Olá amoras. Essa história precisou passar por alguns ajustes e correções. Agora, todos os personagens masculinos são fixos, e apenas a personagem feminina é interativa. Isso foi feito para garantir a melhor experiência de leitura a vocês, uma vez que a autora encontrou alguns problemas de incoerência que poderia afetar o seu conforto com a narrativa. Ademais, nada nos capítulos anteriores foram severamente alterados. Obrigada, e não esqueça de me contar o que está achando da leitura!
O sonho de sempre foi ser uma escritora de sucesso, e um dia poder ser uma roteirista de um grande drama coreano. Por isso, ela se desafiou e após terminar a faculdade de Educação Física, a mulher decidiu estudar roteiro na Coréia do Sul. Os primeiros anos não foram nada fáceis! Mas, no penúltimo ano do seu curso, ela pôde ver seu sonho se realizar. Estagiava numa empresa de mangás, e um dia, Sang Chang, o seu Sunbae na empresa lhe deu a notícia que ela não sabia, mas iria mudar sua vida.
— , poderíamos falar um momento?
Ele perguntou próximo à mesa de trabalho dela. Todos os seus colegas encararam de volta. No início, ela sofreu uma resistência absurda de alguns ali por sua nacionalidade brasileira, e ainda havia um colega ou outro que a olhava torto, mas dentro da equipe Chang, poderia se considerar uma roteirista de sorte! A Mangaká Enterteinament também era uma excelente empresa para se trabalhar.
Sang Chang era poucos anos, mais velho que , e começou na empresa dois anos antes dela, portanto ele era líder da equipe de roteiros auxiliares da empresa. Ele vislumbrava chegar à líder da equipe dos roteiros principais, ou seja, dos principais mangás de sucesso da empresa. E assim também, seus subordinados esperavam entrar ao grupo de escritores principais. Para isso, Chang era sério em seu trabalho, de pouco diálogo ou amizade. Era um chefe tranquilo, mas pontual em sua liderança. Não era carrasco, era cordial, mas evitava se expor demais aos funcionários.
se levantou e seguiu o homem descolado, dentro de sua figura calada, aos olhares atentos de todos. Chang sentou-se à mesa grande de madeira da sala de reunião coletiva, e sentou ao lado dele, observando o envelope sob suas mãos.
— Eu fiz algo errado Sunbae?
Ela não conseguiu conter a curiosidade, Chang a olhou curioso, e ajeitando os óculos sorriu.
— Eu diria que você fez algo muito certo, .
— Como? – ela arregalou os olhos, confusa.
Chang retirou um maço de papéis presos em um clips, de dentro do envelope e entregou a ela.
— Você não iria jogar isso fora, não é?
percorreu os olhos no título e nas primeiras frases reconhecendo seu manuscrito.
— Ah… Isso é só um esboço de um manuscrito meu para... Eu achei que um dia poderia se tornar um livro, mas foi rejeitado.
A expressão no semblante da mulher era de derrota, então Chang, surpreso por ter escutado que alguém foi capaz de ter rejeitado aquele esboço e também por ela não tê-lo mostrado aquilo, foi logo enchendo de perguntas:
— Você realmente iria jogar fora?
— Ah não, não Sunbae! Na verdade, eu achei que havia perdido esta cópia... Como a encontrou?
— Estava caída aqui na sala de reuniões, segundo a senhora da limpeza que me entregou esta manhã.
Como um flash em sua mente, recordou-se da última reunião que estivera ali e quais as probabilidades de seu manuscrito ter caído enquanto ela se apressava a juntar as suas coisas.
— Ah, claro. Foi isso então. Mas... Você gostou Sunbae?
— Er.. – Chang observou o olhar aflito da mulher e tomou coragem para pedir algo a ela que há algum tempo já queria fazer: — Quando estivermos apenas os dois... Você pode me chamar pelo meu nome.
se espantou com aquilo, sabia a importância da hierarquia na sociedade coreana até mesmo entre amigos, e Chang e ela nem eram assim tão amigos. Estava mais para um coleguismo profissional.
— Ah, sim. Chang então. Mas, você gostou?
— , me espanta isso ter sido rejeitado! Tudo bem que é apenas um esboço, mas... Dá para desenvolver uma grande história. Quem rejeitou seu manuscrito?
— Meu professor. Da escola de roteiros. Ele tem uma entrada no mercado editorial e se disponibilizou a ler o meu manuscrito, ainda que não estivesse acabado. Ele leu e... Bem, talvez por não tê-lo terminado, ele não tenha visto potencial.
— , você não mostrou este manuscrito sem o registro, não é?
— Claro que tem registro Chang! Eu não sou assim tão fácil de iludir.
A mulher fez um biquinho descontente que Chang, não admitiria, achou fofo.
— Bem, isso é ótimo. Talvez tenha sido uma pergunta desnecessária para uma roteirista. – ele assumiu e ela sorriu concordando — Mas, também me espanta você não ter me mostrado este manuscrito. Não se passou à sua mente que eu poderia ajudar?
— Você? Como poderia...?
Realmente ela não conseguia compreender o que o líder dos roteiristas de sua empresa poderia fazer. Um ato ingênuo de . Chang riu fracamente e a olhou por cima dos óculos, a fim de parecer chateado:
— Uwa... Você tem tão pouca fé assim em mim? – ela o observou, confusa — Logo eu, o líder dos roteiristas desta equipe?
E de repente, um estalo a sobressaltou ao observar a expressão de falsa chateação de Chang.
— Você acha que a Mangaká pode se interessar por esta história?
— ... Eu me interessei pela história! Este pode ser o seu primeiro trabalho independente aqui dentro... Quero dizer... O primeiro que você assine como escritora, já que toda a equipe trabalharia com você.
— Oh my God, Chang! Realmente acha que “Garota Ocidental” pode ser um bom mangá?
irradiava felicidade e esperança num amplo sorriso, que fizera até mesmo Chang sorrir igual. Ele apoiou os cotovelos à mesa, cruzando os braços e sorriu pacífico para .
— Por que não?
A garota se levantou de repente dando pulos e gritinhos silenciosos, afinal não poderia gritar dentro da empresa. Chang a observou feliz, mas sentindo-se um pouco constrangido pela reação, já que do outro lado do vidro da sala de reuniões, toda a sua equipe os encarava curiosos. O que havia feito para estar pulando daquele jeito contido, e ao mesmo tempo animado?
Meses se passaram e muito trabalho foi feito e por incrível que pareça, era agora o alvo da curiosidade nacional. “Garota Ocidental” foi o primeiro mangá na Coréia escrito e pensado por uma brasileira, com uma história bastante original e que ganhou as estantes de todos os públicos e idades em um curto tempo. Um tremendo sucesso! E a Mangaká agora tinha no seu hall uma preciosa escritora, que lhes rendeu mais prestígio e atenção. rompeu as barreiras do preconceito e da xenofobia, e mal podia acreditar que estava ali, agora, num camarim de uma emissora de TV coreana, onde em alguns instantes seria uma das entrevistadas da noite.
O camarim contava com a presença das pessoas ilustres que representavam o sucesso que “Garota Ocidental” se tornara. Estavam ali, , a escritora mais falada ultimamente, a diretora Mayoree – da emissora tailandesa parceira à KBS –, Chang o agente de e atual líder da equipe de principais escritores da MangakáEntertainament. Também os atores tailandeses Mauro Maurer, Nadech Kugimiya, e as atrizes Anyarin Terathananpat e Luana Songyu, os três principais atores do lakorn que se originou do mangá, e a atriz mestiça coreano-brasileira.
já havia passado por todo aquele surto bom, ao encontrar-se com os atores principais do drama que nasceu graças à sua história, nos eventos de lançamento. Mas, nunca era o suficiente, ela sempre se assustava e se emocionava ao notar a grandeza que sua história alcançara. Estava bebendo o seu décimo copo de água, quando a produtora do programa veio ao camarim chamá-los. No palco do programa, o auditório que aplaudia e a quantidade extensa de vários sorrisos em vários rostos, na mente de , se justificavam pela presença dos atores ali. Mas, eram por ela também.
A apresentadora da KBS lhes cumprimentou e assim que se sentaram às poltronas, sentiu-se extremamente nervosa. Já havia sido entrevistada antes graças ao sucesso do mangá, e agora era a segunda vez que passava por aquilo graças ao sucesso que o drama também se tornava. Entre perguntas sobre a estreia do seu mangá na Tailândia, e do posterior sucesso dele, e Chang contaram como foi feito o contato da parceira da KBS na Tailândia para a produção do drama.
— Sem dúvidas, foi uma grande surpresa quando o Sunbae Chang me telefonou dizendo que a emissora parceira da KBS na Tailândia estava interessada em uma adaptação de Garota Ocidental para a TV... Eu não achava que a história cresceria tanto assim, em outros países. – disse à entrevistadora.
— Nem mesmo no seu país?
— Bem, o Brasil não é um país muito adepto ao formato de novelas que temos aqui na Ásia. Na verdade, posso garantir que são formatos muito diferentes de roteiro. Mas, o mercado editorial de cartoons e mangás tem crescido muito desde que eu saí de lá, e bem... Foi uma feliz notícia saber que meu mangá estava sendo distribuído em algumas das principais livrarias brasileiras. Contudo, não chega ao número de leitores que temos aqui.
— Talvez seja por você ser brasileira que Garota Ocidental também tenha leitores por lá?
— Com certeza! Existem muitos adolescentes interessados no conteúdo dos dramas, animes e mangás, e todas as outras formas de entretenimento asiáticas, no Brasil. Mas, o próprio mercado não produz este conteúdo abertamente, então tudo é importado. A notícia de ter uma brasileira que está fazendo sucesso com suas histórias em outro continente, é de orgulhar o meu país e por isso, acredito estar sendo prestigiada por eles.
— Uma filha que orgulha a nação. – a entrevistadora disse e sorriu um pouco sem graça, aquilo para ela já era um pouco demais, mas não perderia tempo explicando-lhes que para o Brasil, os brasileiros em si, às vezes pouco importavam.
A entrevistadora perguntou ao Chang como tem sido o trabalho com , sua equipe e sobre a sua crescente profissional graças ao mangá.
— Quando eu propus para a transformar o seu manuscrito em um mangá, eu tinha certeza que daria certo. Mas, como disse em outras entrevistas, não imaginei que chegaria a tanto. Parece que a Coréia realmente sente-se orgulhosa de ter uma estrangeira fazendo este sucesso, e eu concordo. Somos uma nação tradicional, mas que não deve fechar os olhos para novas tradições. Se eu pudesse comparar a um grupo de Kpop, diria que ela tivera o seu grande debut com imenso sucesso, e elevou a MangakáEnterteinament aos extremos do seu reconhecimento.
Chang brincou e a entrevistadora logo entrou na brincadeira:
— Ora, parece que o sunbae Chang está por dentro dos nossos convidados de hoje!
— Eu posso ter ouvido alguns rumores nos corredores... – ele riu e o auditório inteiro gritou de ansiedade.
Ou melhor, murmurou. Gritar mesmo, para , era coisa que o auditório coreano nunca faria de forma tão espontânea. E naquele momento, o assistente com a plaquinha “gritos” não estava a postos. Ela olhou para Chang de modo curioso. Que grupo estaria ali e ela não sabia?
— Mas, retornando à sua pergunta... Eu quero dizer que eu não imaginei que Mayoree me telefonaria pedindo uma reunião para o drama. E foi uma surpresa maravilhosa também que eu e minha equipe, ou melhor, nossa equipe – Chang falou olhando simpático à — que nós pudéssemos ser enquadrados à equipe principal da Mangaká depois de Garota Ocidental.
— , certamente é o pé de coelho de todos nós, não? Poderia por favor, apertar a minha mão antes de ir embora, senhorita ? – a entrevistadora brincou novamente arrancando risadas, ao mencionar a sorte da escritora.
Mayoree também contou sobre as altas expectativas que teve quando a ideia do drama lhe surgiu.
— Quando Garota Ocidental bateu o recorde de vendas na Tailândia, nossa empresa marcava uma reunião para o planejamento do novo drama. Eu tenho uma filha de quinze anos, e fui uma das pessoas que mais comprou este mangá para ela. Um dia, antes de dormir, Nari gargalhava em seu quarto e eu fiquei curiosa e a perguntei “o que está acontecendo?”, e ela me mostrou o mangá e contou animada ao que a personagem passava. Eu fiquei curiosa e comecei a ler a história, então quando a reunião aconteceu eu fiz uma ousada aposta: “por que não tentamos produzir a história deste mangá?”, eu disse. Ninguém entendia porque eu estava levando uma ideia daquelas à mesa de reuniões. Como sabem, o meu foco é direção de dramas mais adultos, suspenses com temáticas de vingança e brigas familiares... De repente, eu estava querendo dirigir um drama adolescente! Bem, propus que todos nas reuniões o lessem e levei os mangás de Nari para a empresa. Três semanas depois estávamos planejando como solicitar os direitos pela escritora, e onde buscar os investidores. Você disse que é um pé de coelho, bem, para nós ela está sendo um coelho inteiro.
— É uma história incrível! – a apresentadora falou animada: — Você sabiam disso, e Chang?
— Ah sim, eu acho que a história da sunbae Mayoree foi o que me fez levar com profundidade esta possibilidade até a .
— É! Eu a ouvi quando a senhora Mayoree me encontrou na primeira vez. Eu inclusive quis conhecer Narissara, pois se não fosse ela, a mãe talvez não tivesse lido o mangá!
— Não teria mesmo, não por causa do mangá, mas por que eu sou uma maluca por suspenses. Confesso que Garota Ocidental me faz relaxar bastante.
A resposta da diretora trouxera afago ao coração de que toda vez que escutava alguém elogiando o seu mangá, sentia-se realizada.
— Eu fiquei curiosa com uma coisa! – a apresentadora perguntou a Mayoree: — De que cena Nari estava rindo?
— Oh... Era uma cena em que a personagem principal apanhava da mãe do Yooni que lhe batia por ela encará-la nos olhos.
— Sim! Sim, esta cena é muito boa! Vocês já a gravaram? – a apresentadora perguntou ansiosa aos atores e diretora.
— Na verdade, ainda não chegamos a este bloco de gravações.
Luana, a atriz mestiça que até então estava calada mencionou:
— Eu gravei nesta semana outra cena que é a minha favorita até então. E que, a escritora contou que aconteceu com ela.
— Oh, que cena?
— Aquela quando a sunbae errou as palavras e falou em três idiomas com um coreano. – Luana falou olhando para que imediatamente se lembrou, animada.
— Oh... Oh, é uma excelente história! Eu não poderia deixar de fora do mangá, e estou muito ansiosa para vê-la no drama. Posso te mostrar como foi a minha expressão se quiser.
Todos riram da escritora se dispondo a encenar para a atriz.
— Nós vamos querer ver isso, mas antes, eu preciso convidar um grupo muito aguardado para estar aqui conosco! Eles certamente ficarão tristes de não participarem do próximo bloco, então vamos para o intervalo rápido e em seguida... Que tal se nós explorássemos o “Best Of Me” hoje?
A pequena referência deixada pela apresentadora, imediatamente alvoroçou ao auditório que a entendeu. O programa partiu para um break, e se adiantou para ir ao banheiro, pensativa em quem seriam as pessoas.
Quando retornou ao palco, Chang mexia em seu celular.
— Sunbae! – ela murmurou e ele a encarou: — Quem são os idols?
— Você não sabe? BTS. BTS é o grupo que estava no camarim VIP.
— E só agora você me diz isso!?
— Você é army também? Ah... Esquece, quem não é army hoje em dia. – Chang riu.
— Não sou army! Mas sou fã e eu precisava me preparar psicologicamente para isso... Céus, como eu posso continuar esta entrevista agora?
Chang riu do desespero contido da escritora, e então se aproximou do ouvido dela para perguntar brincalhão:
— Hey , qual é o seu bias?
Ela o encarou, assustada, e decidiu não responder.
— Você anda muito “por dentro” do universo adolescente.
— É o meu trabalho não é? Aliás, o nosso.
não pôde responder de volta. O programa anunciou o retorno e todos se recolocaram em seus lugares. A apresentadora anunciou ao grupo, e logo os idols estavam se apresentando no palco do programa, com todos os olhos vidrados neles. Inclusive os de . Chang riu ao notar o quanto ela havia ficado nervosa.
Quando os sete rapazes estavam sentados num espaço próprio para eles, ali no palco, de frente para os outros entrevistados, sentia-se sufocada. Percebeu que entre os sete, alguns fugiam olhares a ela, e graças à apresentadora conseguiu retomar sua atenção ao que viera fazer ali.
— , pode nos contar mais sobre a cena que Luana comentou?
— Ah... Claro! Eu...
contou então, sobre o dia que estava na rua, ainda recém-chegada na Coréia, aprendia um pouco do idioma nativo quando um rapaz coreano pegou seu par de luvas que havia caído de sua bolsa e foi lhe devolver. Ela o agradeceu certa de pronunciar um “komawo” corretamente, mas o homem a encarou assustado e então ao perguntar a ele: “eu disse algo errado?” em inglês, ele respondeu que ela havia acabado de pedi-lo um beijo. se desesperou e tentou se explicar e se desculpar, mas confundia-se toda e falou com o homem em português, inglês e em um coreano miserável. Depois o rapaz começou a rir dizendo que havia feito uma piada ao notar que ela era estrangeira, e dali por diante os dois se tornaram amigos.
Depois disso os atores, Mario, Nadech e Anyarin contaram da experiência em gravar o drama.
— Eu nunca achei que seria tão divertido gravar este drama, até ler o mangá. Temos o nosso roteiro adaptado, é claro, mas, o mangá...
Anyarin parou sua fala para pensar e então Mario se pronunciou:
— É como assistir o filme e ler o livro, não é?
— Sim, sim, é isso! Obrigada Mario.
— Vocês três leram o mangá? – a apresentadora perguntou e Mario respondeu:
— Sim, por mais que o roteiro esteja impecável... – ele olhou para a escritora com uma expressão maliciosamente ingênua: — A escritora conseguiu extrair o melhor para o roteiro sem sacrificar o mangá. Bem, por mais que ela seja realmente talentosa e cuidadosa em nos entregar o melhor material de trabalho, conhecer o mangá nos ajuda a compor o personagem.
— Eu concordo. Só com o roteiro já é possível fazer um drama sensacional, mas tem certas particularidades dos personagens que estudando mais a fundo o mangá tornam nosso trabalho ainda melhor. – respondeu Nadech.
Entre todas as falas e entrevistas, não conseguia conter-se. Ela não tirava os olhos do BTS. Na verdade, tirava sim, porque não podia ficar babando ali, mas não era fácil disfarçar. Depois que os atores comentaram as perguntas feitas pela entrevistadora, o segundo bloco foi focado no BTS e em alguns momentos, eles foram perguntados se conheciam ao mangá.
Namjoon disse ter lido, mas não conseguiu terminar graças ao grande volume de trabalho. Certamente ele se desculpou dizendo que faria aquilo: terminar o mangá, depois de tanto ouvir falar bem. Suga perguntou se o drama não passaria na TV coreana, e Chang respondeu então algo que todos gostariam de saber:
— Talvez, quem sabe no futuro. Por enquanto, estamos aguardando para ver se teremos um sucesso até o fim de Garota Ocidental na Tailândia.
— Mas o que você está dizendo, é lógico que será um sucesso! – Mayoree ralhou fingindo ofensa e todos riram.
— Olha este elenco, acha que não somos capazes de parar a Tailândia? – respondeu Nadech, o mais novo dos atores, animado.
A apresentadora jogou a bola novamente para , a fim de saber se ela prestigiava ao trabalho do BTS. Ao responder que sim, fez com que Namjoon se sentisse constrangido e a respondesse brincalhão.
— Eu estou que não me aguento sentada aqui, vocês deveriam ter me dito que BTS estava no programa... Eu não sou uma army, mas, oh my God! Quem em sã consciência não gosta do trabalho deles?
— Escritora, agora eu estou me sentindo péssimo! Minha nossa, alguém tem o mangá aí? Eu vou terminar de ler ele agora!
A resposta de Namjoon causou risos e de repente uma garota na plateia estendeu o braço mostrando o mangá. A produção o pegou e entregou ao Namjoon que sorriu e agradeceu, já o abrindo para ler.
— Você realmente fará isso?
JHope perguntou mais descontraído para seu colega que piscou apara a moça da plateia e perguntou:
— Se importa se eu ficar com isso?
A garota continuava com a boca aberta olhando entre a escritora e o idol. sentiu-se mais relaxada com a situação e pediu ao Chang uma cópia. Ele sempre andava com cópias das obras.
— Um momento! Com licença.
Chang levantou-se e ninguém entendia nada, ele foi até uma parte que a câmera do programa não filmava, e pegou ali o box especial da nova edição dos três mangás de . Uma edição nova, de colecionador, que começaria a ser vendida em algumas semanas, e que ele havia feito autografar um a um. Ela não sabia para quem seriam as vinte caixas boxes que havia autografado, mas Chang se aproximou com elas nos braços e entendeu tudo esbravejando, ao vivo:
— Sang Chang! Como você me faz autografar tudo isso sem me dizer que eram para o BTS?
— Era para ser uma surpresa! Você quer entregar?
— Mas é claro!
Ela se levantou e pegou um a um entregando aos meninos sentados, e então o programa inteiro ria enquanto a apresentadora falava alguma coisa sobre: “ é mesmo um coelho inteiro, acabamos de bater a audiência!”.
— Namjoon, acho que a fã na plateia vai gostar de receber de volta o mangá dela depois de ter passado em suas mãos.
falou e olhou para a fã, que gritava “sim, sim” e chorava. Todos riram, então Namjoon devolveu a edição antiga do mangá, a primeira aliás, autografou e caminhou até a menina a entregando. A jovem lhe pediu uma foto, ela tirou e em seguida retornou ao seu assento e disse:
— Me desculpem. Brasileiros são um pouco calorosos e espontâneos. Não imaginei que eu transformaria o programa numa tarde de autógrafos.
— Oh não, por favor, você pode fazer o que quiser aqui, escritora. Somos o programa mais assistido neste momento. – a apresentadora disse.
— Ah, mas é claro, isso não é por minha causa. Tem sete homens cobiçados pela Coréia, e quatro atores pela Tailândia no palco.
— Não seja modesta, você também entra neste combo, senhorita ! – a apresentadora respondeu.
sorriu cortês e agradeceu.
— Ora, é muito bom saber que sou dispensável. – Chang brincou — Mayoree, deveríamos sair?
— Fale por você senhor Chang, eu sou uma diretora cobiçada também.
— Certo, eu estou mesmo sobrando aqui? – ele brincou e olhou para .
— Claro que não, onde eu poderia encontrar um agente tão competente ao ponto de me trazer a este palco?
A declaração entre amigos chamou a atenção da apresentadora. Chang naquele tempo em que vinha trabalhando com , não deixou de ser sério, porém descolado, e nem passou a se expor entre os funcionários. Mas, com ela... Com , ele conseguia ser um bom amigo. E se comportar de uma forma mais liberal, tal qual sua aparência descolada às vezes pedia.
— Por acaso, vocês namoram? – a apresentadora perguntou de repente fazendo todos ali no palco olharem para escritora e para o agente.
Em especial, um par de olhos se mostrou muito interessado naquilo. Suga que estava ao lado de Taehyung, havia notado naquele momento o quanto o amigo estava perdido em olhares para a escritora.
— Um com o outro? – Chang perguntou de repente e todos riram e murmuraram.
— Bem, não foi esta a minha pergunta, mas... – a apresentadora sorriu.
— Não namoramos. Um com o outro, não namoramos. – respondeu um pouco apreensiva por ter notado o olhar do idol sobre si.
— O que a quer dizer é que tanto ela quanto eu, estamos solteiros. – Chang falou muito mais sem graça do que estava anteriormente.
— Hm... Temos aqui dois bons partidos para a próxima edição de “casados ou namorando”?
Novamente, a plateia e os convidados riram com a menção da apresentadora a outro programa da emissora, e o programa continuou.
Ao final do programa, BTS foi convidado a uma última apresentação ao palco, a plateia despediu-se de e dos demais convidados, e todos assistiram o encerramento ao som de KPOP. Finalizada a transmissão, saiu com os demais convidados do palco, e BTS permaneceu ainda conversando com os diretores do programa no palco. Ela e Chang estavam em um canto conversando antes de um dos atores surgir ao lado deles.
— E então, como me saí? – ela perguntou ao Chang, seu agente.
— Você foi incrível. Tenho certeza que as pessoas realmente gostam de você, .
— Acha que fiz alguma coisa fora... Do padrão?
— Relaxa você se comportou muito bem!
— Isso é um alívio... Quando o BTS entrou no palco eu só pensava que a qualquer momento eu iria estragar tudo!
Chang deu uma risada divertida e pegou a mão da amiga para acariciar e a confortar, à medida que baixou seus olhos à altura dela.
— Acalme-se! Você foi realmente muito bem, ninguém desconfiou que você fosse uma army!
— Eu não sou army, Sang Chang! Se as pessoas o escutam dizer isso eu posso ser apedrejada!
— Certo, certo... Sabe... – Chang mudou o assunto — Eu acho que esta foi a nossa melhor entrevista juntos.
— Realmente! – lhe deu um sorrisinho travesso: — Quem diria que o líder Chang seria tão descolado em público! Aposto que nossa equipe está assistindo e morrendo de vontade de vê-lo logo...
Chang murmurou um resmungo em descontentamento por saber que sua imagem de “líder amigo” estava se transformado em “amigo líder” para todos. Ele ficava constrangido enquanto ria discretamente. Os dois foram interrompidos pelo ator Mario Maurer, que se aproximou cortês.
— Com licença... — o observou diretamente e sorriu, assim como Chang — Eu gostaria de agradecê-los por hoje. Acho que fizemos um bom trabalho em conjunto.
— Com certeza.
Chang concordou risonho, mas notando que Maurer não estava bem ali para agradecer, já que entre um olhar sutil e outro, os olhos do ator brilhavam para .
— Eu espero não tê-la decepcionado com nada do que eu disse sobre o roteiro, escritora .
— Ah não! De forma alguma, o senhor foi muito delicado com a minha obra, senhor Maurer. Eu lhe agradeço.
— Ah... Senhor é um pouco demais. Somos... Talvez eu seja um pouco mais velho do que a senhorita, então, podemos dispensar o pronome?
— Ah, claro... Desculpe-me. Pode me chamar por também. Sem o, “escritora”.
sorriu sem graça e Maurer sorriu abertamente. Já Chang começava a observar aquilo tudo com um pouco de constrangimento. Estava mesmo presenciando um homem flertar com sua... Com à sua frente.
— então! Nadech, Anyarin, Mayoree e eu estamos hospedados no mesmo hotel, e eles estão me esperando para irmos, mas... Vamos embora depois de amanhã e eu gostaria muito de saber se você aceita tomar uma bebida comigo amanhã, me mostrar algo interessante em Seoul talvez...
olhou para Chang de forma discreta e o seu agente disfarçava um sorrisinho olhando para baixo. Ela novamente encarou a figura magnífica de Mario Maurer à sua frente e decidiu aceitar antes de começar a corar também.
— Claro. Podemos sim.
— Que ótimo! Eu tenho mesmo algumas curiosidades sobre o roteiro que eu gostaria de saber por você!
se iluminou ao ouvir aquilo e riu abertamente, Chang já se sentia extremamente desconfortável de estar ali, mas não seria educado deixar à companhia dos dois sem uma desculpa adequada, e na verdade ele não queria ter que mentir. De alguma forma preferia ficar por perto.
— E tenho algumas curiosidades sobre você também, .
E aquele foi o tiro final.
Se e Chang tinham alguma dúvida de que Mario Maurer estivesse flertando, havia caído por terra. Chang não teve tempo de reagir assim como não tivera tempo de responder. Ele foi chamado para perto do grupo de KPOP que estava parado os olhando.
— Senhor Chang!
Os três olharam na direção da voz e ao notar que a desculpa perfeita surgiu, Chang se afastou com extremamente corada disfarçando risinhos e olhares para Mario, que depois de observar para onde Chang iria, retornou sua atenção à escritora.
— Bem, então onde devo buscar você e a que horas? – ele perguntou diretamente, mas tão gentil como sua presença poderia ser.
— Ah, eu posso encontrá-lo no hotel! Não precisa se incomodar.
— De forma alguma, que tipo de anfitrião eu seria fazendo você ir até mim? – ele riu.
— Oras, mas anfitriã sou eu... – mencionou em baixo tom de voz, mais relaxada.
— Não nesse encontro. O convite partiu de mim, eu faço questão de te buscar.
— En... Encontro?
novamente sentiu a atmosfera pesar e lhe faltar um pouco de ar. Não era tímida, mas também não esperava que fosse ser alvo de interesse do ator, e muito menos que Taehyung ficaria a olhando daquela forma tão intensa, alguns metros atrás. Entre encarar o sorriso gentil de Mario Maurer e o olhar enigmático de Taehyung, deu graças por Chang chamá-la para se despedir. Ela se aproximou dos garotos, junto com Maurer. Os atores e a diretora se despediram do BTS, da equipe do programa, de e Chang. E Mario sorriu uma última vez para , dizendo:
— Eu pego o seu telefone com o Chang, escritora, e assim combinamos melhor mais tarde.
apenas sorriu e assentiu discreta. Ela estava extremamente sem graça pela situação na frente do grupo de idols, alguns deles não haviam percebido, mas Suga, Hobi e Tae sim. O grupo de tailandeses saiu restando em reunião ali, apenas Chang, e os integrantes do grupo de KPOP.
— Escritora, eu peço desculpas mais uma vez por não ter lido antes o seu mangá! Mas pode acreditar: eu vou terminar estes volumes até amanhã! – Namjoon falou sorrindo com a cortesia que só os coreanos têm.
— Não se sinta pressionado, por favor! – sorriu — Eu nem sei se vocês todos gostam deste tipo de leitura, mas Chang e eu queríamos presenteá-los com nossa edição Golden. Ainda não começou a ser vendida.
— Uwa... Estamos lisonjeados escritora! – Seokjin respondeu animado olhando para o box autografado em suas mãos, como algo realmente valioso.
— é realmente fã de vocês! Aliás, somos todos! – Chang respondeu apontando para toda a equipe ao redor que já desmontava o cenário — Será que...
o olhou de soslaio assustada por imaginar que Chang pediria uma foto. Ela se sentiria extremamente constrangida se ele fizesse aquilo. Mas, Chang era contido demais para isso. Ele não faria não é?
— Será que podemos pedir-lhes para tirar uma foto conosco?
E a boca de se abriu em surpresa. Yoongi percebeu aquilo e sorriu ladino, com sua expressão sempre entediada, mas divertido ao notar no fundo da “cara de nada” da escritora, a pequena raiva que se escondia. Ele desconfiava que ela e o tal Chang tivessem algo, mas ao vê-la trocar tantos risinhos com o ator de antes – embora não tenha gravado o rosto dele de fato – Suga notou que eles eram só amigos. E como amigos, ela iria dar um peteleco na testa de Chang, certamente. É algo que o próprio Suga faria.
— Mas é claro! – Hobi se adiantou animado batendo palmas e organizando os amigos.
Só para irritar Taehyung, na hora de se enfileirarem para a fotografia, Yoongi se colocou ao lado de . Ele observou o amigo o fuzilando de forma discreta e contida, e se posicionando atrás da escritora e todos sorrirem para a foto. Antes que o grupo dispersasse em novas despedidas, a voz de Kim Taehyung ecoou ao pé do ouvido de :
— Será que eu poderia lhe pedir o número do seu telefone?
A mulher olhou para trás discreta, e percebeu que realmente aquela era a voz de Tae. E minha nossa! não estava preparada para aquilo! Ela sorriu e iria virar-se para ele, quando Jimin tocou o braço de Taehyung. Abaixando a cabeça freneticamente em cumprimento e sorriso largo para a escritora, Jimin se despedia e puxava Taehyung que o encarava como se fosse capaz de fuzilá-lo com o olhar.
apenas ficou parada onde estava pensando se deveria ir até eles ou não. A mulher levou a mão à sua bolsa carteira e retirou o seu cartão dali. Ficou observando Chang ocupado com alguns produtores, certamente agradecendo, observou o grupo de idols saindo em direção ao estacionamento, e pensou novamente: “Será que pega mal eu ir até ele?”. Não precisou de muita ousadia da parte dela, já que Taehyung se adiantou.
— Jimin você não tem o menor senso de inconveniência não? – ele ralhou soltando a mão do amigo de seu braço, de forma delicada.
— O quê? – a expressão de dúvida do outro foi rapidamente dissipada pela mão de Suga a lhe bater a testa.
— Yá! Ele estava prestes a pegar o telefone da escritora, lerdo. – Suga explicou.
Jimin não entendeu até que Suga apontou com o olhar, a figura de Taehyung indo até a escritora que já estava sendo chamada por Chang e dando as costas ao grupo. Os amigos observaram, cada um percebendo aos poucos que o outro havia parado e no final, todos atentos a Tae que pegava um cartão das mãos da mulher, e retornava para o grupo com um sorriso disfarçado, e um desejo forte de começar a cantar bem ali.
— Você realmente pegou o telefone dela? – Jungkook perguntou alarmado.
— Sim! E não, eu não vou dá-lo a você.
A resposta de Tae fizera os meninos todos rirem, e o parabenizarem.
— Espera aí! – JHope parou e começou a se espantar e gritar dizendo: — Uwa! UWA! O Taehyung deu mole para uma garota?!
De repente estavam todos surpresos e fazendo piada daquilo.
— Agora eu estou realmente curioso para conhecer melhor a mulher que finalmente chamou a atenção do nosso sempre esnobe Kim Taehyung! – Yoongi zombou saindo na frente dos outros.
estava caminhando na rua de sua própria casa com Mario ao seu lado. O táxi do qual eles desceram, ainda estava parado aguardando o ator como ele havia pedido. O encontro foi incrível, Maurer era extremamente divertido e não era também de dar voltas sobre o que pretendia. Quando chegaram ao fim do encontro, no jantar, Mario e já estavam se beijando, graças à diretiva intenção que Mario lhe expôs.
, como brasileira habituada a outro ritmo de paquera, já estava sentindo falta daquele comportamento. Para o conforto da escritora, ele entendia o “estilo Brasileiro” de ficar e, não queria perder um dia antes de ir embora com apenas diálogos. Desde as visitas, aos pontos turísticos de Seoul, à exposição de arte, às praças onde sempre tinham artistas de rua que adorava assistir, à ponte famosa do rio Han, ao café que gostava de ir para escrever e Mario insistiu para conhecer, até ao jantar romântico que ele secretamente havia planejado… Em todos estes momentos, Mario andou de mãos dadas com ela como se fossem um casal cheio de trocas de carinhos. E não se sentia animada por um encontro daquele há algum tempo! Afinal, os coreanos tinham outro ritmo de namoro que precisava admitir: haja paciência… O último cara com quem havia saído demorou três meses para beijá-la, e quando o fez, foi sem língua total. Sem falar no jeito que eles terminam… Eles apenas somem!
havia ficado animada com o encontro que tiveram naquela noite. Estava feliz, mas sentiria falta. Mario beijou-a novamente à porta da casa dela e quando se separaram risonhos, ele disse:
— Eu estou pensando desde a hora que saímos do restaurante em mil maneiras de ficar mais uns dias… — sorriram e então o ator suspirou desanimado: — Mas eu realmente não posso.
— Claro que não… Você é o protagonista da primeira fase do meu drama!
sorriu acariciando o rosto dele.
— Quando posso te ver novamente? É só me dizer. Assim que chegar à minha casa, irei te colocar em todas as brechas da minha agenda se você quiser! — Mario informou ansioso.
— Vamos apenas deixar rolar. Tudo bem? — Ela respondeu.
