeça estava prestes a descolar do pescoço. Ahh! Ele estava totalmente imprevisível, louco, furioso. Temi não só pela minha vida, mas como pela vida de todos ali.
- Hey, rapaz! – O policial falou num grito – Se você não se acalmar agora, eu terei que agir. Está vendo esses homens? - Ele disse apontando para os demais policiais com armas apontadas para ele (e, consequentemente, para mim também). - Eles só estão hesitando por minha causa. Porque eu não quero que se machuque. De verdade, você não me parece ser uma má pessoa, só foi influenciado por pessoas ruins. Deixe-me te ajudar, rapaz. Por favor, abaixa a arma e deixa a moça ir. - Na maior paz do mundo, ele proferiu. Suave, calmo, sereníssimo. Queria ter essa calma toda. Queria também correr para os braços do meu amado. Como eu quero que isso tudo acabe...
- Deixa ela ir, por favor. - falou com a voz embargada, quase chorando e completou: – Deixa minha irmã ir. Me leva no lugar dela! Por favor! - Desabou a chorar, dando alguns passos para frente. Foi puxado de volta pelo que o impediu de vir ao nosso encontro, no centro daquela roda. Parecia um cenário perfeito para um piquenique, mas, na verdade, era um cenário de terror total.
- ! - Chamei pelo meu irmão e estendi uma das mãos.

Mais uma vez tentei me livrar do abraço forte do Jimmy. Foi então que, num único movimento, eu consegui sair dele e esboçar alguns passos para longe. Então, sem olhar para trás, eu ouvi tiros. Tudo parecia rodar em câmera lenta. Uma cena de terror. Fechei os olhos. Protegi minha cabeça e corri para mais longe dali, na direção oposta de onde os caras estavam. Eu nem sentia mais dor no pé, na cabeça, em lugar algum. Eu só queria sair dali. Os tiros cessaram e eu caí. Não aguentei o peso do meu corpo e quase desfaleci. Bem na hora, ele apareceu para me abrigar em seu abraço.

- Eu estou aqui, pequena! - A voz suave de ecoou pela minha cabeça como um soar de um anjo. Só de ouvir sua voz e sentir o calor de seus braços, eu já me senti mais protegida. Meu desmaio não aconteceu. Sorte. Pois, pude sentir em minhas mãos, ao tocar em seu ombro, que estava ferido. - Au! - Ele gemeu baixinho de dor.
- Você levou um tiro, ! - Falei o óbvio e ele me fitou com um olhar acolhedor.
- Não se preocupe, não foi nada demais. - Disse calmamente e completou: – Você está bem, pequena? Está machucada? Eles te fizeram algo que você não quis? - Esta última frase ele disse com um embargar na voz. Logo entendi sua preocupação em saber se alguém havia me violado sexualmente. Por sorte minha, não. Apesar de eu quase ter sentido naquela hora, antes de sairmos da casa, que o chefe do bando queria sim me violentar.
- Estou com dor no pé e meu rosto… - eu não sabia se contava para ele o que havia acontecido. Parei para pensar por alguns segundos e então concluí meu raciocínio. - … O chefe do bando, o que fugiu, ele me bateu antes de sairmos para floresta.
- Ele o que?! - Disseram e , quase que ao mesmo tempo. se aproximou de nós bem nessa hora. - Como ele ousou em te bater!? Minha irmã… que bom te ver bem! - Disse , agachando-se perto de mim. Eu ainda estava embalada pelo abraço do . - Senti tanto medo. - Eu repousei uma das mãos no rosto do meu irmão e o puxei para o meu. Uma lágrima rolou pelo seu rosto e, consequentemente, pelo meu também.

Jimmy foi preso. Depois descobri o motivo pelo qual ele era tão gentil comigo. Ele conhecia a banda dos meninos e me conhecia também. No fundo, ele não queria me machucar. No fundo, ele não queria ter participado desse sequestro. Descobrimos juntos, os meninos e eu, que os caras que me sequestraram realmente eram terroristas e queriam atingir o Canadá sequestrando o (mas, na verdade, eles erraram, pois acabaram me levando no lugar dele) e pedir resgate ou algo assim. Caso contrário, atacariam o país. Não entendi muito bem, também, agora eu não quero mais saber. Não desejo o mal do Jimmy, ele até que me tratou bem. Na verdade, foi o único que me tratou bem. Agora eu só queria ficar aqui, dentro do abraço do meu , recebendo seus mimos e longe de qualquer perigo. Estamos no hotel. Resolvemos ficar mais um tempo aqui na Austrália, até porque o médico que me atendeu disse que eu deveria repousar e uma viagem agora não ajudaria muito. Ele me diagnosticou com uma lesão grave no tornozelo. Estou com uma bota imobilizadora, ortopédica, sabe? Ela incomoda bastante, coça, sufoca um pouco meu pé. Aliás, ela vai até meu joelho, quase. Já quero me livrar dela, mas ninguém me deixa tirá-la. Principalmente, o . Meu rosto tinha ficado roxo, pois o chefe do bando me bateu bem no meu maxilar. O atrito dos meus dentes contra minha boca a fez sangrar. Com a adrenalina do momento, confesso que não notei minha boca sangrando. tem sido o melhor namorado que alguém pode ter na vida. Está cuidando de mim, não me deixa fazer nada. Virei um bebê, praticamente.

[…]


Finalmente o médico me liberou de viajar, dois dias após o ocorrido. Infelizmente, ele não me liberou da maldita bota ortopédica. ~lágrimas~ Os meninos e eu voltamos para os EUA. O caso do meu sequestro foi noticiado no mundo todo. Só que somente na Austrália que todos já sabiam do fim do sequestro, no Canadá ainda não. Foi o suficiente para fazer meus pais surtarem e encherem nossos telefones de mensagens e ligações. Com a agonia de passar horas e horas no hospital, pois fiz uma cirurgia no tornozelo (e farei outra em alguns meses), acabei que não liguei para meus pais para avisar nada. Nem se lembrou disso. Recebemos uma baita bronca por videoconferência. Minha mãe me fez fazer uma videoconferência para mostrar para eles que eu estava realmente bem. Que todos estávamos bem. Mães! ~risos~
O último show que os meninos fariam na Austrália foi adiado para outra data, os fãs e produtores entenderam a situação, claro. Já no apartamento, na Califórnia, eu estava no meu notebook editando os vídeos que gravei na viagem, para postar um compactado no YouTube. Estava com os fones no ouvido, não percebi a entrada dele no meu quarto. Ele veio e me abraçou por trás, repousando suas mãos quentes em meus olhos, tampando-os.

- ! – Sorri de leve e me virei olhando para o meu irmão. – Oi, meu amor! – Ele me sorriu de volta.
- Maninha! Que bom te ter em casa. - Ele disse sorrindo radiante. Parecia estar feliz não só com a minha presença.
- Aconteceu algo para você estar com essa cara de tapado? Sorrindo desse jeito está parecendo o Coringa... - Falei rindo e completei: - Você está bem engraçado.
- O amor, minha irmã. O amor é maravilhoso. - Falou num tom bem apaixonado.
- Hummm, alguém está apaixonado neste quarto e eu não estou falando de mim.
- Pois bem, maninha, eu acho que estou sim. Aliás, eu estou apaixonado! - Finalmente! Meu irmão merece ser feliz ao lado de uma mulher que retribua seus sentimentos. Ele é tão fofo, um amorzinho de irmão, de pessoa. - Em breve, te apresento ela. Aliás, podemos sair nos quatro. Nós dois, você e o . - Falou animado.
- Claro! Combinamos um dia. - proferi animada.
- Sim… - pareceu lembrar o que ele tinha ido fazer ali. - O está subindo. Veio te ver. - de repente, a campainha toca. - Oh, ele chegou. - Meu coração acelerou. Eu estava suja, fazia horas que estava na frente do notebook editando. Realmente eu não estava apresentável para ver meu namorado. Sim, porque agora o é meu namorado, sabe? ~nem me acho, né?~
- , segura ele na sala. Preciso tomar banho!
- Não precisa, , besteira.
- Quer cheirar? - Desafiei ele, o mesmo me olhou com a sobrancelha arqueada e logo desistiu.
- Não, obrigado! Hahahaha

Rimos muito daquela situação. Meu Deus, eu estou podre. Corri para o banheiro e tomei um banho demorado. Enquanto isso, e estavam na sala me esperando. Aposto que estão falando mal de mim.




POV

Faz alguns minutos que eu cheguei no apartamento do e da . disse que ela estava tomando banho. Mas que raios de banho demorado é esse? Ele me ofereceu uma cerveja. Aceitei e ficamos bebendo e jogando conversa fora. Ele me contou de sua namorada nova e do quanto ela era maravilhosa para ele. Entendo, meu amigo ~risos~ afinal, eu não consigo falar de mais nada que não envolva a , direta ou indiretamente. Mais alguns minutos se passaram e finalmente veio para sala. Ela apareceu no corredor, está linda. Usa um short jeans azul clarinho, um blusão da banda e os cabelos estão presos num coque para cima, mas arrumado, sabe? E ela usa meias. Sim, é dessas que sente mais frio nos pés do que em qualquer outra parte do corpo. Totalmente à vontade com o frio estadunidense (que não é tão diferente do Canadá). Vai entender, né? Detalhe: ela usa apenas uma das meias, já que sua perna esquerda veio acompanhada de uma bota ortopédica que ela usa desde que fez a cirurgia no tornozelo, lá na Austrália. Um charme essa bota. ~risos~. Ela cumprimentou nós dois e sentou-se ao meu lado, depositando um beijo em meus lábios, que já estavam quase embriagados (junto com o resto do meu corpo). Pete trouxe uma taça de vinho para ela, já que ela não bebe cerveja. Aliás, só bebe bebidas quentes. Deve ser por isso que ela me deixa pegando fogo. Explicaria muita coisa. ~risos~ ~ tarado~ Ok, confesso nunca ter tido uma relação mais íntima com a , apesar de querer muito, fato. Não foi por falta de oportunidades. Várias vezes ficamos sozinhos e tivemos oportunidades de consumar o nosso namoro num passo a mais, porém nunca chegamos às vias de fato. Receio de nos magoar de alguma forma, talvez. A conversa foi longa entre nós três. Rimos, contamos casos para a de quando estávamos em turnê e ela não estava conosco. Em um dado momento da noite, foi ao banheiro, então fiquei sozinho com o Pete. O mesmo me disse que iria nos deixar sozinhos. “Confio em você, cara!”, ele proferiu, bêbado, mas consciente do que dizia. Interpretei aquela fala como uma espécie de autorização, para que eu seguisse meu coração e fizesse aquilo que tinha vontade. Aquilo que eu e a tínhamos vontade. Claro que não forçarei nada, até porque ela está bêbada e quero que seja especial para ambos. Uma noite inesquecível.
voltou do banheiro e foi então que avisou que sairia com a namorada dele. Iriam numa balada e ele dormiria na casa dela depois. ficou triste, pois queria ficar na companhia do irmão também. Nossa noite estava apenas começando. chamou um táxi e foi embora. Ela e eu ficamos sozinhos e continuamos bebendo, comendo e conversando sobre os mais variados assuntos. Sempre havia assunto para conversar com ela. Era impressionante como falávamos de tudo, sem cansar. Decidimos ver um filme romântico. Uma comédia romântica, gênero favorito da (só perde para o terror). Mas, aquela noite não era para gente ver um terror clássico e sim uma comédia romântica. Ao lado dela tudo fica bom. O filme falava sobre a típica história de amor entre um homem e uma mulher que inicialmente se odeiam, mas depois despertam um amor incondicional um pelo outro. Amor esse que só faz crescer com o passar do filme. É o que aconteceu comigo e com a , tirando a parte do ódio, pois nós sempre nos demos bem. Certa parte do filme, o casal está num momento íntimo na cama. Ela pareceu desconfortável. Ela sempre ficou sem jeito em momentos assim, de mais intimidade em filmes ou até na realidade. Quando, por exemplo, víamos filmes todos juntos e tinha alguma cena de sexo. Ou até mesmo quando algum dos caras dava uns amassos numa mina na frente dela. Fico pensando em como ela se sentiu nas vezes que levei alguma garota para nossas reuniões diárias na casa dela, lá no Canadá. Espantei os pensamentos e voltei a me concentrar no filme. Apertei o braço que envolvia a e dei-lhe um beijo no canto da cabeça (beijei mais o cabelo dela do que outra coisa, mas beleza). O filme acabou e voltamos a comer, beber e conversar. Percebi que estava um pouco mais, como posso dizer, safada. Se é que me entendem, né? Ela alisava minhas coxas enquanto nos beijávamos. Vai aqui uma dica para as mulheres que estão vendo isso: alisar as coxas dos homens é golpe baixo! Ok?! Isso me deixou muito excitado. Mais muito excitado MESMO! Confesso que estava me controlando, me policiando ao máximo para não atacar ela naquele sofá. Aos poucos, ela foi tomando a iniciativa, se jogando em cima de mim. Teve dificuldades, pois está com a bota ortopédica. Ajudei ela a subir em cima de mim e continuamos nos beijando. Um beijo mais intenso e apaixonado que o anterior. Estávamos famintos de amor e tesão um pelo outro. Tirei o blusão que ela vestia e ela desabotoou minha camisa. Rapidamente ela estava apenas de sutiã e short. E eu apenas com minha boxer vermelha.
me deu o sinal para irmos para o quarto. Levantei primeiro que ela e a carreguei no colo, o que a fez rir. Eu estou tão feliz por isso se realizar, a felicidade mal cabe dentro de mim. Chegamos ao quarto e a depositei na cama. Ela se ajeitou, com dificuldades, e encostou a cabeça nos travesseiros atrás dela. Fui engatinhando e passando por dentro de suas pernas. Beijei sua barriga de leve, dando-lhe vários beijinhos. Vi que sua pele arrepiava a cada beijo dado. Sorri de leve e desci minhas mãos até o botão de seu short. Desabotoei ele e fui tirando, só que ele parou na bota. Olhei para ela, que já estava rindo, o que me fez rir também. Ela deu ideia de tirar uma perna de cada vez, já que a sua primeira ideia (que foi tirar a bota por completo) foi vetada por mim. O meu medo dela ficar sem a bota por muito tempo é dela machucar o tornozelo e agravar a lesão. E, neste caso, o que vamos fazer agora, com certeza, pode machucar o tornozelo dela. ~risos~ Consegui, depois de muita luta e risos, tirar o short dela. Voltamos para o clima erótico quando eu dei um chupão em sua coxa direita (a que não tem a bota). Quando a olhei, ela estava com os olhos arregalados, envergonhada, pois havia soltado um gemido gostoso. Isso só fez meu tesão aumentar. Sorri safadamente para ela e continuei depositando beijos em sua coxa. Ela foi gemendo baixinho e aquilo estava tão gostoso quanto o sexo de fato. Bom, fui subindo a trilha de beijos e finalmente cheguei em sua boca, onde a beijei intensamente. Um beijo tão gostoso quanto àquele que dei em sua coxa (o que a fez gemer novamente). E o clima naquele quarto só fez esquentar…

[…]


Já era de dia. e eu estávamos abraçados, ela ainda dormia e eu fiquei quase imóvel para não acordá-la. A noite anterior, sem dúvidas, foi a melhor de nossas vidas, até então. Fiquei pensando nas quatro vezes em que ela chegou aos “finalmentes”, se é que me entendem né?! Ou nas três em que eu cheguei lá. Pensando na expressão de prazer e amor que ela sentia ao me fitar enquanto fazíamos amor. Com imagens assim, eu adormeci novamente.
Algumas horas se passaram desde que dormi pensando no rostinho dela ontem. Acordei novamente e não estava ao meu lado na cama. Olhei para o banheiro e vi que a luz estava acessa. Ouvi a voz da cantando baixinho, certamente para não me acordar. Sorri de leve e levantei. Caminhei em direção ao banheiro e me escorei na porta. Observei ela cantando e dançando uma música qualquer, enquanto penteava os cabelos. Finalmente ela me viu pelo reflexo do espelho e parou de dançar e cantar imediatamente. Soltei uma risada.

- Não precisa parar de cantar ou dançar. Eu gosto de vê-la cantando e dançando. É tão fofa. - Sorri e ela fitou o chão envergonhada.
- Ah, , eu tenho vergonha. - Jura? Nem notei. - Eu… - ela se ajeitou, apoiando-se na pia, e esticou a perna com a bota apoiando-a no chão. - , eu… - falou gaguejando. Foi então que eu a interrompi.
- Diga, sweetheart… - sorri para ela, o que a fez ficar mais vermelha ainda.
- Eu… sobre ontem, foi… foi muito bom. Eu adorei. - Me fitou, ainda envergonhada.
- Eu também adorei, meu amor. Foi uma noite única e ainda bem que foi com você. - Eu disse e me aproximei dela. Abracei-a pela cintura e beijei seu pescoço.

Vários dias se passaram, desde então…

e eu conhecemos a nova namorada do . O nome dela é Lachelle e é muito legal, por sinal. Os dois parecem se dar muito bem e combinam um com o outro, assim como e eu. Confesso estar mais apaixonado a cada dia. Estamos muito felizes juntos.




POV

Tem algo me incomodando faz um tempo. Algo que tenho certeza que nem o nem o gostariam, caso soubessem. Eu comecei a trabalhar numa agência de modelos, como fotógrafa. A banda dos meninos está fazendo uma turnê pelos EUA, então dá para eu ficar nesse emprego, por enquanto. Só arranjei ele, pois o curso de fotografia que estou fazendo não aceita o job com a banda como um estágio curricular, então eu não passaria na matéria final. Estou aqui por obrigação mesmo ~rindo de nervoso~. Não que eu não goste daqui, é um emprego legal. Estou ganhando bastante experiência. O problema é que tem um cara, o assistente do fotógrafo, que está me tutoreando, que fica dando em cima de mim todo o tempo. O tempo todo MESMO. É irritante, mesmo eu dizendo que estou namorando e que amo o , ele continua insistindo. O pior, é que cheguei a falar com meu “chefe” e o que ele me disse foi “Não liga, , ele é assim mesmo”. Ele é assim mesmo? My eggs! Argn, eu fico tão irritada e sem controle da minha raiva quando ele está por perto. Vocês não têm ideia… tento ao máximo não ficar a sós com ele. Um dia desses ele tentou me beijar à força, mas eu dei-lhe um empurrão. O mesmo caiu e ficou bem estressadinho ao se levantar. Me ameaçou, dizendo que diria ao chefe que a culpada era eu, que eu estou em cima dele. Posso com isso? Que raiva.
Resolvi contar ao sobre o que está acontecendo. Ele me ligou no Skype, ele e os meninos estão em Nova Iorque fazendo um show. Antes do show ele me ligou, como ele sempre fazia quando estava longe, e conversamos um pouco.

- Oi, amor! - Eu disse assim que atendi sua ligação. Me ajeitei na cadeira.
- Oi, minha lindinha! - Ele disse sorrindo. - Como estão as coisas?
- Mais ou menos. - Eu disse tentando procurar em minha mente palavras para contar de um jeito não tão impactante. - Preciso te contar algo que está me incomodando.
- O que houve, princesa? Parece ser sério. - Ele estava claramente apreensivo, assim como eu.
- Calma, não é nada com nossa relação. Está tudo perfeito entre nós. - Sorri e tentei amenizar a tensão. Ele pareceu estar mais aliviado na imagem. Continuei proferindo: – Bom, lembra que comentei com você que estavam acontecendo algumas coisas no trabalho que me incomodavam? - Ele respondeu que sim e eu continuei: – Pois bem, o que está me incomodando é que… bom, tem um cara, o assistente do fotógrafo principal de lá, bem… ele… ele está dando em cima de mim, amor.
- O que?! - Perguntou claramente irritado. - Ele… ele não encostou em você, certo?
- Não! Não amor, ele tentou me beijar, mas eu não deixei tentar mais nada. - Ele continuou irritado, mas pareceu-me mais aliviado. Não sei, ele ainda mantinha arqueada sua sobrancelha. - Eu só te contei porque eu não aguento mais ele me ameaçando.
- Te ameaçando? Por que ele está fazendo isso? – Questionou mais irritado que antes.
- Ele disse que fará de tudo para que me demitam, caso eu não fique com ele. Nojento! Eu não aguento mais, amor.
- Por que não sai de lá?
- Por causa do curso. Preciso da droga do relatório de estágio para pegar o diploma. Aff
- Falta muito para acabar?
- Um mês. Parece uma eternidade. - Eu disse triste.
- Calma meu amor, falta pouco. - Alguém entrou no quarto, proferiu algo e saiu. – My sweet, eu tenho que ir. O show já vai começar. - Ele disse se levantando da cadeira e erguendo a tela do notebook. - Oh, eu te amo, ok? Jamais se esqueça disso. E, qualquer coisa me liga. Sábado estaremos de volta e conversamos melhor sobre seu trabalho, tá?
- Tudo bem, amor. Bom show! Amo você!

Nos despedimos e ele desligou. Os dias se passaram e o sábado chegou. Tive que vir na agência para concluir umas fotos que faltaram de ontem. Já terminei tudo e estava indo para casa, quando o infeliz apareceu.

- Está linda, como sempre. - Alex, o nojento, proferiu enquanto me abraçava por trás. – Cheirosa, como sempre.
- Sai daqui! - Me livrei do abraço dele e me afastei. Continuei arrumando minha bolsa sem dar atenção para ele.
- Vai me ignorar, ? - Odeio quando ele me chama pelo sobrenome. - Já pensou no que te propus? - Sobre ficar com ele e largar o . Como se eu fosse fazer isso. Nem se eu fosse solteira.
- Não há o que pensar. Jamais deixaria o .
- Não sou ciumento. Podemos nos divertir juntos. - Ele sorriu de um jeito safado, mas um safado sujo e extremamente nojento. Argn, nojo.
- Sai daqui, Alex, me deixa em paz.
- Ahhh, você gostou da ideia, né?
- Nem vou te responder. - Terminei de arrumar a câmera na bolsa, catei minha mochila e saí pelo lado oposto onde ele estava. O filho da puta foi atrás de mim.
- Você sabe que todos já foram, né? Só tem eu e você na agência. Vamos aproveitar e consumar nosso desejo um pelo outro.
- Que desejo? Sai daqui, Alex. Que inferno! - Ele apertou com muita força meu braço. Tentei me livrar dele, mas estava difícil. Ainda usava a bendita bota (só tirarei daqui há um mês, mais ou menos, que é quando farei a última cirurgia no tornozelo).
- Não, você será minha de qualquer jeito. Querendo ou não. - Ele me agarrou pela cintura e tentou me beijar. Fiquei virando o rosto freneticamente, na tentativa de me livrar dos beijos dele. Em vão, pois ele conseguiu me beijar. Eu tranquei meus lábios e não deixei que nada passasse por eles. Eu estava morrendo de nojo e com vontade de gritar, mas se eu desse brecha ele me beijaria. Foi então que ouvi uma voz conhecida.
- Solta ela! – ! Ahhh, meu . - Desgraçado!
- Solta minha irmã. - ? Ele veio me ajudar também. Meu irmãozão! puxou Alex e deu-lhe um puta soco na cara. Confesso que dei risada por dentro vendo aquela cena.
- ! Cuidado! - Eles ficaram se socando por alguns segundos, até que o chefe apareceu para apartar a briga. e eu seguramos , que estava imensamente irritado. De um jeito que eu nunca havia visto antes.

