Última atualização: 16/12/2024
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"I can make you mad, I can make you scream
I can make you cry, I can make you leave
I can make you hate me for everything
But I can't make you come back to me"


Eu ainda estava lá parado na porta que ela havia fechado na minha cara. O som da batida ecoava na minha cabeça como se tivesse sido um tiro. Não era apenas a madeira que havia se fechado. Era ela. Era o mundo que eu construí com tanto esforço desabando em silêncio.
Respirei fundo, tentando controlar a mistura de raiva e desespero que se embolava no meu peito. Minhas mãos tremiam ao se fechar em punhos ao lado do corpo. Por um momento, pensei em ir embora, mas meus pés não se moviam.

— Por favor, abre a porta. — Minha voz saiu baixa, quase suplicante, e eu odiei isso. — A gente precisa conversar.

Nenhuma resposta.
Encostei a testa na porta, fechando os olhos. Podia ouvi-la lá dentro, os passos dela, talvez hesitantes. Talvez decididos a me ignorar.

— Eu sei que você está me ouvindo, — continuei, tentando controlar o tom. — Você tem todo o direito de estar brava comigo, mas me escuta só dessa vez, por favor.

Silêncio.
O que eu estava esperando? Um milagre? Ou que ela simplesmente esquecesse tudo o que aconteceu?

— Eu sei que errei. — Minha voz falhou, mas eu segui em frente. — Não vou tentar justificar nada. Eu fui um idiota. Um completo idiota. Mas... você precisa entender... — Engoli em seco, tentando encontrar as palavras certas. — Eu não consigo lidar com isso. Com a ideia de perder você.

Ainda nada.
Apoiei a palma da mão contra a porta, quase como se pudesse alcançá-la através dela. Aquele pedaço de madeira era tudo o que nos separava agora, mas parecia um abismo.

— Eu posso te fazer odiar cada parte de mim, se é isso que você quer. Eu já faço isso, então, é fácil. — Dei uma risada amarga. — Mas eu não consigo fazer você voltar. Eu só...

Minhas palavras se perderam.
Do outro lado, ouvi um barulho. Uma sombra de movimento. Ela estava ali. Tão perto e, ao mesmo tempo, tão inalcançável.

— Por favor, — sussurrei mais uma vez, a voz quase inaudível. — Só me deixa tentar.

E então, silêncio novamente. O tipo de silêncio que destroi qualquer esperança.

⚠️⚠️⚠️


“Called me all day but I never pick up
Instead of pulling my weight
Always pushing my luck
You gave me all that I could take
Yeah, I took it all for granted
Head up in the clouds
Yeah, I never understand it”





A caminhada de volta para casa foi longa. Ou talvez não fosse. Eu não sabia dizer, o tempo parecia distorcido na minha mente, assim como todas as lembranças que vinham à tona, me atingindo como um soco no estômago.
Ela costumava me ligar o dia todo. Quando brigávamos, era sempre assim. O celular vibrava incessantemente, e eu olhava para a tela, vendo o nome dela aparecer repetidamente. Uma parte de mim sabia que eu deveria atender. Que eu deveria ter atendido.
Mas não atendia.

"Ela vai me perdoar," eu dizia para mim mesmo. Sempre dizia. E ela sempre perdoava.

Naquele tempo, eu achava que as coisas eram simples. Que o amor dela por mim era inabalável. Que eu podia errar, e ela estaria ali, esperando com os braços abertos. Eu puxava minha sorte como uma corda frágil, testando até onde poderia ir antes que ela se rompesse.
Me lembro de uma vez, sentado no sofá da sala, enquanto o telefone vibrava na mesa de centro. Eram onze da noite. A décima segunda ligação dela no dia. Eu apenas olhei para o aparelho, suspirei e o virei para baixo, ignorando o som.

“Ela está exagerando,” eu disse a mim mesmo. Uma desculpa patética para a minha própria covardia.

Agora, parado na porta do meu apartamento vazio, percebia o quanto fui idiota. Tudo o que ela queria era falar, resolver as coisas. Era tão simples. Ela me dava tudo, até o que eu não merecia. E eu? Eu dava silêncio.
Fechei a porta atrás de mim e larguei as chaves na mesa. O eco do metal contra a madeira parecia gritar pela casa vazia. Sempre tive a cabeça nas nuvens, como se nada disso fosse importante o suficiente para eu levar a sério.
Só agora, quando já não tinha mais o que levar a sério, entendia o que havia perdido.
Joguei-me no sofá, passando as mãos pelo rosto. Ainda podia ouvir a voz dela na minha cabeça, mesmo que há dias ela não dissesse uma palavra para mim.