E ali, os dois se despediram. e Mario vinham se falando com certa frequência e já havia se passado três semanas do encontro. As coisas andavam mais agitadas na Mangaká desde o programa de televisão e estava absolutamente feliz, Chang ainda tinha grandes planos para a sua amiga e escritora especial que envolvia ao trabalho, e ele se esforçava para conseguir realizar tudo que ela quisesse. Sem dúvida, não encontraria um agente como ele em toda a Coreia.
[XXX]
Suga sentou-se na poltrona ao lado de Tae, aliviado por conseguir finalizar mais uma produção que ele se esforçara muito, e observou o mais novo encarando uma foto da escritora no Instagram. E então se lembrou do ocorrido semanas antes. Passou a língua pelos lábios, curioso e então perguntou:
— Você ainda não ligou para ela Taehyung?!
Tae olhou para o amigo e deixou o telefone de lado fechando os olhos e se escorando cansado ao sofá.
— Ela está saindo com o ator.
Suga pensou sobre aquilo tentando se lembrar do dia da entrevista.
— O Tailandês?
Taehyung assentiu silencioso e abriu o celular no Instagram de Maurer. Ele andou stalkeando o ator e descobriu pela foto do dia seguinte à entrevista, que ele saiu com a . A escritora vinha sendo citada e marcada constantemente nos stories e perfil do ator.
— Então você vai desistir porque um cara já está saindo com ela?
Suga perguntou confuso e Tae apenas suspirou.
— Aigoo! — Suga reclamou — Você tem mesmo, muito a aprender com o seu hyung.
Yoongi se levantou depois de notar que Taehyung não estava muito bem. Jogou a garrafa de água no lixo e saiu da Big Hit escondido, rumo ao seu carro. Deu uma pesquisada sobre a escritora e foi para casa se arrumar. Ele já havia ficado curioso sobre a mulher que interessou ao Tae daquele jeito, porque não era algo corriqueiro, então passou em sua mente que poderia e deveria checá-la de perto.
As coisas estavam agitadas na sala de criação de seu estúdio, e só notou aquilo quando a barulheira de risos se revelou. Dentro de sua sala estava tudo silencioso demais. Ela observou ao redor: toda a equipe rindo muito e procurou por Chang, mas não o encontrou. Foi para a sala de café, e depois de buscar uma xícara, Song Hiro se aproximou dela chamando-a:
— Sunbae! Tem um homem querendo falar com você lá na portaria.
Pensando que poderia ser Maurer, apenas assentiu. Geralmente, as pessoas se identificavam e se ele não fizera aquilo, com certeza era o Mario com a surpresa que havia dito que a faria.
— Claro! Cadê o Chany, Hiro?!
— Foi resolver uns problemas na gráfica.
— Certo! Obrigada.
Song se voltou aos amigos e foi em direção ao elevador para a portaria. Assim que chegou, ela viu um homem encostado na pilastra de mármore do prédio, com boné e máscara. Olhou em volta, estranhando a figura, mas só poderia ser ele. Contudo, ao se aproximar mais, notou que pela postura não era o Mario.
— É você quem me procura?
Ele levantou o rosto para observá-la de perto e notou que seus olhos pareciam denunciar um sorriso ínfimo, e antes que ele dissesse algo, ela mesma disse:
— Eu reconheceria estes olhos de longe… Mas o que faz aqui... — olhou para os lados e se aproximou falando baixo: — Suga?
Ele se alarmou sentindo certa alegria por ser reconhecido.
— Você marcou o meu olhar tanto assim?
sorriu discreta pela piada, mas já se explicando:
— Não entenda mal, por favor. Com os anos vivendo aqui, eu aprendi a reconhecer os coreanos pelos olhos.
— Entendo… Você pode sair?
não entendia nada! Ficou pensando se por caso Taehyung havia pedido a ela, o seu número para dá-lo, enfim, ao Suga… Pelo fato de estar ali, era a única explicação, mas… Fazia sentido? Ele nem mesmo ligou, só apareceu diante dela daquele jeito!
— O meu expediente ainda demora. — explicou a escritora e indagou bastante curiosa: — Você tem algo a falar comigo pelo visto, para vir até aqui assim…
— Só quero te conhecer, dar uma volta, fazer algo… Sei lá… E eu não sou de ligar avisando, desculpe por isso.
— Oh... — estava mesmo confusa e assustada com o que estava acontecendo! Um BTS lhe chamando pra sair… — Como eu posso te chamar?
Ela perguntou e ele estranhou, por isso, ela se aproximou sussurrando para ele:
— Suga e Yoongi são nomes muito próprios de certo, idol, não?!
Ao ouvir, seu nome e apelido, sussurrados por ela, Yoongi pôde quase adivinhar como Taehyung se sentiria ao ouvi-la pronunciar o nome dele sussurrado daquela forma.
— Só Min. — disse por fim: — E então, quando acaba o seu expediente?
— Em duas horas.
— Tudo bem, eu espero.
— Considerando que você não pode dar sopa por aí, aonde eu devo te encontrar, Min?
— Em lugar nenhum. Iremos juntos, eu te espero, já disse.
— Bem… — ela desconfiou: — Você vem aqui do nada e me chama para sair sem nunca ter falado comigo... Eu não sei se me sinto segura com isso.
— Não se preocupe, eu só queria te conhecer. Mas, o Taehyung não te ligou ainda, o que me fez vir diretamente.
suspirou, com a cabeça girando confusa, ele continuou:
— Posso te esperar aí? — Yoongi falou apontando para o interior do prédio.
Ela não entendia mesmo o que estava rolando ali, mas se virou apontando para o elevador com a cabeça, indicando ao idol que a seguisse.
— Olha, tem algo de estranho nisso…
— É, eu sei. Pareço estranho, né? Mas eu não posso voltar depois, e é melhor não dar sopa por aí como você disse. E também… Eu fugi do meu trabalho, embora tivesse acabado tudo, eu não podia sair sem avisar meus superiores. Então, não tem como eu ir e voltar...
o encarou curiosa por tal atitude, mas apenas murmurou positivamente.
— Você pode ficar pelo estúdio, mas a minha equipe inteira vai estar lá, ou então espera na minha sala. O que prefere?
— No ambiente mais privado possível, por favor.
assentiu e a porta do elevador se abriu. Os dois caminharam pelo pequeno espaço e Yoongi não chamou a atenção de ninguém. Minutos depois, ele entrou na sala de e observou o lugar minuciosamente, afinal, uma decoração pode dizer muito sobre alguém.
— Fique à vontade Yoongi, você quer beber algo?
disse e ele negou silencioso. Yoongi sentou-se no sofá confortável que havia ali e até cochilou um pouco, enquanto voltava a trabalhar espiando o homem estranho.
Depois de uma hora ele acordou, e ficou um tempo imóvel no mesmo sofá, deitado, apenas observando-a trabalhar. estava incomodada com aquilo e então decidiu parar.
— Certo! Isso é estranho, você é estranho, e eu não consigo trabalhar mais com você traçando um perfil mental sobre mim!
— Como sabe que eu estou fazendo isso?
— Eu sou boa em ler as pessoas.
— É deve ser… Para uma escritora. — Yoongi murmurou e sorriu.
sentiu-se sem graça pela forma como ele a olhava buscando ler a sua alma.
— Melhor irmos… — A escritora quebrou o silêncio e fugiu ao olhar dele.
— Finalmente! Achei que realmente fosse continuar escrevendo depois que eu acordei…
indignou-se pela forma como ele a tratava como se a conhecesse.
— Fico feliz que o meu sofá foi confortável o suficiente para você! — disse sarcástica e se levantou para juntar suas coisas.
— Vou ao banheiro enquanto você desliga tudo.
Ao abrir a porta, Song esbarrou em Yoongi que já tinha colocado a máscara de novo, e estranhou a presença de alguém no escritório de . Yoongi saiu de cabeça baixa, disfarçando a identidade ainda mais e refletindo em como notou que era uma mulher atraente em sua postura de trabalho.
— Song eu já vou indo, seja o que for, deixe no escaninho, ok? Amanhã eu olho.
O assistente dela observou o cenário diferente, de um cara aleatório saindo dali, em dúvida.
— Quem é esse?!
— Um amigo.
— Achei que estivesse saindo com o ator, Sunbae!
— Eu não estou saindo com o Mario, eu já saí. É diferente! E, eu não estou com ele… — Ela apontou com a cabeça para a porta por onde Yoongi tinha saído. — Você sabe.
disse diretamente para Song terminando de arrumar sua mesa. Song deixou uma pasta no escaninho dela, e sorriu travesso ao notar a sunbae fugindo do assunto:
— E ele tem nome?
Ela encarou surpresa ao Song que arregalou os olhos de modo óbvio:
— O seu amigo! Que saiu agora… — explicou.
— Ah! É… — pensou e viu a folha do calendário na sua mesa e soltou: — Min!
— Min?
— Agust!
— Agust? Agust Min?
Song estranhou e antes que dissesse algo mais, a porta se abriu, e pegou a bolsa rápida se direcionando ao Suga:
— Agust! Este é o meu assistente Song Hiro.
Yoongi a encarou confuso e apenas acenou para Song, colocou as próprias mãos no bolso à espera do que viria a seguir.
— Bem, a gente se fala amanhã, Hiro! Juízo viu?! Eu estou sabendo que vai sair com a Ailee hoje!
disse e os dois trocaram algumas palavras divertidas, mas Yoongi apenas absorvia as informações como um espião. Ele seguiu que acenava e se despedia de todos sorrindo, animados. A empresa e a equipe dela pareciam ter um clima ótimo! Já dentro do elevador, Yoongi perguntou a sós:
— Agust?
— Se eu falo que o nome do cara que dormiu no sofá é Suga ou Yoongi, estaríamos até agora trancados na sala evitando rumores.
— Não sou o único Yoongi no mundo.
— Mas é o Yoongi que esteve no mesmo programa que eu meses antes.
— Hm… Você tem um bom ponto! Mas… Agust? Isso é nome de velho britânico!
gargalhou e afirmou antes da porta abrir:
— Exceto pela parte do britânico, se me convencer que não é um velho, eu mudo o nome.
Yoongi estendeu o mindinho para ela fazer a promessa e revirou os olhos, mas entrelaçou o dedo. Os dois saíram do elevador e Yoongi rumou para o estacionamento da empresa, onde havia deixado seu carro, e a mulher o seguiu um pouco perdida.
— Espera! Aonde vai me levar?
— Hm… — Yoongi apertou os lábios e coçou a nuca, observando a noite que caía sem saber onde poderia levar a escritora, e sem criar muito alarde — O que você sugere?
— Não… Espera… — cruzou os braços e sorriu indignada: — Cara, você surge do nada no meu trabalho e fica por duas horas esperando eu sair, mas não sabe aonde quer me levar? Você sabe o que está fazendo aqui, ou…?
observou a expressão indiferente dele e mordeu os lábios suspirando. Afinal de contas, qual era a daquele cara?!
— Vem! Eu vou te levar em um lugar de pobre! — Ela apontou para o ponto de ônibus e murmurou baixinho a fim de que Yoongi não a ouvisse, em português: — E foda-se se não for apropriado a uma celebridade.
Yoongi percebeu que ela ficara desnorteada quando a viu caminhar para o ponto de ônibus e murmurar algumas palavras em outra língua. Foi engraçado não ter um plano e vê-la daquele jeito. Com certeza ela esperava a ligação do Taehyung! Parecia um pouco decepcionada por ser ele ali e não o amigo.
O coreano se apressou em alcançar e tocou em seus braços a puxando para se virar e a mulher o encarou novamente com estranheza, então Suga apontou o carro dele no estacionamento, e o rosto dela enrubesceu:
— Claro… — disse óbvia.
Estava tão nervosa com a figura que lhe seguia àquela tarde, mas ao mesmo tempo seu lado fã gritava dentro de si, e ela não podia perder a compostura e tietar. Ele abriu a porta do carro para que entrasse e enquanto Yoongi dava a volta, ela o observava com cenho franzido como o meme da Nazaré, o qual havia mostrado aquela semana aos amigos e explicado o contexto.
— O que significa "foda-se"? Era português, não é?
— Você não vai querer saber.
Yoongi deu partida e sorriu de lado, com olhos baixos e travessos na direção dela, e depois de tirar a máscara e o boné, com os vidros todos fechados ele puxou seu próprio telefone, dizendo:
— Siri, o que significa "Foda-se"? — perguntou à assistente virtual.
Mas não ouviu resposta, a mão de voou até seu iphone e ela se desesperou para cancelar.
— Aish!!!! Suga!!! — ela brigou e ele caiu na risada — Eu estava xingando, ok? Só quis dizer que se você não gostar de onde vamos é problema seu!
— Aaahhh… — Ele murmurou e então fez a expressão e murmúrio de quando estava com alguma dúvida, afirmando em baixo tom, mas claramente para que ela ouvisse: — Você parecia uma menina mais indefesa naquela entrevista…
o encarou com expressão de análise e então sorriu dizendo para si, mas também dando para ele ouvi-la: — Tsc… Eu nunca fui uma garota indefesa…
Yoongi a olhou de soslaio e sorriu discreto depois de ouvir aquilo, e os dois não falaram muito ao longo do trajeto, exceto por ele sendo guiado por no caminho.
Quando chegaram ao seu bairro, disse para Yoongi estacionar perto de uma barraquinha de rua, ele vestiu a máscara antes de sair seguindo-a. A mulher saiu à frente acenando para um ahjussi e uma ahjumma que estavam sozinhos preparando comidas na barraca.
— Anyeongseo Ahjumma!! Está vazio hoje!
— Anyeongseo ! Sim, do jeito que você gosta!
A senhora respondeu e indicou ao marido que fosse preparar uma mesa escondidinha sob a tenda para a escritora, e depois de cumprimentar o ahjussi, a senhora olhou a figura de Yoongi parado ao lado de e perguntou com um sorriso avaliando o rapaz:
— Este é seu namorado?
— Não, é só um amigo.
— Agust… — Yoongi apresentou-se abaixando em reverência: — Anyeongseo!
O ahjussi voltou indicando a eles o "esconderijo" de na tenda. Yoongi seguiu, pediu os bolinhos de peixe de sempre e dois sojus, e quando eles estavam sentados ali, ela falou tranquila:
— Pode tirar a máscara. Ultimamente eu tenho sido incomodada por fãs dos mangás aqui, então a Ahjumma teve essa ideia de colocar um biombo dentro da tenda para mim. Eu fico mais escondidinha e é mais quente também!
Yoongi observou aquilo e ia falar algo quando o ahjussi chegou para servi-los e ele abaixou a cabeça. Então o ahjussi riu ao perceber a timidez dele e falou para :
— Tímido, o seu namorado!
— Ele não é meu namorado, ahjussi! — riu.
— Ohh… — o senhor riu e piscou na direção dela zombando: — Nem o outro que sempre vem, não é? A senhorita é mesmo durona!
Ela ficou sem graça e quando ficaram a sós, também explicou para Yoongi:
— Meu agente. Todos que vem eles perguntam o mesmo, embora eu só tenha vindo com o Chany e agora com você aqui…
— Uoow! — Yoongi zombou e tirou a máscara, cauteloso, mesmo com dizendo pra ele se despreocupar — Então além do seu agente, eu fui o único a vir aqui ? Já estava achando que você fosse uma viúva negra!
— Eu ainda estou te achando um pouco psicopata, sabe? — disse atrevida tirando suas luvas e as colocando em seu colo.
— É justo. Talvez eu seja… — ele murmurou sorrindo e voltou a olhar a expressão dela, curioso e perguntando: — Mas por que me trouxe aqui?
— Me poupe! Você nem sabia aonde queria ir! Acho que nem sabe o que veio fazer atrás de mim! — A mulher riu e ele deu de ombros.
— Eu não tinha mesmo um plano, mas e você? Trouxe um psicopata que acabou de conhecer num lugar bem íntimo para você… Apesar do pouco requinte. — o encarou com expressão de raiva e ele riu — Então… Isso significa algo?
— Que provavelmente você vai gastar bem menos do que gastaria se fosse me levar pra comer em algum lugar estranho como você!
— Hm… Achei que era algum tipo de fetiche de fã… — o observou estranhando a colocação de Yoongi e mergulhou o bolinho que havia sido servido, no molho. Yoongi manteve a expressão sacana dizendo: — Você sabe… Levar o seu ídolo para comer esse tipo de coisa e beber soju, é bem típico de um fetiche de fã dorameira!
Yoongi riu servindo o soju dela e caiu no riso, tamanha a bizarrice do momento, porque era exatamente o que ela poderia dizer sobre a situação. Os dois brindaram e beberam juntos. Eles comeram, Yoongi a surpreendeu com uma simplicidade que ela não achava que ele tinha, e ela o surpreendeu com a maturidade que ele também não esperava, mas tinha algo de moleque, que Yoongi também gostou.
— E aí, o lugar de pobre, gostou? — perguntou quando eles caminhavam meio altinhos para o carro.
— O lugar é bom, a comida é boa, estava tranquilo e eu tive sala vip… — riu divertida e Yoongi apenas sorriu tímido, mas ficou sério ao constatar: — E a companhia foi incrível também…
assentiu concordando e então perguntou o que estava a incomodando desde o começo da tarde:
— Certo, fale a verdade… Por que veio atrás de mim tão de repente? Isso tudo foi bizarro!
— Mas foi bom? — Suga perguntou sério, encarando-a de forma intensa.
— Foi sim, Agust.
Ela sorriu com as mãos ao bolso e ele sorriu também, desviou o olhar para respondê-la:
— Eu não sei o porquê eu vim, na verdade. O Taehyung se interessou por você naquele dia e eu fiquei bem curioso sobre você. Acho que é só isso.
não compreendia, apesar de entender o que ele dizia, mas o lugar começava a encher em torno deles então ela apontou para o rosto de Yoongi, indicando que subisse a máscara e assim o assunto foi encerrado. Yoongi vestiu-se do disfarce e perguntou onde ela morava, no momento em que o seu celular tocou com Namjoon preocupado por seu sumiço a tarde toda.
— Já estou indo, Nam. Eu precisei fazer uma coisa.
Namjoon respondeu-lhe que não chegasse tarde ao dormitório, e quando Yoongi desligou a chamada, já respondia:
— Eu moro aqui no bairro, vou a pé para casa, não se preocupe! Chame um motorista de aluguel, e vá.
— Não, eu te levo! Te acompanho a pé se quiser.
— Hey, Agust! Eu já te trouxe no meu bairro, mostrar onde eu moro é demais, não é? Você ainda pode ser um psicopata! — riu debochada.
Yoongi assentiu e então chamou um motorista. Os dois ficaram dentro do carro esperando o motorista chegar, e conversaram mais um pouco, e antes de ir embora, Yoongi prometeu que na próxima vez levaria ela a algum lugar do estilo dele. assentiu sorrindo e se afastou do carro cruzando os braços e observando. Então Yoongi abriu o vidro e sacudiu as mãos dizendo para ela ir.
— Vai logo! Eu te ligo pra saber se você chegou bem em sua casa, escritora!
— Mas eu nem te dei o meu número! — disse surpresa.
— Não, mas deu ao Taehyung. — ele respondeu e ela ficou confusa e então Yoongi disse: — Vá para casa!
acenou e sorriu, saiu andando à medida que o carro dele se afastava. Não entendeu se ele quis dizer que o número dado ao Taehyung era de fato para si, ou se ele roubaria o número com o amigo. Mas quando seu telefone soou a mensagem dele, ela notou que Yoongi havia sido rápido:
"Você tem 10 minutos para me enviar uma mensagem com a sua foto dentro de casa!”
riu e sussurrou para si enquanto caminhava:
— Seu estranho.
“ te enviou uma figurinha” - a mensagem chegou e Yoongi sorriu murmurando para si dentro do carro:
— É, você não é mesmo uma mulher indefesa, escritora, mas é uma mulher muito legal e interessante…
Yoongi entrou no dormitório aquela noite e estavam todos reunidos na cozinha, fazendo algo para comer. Ele parou na porta, com as mãos ao bolso, observando-os e anunciou:
— Eu estou de volta, o que vocês estão preparando?
— Suga! — Namjoon se aproximou preocupado: — Onde estava?
Yoongi percebeu a ansiedade no rosto de todos. E então apontou com a cabeça para Taehyung, os deixando ainda mais curiosos.
— Com a escritora.
Taehyung arregalou os olhos assustado e de repente sua expressão mudou de surpreso e curioso para enciumado e confuso.
— Você está falando da escritora ? — Tae perguntou.
Jimin e Jungkook giravam a cabeça de um para o outro como se assistissem a uma partida de ping-pong. Seokjin naquele momento, também estava curioso nas razões pelas quais Suga foi atrás de uma mulher que declaradamente Taehyung estava interessado.
— Ela mesma. Acho que… Ela esperava a sua ligação.
— Yoongi… — Jin perguntou ao notar Taehyung sem reação — Você passou o fim da tarde com ela?
— Uhum! Eu joguei o nome dela na internet, já que Taehyung não me daria o número dela, e fui à empresa convidá-la para sair. E foi legal, ela é uma mulher incrível Tae!
A faca caiu no chão assustando a todos e Jungkook entrou na frente de Tae como se ele fosse fazer algo, o que deixou todo mundo surpreso. Taehyung encarou Kook de forma impaciente perguntando:
— O que está fazendo?
— Você não pode bater no hyung, Tae!
— Quem disse que eu vou fazer isso?!
Taehyung cruzou os braços e encostou-se à bancada, emburrado, olhando Yoongi que sorria de lado, travesso a observar a situação. Jungkook se abaixou pegando a faca e entregando a Jimin que, rindo, levou-a até a pia e quebrou o silêncio dizendo risonho:
— Uuuhh, estamos em um drama da KBS?
Ninguém disse nada, apenas voltaram aos poucos a fazer o que faziam. Exceto Taehyung que ainda encarava Yoongi de forma desafiadora.
— Não vai me perguntar nada? — Suga pronunciou.
— Hyung! O que você queria com ela?
— Eu fui checar. Não é porque você viu fotos dela com alguém, que ela realmente esteja com alguém! Para isso você tem que perguntar, e não se esconder!
— Hm? E isso significa o que? Que agora você passou na minha frente?
Yoongi riu baixinho coçando o nariz, e Seokjin mantinha-se atento, afinal, Suga não precisava de mais nada pra se enrolar ainda mais.
— Relaxa Tae, eu vou te ajudar! Ela aceitou sair comigo, e graças a isso eu sei agora que ela não tem namorado, é popular entre os amigos, é uma mulher simples, muito divertida e inteligente, e eu diria que... O seu maior concorrente é o agente dela! — Yoongi murmurou em dúvida: — Aish… Mas ainda não sei se é mesmo, preciso observar mais de perto.
— Moral da história! — Jin falou se intrometendo no assunto: — Você se aproximou dela de forma amigável? É isso? Não tem interesse?
Yoongi não esperava aquela pergunta vinda diretamente de Seokjin, mas acenou num meneio afirmativo com a cabeça e quase imperceptível. Taehyung continuava sem gostar daquilo, alguma coisa o incomodava muito no fato de seu hyung ter se antecipado, e voltado cheio de percepções sobre a escritora.
[XXX]
— Taehyung, liga para ela. — Yoongi falou antes de sair da cozinha.
Alguns dias depois, estava sentada em sua mesa junto a Sang Chang Chanyeol, seu chefe e amigo, juntos a toda a equipe quando o seu telefone denunciou uma mensagem no nome de "Agust".
— Agust? — Chang perguntou. — Outro dia o Hiro me falou que veio um homem com este nome aqui, e ficou algum tempo na sala com você...
olhou para o amigo estranhando a pergunta feita diretamente e diante de todo mundo. Trocou olhares significativos com ele, denotando como a conversa estava pública.
— Sim, é um amigo.
— Você nunca me falou sobre ele.
Os outros estavam todos atentos, e certos olhares cúmplices e risinhos foram escondidos. estava totalmente desnorteada com aquela postura de Chany, geralmente ele era comedido, e por mais que estivesse com algum tipo de curiosidade pessoal naquilo, não demonstraria no meio da equipe. Mas, foi só Song Hiro tossir falsamente, para Chang perceber que havia cometido um deslize.
— Bem, mas isso não é do nosso interesse, também! — desconversou o sunbae na tentativa de disfarçar.
A equipe finalizou os últimos detalhes da reunião, e então abriu a notificação para lê-la.
Agust: Anyeongseo, escritora!
Estarei passando na sua casa às 21 horas de hoje!
Não me faça esperar, por favor. Você sabe... Eu não posso me expor. 16:45pm
Escritora : Anyeongseo! Você é maluco? Como assim vai passar na minha casa?
Você não deveria perguntar se eu posso ou quero te receber? 17:50pm
Agust: Você não irá fazer uma desfeita assim...
Entre nós dois a agenda mais apertada é a minha, e eu estou tirando meu tempo livre para passar com você. 17:53pm
Escritora : Eu deveria mostrar ao mundo como você é um folgado, Suga! 17:54pm
Agust: Não me faça esperar. ☺ Precisa de carona para sair do trabalho? 17:55pm
Escritora : Não! Não apareça aqui, você vai me causar problemas. 17:55pm
Agust: Seu namorado? 17:56pm
não mais respondeu. Estava absolutamente surpresa com a atitude estranha, de novo, de Suga. Ela sempre achou que ele fosse o menos sociável do grupo. Acreditava que aquele tipo de aproximação forçada não faria o tipo dele, mas ali estava Yoongi manipulando a situação para encontrá-la novamente. Saiu da sala de reuniões e Chang a esperava no corredor.
— Hey... Me desculpe. Não quis soar invasivo naquele momento.
sorriu para o amigo, e acenou para que eles entrassem na sala dela. Assim que estavam sozinhos, ela escorou-se à própria mesa, deixando ali a pasta que estava em sua mão explicando:
— Eu confio em você e sei que a informação estará segura. O Agust é uma pessoa extremamente aleatória, mas famoso. Então, eu meio que tive que inventar este nome.
— Famoso? Era o Maurer? Mas... Todo mundo sabe que vocês estão saindo.
— Não. Não... É o Suga.
— Suga? Do BTS?
— É. Ele apareceu aqui há algumas semanas me chamando para sair. A gente só conversou um pouco aquele dia, e desde então, temos trocado poucas mensagens. Mas, é só isso.
Chang a olhou desconfiado com a mão no bolso.
— E... Por que ele se aproximou de você?
— Sei lá! Porque eu sou interessante? — perguntou irônica.
— Claro que é! Mas, achei esquisito... A única vez que vocês se falaram foi...
— No programa de TV. — interrompeu — E desde então ele me procurou. Mas, não tem nada de errado nisso, não é?
— Claro que não! — Chang sorriu largamente — Eu fico feliz que você está ficando amiga de um dos seus idols favoritos, army!
— Ei! Já falei que não sou army, e nunca diga a ele que ele é um dos meus idols favoritos! Sem o menor pingo de intimidade ele já é bastante... Enfim...
Chang assentiu e beijou a testa de saindo. Logo a mulher fez o mesmo, ansiosa, para chegar a sua casa e descansar um pouco.
No dormitório do BTS...
— Yoongi! Conseguiu liberação? — Namjoon perguntou preocupado, ao ver o colega preparar uma mochila.
— Sim! E não volto para o dormitório, mas já falei com o manager. Vou dormir no meu apartamento, já que o lugar em que vou é perto.
— Tudo bem! Eu e Jin damos conta dos meninos. Mas, posso saber aonde você vai?
— Vou sair para beber com uma amiga.
Jin surgiu no quarto escutando o que o amigo dissera e olhou surpreso para Namjoon. Certamente não deixariam de zoar.
— Olha lá hein, Suga! Nós não podemos namorar... — Namjoon falou em tom de falsa preocupação.
— Me admira uma garota ter aceitado sair com este velho! Ela tem algum problema? — Seokjin zoou rindo alto.
— Primeiro, ela não tem nenhum problema! Na verdade é uma mulher incrível! Segundo, ela não sabe que a gente vai sair hoje. E terceiro... Ela é só uma amiga.
— Ela não sabe? — Seokjin perguntou ainda ironizando: — Isso vai ser um sequestro! Eu sabia! Ninguém com sanidade suficiente aguentaria sair, em livre e espontânea vontade com o Yoongi!
— Tá, tá... Fale o que quiser Seokjin, no final não sou eu que estarei suportando a sua presença.
Namjoon riu dos amigos, e então desejou uma noite divertida para Suga. E claro, não deixou de orientá-lo sobre os cuidados de exposição e outros, para Yoongi, extremamente desnecessários. Quando estavam sós, Jin o perguntou ao sentar-se na cama:
— Quem é ela? É famosa? É de algum grupo?
Yoongi o encarou com olhos semicerrados, e continuou guardando as roupas na mochila, silencioso e ponderando se deveria falar alguma coisa.
— Ah qual é! Eu já falei da Maya para você e ela também é só uma amiga, mas, eu já contei que às vezes saio com ela, qual o problema de você também contar?
— Não sei se é famosa, talvez esteja se tornando. Ou talvez seja... Dentro no nicho dela. E não é de nenhum grupo.
— Espera... — Jin pensou um pouco e perguntou: — É a escritora? A escritora do Taehyung?
— Ela não é do Taehyung, Jin. Ele não se mexe para ser. Mas, sim é a escritora.
Seokjin ficou preocupado e não escondeu. Levantou-se da cama e foi fechar a porta do quarto. Naquele momento, Yoongi pressentiu que seria especulado.
— Yoongi, você está interessado nela, desse jeito?
— Claro que não Jin, estamos apenas nos conhecendo. Nos tornando amigos!
— Sabe que o Tae está sempre stalkeando ela, pensando nela, e falando nas obras dela... Ele já leu quase tudo o que ela escreveu, e o fato de demorar a agir... Enfim... Ela é uma mulher um pouco mais velha do que ele, então, o tempo do Tae é diferente... Mas, Yoongi, não faz isso. Não se aproxime dela de outra maneira, porque o Taehyung pode se magoar.
— Eu já disse que não tem nada a ver, Seokjin! Eu não estou competindo uma mulher com o Taehyung! Pelo contrário, eu estou tentando trazer ela até ele.
— Para quê isso? Deixe que ele resolva as coisas dele. Aliás... Eu não sei por que você ficou curioso sobre ela e tão atencioso sobre isso!
— Está dizendo que eu estou sendo maldoso com o nosso amigo?
— Não. Estou dizendo que pode ser perigosa essa aproximação! Ao menos Taehyung sabe que vocês dois tem conversado e que vão sair hoje?
— Eu falei aquele dia que estive com ela, não falei? Por que eu deveria dar passo a passo para o Tae sobre isso?
— Yoongi, Yoongi...
— Jin, você quem está vendo coisas onde não tem.
Suga pronunciou e o amigo suspirou saindo dali depois de um breve aceno. Yoongi revirou os olhos com aquela preocupação excessiva, e desceu para a sala comum, onde todos jogavam juntos, e aproveitou um pouco de tempo com os amigos antes de sair.
ligou o seu celular no carregador, e com a toalha ainda enrolada na cabeça caminhava lenta pela casa entre um passinho dançante e outro, do som baixinho tocando no pequeno espaço. Seu apartamento era bem pequeno, e embora ela já tivesse condições de se mudar dali, a mulher adorava o lugar. Havia se habituado à vizinhança, sem falar, que era muito perto de seu trabalho.
Soltou a toalha da cabeça, deixando a taça de vinho que tinha em sua mão sobre um aparador da parede e terminou de secar o cabelo de qualquer jeito. Jogou a toalha sobre o sofá e foi até a pequena cozinha conjugada à sala para verificar se o seu lámen estava pronto. Mexeu o macarrão na panela, e deu uma incrementada com alguns legumes que havia picado e deixado na tábua. Tampou a panela, pegou a sua taça, em seguida a toalha jogada no sofá pequeno, e saiu pela porta da frente.
O apartamento da escritora, era o último de um sobrado antigo de quatro andares, então, ao lado da porta de sua casa, havia o portãozinho de acesso para o terraço compartilhado. Mas, os outros vizinhos não iam lá em cima com frequência, apenas para estender suas roupas nos varais compridos. Era quem mais fazia o uso ali, e os cuidados do terraço ficaram sob sua responsabilidade depois que ela conversou com os outros inquilinos e com o senhorio do prédio, sob seu interesse em transformar a cobertura num "cantinho" coletivo. Logo, a chave do cadeado ficou com ela, e quando alguém precisava estender suas roupas, procuravam-na. Porém, uma das coisas que nos últimos anos vinha preocupando Chang em relação à moradia de , é que no prédio atualmente só viviam ela e a vizinha do terceiro andar, Nin'Ri Ho. Os outros dois moradores dos andares primeiro e segundo eram idosos e há dois anos foram levados pelos parentes a morarem com eles. Portanto, era um tanto quanto "perigoso" na mente de Chang, que ela e a amiga morassem sós no prédio, apesar da tranquilidade do bairro.
Enquanto se concentrava em estender sua toalha no "terraço" do prédio, Yoongi estava dentro do carro já impaciente por não ser atendido. Havia discado a chamada quatro vezes e nada da escritora o atender.
— Não acredito que você vai me ignorar... — falou para si mesmo encarando o próprio telefone.
Olhou para fora, rumo ao prédio antigo onde ele podia ver as escadas externas. Era um típico sobrado daqueles que via em doramas, e não entendia porque ela morava ali, se claramente poderia mudar-se. Yoongi pegou sua mochila, colocou o telefone ao bolso, certificou-se de não esquecer nada, e saiu do carro ativando o alarme.
Subia as escadas do sobrado torcendo para que ela estivesse em casa e o atendesse, até que chegando ao andar dela, ainda nas escadas de acesso do terceiro andar, ele viu uma mulher de pijamas, cabelos molhados bagunçados e com uma taça de vinho em sua mão descendo de outra escada, e trancando um portãozinho de metal que dava passagem para algum lugar acima.
O sorriso ladino de seu rosto não poderia ser visto sob sua máscara, que lhe servia de disfarce. Não evitou olhá-la de cima a baixo e notar que a beleza da escritora era mesmo genuína e denunciava claramente a diferença étnica entre ela e as outras mulheres coreanas. Mesmo sem se bronzear há alguns anos, por conta da pouca acessibilidade à praia, a pele dourada de ainda fazia presença em seu corpo. Yoongi se pegou pensando como seria no país dela, em que a tropicalidade é inevitável.
Caminhou devagar e silencioso pelas escadas até alcançá-la, e notou-a distraída quando mesmo parado no topo da escada de ferro ela não o viu.
— Por que você não está atendendo às minhas ligações, huh?
soltou um grito assustado, e Yoongi riu baixinho.
— Aish! — murmurou: — Seu... Seu...
Ela ponderou. Se tivesse intimidade com ele a certo ponto, o mandaria um bom palavrão em português, mas apesar da situação entre os dois parecer íntima, não o era de fato.
suspirou, e levou um dedo apontando em direção a ele para reclamar, mas Nini apareceu abrindo a porta do seu apartamento no andar debaixo preocupada, olhando para cima e se assustando ao ver um homem todo de preto, com máscara e boné, e uma mochila suspeita às costas parado em frente a sua vizinha e amiga.
— ...? Unnie... Está tudo bem? — apesar do medo notável pelo modo como a vizinha gaguejou no início, Nini encorajou-se a perguntar e segurando uma vassoura na mão.
Se o estranho virasse o rosto e mencionasse fazer algum gesto perigoso, ela lhe atacaria. notou as intenções corajosas da amiga, e sentiu-se grata, mas achou melhor adiantar-se antes que Yoongi fosse descoberto por Nini, ou atacado.
— Sim, Nini! Foi só um susto, mesmo. O meu amigo chegou quando eu estava voltando do terraço, e eu esqueci o celular lá dentro.