Meu chefe apareceu e levou o Alex para outra sala. Antes, eu pedi demissão mesmo precisando do estágio para concluir meu curso. Então, agora ele é meu ex chefe. E finalmente me livrei do Alex. Não estava mais aguentando ele. Verifiquei se o estava bem, abracei ele com força por finalmente estar nos braços de alguém que não quer me molestar. Ele retribuiu o abraço.

- Você está bem, amor? - Ele questionou ainda me abraçando.
- Agora estou. Estou sim. - Eu disse com a voz abafada pelo abraço do .
- Vamos para casa, maninha. A gente precisa conversar.
Sempre que o me dizia esta frase “A gente precisa conversar”, meu coração dava pulos dentro do meu peito. Pulos de quem quer se matar, pois sempre era algo ruim. Sempre. Confesso estar com medo do que ele irá me falar, mas encarei meu medo e segui com ele. foi para casa dele. Ao chegar em casa, foi logo se jogando no sofá e jogando as mãos à cabeça. Fiquei mais preocupada ainda. Sentei-me ao seu lado e o mesmo começou a proferir a triste história que nos separaria. Calma! Vou contar tudo.
Segundo , o empresário deles (agora ex empresário) estava roubando dinheiro dos shows e desviando para conta pessoal dele. O que resultou em alguns processos judiciais. A justiça canadense e americana (lê-se, EUA) alegaram que havia alguns imóveis suspeitos, com atividades suspeitas os envolvendo, no nome do e do , além de alguns com o nome do ex empresário deles. Calma, o empresário deles não era o Math. Ele é o produtor dos meninos e não tem nada a ver com o rolo todo (até onde sabemos, né?). Para resumir bem a história… esse apartamento onde vivo com o está no nome do ex empresário deles, que está foragido por sinal, e as justiças tanto americana quanto canadense bloquearam os bens que estão no nome do ex empresário (desculpem por chamá-lo assim, é porque eu realmente não sei o nome dele e o está tão puto me contando a história toda que nem se deu o trabalho de mencionar). E, com isso, o apartamento terá que ser desocupado em uma semana. Sim, terei que sair do apartamento e o também. Por sorte, ou não, o vai para o apartamento do . E eu? Bem, o apartamento do não é tão grande e não cabe dois homens e eu. Então, eu estou sem rumo definido. Olha que legal!!! Oh Gosh, o que eu farei? Eu não posso voltar para o Canadá, pois meu trabalho com a banda ficaria bem complicado, viajar quase todo dia para poder fotografar eles pelo mundo. Ou seria isso ou seria ficar em quartos de hotel, cada dia em um diferente, rodando sem rumo pelo mundo. Sério gente, o que eu faço?
Morar com o . É, foi a ideia que o me deu. E o danadinho já havia contado para o que aceitou de eu ir morar com ele. Mas, morar com ele não confundiria nosso relacionamento? Sim, pois nós morando juntos daria a impressão de que somos casados. Não sei, acho que não seria bom para nós. Realmente não consigo raciocinar agora. Não dei nenhuma resposta para o . Apenas fui para o meu ainda quarto, me joguei na cama e desabei a chorar. Minutos depois, saí de casa e fui andar para espairecer. Acho que não estava em casa quando saí. Fui andando pela cidade sem rumo definido. De repente, eu me esbarrei na última pessoa que eu queria encontrar naquele momento.
Alex.




POV .

A situação do e da não é nada boa. Perder o apartamento assim, ter que se mudar às pressas deve ser muito ruim. Estou disposto a abrigar a em minha casa, afinal ela é minha namorada. Eu a amo e nunca a deixaria desabrigada. Já que ela não atendia minhas ligações, resolvi ir até o apartamento dela para ver se precisava de algo. Nem deu tempo de chegar lá. No meio do caminho, encontrei e o Alex conversando no parque que tem próximo ao apartamento dela. Meu corpo gelou, eu não quis acreditar que depois de todas as coisas que ela me falava dele, no final, eles estariam juntos conversando. Ok, pode até ser somente uma conversa inocente, , não seja ciumento.
Fiquei alguns minutos observando de longe a conversa, de repente, eu quis ter atendido ao meu pedido de quinze minutos atrás e ter ido para casa, só para não presenciar esta cena. Não, , você não. Como pôde? Eles se beijaram. E ela não recuou dele, ela parece ter aceitado o beijo. Eu não acreditei no que estava vendo. Não aguentei mais ficar ali sem fazer nada. O que eu fiz? Bom, eu fui para casa. Era para eu ter ido lá e gritado, extravasado tudo que estava sentindo no momento, batido na fuça daquele filho da puta, mas não…eu simplesmente não tive forças para continuar ali. Naquele mesmo dia, ligou para mim, mas eu não atendi. E assim seguiu por três dias.
Três dias sem comunicação com ninguém, absolutamente ninguém. Passado esse tempo eu mandei uma mensagem para marcando um encontro. Cheguei primeiro que ela, como sempre, e logo após ela chegou. Estava linda, como sempre, mas a mágoa por conta daquele maldito beijo alheio ainda assolava meu coração. E ele estava doendo. Muito. Conversamos por alguns poucos minutos, ela tentou se explicar. Eu ouvi calmamente. Logo após, eu explodi. Acho que toda a mágoa que feria meu peito exalou naquele momento em forma de voz alta e um quase choro que me perseguiu até em casa, onde ele deixou de ser quase. Eu queria muito, juro que queria não terminar com a , não nesse momento da vida dela, não quando nosso namoro estava indo tão bem. Não queria. Mas a maldita raiva daquele momento não me deixou recuar em minha decisão. Meu coração confuso não tinha direito a voto, então ele está aqui dentro do meu peito sofrendo calado.
O fato de ter terminado o namoro com a não muda o fato de eu ainda a amar. Como também não muda o meu convite para ela morar comigo. soube de toda a história, antes de conversar com ela, eu falei tudo para ele. Disse como me sentia em relação àquela situação e ele me disse para fazer o que meu coração mandasse. Só que meu coração é passional demais e minha razão pensa muito (normal, né?). ~risos~ disse que está tentando convencer a irmã a vir morar comigo. No momento, até a conta bancária do está bloqueada, então ele não está recebendo diretamente o dinheiro que ganhamos com a banda. Maior barra. Todos estamos nos ajudando. ) também foi prejudicado, mas ele ainda tem onde morar já que seu apartamento é de família, então não foi atingido pelo bloqueio judicial. Enfim…
A campainha tocou e eu fui atender do jeito que estava vestido: só de cueca. E foda-se. Abri a porta e me deparei com uma acanhada, emburrada e um pouco (muito) orgulhosa. Ela estava acompanhada pelo .

- Nossa, , vai se vestir! - Exclamou , ao me ver somente de boxer preta. O que deixava minhas coxas bem sexy, segundo a . Bem. Deixei eles entrarem e fui colocar uma bermuda qualquer.
- E aí, melhor agora? - Eu disse ao entrar na sala e encontrar e sentados no sofá. Somente me olhou de cima abaixo e concluiu.
- Melhor. - Disse e completou: - Vim trazer a teimosa aqui para se instalar na sua casa. - Apontou com a cabeça para a que o olhou de canto olho e logo após revirou os mesmos em reprovação. deu de ombros e continuou falando: – Obrigado por deixar ela ficar aqui cara, depois de… bem, obrigado!
- De nada, cara, eu gosto muito de vocês. É um prazer ajudar. Amigos servem para isso, afinal. - Eu sorri e após eu acabar minha frase, levantou a cabeça e disse rapidamente.
- Em que quarto ficarei? - A rapidez de sua fala fez com que eu e a olhássemos abismados. Eu soltei um risinho e disse.
- Primeira porta do corredor. O banheiro é a segunda porta. - Eu disse apontando para o corredor logo atrás deles. E completei: – O meu quarto é no fim do corredor. - Mas ela já havia levantado, catado suas malas e ido diretamente para o quarto que indiquei ser o dela. Antes de sair, ela disse para o ir vê-la antes de ir embora.
- Me desculpa por ela, cara. - falou decepcionado com a atitude infantil da irmã. - Ela está bem difícil esses dias. Tenta relevar, ok? - Concordei com a cabeça. - Qualquer coisa pode me ligar.
- Relaxe cara. Eu sei bem como lidar com ela.

Rimos e alguns minutos depois ele se despediu da e foi embora. Terminei de beber minha taça de vinho e fui para cozinha preparar algo para comermos. O jantar ficou pronto e fui chamar a teimosa para comer. Bati, bati e ela não respondeu. Bati novamente e pude ouvir um grito de “já vai”. Segundos depois, ela abriu a porta, estava com o rosto inchado, olhos vermelhos. Acho que estava chorando.

- Oi. - Disse secamente. Ah, esqueci de mencionar: ela estava de pijama. Um bem curtinho. Enfim.
- O jantar está pronto. – Falei, tentando transmitir que eu não estava animado com aquela cena dela de pijama curtinho na minha frente.
- Ok. Mais tarde eu como, não estou com fome. - Falou e já ia fechando a porta.
- Não vai comer agora? disse que você não come direito faz dias.
- Meu irmão fala demais. - Mais uma vez ela ia fechando a porta, botei o pé na frente.
- Hey, para de ser teimosa, . Você precisa comer. Vem logo. - Peguei o braço dela e puxei com certa força.
- Você não é meu pai, . - Puxou o braço de volta para si e bateu a porta com força. Detalhe: eu já havia tirado o pé da frente. Senão, eu não teria mais pé neste momento.

Voltei para sala e coloquei qualquer coisa na TV. Sentei-me no sofá e tentei relaxar. Acabei dormindo. Normal. Acordei, fui na cozinha e o jantar da havia sumido. Aposto que ela esperou eu dormir para vir na cozinha pegar a comida. Ah, mas como é teimosa essa mulher.
Minha convivência com a está sendo nem tão boa e nem tão ruim. Vou explicar. Primeiro, que ela quase não sai do quarto dela, passa a maior parte do dia lá. Esses dias não estamos fazendo shows, apenas algumas aparições na TV e rádio. O Math conseguiu esse tempo de “férias” para gente se organizar. Segundo, que, quando ela sai do quarto, ela não fala comigo direito. Apenas saudações de bom dia e obrigado. Só. Isso é tão irritante, parece que ela faz de propósito só para me irritar.
Meses se passaram. Três, precisamente.
O Math conseguiu um show para gente lá em Laguna Beach, Condado de Orange, Califórnia. Ah, como eu sempre quis vir aqui, eu estou bem feliz com esse show. é nossa fotógrafa oficial, o curso dela acabou e ela se formou. deu uma câmera profissional para ela de presente pela formatura no curso. Ela é só cuidados com essa câmera. Uma gracinha essa mulher. Ela arrumou as coisas no meu carro e fomos para Laguna Beach. Dá quase 400 milhas até lá. Eu fui dirigindo enquanto tirava fotos do caminho, inclusive algumas minhas que eu vi, apesar dela ter “disfarçado” pessimamente. Seis horas de viagem depois, finalmente chegamos. Combinamos de nos encontrar com os caras na casa onde vamos ficar. Uma mansão, na verdade. De frente para o mar, na verdade. Extremamente linda, na verdade. Não tão linda como a , na verdade. Vocês devem se perguntar o porquê que eu não deixo de idiotice (para não falar algo mais sincero [n/a: viadagem mesmo, como dizemos aqui na Bahia hauahsduhduhasd]) e peço perdão para por ser um idiota e perdoar ela por tudo. Acertei? Me pergunto isso todos os dias desde que terminamos.
Encontramos os caras, nos instalamos na casa e fomos para praia (que é no quintal da casa) curtir um pouco. No dia seguinte, já tivemos ensaio. No total temos 3 shows aqui, três dias seguidos, mas vamos ficar dez dias aqui para aproveitar o lugar. Afinal, a gente merece, né? Depois de tanto problema que estamos enfrentando ultimamente. Já estávamos na praia, com a parte de cima do biquíni à mostra e um short tactel rosa, ela tirava fotos do lugar e nossas também. não gostava de mostrar a parte de baixo do corpo, mesmo quando estávamos na praia ou piscina. No Canadá, não tivemos muitas oportunidades de curtir uma piscina, mas, aqui nos EUA, sempre que podemos (e sempre que não está um frio congelante lá fora) nós curtimos bastante. Mais ou menos duas horas após chegarmos, ainda era cedo, aproximou-se um cara de nós. De início achei que fosse um fã, mas logo tratou de apresentar ele para nós.

- Pessoal, esse é Brian, meu namorado. - Namorado????? NAMORADO? COMO ASSIM NAMORADO, BOUVIER?! É hoje que eu não durmo pensando nisso… O tal Brian ~tom de deboche~ acenou para nós. Imbecil.
- Namorado? - largou a mesma pergunta que fiz instantaneamente ao ouvir falando. Todos olhavam para ela com cara de interrogação.
- Sim. Brian veio passar esses dias conosco. Espero que não se incomodem. - Ela deu uma pausa aguardando nossa aprovação. É CLARO QUE EU NÃO VOU DEIXAR ESTA AMOEBA QUE VOCÊ CHAMA DE NAMORADO FICAR COM A GENTE DEBAIXO DO MESMO TETO (gritei para mim mesmo, dentro do meu cérebro)!
- Por que não avisou antes, ? - Disse Math. Isso aí Math, veta a estada dele na casa!
- Se ele não puder ficar, eu dou um jeito gente. Não se preocupem…
- Que isso, , ele pode ficar. Só perguntamos, porque estamos surpresos. - disse aquilo que todos, menos eu, sentíamos no momento. Menos eu, porque eu não queria e nem quero que ele fique.

Dentro da minha cabeça eu venci aquela batalha, mas, na realidade, eu não consegui proferir nenhuma palavra, o que ocasionou na minha derrota instantânea. Depois disso, ficou um clima estranho no ar e esse clima se estendeu noite adentro. Passaram-se os três shows e finalmente ficamos só curtindo o lugar. Os shows foram maravilhosos! Todos lotados e renderam belas fotos tiradas pela . Ela realmente é muito boa fotógrafa. Sinto tanta falta dela… Mas, a amoeba que ela trouxe para cá não desgruda dela nem um segundo. Estou ficando farto disso.




POV

Os shows dos meninos acabaram e finalmente podemos curtir esse lugar maravilhoso. Tirei muitas fotos boas. Agora estou me arrumando para um passeio de lancha pela costa do lugar onde estamos. Vou levar uma câmera mais leve para poder tirar umas fotos legais. Brian veio ao meu quarto para me apressar.

- Anda, mulher! Meu Deus, precisa colocar quilos de maquiagem? não vai ligar, ele está fazendo joguinho contigo, sua boba.

Brian disse entrando no meu quarto, o que me fez revirar os olhos. Calma, Brian não é meu namorado. É só meu amigo. Ele está fazendo um favor em fingir ser meu namorado só para castigar o . Na verdade, eu quero que o Seb siga em frente, já que ele deixou claro que não seria capaz de perdoar aquele beijo que dei no Alex. Sim, eu beijei o Alex porque eu quis, foi uma fraqueza da qual eu me arrependo amargamente todo santo dia.

- Aff, Brian, me deixa em paz e me ajuda a arrumar minha bolsa. – Falei, apontando para bolsa vazia em cima da cama ao lado de várias coisas que deveriam estar dentro dela.

Acabamos a arrumação e descemos para a praia. Todos já esperavam por nós, pelo visto, fomos os últimos. está lindo. Usa um short tactel preto com estampa de coqueiro branco, sandálias, uma regata azul-marinho, óculos escuros e um boné que ele só usou por poucos minutos, pois logo o tirou. Como eu queria abraçá-lo. Por que eu tenho que ser tão orgulhosa? E ele é mais orgulhoso que eu. Fomos andando até o cais, onde a lancha estava atracada. Era uma lancha grande e bem bonita. A frente dela tinha um lugar para se esticar e tomar um bronze. No mesmo andar, no meio, o lugar do piloto e a escada que dava acesso ao andar debaixo. Tinha um pequeno bar com muitas bebidas, um sofá acolchoado na cor bege, fino e um espaço atrás onde podíamos sentar e conversar. Enfim, estávamos longe da costa. e os outros estavam na parte de cima da lancha. Ah sim, esqueci de mencionar que o Math teve a brilhante ideia de levar umas garotas para os meninos “aproveitarem” melhor o passeio. Ah Math, tu quer morrer. Pior, ele quer que eu o mate. Meu irmão apenas conversou com a “parceira”, pois ele é apaixonado pela Lachelle, eles estão firmes juntos. Pena que ela não pôde vir, pelo menos tenho o Brian para conversar. De longe, eu fiquei observando Seb e uma das garotas conversando. Ele parecia meio disperso, como sempre. Percebi que toda hora ele me fitava de canto de olhar. sendo infantil. Olha só quem fala, né? Brian saiu para ir ao banheiro. Eu fiquei lá, na parte de trás da lancha (em cima, próximo ao piloto), tentando respirar. Eu estava passando mal de calor. Brian disse que traria gelo e água para mim, para me refrescar. Eu passo muito mal no calor. Minha pressão oscila fácil, basta esquentar além do suportável. Eu estava tonta, sinto que desmaiarei a qualquer momento. Mesmo assim, eu desci até a parte debaixo da lancha. Quase caí na escada, me apoiei com dificuldades na barra lateral da lancha e respirei fundo. Minha visão ficou turva e desde aí eu não vi mais nada.
Desmaiei.
, que me observava o tempo todo, viu no momento que eu desmaiei e foi rapidamente me salvar. Eu havia caído na água. Me desequilibrei e caí na água, mas que maldição! Detalhe: eu não sei nadar. E mesmo se soubesse, neste caso, de nada serviria já que eu estava desacordada. pulou na água e mergulhou de olhos abertos. Ele me avistou afundando, me pegou pelo braço e foi me puxando para fora da água. Agarrou minha cintura e subiu comigo. Já na superfície, ele pôs a mão na minha nuca e falou algumas palavras que não ouvi. Creio que fosse ele gritando meu nome. Todos já estavam na sacada da lancha. e foram para parte traseira para me puxar para dentro da lancha. Me carregaram para uma parte segura e tentaram me reanimar. Eu não sabia, mas Brian não estava ali. Na verdade, ele estava na parte de cima se agarrando com uma das meninas. Cafajeste. Nem como namorado de mentira este infeliz serve. Odeio ele. Depois me vingo dele espalhando por aí que ele é beija rapazes. Amigo traíra. Mentira, eu não farei isso. Brincadeiras à parte, aos poucos eu fui acordando. Meu coração estava acelerado, minha cabeça doía e aos poucos vi que todos os meninos estavam me rodeando. Todos bem preocupados comigo. era o mais próximo, tão próximo que sua boca estava encostada na minha quando recobrei a consciência. Pelo visto, ele fez respiração boca a boca em mim. Eu sei que as circunstâncias não são boas, mas é bom poder sentir a maciez de seus lábios nos meus novamente. Que saudades! Cuspi um pouco de água e tossi bastante. Ouvi gritos aliviados por me verem acordar. Ainda estou um pouco tonta, mas estou salva. Graças ao que pulou para me salvar.

- Você está bem? - disse tão baixinho que só eu ouvi. Ele estava ofegante e sua feição era de preocupação ainda, se contrapondo com o clima de alívio em volta.
- Sim. Obrigada, . - Eu disse, pausadamente, num volume que só ele ouviu.
- Vão se beijar de novo? - disse e fez com que virasse a cabeça e olhasse para ele. Ele fez isso sem ao menos me soltar de seus braços.
- E se nos beijarmos? Algum problema, ?
- Problema nenhum, ! - Sim, o primeiro nome do é . - Podem se beijar! Apoio o casal voltar. Vocês dois não podem ficar separados. - virou o rosto e me olhou. Deu um sorrisinho safado de canto de boca e disse.
- E aí? - E aí o que, ? Vai lá ficar com sua garota oferecida que estava quase tirando a parte de cima do biquíni e tacando os peitos na sua cara. EU VI, ! (Estou morrendo de ciúmes, socorro)
- Você já tem companhia, . - Eu disse, engolindo em seco. Ele pareceu não ligar e me beijou mesmo assim. Que ousadia (ok, eu adorei que ele fez isso)!
- AGORA SIM! - Gritou em comemoração. - DÁ-LHE, ! - Todos riram com o .
- PARA DE CHAMAR ASSIM FILHO DA PUTA! - Gritou ao terminar de me beijar. Depois, ele aproximou o rosto do meu e disse no meu ouvido. - Eu sei que aquele lá não é nada além de seu amigo, ok, mocinha?

E finalizou a fala me dando uma mordida na orelha. Meu rosto corou na hora! Um arrepio bom percorreu a extensão de meu corpo. Ele sabe perfeitamente que eu não resisto à mordida na orelha. Desgraçado! Odeio o (eu digo que odeio, mas eu o amo. Aff)!
Vocês devem estar pensando que agora, depois desse beijo e tudo mais, eu e estamos juntos novamente, certo? Errado! Acreditam que o filho da puta canadense já estava se agarrando com a “companheira” dele? Ok, ele não a beijou e também não estava de amassos com ela, mas ele foi ficar com ela e não comigo. Ah , por que adora me colocar ciúmes? Tenho certeza de que ele está fazendo isso de propósito. Ele quer que eu vá atrás dele, pois eu não vou! Idiota.




POV

Sim, eu estou provocando a . Eu não resisto. Mas, além disso, eu quero que ela venha falar comigo. Sempre que brigamos, sou eu que vou atrás, pode parecer egoísta (e é), mas é a vez dela! Ok, isso soou muito infantil. A garota que está comigo está falando, falando, falando… confesso que não estou prestando atenção em nada. Voltamos para o cais e desembarcamos da lancha. Math, e preparavam um churrasco para todos, enquanto , eu, as garotas, a amoeba (o Brian) e minha estávamos no quintal arrumando o local. Estávamos mais bebendo do que arrumando as coisas, mas beleza. Desistimos de arrumar e colocamos algumas cangas na areia para nos sentarmos. Ali parecia o local ideal para ficarmos e assistir ao pôr do sol, que se aproximava. Os caras saíram e começaram a trazer as carnes, quando viram que estávamos todos na areia, resolveram descer e fazer o churrasco ali mesmo. Eu estava cada vez mais bêbado e um pouco tonto também. Em partes, pela bebida e, por outro, lado porque eu não aguentava mais aquela garota falando ao meu lado. Nem me dei ao trabalho de perguntar seu nome.
e o tal Brian foram dar uma volta pela areia. Já havia anoitecido. vestiu seu casaco, ventava bastante e estava bem frio até, mas um frio suportável. A garota ao meu lado tentava, de várias maneiras, me convencer a abraçá-la, por conta do frio. Oh querida, desiste. Esses braços só têm lugar para uma mulher. E essa mulher está neste momento dando voltas com outro cara. Apesar de saber que eles não têm nada, eu fico com um pouco de ciúmes. Ok, eu estou morrendo de ciúmes deles dois desde que os vi juntos hoje mais cedo. já me deu um baita sermão, longe de todos (após o beijo), dizendo que era para eu parar de joguinho idiota e ir conversar com a . Ah, quer saber? Eu vou atrás dela e foda-se. Levantei-me num só impulso e segui na mesma direção que a havia ido.