“Você nem tenta,” ela disse na última vez que brigamos. “Eu faço tudo, e você só espera que eu esteja aqui. Para sempre.”

Na hora, eu tinha revirado os olhos, como se fosse um drama exagerado. Agora, sentado no escuro, as palavras dela eram tudo o que eu conseguia ouvir.
Eu a tomei como garantida. Tomei o amor dela, a paciência dela, os esforços dela como algo garantido. E agora? Agora, tudo o que eu tinha era arrependimento.
Peguei o celular. Nenhuma notificação. Nenhuma ligação perdida dela. Pela primeira vez, ela não tentou.
E eu finalmente entendi o que era perdê-la.

⚠️⚠️⚠️


“I remember thinking, I don't need you
But then time passed by and it's so untrue
Now, I'm thе rain over your parade
Reason you'rе over me
Yeah, I always keep making the same mistakes
Maybe I never deserved you anyways”





A chuva caía pesada, cada gota se misturando com a culpa que pesava em meus ombros. Eu estava parado na porta do prédio onde ela trabalhava, encharcado até os ossos, mas incapaz de sair dali. A cada minuto que passava, o vento gelado parecia zombar da minha insistência, mas eu não conseguia me mexer.
Quantas vezes eu já estive nessa posição? Não literalmente na chuva, mas esperando. Esperando que ela voltasse, esperando que ela perdoasse, esperando que ela fizesse por nós dois o que eu nunca tive coragem de fazer.
Dessa vez era diferente. Não havia mais garantias. Eu sabia disso. E mesmo assim, não consegui ficar longe.
As pessoas passavam por mim apressadas, protegidas por guarda-chuvas ou correndo para escapar da tempestade. Mas eu estava ali, fixo, os olhos grudados na porta de vidro do prédio, esperando que aparecesse.
Eu me lembrava do quanto fui estúpido. Do quanto a subestimei. Havia um tempo em que eu pensava não precisar dela, que minha vida seguiria igual, com ou sem sua presença. Mas o tempo passou e me provou o contrário. A cada dia sem ela, a cada noite em claro, percebi o quanto dependia do seu riso, da sua paciência, do seu jeito de me entender quando nem eu mesmo conseguia.
E agora, eu era a chuva que estragava o desfile dela. Eu era o motivo pelo qual ela havia seguido em frente, o peso que ela tinha deixado para trás.
Ela era boa demais para mim. Sempre foi. E eu, na minha arrogância, nunca acreditei que pudesse perdê-la. Talvez porque, no fundo, eu soubesse que não a merecia.
Os ponteiros do relógio giravam, mas eu não me movia. Não sabia se ela sairia por aquela porta, se sequer aceitaria falar comigo. Mas isso não importava. Eu precisava tentar. Pela primeira vez, precisava ser eu a lutar, mesmo que fosse tarde demais.
Quando a porta automática finalmente se abriu e ela surgiu, por um momento o tempo pareceu parar. estava com um casaco grosso, protegida da chuva, mas o olhar dela era frio, distante, como se me atravessasse sem me ver.

— O que você está fazendo aqui? — a voz dela cortou o som da chuva como uma lâmina.

Tentei responder, mas as palavras se engasgaram. Ela não parecia surpresa, apenas cansada. Como se eu fosse um fardo que ela já tinha decidido largar.

— Precisamos conversar, — foi tudo o que consegui dizer, a voz baixa, quase inaudível.
— Agora você quer conversar? — Ela soltou uma risada amarga, cruzando os braços. — Depois de tudo?

Eu não tinha resposta. Não tinha desculpas. Apenas estava ali, com a chuva caindo ao meu redor, esperando por uma chance que talvez nunca viesse.

⚠️⚠️⚠️


“I can make a world out of broken dreams
I can make you say things you don't mean
I can unmake all we were made to be
But I can't make you come back to me”



Continua...



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Nota da autora: Se gostar não se esqueça do comentário 😘








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