Nini subiu alguns degraus e sussurrou preocupada:
— Tem certeza? Ainda se lembra do código de ajuda, não é?
sorriu e a acalmou:
— Lembro sim Nini, pode ir tranquila. Ele é o meu amigo Agust, da ME.
— Nunca o vi, então eu vou continuar desconfiando. O único que vem aqui é o Chany... Mas, você lembra, não é? — Nini olhou desconfiada para o homem que ainda lhe dava as costas lá em cima, curioso com o portão do terraço — É sério, qualquer coisa eu vou ficar atenta. Me manda mensagem, ou me liga se precisar!
— Obrigada! — sorriu ainda mais, a fim de passar calma para a mulher e mostrar ainda mais gratidão.
Quando sua amiga vizinha entrou, a escritora virou-se para Yoongi que a olhava entediado e até um pouco... Irritado?
— Por que não me atendeu?!
— Eu não tenho obrigação nenhuma de lhe atender! — falou virando sua taça e apontando um dedo acusador para ele: — Eu avisei para não vir!
— Primeiro, que mulher nega uma ligação de um... — abaixou a máscara e sussurrou para ela, atento se a vizinha ainda não estava os observando: — BTS?!
— Uma mulher com bom senso? Uma mulher que acha que está sendo perseguida?
— O quê?! — ele alarmou-se fazendo cara de ultrajado — Eu aqui querendo ser seu amigo e você me diz que eu sou um stalker?
— Ora, vamos lá! Você há de convir que sua forma de fazer amizade é um tanto estranha!
— , vamos entrar ou não? Eu não posso ficar me expondo!
A mulher revirou os olhos e suspirou pesadamente, abrindo a porta de seu apartamento e dando-o espaço para entrar. Yoongi entrou com educação, pedindo licença e deu uma boa olhada em volta. O ambiente era absurdamente limpo e organizado, tinha cheiro de lámen, o que o fazia associar aquilo a um bom lar. Assim também como a música baixinha que tocava.
— Bem, pode se sentar. Não precisa ficar igual uma estátua em pé.
— Por que não se muda daqui? — A pergunta lhe escapou direta.
Yoongi não pensou que estava sendo grosseiro, na verdade, foi tão espontâneo que não imaginou que ela se ofenderia. Ele apenas não entendia, por que ela morava em um apartamentinho tão pequeno, por mais que lhe soasse aconchegante.
— Você vem sem ser convidado e ainda insulta o meu lar? — perguntou de braços cruzados mandando a língua formal coreana para a casa do cacete: — Realmente, Yoongi, você é bem audacioso!
— Me desculpe! — Ele riu — Eu não quis ofender, na verdade, é bem aconchegante. Só que é pequeno, é o tipo de lugar que estudantes alugam por ser mais barato, e você... Bem você não é mais tão anônima, não é? Deve ter algum dinheiro para sair daqui...
— Eu tenho os meus motivos e não lhe interessam!
— Yá! — Ele reclamou ao vê-la ir para o que seria a cozinha, justificando-se mais: — Por favor, me desculpe, não quis te ofender.
— Tudo bem.
— E não use este tom informal comigo, eu sou seu... — parou de falar observando-a.
Ela virou-se com uma panela e talher nas mãos, colocando-a sobre a mesa da saleta. Observou-o curioso e pensativo, ainda de pé, e então a própria esclareceu:
— Não. Não é meu sunbae, hyung e muito menos um oppa! Nem pense nisso! Nós temos a mesma idade, e considerando o quanto você é folgado eu vou tratá-lo como as coisas funcionam em meu país!
Yoongi deu de ombros associando ainda a informação, que não havia percebido se em algum momento tinha sido dita: Tinham a mesma idade. Ele deixou sua mochila em cima do sofá, e que servia uma nova taça de vinho para si perguntou sem rodeios:
— Para quê essa mochila? Você não está pensando em ficar aqui, não é? Aliás, o que veio fazer aqui?!
— Também tenho perguntas, não precisa pressa. — Ele falou sarcástico puxando a única outra cadeira da mesa e sentando-se ao lado dela. — Hm... Lámen! E... uow! Este aqui está caprichado!
fez uma careta ao vê-lo destampar a panela sobre a mesa.
Quão folgado ele era capaz de ainda ser? Ela se levantou e foi pegar talher e taça para ele.
— Anda, Yoongi. O que está fazendo aqui?
— Nós vamos sair. — disse simplesmente puxando o macarrão tão apetitoso.
— Como é?
— Bom... Eu estava a fim de sair para um lugar legal, e achei que você também gostaria disso.
— Assim? Do nada? — perguntou desconfiada sugando o macarrão também.
— Você tem namorado?
E quase engasgou com a pergunta tão diretiva dele. Yoongi a olhou de soslaio, com um sorriso sacana em sua face enquanto comia tranquilo.
— O que isso tem a ver?!
— Bem, estamos dividindo uma panela de lámem... Isso poderia desagradar se ele chegasse e nos visse aqui... Você não assiste drama, escritora? Logo você?
— Você deveria se preocupar com isso antes de ficar me cercando e aparecendo do nada! — falou um tanto irritada.
— Eu fiz isso. Te perguntei mais cedo, mas você não respondeu, e também não vi notícias oficiais de você com aquele ator que andou saindo há algumas semanas.
— E vem me dizer que não é um stalker! Qual o seu interesse nisso, seu esquisito?!
— Nenhum, na verdade. Mas, eu vou te levar pra sair hoje, seria bom saber se há um namorado para eu me preocupar... — Ele falou como se fosse óbvio e a encarou, depois olhou para a panela: — Não vai comer?
— Aissssh! Você é impossível! Eu não gosto do modo como você age, Yoongi! Não é porque é um idol que vai vir na minha casa quando bem entender, fazer perguntas pessoais, e ainda me dizer o que fazer! Eu não vou a lugar nenhum! É meu dia de folga amanhã e eu quero aproveitar a minha noite pré-folga também!
— Exatamente por isso estou aqui! Eu não sabia de nada disso, mas vai ser legal se a gente sair. — Ele a olhou de um modo bobo, sorrindo um pouco e implorando com um biquinho na face: — Ah ! Vamos lá, vai! Vai ser legal, eu prometo! E eu deixo você em casa inteirinha!
— Sei não... Você... Você não é confiável.
— Deixaria uma pessoa não confiável entrar na sua casa, enquanto você está com um pijaminha provocante tão pequeno e confortável, e ainda por cima o deixaria comer lámen com você?
Yoongi tinha um bom ponto. Tão bom que enrubesceu, só não sabia se era pelo olhar predador dele ou pela falta de argumento. Por incrível que pareça, ela sentia-se bem perto de Yoongi, apesar de achar que a expressão dele era típica de um sociopata. Apesar do olhar tão enigmático vindo dele, para era quase como se ele fosse um amigo do Brasil, em que a relação não exigia tanto esforço.
— Onde você pretende ir?
— Isso! — Ele comemorou batendo palmas e pela primeira vez a deixando ver o seu sorriso gengival — Você vai gostar! Confia em mim! É uma boate reservada, seleta.
— Hm... Claro. Numa barraquinha de bairro que não seria... — Ela ironizou.
— Ei! — Yoongi reclamou e a cutucou se sentindo ofendido: — Eu gostei, ok? Eu gostei mesmo de ir lá com você!
arqueou a sobrancelha estranhando a forma sincera dele, e voltou a comer seu macarrão e beber seu vinho, ainda constrangida sob o olhar dele. Yoongi viu o rosto da mulher corando um pouco e soltou uma risadinha.
— Vamos comer logo, que você tem que se arrumar e eu sei que vai demorar! Tem cara de quem demora.
— Você está muito enganado sobre mim, Yoongi! — murmurou.
— Assim como você de mim, estamos empatados.
Ele falou e os dois se olharam, trocando um sorriso de provocação. passou a sentir que se livrar de Yoongi seria uma tarefa bem difícil, talvez impossível. E mesmo sem entender o que ele queria ou pretendia com ela, a escritora não temia. Pelo contrário, sentia que aquilo era certo.
Depois de comerem, caminhou para o seu quarto pequeno e começou a mexer em seu guarda-roupa, se assustando quando Yoongi apareceu atrás dela querendo dar palpite.
— Pega um vestido qualquer, não é como se você precisasse impressionar ninguém!
— Que susto! — falou virando-se para ele e o empurrou para fora de seu quarto — Dê-me licença, por favor!
— Aquele vestido rosa está bom!
— Eu não perguntei a sua opinião. — arqueou a sobrancelha para ele, e fechou a porta em sua cara.
Yoongi sorriu ladino e caminhou pelo lugar que ele não chamaria de "casa", mas era a casa de . Apesar de ser apertado era tão funcional, com as mobílias simples e bem colocadas fora a organização minimalista, que ele sentia-se mesmo à vontade ali. Ficou imaginando como Taehyung se sentiria em entrar na casa de .
Caminhou até o ambiente onde a caixinha de som estava e observou as músicas selecionadas por ela que tocavam. Descobriu que ela também tinha um bom gosto musical. Observou alguns livros e mangás em prateleiras da parede, notou algumas plantinhas penduradas, e andou até a porta da frente, observando pelo olho mágico o portãozinho que havia descido. Gostaria muito de saber o que havia lá em cima.
Uma música que ele gostava começou a tocar e então, Yoongi aumentou o volume. Em seguida foi até a geladeira dela e pegou mais do vinho aberto, e enquanto bebia sentado ao sofá a esperando, percebeu que precisaria de um motorista se não parasse de beber. Pegou o telefone e enviou uma mensagem para seu motorista particular de sempre, afinal, a Big Hit controlava tudo para a segurança deles. Disse ao ajhussi que ele mandaria mensagem na hora de buscá-lo, e passou o endereço.
— Pronto! — surgiu na sala procurando alguma coisa e não notou o modo como Yoongi a olhou.
— Vo... Você... Você pretende voltar comigo? — perguntou surpreso entre gaguejares.
— Esta é a sua forma de me dizer que eu estou linda? — Ela riu encontrando o brinco que estava perto de um móvel do sofá.
— Eu quis dizer que não era como se você precisasse impressionar.
— Ora! — reclamou levando a mão até a cintura — E se eu quiser impressionar?
— Você vai sair comigo! Não é para se distrair com outro cara, !
A mulher começou a rir da expressão de desprezo de Yoongi e de seu biquinho irritado ao dizer aquilo.
— Ora Yoongi, vai me dizer que se aparecer uma mulher interessante você não vai me deixar?! — perguntou e ele ruborizou, pigarreou então ela provocando mais um pouco: — Ou a mulher interessante de hoje sou eu, e você realmente pretende voltar comigo?
Yoongi reclamou e se levantou subitamente dando as costas. Não queria ver a expressão divertida da escritora. Não queria ver o vestido preto tão bonito que deixavam suas pernas tão evidentes, tampouco queria ver as pernas torneadas que finalizavam em um lindo salto preto. Nem queria reparar na tornozeleira sutil que ela usava em seu tornozelo esquerdo, tão delicada. Yoongi pegou sua mochila, afoito, jogando-a nas costas e bebeu o restante do vinho.
— Você vai dirigir? — perguntou pegando a bolsinha simples e colocando dentro dela um batom, as chaves, cartão e o seu celular.
Yoongi passou por ela e sentiu o perfume amadeirado da mulher, e quase saiu correndo dali. Estava arrependido da ideia. era uma mulher muito atraente, e ele não poderia imaginar que aquilo seria mesmo, perigoso, como dissera Jin.
— Vou. Mas, quando viermos embora eu chamo um motorista. Relaxe!
— Certo! Então, vamos! — sorriu e ele assentiu — Não vai se trocar?
— É só tirar o meu boné dentro do carro, e vestir a jaqueta que deixei lá dentro. Eu não preciso me enfeitar para ser notado.
entendeu que ele estava a sacaneando quando o viu rir sarcástico, e empurrando-o para fora de sua casa, deixou a resposta na ponta da língua:
— Nem eu. Apenas evidencio as coisas para deixar homens bobos sem palavras, como deixei você.
Yoongi precisava admitir: ela havia o deixado sem argumentos, e realmente, mudo.
A boate era mesmo seleta. podia jurar que viu alguns caras do Seventeen ali, mas como eram muitos os integrantes, ela nunca sabia quem era quem. Yoongi gargalhou quando ela disse aquilo e o perguntou se poderia ser mesmo o grupo. Os dois conversaram muito e beberam muito também. E dançaram à vontade, ou melhor, dançou e Yoongi apenas ficava parado por perto, até que ela revirou os olhos por ele a levar ali, mas não dançar.
— Vem! Vamos voltar para nossa mesa, porque eu não vou dançar sozinha e você não sai da minha cola para ninguém se aproximar!
— Não te convidei para você dançar com nenhum outro idol. — ele zombou.
— É, mas o problema é que você também não dança.
Os dois se sentaram à mesa de novo e continuaram a beber e conversar.
— Por favor, não é? Dançar faz parte do meu trabalho, e você quer me obrigar a isso na minha folga? É como se eu te pedisse para escrever um livro agora!
— Mentira. É porque você tem dois pés esquerdos, e só dá conta de dançar seguindo os passos dos outros... Você é o que menos dança no seu grupo!
— Ah é? Então quem é o melhor dançarino?
— Hm... — ponderou — Não sei se o Jimin ou Hobi, mas... Jungkook também é bem competitivo então...
— Você é army!? — Yoongi a interrompeu rindo e virando sua vodka.
— Eu não! — falou gesticulando muito, devido ao seu teor alcoólico alto — Para sua informação, é um absurdo dizer isso! Eu não sei tudo sobre vocês como o army, e...
— Quem de nós é o seu favorito!?
— Ah por favor, eu não vou responder uma coisa dessas!
— Vamos! Pode dizer, eu sei que sou eu, certo? Só por isso você está aqui comigo, não é?
— Claro que não é você!
— Então quem é?
Yoongi sorria malandramente como se tivesse a colocado contra a parede e pigarreou, virou seu uísque – coisa que inclusive, deixou Yoongi surpreso, já que a bebida era na concepção dele "forte demais para mulher" — e então, ela estalou a língua como se estivesse desinteressada dizendo:
— Não tenho um favorito entre vocês. Eu nem ouço tanto assim suas músicas.
— Eu via a sua playlist.
— Ah, vai à merda. – falou em português o fazendo estranhar — Esquece!
— Você vai me fazer aprender português só para saber se realmente você anda me ofendendo em outra língua!
— Mas é óbvio que estou! – riu e apoiou-se à mesa de modo a aproximar mais de Yoongi e zombou-lhe: — E ora, ora, quer dizer que você aprenderia a minha língua só por minha causa?
Yoongi ruborizou e novamente fez a sua expressão de desprezo proposital e sacudiu a mão na frente dela dizendo:
— Yá, yá! Você é muito convencida!
— Eu só estou interpretando os fatos como eles são!
Entre mais bebidas e conversas, e mais idas de até a pista de dança já que Yoongi preferia ficar sentado apenas observando e rindo, os dois foram ficando cada vez mais bêbados e alegres. Até que sem muita noção do que estavam fazendo, na hora que disse que queria ir embora, ele chamou o motorista e mandou-o dirigir para "casa". Mas não explicou para a casa de quem. Yoongi e adormeceram no banco de trás, e quando chegaram no apartamento dele, o ajhussi o acordou.
— Onde estamos? – perguntou ainda bêbado e confuso.
— Na sua casa, Yoongi. Bem, vamos... Eu devo levar a senhorita pra cima?
Yoongi assentiu saindo cambaleante pelo estacionamento do prédio, e alcançando o elevador sem se lembrar direito de . Mal sabia de onde estava vindo. Então percebeu o ajhussi carregando uma mulher e se aproximando do elevador e espantou-se:
— Yá! Yá! O que, quem é esta?
— Acredito que a sua namorada, senhor Yoongi. Ou algo do tipo já que estavam juntos.
— Eu estou namorando? – perguntou para si, confuso, e apenas assentiu positivo para o motorista.
Entraram no apartamento, o homem perguntou onde a colocar, e Yoongi apontou seu quarto. Depois que o ajhussi saiu, Yoongi observou o rosto da mulher deitada em sua cama, e não conseguia entender como havia chego ali com ela. Sentou-se na beira da própria cama, e suspirou perguntando-se:
— Qual é mesmo o nome dela?
Yoongi retirou a bolsa transpassada no corpo de , e os sapatos da garota e a cobriu, em seguida saiu para a sala. Quando jogou seu travesseiro no sofá, finalmente ele se recordou: era , a escritora.
— Meu Deus, como eu pude me esquecer? Eu nunca mais bebo vodka.
Na manhã seguinte, acordou e ao abrir os olhos e se ver num ambiente totalmente diferente, assustou-se. Recordou da noite anterior, e desesperada observou-se, mas para sua felicidade estava vestida com a mesma roupa da noite passada. Esfregava a cabeça e ouviu a porta se abrir. Yoongi viu que ela estava assustada e ela notou que ele estava um bagaço. O rapaz entrou no quarto com seu travesseiro na mão, jogou-o ao lado dela na cama, e disse ranzinza:
— Eu passei frio a noite por sua culpa!
— Hey! O que eu tenho a ver com isso? Você disse que me deixaria em casa, e não na sua casa! O que afinal aconteceu?
— A gente dormiu no carro, e eu não sabia nem quem você era! Meu motorista que te trouxe para cima.
— Eu não acredito Yoongi! – ela gritou jogando uma almofada nele — Você não teve nem a gentileza de subir comigo? Deixou um estranho me carregar?
— Não sou mais estranho agora só porque dormiu nos meus lençóis? – zombou e viu a garota esfregar a cabeça de dor, ao tentar falar mais alguma coisa para ele — , se eu te carregasse nós estaríamos até agora no estacionamento.
— Não importa... O fato é que eu tenho que ir embora.
— Não era seu dia de folga? — ele perguntou abrindo a porta do próprio closet.
— Sim, mas eu preciso ir para minha casa, tomar banho e...
— Eu não tenho condições de te levar agora, sério! Eu estou com muita ressaca, porque não fica e almoça aqui? Toma. — ele estendeu uma camisa dele, uma cueca nova e uma bermuda.
— É sério isso? Eu posso tomar um táxi, ou carro de aplicativo! – mencionou levantar-se e sentiu a cabeça latejar — Depois que você me der comprimidos para dor de cabeça, é claro.
— Vá, tome seu banho, tem toalha limpa para você e escova de dente nova no meu banheiro. Vou trazer o remédio.
fez o que Yoongi aconselhou e enquanto estava no banheiro se pegou pensando em que situação mais estranha era aquela. Ao mesmo tempo, era uma situação que não a causava medo. Era mesmo como se ele fosse um velho amigo, e ela esperava não se arrepender deste sentimento.
A mulher tomou banho, lavou os cabelos analisando que produtos ele usava e pensando: "O que as fãs diriam se soubessem que ela estava no banheiro de um BTS usando o xampu dele?", ao mesmo tempo que gostaria de rir daquilo, imaginou um exército de garotas raivosas invadindo a ME e destruindo tudo, a tirando de lá arrastada. Não foi uma premonição boa, então era melhor esquecer que aquele era o banheiro de Suga. Assim como era melhor esquecer que aquela escova de dente na frente dela, era dele, e o quanto cada vez mais, ficava esquisita aquela situação.
— Credo. Eu espero mesmo que não tenha rolado nada, porque você não lembra de nada, ! Sua irresponsável! – ela sussurrou para seu reflexo no espelho.
Enrolou-se na toalha e agradeceu por ser uma mulher bem resolvida com o próprio corpo, já que teria de usar aquela camisa sem sutiã. Abriu a cueca da embalagem nova e observou o tamanho, rindo em seguida. Quanto valeria no mercado negro o tamanho e tipo das cuecas de Min Yoongi? Vestiu-as e em seguida pegaria a camisa preta sobre a cama, mas antes que pudesse a vestir se assustou com o homem entrando no quarto correndo, e gritou.
Enquanto estava no banho, Yoongi preparava um café da manhã para os dois e procurava pela cartela do medicamento que acabara de pegar, e ao encontrá-lo, ele caminhava até seu quarto, mas foi interrompido pela campainha. Não tinha ideia de quem poderia ser, então deixou a bandeja com o copo de água e o remédio sobre a mesinha de centro e foi até a porta. Estava prestes a abrir quando pensou: "Quem iria subir sem ser anunciado?". Só uma pessoa tinha a senha do seu apartamento e poderia subir sem ser anunciado. Yoongi arregalou os olhos e virou-se para a direção do seu quarto, e voltou novamente o olhar para a porta, que já estava sendo aberta.
— Omma!?
— Ommonni está aqui, meu querido Yoongi! — sua mãe falou sorrindo e carregando algumas sacolas.
Yoongi demorou a perceber o que deveria fazer. Sua mãe veio até ele e o abraçou apertando-o e deixando as sacolas no chão.
— Omma! Por que não avisou que viria?
— Uwa! Qual o problema da sua mãe vir sem avisar, Min Yoongi!?
— Eu teria arrumado a casa!
Ele deu uma desculpa qualquer e correu até as sacolas as levando para a cozinha, e sua mãe o seguiu, risonha:
— Oras Yoongi! Sua casa está absolutamente arrumada, você saiu ontem do dormitório! Que tipo de bagunça faria em uma noite!?
— Bem, de qualquer forma, eu vou arrumar o quarto antes da senhora entrar! Eu ainda nem estendi minha cama, e não coloquei as roupas para lavar e...
Yoongi ia dizendo tentando disfarçar seu desespero, dentro de sua pose de "tranquilidade", mas sua mãe o conhecia. Não demoraria a achar que ele estava estranho, então ele se afastou devagar até seu quarto. Se corresse, ela descobriria que não era para entrar no quarto dele. E por causa disso, ele entrou de qualquer jeito pegando de surpresa e seminua. A escritora estava apenas vestida com a sua cueca, e puxou rapidamente a toalha para cobrir os seios quando ele entrou de uma vez.
— O que pensa que está fazendo!? Eu estou me trocando! Saia e...
A voz dela era alta e Yoongi temia que sua mãe ouvisse, então a interrompeu se aproximando da mulher e pegando a blusa dele sobre a cama e tentando ajudá-la a se vestir:
— Shiiii!!!! – vista isso rápido e...
— O que está fazendo?! Para! Eu sei me vestir sozinha! Você estava me espiando ou...?
— Pelo amor de Deus mulher, cala a boca! – Yoongi tampou a boca de com a mão e a entregou a camisa com olhar desesperado: — Veste!
se vestiu contrariada enquanto ele lhe dava as costas e Yoongi estava na porta observando por uma greta alguma coisa. Yoon percebeu sua mãe sair da direção da cozinha para a sala e então fechou a porta, caminhou até que o observava assustada.
— Yoongi!
Ele novamente levou a mão até a boca dela a pedindo para ficar em silêncio, e a empurrou em direção ao closet dizendo:
— Entra por esta porta no meu guarda-roupa e...
— O que?! – parou abrindo os braços o impedindo de a empurrar para entrar no armário: — Você está me escondendo!?
— , só entra logo aí, pelo amor de Deus e eu te explico depois!
Yoongi levou a mão até a cintura da mulher tentando a empurrar, mas mantinha-se firme evitando que ele conseguisse a empurrar e Yoongi começou a suar frio. Primeiro, porque estava com a cena dela seminua em sua cabeça e agora com as mãos na cintura dela, coberta apenas por sua blusa. E a mulher forçava o próprio corpo contra o dele na tentativa de não perder em força para ele, que parecia desesperado para a esconder, o que atiçava também a imaginação de Suga.
— A sua namorada está aí, é isso? – a escritora perguntou querendo rir.
— É muito pior do que isso! – Yoongi falou forçando o corpo contra o de , e tentando abrir a porta de correr do móvel, tirou a mão da cintura dela, mas antes que conseguisse, ele ouviu a porta do quarto se abrindo.
— Min Yoongi! – a senhora Min gritou assustada.
olhou para a porta e em seguida para ele que sussurrou:
— Pelo amor de Deus, é a minha mãe.
— E porque não me disse!? – ela sussurrou de volta.
— Vocês dois! – a ajhumma gritou chamando a atenção deles que permaneceram colados um no outro daquela forma que aos olhos da senhora Min era tão suspeita: — Yoongi! Largue esta mulher!
olhou para ele, mas Yoongi parecia apavorado, e com medo da mãe não conseguia se afastar. Então revirou os olhos e desceu os braços das portas do armário e levou-as até os ombros de Yoongi, o que o fez ficar ainda mais nervoso com aquilo e sentir um arrepio percorrer seu corpo.
— Yoongi, me solte!
— Min Yoongi! Explique já o que está acontecendo! — sua mãe gritou de novo.
Não foi algo fácil de explicar. A senhora Min estava vendo uma mulher claramente estrangeira, dentro da camisa de seu filho, sendo prensada por ele na porta do guarda-roupa, e não havia desculpa que pudesse fazê-la compreender a situação.
— Você está trazendo mulheres para cá, desde quando!? – ela gritou com ele, e lhe jogou o sapato que calçava.
— Calma ommoni! Eu não estou trazendo mulheres para cá e...
— E o que é esta cama bagunçada? As roupas que ela está vestindo são suas! Aliás, esta mulher está nua! Ela entende o que eu falo, seu bastardo!?
— Ela entende! Omma! Calma aí, eu posso explicar!
A mãe de Yoongi avançou para batê-lo, e o garoto correu pelo quarto tentando fugir e pulando a própria cama. estava boquiaberta e pensando no que poderia dizer, diante tudo aquilo. A mãe de Yoongi o alcançou e pegou a orelha dele, que reclamava de dor e pedia a mãe para se acalmar.
— Ajhumma! – se pronunciou e a senhora Min a olhou com audácia, e Yoongi surpreso.
o encarou como se dissesse claramente que ele lhe devia uma, então se ajoelhou ao chão na frente da mãe dele dizendo:
— Me desculpe Ajhumma! Yoongi não fez nada de errado! Ele apenas me ajudou! Me desculpe por desonrar à senhora e ao seu filho com a minha presença aqui deste modo, mas seu filho foi muito atencioso com meu bem estar, senhora Min!
A mãe de Yoongi olhou para a mulher sob seus pés, e depois para o filho que apenas encarava a garota ao chão, um pouco estático.
— Yoongi!? – sua mãe o chamou.
— Ommoni, é verdade! Ela dormiu aqui, mas sem mim! Eu dormi na sala, e só emprestei minhas roupas a ela porque ela não tinha como se vestir.
A mãe de Yoongi percebeu a garota ajoelhada ainda com o rosto virado ao chão e viu o filho parecer formular algum tipo de explicação, e então ela soltou a orelha já vermelha dele.
— Espero os dois na sala para uma conversa.
A ajhumma falou e saiu sem nem olhar novamente para , mas espiou rapidamente o filho indo se abaixar na direção da mulher e a amparar de modo cavalheiro. Sorriu e então saiu dali até a sala.
— !
— Eu devo ter cometido um grande pecado em minha vida passada não é?! – a escritora falou séria para ele, cerrando os dentes puxando um travesseiro caído no chão para bater nele.
— Me desculpe! Ela chegou de surpresa! Não é como se eu soubesse!
— Por que não veio me avisar antes de abrir a porta para ela, Yoongi!?
— Ela tem a chave! Não fui eu que abri a porta!
— Você é mesmo um bebezão, não é? Garoto... Olha só! Só cala essa boca e vem na minha história, ouviu?
— Claro! A escritora aqui é você, eu nem vou me atrever!
Yoongi ajudou a se levantar e já ia sair quando a viu abrir seu closet de novo.
— O que está fazendo?
— Vou vestir uma calça! Ou quer que eu vá conversar com sua mãe assim ainda?
Yoongi ainda estava um pouco perdido, então ficou parado a observando. puxou uma calça jeans dele, observou pela numeração dele que caberia, mas ficaria justa, porém, vestiria mesmo assim. Yoongi ainda estava ali a esperando e deixou-se levar pelo movimento das calças jeans subindo pelas pernas dela, e só se deu conta de que estava focado na bunda de , quando ela lhe jogou o outro travesseiro no rosto.
— Controle-se seu pervertido!
pegou o sapato da mãe de Yoongi que estava caído perto do closet, e puxou-o para ir na frente. Yoongi respirou e foi até a sala, encontrando sua mãe sentada de pernas e braços cruzados, com uma expressão de que o mataria.
— Omma...
— Cale a boca e sente-se, Yoongi! Onde está a moça?
— Estou aqui, ajhumma. – falou num tom de voz calmo, de quem estava tranquila por saber estar com a razão.
Yoongi se pegou pensando se por acaso era aquele tipo de pessoa que não saía do controle em situações de vida ou morte, e achou mais uma informação importante sobre ela, dada a forma como ela reagiu à sua mãe.
— Sente-se.
A senhora Min ordenou e obedeceu. Sorriu à mais velha colocando o sapato dela aos seus pés e a ajhumma Min olhava um tanto curiosa. Analisava cada característica física e cada maneira comportamental da mulher.
— Ajhumma, gostaria de explicar-me, se me permitir.
— Comece.
— Eu gostaria de dizer que sou grata à senhora pela educação que deu ao seu filho. Se não fosse ele, eu poderia estar em uma situação muito ruim agora. Seu filho é um homem muito honrável, ajhumma.
— Você sabe quem é o meu filho?
— Ah, sim... Ele é Min Yoongi.
— Então sabe que elogiá-lo não vai me fazer acreditar em você, afinal, ele é um idol famoso e você apenas uma oportunista!
— Ommoni! – Yoongi falou em defesa de , mas a amiga apenas tocou a mão dele e sorriu negando:
— Ela tem razão de pensar o que quiser, Yoongi. As circunstâncias foram estranhas não é mesmo?
— E qual é a situação então, senhorita!? – A ajhumma Min falou incomodada pela forma como a mulher parecia tranquila, livre de culpa e até sensata.
— Estávamos ontem numa danceteria, por acaso, nos conhecemos há pouco tempo. E eu estava sozinha, de táxi, mas seu filho ofereceu me levar até em casa em segurança, já que nós dois tínhamos bebido. Porém, tanto ele quanto eu dormimos no trajeto.
— E então, aproveitaram isso para dormirem juntos! – a mãe dele interrompeu, mas negou silenciosa com um sorriso, e a expressão educada e plácida dela fizera a senhora Min ficar curiosa com o restante da história dela:
— Na verdade, o motorista dele nos trouxe para esta casa, já que ele não foi informado do meu endereço. E Yoongi educadamente me trouxe para seu apartamento, não ficou tranquilo em deixar ele me levar sozinha e desacordada para qualquer outro lugar. Yoongi me deixou dormir em seu quarto. Ele dormiu no sofá, e esta manhã acordou me oferecendo que tomasse banho, vestisse suas roupas e após o café, fosse embora. Apenas isso, senhora.
— E posso saber porque aquela cena no quarto, Yoongi? – sua mãe o perguntou e ele suspirou óbvio:
— Você acredita nela?
— Nem um pouco.
— Então está respondido. A senhora iria vê-la e deduzir o que está deduzindo, então eu ia a esconder no closet.
olhou para Yoongi assustada por ele confessar e sua mãe nada surpresa por ouvir o que ele disse.
— Eu posso ser uma ajhumma, mas não sou burra. Sei que vocês jovens não respeitam mais alguns costumes, e eu sei que você está nessa idade em que um homem não consegue...
— Ommoni! – Yoongi falou a interrompendo e bateu em sua mão.
— Não interrompa sua mãe! Apenas ouça.
não sabia, mas o modo como Yoongi se calou e desculpou-se com sua mãe foram um sinal claro de que a ajhumma tinha em sua frente, uma mulher capaz de controlar os impulsos do filho, assim como ela fizera a vida inteira.
— Como eu dizia... Eu sei que vocês tem necessidades. E não me importo que namore Yoongi, desde que a sua carreira não seja destruída por isso! Você tem um contrato, sabe disso! E também não gosto de saber que é uma estrangeira que está namorando você e...
— Mãe, nós não somos namorados!
— Então você ao menos usou camisinha? Porque isso continua sendo péssimo!
— Ajhumma! – interveio ainda calma e educada: — Nós não fizemos. Realmente eu apenas dormi no quarto dele, e ele na sala.
— Ah é? Bom, e há quanto tempo você namora o meu filho?
— Ela não namora, mãe!
— O motorista Nam me contou que deixou você e sua namorada em casa. Eu não sou burra Yoongi!
— Espera... Então a senhora veio aqui para nos flagrar?! – ele perguntou surpreso e irritado.
— Flagrei mesmo? A história que ela contou é outra.
— Eu realmente fui ajudada por seu filho, ajhumma! Mas, é verdade também que Yoongi possa ter dito qualquer coisa, estávamos bêbados.
— Quem é você, querida? – a senhora perguntou num tom irônico.
— , sou escritora da...
— Você é a escritora da Mangaká Entertainament? Aquela que estava no mesmo programa que ele?
— Ah... – e Yoongi se olharam surpresos pela forma como ela falou — Sim, sou eu.
— Ah! Então eu estava certa! Seu rosto não me era estranho! Eu adoro os seus livros! Eu li a série dos mangás e estou ansiosa para o drama! Mas, preciso perguntar! – o lado fã da mãe de Yoongi tomou conta da situação: — Shin Yo Nam não vai mesmo ficar com a Clair?
— Mãe... Espera... Você é fã da ?!
— É claro que eu sou! E quem é você pra me julgar? Está namorando ela!
escondeu um sorriso orgulhoso da situação, e antes que Yoongi dissesse novamente que não namoravam, a mãe dele brigou com o filho:
— Ela é a única estrangeira que eu aceito, ouviu bem, Yoongi!? E não a faça mal, ou eu sou capaz de arrancar suas orelhas!
— Eu sou seu filho!
— E ela é a primeira mulher decente que você escolhe!
— Eu nunca apresentei nenhuma namorada à senhora!
— Claro! Ela é a sua primeira!
— Ela não é minha namorada!
— Bem, então você continua não me apresentando! Está até mentindo! Se eu não apareço de surpresa, você iria a esconder também!
suspirou percebendo que a coisa só piorou, mas se aliviou ao ver a mãe dele se levantar do sofá, calçar sua sapatilha e dizer aos dois apontando a cozinha:
— Eu trouxe comida caseira, e é bom que você não permita ele te fazer comer mal, ! Yoongi sabe cozinhar, eu ensinei muito a ele! E também, quero os dois em Daegu na próxima folga do grupo, Yoongi! Essa história de dormirem juntos sem falar comigo e seu pai, nem mesmo a apresentar... Isso ainda não me desceu, e não é porque sou sua fã que eu vou te aceitar dessa forma, senhorita !
— Ajhumma, realmente há muitos mal entendidos aqui.
— Resolveremos todos em Daegu, escritora! Agora eu tenho que ir, preciso encontrar o irmão de Yoongi! – a senhora interrompeu — Veja se não demore a aparecer em casa, Yoongi! Eu vou me certificar de saber as datas da sua próxima folga! Eu vou pedir uma licença pessoal ao seu manager e...
— Omma, por favor a senhora pode nos escutar!?
— Agora não! Geumjae já está me esperando!! Escritora, aguardo-a em Daegu! – falou incisiva para e caminhou até a porta, antes de sair completamente, falou séria ao filho: — E não façam bebês! Isso destruiria a vida dos dois agora!
Yoongi sentiu o rosto enrubescer e quando se deu conta, a sua mãe saiu tal como o furacão que entrou. Ele olhou para que estava jogada de novo no sofá, ainda envergonhado e perdido.
— Vejo que a abordagem estranha e invasiva é de família.
— Eu vou dar um jeito nisso, juro.
— É bom mesmo. Olha só onde você me meteu com sua desculpa de sair um pouco!
bufou e foi até a cozinha ver que comidas a mãe dele tinha entregue e o que precisaria ser guardado.
— Pelo menos podemos almoçar algo caseiro. – ele surgiu na cozinha atrás dela.