- Aonde você vai? Me espera! - A tal garota disse e veio andando atrás de mim.
- Fica. Não preciso de você atrás de mim. Vai me atrapalhar. - Ok, fui meio babaca. Confesso. Mas, ela é muito grudenta e eu só quero me grudar na . Acho que me entendem, né? Enfim…
- Vai atrás da minha irmã? - disse, virei-me para ele e concordei com a cabeça. - Espero que dê tudo certo de uma vez, cara. - Ele sorriu para mim e os caras concordaram com ele. Todos muito bêbados, por sinal.
- Valeu, galera.

Dizendo isso, continuei o meu caminho atrás da . Andei por alguns metros e encontrei o Brian conversando com uma moça que, com certeza, não era a .

- Cadê ela? - Eu disse ao me aproximar dele.
- Opa! - Ele se assustou um pouco, mas logo me reconheceu. - A ? Bem, eu não sei onde ela está. Escuta cara, eu queria falar que… - antes que ele concluísse, eu já o interrompi dizendo.
- Não precisa falar nada. Eu sei que você e a não estão namorando. - Falei convicto. Ele pareceu aliviado.
- Ela ainda o ama muito, cara. Não desiste dela! - Ele disse e eu sorri ao ouvir que ela ainda me amava.
- Não vou. - sorri de volta e completei: - Valeu, cara. Vou atrás dela! - Falei animado, me despedindo dele.

Continuei minha jornada atrás dela. Andei bastante, me afastando da casa onde estamos hospedados. Onde será que ela se meteu? De repente, eu avistei uma mulher deitada na areia, parecia dormir. Me aproximei e era ela.

- ? ! - Chamei por ela, mas não obtive resposta. - , sweetheart, acorda! - Sacudi ela com força para que acordasse. Aos poucos ela foi acordando e me viu ao seu lado. Sorriu ao ver meu semblante.
- Quantas vezes você vai me salvar, hein? - Ela falou. Só agora notei que ela estava encharcada. Será que estava na água?
- Quantas vezes forem necessárias! - Falei calmamente e, por alguns segundos, ignorei o meu cérebro curioso em saber por que ela estava molhada. - Eu jamais deixaria que algo de ruim acontecesse com você, amor. Eu te amo!
- Me perdoa? - Ela começou a chorar e eu não resisto ao choro dela. Sério, pode acontecer qualquer coisa, menos ver a Li chorar. Meu mundo desaba junto com suas lágrimas.
- Claro que perdoo, amor. Esquece isso… - abracei-a forte e afaguei seus cabelos molhados. Apertei levemente sua cabeça no meu ombro. - Vamos voltar para casa. Você está gelada! - Ela concordou e fomos caminhando devagar.

Ela reclamou que o tornozelo da cirurgia estava doendo. Ah é, esqueci de mencionar que ela já tirou a bota ortopédica. E já fez a outra cirurgia. Deu tudo certo! Mas, acho que isso já ficou implícito, né? Anyway...
Dado momento do caminho, eu tive que carregar a . Ela é pesada, osso pesa ~risos~, mas eu não me importo. Faço com prazer. Minutos depois que saímos de onde estávamos, chegamos até a casa. Todos ainda estavam lá, só que no quintal e não mais na areia. As garotas ainda estavam lá, quando a que estava comigo me viu carregando a , retorceu a boca e deu um soco na mesa. Todos a olharam assustados. Logo, eles ignoraram o piti que ela deu e voltaram a atenção para mim e para a .

- O que houve, cara? - perguntou ao me ver carregando a . Subi as escadas e a coloquei em uma das cadeiras.
- Eu a encontrei na areia toda molhada e a trouxe de volta. - Explique a situação.
- Sozinha? Cadê seu namorado, maninha? - disse num tom de deboche. Confesso que gostei. É , cadê seu namorado?
- Brian não é meu namorado. É só meu amigo. - Ela disse olhando para o chão, envergonhada com a pergunta e com os olhares que estavam todos voltados para ela.
- Ahhh, sabia que havia algo errado nessa história. - disse animado e convicto de que só falou aquilo para me fazer ciúmes. - Só você, né, ADELINE?! - Li odeia que a chamem pelo segundo nome
. - Cala a boca, !
- Eu não ligo, pode me chamar assim. Nada abalará minha alegria agora ao ver sua cara de tabaréu. - Eu sou um namorado muito mal por rir disso? Ah, eu sei, é maldade com a , mas foi ela quem provocou isso. Me colocar ciúmes… onde já se viu?! (Até parece que eu não fiz o mesmo há algumas horas).
- Vamos lá para cima, ? Você tem que se secar. - Eu falei e estendi a mão para ela.
- Idiota! Eu vi você rindo junto com o ! Argn! - Ela deu um tapa na minha mão e saiu batendo os pés. Chamou o pelo nome…

Ih, está brava ela.

- Eu mereço! - Exclamei e fui atrás dela. Cheguei ao quarto dela e a vi jogada na cama. - Hey! Sai da cama, vai molhar ela toda. - Puxei ela pelo ombro e a virei para cima. Ela olhava para o lado com um bico gigantesco na boca. - Vai furar a parede com essa furadeira aí na boca. Cuidado! Hahahaha – eu ri alto da minha própria piada. Ela apenas me olhou de canto de olho. Eu lhe dei um beijo na bochecha. - Vamos para o banho agora! Você está ficando quente.
- Claro, com esse peso todo em cima de mim… obviamente ficaria quente. - Ela disse, em tom de deboche.
- Quando a gente fez amor, e eu estava em cima, você não reclamou. - Ela me olhou com a boca meio aberta. Eu sorri de um jeito safado e gargalhei em seguida.
- Idiota! - Ela soltou uma risadinha. A conhecendo bem, ela gostou, porém não quer admitir.

Ela foi tomar banho e eu esperei na cama. Arrumei a zona que ela havia deixado. Que bagunceira essa minha namorada. Ajeitei a cama e deitei na mesma. demorou um pouco no banho, tipo, bastante. Fui até o banheiro e a encontrei chorando dentro da banheira. A água quente corria pelo seu corpo. Por alguns segundos, eu cheguei a ficar excitado, mas logo espantei os pensamentos sacanas da mente para ver como ela estava. Me aproximei da banheira e segurei sua mão. Ela estava agachada com ambas as mãos entrelaçadas na cabeça. Pude ouvir seu choro baixinho. Perguntei o porquê de seu choro. Ela levantou a cabeça, os cabelos molhados caindo em seu rosto. Ajeitei os fios teimosos que escondiam o lindo rosto dela. Ela, ainda soluçando, me contou o motivo de seu choro.

- Eu… Eu não mereço você, Seb. Olha o que eu fiz? Beijei outro cara, briguei com você, quase me afoguei, quase me perdi e me afoguei novamente… Eu sou uma idiota, infantil, mimada. Eu não mereço estar ao seu lado, não mereço seu amor, não mereço piedade sua. Você é bem mais adulto que eu, por ser mais velho e ter mais experiência… Ahhh, eu não estou aguentando mais isso, Seb. Eu não aguento mais! - Após descarregar toda a sua mágoa em palavras (muito duras, por sinal), desabou a chorar mais intensamente. Eu entrei na banheira, desliguei o chuveiro e abracei ela forte contra o meu corpo. - Eu não mereço você… - ela insistiu em continuar falando essas besteiras. Eu queria falar, queria descarregar tudo que penso agora, mas achei melhor somente abraçá-la. Pelo menos até ela se acalmar um pouco. Alguns minutos se passaram.
- Você está melhor? – Questionei, segurando suas mãos frias e ainda molhadas. Aliás, nós ainda não saímos da banheira.
- Sim, eu estou mais calma. - Ela disse com a voz embargada. - , me desculpa se… - antes que ela falasse, eu a interrompi.
- Não! Agora é você quem vai me ouvir. - Erguei o indicador e o repousei em seus lábios para que se calasse. Ela fez um biquinho fofo e ficou quieta. Levantei, peguei uma toalha e comecei a secá-la. Peguei uma roupa limpa para ela e a vesti. Sim, até a calcinha e o sutiã eu coloquei. Já posso ser pai, né? ~risos~ Ok, parei… aproveitei para me secar também, depois eu troco de roupa. A conduzi até a cama, ela sentou-se e então eu comecei a falar. - Bom , em primeiro lugar: eu te amo e isso nunca mudará. – Proferi, olhando diretamente no fundo de seus olhos castanhos que mais pareciam duas jabuticabas de tão escuros. – Segundo: eu preciso que saiba que eu nunca me importei com sua idade, se foi isso que quis dizer com aquele discurso todo na banheira. Você é uma mulher maravilhosa para mim, me faz feliz, me ama e aguenta minhas palhaçadas. - Finalmente ela sorriu para mim. - Enfim, tudo que EU preciso só encontrei em você. E tudo que EU quero é ficar com você, namorar você, me casar com você, construir uma família junto com você. E se quer saber o que eu acho… Bom, eu acho que você não é infantil. Você é minha garota, minha mulher, minha pequena tampinha e, acima de tudo, a pessoa que mais me faz feliz nessa vida. Então, sim , você me merece sim e eu mereço ter você. Para sempre.

Wow! Posso escrever um livro de romance, né? Fala a verdade!? Hahahaha … Ela não disse nada, absolutamente nada. Porém, enquanto eu falava, seus olhos começaram a encher-se de lágrimas e, quando eu terminei de falar, elas começaram a rolar por seu rosto. Ela estava chorando, mas de alegria, pois havia um lindo sorriso que acompanhava o choro. Abracei-a forte e disse que a amava e que jamais a deixaria novamente. Ela concordou e retribuiu meu amor. Aconchegou-se em meu abraço. Aos poucos, fui me deitando e conduzindo ela para a mesma condição que eu. Deitados, abraçados, respiração lenta, olhos fechados, rostos colados. Adormecemos.
A luz forte que invadia a janela e incomodava meus olhos denunciava que já era dia. E o Sol estava majestosamente maravilhoso nessa manhã. Me mexi devagarzinho para poder ver direito o rosto da minha pequena. Ela estava encolhida, na mesma posição que adormeceu, tão serena, parecia sonhar.

- Bom dia, minha flor! - Eu falei baixinho, enquanto ela se espreguiçava, ainda de olhos fechados. - Vai dormir de novo? - Questionei dando um beijinho em seu nariz. Ela abriu os olhos e, antes que se incomodasse com a claridade, eu coloquei a mão em seu rosto, protegendo-o da luz do Sol. Ela sorriu de leve.
- Bom dia, amor! - Que sorriso lindo que ela tem. Sorri de leve e fiquei olhando para seu rostinho corado e sorridente. Comecei a acariciar as maçãs de seu rosto, com delicadeza. Ela me olhou intrigada. - O que foi, ? - Perguntou desconfiada.
- Só estou apaixonado pela mulher mais linda desse mundo. Você, claro. Caso tenha ficado alguma dúvida. - Falei brincalhão e romântico ao mesmo tempo. Ela riu e falou num suspiro.
- Você é maravilhoso, ! - Ela falou corando mais ainda e completou: – Eu te amo tanto! - Soltou uma risada aliviada, como se tivesse acabado de receber uma excelente notícia após um mar de aflito.

e eu tomamos banho juntos. Ela ficou me provocando o banho todo, não resisti. Acabamos que fizemos amor ali mesmo, na banheira, enquanto a água percorria nossos corpos nus. Uma mistura de suor e água do chuveiro. Foi gostoso. Intenso. Romântico. Tudo isso e muito mais. Passado o momento sexo, nos arrumamos e descemos para tomar café da manhã, era por volta das 10h. Brian ainda estava na casa, creio que os caras não se importaram que ele ficasse conosco até o fim da viagem. Eu não me importo mais, por mim tanto faz. Ao passarmos pela sala de estar, a caminho da cozinha, grita animado ao nos ver de mãos dadas.

- FINALMENTE PORRA! - Todos o olharam assustados, pois estavam distraídos. Após olharem para um animado (ele até levantou do sofá para celebrar), todos os olhares da casa caíram sobre e eu. Nos olhamos e rimos.
- O casal do ano FINALMENTE está junto! Temos que comemorar, sério. Porra, cara. Que maravilha! - Atropelando as palavras: esse era o .
- Calma, gente, nós voltamos sim. Não é para tanto, vai. - Eu falei, tentando acalmar o fogo no rabo que e estavam sentindo. Todos riram. Ele aproximou-se de nós e me abraçou. Depois abraçou a .
- Estou muito feliz por vocês. - Ele disse e completou virando-se diretamente para a : – Você sabe que eu amo você, né, ? - Ela confirmou que sim com a cabeça – Se precisar da minha ajuda para dar uma surra no , caso ele apronte contigo, pode me chamar. - Falou baixinho, como se eu não conseguisse ouvir! Palhaço.
- Hey! - Dei-lhe um tapa na nuca. - Eu estou ouvindo, ok. - Rimos das palhaçadas dele e fomos tomar café da manhã.

Ficamos num clima de paz e muito amor durante o restante da viagem. Voltamos para Los Angeles, nossa cidade, e fomos diretamente para meu apartamento. Agora eu divido ele com a mulher da minha vida, né? Não poderia estar mais feliz.




Dois anos depois…

POV

Dois anos se passaram. Caralho! Como o tempo voa. Acabei de completar dois anos de namoro com o . Na verdade, são dois anos e uns dez meses (contando com o tempo que namoramos escondido de todos, rs). Estamos cada dia mais apaixonados um pelo outro e vivemos muito bem aqui no apartamento dele (que agora é nosso). conseguiu, nesse tempo, recuperar sua conta bancária e comprou um apartamento para ele. Agora ele mora com a Lachelle aqui mesmo em LA. Eles também têm o mesmo tempo de relacionamento que e eu. Eu continuo sendo fotógrafa dos meninos, apesar de ter recebido uma promoção: agora sou chefe de produção, ao lado do Math. Enquanto ele cuida da agenda da banda, burocracias de fora do palco, eu cuido de toda a parte audiovisual do show deles. Mas, eu não resisto e ainda fotografo, principalmente nos bastidores. Ultimamente, eles têm feitos muitos e muitos shows, mais do que já faziam. Quase não paramos em casa, Hahahaha. Ultimamente, também, venho me sentindo mais cansada. Eu sei que pode ser por causa da rotina puxada da produção, mas eu estou desconfiada de outra coisa.
Estou sozinha em casa. Agora que dormimos no mesmo quarto, o antigo quarto que eu ficava transformamos em um estúdio de edição para mim. Aqui também tem uma mesa com o notebook do . Ele me deixou aqui e foi gravar um programa de TV com os meninos. Daqui a pouco deve estar chegando. Fim de semana temos uma turnê pela América do Norte, voltaremos ao Canadá depois de algum tempo. Na verdade, no Natal do ano passado nós passamos lá em Montreal com meus pais, os pais do , enfim… a casa dos pais do dele estava bastante cheia.
Levantei por alguns minutos, eu estava me sentindo sufocada, como se estivesse debaixo de um baita Sol, porém eu estava dentro de casa, no ar-condicionado e era inverno. Fazia 11°C lá fora e o ar dentro do estúdio estava em 20°C. Por que eu estava me sentindo daquele jeito? Sufocada… levantei e fui pegar um copo d’água. Tentei puxar o ar pelos pulmões e ele entrava com dificuldade. Bebi a água e só então percebi, ao segurar o copo, que eu estava trêmula. Minhas mãos tremiam mais que vara verde. O que está havendo?

[…]


Minha cabeça dói. Minha visão passou de escura para turva. Só então percebi que estava acordando. Abri os olhos devagar e senti uma dor intensa no braço. O que aconteceu comigo? Acho que desmaiei. Abri os olhos por completo, cabeça ainda latejando e meu braço também. Rolei o olhar até ele e vi que eu estava sangrando. Na hora do desmaio, eu caí por cima do copo de vidro, os cacos perfuraram meu braço, cortando-o. Ainda bem que não tenho vertigem de sangue, senão desmaiaria novamente. Levantei devagar, me apoiando no balcão da cozinha e fui até a pia lavar o ferimento. Após lavá-lo e sentir uma imensa dor, fui procurar o kit de primeiros socorros. Em vão, pois meu braço estava com um corte bem profundo. Lavar o ferimento e colocar gases nele não foram o suficiente para conter o sangue. Peguei o pano de prato (que eu não havia usado ainda) que estava na mesa e enrolei com força no braço. Calcei minha pantufa do Donald (sim, o Pato Donald. quem me deu. <3), peguei minha carteira, celular, as chaves de casa e chamei um táxi. Chegando na portaria, o porteiro me olhou assustado e perguntou se eu queria ajuda. Disse que já havia chamado o táxi, que estava a caminho. Não consegui falar com o e nem com o . Os outros também não atendiam. Parece que ainda estão na gravação. Finalmente o táxi chegou e eu pedi para me levar ao hospital mais próximo. No caminho, recebi uma mensagem do Math, perguntando se estava tudo bem. Respondi contando o que houve e disse que estava indo para o Hospital Good Samaritan, que fica perto. Ele disse que os meninos ainda estavam gravando e que estão sem o celular, mas que, assim que der, falará para a produção do programa, para que deem uma pausa na gravação e possam assim avisar para eles o que houve.
Cheguei ao hospital e me senti um pouco tonta, ainda assim eu caminhei até o balcão e solicitei atendimento. Rapidamente um enfermeiro veio e me levou para dentro da sala de atendimento. O meu ferimento estava sangrando ainda mais e minha tontura piorava a cada segundo. Ele me colocou numa maca e pediu para aguardar um instante. Fiquei ali por dois minutos, mais ou menos, e então eu não me lembro de mais nada. Apaguei novamente.




POV

Estamos aqui gravando um programa de TV. Do nada, o apresentador é interrompido pela produção do programa que lhe passam alguma informação. Ele nos diz que fará uma pausa e que nosso produtor precisava falar conosco. Antes disso, há alguns minutos, eu senti um aperto no peito, mas não dei muita importância. Chegamos ao camarim e Math está com uma cara pálida e um pouco nervoso.

- O que houve, cara? Você está mais branco do que o de costume. - disse ao entrarmos no camarim.
- Caras, não se preocupem. Não se desesperem, ok? - Eu odeio, ODEIO, quando o Math vem com essa de não nos preocuparmos. Com certeza eu vou ficar preocupado, porra. - A me ligou, na verdade, ela ligou para todos, várias vezes…
- O que aconteceu com ela? - Eu falei antes mesmo dele concluir a frase.
- Ela me mandou uma mensagem dizendo que está indo para o Hospital Good Samaritan, parece que ela sofreu um corte profundo no braço. Ela deve estar lá, a essa hora. - Ele concluiu e nos encarou completando sua fala: - Antes que deem chilique, eu já falei com a produção do programa e concordaram em terminar a gravação outro dia.
- Bom, porque eu não vou ficar aqui nem mais meio segundo. Vou para o hospital agora. Tchau para vocês. - disse, pegando seu celular que estava na mesinha de centro do camarim.

Fiz o mesmo e o segui. Fomos todos para o hospital. Chegando lá, dirigiu-se até a recepção e perguntou pela irmã.

- Boa tarde, a minha irmã: Adeline deu entrada faz poucas horas aqui. Eu posso vê-la, por favor?! - A moça da recepção confirmou o registro da naquele hospital e disse que em breve poderíamos vê-la. Informou também que ela já estava sendo medicada e que, neste momento, estava fazendo um exame e que não poderia receber visitas, claro. - Obrigado! Vou aguardar.
- E aí, cara? - Perguntei apreensivo. - Ela está bem?
- Parece que sim, a recepcionista disse que ela está fazendo um exame agora, mas que já foi medicada no braço, levou ponto e tudo mais. Em vinte minutos o médico vem falar conosco.

Respirei aliviado por saber que, pelo menos, ela estava bem. O que será que aconteceu para ela se cortar? Do jeito que ela é desastrada, aposto que caiu com o copo na mão. Bobinha. Ficamos esperando até que, finalmente, o médico que atendeu a veio falar conosco. [n/a: do jeito que EU sou desastrada, isso poderia muito bem acontecer comigo. Hahahahahaha]

- Me acompanhem, por favor. - Ele disse e todos nós o seguimos pelos corredores. Pegamos o elevador. - Bom, a senhorita sofreu um corte bem profundo no braço. Segundo ela mesma, ela sentiu-se tonta e desmaiou com um copo na mão, - sabia - quando acordou, estava com um corte no braço. Ela fez bem em ter vindo direto para o hospital, pois poderia facilmente infeccionar, caso não tratasse logo. - Ele foi falando enquanto andávamos. Hospital grande esse aqui…
- Sabe dizer por que ela se sentiu tonta, doutor? - questionou.
- Ainda estou esperando o resultado do exame, por enquanto não posso falar nada, pois não tenho confirmação. Mas, agora ela está bem, já foi medicada e está lúcida.
- Que bom! - Falei aliviado. - Podemos entrar? - Antes dele responder, uma enfermeira aproximou-se de nós, pediu desculpas pela interrupção e entregou um envelope para o médico.
- Obrigado! - O mesmo examinou o envelope e disse: – É o exame que mencionei para vocês… - falou e deu uma pausa. O que nos deixou ainda mais nervosos. - Bom, minha suspeita está confirmada. A paciente sentiu tonturas, pois na condição em que está é até considerado normal, em poucas doses, digamos. - Condição?
- Como assim condição, doutor? - Perguntei com cara de bobo. Sério, eu vi meu reflexo no vidro da porta, meu Deus, que cara de mané. Então, após milésimos de segundos, o mesmo respondeu.
- A senhorita está grávida de cinco ou seis semanas. O tempo certo somente um ultrassom poderá dizer. Parabéns! Vocês serão tios! - Ele falou brincalhão e eu JURO, de verdade, que minha cara de mané ficou pior. Uma mistura de bobeira com desespero e surpresa. Não sei explicar.
- GRÁVIDA!? - deu um grito e logo se conteve, pois estamos num hospital, né? Contenha-se ! Imediatamente ele olhou para mim. Senti-me violado. - ! - Exclamou num tom autoritário e entredentes. - Você… seu… ! - É cara, esse é meu nome: ! :) - O que foi, ? Calma, cara… - eu tentei me explicar, como se houvesse alguma explicação contrária a: nós transamos sem camisinha e ela engravidou. De uns tempos para cá, ficamos um pouco descuidados, confesso.
- Você engravidou minha irmã, seu… minha irmãzinha inocente! - De inocente, na cama, a não tem NADA, meu amigo. Mas, eu não posso e nem vou falar isso para ele, né? - Estou brincando, cara, me dá um abraço! - Ele falou, quebrando a brincadeira, e me deu um abraço forte. - Minha irmã já sabe, doutor? - Questionou.
- Não. Não comentei com ela minha suspeita. Se quiserem, podem dar a notícia. - Ele disse sorrindo e nós concordamos. Entramos no quarto e encontramos uma pálida e descabelada, mas, ainda assim, linda. Agora que está grávida então: ainda mais maravilhosa!
- Pessoal! - Ela falou num tom aliviado ao nos ver. - Que bom que chegaram. Estava preocupada achando que dormiria aqui sozinha sem nenhuma visita. - Ela fez biquinho e todos rimos. Me aproximei da cama, foi pelo outro lado da mesma. - Amor! - Ela disse com a voz manhosa e eu segurei sua mão. - O que houve? Por que estão rindo? Todos vocês… - estreitou os olhos – estão aprontando alguma! Aposto. - Soltei uma risadinha.
- Temos algo para contar para você, maninha. - disse animado.
- Algo que você adorará, te conhecendo bem como conheço. - falou com propriedade. É, em termos de tempo realmente ele a conhece a mais tempo. Porém, em termos práticos e de cotidiano, eu a conheço como ninguém mais conhece. Nem o .
- O que é? - … mas ele está certo, ela realmente adorará quando souber. e eu nos entreolhamos, telepaticamente perguntei para ele quem de nós dois contará a novidade. Ele fez sinal com a cabeça para que eu contasse e sorriu.
- Amor… o médico mandou você fazer um exame que… bom, ele constatou que você está grávida de umas cinco semanas. - Eu disse, meio (completamente) bobo. Os olhos dela encheram-se d’água. Ela apertou de leve minha mão.
- Grávida!? - Ela disse, eufórica e quase chorando.
- Sim maninha, super grávida! Parabéns, meu amorzinho! - disse, também segurando a outra mão da . Ela virou-se para ele e sorriu. Todos deram parabéns para nós. Estávamos radiantes. Óbvio que não estávamos planejando ter um filho(a) agora, porém ele(a) sempre foi desejado(a) por nós e será sempre muito bem-vindo(a)! Realmente, eu não poderia estar mais feliz.

Os caras deram licença para que e eu ficássemos a sós. Pude conversar melhor com ela sobre esses desmaios que ela vem tendo ultimamente. Dei bronca por ela não ter me contado nada e continuado trabalhando muito mesmo não estando bem. Já vi que ela dará um trabalhão para todos nessa gravidez. Mas, eu estarei sempre aqui para cuidar dela e do nosso rebento. É , tu será papai, cara! Quem diria!




POV

Serei titio! Melhor notícia desse ano, sem dúvidas. Melhor do que confirmar que gravaremos um DVD, no fim do ano (agora, estamos em maio). Bem que o Seb me alertou de que teríamos trabalho com a grávida. Pois temos que cuidar dela, para que não apronte nenhuma. Ela é bastante teimosa em relação à saúde. Por exemplo, bem claro, é que só ficamos sabendo que ela estava tendo desmaios (constantemente) depois dela parar no hospital! E só então descobrimos também da gravidez (e que ela também já suspeitava disso). Ela é o tipo de pessoa que guarda sentimentos, porém ela não sabe fazer muito bem. Sempre descubro o que ela sente. Quando está chateada, triste, alegre, com raiva… sempre descubro! e também, já que ambos conviveram mais com ela pequena do que o e o . Ela é assim desde os três ou quatro anos de idade. Sempre as mesmas birras…
Resolvemos fazer uma reunião de comemoração pela gravidez da minha irmã. Só para galera mesmo. Estamos todos aqui em meu apartamento novo, que aliás ficou bem bonito depois que a Chelle (minha noiva. Sim, estou noivo da Lachelle) o decorou, reunidos e felizes. e chegaram faz pouco tempo e estão na sala cumprimentando todos.

- Boa noite, maninho! - disse ao entrar na cozinha, onde eu estava preparando o lanche para todos (na verdade, eu estava desembalando os hambúrgueres que comprei Hahahaha). - Hum, hambúrguer! - Ela disse futucando um dos hambúrgueres.
- Hey, não é para comer agora! - Briguei com ela e a mesma fez biquinho. Eu ri. - Estou brincando maninha, pode pegar um para você. - Ela relaxou os ombros, que se tencionaram após minha bronca, e pegou um hambúrguer para ela. - Pega um também, . - Ofereci.
- Não cara, valeu. Estou cheio! - Ele falou sorrindo – Na verdade, nós dois deveríamos estar cheios, pois comemos yakisoba antes de virmos. - Falou – Ela quem pediu. E ainda comeu metade do meu, sabe?! - Sussurrou só para mim e eu soltei uma risada alta.
- Cala essa boca, ! Estou com fome, licença. - disse, orgulhosa, pegou o hambúrguer e foi para sala, com o nariz empinado. e eu demos risadas e a seguimos para sala.

Passamos a noite toda falando do quanto estávamos felizes e, ao mesmo tempo, preocupados com a gravidez da minha irmãzinha. Pelo que já perceberam ela é bem teimosa, principalmente relacionado a própria saúde. Longe do olhar dela (aproveitamos que ela foi na cozinha assaltar a geladeira – de novo), os caras e eu combinamos de ficar de olho nela. E, sempre que virmos algo que não estivesse certo, avisaríamos aos outros. Alguns dias se passaram… na verdade, passaram-se alguns meses.
Quatro meses e meio.
Até agora, não tivemos problemas com a . Ela anda se comportando bem, sem estripulias. O ritmo de trabalho dela está mais aliviado, contratamos duas pessoas para ajudá-la no gerenciamento da equipe. Ela continua indo aos shows e eventos televisivos, porque não tivemos coragem de deixá-la longe. Além de ser mais fácil para vermos como ela está, ela ama demais o que faz e tirá-la desse meio seria crueldade. Viemos fazer um evento beneficente, aqui em Scottsdale, Arizona. Um deserto isso aqui. Literalmente. Porém, é um lugar com uma vista maravilhosa. Desta vez, Chelle veio conosco. É bom tê-la por perto. Ela e minha irmã se tornaram grandes amigas e isso é ótimo. Pois, nunca se deu bem com nenhuma de minhas namoradas. Mas, com a Chelle foi diferente. Bom para mim. Tenho duas, das três, mulheres mais importantes da minha vida perto de mim agora. Claro que a terceira é a minha maravilhosa mãe. Saudades. está com cinco meses de gravidez e sua barriga está relativamente aparecendo. Às vezes, parece que ela só comeu demais e a barriga inchou; às vezes, parece que ela está grávida, de fato. É engraçado isso! Hahahaha Bom… chegando ao espaço do evento, fomos para os bastidores para preparar os instrumentos. Vamos tocar e todo dinheiro arrecadado com os ingressos do show, que foram baratos comparados aos que normalmente são, será doado para instituições beneficentes da região. levou sua câmera menor e tirou algumas fotos. Chelle ficou o tempo todo ao seu lado e perguntou algumas coisas sobre fotografia. Será que minha linda noiva está pensando em se tornar fotógrafa também?

- Nossa, , que foto bonita! - Disse Chelle ao ver uma das fotos que minha irmã tirou. - Como fez para sair dessa forma?
- O ângulo! Às vezes, para uma foto sair de forma fenomenal, basta você escolher o ângulo certo. Assim como nesta foto. - sorriu para ela e continuou tirando mais fotos. Nesta hora, nós estávamos afinando os instrumentos e nem demos muita atenção para elas, que estavam um pouco afastadas. Subimos ao palco e iniciamos o show. - Finalmente! - Exclamou , que estava bem animada com o show. Durante todo o tempo, ia para onde e Chelle estavam para perguntar como estava. Esse meu cunhado é um babão mesmo. Mas, ninguém tira meu posto de irmão superprotetor! Passadas algumas músicas, começou-se uma pequena confusão (na qual não reparamos). - Sai daqui cara, aff que mala! - reclamou.
- É, sai daqui e deixa a gente em paz! - Chelle reclamou também. Elas estavam falando com um sujeito que resolveu dar em cima das duas. Os caras e eu não reparamos, mas ele continuou insistindo.
- Não seja tímida… vem cá.

O tal cara disse para minha irmã e puxou seu braço. , sem dó nem piedade, arremessou a câmera na cara do sujeito. JURO! Essa cena eu vi, todos viram. Tivemos que parar o show e terminá-lo mais cedo. Fiz sinal para os caras e acabamos tudo antes da hora. O sujeito irritou-se com a atitude de minha irmã.

- Ora sua! - Ele começou a puxar com mais força o braço dela. Chelle tentou tirar ele dali, mas não conseguiu. Começaram a gritar por socorro.
- Alguém tira esse cara daqui! Ajuda! - Chelle gritou. tirou a braçadeira da guitarra, que envolvia seu corpo, e a colocou no chão, pulando do palco. Eu pulei em seguida. Depois vi que os caras também fizeram o mesmo. - , amor! Ajuda aqui! - Chelle gritou ao me ver correndo.

chegou primeiro.

- Larga minha mulher! - Ele disse heroicamente. Pude ouvir alguns suspiros de fãs que estavam do outro lado da grade. ainda é bem galanteado por nossas fãs. Algumas não se conformam que ele está namorando minha irmã, mas enfim. - Larga ela, agora! - Enfatizou novamente para que ele a largasse. Sem resposta imediata, num impulso só, puxou o braço do cara e o socou no meio do rosto. Um belo gancho de direita! Esse é meu cunhado!
- ! - gritou e segurou o braço dele para que ele parasse de bater no cara. Foi só um soco, cara. Deixa de ser medrosa, maninha! – Já chega, vem. - Ela o puxou para trás e os seguranças do evento retiraram o sujeito dali. - Você está bem? - Ela perguntou revistando cada centímetro do . Como se o cara tivesse encostado no meu cunhado… Ah, , como você é superprotetora com o ! Deve ser de família.
- Ele nem me bateu, amor! - Pois é. - E você? Ele te machucou? - Perguntou preocupado.
- Não, estou bem.
- ! - Espantou-se Chelle – seu braço está roxo! - Concluiu e todos em volta olharam para o braço dela: realmente estava roxo.
- E isso aqui é o que, mocinha? - disse com um meio sorriso no rosto. - Como não sentiu isso? Está doendo? - Perguntou girando o braço dela de um lado para o outro e dando leves apertões no roxeado que o envolvia.
- Um pouco… Au! - Gemeu de dor. Agora você está sentindo, né?! - Agora que você apertou doeu, amor. - Ela fez biquinho, toda manhosa. soltou uma risada e deu um beijo no braço dela.
- Bobinha. - Ele disse. - Vem, vamos para o camarim cuidar desse braço.

Já no camarim, passou uma pomada muito boa para machucados. usava toda hora, porque ela é meio desajeitava e praticamente se bate em tudo (igual ao ) [n/a: muito eu na vida]. Após o show, ficamos mais um pouco no evento, ainda era cedo. Porém, saímos de lá antes de terminar. Fomos dar uma volta na região, era um lugar bem bonito. Aproveitamos para tirar algumas fotos novas, estamos precisando. tirou as fotos, a câmera dela não tinha quebrado mesmo depois de ter sido lançada na cara de uma pessoa. Dou risada só de me lembrar da cena. Do lugar onde estávamos dava para ver praticamente toda a cidade. Antes de anoitecer, pegamos a estrada de volta para o centro de Scottsdale. Dormimos em um hotel. Os casais em seus quartos e os demais em quartos individuais. No dia seguinte temos show em San Diego, CA. Acordar cedo para pegar a estrada… Oh vida!




POV

Já estou no quarto junto com o , aqui em Scottsdale. Amanhã viajaremos cedo para San Diego, os meninos têm show lá. Estou tão cansada. Meu corpo todo dói. Minha barriga aparece pouco, às vezes parece que eu não estou grávida. Mas aí vêm todas aquelas coisas que grávidas sentem durante todo o processo, sabe? Aí eu me lembro Hahahaha já adormeceu, é tão lindo dormindo. Estou a cada dia mais apaixonada por ele e pelo nosso filho. Ainda não sabemos o sexo, semana que vem tenho consulta e possivelmente poderemos saber se é menino ou menina. Qual dos dois prefiro? Tanto faz, amarei de qualquer maneira. =)
Meu celular vibrou bem na hora em que eu estava quase adormecendo. Ah, maldito! Quem será? São 3 AM e tem algum infeliz me mandando mensagem? Espero que não seja propaganda, senão ficarei bem puta da vida. Desbloqueei o aparelho, ainda com os olhos meio fechados, e abri a mensagem. Era um número desconhecido, não aparecia a foto e eu não sabia de quem era. A mensagem dizia o seguinte:

“Pobre , parece que a irmãzinha do não conhece tão bem o pai do filho dela, não é mesmo? Sabia que teu namoradinho te traiu? Ohhh, deve estar com cara de cu (como sempre) agora, né zinha? Pois então, olha só essa foto que eu achei do seu namoradinho. Belo ângulo, né? Beijos, burrinha! Ass.: E.”


Acho que devo estar louca ou algo parecido. Junto com essa mensagem veio uma foto do , apenas de cueca, e com uma mulher abraçando ele. Eles estavam deitados numa cama, ela estava apenas de calcinha (sim, a outra estava sem sutiã) e, na foto, parecia que estavam se beijando. Eu mal podia acreditar naquilo. Soltei um mini grito na hora que vi a foto, se mexeu na cama, me virei assustada para ver se ele tinha acordado. Ufa, ainda bem que não. Ele voltou a dormir e eu não dormi mais a partir dali. Maldita mensagem. Fiquei por horas analisando a maldita foto. Eu quero mesmo acreditar que aquilo é alguma montagem, uma brincadeira de muito mal gosto. Eu não estava me sentindo bem. Bloqueei o celular e o arremessei com raiva no carpete, sorte que não quebrou. acordou num pulo.

- ! O que houve? - Ele me disse assustado e segurou meu braço.
- Não houve nada, , está tudo bem. - Falei, tentando manter a calma. - Te acordei? Meu celular caiu, deve ter sido isso que te acordou.
- Nossa! - Deu um suspiro aliviado. - Achei que tivesse caído da cama, que estava passando mal. Que susto, amor! - Ele falou passando a mão pelos cabelos e voltando a se deitar. - Que horas são?
- 8AM - respondi. É, já havia amanhecido. E eu mal dormi...
- Estamos atrasados! Devem estar todos lá embaixo esperando a gente. Vamos? - Ele disse e eu concordei sorrindo. Ainda estava muito nervosa, espero não transparecer isso. Sou péssima em disfarçar meus sentimentos. Ainda mais na frente do .

Nos arrumamos, deixamos tudo pronto e descemos para tomar café da manhã. Adivinhem? Só nós tínhamos acordado. Math estava que nem louco ligando para todos, ninguém atendia. Quando nos viu, ficou aliviado que, pelo menos, nós havíamos acordado. Ficamos no restaurante do hotel enquanto Math subia novamente para tentar acordar os outros. e eu tomamos café da manhã, ele estava bem falante e eu mal conseguia olhar para cara dele. Meu Deus, será que estou realmente acreditando nessa mensagem? Mas, tem uma foto… Ah, eu não sei de mais nada. Tentei disfarçar, mas ele é esperto. Já me fez algumas perguntas, como se estivesse desconfiado de que eu estava incomodada com algo. Ah , se controla. Comecei a sorrir, falsamente, e ele acreditou que eu estava bem. Eu acho.
Já estamos na estrada para San Diego, eu dormi o caminho inteiro. Fomos num ônibus alugado só para nos levar lá. Algumas horas depois, chegamos ao nosso destino. Ah San Diego, algum dia eu venho morar aqui. Gosto muito! Depois de Long Beach, é a cidade que mais quero morar. Viver no centro de Los Angeles é agitado demais para mim. Chegando lá, mais descansada, eu fui direto resolver alguns problemas de última hora. Houve um erro de comunicação e não avisaram para casa de show que os meninos precisariam de caixas acústicas para as guitarras e o baixo do . Tenho que resolver isso. Ah, só problema em minha cabeça.
Problema resolvido. Um a menos. Voltei para o camarim, os meninos estavam se preparando para o show. Dei um selinho no e me sentei no sofá, exausta. Pena que não posso dormir, tenho que supervisionar a equipe de som, luz, câmeras (principalmente) … Math não está se sentindo bem, foi parar no hospital. Então, sobrou tudo para mim. Eh, felicidade ~ironia~! Se eu pudesse estaria em casa dormindo. Ainda estou pensando naquela foto, naquela mensagem… minha mente ainda processa toda a história. Resolvi contar para o sobre a mensagem. Me aproximei dele, que estava conversando com a Chelle, enquanto comia um sanduíche (como sempre, parece até que ele vive comendo), e o chamei para conversar.

- Maninho! - Chamei sua atenção. Ele me olhou e sorriu em seguida. - Posso falar com você um segundo? - Eu disse, ainda séria. Eu estava nervosa. Eu sabia bem o que meu irmão falaria. “Conta para o , mana. Conversa com ele! ”
- Claro! Vamos lá. - Ele disse, engolindo o pedaço de sanduíche que mastigava e caminhando na minha direção. Já afastados de todos, ele proferiu. - O que foi mana? Você está estranha, fala logo o que aconteceu. Te conheço. - Nossa! Não dá para esconder nada dele. Meu deus.
- Isso aconteceu. - Eu disse, estendendo o celular. Na tela: a mensagem e a foto. Ele rolou os olhos, lendo a mensagem e então viu a foto, arregalando os olhos. - Então, o que acha? Não sei o que fazer nem o que pensar. - Ele levantou o olhar para encarar meus olhos com os seus castanhos, cor de jabuticaba, iguais aos meus.
- Wow! - Ele disse em espanto e continuou: - já viu? Deveria mostrar para ele. - Ele concluiu antes mesmo de eu falar algo.
- Em minha defesa: eu recebi a mensagem 3AM e ainda não tive oportunidade de conversar com ele. - Falei, despistando.
- E pretende? - Ele perguntou, já sabendo a resposta.
- Não sei, irmão. Eu estou confusa.
- Confusa com o que? já te deu motivo para desconfiar dele? Ele já te traiu alguma vez e eu não sei?
- Não. Nunca! Mas é que… - eu ia falar, mas Dave aproximou-se de nós.
- Vamos, , está na hora do show galera! - Ele disse e saiu em seguida.
- Vamos! - disse e, antes de sair me puxando para fora do camarim, ele disse: – Conversa com ele depois do show, mana. Sério. Senão, você acabará mais paranoica do que já está e estragará a relação de vocês. Seja sincera com ele. - Falou e saiu do camarim. Fiquei alguns segundos processando.
- Vamos, amor! - interrompeu meus pensamentos. Espantei eles, sorri e caminhei até o .
- Amo você! - Eu disse e dei um beijo em sua boca. Por que eu disse isso, assim, tão de repente? Ele me olhou intrigado.
- Está tudo bem? - Perguntou com sobrancelha arqueada.
- Melhor impossível, meu amor! - Falei sorrindo. - Vamos?!

estranhou um pouco, riu e nós seguimos para o palco. Fiquei ali em cima observando a equipe, atrás do palco era onde ficava a mesa de controle de som, imagem e luz. Estava ali apenas monitorando o pessoal. O show começou e foi maravilhoso! Após o show, eu estava buscando um momento para contar para o , mas ele sempre estava acompanhado. Pedi ajuda para o , disse que queria conversar com o , mas nunca conseguia.

- , minha irmã quer falar com você, agora! - disse, interrompendo que conversava com uma das organizadoras do show. Ele arregalou os olhos, surpreso.
- Onde ela está? - Questionou .
- Lá fora, te esperando. É urgente! - disse, sem mais detalhes.
- Me dá licença. - disse para a moça, que assentiu com a cabeça. caminhou para fora do camarim, eu já o esperava do lado de fora, encostada na parede, com o celular na mão. Eu tremia um pouco. - Amor? - Ele disse ao me ver, aproximando-se de mim. - disse que queria falar comigo. O que houve? Ele disse que é urgente. É algo com nosso filho? - Perguntou preocupado.
- Não! Nosso filho está bem, está tudo bem. - Eu disse rapidamente, alisando minha barriga num gesto involuntário.
- Então, o que aconteceu? Você está gelada! – Ele se referiu ao fato de minhas mãos estarem bastante frias. E não era pelo fato de segundos atrás eu estar num ambiente com ar-condicionado.
- Eu recebi essa mensagem ontem. - Falei em menos de um segundo, de tão rápido que foi.

Juro! Estendi minha mão, com o celular pendurado nela, para que ele pudesse ler. Ele estendeu a mão e eu pousei a minha sobre a dele. Após ler, me olhou com uma expressão facial indefinida. Realmente, eu não sabia o que ele estava pensando naquele momento. Tive medo...

- Não vai falar nada? - Perguntei, quebrando o silêncio de dois minutos que se instalou sobre nós.
- Você acredita nessa foto? Acha que seria capaz de te trair? - Ele perguntou, sério. Eu fiquei mais nervosa ainda, sem muito motivo, pois eu tinha certeza de que o nunca seria capaz de me magoar, de me trair.
- Não, eu não acredito nessa foto. - Eu disse, pondo fim no silêncio que voltou a se instalar entre nós.
- Então não tem motivos para você ficar assim tão nervosa. Por isso que você estava estranha, desde que saímos de Scottsdale hoje de manhã. – Ele falou com um sorriso no rosto. - Amor, não liga para essa mensagem, ok? Eu amo você e não, não sou eu nessa foto. Deve ser alguém tentando separar a gente. - Quem?
- Quem? - Repeti minha pergunta mental.
- Eu não sei, amor. Não sei, mas não liga para isso, ok? Se você se sentir insegura por qualquer coisa, venha falar comigo. Não fica estranha comigo, de repente, isso é ruim para nós dois. - Ele pediu, me olhando com uma carinha tão fofa que eu não resisti. Ah, malditos olhos !
- Tudo bem, amor. Desculpa… - ele repousou o indicador em meus lábios, calando-me.
- Esquece isso, anjinho. Não precisa pedir desculpas, você não fez nada. Vamos voltar para o camarim? - Perguntou e eu afirmei com a cabeça. Segurei sua mão e caminhei ao seu lado de volta para o camarim.

Passei o resto da noite pensando no que aconteceu. Naquela conversa com o Seb e nas diversas possibilidades. Será que estou ficando insegura? Eu sempre fui meio insegura na vida, talvez pelo excesso de mimo que o Pete me deu durante a minha infância, não sei, sem contar as decepções amorosas. Voltamos para o hotel e foi cada um para seu quarto. e eu dormimos juntos, claro. Eu já estava mais calma, mas ainda pensativa. Desta vez, eu consegui disfarçar e Seb não percebeu que estava pensando na mensagem. Estou ficando boa nisso!




POV

pensa que me engana, achando que eu não percebi que ela ainda está pensando naquela mensagem. Oh meu amor, você é muito transparente ao meu lado. Não adianta disfarçar. Você é péssima nisso. =)
Ok, aquele na foto não sou eu. Realmente, eu jamais trairia a , porém o que está me deixando intrigado é a assinatura. Aquele “E”, o modo de falar… eu tenho quase certeza de quem está mandando essas mensagens para .