— Você merece uns tapas! – a escritora ameaçou fazendo careta: — Cadê meu remédio? Vou tomá-lo e ir embora. Quanto mais distante de você melhor para mim.
Yoongi riu e foi até a sala trazer a bandeja que havia deixado sobre a mesa, e quando entrou na cozinha, percebeu comendo o omelete que ele havia feito antes de sua mãe chegar. Ela sorria com tanto prazer que ele não pode não sorrir, contagiado pelo sorriso satisfeito dela.
Os rapazes estavam todos reunidos na sala de seu apartamento coletivo, entre jogos e outras coisas. Tae, Jimin e Namjoon assistiam a um filme, quando o telefone de Namjoon tocou. Era a ajhumma Min em chamada de vídeo. Eles estranharam, mas atenderam.
— Ajhumma! Que prazer ver a senhora! — Namjoon afirmou.
— Olá Ajhumma! — Jimin e Tae disseram juntos.
— Anyeongseo, meninos! Uwa! Como estão bonitos! Vocês são o orgulho de sua família! — brincou risonha a ajhumma diante o telefone, fazendo-os ficar enrubescidos, e depois que eles a agradeceram, a senhora perguntou ao líder: — Namjoon, o Yoongi já chegou?
— Ah, não Ajhumma. Ele ainda está no apartamento dele, acredito. Mas, a senhora não consegue falar com ele?
— Anyo! O Yoongi está merecendo um castigo! Mas, será que ele saiu com a namorada dele ou ainda estão trancados naquele apartamento!?
A ajhumma perguntou mais para si, contudo, os rapazes ficaram confusos. Namjoon ia perguntar do que ela estava falando, mas ela logo perguntou:
— Vocês devem ter o telefone dela, não tem?
— Desculpe ajhumma, mas de quem a senhora está falando? — Nam perguntou tão atento quanto Tae e Jimin.
— Da namorada dele! É claro! Não se faça de ingênuo, Namjoon! Eu já descobri que o Yoongi está namorando! Eu os flagrei juntos essa manhã e eu acho bom que vocês não sigam o exemplo do hyung de vocês! O que o Yoongi está fazendo é muito errado! Ele deveria ter dito primeiro à família dele! E vocês ainda não tem permissão de namorar, não é?
Os três estavam tão confusos quanto em choque, e Jimin se aproximou mais de Namjoon perguntando curioso:
— Ajhumma! Quem é a namorada do hyung Yoongi?
— A estrangeira, Jimin! Por acaso tem outras?
— Estrangeira? – Taehyung perguntou sentindo o peito doer com o que passou em sua mente.
— Oras! Vocês querem que eu acredite mesmo que não sabiam!? Yoongi não teria como esconder a namorada de vocês! Vocês já a conheceram naquele programa que fizeram tempo atrás! A escritora !
No mesmo instante, Jimin arregalou os olhos para Taehyung e Namjoon, também encarou a expressão desacreditada dele. A porta se abriu e a voz de Yoongi avisando que chegou foi escutada.
— Ajhumma, ele chegou... — Nam falou e chamou Suga.
Ele se colocou atrás do sofá dos meninos, bebendo água e abaixou para ver o que eles estavam vendo no telefone e se assustou com sua mãe ali.
— Ommoni!?
— Estava até agora com a sua namorada, Yoongi!? Você não tem que trabalhar ou estudar...? Olha lá, hein!
— Mãe! Ela não é minha namorada! — insistiu constrangido, mas menos do que ficaria ao saber o que ela disse para os outros.
— Não me venha com mais mentiras, Min Yoongi! Eu já estou em casa, e te liguei mais de dez vezes e você não atendeu!
— Eu...
— Esqueça! Não fique sem me atender quando estiver com a ! — Yoongi gelou por ela falar o nome da garota e olhou de rabo-de-olho para Tae enquanto ouvia a mais velha: — Eu só queria avisar que o seu pai já está sabendo também, e que Geumjae virá no final da semana que vem para casa, então, aproveitando para reunir toda a família, você traga a sua namorada para nos apresentar devidamente!
— Mãe, por favor, a não é minha namorada, ela só é a minha amiga e...
— Você realmente quer que eu acredite nisso depois de ver o que eu vi?
Jimin ficou vermelho, Namjoon também, Taehyung ainda mais, e apenas se levantou saindo dali. Naquela altura, todos prestavam atenção na conversa, mesmo os outros meninos que faziam outras coisas. Viram Taehyung sair para seu quarto cabisbaixo, e cheio de raiva estampada no rosto. Yoongi percebeu o escândalo errado que aquilo tudo causou, e viu os olhares acusadores de Jin para si.
— Omma, depois nos falamos tá? Tenho que ir agora... – ele desligou a chamada na cara da mãe, e Namjoon se alarmou pela falta de educação, mas não disse nada, já que Yoongi apontou para todos eles justificando: — Não é nada disso! Ela entendeu tudo errado e tirou conclusões precipitadas.
— Eu só queria saber o que ela viu para chegar nessas conclusões. — Jin alfinetou e foi até o quarto de Tae para ver como ele estava.
— Jogou baixo, hyung. – Jimin disse tristonho.
— Eu não estou namorando! E não aconteceu nada entre ela e eu! E... Olha, eu tenho que me explicar pro Tae primeiro.
— Espera Yoongi! — Namjoon falou indo atrás dele também, e pedindo para os meninos esperarem todos na sala.
Jin estava no quarto com Tae, e o mais novo estava mudo. Não dizia nada e Jin sabia que era a forma de Taehyung não estourar. Quando Yoongi surgiu no quarto dele, Taehyung desviou o olhar.
— Tae, não é nada disso, cara. É sério, a minha mãe chegou lá em casa hoje e viu a , saiu deduzindo coisas erradas!
— Ela dormiu na sua casa. Acho que até eu entendi essa.
— Não, Tae! Não rolou nada, eu juro! Nós saímos ontem à noite, e bebemos muito. Na volta, o meu motorista nos levou para a minha casa, a dormiu lá, mas eu não dormi com ela. Só que de manhã ela estava no meu quarto, e aí a minha mãe chegou do nada! Eu fui tentar esconder a para ela não pensar merda, mas a minha mãe entrou no meu quarto e nos viu, saiu deduzindo o mesmo que você. Mas, não! Eu não sou namorado dela e nada do tipo! Eu jamais faria isso com você, Taehyung!
— Yoongi, só me deixa tá? Eu não quero falar com você por enquanto.
Jin suspirou e junto com Namjoon pediram para Yoongi sair do quarto do mais novo. Na sala, Yoongi contou para todos eles de novo o que tinha rolado, e mesmo sabendo que era difícil acreditar, alguns com exceção de Jimin e Jin, confiaram no mal-entendido.
Durante a semana, Yoongi e Taehyung mantiveram diálogos necessários e cordiais, e Suga ainda não sabia como se livrar do evento que sua mãe armou, e ainda teria que dar aquela notícia para a escritora.
estava no seu escritório com Chang e havia contado para o melhor amigo, e chefe, o mal entendido gerado na casa de Suga. Ele havia dito a ela quase no final da semana seguinte, que não conseguira se livrar do que a mãe armou. , obviamente estava incomodada, mas não tanto quanto Sang Chang Chanyeol. O seu chefe previa que aquela confusão poderia gerar ainda mais aproximação entre Suga e . E o problema era justamente aquele.
— Então, creio que não terá jeito. Eu vou ter que ir para Daegu com o maluco do Yoongi, e lá, esclarecer para os pais dele que nós nunca fomos namorados!
— Mas será que ele quer esclarecer isso, ? – o tom de ciúme foi notado por ela.
— Hey, Chany! É lógico que ele não vai mentir, e mesmo se fizesse isso, eu não quero.
O outro torceu os lábios e logo foram chamados por Hiro, que disse precisar dos dois na reunião de projetos que se iniciaria.
[xxx]
Sexta-feira à tarde, e Yoongi estava absolutamente nervoso por que buscaria a escritora para a viagem, e ainda não havia conversado com Taehyung direito sobre aquilo. O amigo, ainda o evitava e agora Seokjin estava dando novo sermão em Suga.
— Você espera até a última hora para contar a ele, e ainda quer que ele o desculpe?
— Eu tentei falar com ele, Seokjin! Taehyung está me evitando há duas semanas! Há duas semanas eu nem converso direito com ele e não quis forçar uma situação que tornasse a convivência ainda mais delicada! Afinal, trabalhamos juntos.
— Como vai ser agora? Vai bater no quarto dele e dizer: “Ei, Tae, desculpa avisar só agora, mas eu vou levar a em Daegu! Quer ir?”.
Embora o tom de Seokjin fosse de absoluto escárnio, Yoongi achou uma boa ideia.
— Sabe que não é tão ruim?
— O quê? – zombou o outro.
— É! Se ele for com a gente, eu o apresento como namorado dela, e aí resolvemos dois problemas!
— Yoongi, você está intelectualmente deficiente.
Seokjin saiu do quarto desistindo, e encontrou Jimin no corredor indicando:
— Entre aí e diga para o Yoongi que ele é um idiota, por favor?
Jimin tomava um sorvete e arqueou a sobrancelha dizendo em dúvida:
— Eu não posso ofender o meu hyung! — ouviu Suga o chamar dentro do quarto e entrou, perguntando: — Por que o Jin está nervoso com você?
Yoongi contou tudo para o Jimin, que depois de ouvir olhou para o chão se sentindo ainda mais chateado pela situação.
— Olha hyung... O Tae está muito chateado, e com razão. Tudo isso fez parecer que você agiu de má fé, e mesmo que tenha se justificado antes, e dado tempo a ele de desculpá-lo, agora você vai jogar tudo abaixo de novo. Porque na verdade, você deveria tê-lo dito dessa viagem. Ir lá agora e falar, tornará as coisas piores, mas não falar também. Você não tem saída, se já vai piorar tudo, pelo menos seja honesto com ele.
Yoongi percebeu Jimin sair constrangido e percebeu que o conselho dele e de Jin eram as únicas opções. Bateu na porta do quarto de Taehyung que estudava, e entrou após o amigo permitir.
— Tae, eu preciso te contar uma coisa.
Taehyung o olhou descrente, como se já esperasse ele contar: “eu estou sim saindo com a escritora”. Indicou uma cadeira para Yoongi sentar, mas ele preferiu ficar de pé na soleira da porta, e começou:
— Eu não consegui convencer meus pais de não ir a Daegu. Eles não acreditam que eu estou falando a verdade, então, e eu teremos que ir para esclarecer as coisas verdadeiramente.
— E por que está me contando? É culpa ou você está fazendo o tipo que “fez a sua parte” antes de voltar, e me dizer: “Ah Tae, então não deu!”?
Suga suspirou aflito. A última coisa que queria era chateá-lo.
— Tae, eu estou falando a verdade, não me sinto culpado por nada, porque não tem o que me culparem. Foi um engano da minha mãe, que se tornou uma fofoca. E mais cedo ou mais tarde, você vai ver isso. Até lá, espero pacientemente que você possa me desculpar.
— Era só isso? — Taehyung falou suspirando e dando as costas para Yoongi, retornando aos estudos.
Saiu do quarto de Tae, e pegou sua mochila rumo ao próprio carro. Deu um “até logo” a todos os outros meninos no dormitório por onde passou, e foi ao encontro de .
A escritora já o aguardava na saída de seu trabalho, com sua pequena mala, e ao ver o carro dele parando, se encaminhou até ele. Colocou sua malinha no banco de trás, e retirou a bolsa trançada de seu corpo entrando no carro.
— E aí, tudo bem escritora? — Yoongi falou com uma cara de enterro ao vê-la entrar.
— Eu estou ótima, mas a sua cara de quem está indo para a forca me preocupa. — suspirou ela colocando o cinto.
— , sério. Desculpe por isso! Eu juro que eu tentei.
— Relaxa Yoongi, ‘tô encarando como um passeio. Eu vou para Daegu, sem pagar hospedagem e ainda vou conhecer o passado de um BTS na fonte. Está tranquilo.
Apesar de desconfortável a situação, estava genuinamente sendo sincera. A tranquilidade em seu rosto fazia com que Yoongi também ficasse mais tranquilo, mas ela notou enquanto ele dirigia como o estranho novo amigo-falso-namorado estava chateado.
— Aconteceu alguma coisa, ou realmente devo me preocupar que seus pais vão nos casar quando chegarmos a Daegu? — o tom sarcástico arrancou um risinho dele.
— Taehyung não fala comigo. Está uma situação estranha...
— Er... — refletiu e confusa perguntou apontando para si e para ele: — Por causa disso?
— Sim. — Yoongi a olhou rapidamente e notou a expressão de estranhamento da escritora, dando um jeito de esclarecer: — A minha mãe ligou para os meninos e deixou escapar que nós somos namorados, e meio que... Disse o que ela viu, sem de fato dizer. Ficou parecendo que ela nos pegou num flagrante, e eu não consegui convencer os meninos totalmente. O Tae então... Nem tem olhado na minha cara.
— Tá... — soltou um muxoxo desacreditado e continuou: — Eu não entendo porque ele está nessa! Não faz nem sentido, não é? O garoto pede meu telefone e nem me liga! Pelo contrário, o amigo dele cola na minha saia! Na minha cabeça, quem tem intenções comigo é você.
Yoongi arregalou os olhos, ansioso, e começou a emburrar dizendo:
— Mas se até você não acredita em mim, vai realmente ficar muito difícil desfazer essa confusão! É o Tae que quer sair com você, !
— Yoongi, sejamos coerentes: faz sentido para você ele simplesmente não dar um passo que confirme isso o que você diz?
— Eu sei que parece estranho! Mas... O Tae é reservado, ele é mais novo do que você e...
— Ah então o problema sou eu? — começou a indagar sentindo como se ele fosse culpar a idade dela, que na verdade era a mesma de Suga.
— Não ! Você não é um problema, só que para ele... Olha eu não posso falar por ele. Isso é algo que só o Taehyung vai poder explicar!
— Não pode falar por ele, mas veio chamar a escritora para sair no lugar dele. Bem normal né? – debochou.
Yoongi decidiu que não iria insistir. À medida que tentava consertas as coisas, tudo só piorava, então, a melhor coisa a fazer foi ligar o aparelho de som do carro, e levar a viagem com conversas sutis, alguns risos e depois que pegou no sono, ele até mesmo cantarolava.
— Geum? — atendeu uma chamada do irmão, e olhou para o lado vendo que a escritora cochilava com a cabeça escorada na janela. — Falta muito para chegar, Yoongi? A omma já está pensando que você mentiu e não está a caminho.
— Aigoo... Estou entrando na cidade, logo mais eu chego. Que pouca fé! — Não tem como culpá-la. Quem escondeu a namorada foi você... — Geumjae sacaneou com um tom um pouco mais humorado do que o normal.
— Aish! Ela não é minha namorada! Geumjae, até logo!
Yoongi desligou a chamada com um pouco de nervosismo no rosto, porque estava chegando em casa e encararia sua família inteira pensando que ele e eram um casal.
Por alguma razão, aquela situação o deixava cada vez mais apreensivo. que já estava acordada a algum tempo, apenas de olhos fechados ouvindo tudo, abriu-os e sorriu para Yoongi zombando:
— Você não tem um pingo de moral entre seus familiares, não é? Ninguém acredita no que você diz, e isso me faz pensar: você era um mentiroso na infância, Yoongi?
— Aish... Que fofoqueira fingindo que estava dormindo!
gargalhou e abriu a janela podendo observar melhor a noite de Daegu.
— Eu ainda não tinha vindo até essa cidade... — aspirou o ar friozinho e colocou o rosto um pouco mais para fora, apoiando-se na porta.
Yoongi sorriu largamente a observando pelo retrovisor lateral. O sorriso de era algo mesmo muito bonito, e o modo como ela parecia maravilhada com tudo, também era uma cena digna de ser memorável.
— Obrigada! — ela falou se virando para ele, e ajeitando-se no banco o pegando de surpresa: — Embora a situação tenha tudo para ser caótica, pelo menos eu vou conhecer um lugar novo.
— Eu posso te levar aonde você quiser!
Yoongi disse tão prontamente que até ele mesmo estranhou. sorriu fraquinho, percebendo que o coreano havia ficado sem jeito e achou aquilo até fofo, para alguém que se mostrava rabugento a maior parte do tempo.
Chegaram até a casa da família Min, e notou que a mãe de Yoongi já abria a porta de entrada da casa modesta, e não tão simples quanto pensava. Os pais de Yoongi estavam à entrada da casa, aguardando enquanto o filho adentrava com o carro na garagem.
— Ok, agora eu estou achando isso um pouco demais... Olha a expressão deles... — falou sorrindo pelo vidro, falsamente.
— Está com medo agora, não é? — Yoongi soltou o cinto e pegou a mão de a olhando de forma engraçada e prestes a fazer piada com a situação, falou: — Fique tranquila querida, eles vão gostar de você!
deu um tapa na mão dele, e riu ao dizer antes de abrir a porta e descer:
— Claro que vão! Eu sou adorável! Você corre o risco de perder seu posto de filho pra mim, estranho!
A mulher desceu, e Yoongi sorriu ao vê-la cheia de coragem saindo do carro. Respirou fundo e abriu sua porta saindo também. Pôde ver sua mãe vindo até a mulher e a abraçando de uma forma cortês demais para o que ele estava acostumado. Certamente, sua ommoni deveria mesmo ser fã da escritora. Seu pai a cumprimentou de forma educada, enquanto a esposa dizia: “Essa é a namorada de Yoongi!”. Ele trocou olhares com e viu a mulher sorrir como quem dizia que não era o momento de esclarecer as coisas. O casal Min guiou-a na frente mal se importando com a presença do filho. Era como se estivessem dando graças por Yoongi apresentar uma mulher como sua namorada.
Geumjae estava dentro de casa, e para a surpresa de Yoongi também estava acompanhado. O evento realmente era uma viagem de apresentações, a diferença é que o relacionamento de seu irmão com a Jinah era real. Depois dos devidos cumprimentos, a senhora Min afirmou que as duas moças dormiriam juntas no quarto de Yoongi, e que os dois rapazes dormiriam no quarto de Geumjae. assentiu e logo se enturmou com Jinah e Geumjae. Apressou-se a ajudar sua falsa sogra e falsa cunhada no jantar, enquanto os três homens conversavam na sala.
— Ela é bem bonita, Yoongi! — o irmão falou fazendo um sinal de “ok”.
— Sua namorada também. Ela tem algum problema?
— Engraçado, eu ia perguntar a mesma coisa sobre a sua! O que uma mulher linda e aparentemente mais inteligente do que você, está fazendo ao seu lado?
— Ela é muito inteligente mesmo, por isso está ao meu lado. — Yoongi zombou de volta sem dar-se conta do que dizia.
— Uwa!— o pai interrompeu a discussão ente irmãos dizendo: — Meus dois filhos se tornando homens trazendo namoradas em casa! Eu realmente estou ficando velho.
— Appa! Espera... Eu tenho que esclarecer uma coisa... — Yoongi suspirou.
— Eu sabia! Ela tem algum problema não é?
— Cala a boca, Geum!
— Hey rapazes! — apareceu os interrompendo: — A ajhumma disse que não vai contar até três para virem comer.
Enquanto Geumjae e o senhor Min se levantaram para ir até a sala de jantar, passando por e a cumprimentando com sorrisos e expressões de alegria, a escritora notou Yoongi a olhando pedindo para esperar. E assim que ficaram a sós, ele caminhou até a entrada do corredor e pegou pela mão a puxando para outro canto do cômodo, um pouco desesperado.
— Como vamos fazer isso? Quero dizer... Eu ‘tô com medo de acabar dando a entender que somos um casal, então...
— Yoongi, relaxe. — falou risonha notando ele se sentindo acuado — Não dá para falar isso na mesa do jantar, então, depois que arrumarmos tudo a gente conta. Assim, se rolar estresse todos vão dormir mesmo...
— É... Geumjae tem razão. — ele a olhou de modo admirado — Você é mesmo muito inteligente.
— Está muito nervoso Yoongi. Não tem motivos para ter medo de contar a verdade, não é?
falou e apenas saiu sorrindo e negando com um meneio de cabeça. Os dois entraram no cômodo ao mesmo tempo, e Geumjae disse algo como “já estar indo buscar os pombinhos”, e notou novamente, que Yoongi coçou a nuca nervosamente. Serviram-se, jantaram e conversavam bastante sobre suas vidas particulares. As mulheres estavam sendo alvejadas de perguntas dos pais, e tanto Jinah quando , respondiam a tudo sem nenhum medo.
Yoongi observava o modo como a escritora lidava com a situação de forma natural, e quase se deixou iludir pela mentira de que aquele era o primeiro jantar de namoro oficialmente. Depois, os homens foram organizar a cozinha, enquanto as mulheres conversavam na sala.
— Seus pais sabem que estão namorando? — A ajhumma perguntou às duas, quando os homens já estavam retornando.
— Sim, o Geumjae conheceu os meus pais primeiro. — Jinah sorria pegando na mão do namorado que se sentava ao seu lado e olharam-se apaixonados.
Yoongi se jogou de qualquer jeito no sofá ao lado de , fazendo até mesmo o corpo da mulher, dar um saltinho e bagunçando os cabelos dela. Ela o encarou com uma expressão de careta pelo comportamento dele, e não notaram como todos o encaravam esperando uma resposta.
— Que foi? — Yoongi perguntou aos quatro pares de olhos.
— Você já conheceu os pais dela, Min Yoongi? — o pai perguntou sério — Foi pedir permissão para este namoro da forma certa como seu irmão?
— Ah... Não. Mas é que...
— Não acredito Min Yoongi! — a mãe dele gritou se levantando um pouco do encosto do sofá: — Você está fazendo tudo errado? O que pensarão de nós? Nosso filho não tem respeito por regras básicas!?
— Ommoni, não é isso! É que como dissemos, nós não somos namorados!
E o silêncio a seguir foi tão constrangedor quanto à situação mentirosa no todo. A verdade era uma infâmia tão grande para os pais de Min Yoongi, que observava curiosa às reações.
— Nós te dissemos isso, omma! — Yoongi resmungou um pouco mal educado apontando para si e para .
— Bem, o que ele quer dizer senhora Min, é que nós tentamos esclarecer isso antes, mas parece que as informações se desencontraram. E eu só estou aqui, porque foi preciso que eu viesse pessoalmente para esclarecer já que...
— Já que vocês não acreditam em mim! Eu estou a uma semana dizendo que este jantar não teria sentido!
Yoongi interrompeu , e novamente a escritora retomou a fala tentando amenizar o tom usado pelo amigo:
— Quer dizer, pelo menos não para nos apresentar como namorados. No final das contas, Geumjae trouxe uma namorada de verdade, e preciso dizer que foi uma excelente escolha, Geumjae! — disse cortês.
A ajhumma Min encarou Yoongi e de uma forma ultrajada. Não estava com raiva dos dois, mas havia se animado por achar que fosse sua nora. Apesar de ser uma estrangeira e ela não ter tido aquele tipo de sonho para seus filhos, em casá-los com uma mulher não coreana, ao menos , em sua concepção, era elegante e sabia se portar. Era uma mulher bonita e agradável.
— Bem, mas o que foi aquilo que eu vi então? Você estava a agarrando Yoongi! — a mãe falou ainda ultrajada.
Os três homens se sentiram constrangidos, assim como Jinah, mas segurava o riso. Poderia explicar ela mesma, já que Yoongi parecia ter sido pego nu, até que o ajhussi Min disse primeiro:
— Querida... É comum que na idade deles, e nesta geração os rapazes sejam...
— Não, não! Se o meu filho dorme com uma mulher, que tipo de modos são esses!? — a ajhumma reclamava — Ele desvirtua a filha de outra família assim e diz que não tem um relacionamento?
— Omma! Os tempos são outros! — Geumjae falou para ajudar o irmão.
— Chega! — Yoongi falou firme e se levantou com as mãos na cintura, um tanto nervoso: — Ommoni, eu não estava a agarrando! A senhora entendeu tudo errado e ainda que estivesse não estamos mais na Era Joseon! Um homem e uma mulher transam sem terem algum tipo de relação, ok? E nós dois... — apontou para e para si — Não temos uma relação, não namoramos, tampouco transamos! É isso! Foi tudo um mal entendido e, por favor, pare de dizer que ela é minha namorada, porque não é!
Yoongi puxou a mão de que o olhava assustada como todos os outros e saiu a guiando para fora de casa.
— Hey Yoongi! — a mãe gritou: — Aonde você vai?
— Eu vou dar uma volta com ela!
pegou sua bolsa de qualquer jeito que estava sobre o sofá e colocou-a no corpo vendo Yoongi a arrastar pela entrada da casa, atônito.
— Yoongi! Que surto é esse!? — ela falou assustada ao ver que ele ainda a arrastava pelas ruas do bairro — Nem pegou seus documentos! Até onde vamos andar?
Yoongi não deu ouvido. Parou um táxi e a indicou que entrasse. Quando estavam lá dentro, ele notou que realmente não havia pegado nada.
— Você paga.
— Minha nossa! — reclamou rindo: — Você vai sempre me meter em roubadas, é isso?
— Ajhussi, nos leve para o Old Blue! — disse para o motorista à frente e retornou o olhar para sem notar que ainda segurava a mão dela: — Você vai conhecer meu bar favorito.
arqueou a sobrancelha estranhando o modo como ele estava pouco se importando com o modo como saiu de casa, e soltou a mão dele. Só então Yoongi olhou para a mão que segurava a dela, e notou que não havia soltado a mulher. Chacoalhou a cabeça revoltado por toda a confusão desnecessária e direcionou um olhar contemplativo para fora da janela até que viu o telefone de estendido para si.
— Ligue para eles, avise que estamos bem e indo para um bar. Sua mãe vai ficar preocupada.
— Eu não. Liga você.
revirou os olhos com os modos mal educados dele de novo.
— Disca logo, Yoongi! — brigou.
Ele pegou o aparelho e discou o número de casa, onde logo em seguida insistiu que se ela queria avisar, que a mesma fizesse aquilo. A mulher então conversou com a senhora Min pelo telefone explicando tudo, e ouviu a outra suspirar aliviada. Depois, seguiram para o tal bar e quando estavam entrando, disse de forma divertida:
— É melhor que este lugar não seja tão caro!
— Eu era um fodido quando morava aqui, sabe? — Yoongi brincou guiando-a para uma mesa.
Depois que se sentaram os dois fizeram seus pedidos e iniciou a conversa:
— Será que pode me dizer que reação foi aquela?
— Do que está falando?
— Yoongi! Por que está tão desesperado com essa mentira? Quero dizer, esclarecemos as coisas, não tinha porque agir daquele jeito com a sua mãe... Eu sinto que você está decepcionado de ter que desmentir tudo.
— Talvez eu esteja um pouco... — deu de ombros bebendo e percebeu o olhar surpreso de , desviou os olhos para o próprio copo explicando: — Geumjae e eu temos uma boa relação, apesar de sermos um pouco distantes um do outro. Não pense que é porque ele está levando alguém de verdade, já que eu já estou aflito com isso desde antes.
— Eu sei, não tem a ver com Geumjae e se você viesse com essa desculpa esfarrapada, eu desmentiria.
— É... Não tem a ver com ele. Mas, de algum modo meus pais não estiveram sempre aprovando as minhas escolhas... O meu pai achava que eu deveria ter seguido outra carreira, e a minha mãe... Acho que em relação às mulheres ela sempre teve expectativas altas demais. Eu tô surpreso de ela se mostrar satisfeita com você de alguma forma...
— Então, está querendo dizer que o fato de trazer uma namorada de mentira para sua casa te deixa magoado porque, de certa forma, é a primeira vez e logo nessa situação é uma decepção para eles?
— Mais ou menos por aí... Eu nunca apresentei mulher nenhuma. E nem pretendo, na verdade.
assentiu virando sua bebida também. Observou ao redor do bar e notou como haviam muitos casais ali, e então encarou Yoongi de novo. Ele ainda encarava o próprio copo com um olhar vazio.
— É mentira.
— O que?
— Dá para ver na sua testa que você queria muito que fosse real. Não nós dois, mas digo, isso de levar alguém em casa.
— Você tá maluca? Viu como a minha mãe é possessiva e controladora?
— Ela é assim porque você sempre deixou, e acho que o que ela realmente quer é sentir que você terá uma mulher com o mesmo efeito que ela tem sobre você. Por isso ela ficou satisfeita comigo, deu para ela notar que a probabilidade de eu controlar você é maior do que o contrário.
— Eu duvido! Ela não ia querer uma mulher mandando em mim! E você não manda em mim...
— Não precisa de muito tempo contigo para saber que você toma umas escolhas estranhas e confusas sozinho, não é Agust? — ironizou com o apelido que precisou criar para disfarçar a identidade dele — É nítido que com o tempo você vai comer na minha mão também.
— Isso é ridículo.
Yoongi observou o que dizia e cruzou os braços sobre a mesa sorrindo desafiador para :
— Então, o que você acha é que a minha mãe quer uma aliada?
— Sem dúvida! Eu sou uma mulher adorável, eu te disse, mas com certeza o fato de que eu meio que impus certo controle na situação desde o começo, mostrou para ela, que eu sou uma mulher foda demais para não ter medo de uma ajhumma. E é como dizem, mulheres fodas querem outras mulheres fodas ao lado.
— Quem diz isso? — Yoongi arqueou a sobrancelha, confuso.
— Eu digo. Mas, sabe, não precisa ficar chateado, agora que sabe que tipo de mulher sua mãe espera, essa situação toda foi, na verdade, um bom aprendizado para você. E apesar da decepção dela em saber que eu não sou a nora escolhida, ela vai superar isso. Ela não é a primeira a sofrer por isso...
— Você é muito convencida! — Yoongi zombou — Então, eu só preciso encontrar uma mulher como você? É isso?
— Não. Exatamente como eu, não vai rolar.
— Me deixa adivinhar: porque você é única no mundo?
— Logico! Ou você me apresenta como sua namorada um dia, ou vai ter que se contentar com uma versão menos qualificada. Mas, você conseguirá estranho. Acredite nisso!
falou demonstrando um gesto de quem não poderia desistir. E Yoongi riu animado. Sem dúvida, era única.
Eles riram juntos, beberam o suficiente para que relaxassem sem ficar bêbados, depois Yoongi levou para uma caminhada aos arredores, onde apresentou um pouco mais dos pontos da cidade. Quando retornaram para casa, aparentemente todos dormiam, e então entraram com risos baixos e subiram os degraus da sala se despedindo na porta do quarto de Yoongi.
— Obrigada pelo passeio, estranho. Apesar de estar me devendo uma grana! — sussurrou.
— Que mesquinha! — ele falou apertando o nariz dela se aproveitando que ela não poderia reclamar senão acordaria os outros. — Boa noite, qualquer coisa bate na porta do quarto ao lado.
assentiu e os dois entraram ao mesmo tempo, mas ela não viu Jinah ali. Apesar disso, retirou sua bolsa do corpo, pendurando-a na cadeira, e trocou de roupa, indo para a cama de Yoongi em seguida. O colchonete no chão, provavelmente para ela e onde Jinah deveria estar não havia sido mexido.
Yoongi entrou no quarto do irmão se deparando com o casal dormindo profundamente e agarradinhos. Pensou que aquilo provavelmente seria algo que Geumjae o pediria. Então, ele pegou sua mochila e foi até seu quarto, batendo na porta. se deitava na cama e riu por imaginar que Yoongi estaria ali para reclamar do irmão agarrado à namorada.
— Entre.
— Eles estão juntos! — reclamou entrando no quarto e fechando a porta.
— Era de se imaginar.
— E não duvido que ele fosse propor o mesmo se a gente não dissesse a verdade! — Yoongi deixou sua mochila sobre a própria mesa do quarto afirmando: — Eu vou deixar minha mochila aqui já que essa história vai se repetir.
acenou afirmativa enquanto se ajeitava melhor na cama e via Yoongi ir até o guarda-roupa.
— E só vou pegar outra roupa para me trocar, eu não consegui achar a que eu separei lá no quarto dele.
— Vai dormir onde?
— Lá embaixo, no sofá.
— E entregar seu irmão?
— Como assim?
— Ué, estranho! Se você dormir lá, a sua mãe vai desconfiar! Deita aí no colchãozinho do chão. Só temos que acordar cedo e chamar a Jinah para cá.
— Mas se eu fizer isso vai ficar parecendo que a gente realmente dormiu juntos.
— Não vai não, diremos para o seu irmão que quebramos o galho dele, só isso.
Yoongi refletiu e deu de ombros. Pediu para se virar para que ele trocasse de roupa e ela riu debochada, mas se virou.
— Vem cá, é sério que é a segunda vez que você vai tomar a minha cama? — ele falou fazendo o olhar de volta, depois de vestido.
— Seja cavalheiro!
O rapaz fez uma careta e suspirou deitando-se no colchão do chão. Os dois desejaram “boa noite” um para o outro e então dormiram. No dia seguinte Jinah acordou antes e bateu levemente na porta, abriu uma fresta e viu que o cunhado dormia no chão. “Eles não são mesmo um casal”, pensou. Ela entrou e acordou , de modo delicado. A escritora a encarou sonolenta, e então assentiu entendendo a situação.
— Yoongi... — sacudia o rapaz ao chão, mas ele não acordava. Então ela puxou um pouco a coberta para destampar o rosto dele, e enfiou o dedo indicador na bochecha dele: — Acorda estranho!
— Aigoo... — Yoongi tirou o dedo dela de seu rosto a empurrando — Sai!
— Vai logo, Yoongi! Jinah está aqui e você tem que ir pro quarto do seu irmão.
Yoongi olhou para cima e viu as duas mulheres o encarando, um tanto mais perto do que a outra. Então ele se levantou apontando um dedo para a cunhada que se escondia entre os próprios braços, envergonhada por seu pijama, e falou zangado:
— Você e Geumjae nos devem!
Saiu rabugento, e a mulher assustada olhava pra outra que sorriu amena a confortando:
— Ele ladra, mas não morde. Agora deita aí Jinah, a ajhumma com certeza virá nos acordar.
No outro dia, Yoongi quis mostrar um pouco mais de sua cidade para . Após o café da manhã, Geumjae sugeriu que visitassem os parques que eles iam na infância para brincar. E achando boa ideia, topou apesar da expressão de poucos amigos de Yoongi.
— Por que essa cara? — perguntou já rindo da possível resposta rabugenta e sem nexo.
— Geumjae sabe que eu detesto revisitar os lugares da infância. Não foi tão legal para mim quanto foi para ele.
A amiga ponderou sobre aquilo e vendo as crianças em volta com seus pais reunidas e alegres, sugeriu:
— Tem razão. Meio passeio de namoro esse, né? — Yoongi a encarou surpreso e atento: — Porque a gente não faz aquilo que só os adultos podem fazer?
Os olhos dele se espremeram em dúvida.
— Eu tô falando de beber, Yoongi.
— Eu sei! Claro que eu sabia!
A mulher riu da maneira como ele havia ficado sem graça e então eles retornaram para a casa dos pais do Yoongi. Ao chegarem, Jinah e foram ajudar a mãe dele com o jantar, enquanto a ajhumma enchia as garotas de histórias dos meninos. Geumjae e Yoon ficaram sós, já que seu pai havia saído.
— Jinah me contou que vocês não estavam dormindo juntos.
— Eu falei que não éramos um casal...
— Mas a omma disse que pegou vocês na sua casa agarrados e ela estava quase nua.
— Isso por acaso é motivo para sermos um casal? — Devolveu ao irmão, um pouco irritado.
— Não, isso significa que ao menos vocês transam. — Geumjae riu — Olha Yoongi, sabe-se lá por que razão a mamãe gostou dela e decidiu acreditar que se não é sua namorada ao menos será. Porque ela realmente acha que vocês tiveram algo.
— A mamãe está sempre procurando alguém para mim... — Ele suspirou.