- , vem cá! - Chamei , que estava junto ao motorista do bus. Já é de manhã, estamos voltando de ônibus para Los Angeles. Vamos ficar dois dias sem nenhum evento, mas, depois tem uma porrada de shows para fazer. Pete aproximou-se de mim, eu estava sentado perto dele. não estava se sentindo bem, então está dormindo no fundo do ônibus. - Cara, eu acho que sei quem está mandando essas mensagens para . - me olhou confuso.
- Quem? - Perguntou.
- Emma. - Sim, eu estou desconfiado que a desocupada da minha ex namorada, a que eu tive antes da , esteja mandando as mensagens.
- Será, cara? - Questionou intrigado. - Se bem que, eu desconfiei logo de cara quando vi aquele “E” na assinatura. Só não quis alertar a , porque ela odeia a Emma. E ela falava daquele jeito da minha irmã. Me lembro bem que já discuti com ela por causa disso. - Disse , lembrando-se do dia que eles brigaram e eu, não me meti, pois concordava com o . Era para eu ter defendido a quando tive oportunidade, mas eu era muito cagão na época, então me calei.
- Pois é. Ela não se conformou que eu terminei com ela por que amo a . - eu disse e ele concordou com a cabeça. - Se for ela mesmo que está fazendo isso, juro que ela se arrependerá. - Falei encarando um ponto fixo no chão. - Você viu como ficou nervosa com essa história? Ela passou mal hoje de manhã. Com certeza foi por causa disso, ela só não quis admitir.
- Aquela foto é real, ? - Questionou , com a sobrancelha arqueada, me olhando com um olhar bem assustador. Ciúme e proteção de irmão: ativados.
- Não, claro que não! Aquela maluca fez alguma montagem, aposto. Ou aquela foto é antiga, da época que namorávamos. É uma possibilidade. Eu jamais trairia sua irmã, . Amo muito a . - Eu falei com a consciência tranquila. Realmente, eu jamais trairia a e jamais faria nada para magoá-la. E poderia até ser eu naquela foto, mas era numa época em que eu não estava namorando a .
- O que vai fazer, se for ela mesmo?
- Não sei, mas ela vai se arrepender amargamente se algo acontecer com a Li ou com o nosso filho, por causa da palhaçada dela.

Depois que eu terminei com a Emma, eu pude ver que eu realmente não gostava dela. Nunca gostei. E eu não sei por que eu ficava com ela, por que eu dava bola para ela. Deveria ser para não ficar sozinho. Ou para tentar esquecer a , pois eu achava que era um amor proibido antes. Depois que terminei com a Emma, fiquei meses solteiro, sem ficar com ninguém mesmo. Aí eu tomei coragem e me declarei para e o resto vocês sabem. Enfim… chegamos em LA. Cada um foi para um canto, era de manhã ainda. Combinamos de jantar juntos: , Chelle, , e eu. Os outros foram para suas casas descansar ou tinham outros compromissos (com garotas, malandros!). Chegamos em casa, e eu, no nosso atual apartamento (que eu morava sozinho antes) e foi logo se jogando no sofá. Ela disse que ainda não estava muito bem.

- Toma um banho, amor. Põe uma roupa confortável e deita um pouco. - Eu disse para ela, sentando-me ao seu lado.
- Acho que farei isso mesmo. - Ela disse com a voz arrastada. - Ahhh estou morta de cansada e com dor de cabeça. - Lamentou-se e me deu um sorriso cansado.
- Está linda até cansada desse jeito. - Eu disse rindo bobo. Ela retribuiu a bobeira e me deu um selinho. - Qualquer coisa me grita, ok? Depois vou lá te dar um beijinho. - Falei enquanto ajudava ela a ir para o nosso quarto.
- Tudo bem, , eu não estou morrendo. - Ela riu com o meu cuidado. Ora essa, não posso mais cuidar da minha mulher linda e grávida? foi tomar banho e descansar. Eu voltei para sala e sentei-me no sofá.

Essa história da mensagem está me deixando louco. Não sei se devo entrar em contato com a Emma para tirar algum tipo de satisfação ou se deixo para lá. Enquanto estava pensando no que fazer, um celular começa a tocar. O meu estava no meu bolso, mas não era ele que tocava. Olhei em cima da mesinha de centro e vi que era o celular da que tocava. Será que devo ver quem é? Bom, eu confio na . Ela beijou o Alex naquela época, eu fiquei bem puto, confesso. Mas, eu perdoei ela, vi que foi um erro tremendo não deixar ela se explicar. Enfim… eu hesitei um pouco, mas logo fui até a mesinha e peguei o celular dela. Apertei o botão de desbloquear e vi o número que ligou para ela, era o mesmo das mensagens. Eu tinha apagado o número da Emma e nunca fiz questão de decorá-lo, peguei meu celular e retornei para o tal número. Uma voz feminina atendeu.

- Alô, quem é? - A voz falou do outro lado da linha e eu, na hora, reconheci a voz da Emma. O que ela quer com a ? - Fala logo quem é, droga! - Ela disse irritada com a minha demora em responder.
- Eu só quero saber o porquê de você estar importunando a minha namorada, Emma? - Falei, direto e objetivo. Aposto que junto com este silêncio que se instaurou agora, ela está fazendo a cara de idiota que sempre fazia quando não entendia algo (ou seja, quase sempre).
- Quem está falando? Não sei quem é Emma. - Mentirosa.
- Para de mentir, porra! - Gritei. Ok, eu me exaltei um pouco. - Eu sei que é você, Emma. E você sabe quem eu sou. Então, para de rodeios e responda a minha pergunta.
- Aff , você estraga toda brincadeira. - Ela disse com um tom desapontado do outro lado. Eu revirei meus olhos e esperei uma resposta dela. - Ok, o que quer de mim Sebastien? - Quero que me deixe em paz! E deixe a MINHA MULHER em paz! Me ouviu bem? - Dei ênfase no “minha mulher” para que fique claro a quem dedico o meu amor. E concluí: - Ou será que devo repetir? Não me faça repetir! - Falei irritado, tentando não gritar tanto para que não acorde.
- É só uma brincadeirinha, . Para de ser chato! - Falou despretensiosamente.
- Brincadeirinha? Pare de brincar com a minha mulher e meu filho, ok? Li está mal com essa história e você é a culpada. Se acontecer algo com ela ou com nosso filho… juro, eu JURO que não vai ficar barato para você, ok? - Eu disse num tom ameaçador. Às vezes a Emma só entendia as coisas quando se gritava com ela. Não era maldade nossa, mas é que ela é tão implicante, insistente, irritante, inconveniente… Que ninguém consegue manter a sanidade perto dela.
- Ahhh, . Ok! Chato. - Falou irritada.
- Está avisada. Adeus! - Falei e desliguei na cara dela. Bloqueei o número dela tanto na minha quanto na linha da . Quero ver ela ligar agora! Se bem que, do jeito que ela é babaca, capaz de arrumar outro número para ligar. Já vi que terei trabalho com a Emma.

Após a dura que dei na Emma, liguei para o contando o que aconteceu. Ele falou que já sabia que era a Emma quem importunava a e reforçou a raiva que sente dela por isso. Resolvi que contarei para tudo que aconteceu. Espero que ela fique mais calma e esqueça essa história. Tudo enfim se acalmou entre nós…




POV

Alguns meses se passaram desde do show que fizemos em Scottsdale. está com sete meses de gravidez, continua linda como sempre. A é minha grande amiga e quando ela me convidou para ser padrinho da filha dela eu fiquei super feliz. Obviamente, aceitei. Sim, é uma menina! O nome será Sophie. Pronuncia-se “Sôfí”, segundo a própria . Minha princesinha nem nasceu e eu já a amo muito ~padrinho babão~. Fui convidado para ser padrinho de casamento do Math. Nosso querido produtor vai se casar hoje. e eu seremos os padrinhos do noivo, e uma amiga da noiva do Math serão os padrinhos dela. Todos estão aqui, membros da produção e banda. O casamento é em um grande hotel aqui de Chicago, terra natal da Camille, noiva do Math. O danado arrumou uma americana para ele. Esse é dos meus! Brincadeiras à parte… estou no quarto reservado para mim, aqui no hotel, me arrumando. Enquanto ajeito a gravata borboleta no meu pescoço, alguém bate na porta.

- Está aberta! Pode entrar! - Gritei e ouvi alguém abrir a porta, caminhei para o “salão” principal do quarto (é, o quarto era daqueles duplos, sabe? Enfim…). – Oi, ! Fala aí, cara. - Cumprimentei ele, que me fitou de cima a baixo, com as mãos nos bolsos da calça. - Estou gatinho? - Perguntei sorrindo e fazendo biquinho.
- Nossa, , você está muito tesudo com esse smoking. - Falou com um olhar bem sacana e sedutor. Hahahaha é, temos umas brincadeiras idiotas de vez em quando. Ignorem. Em seguida, ele riu e continuou caminhando até o mesmo espelho que eu me olhava. - Cara, vim te pedir um favor. - Ele disse, ajeitando a gravata borboleta que tinha em seu pescoço.
- Diz aí.
- A não está muito bem, disse que está um pouco tonta, com falta de ar, mas ela não quer deixar de entrar como madrinha. Sabe como ela é, né? - Confirmei que sim com a cabeça. É, eu conheço bem aquela cabeça dura. - Bom, e eu tentamos convencê-la a ficar quieta na cadeira junto conosco, mas foi em vão. Então, se você puder ficar de olho nela, já que vai ficar maior parte do tempo junto com ela. Eu agradeço!
- Pode deixar, cara! Estou sempre de olho na . - ele parou tudo que estava fazendo, virou a cabeça lentamente e me encarou com o olhar fixo em meus olhos. - Num bom sentido, cara! Calma! - Falei rindo e com um pouco de medo dele ter levado no mal sentido aquela minha frase.
- Eu sei, – ele disse rindo – relaxe! Bom, eu vou voltar para o salão. - Falou e deu um tapinha no meu ombro. - Anda logo, cara! Está demorando mais que a noiva!

saiu do meu quarto e eu terminei de me arrumar. Já pronto, eu desci até o salão do hotel onde seria realizado o casamento. Todos estavam lá, Math no altar, e a amiga da Camille ao seu lado. Olhei para os lados, procurando pela , até que a avistei junto ao sentados na primeira fileira. estava abraçado a ela. Me aproximei dos dois.

- Está tudo bem? - Perguntei, sentando-me ao lado da .
- Sim, está sim, . - Ela respondeu, um pouco ofegante. - Vou ficar bem. - Fechou os olhos e recostou a cabeça em meu ombro. Coloquei a mão direita em sua cabeça e afaguei. Olhei para o que me retribuiu o olhar angustiado.
- Vem, disse puxando ela para seu ombro. - tem que ir para o altar.
- Eu também vou! Me ajuda, . - Ela disse rapidamente, ainda ofegante. Segurou meu braço e tentou se levantar.
- Tem certeza de que quer ir para o altar, ? Você mal está conseguindo ficar em pé. - Eu disse preocupado com ela e com minha afilhada. Ela vinha tendo esses desmaios e falta de ar constantemente. Parece que piorou depois que ela ficou grávida.
- Sim, estou bem. Me ajuda! - Ela disse, decidida. Olhei para o que deu de ombros como se dissesse que não adiantava a gente argumentar com ela. A teimosia da era maior que qualquer argumento. Ele me ajudou a levá-la até o altar e me posicionei com ela ao lado do Math.
- Está tudo bem, gente? - Perguntou Math ao ver que estava meio mal.
- não está tão bem, mas ela insiste em ficar no altar com a gente. Estou cuidando dela. - Expliquei. Ele concordou com a cabeça. aproximou-se de nós.
- Se não estiver bem, vai se sentar, maninha. Não faz esforço, por favor. - Ele disse visivelmente preocupado.
- Estou bem maninho, estou bem. está comigo, certo super ? Meu herói vai me ajudar. - Ela disse segurando meu braço e dando um meio sorriso. Ela referiu-se ao fato de eu colocar um lençol amarrado no pescoço e correr pelo quintal da casa dela, lá em Montreal, fingindo ser um super-herói. Isso quando ela tinha quatro anos de idade. Até hoje ela me chama de “Super . deu um sorriso derrotado.
- Tudo bem. Não apronte nenhuma, viu, mocinha! Estamos de olho em você. - Ele disse e voltou para seu lugar.

Finalmente a noiva começou a caminhar até o altar. segurava firme meu braço e, ao ver Camille (que, por sinal, era amiga da ) caminhando ao lado de seu pai até o altar, ela se emocionou. Começou a chorar e sorrir ao mesmo tempo. Foi uma cerimônia muito emocionante, de fato. Até eu fiquei meio abalado, confesso. Acabada a cerimônia, e eu cumprimentamos os noivos. veio até nós e abraçou . Ficamos um pouco na mesa, na recepção do casamento. O DJ começou a tocar algumas músicas, ficamos apenas bebendo e comendo. e os caras saíram da mesa para falar algo com o Math, eu não fui, pois estava no banheiro na hora. Quando voltei, estava sozinha na mesa. Chelle estava conversando com a Camille em outra mesa.

- Deixaram você sozinha? Que canalhas! - Eu disse, brincando e me sentei ao lado dela. Ela sorriu.
– Falaram que quando chegasse era para você ir até o Math, parece que é algo sobre a gravação do DVD.
- Hm, entendi. - Eu disse. Antes de eu me levantar, ela segurou meu braço.
- ! Antes de ir, me leva para o quarto, por favor? Eu não estou me sentindo bem, não quis preocupar ainda mais o . - Ela disse, agora percebi que ela estava fria e não era por causa do ar-condicionado. - Não conta nada para o nem para o . Eles já estão pegando muito no meu pé ultimamente. - Ela concluiu fazendo biquinho.
- Você é bem teimosa, né, ? Tem que se cuidar mais, mocinha. - Dei-lhe uma bronca.
- Até você, ?
- Calma, Adeline! - Brinquei e ela me deu um tapão no braço. Doeu, mas foi engraçado ver a cara dela de brava. - Vem, vamos. Te levo lá.
- Chato!

Ajudei a se levantar e caminhamos até o elevador. O quarto dela ficava no andar abaixo do meu: nono andar. Entramos no elevador, apertei o número 9 e a porta se fechou. Quando chegou no quinto andar, o elevador deu uma “engasgada” e parou de repente, apagando as luzes e o ar-condicionado que tem nele (sim, tem ar-condicionado aqui). As luzes de emergência ligaram segundos depois do apagão. Olhei para e perguntei se ela estava bem, ela confirmou que sim. Comecei a ligar para o telefone de emergência que tem no painel, mas ninguém atendia. Estou sem meu celular e percebeu que havia levado o dela, pois ela deixou com ele antes de subir ao altar e não pegou de volta. A única comunicação que temos é esse bendito telefone que liga diretamente na central de monitoramento do hotel e ninguém atende essa merda. Ótimo! Alguns minutos se passaram e começou a ficar muito quente. não se dá muito bem com calor em excesso, ela começou a ficar ofegante novamente. Sentou-se no chão e recostou a cabeça para trás tentando puxar o pouco ar que tinha dentro daquele cubículo.

- Calma, respira devagar, pequena. - Eu abaixei e tentei acalmá-la.

Eu sempre tive uma relação muito boa com a . Às vezes parecia que éramos namorados. Muitas vezes me pediu para fingir que era namorado dela, para afastar alguns idiotas que insistiam em dizer que ela era uma loser sem ninguém. não tinha muitos amigos na infância e adolescência. Basicamente, ela andava mais com a gente, nos ensaios na garagem da casa dela, do que com o pessoal de sua escola. Isso fazia com que alguns imbecis provocassem ela, inventando coisas para manchar a reputação dela na escola. Ela não contava para o , com medo dele surtar e bater em alguém. Apesar de eu ter feito isso uma vez, ela confiava mais a mim essa confissão do que ocorria com ela na escola. Então, eu meio que mimei ela bastante e defendia ela com unhas e dentes (e punhos fechados para quebrar a cara de quem quer que fosse). Acho que deve ser por isso que ela me chama de herói. Sempre a vi como uma irmã mais nova, a irmã que eu sempre quis ter.
A nossa situação ali dentro estava a cada minuto mais insuportável. Eu já havia tirado o paletó e o colete do terno que vestia. Tirei meus sapatos também. , como está de vestido longo, não pode fazer muito para se livrar das peças de roupa. Apenas tirou os sapatos. Ela ainda estava bem ofegante e suava muito.

- Que droga! Ninguém atende essa merda!? - Perguntei, em voz alta, para mim mesmo enquanto tentava contato com alguém na central de monitoramento.
- … Aiiiiiii, ! - começou a gritar de dor e eu me agachei nervoso.
- O que houve, ? O que está sentindo, me fala!? - Perguntei angustiado, segurando sua mão.
- Minha barriga está doendo, eu não sei o porquê. Me ajuda , aiii que dor! - Ela apertou minha mão com bastante força e se contorceu de dor. Me senti impotente por não saber o que fazer para ajudar a amenizar ou cessar a dor dela. Ela abaixou a cabeça, com dificuldade, e olhou por debaixo do vestido. - Não estou sangrando, que bom! - Ela disse aliviada, recostando novamente a cabeça na parede do elevador.
- Isso é um bom sinal! O que mais está sentindo?
- Tontura, mas isso eu já estava sentindo antes. Agora está mais forte. Parece que vou desmaiar… deve ser o calor. - Suspirou derrotada pelo calor. - Calma, vou tirar a gente daqui. - Me levantei e comecei a bater à porta do elevador e gritei. Gritei por ajuda. - ALGUÉM! AJUDA AQUI, POR FAVOR!! A GENTE ESTÁ PRESO AQUI NO ELEVADOR, SOCORRO! - Eu já estava irritado pelo calor e porque a estava passando mal e eu não tinha como ajudar. Me sinto péssimo com isso. Acho que já estamos há mais de uma hora aqui. Não aguento mais!
- Acho que é aqui, ouvi alguma coisa. - De repente, eu ouvi uma voz ao longe. Fiz silêncio e pude ouvir a conversa. - Acho que é nesse andar que o elevador parou.
- AQUI!! ESTAMOS AQUI!!! - Gritei novamente para que nos ouvissem. E deu certo.
- Olá! Já sabemos onde estão, afastem-se da porta e fiquem calmos. Vamos tirar vocês daí. - A voz do outro lado disse e eu me afastei da porta. Me sentei ao lado da e abracei ela que começou a chorar.
- Calma, pequena, estou aqui. Já vamos sair daqui, fica calma. - Afaguei os cabelos dela, que já estavam soltos e molhados por conta do calor que fazia. Poucos minutos depois, eu ouvi a porta se abrindo. Ela se abriu por completo e pude ver que o elevador não estava parado certinho no andar, apenas metade dele estava parado no quinto andar, o que dificultou um pouco o nosso resgate.
- Vocês estão bem? - Um dos bombeiros questionou, colocando parte do corpo para dentro do elevador.
- Minha amiga está grávida e está passando mal. - Eu falei para que a levassem primeiro.
- Vamos tirá-la primeiro, então. - Deu certo. - Vou descer aí para ajudar. - Ele entrou no elevador e me ajudou a levantar . - Ela está febril. - Disse o bombeiro ao encostar na . Eu nem havia notado, por conta da agitação, mas ela está com febre. Mais um motivo para fazê-la suar frio. - Segure-se na corda, ok? - Ele disse para ela, que fez que sim com a cabeça. Outro bombeiro segurava a corda do lado de fora. Ele puxou para cima, enquanto eu e o outro bombeiro empurrávamos ela de dentro do elevador.
- Pronto, peguei. - O bombeiro que estava lá fora disse e puxou para fora.
- … - ela disse, estendendo a mão para me puxar.
- Calma pequena, eu já vou sair. Calma! – Falei, tentando tranquilizá-la. Consegui sair de lá junto com o bombeiro que entrou no elevador. Descobri depois, que foi uma pane que teve somente naquele elevador. Que sorte a nossa… - Estou aqui. Você vai ficar bem, está bem? – Falei, segurando a mão dela, que já estava deitada na maca. Descemos até o saguão do hotel e lá encontramos um namorado e um irmão MUITO putos e preocupados.
- , CARALHO! - Disse , correndo em minha direção. Ao ver que vinha deitada na maca, sendo levada pelos bombeiros, ele mudou o caminho. - ! - Foi uma cena engraçada, mas eu não esbocei nenhum sorriso na hora.
- Cara, o que aconteceu?! - disse ao me encontrar. Expliquei a história resumidamente para ele. - Puta que pariu! E eu longe dela… eu vou ver como ela está. - Lamentou-se e correu na mesma direção que o .

Já estávamos todos no hospital. , e eu. e ficaram no casamento. Aparentemente só nós ficamos sabendo do que houve, Math e Camille não sabiam. Preferimos assim, para não estragar o casamento deles. Passados alguns minutos após nossa chegada, veio o médico que atendia a falar conosco.

- Minha irmã está bem, doutor? - Perguntou , levantando-se assim que avistou o médico vindo em nossa direção.
- Sim, a senhorita passa bem e a bebê também. - Todos suspiramos aliviados – Ela está no quarto, estou aguardando só o resultado do exame de sangue para liberá-la. Se quiserem, podem ir vê-la.
- Queremos sim, doutor. - disse e fomos seguindo o médico até o quarto onde estava. Ao entrarmos, ela sorriu para nós. foi o primeiro a aproximar-se da cama. - Amor! Como você está? Fiquei preocupado! - Ele disse meio apreensivo.
- Estou bem amor… estamos bem. - Ela disse, alisando a barriga e sorrindo. - ! - Ela disse ao me ver. - Você está bem?
- Estou! Não se preocupe comigo tampinha, se preocupe em se cuidar. Estamos de olho em você! - Falei e todos concordaram. Ela revirou os olhos contrariada.

Minutos depois, o médico voltou ao quarto com o resultado dos exames da . Graças a Deus está tudo bem com ela e a Sophie. Logo após, o médico a liberou para ir para casa. Voltamos para o hotel onde ocorria a festa de casamento do Math. Chegando lá, estavam todos procurando por nós. e contaram o que houve, fofoqueiros. ~ risos ~ Bom, e voltaram para o quarto deles para que pudesse descansar. Foi uma noite agitada, afinal.

POV

É impressionante como a é teimosa. Deus, por quê? Ela insistiu em voltar para a festa do Math e ficar lá embaixo. Obviamente briguei com ela, porra! Ela acabou de voltar do hospital, correu o risco de perder nossa filha e ainda quer voltar para festa? Ah, Deus! Sim, pois o médico nos disse que ela teve um leve sangramento a caminho do hospital. Caso se agravasse, poderia ocasionar um aborto natural. Fiquei morto de preocupação. Mas, agora está tudo bem, ela está aqui em meus braços, dormindo, tão quieta. Acabei dormindo também.

[…]

Creio ser tarde da noite já. Acordei assustado, com a se remexendo nos meus braços. O que não era comum, ela dormia tão aconchegada e agora está se debatendo. Parece que está tendo um pesadelo. Tentei acordá-la.

NARRAÇÃO EM TERCEIRA PESSOA

Ela estava sozinha. Estava frio. Ela vestia uma jaqueta preta acolchoada com capuz, próprio para neve. Usava uma calça skinny preta e uma bota azul-marinho com detalhes em bege e cinza. Ela caminhava, olhando para os lados, assustada. Estava escurecendo e nevava forte. Começou a correr e uma sensação de perda tomou conta de seu coração. O que estava acontecendo afinal? Ela começou a correr mais rapidamente numa estrada cheia de neve, mal conseguia ficar de pé. Mas, ela não desistiu, ela precisava chegar até seu destino. Ela gritava, gritava e gritava. Chamava por alguém, mas não sabia quem seria. Não conseguia ouvir o som que sua boca emitia. Aquilo estava deixando ela angustiada. E continuava a gritar e correr. O caminho por onde corria era envolvido por uma densa floresta. Quanto mais longe corria, mais densa e escura a floresta era. Cercada por árvores e uma enorme montanha de gelo, ela se viu cada vez mais sozinha e com medo. Onde estará? Aonde foi parar o seu bem mais precioso? De repente, ela ouviu uma voz que chamava seu nome. Uma voz conhecida. Era o seu maior bem a chamando. Apertou o passo e encontrou um grande buraco no meio da floresta. Lá estava ele, seu maior bem: ferido, choroso e com medo. Clamava por ajuda, mas ela não sabia o que fazer para acabar com esse sofrimento. Ouviu uma outra voz.

- ! , acorda!
É o seu amado. O grande amor de sua vida pedindo para ela acordar… acordar?


FIM NARRAÇÃO TERCEIRA PESSOA

- ! , acorda! – Continuei chamando por ela, enquanto gemia e se debatia de um lado para o outro. De repente, ela acordou no susto. - Amor, está tudo bem? – Perguntei com os olhos arregalados.
- Sim… Ah, que bom que foi um sonho. - Ela disse e suspirou, encostando-se em mim. - Que bom que foi um sonho… - repetiu sua última fala e fechou os olhos. Senti algumas lágrimas caindo pelo seu rosto e repousando em meu peito.
- Eu estou aqui, está tudo bem agora. - Tentei confortá-la.

me contou sobre o pesadelo. Ficou assustada e pensativa em saber o que aquele pesadelo quis dizer. Esquecemos um pouco disso, pois após o casamento do Math, voltamos nossas atenções para a gravação do DVD. É, está perto! Alguns dias se passaram, e estávamos a mil com os preparativos para a gravação. , como chefe de produção, estava muito atarefada. E eu, como parte da banda, estava ensaiando todo dia, praticamente. Se não era ensaio, era entrevista. Gravamos, paralelamente, algumas cenas dos ensaios ou das sessões de fotos para os bastidores do DVD. Está ficando muito bom!
Minha querida gravidinha já havia se esquecido do pesadelo, mas eu ainda lembrava às vezes. Confesso que tive um parecido. Estava aflito, não quis contar nada para ela, não quero preocupá-la. Está perto da semana de previsão do nascimento da nossa Sophie (meados de dezembro, no máximo). Então, melhor não agitar ela mais. Já basta o DVD…




POV

Finalmente, chegou o grande dia da gravação do DVD dos meninos. Estou tão ansiosa que estou quase parindo. Espero que não literalmente, né filha ~alisa a barriga~? Vim para casa junto com a Chelle tomar um banho para nos arrumar para a gravação. Hoje é dia 2 de dezembro. Uma linda manhã aqui em LA, faz um friozinho gostoso, mas amanheceu com o céu aberto e azul. Prontas, Chelle e eu voltamos para o local de gravação. Eu estou usando um vestido até o joelho, lilás, e uma sandália rasteira. É extremamente inviável usar calça ou qualquer outra peça que me aperte. Minha barriga está enorme e eu desconfio que tenha mais de um bebê dentro dela, apesar de a ultrassom dizer que só tem um. Mas, enfim…
Chegamos no camarim para desejar boa sorte para os meninos. Eles estavam bem nervosos, afinal não é todo dia que se grava um DVD, né? O público já havia lotado todo o local destinado para ele. Ainda havia tempo antes do show começar, os meninos estavam atendendo alguns fãs que venceram uma promoção da gravadora. Ao entrar no camarim, fui diretamente para a mesa de comida. Não tenho culpa de comer por duas, ou três (ninguém sabe, rsrs). Enquanto enfiava um mini hambúrguer na boca (sendo que já tinha outro lá dentro), senti dois braços envolvendo minha cintura gigante por causa da barriga. me deu um beijo no pescoço e riu da cena que presenciou.

- Prometo que guardo todos os mini hambúrgueres para você, amor. - Ele disse rindo. - Continua linda, mesmo destruindo com a mesa.
- Ah , me deixa! Estamos com fome! - Eu disse me referindo a mim e a Sophie, que me dava fortes chutes no estômago. - Ai, calma garota! - Brinquei com este fato e ele deu mais risada ainda.
- Filha, - ele alisou minha barriga, enquanto falava – você vai fazer a mamãe explodir, vai com calma na fome. Minha princesa! - é o melhor pai, mesmo sem a Sophie aqui fora para cuidar. Ele tem cuidado tanto de mim e eu nem sei se mereço tanto. Está tudo indo muito bem em nossa vida. <3 - Vai começar, hein! - gritou e todos o acompanharam. - E você, mocinha, ficará aonde? – Questionou, olhando para mim.
- teralmente, ao lado de vocês, no palco. - Respondi calmamente. - Não se preocupe, já designei tarefas para todos e deixei o Joe como responsável pelos outros. Pedi para que só me chamasse se algo estivesse pegando fogo. - Falei brincando. – E, mesmo assim, não antes de falar com os bombeiros. - Completei. Realmente, Joe era meu funcionário mais competente e tem uma liderança incrível. Ele vai se sair bem e espero que não precise me chamar para nada. Estou pensando em deixá-lo como responsável pela minha agenda, enquanto estiver de licença por causa da Sophie.
- Acho bom! - disse se aproximando de mim e beijando minha bochecha, logo após minha barriga. - E você, princesinha do titio, não me inventa de nascer hoje, hein! - Brincou. O padrinho da Sophie só não é o meu irmão, pois ele já tem o posto de tio. E eu tenho um amor tão grande pelo , que eu realmente não poderia deixar mais ninguém ser padrinho da minha filha.
- Vira essa boca para lá, ! - disse, ainda abraçado a mim, e fez uma careta que fez todos rirem.
- Chega de enrolar. Vamos para o palco! - falou, se metendo na conversa, e arrastou, literalmente, todos para fora do camarim.

Chelle, Camille, e eu ficamos atrás das caixas de som que delimitavam o espaço onde os meninos ficariam. Arrastei comigo, ela acabou se rendendo e ouvindo a banda dos meninos. Virou fã! Tenho um outro propósito em trazer a comigo hoje. Quero juntar ela com o . Meu amigo merece conhecer alguém legal, e é perfeita para o cargo de senhora ! O show começou e a gravação também, obviamente. Estava tudo tão… ANIMAL! Nossa, que energia boa! O público foi à loucura com os meninos tocando e todo o clima que preparamos para deixar tudo ainda mais bonito e especial. Minha equipe arrasou! Estou orgulhosa. Não tivemos problemas técnicos durante a gravação. Tudo tranquilo. No meio do show, fizeram uma pausa de cinco minutos, trocaram de roupa e voltaram para o palco. Tudo dentro da programação inicial. Recomeçado o show, aquela energia toda voltou.
Certo momento do show, eu estava ao lado da e da Camille, Chelle havia ido ao banheiro, quando eu comecei a sentir alguns chutes e dores na barriga. Achei que fosse fome, então pedi para um dos assistentes pegar algo para eu comer. Ele voltou, me entregou um sanduíche de queijo e um copo de suco. Agradeci e comecei a comer. Mesmo após encher a barriga de comida, a dor continuava e os chutes também. Senti algo escorrendo pela minha perna e meu coração acelerou. Quando passei a mão pela minha perna vi que era o líquido amniótico. Minha bolsa havia estourado. Mas, assim tão cedo?! Ahhh, Sophie, você quer nascer bem na gravação do DVD do seu pai, filha?! Comecei a tremer de medo e avisei para as meninas, que prontamente chamaram um segurança para me ajudar. Olhei na direção do , que estava perto de mim (relativamente), ele só não me ouvia. Dei um grito de dor e, mesmo com a música alta, ele ouviu e virou-se na minha direção. Viu que eu estava agoniada e mudou sua expressão de feliz para preocupado. Antes de ser levada pelos paramédicos, eu vi que chamou um dos assistentes de palco e perguntou algo. Depois não sei o que houve…
Já estamos no hospital e eu estou bem nervosa. As meninas vieram comigo, claro, para me apoiar. O show já deve estar quase no fim. Espero que dê tudo certo e que o possa vir logo para cá. Eu preciso dele, eu não vou conseguir se ele não estiver aqui para me apoiar. O médico não deixou nenhuma das meninas me acompanhar durante o parto. Só o pai pode entrar. Ahhh… Vem logo, amor.

[…]

A dor era tanta que eu estava tendo alguns espasmos de memória. Não sei explicar, parece que eu apaguei e quando me dava conta eu já estava em outra situação alheia à anterior. Foi algo realmente assustador. Eu sabia que sentiria dor, mas nunca imaginei que fosse tanta assim. Ah , vem logo!

Conseguia ouvir o médico e os enfermeiros me pedirem força. Mais força , vai, está quase lá! Eu me esforcei ao máximo, me esforcei além das forças que tinha. Percebi uma movimentação atrás de mim e, de repente, senti o toque de seus lábios em minha testa. Finalmente o meu amor estava ali. estava atrás de mim, levantei o olhar e pude ver seu semblante de cabeça para baixo.

- Eu estou aqui, amor, você consegue. Vamos, mais força! - Ele me disse, enquanto segurava minhas mãos.

Ele deve ter sofrido um bocado, pois, por causa da dor, eu apertei muito as mãos do . Tadinho. Depois de muitos esforços e gritos meus (e do ), em apoio a mim, ouvimos um chorinho. Aquele chorinho que nos acompanharia por anos. O chorinho da minha filha, da nossa filha. Sophie nasceu e eu respirei aliviada por não precisar mais fazer tanta força. Já não tinha mais pernas nem músculos para isso. depositou mais um beijo em minha testa e sorriu para mim. Em meio ao suor dele, eu identifiquei lágrimas de alegria pelo nascimento da nossa pequena. Uma das enfermeiras me deu Sophie nos braços, antes mesmo de limpá-la, para que eu pudesse ver a minha pequena. aproximou a cabeça de nós duas e sorriu chorando. Eu também chorava e sorria. Dei um beijo misturado com sangue na pequena cabeça de Sophie e disse “Seja bem-vinda, pequenina!”. Logo, a enfermeira a levou para dar banho. E eu fui preparada para ir para o quarto. Nessa hora, disse que sairia, mas voltaria logo.
Já no quarto, limpa e mais calma, eu estava deitada na cama esperando a enfermeira trazer a Sophie. A minha espera acabou quando eu a vi nos braços da enfermeira, que sorria para ela e depois para mim; ela me entregou a pequena e saiu. Disse que logo voltaria para me ajudar a dar mama para Sophie. Quando estávamos sozinhas, eu pude curtir cada detalhe dela. Seu pequeno rostinho, seus olhos percorrendo as coisas ao redor. Ela me analisava a cada olhar e sorria para mim. Aquela boca sem nenhum dente estava sorrindo para mim e aquilo encheu meu coração de uma felicidade sem tamanho. Sorri de volta o meu melhor sorriso. O sorriso que era só dela. Só da minha Sophie.




POV

Estou caminhando agora até o quarto onde e Sophie estão. Estou nervoso. Correu tudo bem durante o parto, eu consegui chegar a tempo de ver o nascimento de minha filha e isso para mim já valeu a noite. vinha comigo, o médico só liberou sua entrada porque ele chorou, literalmente. O médico disse que a Sophie vai ficar em observação por uma noite, pois o cordão umbilical estava enrolado a um dos bracinhos dela. Quando ela nasceu, estava meio roxo o local. Ele disse que, após a retirada do cordão umbilical, o roxeado do braço dela saiu, mas prefere que ela passe a noite aqui, até porque era para ela nascer daqui a duas semanas. Sorte que ela não vai precisar ficar na incubadora. Ainda bem.
Entramos no quarto e vimos segurando nossa filha nos braços. Ela sorriu ao nos ver.

- Amor! Vem ver nossa pequena. - Ela disse e eu me aproximei da cama.
- Bochechuda do papai! - Eu disse, babão e ela riu.
- Como vocês duas estão, maninha? Soubemos do bracinho dela, como está? - perguntou apreensivo e ainda choroso. Ele chorou mais do que eu...
- Graças a Deus está tudo bem agora. Vejam, - ela disse e levantou um pouco a roupinha da Sophie – não está mais roxo. E ela não está chorando. O médico disse que vamos ficar aqui hoje por precaução. E que ela não terá nenhum tipo de sequela.
- Ai, que bom, mana! Fiquei preocupado. - Ele finalmente sorriu e Sophie sorriu também. Parece que ficou feliz ao ver o tio sorrir.
- Ahhh, ela está sorrindo para você, ! - disse chorosa. Pronto, agora é que o vai chorar mesmo.
- Olha o titio aqui, Sophie!! Gatinha! - brincou com ela e fez algumas caretas. Isso fez a Sophie sorrir para ele.

Ficamos ali mais um tempinho. O médico liberou a visita dos outros. , o padrinho, era o mais empolgado e chorou ao segurar a Sophie no colo. São uns chorões, esses caras (até parece que eu não chorei, não é?). Deixamos o quarto, após alguns minutos e deixamos as duas descansarem. No dia seguinte, podemos levar as duas para casa. Daí para frente foi só felicidade em nossas vidas.

POV

Quatro anos depois...

Mal posso acreditar que minha Sophie está fazendo quatro anos de idade. O tempo passou muito rápido. Ela está crescendo mais e mais e, a cada dia, é um novo aprendizado ao lado dela. e eu nos casamos quando ela fez dois anos de idade, uma cerimônia linda lá em Montreal. Decidimos ir para lá, pois ficaria mais barato para nossos pais e também porque nós queríamos nos casar lá. Nosso primeiro lar. e eu temos poucas brigas, mas, desta vez, a briga foi um pouco além do esperado. Ele pegou algumas conversas no meu celular que me arrependo. Eu quis me vingar, pois ele pegou a Emma, aquela mesma da mensagem e ex dele, numa festa que ele foi sozinho. A primeira vez que ele me traiu. “Ah amor, eu estava bêbado e ela me seduziu…” A velha desculpa, mas como eu já estava de flerte com esse tal cara das conversas, resolvi relevar. Nós dois erramos, mas nenhum quer admitir o erro. Orgulho é algo traiçoeiro e doentio. Ah, eu só quero me resolver com o . Mas ele não está falando comigo. Birrento.
Nos mudamos para uma casa grande aqui em San Diego, realizei um dos meus sonhos que era morar em SD. Queríamos morar numa casa com quintal grande justamente por causa da Sophie, ela gosta bastante de brincar no quintal. Após mais uma discussão infantil com o , eu resolvi sair de casa para refletir. Eu precisava respirar. Fui em um bar que costumamos ir sempre, pedi o de sempre para o garçom que sempre nos atendia. Ele perguntou pelo . Apenas disse que ele estava em casa com nossa filha. Depois de duas goladas na bebida em minha frente, eu me arrependi de ter saído de casa e deixado a Sophie e o sozinhos. O que você está fazendo, ? Você não é mais criança. Está na hora de crescer e resolver as coisas como adulta! Espantei os pensamentos ruins e resolvi voltar para casa, mas, antes que pudesse levantar da mesa, um cara alto e bem forte visivelmente sentou-se ao meu lado e segurou meu braço. Olhei para ele assustada. Eu ainda estava plena da minha consciência, mas um pouco tonta. Aquela bebida era bem forte (ainda pedi para o garçom colocar o dobro da dose que ele normalmente usa). Juro ter visto, de relance, o cara colocar algo na bebida e empurrar, literalmente, a bebida em minha boca. Relutei em beber, mas acabei ingerindo um pouco. Nessa hora ninguém me ajudou, o garçom estava do outro lado do balcão. Não havia ninguém perto da gente, o bar estava lotado, mas todos preocupados com suas próprias vidas. Nem se importaram com minha presença ali. No alto dos meus 25 anos e eu estou sendo dopada por um cara. , você já foi mais esperta e forte! Reaja! Eu lutava internamente com minha vontade de fechar os olhos. Eu não poderia perder a consciência agora. O cara começou a me carregar, me arrastando pelo bar até a saída.
Perdi a consciência por alguns instantes e, quando acordei, eu estava numa espécie de furgão. Estava quente, escuro. A única iluminação era da parte da frente do carro, onde havia um homem alto, talvez o mesmo do bar, não dá para ver direito. Ele estava procurando algo no porta-luvas do carro. Parecia com pressa. Tentei me levantar, mas logo ele veio para cima de mim, me beijando a força, tentei me esquivar, mas ele era o dobro do meu tamanho. Eu estava tão acostumada com o peso na medida certa que o tem, tão acostumada ao toque suave dele, às vezes firme, sedutor e delicioso. Como eu queria que ele estivesse aqui. Como eu NÃO queria estar aqui.
O cara começou a tirar minhas roupas. Eu ainda estava dopada, sonolenta, mas tentando ainda me livrar de seus toques. Tudo em vão, às vezes ele nem se esforçava para me segurar.

[…]

Retomei a consciência de novo após um apagão. Ouvi gritos e barulho de algo que pareciam ser socos. Minha visão foi se acostumando com a luz que vinha de fora do furgão e pude ver o cara e mais alguém brigando com ele. Só depois eu vi que era o . Mas, como ele me achou? Ah, meu salvador! Ele sempre me acha, sempre sabe quando eu estou precisando dele. Ele e o cara trocaram mais alguns socos, até que ouvi gritos do garçom, que era nosso amigo, vindo da direção oposta. Quando vi, nosso amigo estava correndo apontando para onde estávamos. Junto com ele, três policiais também corriam. O cara viu e tentou fugir, mas foi pego por um dos policiais. Nosso amigo explicou para a polícia que não era bandido e eles o deixaram ir. veio na minha direção, preocupado e segurou em meu ombro.

- Está tudo bem? – Disse, com a voz afobada por causa da briga.
- Sim… - eu disse, ainda meio grogue e envergonhada por tudo. Eu estava de sutiã e com o short aberto, toda descabelada. - Me desculpe, amor, eu… - antes que eu concluísse, ele disse.
- Conversamos em casa, ok? Vem, eu te ajudo. - Ele disse, com uma cara de cansado (irritado, na verdade) e segurou em minha mão me ajudando a descer do furgão. Ele me levou até o carro e fomos para casa. - Você foi bem irresponsável, sabia? - disse ao estacionar o carro na garagem, após virmos o caminho todo em silêncio. - E se aquele cara matasse você? Hein? Como eu e a Sophie ficaríamos sem você? Meu Deus, é inacreditável! - Ele bradou irritado e bateu as mãos no volante, respirou fundo e fechou os olhos com força. Olhei para ele envergonhada e assustada com toda situação.
- Me… me perdoa, , eu não sabia o que… - antes de eu terminar, ele bradou irritado.
- Claro que não sabia o que estava fazendo! Claro! Foi inconsequente o que você fez! Não pensou em mim, não pensou na nossa filha, não pensou muito menos no seu bem-estar. Meu Deus, , você não sabe o quão preocupado eu fiquei quando o Carl – o garçom nosso amigo – me disse que você havia sido levada por um estranho. Eu chamei a Iris – nossa empregada – para ficar com a Sophie enquanto ia atrás de você. - Ele falava e gesticulava irritado, enquanto eu apenas o olhava com os olhos marejados. Logo, eu estava chorando. Ele falou mais algumas coisas que não consegui ouvir, pois me encolhi no banco do carona e apertei os braços nos ouvidos. - Hey! - Ele percebeu que eu estava chorando. - Não chora vai, eu não consigo ver você chorando. Já passou. Está tudo bem agora. - Ele me acolheu em seu abraço.

Após chorar bastante, ainda dentro do carro, e eu entramos em casa. Encontramos Iris sentada no sofá da sala com Sophie deitada em seu colo. Ambas dormindo. acordou ela, agradeceu por ter ficado com nossa filha e ela voltou para casa dela de táxi. Peguei Sophie no colo e levei para cama dela. Fui até nosso quarto e fui direto para o chuveiro. Não demorou muito e estava lá, parado na porta, me observando tomar banho. Sorri sem graça, ainda estava envergonhada por tudo e um pouco dopada também. Ele se aproximou de mim, beijou minha testa e começou a me dar banho. Ensaboou minhas costas com a esponja, movimentos circulares que me fizeram relaxar na banheira. Fechei meus olhos e senti os movimentos suaves que fazia pelo meu corpo. Após o banho, ele me enrolou na toalha, me carregou e me levou para cama. Começou a enxugar meus cabelos e meu corpo. Tudo isso em silêncio, nós dois. Ele pegou uma roupa e eu a vesti. Deitei na cama e me enrolei toda, faz frio esta noite. Ele foi tomar banho e logo estava na cama comigo. Não falamos nada, ele apenas se deitou ao meu lado e aconchegou a cabeça em meu peito, acariciei seus cabelos. Logo adormecemos.
De manhã, nem foi necessária uma conversa entre nós. Estava tudo resolvido. Voltamos a nossa rotina normal. Ele com a banda e eu com a produção da mesma e ambos cuidávamos de nossa pequena Sophie.

Alguns meses depois…

O aniversário da Sophie está chegando. Nossa pequena vai fazer 5 aninhos. e eu não queríamos fazer só uma festa, então pensamos numa viagem para o Canadá. Sophie conhece muito pouco o Canadá e queremos que ela tenha essa familiaridade com nosso país de origem, afinal, ela também pode ter cidadania canadense por ser filha de canadenses. Combinei com os meninos também, para todos irem. Math não marcou nenhum show na semana do aniversário dela, para que todos pudessem viajar. Ele também teve um filho, um pouco mais novo que Sophie, tem quatro anos. Seu nome é Charles. Ele e Sophie sempre brincam juntos quando tem show ou quando eles vão lá para casa nos dias que não há shows. e eu estamos sem brigar. Combinamos que antes de haver qualquer chateação, que haja conversa. Resolvemos tudo antes que vire uma bola de neve, sem sentido, e cheia de mágoas desnecessárias.