— Por quê trouxe ela aqui? Poderia muito bem ter vindo sozinho e dito para nós tudo o que disse.
— Talvez eu quisesse mesmo que ela viesse para não parecer que eu preciso de alguém me arranjando futuras noivas. Eu estou cansado da mãe se meter na minha vida, Geumjae. Eu já não sou um garotinho, e ano passado ela insistia na Mirae dizendo que “eu não era bom escolhendo mulheres”, e agora, sabe-se lá por que motivo, ela cismou que eu fiz uma boa escolha com a ? E eu nem tenho nada com ela! Você não sabe o problema que eu me meti em trazer ela para cá!
Geumjae viu o irmão falar sem parar e então abafou um risinho.
— Vai negar o quanto quiser, mas independente dos motivos que você teve e dos problemas que ela te trouxe, você está a fim dela.
Yoongi arregalou os olhos, e antes de começar o seu protesto, seu irmão entregou para ele uma foto que tirou no próprio celular. Era Yoongi observando a interação de e sua mãe.
— Você pode não sentir nada, mas há uma admiração. E a admiração é o primeiro sentimento que nos faz querer estar perto de alguém.
Yoongi ficou reparando que realmente, havia um sorrisinho de canto no seu rosto naquela fotografia, e aquilo não poderia ser um bom sinal, não é?
— O Taehyung gosta dela. Ele tentou se aproximar dela, mas não conseguiu e então, eu me meti para ajudar, mas no fim rolou todo esse mal-entendido com a mamãe e ela falou para os garotos que eu e a estamos juntos.
— Uow, entendi... — Geumjae ficou mais sério — Parece que você foi desleal com seu amigo, não é?
— É, e essa nunca foi a minha intenção. Se eu realmente quisesse sair com ela desse jeito, eu teria dito a ele... É só que, eu notei que ela é uma mulher incrível e a gente parece se dar muito bem. Eu quero ser amigo dela, mas... Se isso tudo desandar, eu vou me manter longe.
Geumjae suspirou e tocou no ombro do irmão aconselhando-o a ser sincero não só com Tae e , mas também consigo, e que não há nada de errado em sentir atração por uma amiga, mas ele precisa saber o que realmente está disposto a viver com ela.
Yoongi começou a achar péssima ideia sair para beber aquela noite com . Já havia notado que quando bebiam, ela lhe parecia muito mais atraente aos olhos, do que o devido. E por fim, Jinah sugeriu que eles assistissem um filme, já que sua mãe sairia com o pai dele para um evento que já havia sido marcado aquela noite. Assim, os quatro ficaram em casa assistindo aos filmes, e acabaram adormecendo ali mesmo. Geumjae e Jinah abraçadinhos em um dos sofás, e Yoongi e , que estavam escorados nele sentados ao chão sobre almofadas e cobertores, apagaram um no ombro do outro. Quando o senhor e a senhora Min chegaram e se depararam com aquela cena, sorriram um para o outro.
— Parecem adolescentes, não é? — O senhor Min proferiu sussurrado à esposa: — Acorde-os, eu vou subir.
Ela assentiu e ficou parada observando-os mais um tempo. Jinah era uma ótima garota, e bastante tradicional como era o sonho da senhora Min, mas não.... Ela era estrangeira, e aquilo lhe preocupava, contudo, desde que a conheceu soube que era uma boa mulher, e forte. Além de admirar os trabalhos de , agora, admirava a pessoa. E pela primeira vez precisava dar o braço a torcer de que Yoongi escolheu bem. Apesar dos dois insistirem que não eram um casal, a ajhumma sabia que havia algo entre eles e que seria apenas questão de tempo. Retirou o telefone do bolso e fotografou os casais, sorriu, decidida a conquistar por seu filho!
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Dias depois
Ao fim daquela viagem, retornar para o dormitório pareceu ainda pior. Taehyung não estava mais o evitando, mas ainda estava distante. Yoongi decidiu que precisaria dar um jeito naquela situação! Os amigos acreditavam nele, mas também compreendiam Tae, por isso, uma ideia passou à mente de Yoongi. E lá ia ele novamente, perturbar , na saída de seu trabalho.
— Ok, eu estou começando a achar que você quer uma vaga de roteirista! — Ela falou risonha quando o viu parado à recepção.
— Se eu for expulso do meu grupo, eu aceito a proposta!
— O que aconteceu?
— Está livre essa noite? — Perguntou acompanhando-a em passos para o estacionamento da empresa dela — Pensei em te levar para conhecer os meninos.
— Jantar com os BTS? — Arqueou uma sobrancelha — Deixa eu adivinhar... é mais uma tentativa de me enturmar com o Taehyung?
— Com todos, na verdade, eu acho que é uma boa ideia eles verem que não estou te escondendo por ter algo contigo. E perceberem eles mesmos que a gente não é mesmo um casal. Isso está meio que atrapalhando a minha relação com eles de um modo geral...
notou a seriedade com a qual Yoongi falava aquilo e ficou realmente preocupada.
— A última coisa que eu quero é uma horda de fãs e jornalistas atrás de mim por motivos errados, não serei a responsável por um atrito idiota desse.
— Então você vai jantar com a gente?
— Vou. Me dê a localização e apareço lá.
— Na verdade você tem que ser levada por mim, com um capuz preto na cabeça para não descobrir o caminho. — Yoongi disse sério e ouviu um “como é?”, de com a expressão assustada — Brincadeira!
A mulher o empurrou de leve e ele gargalhou antes de sair em rumo contrário ao que ela iria:
— Oito horas, está bem? Te mando o endereço por mensagem! Melhor você chegar sozinha do que comigo e eu preciso avisá-los.
— Ok, mas, eu acho que você vai arrumar mais problemas avisando de última hora. Não tô nem aí, me prometeu comida, agora eu vou! E é bom vocês fazerem um bom jantar! Tive um dia e tanto!
A amiga entrou no carro e Yoongi sorriu satisfeito. era muito divertida e sarcástica, e era leve. Uma pessoa leve! Correu para seu próprio carro na pressa de passar em um restaurante e pedir comida, porque com certeza, Seokjin iria o matar se ele pedisse ajuda para preparar um jantar de última hora.
Chegou no apartamento com toda aquela comida nos braços, e Jimin o ajudou sentindo o cheiro apetitoso.
— Uwa, hyung! O que é tudo isso?
— Nosso jantar!
Jungkook sorriu com olhos esbugalhados vindo mexer nas sacolas, e chamando a atenção de todos ao que acontecia.
— Não toque, JK! Não é para agora! — Os amigos todos olharam para Suga, confusos. — Eu quero avisar que chamei a para vir jantar hoje aqui, e como sei que foi em cima da hora, eu já trouxe comida. É bom todo mundo tomar banho, não vão querer parecer um BTS fedorento, né? Não esqueçam que ela é nossa fã!
— Qual o tom dessa apresentação? — Seokjin perguntou sério olhando para Namjoon. Os dois observaram a reação de Tae, descontente. — Por que está a trazendo aqui?
— Porque ela é uma amiga, e não é óbvio? Taehyung não moveu um músculo, quem sabe ela vindo até aqui, vocês todos não se aproximam dela também e param de achar que eu sou o vilão da história?
Yoongi notou a desconfiança de Jin no tom de voz, e falou sem muito cuidado se pareceria ofensivo ou não. Em seguida, pegou as coisas para levar à cozinha, com Jimin e JK o ajudando.
— Taehyung, tudo bem? — Seokjin perguntou preocupado.
— Claro, não se preocupem comigo. — O mais novo falou indo em direção ao quarto.
— Não sei se fico tranquilo com isso... — Namjoon falou para Jin — A tentativa de Yoongi parece boa, mas.... Será que isso ainda é o que o Tae quer?
— Também não sei... Ele está estranho.
Todos se arrumaram e esperaram a escritora chegar comportados, como se estivessem recebendo a rainha Elizabeth. Yoongi saiu do banho descendo as escadas todo despenteado e com uma roupa qualquer. Observou os amigos e ironizou:
— O presidente da Coreia que está vindo? Que roupas são essas?
— Nós só não queremos parecer um molambo perto de alguém que vamos conhecer. Sua mãe não te deu modos? — JHope falou risonho ao observar Yoongi tão... desleixado.
— Ok, mas vocês vão ver que não precisa disso tudo...
No exato momento em que ele falou, a campainha tocou e Yoongi jogou a toalha no ombro abrindo a porta e dando de cara com , vestida de forma casual.
— E aí, Estranho! — Ela o cumprimentou sorrindo e os amigos puderam ouvir, se encaravam surpresos pelo modo como aqueles dois se tratavam.
— Ora, ora! Achei que chegaria com o cabelo bagunçado pelo capuz!
— Idiota! Eu posso entrar ou não?
Os dois riram e Suga deu passagem. entrou sorrindo, um pouco ansiosa por ver todos eles de novo.
— Olá, boa noite!
Os rapazes a cumprimentaram de longe, um tanto sem jeito e ela percebeu que estavam tão nervosos quanto ela de receberem-na ali. Então ela olhou para Yoongi, dos pés à cabeça:
— Você por acaso é um morador de rua? Isso é jeito de receber visita? Olha os seus amigos como estão apresentáveis!
— Você não é visita para mim, é só uma doida que invadiu um dormitório masculino proibido.
arregalou os olhos na hora e começou a bater em Yoongi.
— O QUÊ? Eu não podia vir? Eu tô aqui clandestina? — Perguntava ao amigo e olhava aos outros que começavam a rir — Seu idiota! Por que a gente não foi num restaurante então?!
— Porque a gente nunca trouxe uma garota e gostamos de adrenalina, não é pessoal?
Os rapazes começaram a relaxar e a se aproximar de a cumprimentando direito. Jimin foi o único que abriu os braços para a abraçar com um sorriso no rosto.
— Ah! Alguém que gosta de abraços! Gostei de você, Jimin! — Se jogou num abraço forte a ele.
— Culturalmente vocês brasileiros gostam, não é? Eu também gosto!
— É o agarradinho do grupo, ele... — explicou Yoongi — Eu vou estender minha toalha e lavar a minha cueca, fica aí se apresentando e vê se não desmaia de emoção!
fez uma careta para Suga, assim como Jin negou com a cabeça pelo comportamento de Yoongi. A escritora cumprimentou com apertos de mãos todos eles, e foi abraçada apenas por JHope e Jimin. Jungkook parecia nervoso perto dela e Taehyung... Ele foi o último a se aproximar com as mãos no bolso e um sorriso pequeno no rosto, estendeu a mão para ela e a escritora ansiosa pegou-a. Ele era o seu favorito no grupo, e desde o dia que se conheceram, ficou com os olhares dele ao longo do programa, na cabeça. Mas, ali, nem parecia o mesmo homem que pediu seu telefone.
— Taehyung, finalmente estou o revendo.
— Seja bem-vinda.
Os amigos notaram que ele não alimentaria um diálogo, então Seokjin chamou a atenção para irem comer já que todos estavam famintos, e a guiaram para o que seria a mesa de jantar.
— , fique à vontade para se servir.
— Ah! Me deixe servi-los! — Disse educada tirando os pratos da mesa e pedindo que eles se sentassem — Estão me recebendo na sua casa e prepararam uma mesa tão bonita! Deixe eu os servir em agradecimento também.
— Garota, acha mesmo que a gente ia cozinhar em cima da hora para você? — Yoongi falou se aproximando e rindo sarcástico ao lado dela: — Comprei a comida!
— Não fez mais que a sua obrigação! Quem convida alguém para jantar em cima da hora? Quer saber? Você devia servir a mim e seus amigos, pela sua falta de elegância, Estranho!
entregou o prato na mão dele com a sobrancelha arqueada e os outros riram, concordaram imediatamente e se sentaram todos, inclusive .
Taehyung observava a interação entre os dois, certo de que não eram um casal, mas tinham tudo pra ser. Suspirou um pouco incomodado e Jimin notou, o amigo sentado ao seu lado sussurrou para ele:
— O que foi Tae?
— Não é nada.
— Ela pareceu ansiosa para te conhecer... — Jimin falou e Tae deu de ombros — Não vá descontar sua frustração nela, Tae. Se ela conversar com você, dê uma chance. Seja lá o que o Yoongi pensou, no fim, ele trouxe ela até você não foi?
Taehyung apenas assentiu calado.
Eles jantaram, conheceram mais sobre a e ela sobre eles, depois a mulher ajudou Jungkook que aos poucos foi perdendo o nervosismo com ela, a arrumar a cozinha e ao acabarem seguiram para a sala, Jin e Hobi ficaram jogando enquanto os demais continuavam a conversar entre si, conhecendo a escritora. Ela contou para eles como foi a viagem para Daegu a fim de convencer a mãe do Yoongi de que não eram um casal, e apesar de atento no assunto, Taehyung não dizia muita coisa. Por fim, ela contou para os amigos de Yoongi algumas das histórias que ouviu da mãe dele, e Suga apenas a encarava descontente com uma expressão de irritação.
— Você é uma fofoqueira!
E assim, as conversas seguiram amenas e tranquilas. Quando notou que estava ficando tarde, se levantou dizendo que tinha que ir. Despediu-se dos rapazes que confessaram ter gostado de conhecer ela, e Namjoon animado perguntou se ela não gostaria de sair com ele e Yoongi num evento de rap que teriam em algumas semanas.
— Claro Nam! Vai ser legal!
— Vou colocar seu nome na lista! Posso pegar seu número?
— À vontade! Taehyung e Yoongi tem meu contato, pega com eles. — falou naturalmente tentando pescar se por acaso Tae ainda teria seu número, e logo em seguida Taehyung afirmou:
— Pronto, já mandei o número dela no grupo.
Yoongi observou o amigo um pouco enciumado e sorriu fraquinho, estava satisfeito por aquilo, porque, se ele tinha ciúme é porque ainda tinha interesse e agora, não tinha ciúme só dele, mas de todos. Seu plano correu bem, para ficar melhor só se...
— Eu te acompanho até lá fora. — Tae ofereceu à escritora à medida que ela terminava de se despedir.
No começo, estava irritado com Yoongi indo esfregar a amizade dele com a mulher na sua cara daquele jeito, mas depois, ele compreendeu que a tentativa foi de aproximá-la de todos. E isso o incluía. Agir como um imaturo não a faria gostar dele, então, era melhor tentar se aproximar um pouco. Ofereceu de a levar até o estacionamento do prédio e enquanto caminhavam silenciosos lado a lado, pensava no que deveria dizer. Mas, foi mais rápida.
— Posso te fazer uma pergunta?
— Claro... — respondeu nervoso.
— Por que não me ligou?
— Porque... — suspirou derrotado de que confessaria que a vigiou nas redes sociais — Você estava saindo com alguém...
— Está falando do Maurer, não é?
— É, eu vi nas suas redes.
— Isso não te impedia de telefonar para tentar uma aproximação.... Uma amizade pelo menos, como fez o Yoongi. Eu devo interpretar que você não tem interesse em ser meu amigo?
— Por que diz isso?
— Se um homem pede meu telefone, eu vou achar que ele quer outra coisa além de amizade, mas se mesmo sabendo que estou saindo com alguém ele insiste, eu vou aceitar isso como uma tentativa saudável de se aproximar sendo amigo. Se ele não tenta nem isso, então era mesmo algo apenas físico...
Taehyung arregalou os olhos surpreso com o que ela pensou a respeito de seu interesse. continuava caminhando olhando para frente e com um sorriso fraco, quase decepcionado em seu rosto.
— Você foi quem menos interagiu comigo hoje também, então... eu acho plausível pensar que você não quer ser um amigo, não é?
— Quero. Não quis parecer grosseiro assim, e nem dar a entender que era apenas um interesse físico. Mas, eu fiquei chateado com Yoongi e as justificativas que ele me deu...
— Ele me disse. Ele contou que vocês achavam que tínhamos algo por conta do que a mãe dele fez. Mas, não é isso. Yoongi realmente quer apenas ser um amigo, então, por favor Taehyung, não o interprete como desleal. Ele tem sofrido muito por isso.
falou sem esperar mais respostas do mais novo, e entrou em seu carro. Abaixou o vidro do motorista vendo Tae parado ao lado do carro a observando e sorriu para ele.
— Espero que possamos nos ver de novo e começar algo sem más interpretações, Taehyung. Obrigada por me receber e me acompanhar até aqui.
Ela sorriu e piscou para ele. Tae acenou sorrindo de volta, em concordância e logo que o carro dela partiu, ele retornou cabisbaixo ao dormitório. Entrou em casa sem falar com ninguém, indo para o seu próprio quarto e deixando todo mundo curioso.
Alguns meses haviam se passado e já estava familiarizada com todos os rapazes do grupo, à medida que convivia com eles, tornava-se ainda mais próxima a cada um deles, inclusive de Taehyung. E embora o rapaz demonstrasse interesse no começo, parecia ter desistido já que ainda não a tinha convidado para sair apesar de deixar clara a sua intenção de um encontro. Yoongi notava que a pouca ação de Tae ainda tinha razão por sua pregressa e mal feita aproximação com a escritora. Então, sentia-se responsável pela história ainda inexistente daqueles dois, por mais que o dissesse que Taehyung não estava interessado e tudo bem, e por mais que Yoongi soubesse que havia deixado tudo muito claro, e que era culpa de Tae manter-se inacessível a um encontro. Mas, Yoongi só cogitou que estava certa, depois de uma ocasião específica: o dia que os três foram juntos a uma boate.
— Tae! — chamou o amigo que saía do banho estando parado em frente ao próprio quarto e Taehyung olhou para seu hyung Yoongi — Vou com a num evento legal hoje, me acompanha?
— Só vocês dois? — perguntou e Yoongi rolou os olhos por entender que caso fosse, ele recusaria.
— Não entendo porque você evita sair com nós dois, mas não... O Nam vem também. Terá um evento numa boate, é um local fechado pra uma batalha privativa de rap, a maioria dos convidados são idols.
E assim Taehyung assentiu. Aquilo frustrava Yoongi, porque era como se Tae acreditasse que não havia espaço para si quando estavam só Yoongi e a amiga. Namjoon iria, mas tinha quase certeza de que ele não ficaria à mesa, sabendo que havia alguns outros de seus amigos ali. Hobi havia dito que apareceria, mas no fim, não foi porque estava com a irmã depois de um longo tempo.
O bar estava cheio numa quantidade moderada de pessoas, e os quatro chegaram num bom horário, após Yoongi ter buscado a antes de Nam e Tae estarem prontos.
— Ei estranho! — A amiga falou entrando no carro dele e acenando para a vizinha amiga que mantinha os olhos compridos nela.
— Hoje você mata o Kim Taehyung, ! — Yoongi falou assim que encarou-a de cima à baixo.
estava gostosa como poucas vezes ela fazia questão de estar, quando saía ao lado de Yoongi. Quer dizer, ela era uma gostosa e ele sabia e achava aquilo, mas especialmente naquela noite ela caprichou.
— Ele vai estar, é? — falou beijando rapidamente a bochecha de Yoongi que não se acostumava àquele modo tão caloroso e espontâneo dela, por mais que passassem tempo demais juntos.
— Aceitou meu convite.
— Droga, então vai chover...— Ela zombou.
— Juro que não sei porque ele não te jogou na parede logo...
— É, ele não sabe o que está perdendo...
Yoongi sorriu ladino e olhou de soslaio para ela dando mais uma conferida, e disse:
— Sabe sim. Não tem como não saber... — E pigarreou, arrancando uma gargalhada de que adorava quando o amigo dava o braço a torcer pra qualquer coisa que a envolvesse. O passatempo favorito daqueles dois, era implicarem-se e essas coisas estavam cada vez mais comum entre eles, e então Yoongi notou o riso vitorioso da amiga, não evitando fazer as vezes de irmão mais velho: — Aliás, por que toda essa produção? Não me diga que é pro Namjoon? Porque você nem sabia que o Tae iria!
— Hm... Namjoon... — murmurou num gemido divertido fechando os olhos e mordendo os lábios, Yoongi suspirou pesadamente reclamando.
— Me poupe de te ver imaginando sacanagens com os meus amigos!
— Ah, Yoongi, o que posso fazer se os seus amigos são uns gostosos?
— A gente pegou intimidade demais, vou voltar pro dia em que eu te conheci e mudar as coisas.
— Você sabe que não faria nada diferente. — Ela riu.
Yoongi ficou silencioso, na verdade, ele faria uma coisa diferente sim.
— Anda , me diz! Pra quem tudo isso?
— Bem, o Nam me deu a lista de rappers e eu vi que Jay Park está na lista.
— Ah pelo amor de Deus! — resmungou — Eu não gosto desse cara, !
— Querido, isso é um problema seu! Se ele quiser que eu abra a pernas pra ele, me desculpe Yoongi, mas eu vou. Até parece que vou perder de sentar naquele rostinho porque você não gosta dele...
— Informações demais, ! — reclamou e bufou: — Que história é essa agora também!? E o Taehyung?
— Já te falei que ele não quer nada comigo. E bem, se ele me provar o contrário eu ficarei bem feliz, porque você sabe como eu estou na dele... mas, eu não sou mulher de esperar garotinho se decidir Yoongi.
— Você não fica com o Jay Park. Não mesmo.
Yoongi queria dizer que aquilo não aconteceria nem por cima de seu cadáver, mas que direito ele teria? A amiga era livre para ficar com quem quisesse por mais que ele não simpatizasse com a pessoa.
Dirigiu para pegar os amigos, enquanto conversava amenidades com , e quando Namjoon a viu no carro, sorriu. Enfiou a cabeça entre os bancos da frente deixando um beijo no rosto dela e então encarou o corpo da mulher no vestido vermelho, e sentiu um calor subir à seu rosto.
— Alguém está tentando matar, hoje... — murmurou ao voltar para o seu banco colocando o cinto.
Tae entrou fazendo o mesmo trajeto de Nam, deixando um beijo no rosto dela e travando em seguida quando viu como ela estava estonteante, e ainda nem havia visto-a de pé realmente.
— Fecha a boca Taehyung. — Yoongi provocou trocando olhares com Namjoon pelo retrovisor.
— Espera, eu preciso olhar mais um pouco.
— Pode olhar, é o que você mais faz mesmo... — O amigo continuou retrucando e apenas sorria de tudo aquilo.
— Parem vocês! Vamos logo Yoongi! E, Tae... Se quiser, pode até tocar mais tarde.
A resposta de fez os amigos rirem e Taehyung passar a língua nos lábios sem tirar os olhos dela, voltando ao seu assento um tanto abalado.
— Taehyung, Taehyung... — Namjoon murmurou para ele negando com a cabeça.
Durante o trajeto nenhuma outra provocação se sucedeu. Eles falaram animados sobre a batalha, e e Tae apenas assentiam aos outros dois rapazes.
Então, quando chegaram no lugar, notaram que faltava pouco para a batalha começar, procuraram uma mesa, cumprimentaram algumas pessoas e de repente, era uma atração aos olhares. Convenhamos, Taehyung, Namjoon e Yoongi entrando juntos em qualquer lugar já era um evento próprio, mas com aquela mulher ao lado deles... Foi realmente a cereja do bolo.
Namjoon não ficou na mesa, como previsto, pegou sua bebida e disse aos amigos que iria falar com algumas pessoas. Ficaram Taehyung, Yoongi e na mesa bebendo e observando cuidadosamente o lugar.
— Senhorita, com licença... — Um garçom falou se aproximando logo após ter entregue a bebida deles, direcionado à escritora com um cartão na mão: — Aquele senhor pediu pra lhe entregar junto aos seus cumprimentos, com um bebida a seu gosto.
e Tae olharam na direção que o garçom apontava e Yoongi já bufava de novo, bem impaciente. acenou sorrindo e aceitou a gentileza, o que incomodou também ao Tae, um pouco.
— Caramba, mas a gente nem chegou! Já começou essa palhaçada!
— Aí Yoongi, não começa vai! — reclamou revirando os olhos.
— Se prepare Taehyung! É isso o que acontece toda vez que ela sai! Um bando de idiotas ficam circundando como se não vissem que ela está acompanhada!
— Acontece tanto assim, é? — Tae perguntou a ela sem deixar de notar o quanto o incômodo de Yoongi também lhe soava um pequeno incômodo.
— Não! O estranho está só exagerando, Tae...
— Toda vez que a gente sai isso acontece, ! É um saco! Bom que hoje o Tae vai poder ver com os próprios olhos e você vai parar de me dizer que eu é que sou um rabugento.
— Qual o problema de eu chamar atenção? Nunca te entendo! Você é a porra de um idol, chama atenção o tempo todo, mas não consegue lidar com uns caras afim de mim?
A gargalhada dela era o tipo que provocava Yoongi a se sentir um idiota, e Tae apenas observava a dinâmica dos amigos, silencioso.
— Você não vê mulheres se jogando aos meus pés quando estamos juntos... Acha isso normal?
— Nessa sociedade machista? Super! Mulheres podem deixar o flerte na mão de vocês, mas não sabe o que eu tenho que ouvir sobre você quando vou no banheiro Yoongi... — deu de ombros arregalando os olhos para Tae.
— Aí, você sempre dá um jeito de falar de patriarcado... O fato é que se fosse só isso, , eles não fariam, porque você está acompanhada. Não é você que me diz que o machismo faz os caras respeitarem outros caras antes da mulher?
A escritora riu contida pelo absurdo que lhe soava aquela revolta sem propósito de Yoongi, e Taehyung continuava pensativo absorvendo a situação.
— Yoongi, acorda! Não é porque estamos juntos nos lugares que as pessoas consideram que estejamos acompanhados, porque somos só amigos e isso tá escrito na nossa testa. Não é Tae? Não estou certa?
Taehyung ergueu as sobrancelhas, e deu de ombros ao dizer:
— Uma estrangeira não é mesmo tão respeitada por aqui, dada algumas observações do Yoongi, assim como é verdade que se notarem que você não tem um parceiro eles vão investir, mas... Não está exatamente escrito isso na testa de vocês, não é?
— Tem razão, não está escrito porque é bem óbvio que o Yoongi é só um guarda-costas. Ele nem dança comigo quando a gente sai, eu tenho que implorar!
— Ela não entende que a gente dança o tempo todo. Se prepare Tae, ela vai te fazer dançar a noite toda.
não evitou um sorrisinho de canto assim como Taehyung não pôde evitar também, ao notar a malícia na face dela. Yoongi percebeu o clima entre os amigos e então se levantou indo ao banheiro.
A escritora bebericou o drinque recém-recebido do outro homem mesas atrás deles, e encarou Tae de modo falsamente inocente enquanto mordia um pedaço de fruta de seu copo.
— E então, você gosta de rap.
— Gosto. Sou eclética, Taehyung. Mas, eu vim mesmo pelo convite do Nam. Ele me chamou com tanto entusiasmo, e a AOMG em peso está aqui, eu sou fã dos artistas.
— Não se sinta deixada de lado pelo entusiasmo do Namjoon só porque ele não está aqui. —Tae apontou o amigo e líder do seu grupo rindo largamente a pouca distância e conversando com Hyuna.
— Eu perdoo, só porque ele está acompanhado da Hyuna.
Taehyung sorriu bebendo uma dose do seu uísque e trocou olhares com a escritora, cheio de significados, tomando coragem de dizer:
— Você realmente jogou baixo comigo hoje.
— Precisei de uma intervenção forte, você ainda está me evitando. Só saímos juntos quando os outros estão, e em programas casuais... Talvez você precisasse ver melhor para entender.
— Entender o quê?
sorriu enviesado e aproximou o rosto do dele que estava ao seu lado, de modo a falar baixo para que só ele escutasse, Taehyung ficou tenso, e encarou os olhos e lábios da mulher de modo frenético.
— Que eu estou dando condições totais a você há meses, Taehyung.
— ! — A voz de Yoongi soou interrompendo-os quando ele voltou à mesa: — Eu não deveria, porque no fim você só me dá trabalho! Mas olha o que eu achei pra você!
Pela primeira vez na noite Taehyung quis gritar com Yoongi. Ele estava prestes a mandar toda a sua desconfiança de que o amigo era apaixonado na escritora para o inferno e puxar os lábios dela contra os seus.
e ele olharam os copinhos postos na mesa.
— Tequila, minha querida! — sorriu falando para as doses, eram exatamente três. — Vai Tae, pra você se soltar... — entregou um copinho, mas ele negou apontando seu uísque.
Ela entortou o lábio descontente, e empurrou outra para Yoongi.
— Eu não vou beber.
— Anda logo, Yoongi! Não me faça ir até aí!
Yoongi olhou de para Tae e depois para a tequila que ela estendia a ele e explicou sua negativa, sem ser exatamente explícito:
— Sabe o que acontece quando eu bebo essas tequilas malucas com você!
— Você é carregado no final, qual o problema!? Nossos amigos estão aqui, não vou precisar pedir pra um estranho me ajudar a te rebocar!
Yoongi encarou Taehyung que riu baixinho. Na verdade, ele estava falando no primeiro incidente que gerou toda aquela confusão entre ela e Tae. Mas, os dois pareciam alheios àquilo, , na real, não entendeu a mensagem que ele tentava passar.
— Só uma! Não vou ser carregado hoje.
— É bom mesmo, ou vou contar pra sua mãe o indigente que está se tornando.
— Faça isso e destrua a imagem que ela tem de você! — Yoongi falou animado brindando com ela e viraram juntos, a bebida.
Faziam caretas quando fez a parte que ele mais detestava, segurou o limão e colocou na boca dele pra ele chupar e Yoongi fez o mesmo com ela. Os dois descobriram que odiavam limão depois da tequila, mas beber sem ele era pior, e uma vez numa brincadeira, provocaram o outro enfiando o limão em sua boca de modo que não poderiam evitar, até o outro soltar. Aquilo se tornou uma espécie de ritual íntimo dos amigos. Taehyung arregalou os olhos vendo aquilo e pigarreou bebendo outro gole do seu drinque.
— Ah Tae, qual é! Divide uma comigo?
Yoongi estava sem graça pelo o que o amigo presenciou, e então olhou pra Tae o encorajando.
— Tudo bem.
sorriu e foi buscar mais deixando os dois ali e Taehyung gostaria de perguntar o que era aquilo, mas se conteve. Só não esperava Yoongi se desculpando.
— Foi mal, eu interrompi algo né? — perguntou apontando os copinhos vazios de tequila.
— Não exatamente. Ela só estava sendo direta, parece que ela entrou nesse modo agora.
— Sabe que ela quer muito sair com você. E você também, então por que está a evitando, Tae?
O olhar indecifrável de Yoongi fazia Taehyung pensar se era mesmo uma loucura de sua cabeça o que ele enxergava entre os outros dois.
— Não estou a evitando, só... — Não conseguiu continuar e Yoongi esperou uma resposta, e não entendeu quando a mesma não veio.
— Não acha mais ela interessante? É isso?
— Ela é absurdamente interessante Yoongi, você sabe.
— Então, o que? Ela não mexe com você? Olha lá... — apontou Yoongi para onde a mulher remexia discretamente seu corpo ao som da música enquanto esperava a bebida ficar pronta — Não me diz que você não a acha linda e que não se sente atraído...
Taehyung concordou observando-a de longe, e então voltou os olhos pra Yoongi que sorria de canto observando o jeito espontâneo da amiga. O hyung virou-se para ele, e Tae não conseguia evitar. O que ele interpretava no rosto de Yoongi atingia sua moral.
— Você acha que tem como um cara não se sentir atraído por ela?
— Bem...
— Não, Yoongi. Não interessa se é só um amigo, um cara no bar, ou quem quer que seja, ela tem tudo o que uma mulher fatal tem. E você sabe disso. — a frase cortante de Tae cheia de significados pegou Yoongi desprevenido.
— É verdade, ela tem mesmo, então por que você não chama ela pra sair?
— Por que você não a chamou pra sair ainda?
Yoongi piscou mudo. O que Taehyung pretendia com aquela pergunta? E por que ele ainda estava pensando na resposta?
— Tae... Você está comparando a nossa situação? Sabe que entre ela e eu...
— A resposta é a mesma que a sua. — Taehyung jogou o interrompendo.
— Por que vocês são apenas amigos? Porque é isso que...
— Prontinho! — interrompeu surgindo na mesa com quatro doses.
Yoongi ia dizer de novo o que sempre dizia, Taehyung estava pronto para retrucar o que impediam os outros dois de se aproveitar daquela amizade para transformar em algo mais. Afinal, para Tae, relacionamentos entre homens e mulheres quando precedidos de uma amizade sólida como a deles vinha se tornando, eram chave de uma grande oportunidade de sucesso. Mas sentou-se ansiosa para compartilhar aquele momento com Taehyung que nem notou a conversa interrompida.
— Aqui Tae! Já bebeu antes? — perguntou entregando o copinho para ele e o viu assentir sorrindo pequeno em sua direção — Então beleza, a gente vira e quando for chupar o limão um leva à boca do outro!
Taehyung apenas pegou o limão fatiado e seu copo sem se importar muito com o ritual. Yoongi ainda o olhava com o cenho franzido em dúvida. contou até três, eles viraram o drinque e quando ela foi levar o limão até ele, Taehyung chupou o próprio que segurava.
A escritora sentiu-se sem graça e um tanto idiota. Era o primeiro fora da noite, e estava agora ainda mais certa do que dizia à Yoongi: ele não queria. Mas aquele momento em que o viu abalado por ela no carro, e antes, com a sua provocação sussurrada na mesa, antes do amigo os interromper, haviam dado a ela uma impressão de esperança. Até ali. Contaria três vezes. Três foras numa noite e ela não iria mais brincar de perseguir o novinho.
Yoongi sentiu-se extremamente sem graça por ter presenciado aquela cena. Pensou em se retirar, mas como deixaria com o amigo depois do claro afastamento de Tae? Nem foi preciso. A mulher terminou de chupar o limão e então deixou o resto na mesa, pegando outras duas doses com um pedacinho em suas mãos e se levantou, sem dizer nada indo até Namjoon.
Namjoon conversava com Gray, Loco e Jackson, mas assim que Gray bateu no braço dele, com o queixo um pouco caído, o integrante do BTS olhou na direção apontada avistando a amiga.
— Olá! — cumprimentou num aceno discreto aos presentes — Desculpe atrapalhar vocês. Nam, falta você, já brindei com Tae e o Yoongi.
— Já virou três dessas? — Ele perguntou assustado e talvez preocupado, não havia saído muito com para beber.
— Duas. A terceira é culpa sua.
Ela riu entregando e não deixou de sentir os olhares dos outros três em si. Namjoon riu e Jackson brincou com o amigo:
— Não faça desfeita com a moça!
— Eu jamais faria, você sabe...— Namjoon riu.
Ele e brindaram e contaram até três. Depois de virarem a dose chuparam o limão sem o ritual dela. Aquela era uma brincadeira dela e de Yoongi, que a escritora só quis dividir com Taehyung.
— Aish... Você é resistente! — Gray falou para a linda mulher.
— Ela é maravilhosa! — Namjoon disse educado e gentil para os rapazes apresentando-a: — Essa é a minha amiga , nos conhecemos numa entrevista.
— Ah! LEMBREI! — Jackson anunciou. —Eu assisti!
sorriu gentilmente, animada.
— É maravilhosa mesmo, muito linda, senhorita. — Gray disse piscando.
gargalhou agradecendo e ficou alguns instantes ali conversando com os garotos.
Na mesa, Yoongi e Tae a observavam, o mais velho ainda incomodado com o que escutou de Taehyung.
— Você realmente vai continuar acreditando nisso tudo só por causa daquele mal entendido, Tae!?
— Hyung... Mal entendido foi antes...
Yoongi suspirou derrotado, e Tae desconversou:
— Esquece isso. É melhor você só curtir e deixar que eu lido ou não com a .
Yoongi assentiu, não sem antes dizer:
— Você é um idiota e não sabe o que está perdendo.
— Talvez não saibamos, não é?