[…]

Finalmente o dia da viagem chegou. Sophie está bastante empolgada, pois ela nunca foi numa viagem para as montanhas. Resolvemos ir para Mont Tremblant, uma estação de esqui que fica ao norte de Montreal, província de Quebec, junto as Montanhas Laurentianas. Um lugar lindo! Pelo menos nas fotos e segundo os relatos de meus pais, que passaram a lua de mel lá. A minha lua de mel com o foi em Paris. Chique, não?! Chegamos em Montreal e alugamos um carro, na verdade, foram dois carros, para levar todos até a estação que fica a 1h30 dali. Sophie estava tão empolgada quanto todos que estavam ali. Ela foi no colo do e toda hora apontava para fora do carro e falava empolgada sobre a neve, as montanhas e árvores da floresta que havia ao redor delas e neve, neve, neve, muita neve. Esse é um dos invernos mais frios que já se teve registro aqui no Canadá. Nos EUA também estava bastante frio. Enfim, chegamos ao destino. Fizemos o check-in no hotel e descansamos um pouco. Hoje é quarta-feira, o aniversário dela é no sábado, só iremos embora semana que vem, então temos bastante tempo para curtir esse lugar. Meus pais e as fotos não mentiram sobre esse lugar. É realmente deslumbrante!
Na primeira noite, nós só descansamos. Porém, no dia seguinte que começou nossa diversão. Não estava nevando, mas o cenário era lindo. Tudo branquinho por causa da neve que caiu à noite. Sophie se divertiu bastante pulando e correndo para lá e para cá. Na verdade, ela estava mais caindo do que qualquer outra coisa. , e ela ficavam correndo e jogando neve um no outro. e estão se dando bem, tanto como padrinhos da Sophie tanto como um casal. É, acho que meus melhores amigos vão desencalhar, finalmente! Está até demorando... bom, dois dias depois, reservamos a mesa maior do salão do hotel para um jantar com todos, para comemorar o aniversário da nossa menina. Foi um jantar bem agradável. Sophie quis sentar ao lado dos padrinhos, e eu sentamos em frente a eles. E os demais se espalharam na mesa.

- Dindo! - Disse Sophie, com aquela vozinha que ninguém resiste, principalmente o que muda completamente a expressão para uma bem bobona.
- Diga, minha princesa! - Ele respondeu bobão.
- Podemos ir ver as montanhas mais de perto amanhã?
- Claro, meu amor! Será seu presente de aniversário, meu e de sua linda dinda.

Ele falou e logo olhou para que estava mais vermelha do que o quando acordou esta manhã. Soltei uma risadinha que fez com que o risse também. nos repreendeu com o olhar estreito. Ela fala que gosta do , mas não quer namorar. Pois eu acho que ela não vai resistir muito. Até o fim desta viagem ela namorará o . Anotem.

- Aeeee!! Agora já é amanhã? - Perguntou Sophie fazendo todos rirem da carinha de dúvida que ela fez.
- Não, lindinha. Amanhã é amanhã. - Disse , como se fosse óbvio, e realmente era. Mas, não para uma criança de cinco anos. Eu olhei para ela que revirou os olhos, rindo.
- Não entendi. - Sophie respondeu com um biquinho e o cenho franzido. O mesmo biquinho que eu faço quando peço algum favor para os meninos. viu e me olhou rindo
- Igualzinha a você. - Ele disse e eu tive que concordar.
- Escuta, lindinha, - disse – quando esses dois ponteiros estiverem aqui no doze, aí será amanhã. Entendeu? - Ele mostrou o relógio para Sophie que parece ter entendido a explicação. Ela ainda estava aprendendo a ver as horas no relógio. O digital ela consegue identificar bem rápido ~risos~. Qualquer um consegue, né. Enfim…
- Tá bom, dindo. - Ela disse sorrindo e voltou a comer seu bife acebolado com purê de batata. Sua comida favorita. Isso quando não tem lasanha. Ou cheeseburguer. Ou macarrão com queijo. Ou hot dog. Ou pizza. Ou pudim. Enfim, vocês entenderam, né?

Terminado o jantar, nós fomos ao terraço, que era coberto, para conversar, enquanto Sophie e o Charles, filho do Math, brincavam. Algumas horas depois, voltamos para o quarto. Sophie estava tão cansada que dormiu antes de chegarmos ao quarto. Carreguei ela e coloquei-a na cama de casal ao lado da minha. Troquei a roupa dela e deixei-a dormir. e eu ainda ficamos bebendo mais um pouco, na varanda do quarto.

- Eu estava realmente precisando dessa viagem. - disse suspirando, enquanto dava mais um gole em sua taça de vinho. - Nós precisávamos. - Completou. Naquela noite não estava nevando, o céu estava deslumbrante: escuro, estrelado e uma brisa gélida soprava em nossos corpos.
- Sim, como precisávamos. - Eu disse, também em suspiros. Mesmo com esse clima bom que faz nesta noite, eu estava apreensiva. Na verdade, desde que chegamos há alguns dias.
- Está tudo bem, amor? - perguntou.
- Sim, sim. Está tudo ótimo. A Sophie está feliz pela viagem, todos estamos nos divertindo. Está tudo ótimo, amor. - Menti. Em partes, pois, mesmo estando feliz por tudo que está acontecendo, eu estava preocupada com algo. E eu nem sei explicar o porquê.
- Fala logo o que é. - meu Deus, como ele pode me conhecer tão bem? E como eu não consigo esconder nada dele? Aff, não tem a menor graça!
- O que amor? Já disse que está tudo bem. É bobagem! - Disfarcei. Pessimamente.
- … - pronto! Me chamou pelo nome!
- Ahhh, não me chama assim, ! Eu falo, nossa! - Ele sorriu vitorioso. Eu suspirei derrotada e falei: - Eu estou com um mal pressentimento. Não sei explicar, mas, lembra daquele sonho que tive, antes da Sophie nascer? - Questionei. Ele arqueou a sobrancelha esquerda e afirmou com a cabeça. - Pois então, sonhei novamente algo parecido com aquele sonho. Como se fosse uma continuação, uma outra cena dele, não sei dizer, mas isso está me intrigando e muito!
- Confesso que estou com uma sensação ruim também, mas até agora não aconteceu nada de ruim e não vai acontecer, meu amor. Fica tranquila. Não vou deixar nada de errado acontecer com a gente! - Ele segurou firme em minha mão e eu me senti um pouco mais confortável. Ele repousou um beijo na mesma.
- Tudo bem, amor, confio em você. - Respondi sorrindo. - Espero ser apenas um pressentimento ruim. [n/a: pressentimento de mãe nunca falha...]

Terminamos o conteúdo da garrafa de vinho e fomos dormir. Consegui dormir bem por algumas horas, até que em dada parte da noite, às 2 AM eu acordei com o barulho do vento na porta da varanda e um frio incomum. Olhei para a porta e ela estava um pouco aberta. Sem saber muito por onde andava, eu levantei, calcei minhas pantufas do Donald (sim, eu ainda tenho elas) e fechei a porta. Que estranho. Jurava que o havia fechado quando entramos. Bem, voltei em direção a cama e foi quando eu vi que a cama da Sophie estava vazia. Meu coração acelerou e, de repente, um arrepio de desespero percorreu meu corpo.

- Sophie! Sophie! - Gritei desesperada, fazendo com que o acordasse, ligando a luz do abajur.
- Amor? O que houve? - Disse meio sonolento. Esfregou os olhos e viu que Sophie não estava na cama. – Amor, cadê nossa filha?!
- Eu não sei, . Meu Deus, Sophie!! Onde ela está? - Eu disse andando de um lado para o outro. - Meu Deus, sabia que algo de ruim aconteceria. Sophie! - Falei desesperada.
- Calma, amor, - disse e veio até mim, me abraçando - se desesperar não vai ajudar, está bem? Vamos achar ela. Deve estar andando pelo hotel. - Eu parei um pouco de gritar e tentei me acalmar.
- Olha amor, - eu disse apontando para a cama – a roupa dela sumiu. - Me referia a blusa de manga que ela estava usando. Ela mesma havia escolhido para usar no dia do aniversário, pois tinha unicórnios e era rosa e preta. - O macacão também sumiu! - Foi presente meu e do . Um conjunto de frio que tinha um macacão acolchoado, azul-marinho com bolas rosas com gatinhos dentro delas. Vinha um casado da mesma estampa, com um capuz de pelos, que ela não levou.
- Onde ela foi? Vamos, vamos atrás dela!

e eu descemos até o saguão do hotel. Perguntei para a recepcionista se havia visto uma garotinha passar por ali. Ela disse que não, mas verificou a câmera de segurança. Ela disse que na troca de turno com sua colega, a recepção ficou cerca de quinze minutos sem ninguém. Ela viu as imagens e nelas mostrou uma criança andando sozinha até a porta do hotel que, por algum motivo desconhecido, estava aberta. Argn, que incompetência! Por que diabos esta merda de porta está aberta?! Dei um muro no balcão para descarregar minha raiva. segurou minha mão e apertou de leve, tentando me acalmar. Prontamente, a recepcionista acionou os seguranças do hotel para procurarem pela Sophie. deu uma descrição de como ela estava vestida e uma foto dela para ajudar na procura. As pantufas dela também haviam sumido. Para onde ela foi tão equipada assim? E sozinha! avisou aos outros sobre o sumiço da Sophie. Me deram um chá bem quente para ver se eu me acalmava. Tudo que eu queria era sair para procurar a minha filha, mas e estavam me vigiando. Aliás, todos estavam me vigiando para que eu não saia. Começou a nevar e minha preocupação só aumentou. Só se passaram trinta minutos, mas parece que foram horas e horas de espera. Eu já havia chorado e parado várias vezes. e Chelle tentavam me acalmar, pois o chá não resolveu de nada. Me levantei e comecei a andar pelo hotel novamente, para ver se Sophie estava escondida. Ela tinha essa mania de se esconder em locais diversos pela casa. e Chelle foram comigo. Eu dei um jeito de fugir da vista delas e saí pela piscina aquecida. Lá tinha uma porta de dava do lado de fora do hotel. Eu vestia meu casaco longo e preto, escolha da Sophie. Segundo ela, como somos mãe e filha temos que nos vestir parecidas. Meu casaco também tem pelos no capuz, igual ao dela.




POV (continuação...)

Minha perseguição atrás da Sophie já deve ter uns vinte minutos. E a essa altura, e os outros já devem ter notado a minha ausência. Sinto muito gente, mas eu não posso ficar parada enquanto minha filha está sumida, nesse frio e ainda nevando. Andei meio sem rumo tentando encontrá-la. De repente, me dei conta de que o cenário a minha volta era terrivelmente parecido com o do sonho que tive e aquilo começou a me assustar. E muito.

- Sophie! Soooophie!! – Eu gritava por ela, clamava para que estivesse bem. – Sophie, cadê você!? Sophiiiiie! – Eu chorava e tentava me proteger do vento gélido que jogava neve na minha cara. - Meu Deus, filha, cadê você? - Falei baixinho, caminhando com dificuldade. A camada de neve estava ficando mais grossa.

Já estou andando há mais de uma hora e eu não sei mais o que fazer e nem para onde estou indo. A neve parou de cair faz vinte minutos, mas, depois dela, veio uma fina chuva que, aos poucos, foi molhando minha roupa. Minhas botas já estavam molhadas faz tempo, por conta da neve que cobria elas quase que completamente. De repente, agora que parou de nevar, percebi umas pegadas pequenas. Será que são da Sophie? Se tem pegadas agora, é porque são recentes; se fossem antigas, a neve que caiu já as teria coberto. Comecei a andar mais rápido e a gritar por ela. Ouvi um barulho vindo da floresta e fiz silêncio. Pude ouvir um choro de criança bem longe.

- Mamãe! Mamãe! - Não dava para saber se era ela, mas meu coração teve certeza de que era minha filha. Eu SEI que é ela. Acelerei os passos, caí algumas vezes, mas continuei firme. Chamei por ela mais uma vez e fiz silêncio. - Mamãe, socorro! Mamãe! - Segui a voz dela, vinha de dentro da floresta. Adentrei a mesma, desviando dos galhos das árvores e tentando não escorregar. Chamei por ela novamente. – Mamãe, eu ‘tô presa! - Presa? Onde?
- Sophie! Onde você está, filha?! - Gritei desesperada.
- Mamãe! – Ela estava chorando, estava assustada. Mas, onde ela está? De repente, percebi que tinha um vão dentro da floresta. Um local sem árvores no meio da floresta, justamente onde a lua iluminava. Eu gritei por ela novamente. - Mamãe? Mamãe, eu ‘tô aqui, socorro! - Estava escuro, mas a pouca iluminação que havia me revelou um buraco perto de uma das árvores.
- Sophie? - Chamei por ela. - Você está no buraco, filha? - Ela continuou chorando, mas não respondeu. Cheguei mais perto do buraco, tomando cuidado para não cair nele. - Filha! Eu vou te tirar daí, meu amor. Fica calma, mamãe está aqui! - Ela levantou a cabeça e sorriu ao me ver, mas continuou chorando. - Fica aí, meu amor. Mamãe vai te tirar daí. - Olhei em volta e procurei algum galho comprido para puxar ela de lá. No chão não tinha, mas uma das árvores tinha um galho fino. Eu o puxei, não sei de onde tirei forças, mas eu o puxei. Conseguiu tirar ele da árvore e voltei para o buraco. - Segura filha, segura firme que mamãe vai te puxar para cima, está bem?
- Tá mamãe, eu ‘tô com medo! - Ela disse chorosa.
- Mamãe está aqui, vai ficar tudo bem. - Ela segurou no galho e eu a puxei. Pelo menos tentei, né? Pois, logo ela escorregou e caiu novamente. Não vi outro jeito a não ser entrar no buraco também. Pulei nele e pude abraçar minha pequena. - Pronto bebê, já estou aqui. Está tudo bem agora. – Ela se encolheu nos meus braços. Estava tão fria, seu rosto estava vermelho e gelado. - Veste isso, meu amor, ou você vai ficar resfriada. - Eu tinha levado o casaco dela. Ela vestiu e voltou a se encolher em meus braços.

Como vamos sair daqui? Eu estava tentando ver uma maneira de tirar nós duas dali. Ainda chovia e o terreno estava úmido, obviamente, escorregadio. Porém, eu não podia ficar ali mais tempo. Sophie deve estar aqui a mais tempo ainda e ela estava molhada e começou a espirrar. Não posso deixá-la assim. Temos que sair daqui agora! Mas, como? Depois de pensar por alguns minutos, eu decidi que íamos ter que escalar. Eu ia ter que escalar, mesmo que esteja escorregando. Pedi para ela se agarrar firme em meu pescoço e apertar minha cintura com as pernas, de macaquinho nas minhas costas. Ela o fez e enterrou a cabeça em minhas costas. Comecei a escalar, estava escorregando muito, mas consegui me manter firme. O buraco não era tão profundo. Devia ter dois metros de altura. Eu só precisava alcançar o topo dele e me arrastar para fora ou conseguir jogar a Sophie para cima. Finalmente alcancei o topo do buraco e fui escalando mais. Minhas mãos estavam sujas de lama e, provavelmente, minhas unhas pretas. Não me importei muito. Eu só queria tirar minha filha daqui. Enfim consegui sair, me arrastando na lama/grama. Respirei fundo, puxando o ar com dificuldades. Estava ficando tonta, também estava espirrando e com dores nas pernas. Sophie continuou montada em mim e assim eu fui caminhando o mais rápido que pude até sair da floresta. Voltei a andar pelo caminho de neve que cortava a floresta. Reconheci o caminho e fui andando na direção do hotel. Pelo menos, eu acho que estou na direção certa. Pois não estava. Voltei para a direção certa, ainda com Sophie nas minhas costas. Ela estava acordada, não deixei que ela dormisse, pois tenho medo que desmaie, sei lá.
Não sei a quanto tempo estou andando, perdi a noção do tempo. Meu tornozelo está dolorido, o mesmo que fiz uma cirurgia há alguns anos. Eu caí no meio do caminho. Isso assustou a Sophie, que ficou preocupada comigo. Torci ele novamente, ótimo! Tudo que precisava era usar novamente aquela maldita bota ortopédica. Caminhar mancando, com o tornozelo doendo, na neve alta, não é algo fácil. Sem contar com uma criança de cinco anos nas costas e ela está bem pesadinha. Mas, o importante é que minha pequena está aqui comigo. Salva. Eu que esperasse lá no hotel até que alguém a achasse. Lerdos. Capaz de amanhecer e eles ainda estarem procurando por ela. Pois, eu resolvi em poucas horas!
Comecei a ficar tonta novamente, estou tão cansada... está amanhecendo já e eu nem sei direito onde estou mais. Deus, me dá a direção certa para voltar para casa! Sophie estava dormindo, deixei que ela dormisse, pois, a bichinha está cansada depois dessa aventura forçada na floresta. Minha visão ficou cada vez mais turva. A falta de ar era uma constante há algumas horas e a tontura também. O mesmo que sentia quando estava grávida da Sophie. O que eu mais temia que acontecesse com a Sophie, aconteceu comigo. Eu desmaiei e caí com tudo na neve. Sophie foi arremessada para fora das minhas costas, o que fez com que ela acordasse.

- Mamãe? Mamãe! - Ela disse ao me ver caída com a cara na neve. - Acorda mamãe, ‘tá de dia já! – Realmente, já havia amanhecido, não nevava mais, mas fazia um frio congelante.
- ! Sophie! - Ouvi gritos vindos ao longe. Levantei a cabeça devagar, fui acordando aos poucos.
- Olha mamãe, é o dindo! - Sophie apontou para direção que estávamos andando, eu vi algumas silhuetas correndo em nossa direção. Desmaiei novamente. - Mamãe! Não dorme!
- Sophie! Amor! - gritou ao nos ver e deslizou ao meu lado. - O que houve com a mamãe, filha?
- Ela ‘tá dormindo, ela caiu e eu caí das costas dela papai. - Ela respondeu.
- Você está bem, filha? - Ele perguntou para Sophie que apenas sorriu para ele confirmando com a cabeça. - Que bom, bebê, fiquei preocupado. Depois vamos conversar, está bem, mocinha! - Ela fez biquinho e ele deu um beijo na testa dela, abraçando-a.
- Sophie, vem com o dindo. Vou cuidar de você. - carregou ela que o abraçou com força.
- ? Amor, acorda? - Ele me pegou nos braços. - ? - Ele tirou alguns fios de cabelo do meu rosto.
- O que houve? - disse se aproximando de nós. - Maninha!
- Acho que ela desmaiou. Ela está gelada. Temos que voltar para o hotel, rápido! - disse. - Me ajuda a levar ela, .
- Vamos, a ambulância está esperando mais à frente. - Eles me carregaram até uma ambulância. Já na maca, eu acordei – Maninha! Você está bem?
- O que aconteceu? - Eu disse arrastando a voz. - Sophie? Cadê a Sophie? - Perguntei ao ver que ela não estava ali comigo.
- Calma, está com ela no outro carro. Estamos voltando para o hotel.

Respirei aliviada por estar tudo bem. Chegando no hotel, fui examinada, estava tudo bem. Sophie também tinha sido examinada, ela estava com um pouco de febre. Foi medicada e agora está dormindo na cama quentinha, com roupas limpas. está cuidando dela, enquanto eu estou tomando banho. Ainda estava tonta e me sentia fraca. trouxe café da manhã para nós.




POV

Finalmente estou no quarto com minha mulher e minha filha, sãs e salvas. Bem, Sophie ainda está com o no outro quarto. Estou aqui cuidando da , pois ela ainda não se sente bem. Está se lamentando, pois ela sentia um pressentimento ruim e mesmo assim marcou a viagem. Mas, não é culpa dela. Não é culpa de ninguém, simplesmente aconteceu. Não dá para adivinhar que sonhos assim se realizarão. Dá para prevenir e, da próxima vez, temos que trancar a porta do quarto para Sophie não sair andando por aí sozinha.

- Olha quem está aqui! - A voz do invadiu o quarto.
- Mamãe! Papai! - Sophie disse feliz e veio correndo na nossa direção.
- Meu amor! - Deu um abraço forte em mim. - Que bom sentir esse abraço gostoso! Está tudo bem, mocinha?
- Uhum! Eu estava com o dindo e a dinda no outro quarto. Eu já tomei café da manhã. – Ela disse sorrindo.
- Comeu tudo, mocinha? - falou e apertou de leve o nariz dela.
- Ai, mamãe! Comi sim! Tudinho! - Ela disse num tom orgulhoso de si mesma.
- Princesa, diz para seus pais o que disse para mim e para dinda. - disse e nós olhamos para ele com cara de interrogação. - Ela vai explicar o porquê de ter sumido ontem, não é mesmo, Sophie? - Ele cruzou os braços e fixou o olhar na Sophie. Todos fizemos o mesmo.
- Fala Sophie, por que você sumiu ontem? - Eu perguntei meio angustiado.
- Eu fui ver as montanhas que o dindo tinha prometido me levar. - Ela falou cabisbaixa. Eu levantei seu queixo.
- Sozinha? De noite? - Eu falei firme. Nunca fiquei assim antes ao falar com a Sophie, acho que a nunca me viu assim. Eu estava sério, com o cenho franzido. – Por que não esperou seu padrinho te chamar? Hein, Sophie? - Ela olhava para mim com um bico de choro. Estava me dando pena (ela está fazendo a mesma carinha que a faz, puta merda), mas era necessária a bronca.
- É por que o dindo disse ontem que hoje a gente ia ver as montanhas e na escola a professora falou que quando é meia-noite, já começa outro dia, e eu olhei no relógio do quarto e mostrava que era meia-noite já; aí eu peguei minha roupa, vesti e saí para chamar o dindo, mas ele estava dormindo; aí eu fui sozinha porque eu queria muito ver as montanhas, mas estava nevando; aí estava escuro e começou a chover. Quando eu percebi eu estava perdida; desculpa, papai. Desculpa, mamãe. Desculpa, dindo. Eu sei que não devo sair sozinha na rua, mas eu queria ver muito as montanhas.

Ela falou, disparadamente e depois começou a chorar. Não resisti e soltei um sorriso junto com um barulho. me olhou e eu logo entendi que não devia ser tão duro com ela, apesar da gravidade do ocorrido.

- Tudo bem, Sophie, não chore, vem cá. – Peguei ela no colo e enxuguei suas lágrimas. - Prometa que nunca mais fará isso, está bem? - Ela afirmou que sim com a cabeça.
- Eu expliquei para ela que, da próxima vez que formos sair, será de dia e, mesmo se for à noite, vocês dois ficarão sabendo. E que ela só pode sair acompanhada por um de nós. - disse sorrindo.
- Foi. Verdade, papai, e eu já entendi que fiz besteira. Prometo que não faço mais, ‘tá? Não fica bravo comigo, papai! – Ela inchou as bochechas e fez biquinho de novo. Eu não resisto a essa carinha que ela faz.
- Tudo bem, meu amor! – Eu disse, depositando um beijo em sua testa.