Taehyung deu de ombros sorrindo frustrado. Levantou-se para pegar outra dose de uísque, e Yoongi se jogou na cadeira observando Tae sair tranquilo. Observou das costas de Tae para as costas de , várias vezes enquanto tentava descobrir o que havia perdido. Por que Taehyung insistia em provocar colocá-lo na mesma zona de interesse por sua amiga? Quando ele entenderia que e ele eram apenas amigos? E por que o incomodava tanto que Tae pensasse aquilo?
Depois de algum tempo, as batalhas haviam começado, e os quatro amigos assistiam juntos ao redor do palco. Elas eram intercaladas com momentos de música, e num desses momentos, e Namjoon conversavam com Jackson, e Yoongi, como o bom “velho” que o dizia ser, quis se sentar. Tae voltando do banheiro o acompanhou, já estava mais alterado do que quando chegou. Na verdade todos estavam altinhos pelas bebidas, e ainda não estava mal como Taehyung pensou que estaria após cinco doses de tequila.
— Cara, ela é mesmo resistente! — Taehyung falou pra Yoongi apontando os últimos copos e a mulher distante em pé, parecendo controlada em seu equilíbrio.
— Espera até o efeito bater, talvez você fique chocado. — Yoongi gargalhou.
Eles olharam de novo pra ela, e falava qualquer coisa com Namjoon enquanto intercalava sua atenção à mesa do DJ. Yoongi acompanhou o gesto constatando para Taehyung:
— Ela quer dançar, mas não quer ir sozinha.
— Como sabe? — Tae perguntou surpreso encarando Yoongi.
— Está olhando pro DJ, e ainda não chamou nenhum deles. Provavelmente nem vai chamar, pela quantidade de vezes que eu já vi ela controlar os quadris pra não começar a rebolar sozinha, ela não está confortável pra dançar com eles.
Taehyung suspirou. Yoongi não se dava conta de como prestava atenção aos detalhes!? Comparando-se, Tae sabia que possuía menos observações sobre a mulher, já que ele passou menos tempo com ela, mas... Aquele tipo de informação não era minucioso demais para alguém que se dizia só um amigo? Tae se sentiu incomodado, e pior, frustrado. Levantou-se e foi com um copo de outro drinque até .
Yoongi bebia à mesa, tentando dispersar uma mulher que se aproximou quando Tae saiu.
— ? — Tae sussurrou no ouvido dela por trás, levantando a taça em sua frente.
— Obrigada... — Ela sorriu grata, bebendo um grande gole — Eu estava mesmo com sede.
— Prefere que eu pegue uma água?
A escritora negou num aceno silencioso com um sorriso e Tae assentiu com a mão no bolso, olhando para os lados. Então ela mordeu o lábio olhando para o DJ de novo. E junto com Tae, ao mesmo tempo perguntaram-se:
— Quer dançar?
Ela riu e ele apenas sorriu. Deixaram os copos ali na mesinha que havia ao lado de Namjoon, que por sinal, não parava de falar um minuto sequer com Jackson. Taehyung guiou com a mão na base de suas costas até um espaço pouco afastado deles, e a mulher sentiu um arrepio percorrer sua coluna.
— Não pise no meu pé, você já bebeu muitas tequilas. — Ele zombou e ela gargalhou passando os braços pelo pescoço dele.
— Você não sabe com quem está falando, bonitinho.
Tae do mesmo modo levou as mãos às cinturas dela, a apertando e puxando o corpo dela para mais perto do seu, ficando miseravelmente a centímetros do rosto um do outro.
— Você é tão bonito, que isso é sacanagem, assim vou mesmo pisar no seu pé... — Ela sussurrou e Tae riu.
— Não é como se eu não estivesse com uma noona maravilhosa nos braços agora...
sorriu sentindo uma enorme vontade de beijar o garoto. Iam começar a dançar uma música animada, mas a primeira dança dos dois, por obra do destino em coincidência ou ironia, era Star, da Heize. E ao invés de passos animados, os dois dançaram coladinhos, no ritmo apaixonante e sensual da canção. Extremamente entregues ao silêncio que havia em si. De repente a boate pareceu vazia para Taehyung, e a luzes pareciam um único refletor sobre si, para . Ela apoiou ainda mais o rosto na lateral do dele, sentindo seu perfume, quase entregue a beijar o pescoço de Taehyung, e o rapaz puxou ainda mais o corpo dela ao seu, apertando a cintura da mulher como se pudesse sentir a pele dela abaixo daquele vestido. Queria beijar aquela boca, de modo nem um pouco tímido, e estava se deixando levar pela música, até que o som final da canção e o anúncio de uma próxima batalha irrompeu. Taehyung mesmo vendo o clima dissipar, iria a beijar, mas estava de frente à mesa onde ao abrir os olhos, viu Yoongi fugir o olhar sobre eles e encarar Namjoon sorrindo.
Yoongi os observava e disfarçou trocando olhares com Nam, e então Taehyung desistiu. Sentiu um balde de água fria sobre si. suspirou profundamente ao parar de dançar, percebendo que outra batalha começava, e que os dois haviam perdido o timing. Ou talvez que aquele era o segundo fora da noite.
Yoongi não entendeu nada quando viu Taehyung e se encaminharem para perto do palco, sem terem se beijado. Os dois pareciam tão entregues naquela atmosfera da música! Como Tae pode ter deixado passar a chance!? Yoongi bufou impaciente, não diria aquilo, mas estava quase a ponto de perguntar se Tae gostaria que ele beijasse a garota no seu lugar, tamanha a lerdeza que via tomar o mais novo.
— Qual o problema dele!? — Namjoon perguntou finalmente se sentando com Yoongi.
— Pelo amor de Deus, eu sei lá! O que ele está esperando!? Ela não vai dar essa chance a vida toda!
— Eu estou quase mostrando pra ele como se faz... — Namjoon gargalhou brincando e Yoongi riu contido — Os caras estão doidos com ela.
— Que caras!? — perguntou desconfiado agora com a expressão dura.
— Gray, vai tentar. Loco, mas ele disse que ela é muito “Hwasa para ele” seja lá o que isso signifique... — Namjoon explicava e Yoongi revirava os olhos — E o Jackson também ficou admirado conversando com ela e está me encorajando...
— Você não fará isso, por mais que o pamonha do Taehyung esteja merecendo!
— Claro que não... Ela é zona proibida... — Nam murmurou e então encarou Yoongi, de modo curioso: — Yoongi?
O outro o encarou deixando de prestar atenção no rapper do palco, embora estivesse empolgado, para dar ouvidos à Namjoon e o tom sério que parecia ter escutado.
— Hm?
— Você realmente nunca dormiu com ela?
Yoongi ficou sério de novo.
— Por que vocês não conseguem acreditar?
— Porque eu não teria conseguido, se ela me desse a chance, eu com certeza tentaria. Olha para ela! Por mais amigos que vocês sejam, são íntimos, e provavelmente já passou a oportunidade várias vezes na sua frente, então, a menos que me diga que ela não quis e por isso não tenha acontecido, eu não consigo entender.
— Você fica falante demais quando bebe, né? — reclamou rabugento — Ela nunca me deu chances mesmo, mas...
— Ah, tá explicado. — interrompeu satisfeito, Namjoon.
— Não! Calma aí! — protestou Yoongi — Não é só por isso! Eu estou só garantindo a você que ela não se interessa em mim! Mas isso não significa que eu me interesse dessa forma por ela! Ainda que ela quisesse, eu não...
— Então você é mais burro do que o Tae. — De novo, Nam mencionou o interrompendo.
Yoongi continuaria protestando, mas Namjoon olhava para alguém e Yoongi notou que Taehyung retornava à mesa, o rap estava acabando no palco, e ainda estava por lá. Porque Tae deixou a mulher sozinha lá, por céus!? Foi quando Namjoon soltou um risinho dizendo pra Yoongi:
— Falei que ela estava deixando os caras de boca aberta! Olha lá o Park sem desgrudar a atenção dela... Ora, ora, olha por quem foi notada!
Yoongi estreitou os olhos na direção que Namjoon, mais falador que nunca, apontava e ouvindo o que ele ainda dizia, Yoongi notou também que Jay Park estava prestes a ir até ela.
— Provavelmente o Gray comentou alguma coisa, o Park é discreto e geralmente espera até... Yoongi!? Aonde você vai?
— Eu não vou facilitar pra ele...— Yoongi bufou deixando Namjoon sem entender e encarando Taehyung que chegava na mesa de um jeito quase mortal como se o mais novo tivesse culpa.
Se aproximou de que aplaudia do palco, e pegou na mão dela.
— Yoongi!?
— Dança a próxima comigo, estranha!
Puxou ela pela pista de dança, sem perceber que Jay direcionava-se para o palco para cantar, sem perceber que queria ver o cantor ao vivo, sem notar que interpretou errado à investida de Jay, e sem se importar com o que pareceria sua defesa diante dos olhos de Nam e Tae. E claro, sem notar que iria o culpar por muitas coisas depois.
— Dançar com você!? — chocou-se ela: — ‘Tá bêbado né?
— Não vou falar duas vezes, sabe como eu evito isso!
— Exatamente! E logo agora... O Jay estava indo...
— Eu sei! Sei exatamente o que ele estava indo, !
Yoongi a interrompeu puxando a cintura da amiga contra seu corpo, num baque forte que a deixou surpresa. piscou confusa e viu um garçom passar com uma bandeja de latinhas, tão afoita e confusa por aquele comportamento do amigo, ela pegou uma latinha abrindo, bebendo e pousando uma mão no ombro dele, sem contestar.
— ‘Tá bom, mas se ele cantar a minha música preferida eu vou te arrebentar!
Yoongi franziu o cenho confuso e então começou a se mexer numa dança, ao som dos acordes e quando a voz de Jay Park ressoou, Yoongi arregalou os olhos, confuso. Olhou para o palco e viu Jay iniciar seu pequeno show da noite, mas olhando na direção de onde ele estava com . Olhou para a mesa e viu Namjoon com a boca aberta em choque notando dançando e Yoongi apenas acompanhando como um bobo que caiu no poço. E por fim, olhou pra Taehyung e viu seu rosto sério, segurando um olhar que culpava e denunciava ao Yoongi tudo aquilo que ele havia dito antes na mesa.
— ... Eu... — Yoongi abriu e fechou a boca pra falar com ela, que desentendida ao seu redor, apenas vociferou impaciente:
— Agora dança direito! Não vou te arrebentar que essa não é minha favorita, mas Me Like Yuh é uma faixa que eu não queria deixar de vê-lo cantando e dançando e depois... — A amiga virou o resto da bebida sem entender constatando: — Que porra de ideia foi essa de vir dançar essa música tão sensual comigo, Yoongi? Não conseguiu nenhuma outra garota pra se esfregar em você? Eu vou te matar por isso, não agora, mas eu vou...
O lugar parecia ter dado um 360° na mente de Yoongi quando ele percebeu o equívoco e a grande má interpretação que geraria tudo aquilo. Soltou como se ela tivesse uma doença contagiosa, e viu a amiga empurrar seu ombro, brigando com ele e protestando por achar que foi uma palhaçada dele pra sacanear o show que ela mais esperava na noite.
— Eu juro pra vocês, que eu vou escalpelar o seu amigo! — afirmou chegando à mesa onde Taehyung e Namjoon os olhavam.
— Calma, ! O que está acontecendo? — Nam perguntou esperançoso de que ela explicasse a ação de Yoongi.
— Yoongi é um idiota! Me fez perder a primeira música de propósito por pura implicância! — reclamou.
Taehyung suspirou vendo Yoongi parado sozinho na pista com uma expressão de quem havia se tele transportado pra outra dimensão, olhando o palco. Depois olhou risonho pra , e brincou:
— Da próxima, pise no pé dele.
— A partir de agora eu só aceito as suas danças. Aliás, minha última da noite será sua. — ela piscou brincando pra Tae — Vou pegar uma bebida e ir para o palco, vem comigo?
Tae então mordeu os lábios, sem graça. Namjoon piscou para ele o encorajando a ir, mas o garoto se ergueu, pegou a mão dela e se desculpou:
— Desculpe , mas eu já vou indo... Já pedi um carro.
— O que?! — Ela e Nam disseram juntos.
— Relaxa Nam, eu estou bem, só cansado... — tranquilizou e voltou a encarar a mulher frustrada: — Desculpa, a gente pode deixar aquela dança inacabada para outro dia...
sorriu desapontada e sentiu o rapaz beijar seu rosto, afagando seus cabelos em sua nuca e apertando sua mão na dele.
Primeiro fora: o brinde da tequila. Segundo fora: o beijo durante a dança. Terceiro fora: não ficar até o fim com ela. Ela havia deixado claro todos aqueles sinais, nas mensagens subliminares e até mesmo nos seus gestos tão permissivos.
— Podemos ? — perguntou de novo, Tae queria se certificar de que não a havia magoado.
— Tae... Sabe que até aqui eu fui clara, não sabe? — Ela perguntou e ele apenas assentiu. — Então, não se arrependa se outros caras quiserem ser a companhia que me concedem a última dança da noite.
Taehyung engoliu seco. Podia estar soando totalmente errado para ela, o que ele mais queria era ficar com ela, mas não conseguia. Não enquanto via paixão nos olhos de Yoongi sobre ela. Ele suspirou, beijou a mão de e se desculpou baixinho.
— Desculpe noona, eu não vou pedir para ter paciência comigo. Mas, ainda que não seja a sua última dança, eu espero poder dançar de novo com você um dia.
apenas assentiu sorrindo fraco. Taehyung beijou a bochecha dela de novo, pegou suas coisas, apertou o ombro de Namjoon se despedindo e saiu. encarou o líder dos meninos, absurdamente chateada, e o ouviu de boca aberta dizer a ela:
— Ou eu bebi demais, ou esses dois ficaram completamente malucos?
— Cadê o Taehyung? — Yoongi, que havia ido jogar água no rosto no banheiro, e depois passou no bar pra tentar diluir o clima tenso com álcool e uma desculpa esfarrapada aos amigos, recém-chegado à mesa perguntou.
— Acabou de fugir de mim. — pegou uma bebida da mão dele abrindo a latinha, e não queria nem ver o que ou para onde aquelas misturas alcoólicas que estava fazendo a levariam. — Como um garotinho faria... E você ouviu o que eu disse sobre garotinhos, não é?
Ela apenas virou a bebida e avisou, enquanto Yoongi processava a informação:
— Eu vou assistir ao show que, esses idiotas estão me fazendo perder, Nam...
— Relaxa . O Jay você pode levar, e até pode pedir a ele para cantar as músicas que perdeu, no seu ouvido...
— Deus te ouça!
Disse e saiu. Namjoon riu pegando uma bebida e Yoongi estava sentado catatônico na mesa.
— Bebe Yoongi, bebe e não tenta entender o Taehyung.
— Ele foi embora! — gritou Yoongi — Como ele... Como ele...
— Ué, eu também não entendi você! Do nada levantou e agarrou a garota dele de novo... — gargalhou — Você tem que se decidir!
— Não! Eu só não queria que ela e o Jay... — desistiu no meio do caminho: — Ah... Quer saber, esquece... Toda vez que eu tento arrumar eu só pioro.
— Por que ficou com ciúme do Park?
— Não é ciúme! Acha mesmo que esse cara a merece?
— O que a gente tem a ver com isso, Yoongi? Ela fica com quem quiser, e se nem o Taehyung está fazendo alguma coisa por que a gente vai fazer?
— Eu não gosto do Jay Park, e não vou facilitar para ele com a minha amiga. Sei que ele pode magoá-la muito no futuro! Ela está se tornando quase como uma irmã para mim, eu não suportaria vê-la sofrer...
Namjoon gargalhou e levantou indo para perto do palco, na hora que My Last começava a ser cantada por Park, e arrastando Yoongi junto.
— ‘Tá bom, odeie o cara enquanto escuta ele cantando, vem.
— Vou ficar aqui.
— Deixe ele babar nela então, mas você está sendo contraditório.
Yoongi olhou pro palco e Jay sensualizava na frente de de modo discreto, embora intencional e a mulher não tirava os olhos da cena. Ele mesmo revirou os seus por saber que ela realmente dormiria com aquele babaca. E ali ao lado dela, ao menos ele poderia mostrar para o Park que ela tinha um grande amigo para defendê-la das putarias dele.
Gray estava ao lado de a xavecando também, quando Namjoon e Yoongi chegaram perto. Apesar da pouca intimidade, Yoongi conhecia Seung-Hwa, e simpatizava um pouco, ainda menos do que a palavra permitia, porém, mais do que com o melhor amigo dele.
Depois que o show de Park acabou, e o DJ voltou a controlar o repertório, todo mundo estava mais louco do que era possível mencionar. De repente Yoongi engatou numa conversa com Jackson, Namjoon e Jessie e Hyuna que ele até desconhecia aquela sua sociabilidade. e Jay por outro lado conversavam completamente entretidos.
— YOONGI! — A voz dela gritou no ouvido dele.
— O que foi!? Vai me culpar do que agora, estranha!? — perguntou passando o braço sobre o ombro dela.
— Se você não estragar meu fim de noite, de nada.
— Como assim?
— Estou indo embora. Mas como é a primeira vez que a gente não vai junto, fique atento nessa porra de celular porque quando eu mandar uma mensagem pra você é porque eu estou ou dentro, ou fora de perigo.
— Vai embora? Mensagem? Com quem?
— Park. — ela falou rindo de orelha a orelha.
— Já está correndo perigo então... , você vai mesmo com ele!?
Yoongi reclamou pensando em como sua tentativa de frustrar Jay Park mais cedo deu errado, e todo mundo terminou frustrado menos o seu alvo. Sentiu ainda mais raiva do cantor.
— O código, presta atenção...
— ?
— Yoongi, não vem fazer o empata foda! Pelo amor, né! — brigou a amiga, e o outro bufou apertando os olhos com os indicadores, de modo impaciente — Se eu sentir que não estou confortável ou tenho algum problema eu vou te avisar!
— Tá bom, sua maluca! Você só está me causando problema, sabia? Vê se não me causa mais! Que raios de códigos são!?
— É fácil. Até porque você está bêbado! Olhe, se eu mandar um “Help” com esse sinal aqui 🚫 — ela mostrou no celular o emoji — É porque você tem que ir me buscar ou me ligar. Eu te mando a localização assim que sair daqui pra você me rastrear...
— A mulher está agindo com o Jay Park como se ele fosse o tarado da vizinhança... E depois diz que eu exagero. — resmungou incrédulo e debochado e, sentiu um tapa de arder em seu braço.
— Cala essa boca! E se eu mandar a frase “o passarinho entrou no ninho” então é porque está tudo bem.
— “O passarinho entrou no ninho”? Mais sugestivo do que isso só se mandasse fotos.
— Meu Deus, como você é idiota, Yoongi!
— Idiota é você que está deixando de ir comigo para ir com ele!
— É que nele eu vou sentar, bebê. — sussurrou ela no ouvido do amigo, e o abraçou se despedindo e avisando sem esperar resposta: — Cuida do Namjoon, ele está parecendo aquela sua amiga que você trocou saliva da última vez.
Yoongi girou ela para que a amiga saísse logo, viu que Jay já havia se despedido e a esperava no estacionamento.
Mais tarde naquela noite, Namjoon e Yoongi estavam voltando para casa:
— Cadê a ? — Nam perguntou muito bêbado quando Yoongi trocando as pernas tentava o carregar até o estacionamento onde o motorista de aluguel aguardava pra levar os dois no carro de Yoongi.
— O passarinho entrou no aquário. — respondeu confuso, e Nam igualmente o encarou confuso — Ou foi a piranha que caiu do ninho...
— Que merda você tá falando, Yoongi?
— Jay Park. — sacudiu as mãos no ar, abrindo a porta pra Namjoon entrar logo, mas o amigo grandalhão e muito tonto não entendia.
— Yoongi! Vai buscar a ! Cadê a nossa amiga?
— Ela está sentando na cara do Jay Park, Namjoon! — disse impaciente empurrando o outro que gargalhou zombando:
— Aaaaaaah.... Você não conseguiu impedir não é!? Quem mandou você e o Taehyung serem bobões?
Yoongi já estava irritado. Estava odiando todo mundo dizendo ou sugerindo algo entre ele e sua amiga. Primeiro porque não era verdade. Segundo porque aquilo causou muitos tumultos. Terceiro, porque aquilo o incomodava como pouca coisa havia feito até então.
Jimin não parava de cantar “You Were Beautiful” do Day 6 junto com Jungkook e Jin, a plenos pulmões, às 13 horas da tarde. A cabeça de Taehyung latejava um pouco menos do que na hora em que ele acordou, mas o rapaz ainda estava muito silencioso repassando o que aconteceu na noite anterior.
— Tae... O que houve ontem?
Jin perguntou depois de trocar olhares com Jungkook e Jimin sobre a postura do amigo que apenas existia perto deles, sem ajudar em nada na cozinha e nem falar.
— Bebemos muito, hyung.
— Que horas vocês chegou? — Jungkook perguntou.
— Acho que... Umas duas e pouca da madrugada?
— Então você veio sozinho? Por quê?
Todos olharam Jungkook surpresos, e Tae esperava que ele explicasse a sua teoria para saber como fugir da questão.
— Eu estava fazendo o meu lanche da madrugada quando Yoongi e Namjoon chegaram trocando as pernas falando sobre piranhas que comem passarinhos no ninho, ou coisa do tipo.
— Que?! — Jimin exclamou rindo.
— Que horas era isso? — Jin perguntou.
— Cinco e meia. Eu sou pontual.
— Isso nem é lanche da madrugada Jungkook, já é café da manhã! — Jimin exclamou mais uma vez e ainda rindo.
Os outros voltaram sua atenção para Tae após concordarem com Jimin.
— Eu... Só estava a fim de voltar antes.
— Hm... — Jin murmurou olhando para os mais novos — Que pena. Achávamos que você e a iriam se acertar.
— E o quê o meu horário de volta tem a ver com isso?
— Ela também foi embora às duas da manhã? — perguntou o mais velho e experiente, de modo óbvio.
— N-não... Eu... Deixei ela com eles.
Jungkook bufou e comentou, desacreditado:
— ‘Tá bom! Então não reclama: ela gosta de caras, mais novos, e eu vou tentar Taehyung!
— Entra na fila... — murmurou o amigo, um tanto infeliz.
Os outros perceberam que alguma coisa havia acontecido, e por mais que não estivesse brincando, Jungkook decidiu não manifestar o seu interesse pela amiga mais velha, que era tão linda legal e carinhosa, até entender o que estava havendo.
De repente um urro se ouviu, e som de passos trôpegos e pesados se aproximando.
— Tem um urso na casa? — Kook zombou.
Namjoon apareceu com a cabeça entre suas mãos, uma expressão de dor e pedindo por água.
— O líder de vocês foi atropelado por uma escavadeira chamada Don Cuervo! Me ajudem...
— Quem é Don Cuervo? — Jimin perguntou confuso.
— A tequila nunca é o melhor caminho, Nam! Você deveria saber... — Jin falou tornando a mexer na panela.
— ! Aquela mulher é um perigo! Alguém precisa colocar um aviso de “explosivo” nela!
— Nossa, que interessante... — Jungkook murmurou um risinho com cara de malícia zombando e os outros riram. Menos Taehyung que ainda encarava o próprio celular, rolando um feed, indiferente.
— Não assim, Kook... A culpa da tequila é dela. Bebi três doses com a , fiquei bem e achando que não faria mal, acabei abusando depois...
— Mas sabe... Até que poderíamos dizer que ela parece mesmo ser bem quente como um explosivo, com todo respeito Tae... — Jimin falou tão malicioso e baixinho quanto Jungkook fizera antes.
— Essa aí só quem pode responder é o...
— Taehyung! — apostou Jin, ainda esperançoso de que alguma coisa ao menos tivesse ocorrido entre eles.
— Yoongi! — provocou Jungkook levando de Jimin, uma encarada reprovável similar a que Hobi deu a ele no episódio das bananas, e Kook deu de ombros.
— Poderia ser, mas esses dois são muito burros... — Nam confessou: — Só quem pode responder é o...
O telefone de Yoongi tocou na sala, caído no chão. Como uma deixa para evitar o assunto, Taehyung foi até ele, pegou e viu a ligação de . Levou até o quarto de Yoongi, e Namjoon terminava de contar aos outros na cozinha:
— Jay Park.
— Uwa!!! Não brinca!
Jin exclamou, Jungkook e Jimin se olhavam com as mãos na boca, surpresos.
— Não contaremos pro Tae né? — Jimin perguntou.
— Ele vai acabar sabendo. E depois, é bom para ele acordar pra vida! O mole que ele deu ontem... Juro a vocês: eu queria bater no Taehyung!
— Como líder você podia e deveria! Eu sabia que tinha acontecido alguma coisa para ele voltar mais cedo!
— Não... — Namjoon explicou fofoqueiro, olhando pelo corredor se Tae não voltava: — Não foi Jay Park que fez o Taehyung vir embora. Se eu não estiver criando memórias bêbadas na minha cabeça, foi o Yoongi.
— De novo?! — os três perguntaram revoltados.
— Alguém tem que amarrar o Hyung! — Jimin falou com as mãos na cintura.
— Hobi vai saber disso e falar até o ouvido do Yoongi cair... — Jungkook riu — E eu vou acabar entrando nesse reality, só para agitar mais as coisas.
— Você ama colocar uma lenha não é, maknae?! — Namjoon repreendeu e Jungkook sorria com sua expressão de coelho travesso, ouvindo a ordem do mais velho: — Mas, ninguém mais vai se meter.
— Yoongi tem que se decidir. — Jin afirmou e os três pararam de falar ao ouvirem alguém se aproximar.
Taehyung retornou à cozinha dos futriqueiros e o silêncio imperava. Voltou a se sentar no lugar em que antes ele mexia em seu próprio telefone. Queria muito perguntar ao Namjoon quem havia sido a pessoa que dormiu com , já que Yoongi estava em casa. Mas, não teve coragem e nem sabia se queria ouvir a resposta. Então Jungkook, o ateador das fogueiras, provocou:
— Quem é, hyung?! Fala pra gente, o Tae já voltou pra ouvir a fofoca.
Eles olharam pra o citado, receosos, e o amigo encarou Namjoon como se dissesse que também queria saber.
— Tem certeza? — Namjoon perguntou a ele.
— Eu jurava que seria o Yoongi, se não foi o Jungkook não importa.
— Ei! Como assim Taehyung? Você desaprova que eu flerte com ela, mas o Jay Park não?! — soltou revoltado Jungkook, e Jimin murmurou alguma coisa, bravo, para ele, sentia-se preocupado com o melhor amigo.
— Foi o Jay Park, Nam? — Tae quis confirmar, estava mesmo surpreso.
Namjoon acenou afirmativo e Taehyung suspirou. Em seguida saiu da cozinha, puto, tentando não pisar tão fundo quanto gostaria. O ciúme estava o corroendo e a culpa era toda dele, que a jogou nos braços de outro. Não que ele achava que conseguisse sustentá-la em seus braços muito tempo, afinal, era perfeita demais mesmo para ele. Taehyung acreditava naquilo.
:::
Os lençóis finos e gelados de seda preta brilhante pendiam sobre o corpo dela de forma sensual sem deixar passar nenhuma curva. Os raios solares foram se revelando aos poucos à medida que, as persianas programadas para abrirem ao meio dia, subiam pela janela enorme.
acordou estranhando o ambiente amplo, que certamente não era de sua cama. Abriu os olhos lentamente, agradecendo por ser sábado e não trabalhar. Sua cabeça latejava mais do que esperava que acontecesse. Talvez, uma mistura de estresse provocado por machos e bebida alcoólica, intensificados na noite anterior. E então, como um flash, ela se recordou do gemido que ouviu horas antes em seu ouvido. E só de recordar sentiu as pernas se apertarem uma contra a outra. Jay fucking Park. Ela zerou a vida. Era fato!
Olhou ao redor se sentando e puxando o lençol para cobrir os seus seios ainda nus. Na mesinha ao lado da cama, havia um copo de água tampado, comprimidos e um bilhete.
“Sei que eu disse isso várias vezes no seu ouvido, mas você é maravilhosa. Bom repetir. A frase e o que fizemos, então por favor, deixe o seu telefone. Bom dia, beba os remédios. Desculpe não estar aí, eu precisei sair.” – JP.
Apesar da frieza dele, ela sorriu. Jay era do tipo safado que ela gostava, mas para se divertir. Não esperava que o homem acordasse ao lado dela, fizesse café e esfregasse as suas costas num banho tântrico. Aquele nem fora o combinado da noite anterior! Mas, também não imaginou que ele sairia para não dar de cara com ela. Se ele deixou o bilhete ali, como uma tentativa de ser menos distante, ou se pediu seu telefone por apenas uma gentileza velada, ou ainda, se aquelas eram pílulas para evitar a ressaca ou uma gravidez, não se importou. Yoongi viera todo o caminho de carro, até pegarem Tae e Nam na noite anterior, falando o quão ouvia coisas péssimas sobre o Park ser um cafajeste, metido e outras coisas que não a surpreendiam na indústria dos idols. Então, ela realmente não esperava qualquer romantismo, delicadeza ou cumplicidade. Foi uma transa. Só isso. Noite casual. E, portanto, não fazia sentido deixar seu telefone.
Pegou os remédios. Constatou serem para ressaca, e recordou-se de que haviam usado camisinha e acreditava ser só por aquilo que, as pílulas do dia seguinte não estavam ali. Em nenhum momento quis acreditar que Park estava sendo realmente gentil e não pudera mesmo ficar até ela acordar. E não acharia ruim repetir realmente o ocorrido da última noite com ele, mas não queria deixar o número de contato e facilitar demais as coisas. Ele teria que se esforçar um pouco mais que se a quisesse de novo. Já vinha facilitando bastante com Taehyung, e provou mais uma vez, que havia quebrado a própria cara. E só de pensar nele, sua cabeça deu mais uma pontada.
levantou-se, viu suas roupas recém-lavadas e secas, dobradas sobre a cama, inclusive a sua calcinha. Sentiu-se tão constrangida por aquilo, que nem pensou em quem teria recolhido as roupas do dia anterior no quarto e deixado limpas ali. A porta anunciou dois toques na mesma, e ela murmurou rouca e baixo: “entre”. Ao se abrir, uma doméstica que parecia simpática se aproximou explicando as recentes curiosidades da escritora sobre aquilo. Ela era a governanta da casa de Park, recebeu instruções do patrão para cuidar de um despertar tranquilo da garota, lavar, secar e passar as roupas dela para que ela as vestisse quando acordasse, assim como oferecesse comida e o que mais a mulher quisesse.
agradeceu-a, mas negou qualquer complicação. Afirmou que iria se arrumar e partir, e a mulher deixou-a só. Tomou banho e se arrumou, depois comeu um pouco e logo providenciou um carro que a levou de volta, agradecendo a atenção, se desculpando pelo trabalho e dispensando a companhia de um motorista particular do rapper, até sua casa.
As exatas uma hora da tarde, já estava chegando a seu cantinho, como ela gostava de se referir ao apartamentinho pequeno e bem na vibe de um dorama , em que ela morava. Pediu para o táxi deixá-la no começo da rua de sua casa, e caminhou até a cafeteria antiga do seu bairro. Observou a barraquinha de bolinho de peixe que ela amava fechada, e se recordou de quando esteve ali com Suga. De repente não sabia por que aquela memória lhe invadiu, mas se pegou pensativa sobre o seguinte fato: se fosse Taehyung a tê-la procurado no lugar de Yoongi, ela estaria saindo da casa de Jay Park aquela manhã?
Suspirou, sentindo-se frustrada. Por que estava pensando em Tae e no quanto os olhares e sorrisos dele a atraíam? Por que estava pensando nele sendo levado por ela até aquela barraca ao invés de Yoongi? Por que estava pensando no momento em que quase seria beijada por ele? Aliás... De onde tirou aquela esperança de que seria beijada?! Por que o garoto fazia aquilo de mostrar-se afetado por ela, sempre que estavam juntos, mas parecer lembrar-se de alguma coisa e a afastar logo depois?
entrou na cafeteria, vazia pelo horário, tentando dispersar qualquer coisa que a lembrasse de Tae. O vestido da noite anterior parecia inapropriado para alguém que entrava numa cafeteria depois do meio dia. Os olhares de poucos atendentes e clientes queimaram em sua pele. Ela apenas escorou-se no balcão, falando com uma senhora.
— Ajhumma... — murmurou fazendo reverência a mais velha, num aceno de cabeça e a outra correspondeu a analisando.
— Annyeong ! Diga-me que se divertiu.
riu por notar ela mencionando seu estado de “ontem” apenas pelo vestido.
— Sim, ajhumma. Chegando agora, como a senhora pode ver.
— E por que essa expressão de quem perdeu algo valioso, se você se divertiu?
— Talvez porque eu possa ter perdido... — murmurou e desconversou: — Ajhumma, e a Nini?
— Hoje é a folga dela, se não estiver em casa, ela deve ter saído com o Minyuk. Estava igual a uma criança feliz por ganhar um doce dizendo que o rapaz a chamou para sair, finalmente! Nini... Aquela menina tem a cabeça mais nas nuvens do que qualquer coisa...
apoiou a mão no balcão e sua cabeça na outra, sorrindo. A amiga vizinha trabalhava na cafeteria dos Lee, e por isso já era também próxima a eles.
— Mas e então querida, o que vai pedir?
— Um americano gelado, pra viagem, por favor.
— Claro!
A senhora agilizou o pedido da escritora, que ao sair da cafeteria sentiu o Sol queimar seus olhos. Levantou a mão como se cobrisse o astro, olhou para o céu, sentindo seus cabelos longos baterem quase em sua bunda com aquele seu gesto de virar o pescoço para enxergar o alto. Tornou a olhar a barraquinha fechada e suspirou. amava aquele bairro, era como Suga lhe dissera quando foi ali: tudo parecia cenário de dorama, e se não fossem os doramas, nunca teria perseguido o sonho de estar ali.
Pôs-se a caminhar tranquila pela rua, sentindo as pessoas da região ir e virem, olhando-a como se não vissem nada demais, a maioria estava acostumada a ela. Cumprimentou alguns vizinhos e então, sentindo o Sol queimando sua pele, a sensação a fez se lembrar de Jay Park. Os toques precisos, a pele quente dele na sua, os movimentos de seu corpo sobre o dela... Sacudiu a cabeça de um lado para o outro, a fim de esquecer as deliciosas memórias impróprias para uma mulher no meio da rua. Sacou o celular na bolsa e discou para aquele que ela não fazia ideia se estava bem depois da noite passada.
:::
Taehyung entrou sem bater, encontrando Yoongi todo coberto da cabeça aos pés e o cheiro de álcool forte exalava. Sorte que Hobi não estava ali, pois, reclamaria até a morte no ouvido de Suga, abrindo as janelas bem cedo. O toque do celular dele estava diferente, Yoongi ouviu, e de repente foi ficando cada vez mais alto e irritante. Sentia também alguém o sacudindo.
— Acorda Yoongi! A está te ligando.
— Aish... Atende você... Ela deve estar em apuros, e eu avisei! — resmungou ainda sonolento.
Taehyung olhou para o celular dele, o visor com o nome da escritora e o toque específico dela. Por que “Bad Boy” do Red Velvet era o toque de quando ela ligava para ele? Nem Tae e nem o dono do celular desmaiado de sono ao seu lado, saberiam dizer, já que ela configurou aquilo apenas para irritar Yoongi.
— Ela não telefonou pra mim. Tome. Atenda, estou saindo! — Taehyung disse impaciente jogando o celular sobre as cobertas e saiu batendo a porta.
Yoongi resmungou e ficou xingando baixo enquanto se descobria tentando achar o aparelho. Atendeu impaciente:
— Pede pro Jay Park! — foi a primeira coisa que disse ao atender e a risada gostosa de se fez ouvir do outro lado.
A escritora ouviu a voz do amigo, abafada provavelmente pelas cobertas, e rouca de sono. Havia irritação clara no tom dele, e ela gargalhou sem saber se seria pela zoeira que ela aprontou com o toque de seu celular, ou se era por ela o acordar.
— Já pedi muita coisa para ele essa noite, quer saber como foi?
Yoongi levou o braço até os olhos se segurando para não mandar ir à merda. Como ela geralmente fazia com ele, nas suas expressões tão brasileiras que a mesma o explicava os significados e algumas ele aderia.
— O que você quer mulher?! Não era para você estar dormindo, exausta de tanto sentar naquele babaca? — Eu sou resistente. — Pronunciou ainda gargalhando e foi perguntando zombando dele, enquanto se aproximava de casa: — Me diz, a piranha caiu no aquário?
ainda ria vendo Nini ao longe, saindo de casa e entrando num carro do outro lado da rua. Yoongi abriu os olhos, numa expressão mortal de quem poderia assassinar a amiga, e ao mesmo tempo franziu o cenho ao lembrar-se de um assunto ininteligível na noite anterior sobre passarinhos, piranhas, ninhos e aquários.
— Que piranha!? Aliás... A gente precisa melhorar o aquele código. Eu ‘tô até agora confuso.
— Precisamos mesmo. Você nem respondeu a minha mensagem quando te mandei, então se tivesse dado algo errado não seria você a me defender.
— Ah, ! Me poupe vai, o que você quer?! É sábado, eu estou exausto...
— Bem, só liguei pra saber se você e o Namjoon chegaram bem. E também, estou curiosa sobre o saldo de vocês.
— Quer saber meu saldo, telefona ao meu gerente. Tchau, traidora!
— Traidora!? — A escritora se alarmou falando alto, e logo ouviu o sinal de ocupado da chamada.
encarou o próprio telefone, inconformada:
— Ridículo! Desligou na minha cara! — E começou a rir do ciúme que notou Yoongi sentir por Jay Park.
Ela subiu as escadas de seu sobrado, e quando estava abrindo a porta de casa, escutou uma buzina. Olhou para trás, e Chang sorria com óculos escuros, e seu rosto alegre pela janela de motorista do próprio carro. Ela sorriu de volta para o agente e melhor amigo.
— Sobe! Eu ‘tô chegando agora! — gritou apoiada na grade de proteção do seu andar em frente à porta de casa.
Um pouco depois os dois amigos estavam conversando animados, sobre o que ela havia feito na noite anterior. Chany sentiu-se descontente por saber que ela dormiu com Jay Park, mas valeu saber que ela não havia ficado com Tae.
O agente era apaixonado em , e ela sabia. Quando a jovem roteirista chegou apenas com um sonho e pouco vocabulário, em terras coreanas, Sang Chang Chanyeol, foi seu sunbae na empresa em que ela conseguiu o estágio de intercâmbio. De chefe se tornou amigo, e depois de Chany ler o primeiro manuscrito do mangá que seria o sucesso dela, de amigo se tornou o primeiro romance de com um coreano. Porém, quando a mulher notou que a amizade colorida estava ficando mais complicada, e que a coisa estava séria, ela foi franca com ele.
Apesar das suas famílias terem se conhecido e eles terem gostado de ficar um com o outro, não achou justo que eles permanecessem se envolvendo quando o amigo, sunbae, agora sócio e agente, se mostrou apaixonado. Então, ela sempre soube dos sentimentos dele e ele dos sentimentos de amizade dela que desde o término do seu caso, vinha se tornando cada vez mais fraternal ao Chang.
Entretanto, o que não sabia é que o amigo ainda nutria uma esperança. Por isso, quando Chany a ouviu desapontada por Taehyung, o rapaz que verdadeiramente ele notava, fazia com que os olhos dela brilhasse diferentes, o agente ficou feliz. No fundo não deveria, porque ela estava decepcionada e vê-la mal era algo que ele não gostava, mas seu ego o fazia ficar feliz. Já não bastava aquela amizade colossal que desenvolvia com Yoongi!
Chang não tinha nada contra Suga, mas o ciúme que ele tinha da relação dele com era absurdo. Além de é claro, saber que entre aqueles dois existia uma química perigosa e invejável, que ambos negavam veemente. E talvez, apenas por essa negativa, Chany não se sentia ameaçado por Suga no que se referia ao coração da mulher. Sentia-se ameaçado pela amizade dos dois sim, mas outras coisas não. Ele conhecia o suficiente para saber que ela não se apaixonaria em Yoongi, embora duvidasse do contrário.
Não bastando Mário Maurer meses antes, e o Taehyung, agora tinha aquele Jay Park... Por experiência própria, Chang sabia que provar a boca de era um caminho sem volta.
— Eu não concordo com o Yoongi em muitas coisas, mas vou dar o braço a torcer: Jay Park é inaceitável, ! — confessou o amigo enquanto ela revirava os olhos calçando seus tênis.
— Aí gente, vocês dois parecem até que são meus irmãos! Nem o meu pai era assim tão possessivo!
— Não é questão de ser ou não possessivo, a gente se preocupa pelo fato de que Jay tem uma fama de galinha.
— E daí? Eu não vou namorar com ele! Foi só um casual, e se isso se repetir vai ser pela cachorrada, Chany.
Ele riu sacudindo a cabeça de um lado a outro em negativa. Descruzou os braços e desencostou do batente do corredor, se ajeitando para sair logo depois que ela pegou a bolsa.
— Onde vai me levar para almoçar?
— Onde você quiser, desde que tenha pratos para ressaca.
— ‘Tô bem Chany! — ela informou rindo ao descer as escadas com ele. — Sabe que eu tenho boa resistência.
— Desde que não seja cerveja. — Ele riu e a amiga também, dando de ombros.
Taehyung estava sem vê-la há vinte dias. Ele contou, desesperadamente, cada dia e hora desde o dia da boate. E contou todas as outras vezes em que Yoongi saiu ou se encontrou com ela também. Desde aquela noite, não foram muitas. Os rapazes estavam mesmo imersos em trabalho e ela também.
Nunca achou que se arrependeria tanto por ter saído daquele jeito. Ele deveria lutar por ela? Mas... Lutar por ela? O que ele era dela ou que direito tinha em falar de lutar por , quando claramente abriu mão de todos os convites possíveis pra um encontro, ou melhor: abriu mão de qualquer aproximação maior. Até mesmo Jungkook e Jimin estavam vendo a escritora mais do que ele.
Jogado no chão da sala de prática, Tae ouvia as risadas dos amigos, enquanto encarava o teto brilhante. Ele deveria recomeçar. Ele precisava! Não poderia mais se contentar apenas com as fotos dela no instagram, ou com o contato e a interação fria do grupo no Kakao Talk que os amigos criaram para incluí-la. se tornou amiga de todos eles, e mesmo fazendo parte do todo, Taehyung sentia como se entre os sete, ele fosse o mais distante dela. Que idiota! Por que não convidou a mulher para fazer qualquer coisa?! O grito de Yoongi ecoou mostrando o mais velho com Jimin e Hobi em cima de si, e Tae girou o rosto para encará-lo. Ah, é... Estava ocupado achando que seu hyung se apaixonou por , e por isso se afastava da mulher como se a mesma fosse a tentação de Adão.
Falaria com Yoongi sobre tudo. Deveria?
— O que houve Tae? — Namjoon perguntou sentando ao seu lado, observando a inércia do mais novo que não provinha só do cansaço.
— Eu sou um idiota.
— Que isso Taehyung?! São só alguns passos difíceis, você pega rápido!
— Estou falando dela.
Namjoon parou o trajeto da garrafa de água na metade e notou o olhar profundamente arrependido dele.
— Tae... Por que você afastou a ? Ninguém entende a sua cisma com o Yoongi, se os dois declararam já que não tem nada e se ela já lhe deu sinal verde tantas vezes...
— É mentira que todo mundo ache que eles vão ficar juntos uma hora? — o mais novo perguntou, sem a menor incerteza sobre aquilo encarando seu líder.
— Não é bem assim... A gente implica, mas sabe que ela gosta de você. Ao menos, se não gosta tem algum interesse a mais do que amizade...
— E ele?
Namjoon suspirou. Entendia exatamente o quê Taehyung queria dizer e por mais que soubesse que o assunto não era de sua conta, achou prudente comentar a respeito para acalmar o mais novo.
— Olha, não acho que o Yoongi não tenha algum interesse desse tipo na também, mas não acredito que seja premeditado. Na verdade, ele já teria ficado com ela se fosse o caso, e ela também se o correspondesse... Talvez até tenha acontecido e eles não contem, mas o que importa é o que eles falam sobre eles. E não o que os outros tendem a pensar.
— Você acha que ele é apaixonado por ela também?
— Apaixonado? Não... Acho que ele só sente atração física, mas até mesmo ele nega aceitar isso. Ela é um mulherão, completa em todos os sentidos da palavra, e o Suga sabe disso. Mas, o Yoongi está alocando a num outro lugar de seus sentimentos e vida... — suspirou Nam, adentrando no assunto que não era de sua conta, mas achava que Tae deveria saber: — Até porque, você não sabe e ninguém sabe direito, mas o Jin me falou que existe outra pessoa com ele...
Taehyung sentou-se de imediato. Aquela informação era muito nova e importante.
— Será que é tarde demais pra mim? — Como se uma bigorna caísse em sua cabeça, Tae foi impulsionado pela razão.
— Eu queria te dar um soco, Taehyung. — A voz de Namjoon soou rígida e o olhar dele modificou em sua expressão, mas logo, Nam soltou uma lufada pesarosa e bebeu outro gole de água, amenizando sua linguagem corporal para o amigo: — Mas, vou só colocar terror mesmo: então sim, pode ser que seja. Só que você não vai saber se não tentar.
Namjoon se levantou e deu a mão para impulsionar que Tae também se levantasse, e Taehyung olhou para Yoongi. Pensou em ir até ele o perguntar sobre , mas todos foram interrompidos por Bang e Sejin na porta da sala.
— Yoongi, venha à minha sala, por favor. — Bang informou cumprimentando o restante dos rapazes.
Obviamente a surpresa e a tensão estavam estampadas nos rostos de todo mundo.
— O que você fez? — Hobi perguntou para Yoongi, com uma face de quem daria uma bronca no amigo.
— Não sei sobre o que pode ser.
— Saiu sem permissão de novo?
— Só para encontrar a , não foi? — Namjoon perguntou com os demais prestando atenção em Suga.
Yoongi e Seokjin trocaram olhares cúmplices.
— Não... A gente tem se visto pouco desde a balada, mas as poucas vezes em que a encontrei nestes dias foram em minhas folgas.
Jin suspirou entendendo que Yoongi negou, mas não esclareceu que pediu por exceções a fim de encontrar-se com a Maya. Ninguém mais além dele, e talvez, a própria , sabiam do casinho que ele tinha com a melhor amiga de Jin.
— Eu vou lá... — Suga informou e saiu deixando os demais curiosos.
Quando entrou na sala, os managers da carreira do grupo estavam juntos dialogando alguma coisa e pararam quando o mesmo entrou. Yoongi sentou-se diante dos dois, na poltrona ao lado de Sejin.
— Pois não, sunbaes?
— Suga... — Sejin falou antes de Bang: — Sabe que existe uma cláusula de restrição de namoro, e mesmo que saibamos que teremos que lidar de forma diferenciada, em relação aos membros mais velhos do grupo em breve... Nada nos exclui de mediá-los em certos assuntos.
Yoongi desconfiava que Sejin houvesse descoberto de suas escapadas para encontrar-se com Maya, ou pior: que algum rumor tivesse saído entre a mídia ou fanbase.
— Do que exatamente querem tratar? Eu sei disso tudo, sunbae. — respondeu escondendo um pouco a aflição.
— Sabemos que está saindo bastante com a , a roteirista. Isso é um namoro? Se for, precisamos saber qual o grau desse envolvimento para mediarmos quaisquer situações. — Bang, o chefe principal da Big Hit e dos contratos com os meninos, perguntou.
Yoongi piscou lentamente. Achavam que e ele estavam em um romance? Eles também?! Algumas coisas passaram em sua mente naquele instante, mas não tivera tempo de se concentrar nelas. Precisava esclarecer o ocorrido.
— Não! Não é namoro! Somos amigos, apenas. Por que tiraram essa conclusão?
Era o que ele não conseguia compreender e queria refletir depois: o quê em sua relação com ficava acusando aquele rumor o tempo todo diante de todo mundo!?
— Yoongi, a sua mãe nos telefonou perguntando quando o seu contrato mudou em relação a isso. Queria informações sobre as implicações do assunto, e quando nós perguntamos a ela se havia algo a preocupando, a ajhumma nos disse que já estava planejando seu relacionamento com .
A revelação de Bang fez o queixo dele se abrir e sua expressão tornar-se chocada e burra. O que afinal de contas, a sua mãe pretendia?!
— Como acompanho os seus assuntos de perto, o Bang me chamou. Mas fazendo uma retrospectiva percebi que desde aquela entrevista meses atrás, você vem saindo com a escritora em suas folgas, e me pediu até mesmo algumas permissões extras. Suponho que fosse para vê-la, certo?
Yoongi não poderia citar o nome de Maya ali, não naquele momento! Eles não eram nada um do outro, além de dois casuais oportunos. Então, ele concordou com Sejin, mas logo se apressou em explicá-los:
— Tudo um mal entendido, sunbae! A minha mãe conheceu a numa ocasião como minha amiga, mas digamos que... Ela empolgou-se por ser fã da escritora, e desde então tem falado essas coisas sem o menor cabimento!
— Então é só uma projeção de preferência da sua família? — Sejin reforçou: — Você e ela não estão mesmo juntos romanticamente?
— Não! Não mesmo! Diga isso para ela e a própria vai gargalhar em nossa frente!
— Que bom então! — Bang exclamou, porém, tranquilo. A única preocupação deles era esclarecer a história — Mas saiba Yoongi, qualquer situação que mude seu status de relacionamento você precisa nos informar. E bem... Convide a escritora para conhecer a BH! Minha esposa é uma fã dela, e talvez eu possa surpreendê-la!
A fala de Bang deixou Yoongi ainda mais confuso.
— Ela... Ela pode vir nos visitar?
— Claro. Nós não os impedimos de conviverem com seus amigos, não é? — Sejin sorriu e revirou os olhos constatando: — Quer dizer... Desde que tudo seja agendado e livre de problemas... Nós deixaremos credenciais de visitante na entrada com a permissão quando ela vier, é só você pedir com antecedência de um dia. Mas ela não pode acessar tudo na empresa, você sabe.
Suga ouviu Sejin, ainda com uma expressão catatônica de surpresa. Não é como se ele e os colegas recebessem muitas visitas de outros amigos ali, até porque, a maioria de seus amigos eram do meio de trabalho, e as agendas complicadas demais para passarem “tempo a toa” nas empresas concorrentes.
Diante daquilo, ele aproveitou para já solicitar a visita dela no dia seguinte, estava ansioso para mostrar o Genius Lab à amiga há algum tempo. E mesmo compreendendo o que seus sunbaes diziam, ou a razão por agirem daquela forma, Yoongi não conseguia acreditar no que havia sido obrigado a ouvir.
Sua mãe estava maluca? Depois suspirou, deu-se conta de novo: era o mood controlador da ommoni. Ele soube que aquela história contada para ela em Daegu não havia acabado.
Saiu da sala de Bang enviando mensagens para . Avisou a ela que iria vê-la no fim do expediente daquele dia, na empresa, antes de voltar para o dormitório e logo que reuniu-se de novo aos amigos, explicou o ocorrido.
— Aigoo!! A ajhumma Min já escolheu a nora! — Jungkook falou rindo, e os demais o acompanharam, mas entre Jin, Suga e Tae havia um sorriso assustado sobre aquilo.
:::
— Yoongi, você não pode demorar. Estou quebrando um galho! — o motorista dos rapazes o informou dentro da van: — Sabe que eu deveria levá-los diretamente!
— Não tem problema, ajhussi! Eu informei ao Sejin, ele sabe o que eu vim fazer aqui! — Era uma meia-verdade, Yoongi pediu na saída do treino para o seu manager autorizar que o motorista os levasse a outro lugar, só que ao invés de dizer que veria a amiga, ele informou que fariam um lanche.
— Suga você vai demorar? — Hobi perguntou preocupado com o amigo saindo para entrar naquela empresa, com receio de que fosse visto: — Ela não pode descer?
— Eu não demoro! E se ela descer, vocês começarão a falar demais e aí sim, a não vai embora nunca!
— Vocês não podem simplesmente tratar o que quer que seja por telefone? — Seokjin perguntou também desconfiado do propósito de terem parado ali.
— Eu não posso contar o que a minha mãe está fazendo por telefone! É algo delicado demais para eu jogar uma bomba no colo dela por ligação ou mensagem.
— Mais uma vez, não é... — Taehyung ironizou, sem a menor preocupação de soar descontente.
— Quer vir comigo? — Suga perguntou ao amigo, embora não achasse que fosse o melhor momento.
— Não. Ela está trabalhando e eu não vou rever ela assim, no meio de assuntos de vocês.
O clima pareceu tenso, mas Suga rolou os olhos e saiu. Com seu boné, máscara e o casaco de gola alta, o coreano adentrou na empresa direcionando-se rápido à recepção.
O movimento estava baixo no andar criativo onde a equipe 77 trabalhava. estava em sua sala concentrada em textos, as persianas baixas a fim de não a desconcentrar com o movimento externo da equipe, e tudo reinava no mais absoluto silêncio. No fim do expediente, ela bem sabia que seriam todos tomados de uma algazarra feliz por um dia bastante produtivo.
O telefone de sua sala tocou indicando a secretária da equipe informando-a que um homem de nome “Agust” solicitava vê-la. Ela autorizou que Agust subisse e aproveitou para finalizar a parte que editava de seu trabalho, e fazer uma merecida e forçada pausa.
Yoongi subiu ao elevador, um tanto tenso. A última vez que estivera ali foi quando a abordou pela primeira vez e já fazia meses. Estava preocupado em ser reconhecido, lembrava-se de ter entrado ao setor dela e todos os olhares voltarem-se a ele, revelando a animação da equipe e curiosidade. Dessa vez, não o acompanhava, então, torcia para que as pessoas não o notassem. E foi exatamente o que ocorreu quando ele saiu pelo elevador, e não escutou vozes. Achou que estava no lugar errado, mas a secretária da antessala era a mesma daquele dia, ela o cumprimentou baixinho e indicou com os braços o caminho, abrindo a imensa porta de vidro do escritório.
Suga agradeceu silencioso, observou que todas as pessoas estavam absolutamente concentradas em seus trabalhos, e nem perceberam que alguém invadia o lugar, coçou a nuca e respirou fundo pronto a atravessar todo aquele salão até a porta que indicava a sala da amiga.
— É aquela porta amarela, de frente a nós. — sussurrou a secretária ao seu lado notando-o parado e mantendo o mínimo barulho para não atrapalhar ninguém.
Ele concordou sem sorrir, afinal a mulher não veria, e percebeu como ela esmiuçava seu rosto na tentativa de descobrir quem era o misterioso “Agust”. Caminhou diretivo até a sala de , e deu dois toques baixos antes de entrar. Abriu a porta quase desesperado, entrando como um fugitivo e escorando suas costas à mesma após fechá-la. Checou o ambiente, todo coberto pelas persianas, sem qualquer brecha de que os vissem ali dentro e abaixou a máscara, aliviado.
estava de costas para ele, numa bancada onde ficava sua máquina de café, Yoongi suspirou a observando em silêncio. Olhou a figura da mulher de cima a baixo tentando entender por que a sua mãe havia cismado com ela, buscando os sinais das razões pelas quais a senhora Min teria se apegado à ideia da estrangeira ser sua nora. Seria o modo como se vestia?
A escritora estava naquele momento, em uma calça de tecido nobre, linho creme, e tinha um quimono preto estampado de forma sutil, igualmente fino em mangas ¾. Seu cabelo estava preso sem qualquer alinhamento, o que o indicava que ela estava com as madeixas soltas, e por isso, prendeu com a caneta para trabalhar. Nos pés, ela tinha um salto confortável. De costas, era uma mulher elegante, sem extravagâncias.
— O gato comeu a sua língua? — Ela perguntou com um risinho no final depois daquele tempo em que ele havia entrado, mas sem dizer nada, e então, a mulher se virou para ele.
Yoongi não a respondeu. Quando ela se virou ele continuou a analisando. A maquiagem em seu rosto era sutil, exceto pelo batom vermelho que chamava a atenção para sua boca bem desenhada. Seus óculos discretos em armação dourada fininha davam a ela um ar intelectual. Os brincos eram pequenos, já o colar, não. Descendo a visão pelo tronco, notou que a amiga vestia um daqueles seus bodies colados que enalteciam o colo dela, branco, e com um discreto decote em “V”. Não tão discreto para alguns costumes coreanos, já que se via que o pingente do colar perdia-se na curva dos seios dela. Mas, a parecia não se importar muito com aquilo, e a empresa em que estava há anos, claramente não se importava também. A Mangaká Entertainament parecia mesmo uma empresa à frente do seu tempo.
Descendo os olhos um pouco mais, a calça de cintura alta demarcava a cintura fina e o restante, era o mesmo das costas. tinha muitas curvas, uma pele bronzeada, uma sensualidade e inteligência que exalavam da postura de todo o corpo até à força de seus olhos, e era uma mulher de opinião bem esclarecida. O quê naquele conjunto, não faria o menor sentido na cabeça de Yoongi que a sua mãe quisesse-a como nora. era tudo o que uma coreana não era, porque lógico, era uma ocidental. E a sua mãe passou a vida inteira dele, dizendo-o que deveria encontrar uma boa esposa coreana.
— Você está me assustando! Por que está me comendo com os olhos, Yoongi? — ela falou depois de chamá-lo três vezes e o mesmo não responder.
caminhou deixando sua xícara de café na mesa, e se aproximou dele, de braços cruzados, preocupada por aparentemente o amigo ter entrado num estado hipnótico.
— Eu devo reconsiderar agora aquela desconfiança do primeiro dia, de que você é um psicopata, e que vai me atacar agora?
— Oi. — Ele disse finalmente, sacudindo a cabeça afastando sua investigação silenciosa de sua mente, e deixando um beijo no rosto da amiga, coisa, aliás, que ela estranhou. Yoongi não era de contatos.
— O que aconteceu?
Viu o amigo caminhar até o sofá do escritório e se jogar com a cabeça para trás e os olhos fechados. ainda estava achando-o muito esquisito, o que por si já deveria considerar normal, mas não naquele momento. Ela retornou até a sua mesa, pegou novamente a própria xícara de café e sentou-se sobre o tampo dela, com uma perna apoiada no chão.
— Eu não posso demorar. Estou na van, e eles estão me esperando lá embaixo.
— Tá... Estão todos aí?
— Sim e antes que me culpe o Tae não quis subir.
— Não vou te culpar, eu não esperava isso dele. Mas, o que houve?
— ... Primeiro, eu quero te perguntar uma coisa. — Yoongi pausou a fala a encarando, um pouco receoso de como ela encararia aquilo, e então ela fez um sinal com a mão, para que ele continuasse — As pessoas ficam te perguntando sobre a gente?
A escritora franziu o cenho. Do que ele estava falando?
— Que pessoas?
— Sei lá, o pessoal do seu trabalho... As pessoas que você fala sobre mim ou que nos veem juntos.
sentiu um sorrisinho sacana surgir no canto de sua boca, e Yoongi também notou o gesto, ele soube que ela não diria algo que ele gostaria de ouvir.
— Olha estranho... Isso pode doer mais em você do que o imaginado, mas... — ela suspirou e Yoongi arregalou os olhos para que ela terminasse logo de falar — Eu não falo sobre você. Na minha vida, absolutamente ninguém faz ideia de que eu te conheça.
Yoongi fechou a cara e ouviu começar a rir.
— Desculpa Yoongi, mas não é como se eu pudesse ficar falando por aí que eu sou sua amiga... E depois, quando saímos um com o outro, é sempre no seu ambiente, então... Ninguém me perturba com isso! Mas, por que esse questionamento agora?
— Eu fui chamado pelo Sejin e Bang hoje para falar de você. E esse é um ponto: todo mundo acha que a gente tem alguma coisa! Os meninos, por conta daquele mal entendido, ok... Mas... Meus managers? Só porque nós saímos juntos?
— Convenhamos Yoongi, vocês não ficam saindo com garotas por aí! E eu tenho certeza que o Sejin sabe que eu ando aparecendo no dormitório às vezes. É ingenuidade demais vocês acharem que eles não sabem de detalhes importantes como esse.
Yoongi concordou. Foi mesmo ingênuo de achar que tudo estava ocultado, pelo simples fato de não terem levado nenhuma chamada desde a primeira vez, mas... Os seguranças eram subordinados ao Sejin. É óbvio que eles sabem, então, aquela conversa dos managers não só demorou como foi tranquila demais...
— Eu queria saber se acontece com você também.
— Suga a gente não aparece tanto assim publicamente, então, não acho que sejamos uma atração. Mas, quando estamos nas boates acontece muito de me perguntarem no banheiro se nós somos namorados, só que, isso é normal. Não é algo que aconteça por sermos nós dois, apenas acontece quando um homem e uma mulher saem juntos. Isso te incomoda?
— Não, não é que incomode. Só me preocupa. Eu não quero criar rumores pra você ou pra mim, e nem dificultar o que já é difícil... Bem, eu só fiquei curioso se por acaso eu dei a entender em algum momento qualquer coisa diferente do que nós realmente somos.
— Não para mim. — respondeu dando de ombros e bebendo um gole de seu café esclarecendo: — Sempre tive muito claro que não há interesse da sua parte, a gente já começou nossa amizade com esse questionamento, lembra? Você invadindo aqui sem qualquer razão clara, eu te perguntei que intenção você tinha. E você se lembra do que respondeu?
— Que eu queria ser seu amigo e te caçar para o Taehyung. Ou algo do tipo.
— E falhou miseravelmente, diga-se de passagem. Se tornou o meu karma e me afastou de sentar no Tae!
Yoongi resmungou qualquer coisa. Contestaria afirmando que deu a ela a chance de sentar no Park, mas os créditos eram do Namjoon que havia convidado para aquele evento.
— Bem, o outro ponto, é uma informação muito chata, mas eu senti que precisava falar sobre isso com você pessoalmente. É a minha mãe! Ela quem ligou pro meus managers pedindo informações do contrato sobre o namoro, por que... Nas palavras de Bang, ela está “planejando o nosso relacionamento”. E eu te juro que não entendo! Mas, eu precisava te dizer para você não ser pega desprevenida se ela vier...
— Você às vezes é mais lerdo do que o Taehyung. — interrompeu sorrindo e logo explicou, quando Suga fez cara de desentendido: — Sua mãe já está me rodeando com isso.
— Como assim?
— Eu já sabia das intenções dela há algum tempo. Ela fica me mandando mensagens com perguntas sobre a minha vida pessoal. No começo, quando ela me contava, as mensagens eram sobre as curiosidades dela com os meus escritos... Ela já leu até o que eu publiquei no início da minha carreira aqui, tá? Ela é mesmo fã do meu trabalho!
A medida que contava, a expressão de Yoongi se tornava mais e mais surpresa, em choque mesmo.
— Depois, ela passou a me telefonar, porque nós fomos aproximando e ela é sempre muito gentil e atenciosa, me tratando como uma filha. Mantendo aquele tom que ela mantém com você e Geumjae, “já comeu?”, “precisa de alguma coisa?”, “venha me ver!”... Essas coisas. Então, eu desconfiei quando ela disse que gostaria de conhecer os meus pais. Foi um estalo: por que a senhora Min quer conhecer minha família? E então... Geumjae confirmou as minhas dúvidas quando...
— Geumjae? Você tem contato com o meu irmão?
— Qual o problema? Eu já falei que ele é bem mais legal que você. — Ela disse risonha e o amigo ainda pasmado, não retrucou então continuou: — Enfim, Geumjae me contou que a sua mãe tinha intenções de ver nós dois juntos. Foi aí que eu passei a responder as questões que ela tinha, ciente das ações dela. Sua mãe sempre fala de você comigo, e eu sempre faço questão de mostrar que não convivo o tempo todo contigo... — franziu o cenho, desconfiada, para ele: — Yoongi, ela não fala de mim para você?
— Ela...
Yoongi deu-se conta de que sempre que a mãe lhe mandava mensagem, perguntava por , e ele a contava com frequência o que faziam na maior inocência: “saímos ontem, ela está bem”, “acabei de mandar mensagem para ela, ela esta bem, mãe”, “não sei quando vou vê-la, mas ok eu mando seu abraço”... Sem que percebesse ele fazia parecer o contrário do que dizia.
— Acho que eu alimentei a ilusão na cabeça dela.
— Ótimo, então a culpa é sua. E se prepare, a coisa vai piorar. Semanas atrás ela me ligou em chamada de vídeo perguntando como eu estava, e eu tinha acabado de voltar da casa do Park, a pele... Você sabe... Ela reconheceu que eu estava muito bem e quando deu a entender que eu estava com cara de quem havia tido uma noite maravilhosa... — riu confessando a Yoongi: — Aliás, sua mãe adora falar de sexo, viu? Ela não é assim tão puritana não!
— ! Pelo amor de Deus! — Yoongi abaixou a cabeça levando a mão aos olhos, numa expressão inconfundível de asco.
— Pergunte à Jinah! Elas falam sobre Geumjae o tempo todo!
— Você também conversa com a minha cunhada?!
— Ué, a gente se aproximou e trocou contatos desde Daegu! Eu já saí com Jinah e Geumjae para almoçar, inclusive.
— Como assim, ?! Desde quando você se infiltrou na minha família? — Yoongi perguntou ainda mais alarmado.
— Ah não! Eu não sou obrigada, né? Quem me arrastou para o programa da família foi você, Min Yoongi! — esbravejou, de forma contida para que não os escutassem, com as mãos na cintura e continuou explicando: — E eu não devo o passo a passo da minha vida, com quem saio ou não, a você, mesmo que seja o seu irmão e cunhada!
— Tá, tá! Termina a história da minha mãe! Por que eu devo me preparar?
— Contei que estava namorando. Mas não com você é claro, e não falei que era o Jay Park, porque né... Privacidades e segredos, mas... Agora que você veio me dizer isso... Bom, é bem possível que a sua mãe esteja escrevendo uma fanfic ou um webtoon.
Yoongi piscou pausadamente. Sua mente processava todas aquelas informações e fatos. Estava um tanto quando confuso por vários pontos.
— Espera... Você está namorando o Park?
— Não. Só fodendo.
Yoongi revirou os olhos, enjoado, e com novamente, a expressão de nojo em seu rosto. Responderia uma provocação, mas a porta da sala de se abriu e Chang entrou de repente. Eles não escutaram as batidinhas baixas que ele deu. arregalou os olhos sussurrando para ele entrar logo e fechar a porta, e Yoongi, com o rosto à mostra manteve o susto ao perceber que tinha sido descoberto.
— Ah... Oi Yoongi. — Chang falou rápido, natural por saber que não era surpresa vê-lo ali, e caminhou até com um bloco de papéis na mão: — Desculpe, eu bati, mas você não falou nada. Atrapalho?
— Contou para ele? — Yoongi perguntou antes que a amiga abrisse a boca para responder ao empresário.
— Que Agust é você? Claro! — A expressão de Yoongi foi de confusão a ultraje — Chang é meu melhor amigo, Yoongi. Não há nada sobre mim que ele não saiba.
— Ah é? Ele sabe até com quem você dorme?
Chang sentiu o rosto enrubescer e abriu a boca em choque.
— Yoongi, você ficou doido?
— Ué, não é ele o seu melhor amigo? Então ele deve saber com quem você anda trocando saliva também, não é?
— Ér... — Chany murmurou deixando os papéis na mesa dela e dizendo-a: — Verifique depois... Eu... Vou deixar vocês conversando.
E assim que saiu, Suga ainda o encarava com uma expressão de ultraje. igualmente nervosa saiu da mesa e foi até o sofá. Sentou-se ao lado dele e deu-lhe uma bofetada no braço.
— Você é alucinado, seu garoto esquisitinho?!
— Ele é o seu melhor amigo?
— Yoongi! Eu o conheço muito antes de você, não vem querer sentar na janelinha! Que isso?! Você está com ciúme do Chany?
— Eu não estou com ciúme de ninguém, mas como você pode dizer que ele é seu melhor amigo? Você sabia que eu te considero a minha melhor amiga? Não deveria existir uma reciprocidade?
começou a rir achando fofo que ele tenha confessado o quanto sentia afeto por ela. E melhor ainda: Yoongi deu o rótulo à , antes dela entregar a ele o dele.
— Se você rir mais, eu vou espalhar por aí que está sentando no Jay Park.
— Eu serei aclamada, você sabe... — zombou e o amigo bufou descontente.
— Você não vai parar de sair com esse cara?
— Ah! Está com ciúme do Park também, agora? Você sabe que eu não sou um souvenir que você comprou com o seus milhões de wons não é idol ?
— , você é mulher demais para ele!
Yoongi soltou a verdade que até mesmo sabia, não pelo físico, mas por seus sentimentos. O que Yoongi não sabia é que ela tinha completa noção de que o lance com Park era apenas físico.
— Esse seu grande amigo Chang, sabe disso?
— Sabe! Ele soube desde o começo e assim como você não curte muito a ideia... Mas é por que... — segurou a língua e falou apenas o necessário: — Porque vocês dois não conhecem o Park, só a fama dele.
Suga se levantou se preparando para ir embora.
— Aliás, eu achei que você daria mais trabalho a ele.
— Eu dei. Acha que foi fácil ele chegar até o Namjoon para pedir o meu telefone? O Park teve que investigar a maknae line do Jungkook inteira, até chegar ao Jungkook, e dele no Namjoon.
— Eles não me falaram nada! — revoltou-se.
— Suga você precisa entender que as pessoas não te devem satisfações de nada, tá?
— E você pode parar de me chamar de Suga? Já te falei sobre isso!
revirou os olhos se levantando também. Yoongi dissera-a tempo atrás que não gostava quando as pessoas mais próximas o chamavam de Suga, porque Suga era o alter ego do BTS, e não o Yoongi. E ainda, feliz porque eles tinham seu próprio apelido, sentia-se muito mais confortável quando o chamava de “estranho” ou “Agust”.
— Olha, Yoongi, eu tenho que voltar ao trabalho! Você disse que não poderia demorar, e teve diálogo aqui para eu escrever um capítulo de novela!
— Eu sei, já estou indo mesmo. Ah! Seu acesso na Big Hit... Meio que tem credencial de vistante para você por lá quando quiser ir, mas é preciso que diga com um dia de antecedência. Então, apareça por lá amanhã! Vamos estar te esperando! E isso é uma ordem do Bang, e um pedido meu... Eu quero te mostar um lugar... E também... Conversar sobre uma coisa.
— Uma coisa? — desconfiou ela, sentindo que ele a deixaria na curiosidade até o outro dia: — Tem a ver com aquela calcinha no bolso do seu blazer de outro dia, não é?
— A gente conversa amanhã, sua esquisita! — beijou de novo o rosto dela puxando-o para fazer a amiga parar de falar, e de novo estranhou.
— Esquisito é você! Agora deu pra demonstrar afeto!
— É que diferente de você, eu te dei o título de melhor amiga! — reclamou e deu as costas saindo até a porta, e antes que a abrisse avisou:
— A máscara! — apontou ao rosto dele, e Yoongi se recordou pegando-a no bolso da calça, vestindo-a enquanto ouvia as últimas palavras da amiga: — E dê um jeito na sua mãe! Se ela continuar achando que eu vou te desencalhar eu vou contar a ela que você é gay.