Ficamos mais dois dias aqui. Depois, arrumamos nossas coisas e voltamos para Quebec e de lá para LA. , Sophie e eu fomos para San Diego para nossa casa. Assim que chegamos, a primeira coisa que Sophie fez foi ir para o quarto dormir. Disse que estava cansada da viagem. Ainda é cedo, nem deu 19h. Acho que nossa pequena está cansada da aventura que teve nesta viagem. agora está mais calma. Ficou o tempo todo, durante a viagem de volta, me contando sobre sua peregrinação atrás de nossa filha no meio da floresta e da neve. Contou do medo que sentiu ao ver a Sophie dentro daquele enorme buraco. Do medo que sentiu da nossa filha ficar doente ou algo pior. E, enquanto ela me contava, eu sentia calafrios e um medo imenso. Medo de perder as minhas duas preciosidades.
Hoje já é quinta-feira e já estamos no estúdio para gravar o nosso novo CD. Sábado temos um show em Orlando e depois em San Diego, pertinho de nossa casa, no domingo. Ainda tempos nosso apartamento, aquele que eu morei sozinho por um tempo e depois a veio morar comigo, em LA, então, quando nós viemos para cá (para gravar ou seja lá o que for), ficamos nele. trouxe Sophie para o estúdio para a gravação. Elas estão lá na outra sala, enquanto gravamos. De repente, para minha surpresa, ela entra no local de gravação com uma câmera nas mãos.

- Wow, vai fotografar, gatinha? – Eu falei e fiz um olhar sedutor para ela que logo sorriu e arqueou as duas sobrancelhas e piscou para mim.
- Vim tirar suas fotos, senhor . – Falou com uma voz extremamente sexy e me deu um beijo estalado na boca.
- Vou fazer pose, então... – falei e comecei a fazer caras e bocas para ela, que logo ia registrando cada uma delas. Eu estava tocando. Ensaiando os acordes novos que irei gravar mais tarde.
- Prontinho senhor, fotos tiradas. – Ela disse e se aproximou do meu ouvido, sussurrando: – Quero meu pagamento depois... – e mordeu minha orelha. Suspirei, começando a ficar excitado, virei meu rosto para ela e sorri de canto de boca.
- Mais tarde eu te pago, ok? – Eu disse e ela sorriu safadamente.

saiu do local de gravação e me chamaram para gravar a minha parte. Me despedi da fotógrafa mais gostosa que eu já vi na vida, que mulher maravilhosa, e entrei na salinha de gravação. Ela tirou mais uma foto do lado de fora e voltou a sumir para fora da sala. Terminada a gravação eu saí e me juntei aos outros, só faltava a minha guitarra para gravar. Depois, fomos todos jantar num restaurante aqui perto. Os dias passaram e logo chegou o show de San Diego, foi insano! Após o show, e eu voltamos juntos para casa e encontramos a babá e a Sophie dormindo na sala, como sempre. Sophie sempre faz a babá esperar por mim ou pela , quando saímos, aqui na sala. Acordamos a babá e paguei um táxi para ela voltar para casa. Carreguei nossa filha até seu quarto e a coloquei na cama. Logo, e eu, também estávamos dormindo. No meio da madrugada, o celular dela começa a tocar. Ela estava tão cansada de ter fotografado o show inteiro, passou horas em pé tirando foto até da entrada dos fãs, que nem ouviu o celular tocar. Eu despertei, peguei ele e atendi a ligação. Nem vi quem era.

- Alô? Quem é? – Falei com a voz sonolenta.
- ? – Logo reconheci a voz do do outro lado. – Desde quando você atende o celular da minha irmã?
- Ela está dormindo, não ouviu tocar. – Respondi ainda sonolento e perguntei, curioso – O que houve, cara? São quase 2AM. – Falei e me sentei na cama, coçando os olhos.
- Abre a porta. Estou aqui fora. Posso dormir aqui, por favor? – Só agora notei que a voz dele tinha um tom entristecido. Com certeza, o havia chorado. Sua voz estava um pouco rouca também.
- Claro que pode. Espera. – Desliguei a chamada e levantei da cama, coloquei o roupão e, antes de sair, acordou.
- ... – falou com a voz manhosa – Volta para cama, amor. – Awnt, que fofinha!
- Amor, seu irmão está aí na porta. Acho que aconteceu alguma coisa. Ele estava chorando. – Uma coisa para falar para e fazer com que ela desperte de qualquer sono: falar que o irmão dela está precisando de ajuda. De imediato, acordou e levantou também, vestindo seu roupão.
- ! O que houve, irmão? – disse após encontrar com o irmão na porta de nossa casa. Liberei o portão e deixei ele entrar. Ele tinha a feição bastante abatida.
- Briguei com a Chelle e saí de casa. – Ele disse cabisbaixo. ficou boquiaberta e foi abraçar o irmão. Pete encostou a cabeça nos ombros dela e fechou os olhos com força. – Posso ficar aqui hoje? – Questionou quase chorando.
- Claro que pode, meu amor. Claro que pode! Vem cá... – disse e puxou o irmão para dentro de casa. Eu acompanhei eles, calado. Imagino a dor que Pete está sentindo agora: brigar com quem se ama é destrutivo para o coração. – Quer tomar um banho? – Perguntou . sentou-se no sofá e deu de ombros. Ela olhou para mim, esperando ajuda. Eu nem sei o que dizer, amor...
- Quer comer algo, ? – perguntei e me olhou como se dissesse “Que pergunta idiota, amor!”.
- Não. Estou sem fome. – Claro que está, comemos bastante no camarim após o show, antes de virmos para casa. Essa briga deve ter rolado quando ele chegou em casa. – Mana... me dá um abraço? – Pete disse com um olhar parecido com o olhar que a faz quando está triste ou quando quer algo de mim: um cafuné, por exemplo.

sentou-se ao lado do irmão e abraçou ele. Pete estava de costas, então nem viu quando ela disse, sem emitir som, que ficaria ali com ele. Eu falei, também sem emitir som, que subiria para ver a Sophie e deixei eles à sós. Ela deitou-se no sofá e deitou em seu colo, a cabeça apoiada na barriga dela. acariciou seus cabelos, como ele fazia com ela quando estava triste ou como ela faz comigo quando eu quero um colo dela. Eles acabaram adormecendo. Uma hora depois eu desci e encontrei os dois dormindo. Me aproximei deles e dei um beijo na testa da , que logo acordou.

- Desculpa, te acordei. – Falei sussurrando, para não acordar o .
- Tudo bem, amor. – Ela respondeu sorrindo e voltou a acariciar os cabeços do irmão.
- Quer que eu traga um cobertor?
- Por favor... – subi e peguei um edredom para cobrir eles. Ao voltar, joguei o edredom por cima do , que se ajeitou aninhando-se no colo da . – Obrigada, amor. – Ela disse selando nossos lábios. Trouxe também um travesseiro para ela colocar nas costas. – E a Sophie?
- Dormindo. –Sussurrei e ela sorriu. – Qualquer coisa me chama, ok? Vou ficar no escritório. – Falei e ela assentiu. Selei nossos lábios e fui até o escritório.

Já no escritório, que fica ao lado, e sentei numa poltrona. Acabei perdendo o sono. São 3:15AM. Peguei o notebook e apoiei no colo. Liguei e coloquei algo para ver na internet. Pus os fones, para não incomodar e que dormiam na sala. Não demorou muito e eu também adormeci.
Na manhã seguinte, eles despertaram primeiro que eu. foi até o escritório me acordar, enquanto Pete preparava café da manhã, hoje é o dia de folga da empregada. Ela me deu um beijo doce e quente na boca. Belíssima maneira de acordar.

- Bom dia, meu amor! – Ela disse sorridente e me deu outro beijo. – Dormiu todo torto na cadeira de novo, né? – Falou e tirou o notebook do meu colo. Me ajeitei na cadeira e cocei os olhos.
- Bom dia, minha querida. E o ? Está melhor? - Perguntei curioso.
- Parece que sim. Saí da cozinha porque ele recebeu uma ligação da Chelle. Parece que vão conversar e se acertar. Tomara! – Ela disse animada. – Meu irmão estava tão mal ontem. Fiquei morrendo de pena... – completou a frase sentando-se no meu colo.
- Pois é, espero que se acertem de vez. – Eu disse e ela concordou com a cabeça. – Vou ver como a Sophie está. – Falei e ela se levantou do meu colo.
- Olhei ontem, veja mesmo, pois ela estava um pouco quentinha, mas acho que era o aquecedor do quarto que está forte demais. Até diminuiu um pouco. – Ela disse e eu assenti.
- Já volto, amor. – Caminhei até a escada e subi. Antes de entrar no quarto da Sophie, pude ver entrando na cozinha. Abri a porta, que estava apenas encostada, e entrei. Sophie estava choramingando, sentada na cama. – Filha, o que houve, meu amor? – Perguntei, aproximando-me da cama dela e me sentando na mesma.
- Papai, ‘tô com dor de cabeça. – Ela disse manhosa. Passei a mão na testa dela, afastando os cabelos bagunçados, e constatei que ela estava queimando de febre.
- Você está com febre, filha. Caramba... – carreguei ela no colo e ela imediatamente encostou a cabeça no meu ombro.
- ‘Tá dodói, papai, tá doendo muito... – depois de ver a chorando, meu segundo ponto fraco é ver a Sophie chorar. Me corta a alma.
- Vai passar, bebê. Vai passar. – Peguei um casaco para ela e desci as escadas apressado. Cheguei à cozinha e encontrei e preparando o café. – Gente, a Sophie está com febre. Muito alta! – Ambos os olhares caíram sobre mim e veio apressada e pegou Sophie no colo.
- Meu Deus, filha! – Disse ela ao ver que Sophie está com febre alta.
- Mamãe, ‘tá doendo, faz parar. – Ela chorava desesperada com dor de cabeça.
- Calma, filha, vai passar. – Ela disse e depois se virou para mim dizendo: – Temos que ir ao hospital, agora!
- Já peguei as coisas dela. Vamos! – Eu disse e nós quatro fomos para o hospital. Sophie não quis ficar na cadeirinha dela, então, foi no colo do .
- Sophie? Sophie?! – Ele disse, de repente, já estávamos a caminho do hospital. – Gente, acho que ela dormiu... Sophie?!
- Meu Deus, corre, ! – disse desesperada, pois Sophie estava, na verdade, desmaiada. – Tudo culpa minha! Eu deveria ter ficado com ela ontem quando vi que ela estava quentinha. Idiota! – ela gritava para si mesma, se culpando pela febre da Sophie. – Irresponsável! – Começou a bater na porta do carro. Eu olhava para ela, angustiado, com medo dela se bater.
- ! Para, amor, por favor. Fica calma! – Falei e segurei seu braço com uma das mãos, a outra mantive no volante, já estamos quase chegando.
- Minha irmã, não é culpa sua, calma! – disse. parou de bater em tudo e chorou compulsivamente.
- Hey, amor... – falei chamando a atenção dela, ainda segurando seu braço. Quando ela olhou para mim, ainda chorando, eu disse: – Eu te amo! Vai ficar tudo bem com nossa filha, ok? Fica calma! – Falei e ela beijou minha mão, fiz o mesmo com a mão dela. Ao chegarmos no hospital, Pete foi o primeiro a descer, levando Sophie, ainda desacordada, com ele. foi atrás.
- Ajuda, por favor! Minha sobrinha está desmaiada e com uma febre muita alta! – disse ao entrar no hospital. Logo dois enfermeiros trouxeram uma maca e levaram minha filha para dentro do atendimento.
- Os documentos da paciente, por favor. – Disse a recepcionista. Neste momento, eu vinha entrando.
- Seb, os documentos da Sophie, cadê? Já levaram ela lá para dentro. – Pete disse, me abordando, antes mesmo de eu falar qualquer coisa.
- Aqui. – Falei, entregando os documentos dela e os meus para a recepcionista. – Amor... – falei ao receber um abraço da Li que me agarrou pelas costas. Virei ela para mim e acariciei sua nuca. – Vai ficar tudo bem. Vai ficar tudo bem!

Quase duas horas se passaram e nenhuma notícia da Sophie. Apesar de nossas insistentes idas até a recepção, atrás de alguma novidade, nada de novo vinha de lá. Até que, finalmente, o médico veio falar conosco. Ele disse que Sophie está fora de perigo, mas que precisará dormir no hospital porque ainda está com falta de ar. A febre está cedendo e sua dor de cabeça, segundo ela mesma, havia passado. O médico explicou ainda que ela teve um quadro de gripe leve, porém, se não fosse atendida rapidamente poderia se agravar. Fomos visitar a pequena e ela ficou bem contente ao nos ver. Queria descer da cama, mas é claro que não deixamos, né?
No dia seguinte, levamos Sophie para casa muito melhor que ontem. O médico passou alguns remédios para prevenir que a febre retorne ou que a falta de ar volte também. Ela está cansada e foi direto para cama quando chegamos. Pete voltou para casa dele, parece que se acertou com a Chelle. Que bom! e eu estamos tão cansados que fomos dormir também.
Na manhã seguinte, acordei com o barulho da vomitando no banheiro.

- Amor? – Perguntei, me levantando e caminhando até o banheiro. Chegando lá, encontrei a debruçada no vaso sanitário, vomitando. – Está tudo bem, bebê? – Pergunta idiota, né, ?
- Não... – disse rapidamente e voltou a vomitar. Segundos depois, ela me olhou meio enojada com o que acabou de fazer. – ... acho que estou grávida. Está atrasada... – ela disse e meus olhos se encheram de lágrimas de felicidade.
- Tem certeza, amor?! – Após ela confirmar com a cabeça, eu me aproximei dela, agachando ao seu lado – Que maravilha, amor! Estou tão feliz! Seremos papais de novo!! – Eu disse animado e ela me abraçou sorrindo, mas logo voltou a vomitar bastante enjoada.
- Ahhh, eu não vomitei tanto assim na gravidez da Sophie... Aff! – Ela disse e revirou os olhos. Eu ri e ela riu junto comigo.

Alguns meses se passaram e confirmamos a gravidez dela. Ela já está com sete meses. É um menino! Gustavo será o seu nome. Sophie ficou muito animada em ter um irmãozinho. Não fala em outra coisa e está mais empolgada do que eu e juntos para o nascimento do Gustavo.

[...]

No dia do nascimento do Gustavo eu estava presente desde o início. Desta vez, ele nasceu em um dia planejado, no tempo certo e, por sorte, não tínhamos show no dia. Estávamos todos juntos na casa do e Chelle, comemorando mais um aniversário da Chelle, quando a bolsa da estourou e fomos todos para o hospital. Chelle ficou feliz pelo Gustavo nascer no mesmo dia que ela. Só não está mais contente do que eu e a . No nascimento da Sophie eu estava no palco gravando o DVD ao vivo da banda, mas, desta vez, eu pude acompanhar todo o processo: desde o rompimento da bolsa, as contrações, o esforço que fizemos para que o Gustavo saísse de dentro da (sim, pois minha mão dói até hoje pelos apertos da nela), até o primeiro chorinho do nosso bebê, todo gordinho, e melado de sangue. Realmente, foi muito emocionante acompanhar tudo desde o início. Sophie é só alegria com o irmãozinho novo. Toda babona, fica o tempo todo grudada na mãe para cuidar do irmão também. Ela disse que agora está mais responsável e que não dará trabalho para gente, pois ela sabe que o Gustavo já dá bastante trabalho. Essa nossa filha é uma coisa linda. Amo demais!

3 anos depois...
Hoje é meu aniversário. 39 anos, caramba, estou quase quarentão! HAHAHA fica me zoando, mas esquece de que é mais velho do que eu e que ele já fez 41 anos. “Mas, continua bonitão!”, sempre dizia a quando o começava com esse papo de idade. Nesse intervalo de tempo, e Chelle tiveram uma filha também, a Soren, e eu sou o padrinho junto com a . O Gustavo está com três anos e e Chelle são os padrinhos.

- Dessa vez me escolheu para ser o padrinho! Achei que ia fazer quinze filhos e eu não seria padrinho de nenhum deles, maninha!

Lembro do choramingar isso durante a viagem que fizemos ao Canadá, foi quando levamos o Gustavo, ainda bebezinho, para nossos pais conhecerem. Oficializamos o Pete como padrinho dele durante o batizado na igreja e tudo mais. fez 29 anos no início deste ano, 2020, e eu estou tão feliz, pois comemoramos, semana que vem, mais um ano de casamento. Seis anos de casamento e doze anos juntos. Estamos preparando a festa do meu aniversário aqui em casa. As crianças estão lá embaixo correndo pelo quintal, enquanto eu estou aqui no quarto me arrumando.

- Hummm, está cheiroso! – disse, me abraçando por trás e me dando um beijo no pescoço.
- Tudo para agradar minha linda esposa. – Eu disse, sorrindo e ela me virou para si. Abracei-a pela cintura e dei um beijo gostoso.
- Te amo tanto, amor. Você nem imagina o quanto! – Ela disse manhosa, enquanto esfregava o rosto levemente pelo meu. Me encarou sorrindo e completou: – Feliz aniversário, amor.
- Obrigado, minha linda, estou feliz, sabia? – Falei e ela concordou com a cabeça. – E eu te amo tanto, mais do que você a mim. – Ela arqueou a sobrancelha rindo.
- Ah, mas isso não mesmo, senhor . – Disse, ainda arqueando a sobrancelha – Eu te amo muito antes de você parar de me notar apenas como irmã mais nova do seu melhor amigo – ela disse jogando na minha cara a minha covardia em admitir meu amor por ela antes.
- Ah, mocinha, mas isso não é verdade. – Falei e ela fez biquinho, retorcendo a boca em reprovação – Eu te amava, mas não queria admitir. – Falei – E desmancha esse bico, senão vou morder ele. – De imediato, ela desmanchou o biquinho que fazia e riu. Da última vez que ela fez um bico parecido, eu cumpri minha fala de morder o bico dela. Doeu mais em mim, pois apanhei bastante dela.
- Bobão! Nem parece que está fazendo 39 aninhos, continua gostoso e bobo! – olhou para mim de cima abaixo, sem sair do meu abraço, me analisando. – É, está muito gostoso esse meu maridão! – Concluiu o pensamento e piscou para mim.
- Se eu estou gostoso, imagina você... uma delícia de mulher e eu durmo com ela todo dia. Nossa! Que maravilha!

Ela começou a me beijar ferozmente, com desejo. Retribuí tal desejo e começamos a andar devagar até chegarmos até a cama. Antes mesmo de deitarmos nela, ouvimos um barulho de gritos. Paramos de nos beijar, sem sair do abraço, e olhamos para direção do barulho.

- Para, Gustavo, vem cá! – Sophie gritava. Ela agora está com oito anos (fará nove anos no fim do ano), uma meninona linda e inteligente, igual a mãe. Gustavo, agora com três anos, chegou primeiro que ela na corrida. – Deixa a mamãe e o papai conversarem, vem cá, Gu! – Sophie disse e puxou o irmão pela camisa e o carregou no colo.
- Devagar Sophie, para não derrubar seu irmão. – Alertei.
- Pode deixar, papai. – Ela disse e foi saindo com o Gustavo no colo.
- Eu quelo ver o papai e a mamãe, me solta Tchôfi. – “Tchôfi” era como o Gustavo pronunciava o nome da Sophie. Ouvimos a voz dele reclamando até sumir quarto adentro. Na certa, Sophie levou ele para o quarto para brincarem lá. e eu nos olhamos e rimos.
- Nossos filhos são uns amores, né? – Ela disse rindo.
- Puxaram a você: uns amorzinhos iguais a mamãe. – Eu disse meio bobo e voltamos a nos beijar. – Amor, a festa? – Perguntei ofegante. Já estávamos deitados na cama. Ela sorriu maliciosamente
- Podemos nos atrasar alguns minutos, amor. – Disse e voltou a me beijar. – Ah, espera. – Levantou-se e me largou na cama, abandonado. Foi até a porta, fechou-a e se virou encostada na porta sorrindo de canto de boca. – Deixe-me te dar o seu presente de aniversário.
- ... – Eu não conseguia esconder a minha cara de desejo ao vê-la tirando a roupa devagar e jogando cada peça em cima de mim. Aspirei o cheiro dela em cada peça e depois de seu pescoço, quando ela se deitou por cima de mim. – Você é maravilhosa, ! – Ela não quis tirar o sobrenome da família dela quando nos casamos, mas isto não é importante agora. O que importa é que nos entregamos a alguns minutos de puro prazer e amor intenso. Após o maravilhoso ato, nos abraçamos, ainda na cama, e suspiramos aliviados.
- Amor... – ela disse e eu apenas resmunguei um “hm...” – Você tem noção de que estamos há seis anos casados? – Ergueu um pouco o corpo e me encarou sorridente.
- E doze anos juntos. – Completei e ela sorriu ao saber que eu sabia exatamente quanto tempo temos de relacionamento – Achou que eu não estivesse prestando atenção nisso, né? – Ela concordou com a cabeça e nós rimos. – Pois estou, tudo que diz respeito a você ou aos nossos filhos me interessa. Eu te amo, . Muito!

Nos beijamos novamente com muito amor envolvido. Tomamos outro banho e nos arrumamos de novo. Ao descermos para a festa no quintal, já estavam todos lá. Questionaram nossa demora, mas logo despistamos aos risos. e eu temos uma história longa, doze anos não são doze dias, né? Uma história longa, mas nem por isso finita. Quero ter muitos e muitos anos a comemorar ao lado dela e de nossos filhos. Nossas conquistas, que são as coisas mais importantes em nossa relação. Além, é claro, do nosso imenso amor mútuo e respeito, da mesma maneira. Eu não consigo imaginar minha vida sem ela, acho que desde que a conheci melhor, há anos, que eu tive certeza, quando ela tinha dezessete anos e eu tive aquele pressentimento de que ela precisava de mim (e, de fato, precisava), que eu tive certeza de que ela é a mulher da minha vida. E de que o amor que eu sentia não era apenas proteção com a irmã mais nova do meu melhor amigo. Era amor de verdade. Era desejo. Era amor dos mais puros e intensos de que se pode sentir por alguém. E ele perdura além da vida. Pois, nós somos almas afins. Nossas almas se amam e nada nem ninguém as separará. Pela eternidade. E mais um dia, quem sabe.



Fim!



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Nota da autora: Wow! Acabou, né? Nossa, parece que estou me despedindo de um filho que vai para faculdade. Dramático! Estou escrevendo esta nota final ao mesmo tempo que termino minha revisão (que faço em todas as fics que escrevo) antes de mandar para minha querida Scripter, Aninha ❤️. Esta fic já teve quatro nomes diferentes (contando com esse), mudei, pois já tinha outra fic com o nome original e, os outros dois, não eram tão bons assim.
Queria agradecer a todo mundo que leu, todo mundo que tirou um tempinho do seu dia para mergulhar nessa história e obrigada pelo feedback de vocês, significa muito para mim! E, um último agradecimento, ao Seb Lefebvre (mesmo que ele não saiba, vou sempre agradecer a ele) e aos caras do Simple Plan (que fizeram parte da fic: Jeff, Dave, Chuck – meu melhor amigo do mundo - e Pierre – que foi meu lindo e superprotetor irmão), por me inspirarem a escrever e manter minha mente feliz e produtiva. Te amo, Seb <3 Amo vocês, Simple Plan’s <3 (espero um dia, depois desses DEZEZOITO ANOS sendo fã deles, conhecer os caras)

Anyway, só tenho a agradecer. De verdade, estou feliz por mais uma fic publicada e outra long finalizadaaaa!

Até a próxima, amores!
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2bjs da Li ;)
See ya! \/





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