Yoongi gargalhou antes de sair e despediu-se num aceno. sorria abertamente. Suga era sempre motivo para ela sorrir, fosse por irritá-lo ou por achar graça na maneira como ele também estava conquistando o posto de melhor amigo no coração dela. Por mais que ela fosse negar aquilo o quanto desse. Na verdade, ela não queria confessar antes dele, e deveria ter feito uma aposta com alguém sobre aquilo, porque claramente, ela teria ganhado.
Voltando para a van, Yoongi abriu a porta e ouviu o clamor de reclamações dos amigos.
— Até que enfim, hyung! Eu estou faminto! — Jungkook reclamou.
— Eu já estava pensando em ligar para a e mandar ela te deixar em casa, Yoongi! Isso não é demorar para você? — JHope reclamou em nome dos demais.
— Foi mal pessoal, era assunto sério.
— Suga se esquece da vida quando está com ela... — Jimin reclamou — Igual quando começam a conversar na hora do almoço! Atrasa todo mundo...
— A fala demais também! — Namjoon riu e Seokjin constatou:
— A mulher é escritora gente, deem um desconto a ela. Estranho é o Yoongi falar demais quando está com ela.
Taehyung suspirou e afundou-se ainda mais em seu banco na van, escorado à janela da mesma de olhos fechados, tentando concentrar-se em seus fones de ouvido e não na conversa deles. A comichão do ciúme incomodava a ele, cada dia mais, por mais que Yoongi sempre tentasse incluí-lo nos planos com . Pelo menos, desde a última tentativa: a fatídica noite da boate.
— Tá, tá! — reclamou Yoongi e o carro já estava voltando para o dormitório — Amanha vocês reclamem com ela...
— Falou da sua mãe para ela? — Namjoon perguntou curioso.
— A minha mãe vai me enlouquecer, Nam. Ela aprontou bem mais do que eu imaginava, e eu nem notei... A me contou que a ommoni andou insinuando coisas para ela também... Por que a minha mãe é tão controladora?
— Por que vamos ver a amanha? — Hobi indagou de repente, interrompendo o raciocínio de Yoongi.
— Ela vai à BH. Pedido do Bang, concessão da empresa. A gente nunca percebeu que podíamos levar amigos lá, nas áreas comuns...
E então, os meninos comemoraram a novidade, e Jimin cutucou Taehyung o fazendo abrir os olhos e tirar um dos fones do ouvido.
— Ouviu Tae? A vai à BH amanhã.
Jimin apenas soltou a informação e focou em algo que conversava com Kook, Taehyung havia escutado pelo fone, e não deixou de sorrir pequeno. Aquela seria a sua chance de consertar tudo.
entrou na Big Hit com a sua credencial, maravilhada. Às vezes esquecia-se de que era fã daqueles garotos. Sejin a aguardava no primeiro andar, assim que o elevador abriu a porta.
— ?
— Eu mesma. — A mulher abaixou-se fazendo reverência — Annyeongseo, ajhussi.
— Annyeongseo! É um prazer receber a senhorita. Nós nos conhecemos no dia da entrevista, mas foi tudo tão rápido, não é? — Sejin reverenciou de volta e entrou de novo no elevador antes que as portas se fechassem, apenas o seguiu conforme as instruções da recepção lhe disseram para fazer ao encontrar o manager — Meu nome é Sejin. Nós iremos até a presidência.
— Ah... A Presidência da Big Hit? — perguntou confusa.
— Bang quer conhecer você.
— Eu devo me sentir uma pessoa muito importante então, se até o senhor Bang quer me encontrar... — mostrou-se bem humorada apesar de estar nervosa.
— Ah, sim! Pode se sentir importante com certeza, já que a razão para ele querer conhecê-la é por sua esposa ser uma grande fã do seu trabalho!
— Isto é uma feliz surpresa! — afirmou e o elevador se abriu.
e Sejin saíram do elevador caminhando lado a lado, silenciosos, mas com uma aura cortês em torno de si. A secretária da presidência sorriu simpática para os dois e os anunciou, e pouco menos de um minuto após, ela estava abrindo a porta para que eles entrassem. assentiu humildemente e logo que Sejin fez as honras de cavalheiro, ela entrou observando atenciosa à sala da presidência da BH.
Bang já estava de pé os aguardando em frente a um conjunto de poltronas e mesa de centro. Rapidamente ele cumprimentou Sejin dizendo-o para se sentar e a escritora se aproximou sorridente e extrovertida, com toda a sua empolgação brasileira contida numa educação elegante, quase coreana. Bang estendeu a mão para ela, logo depois ela reverenciou-o num cumprimento típico coreano, sem tocá-lo. Queria demonstrar respeito, mas sentiu-se bem recebida e mais confortável quando viu a mão dele ainda estendida compreendendo a gentileza no gesto.
— Seja muito bem vinda à Big Hit, senhorita !
— É um prazer estar aqui e uma honra conhecê-lo, ajhussi! — respondeu tocando de forma firme a mão de Bang.
— Uwa... — Ele murmurou risonho encarando suas mãos unidas e falou ao Sejin: — Um aperto forte!
— Para chegar aonde ela chegou não esperaria menos. Dizem no ocidente, que uma mulher de aperto firme de mãos é poderosa.
Sejin respondeu fazendo referência do adjetivo à , — que já estava se constrangendo sentindo-se tímida pelos aparentes elogios, pois, ela encarou como elogio o espanto dos homens — e indicou para que ela se sentasse ao seu lado. Bang sentou na poltrona da ponta e no sofá lateral a ele, ficaram e Sejin lado a lado.
— Eu gostaria muito de conhecê-la, senhorita ! Minha esposa é fã de seu trabalho, e bem... Confesso que nunca vimos o Yoongi sair tanto como tem feito ultimamente!
Sejin sorriu sugestivo para Bang ao ouvi-lo e, acompanhou aos movimentos dos olhares dos dois.
— Ah... Eu agradeço imensamente o carinho de sua esposa por meu trabalho. Se eu puder fazer algo a retribuir, por favor, me fale. — informou decidida a ignorar o comentário sobre Yoongi.
— Já que a senhorita se dispõe, eu gostaria de convidá-la para jantar na minha casa! Minha Eiri ficará absurdamente feliz comigo por isso! Desde que a senhorita chegou a solo coreano e foi descoberta como autora dos mangás mais vendidos, as minhas sobrinhas leem suas obras. Quando me dei conta, Eiri, minha esposa também estava viciada nos seus mangakás e procurando pela novela tailandesa para assistir! Estrelou recentemente, não é? Ela não perde um capítulo!
— Nossa, mas eu fico radiante e muito surpresa por saber dessas coisas, ajhussi Bang! Por favor, será uma honra conhecê-las. O convite está aceito!
— Ah, isso é muito bom! Eu fico muito feliz também, obrigado! Sejin já mostrou à senhorita a nossa empresa?
— Não senhor Bang, eu a trouxe imediatamente para cá.
— Os meninos não a viram então? — perguntou retoricamente o chefe olhando alternadamente para o manager dos garotos e para . Ambos assentiram negativamente, e Bang continuou: — Então prometo não me prolongar aqui, a senhorita deve ser ocupada e estar ansiosa para vê-los.
— Ah, estou com a manhã livre para a Big Hit. Assim que o Yoongi me informou que eu poderia vir, eu desocupei a agenda no horário da manhã, afinal, não é todo dia que podemos entrar aqui e vê-los trabalhando, não é? Não posso negar também que sou fã do trabalho deles.
Bang sorriu simpático assim como Sejin que apenas observava a dinâmica entre o chefe e a convidada. O gerente de carreira dos garotos percebeu como era polida, e mesmo assim, de presença marcante. Ela tinha trejeitos próprios que a diferenciavam das mulheres sempre contidas de sua cultura, mas não a tornava uma pessoa desrespeitosa com os hábitos de seu país. E Sejin sempre ouvira que os brasileiros eram efusivos demais. Foi uma surpresa notar que não o era, mesmo que ela morasse há cinco anos, ou algo em torno, na Coreia.
— Senhorita, como foi que a sua aproximação aconteceu com os meninos? Fique à vontade para me contar, não é como se fosse um problema. — Bang fez questão de dizer pegando o chá que sua secretária trouxera para eles naquele momento.
Sejin não tivera intenção de responder ao Bang a pergunta destinada à escritora, pois, enquanto seu chefe e conversavam, o manager estava a analisando de cima a baixo. Buscando evidências em suas falas e seus modos, capazes de justificar se Yoongi estaria apaixonado por ela e por quais razões aquilo aconteceu.
— Bem, nos conhecemos no programa de TV, mas não é como se eu não soubesse quem eles eram não é... — Ela riu.
— presenteou os meninos com uma edição deluxe de seu mangaká. Uma edição limitada, não foi? — Sejin interrompeu.
— Não me diga?!
Bang fingiu não saber, e na verdade, apenas soubera por causa de suas sobrinhas que também pediram um box daquele após terem visto a entrevista. E claro, ele comprou para cada uma e para sua esposa.
— Foi, mas na verdade, o Chang, meu agente havia preparado tudo. Eu não sabia que o BTS estaria lá, então o máximo que fiz foi autografar e dá-los com prazer o presente, é claro.
— Hm... Uma versão Golden? — perguntou Bang, assentiu sorrindo — Ah sim! Claro! Eu tive que comprar para minhas sobrinhas e amada Eiri.
— Faço questão de autografar para elas quando for ao jantar.
— Uwa... A senhorita é sagaz! Eu já estava pensando em uma forma menos invasiva e constrangedora de lhe pedir isso! — Eles riram.
— Senhorita ... Mas, eu não me recordo de outros encontros entre os rapazes e a senhorita. — Sejin perguntou.
Não estavam tentando descobrir nada oculto, ou pegar alguma mentira de Yoongi, apenas estavam curiosos para saber como a situação de amizade entre eles surgira.
teve medo de dizer a verdade, poderia ser negativo ao Taehyung contar que ele pediu o número de telefone dela, assim como, com certeza seria negativo dizer que Yoongi a perseguia. Lembrou-se até mesmo de Suga dizer a ela que não poderia ter saído do trabalho naquele dia em que apareceu pela primeira vez diante dela. Então, tentou uma informação um pouco perigosa, mas julgou que seria menos arriscado a eles. Embora, no fim, desse no mesmo.
— Bem, eu sou fã... E... — sorriu sem graça bebendo um pouco do seu chá — Eu conversei com Suga no weverse, e ele me reconheceu. A partir dali, nós começamos a sair juntos.
Bang e Sejin acenaram com a cabeça e se encararam duvidosos, pela versão da história e pelas palavras colocadas por ela ao final:
— Saíram juntos? Então é mesmo um namoro? — Bang perguntou.
— Namoro?! — alarmou-se ela quase se engasgando com o chá — Não! Não foi desse jeito. Foram encontros entre amigos, só!
— A senhora Min nos garantiu que você e Yoongi namoram senhorita. — Sejin falou calmo e sutil.
— Ah, claro... A senhora Min... Bem, foi um mal entendido. Ela não compreendeu o que Suga disse, e por ser uma fã minha, acredito que ela gostou da ideia e a assumiu como verdade. Enfim, eu não namoro o Yoongi, e nenhum dos meninos do seu grupo.
— Claro... Se a senhorita diz e Yoongi também, nós iremos acreditar que foi um equívoco da ajhumma. Mas, , saiba que podem se sentir à vontade para nos contar, não queremos dificultar as coisas para o Yoongi. Apenas, precisamos ter cautela e cuidado com as cláusulas.
— E controlar o fandom. — reiterou Sejin à fala de Bang, e de repente estava muito perdida em, que intenção havia se posto naquele encontro — Porque a senhorita sabe... Tumultos se criam fácil, mas custam a ser desfeitos.
— Claro sunbae Sejin. Não se preocupem! Têm a minha palavra que não esconderei se acaso eu vier a me envolver com um deles.
— Obrigado. Agradecemos a franqueza. Confiar em você é tanto um desejo nosso quanto o seu de confiar em nós. Posso considerar isso? — Sejin perguntou.
— Com certeza. Confiança é uma via dupla... — assentiu baixinho, risonha e agora mais sem graça para Sejin.
— Sabe, até faço gosto que a senhorita e o Yoongi deem certo! Uma namorada que é mais interna... Digo, apesar da sua fama, são nichos diferentes e a senhorita quase não aparece em mídia... Além disso, — estava atônita com o que ouvia; aquilo tudo era tão improvável! — uma namorada em que nós podemos confiar e saber que tem o mesmo interesse em ser discreta como nossos assuntos pedem, é um presente! O fato de eles não namorarem, tem a ver com a dificuldade que esse tipo de coisa gera para nós em termos de fandom, mas também de responsabilidade com os afazeres e agendas dos meninos, fora a maturidade necessária por parte deles.
— E não é como se fosse simples que eles namorem garotas comuns ou garotas famosas... A maturidade também é necessária por parte de quem entrar numa relação com eles. Realmente, a senhorita tem uma medida equilibrada entre essas coisas. — Sejin comentou em tom de análise e concordância às exposições postas por Bang.
ainda não sabia o que dizer ou pensar. O último comentário dos homens tornou a coisa toda mais assustadora. Por que estava na sala da diretoria discutindo a vida íntima do grupo? Aliás, a sua vida íntima também, uma vez que ela estava sendo apontada como candidata àquilo! Lembrou-se de Yoongi na sua sala na tarde anterior a indagando se mais alguém ficava anunciando um flerte entre eles no trabalho, e pôde sentir o que ele estava sentindo: era horrível que as pessoas superiores em sua empresa lhe controlasse a vida daquela forma! Fora que, ela se pegou buscando entender em que ponto ela e Yoongi agiam como um casal para todos pensarem aquilo! Embora Chang tivesse comentado que Yoongi poderia ter interesse, quando ela contou-o bem no comecinho da amizade sobre a aproximação dele, aquilo foi algo que naturalmente ela também pensara na ocasião. Depois disso, Chang não ficava apontando nada do tipo! E olha que além de melhor amigo e agente dela, ele era um ex-ficante; quase ex-namorado, que já foi por ela, apaixonado.
As vozes dos dois sunbaenins dialogando ecoavam em sua mente tanto quanto suas dúvidas e pensamentos.
— Maturidade essa que à hyung line do grupo logo deverá nos sobrepor, pois não poderemos impedir o namoro por muito mais tempo. Até porque, eles já estão bastante adultos. — Sejin continuava explanando sem notar, tal como Bang, a expressão confusa e suspeitada da escritora.
— Por isso, estamos tranquilos caso você e Yoongi venham a se envolver! Ele já tem idade o suficiente e é responsável, e a senhorita também! Por favor, não tenham medo de confiar em nós, sim? — Bang reafirmou ao que Sejin havia dito.
Por Deus! sabia que alguma coisa estava lhe escapando do controle, e ao ouvir Bang, ela bebia seu chá e precisou respondê-lo de vez:
— Não acho que... — bebeu mais um gole, como se aquilo fosse lhe dar calma e sabedoria para contornar a situação e, engasgou ela com o líquido evitando tossir na frente deles, mas finalizou certeira: — Nós não somos mesmo um casal, senhores.
Assentiram novamente com a cabeça, continuaram a conversar sobre várias coisas, todas em torno do BTS ou de sua carreira e então, Bang agradeceu a visita a ela um pouco depois. Cerca de quinze minutos depois, estava sendo direcionada por Sejin a conhecer o restante da BH.
Ele pediu que anunciassem no alto-falante da sala de treino, aos rapazes, que a visita havia chegado. Em seguida, Sejin precisou se distanciar para a sua sala e levou a moça consigo, ainda conversando coisas pequenas e triviais sobre o ambiente da empresa. Em seguida, ele pôde deixá-la nos cuidados de Jin que chegou à sala do manager para receber a amiga. Seokjin fechou a porta do manager, e encarou a palidez de , preocupado:
— Aconteceu alguma coisa? Não me lembro de seu rosto ser assim tão branco... Errou a mão na maquiagem hoje? — brincou, disfarçando o tom de preocupação.
— Você pode, por Deus, me dizer quando foi que eu e Yoongi deixamos claro para o mundo que somos um casal? Eu nunca me preocupei tanto com isso, mas... Ele tem razão em ficar surtado!
— Vo-vocês são um casal? — Jin perguntou confuso com a fala dela, enquanto eles caminhavam pelo corredor rumo ao elevador.
— Claro que não Seokjin! Por que é tão difícil para as pessoas entenderem uma amizade entre um homem e uma mulher?
— O que houve na sala do sunbae?
— Eu conheci o Bang! — Ela falou e Jin arqueou as sobrancelhas. — Fui levada a diretoria logo que cheguei, pelo Sejin. Eles me fizeram a mesma pergunta umas trezentas vezes e disseram que estavam muito satisfeitos se o Yoongi e eu nos assumíssemos para eles e blábláblá... A senhora Min também está sendo uma maluca!
Jin começou a rir contido, do modo desesperado de uma falante.
— Não conte ao Yoongi que eu disse isso, mas a mãe dele tem algum problema! Por que ela está empurrando o filho pra mim? Eu sei que eu sou maravilhosa e coisa e tal, mas... Que desespero é esse de casar o Yoongi? Eu sei que ele é estranho, caladão, um pouco rabugento, dorminhoco e tem uma aura de velho, mas... Ele é bonito! É inteligente, divertido, bonito, talentoso, tem lá o seu charme, às vezes é até sexy! Não há razão para ela achar que ele não vai conseguir uma mulher! Com certeza tem fila atrás dele! Afinal, o que são aqueles “Yoongi Marry Me” infinitos das suas fãs?
parecia uma metralhadora ambulante que falava sem respirar. Jin achou que em certo momento ela até começaria a falar em português, mas ela não falou. Ele estava rindo das reações da escritora, escorado na parede do elevador em que os dois mantinham o diálogo a sós.
— Você disse que ele é bonito. Duas vezes. E sexy. Quanto vale essa informação?
— Eu vou negar isso até a minha morte, será a minha palavra contra a sua, e o Yoongi não merece meus elogios! Foi ele que me colocou nessa confusão!
— É... — Jin parou de rir e se manteve sério sobre aquilo, dando sua opinião: — Se ele não tivesse ido atrás de você como foi, talvez nada disso tivesse acontecido. E talvez nós não fôssemos amigos seus, já que o Tae não se moveu muito, não é?
— Argh! — resmungou ela — Nem me fale em Taehyung! Eu não sou de ficar dando condição para homem novo, mas o Taehyung... Eu queria tanto ele!
A confissão de saiu sem o menor problema, sem o menor constrangimento e Jin achou aquilo foda. Foda porque ela não tinha medo de encarar o que sentia e verbalizar aquilo, e fofo. Achou fofo o fato de que ela era verdadeira sobre o que sentia.
— Eu nunca entendi porque ele fugiu de mim... Não é só pela confusão com o Yoongi! Nós dois esclarecemos as coisas! Se o Taehyung achou melhor acreditar no que os outros dizem ao invés de crer no amigo, e no que eu; a pessoa mais interessada, dizíamos, então... Talvez o Taehyung não seja mesmo alguém que valesse a pena eu compartilhar toda a minha experiência.
— Tsc... Não fale assim... — Jin murmurou após estalar a língua e pôs-se a defender o mais novo: — O Tae é sentimental. Meio temperamental também... Ele chora com facilidade, sente com intensidade, mas acima de tudo, guarda com frequência as coisas. Ele viu algo que o impedia de ir até você, mas eu não acredito que o problema seja você, nem que esteja na história confusa dessa amizade entre você e o Yoongi. O que o Taehyung enxergou pode tanto ser algo dentro dele como fora, mas só ele poderia dizer.
— Agora eu não quero saber. Tô bem! E não me envolvo mesmo com garotos novos. — fez um bico e cruzou os braços quando a porta do elevador abriu e Jin indicou que saíssem, dando passagem primeiramente para ela.
Ele ria da expressão emburrada de , dos braços ainda cruzados demonstrando que aquele assunto a deixava contrariada, e zombou-a com uma verdade que não era segredo para ninguém entre os sete amigos:
— Que pena, por culpa do Taehyung, o Jungkook vai quebrar a cara.
— Jungkook? — Ela perguntou surpresa com uma expressão mais leve.
— Na-na-ni-na! A senhorita acabou de dizer que não se envolve mais com garotos novos, então, pode esquecer. Eu já vou avisar ao Jungkook para ele não sofrer também! — E entrando na sala de treino, Jin puxava para dentro já gritando: — Hey, Kook! Eu preciso te contar uma coisa!
deu um puxão no braço de Jin que sorriu travesso para ela, sussurrando: “O que?”.
— Cale a boca Seokjin, o Jungkook é gostoso! Não me atrapalha se eu estou ganhando essa! — Ela sussurrou de volta fazendo-o gargalhar.
Os meninos todos se aproximaram do centro da sala, indo de encontro à para abraçá-la, felizes por que a amiga estava ali. Taehyung, no entanto, estava estirado no chão descansando ofegante, quando ouviu a voz de Jin e girou a cabeça para a porta. A visão em 180º da mulher que entrava ao lado de Jin fizera seu coração dar um salto. Ela estava tão linda! Vestia-se casualmente, com um vestido de tecido solto e estampado em micro flores, contrastando com a meia-calça preta e a botinha também preta. O casaco, um sobretudo bege, dava ao look a visão de que, enfim, estava chegando o final do ano e as temperaturas começavam a cair. E ela sorria largamente para todos, que animados se aproximavam. Tae ergueu o corpo numa rapidez que os outros não notaram, exceto Yoongi que estava logo atrás dele e se aproximava já com a mochila nas costas.
— Não vai cumprimentar ela? — Ele perguntou parado ao lado de Taehyung que apenas engolia sua saliva com dificuldade, pela boca seca de nervosismo.
Não a via e nem falava com ela desde aquela noite na boate, e nem sabia se ela ainda estava livre ou se já havia encontrado algum cara para ser o seu fim de noite, toda noite. Assim como também sentia as mãos tremendo, por que... “E se ela não quisesse mais saber dele?”. Era o que assombrava seu pensamento, quando sentiu a garrafa de água bater na sua cabeça.
— Ai! — levou a mão até lá e viu Yoongi com a expressão habitual de tédio, segurando o objeto, no qual, o mesmo acabava de tê-lo agredido. — Me bateu com a garrafa?
— Quem sabe chacoalhando, o seu cérebro volte a funcionar? Vai falar com ela!
Tae continuou encarando Yoongi com insatisfação, mas respirou fundo e foi. Os meninos estavam a mostrando algo da coreografia e ela ainda em pé sorria largamente ao lado de Jin, zombando os amigos por qualquer coisa.
— . — A voz de Tae ao seu lado saiu baixa e rouca, e ela imediatamente o encarou.
Viu urgência em seu olhar, e certo... Medo? Arrependimento? O que seria aquilo? A escritora sorriu virando-se para ele de frente, e o encarando de cima a baixo naquela roupa folgada de treino, com os cabelos desgrenhados, descalço, e sentiu uma vontade absurda de levar aquele moleque medroso para casa.
— Oi Tae. — respondeu sorrindo, e ele sorriu de volta.
— Posso te abraçar?
Ela entendia que, desde a noite da boate ele não mais falou com ela e naquele momento, Taehyung temia que não estivesse mais no mesmo nível de intimidade que antes; ou até mesmo que os seus demais amigos. Então risonha, fazendo uma expressão de “é óbvio que você pode me abraçar”, ela se aproximou sendo a pessoa a ter atitude, primeiro.
Taehyung não segurou a cintura dela de forma discreta como geralmente fazia. Ela enlaçou-a com os dois braços num gesto urgente de quem queria estar perto e apoiou o queixo no ombro dela fechando os olhos. Ninguém percebeu que se instaurou o silêncio e estavam todos encarando a cena. Yoongi tinha um sorriso de canto, discreto, e já preparava as piadas para zombar a amiga em seguida. Jin também sorria satisfeito: finalmente Taehyung demonstrou algum sentimento por ela, mesmo que fosse o desespero! não esperava aquele abraço forte de quem não vê alguém querido há anos, e começou a ruborizar porque Tae não a soltava, pelo contrário, afundava ainda mais o rosto no pescoço dela como se quisesse se esconder ali.
— Aigo... — Jungkook murmurou risonho cortando o silêncio: — Agora ele deu um passo e travou, é isso? Taehyung, você precisa de ajuda para soltá-la?
Os demais começaram a rir e Jimin comentou também:
— Parece uma criança medrosa no colo da mãe. Tetê, você precisa tanto assim de um abraço?
— Ele está chorando? Alguém pode conferir? — Yoongi falou zombando também: — Se estiver vamos tirar uma foto.
começou a rir e Taehyung bufou ainda colado ao pescoço dela, o que a fez arrepiar-se. Então, ele soltou-se da escritora e sorrindo tocou a ponta do nariz dela, dizendo:
— Por todos os abraços que eu ainda não dei.
sorriu largo e sentiu-se ruborizada encarando o chão. Como ele foi de “garoto desgrenhadamente inseguro” a “material boyfriend sexy” em poucos segundos?
— Parece que os garotos novos também têm boas táticas. — Jin murmurou como um sábio chinês e a , o encarou sorrindo ladina entendendo a mensagem.
— Vocês todos são muito desagradáveis. — Tae respondeu apontando aos colegas.
— E então, vocês já acabaram por aqui? — perguntou.
— Só às três! Mas podíamos almoçar agora, que tal? — Namjoon falou com todo mundo.
A concordância foi geral, e Yoongi sendo o último a se aproximar, apareceu do lado dela passando o braço pelo ombro da amiga e beijando seu rosto. O que novamente a pegou de surpresa e ela o encarou como se ele a tivesse ofendido.
— O que foi?
— Você está apaixonado. — constatou sem nem mesmo perguntar.
— Uma hora dessas e você já bebeu, ? — Ele perguntou a encarando ainda abaixo de seu braço.
— Por que está me beijando tanto desde ontem? Você está apaixonado! Por Deus, que não seja por mim!
— Aish! Você é tão irritante! Eu desarmo minhas defesas e demonstro afeto para você e olha como você age! Tirando o Hobi, eu não faço isso com mais ninguém!
— Não pode me culpar por estranhar isso. Você sempre deixou muito claro que não era fã de toques!
— Tudo bem, eu não te abraço mais.
— Não falei que era para parar! — ela sorriu implicante, impedindo que ele retirasse o braço ao segurar a mão dele: — Eu gosto! É como se eu estivesse em casa, com um amigo, digo... No Brasil. Mas a gente pode fazer isso longe dos olhares das pessoas?
Yoongi e estavam esperando os meninos reunirem suas coisas, ele já estava com sua mochila nas costas, e conversavam num canto do salão perto da porta. Quando ouviu o que ela disse, Yoongi não entendeu.
— O que você quer dizer com isso?
— A gente precisa conversar sobre essa coisa de todo mundo achando que somos um casal. Eu passei por uma nesta manhã que me deixou paranoica. E se as pessoas começarem a ver o seu lado realmente afetivo comigo, eu não sei não...
Yoongi franziu o cenho sem entender direito, mas confirmou que eles conversariam logo após o almoço, em seu Genius Lab.
O grupo de amigos decidiu almoçar no restaurante da própria empresa, e não só sentiu-se feliz por estar almoçando com seus amigos e ídolos no ambiente de trabalho deles, sem precisar esconder-se, quanto ficou feliz por conhecer outros idols da empresa ali presentes. Yoongi causou uma bagunça na vida dela quando chegou, mas era inegável: ele trouxera muitas coisas boas também! E ela jamais admitiria aquilo diante dele, a menos que estivesse muito bêbada!
Enquanto estavam sentados à mesa aguardando um tempo de digestão, o grupo conversava animadamente, e o mais feliz de todos sem dúvidas, era Taehyung que durante todo o almoço conseguiu conversar com ela. Estava sentado ao lado da escritora e quase suspirou diversas vezes, quando a comida chegava e ela notava a expressão de criança ansiosa para comer que Tae fazia. Taehyung era a perfeita bipolaridade entre o mistério e a inocência, aliás, todos ali manipulavam personalidades contrárias quando queriam capazes de tornar qualquer um, marionetes de seus próprios desejos.
— Aish... ! Você nem comeu direito! — Hobi falou preocupado ao notar que ela havia pegado o menor pote de comida. E ainda havia arroz em sua tigela.
— Ela é péssima para comer, mas para beber... — Yoongi resmungou e com seus cheot-garak* pegou seu último pedaço de carne e colocou sobre a tigela de arroz dela ordenando: — Come.
Iria negar e reclamar que ele não mandava nela, até porque ambos tinham a mesma idade, mas o olhar de Yoongi não estava disponível a implicâncias e também, todos insistiam para que ela comesse mais um pouco, então obedeceu:
— Aigo, vocês comem muito! — Ela pegou o pedaço de carne ainda quente em sua tigela e enfiou na boca soprando para não queimar a língua e murmurando em explicação a eles: — As porções de comida na Coreia são muito maiores do que eu estou acostumada! Não é que eu coma pouco, eu como o suficiente.
Taehyung serviu um copinho de chá para ela, e colocou à sua frente dizendo com cuidado:
— Sendo assim, beba. Vai te ajudar na digestão.
Sorrindo, agradeceu e bebeu enquanto os amigos observavam a cara de bobo com um sorriso singelo em Taehyung. Como ele ficou tanto tempo sem se aproximar se estava de quatro por ela daquele jeito?
— Você gosta de cozinhar? — Tae a perguntou.
— Gosto! Modéstia à parte, eu cozinho bem.
— Só posso afirmar depois que você preparar algo para nós, noona! — Jungkook sorria ao dizer com a indireta.
— Claro! Qualquer dia!
— Ela gosta de cozinhar, mas faz isso muito pouco. — observou Yoongi a encarando com implicância: — Toda vez que eu estou na sua casa, você diz que não vai cozinhar!
— É porque eu não sou a sua empregada, estranho! E eu gosto de cozinhar sim, mas gosto mais quando fazem para mim. A menos que tenha um motivo especial, ou alguém especial para quem eu vá preparar algo... Então eu faço com muita dedicação!
Os amigos assentiram concordando, e Hobi compartilhou que sabia exatamente como era aquele sentimento de que ela falava.
— Cozinhar também é um ato de amor e cuidado. — Hobi respondeu e juntou as mãos em sinal de quem faria um pedido ou uma benção, para , esfregando-as: — Por favor, , nós adoraríamos que um dia você pudesse cuidar do nosso alimento.
Ela riu e todos outros também pelo modo dramático e divertido como Hobi implorava, quando o Tae, sorrindo e contemplativo em seus próprios pensamentos, quase como se não estivesse ali, virou-se para ela de repente dizendo:
— Eu vou cozinhar para você.
ouviu aquilo e as bochechas ruborizaram. O que ele quis dizer? Hobi havia acabado de dizer que a culinária dedicada a alguém era um ato de amor e cuidado e Taehyung falava aquilo logo em seguida... Jin riu escandaloso, levando a mão à boca, surpreso, e abanou o rosto como se estivesse quente:
— Aigoo... Taehyung! Até eu fiquei nervoso agora!
— Taehyung cozinhando para ... Coitada. — murmurou Jungkook rindo e fazendo Jimin rir também.
— Ei! Minha comida não é ruim!
— Só não é muito um ato de cuidado. — Yoongi zombou também apenas para provocar o amigo: — Acho na verdade, que ele está te ameaçando .
Todos caíram na gargalhada e Taehyung não só, não entendia as referências, pois não prestava atenção ao assunto anterior — perdido nos seus pensamentos que tentavam processar um plano de perdão diante à informação da mulher de que gostava que cozinhassem para ela —; quanto ficou emburrado. O bico que ele fez e a expressão de quem reclamava contrariado, olhando o próprio copo eram genuinamente fofos. sorriu mordendo os lábios e aliviou aquela zombaria dos amigos, respondendo ao garoto:
— Pois independente de como for, eu vou adorar provar o que você sabe fazer Taehyung.
O cantor sorriu de volta, e o clima fofo não se sustentou, porque Jimin e Jungkook caíram na gargalhada com o duplo sentido daquela resposta. E só então os demais perceberam e Jin mais uma vez se abanava, escandaloso e fingindo rubor:
— Aigoo! Você dois! Nós acabamos de almoçar! Como é possível ficar na mesa diante de todo esse flerte?!
— Vai com calma , você vai assustar de novo o pequeno Kim. Sua pervertida! — Yoongi zombou.
— Vocês não tem nada de inocente! Tae e eu não dissemos nada demais, e eu não sou uma pervertida Yoongi! Eu tenho como provar que o pervertido é você!
— Qrrr... — raspou a garganta reclamando: — Tem certeza? O passarinho entrou no ninho!
começou a rir não conseguindo sustentar a pose séria, e Namjoon, num lapso de memória turva e borrada por álcool ouviu aquilo e perguntou confuso:
— Ya! Que história é essa? Aquele dia o Yoongi ficava repetindo alguma coisa sobre piranhas que entram nos ninhos e pássaros afogados!
— É verdade! Eu estava acordado quando vocês dois hyungs chegaram com esse tipo de assunto... — Jungkook afirmou.
— É um código que a senhorita puritana criou para dizer que...
— Para dizer que cheguei bem em casa! — cortou Yoongi que escondeu um sorriso sacana.
— Ah... Faz sentido, o passarinho entrar no ninho... — constatou Jungkook.
— E porque você falava em piranhas? — Namjoon apontou para Yoongi e completou:
— É o código do Yoongi. Quando diz que a piranha entrou no aquário, significa que ele pegou alguém.
Yoongi a encarou aborrecido. Aquilo era totalmente comprometedor e Jin o observou atento, afinal, Yoongi estava saindo com sua melhor amiga.
— Tem pescado muita piranha, Yoongi? — Jin perguntou.
— Pela quantidade de saídas que ele nos esconde, e tendo a , dito que eles não se viram desde aquela noite, podemos dizer que Yoongi virou marinheiro... — JHope entregou o amigo, e todos na mesa riram.
Ele fez sinal negativo com a cabeça para Jin, mantendo uma expressão de “não é nada disso, relaxa”, e Jin ainda o encarava desconfiado. Sabia que ele e Maya não tinham nada fixo ou rotulado, mas não queria ver nenhum dos dois amigos magoados. notou que houve uma prestação de contas entre Yoongi e Jin, e tentou amenizar seja lá o que fosse:
— Não se preocupem! Yoongi não tem todo esse manejo para lançar redes! Não esqueçam que ele é quase um idoso! Ele está pescando um peixe só.
Os amigos sorriram assentindo e logo se iniciou uma discussão de quão injusto era que e Hobi soubessem da vida dele e os demais não. Mas antes que pudessem estender tudo aquilo, Yoongi se levantou da mesa pegando a mochila na cadeira e pegou a mão de a levantando.
— Bem, eu tenho trabalho no laboratório agora! Diga tchau para os meninos, estranha.
— Por que ela tem que ir com você, hyung? — Jungkook perguntou contrariado.
— Porque eu a chamei aqui e eu preciso dela para uma coisa.
— Ah lá! Mais segredinhos! Hey , eu estou ficando com ciúme de você! — Hobi reclamou.
— Você é o último que pode reclamar aqui, Hobi. Eu, como líder sou sempre o último, a saber, e isso é inadmissível.
Taehyung ficou observando os dois de pé, e pensando como poderia fazer ficar ali, no entanto, Yoongi já a puxava para fora da cadeira e Tae apenas suspirou.
— Eu passo onde vocês estiverem antes de ir embora! — Ela sorriu avisando.
— Jungkook não se atrase também! — Yoongi pediu mencionando o fato de que faria uma gravação do maknae ainda naquela tarde, e olhou para Tae dizendo para ele checar o celular.
Tae pegou o celular e viu a mensagem de Yoongi:
“Ela ainda está chateada com o que aconteceu na boate, mas ela não te ignoraria diante de ninguém, então se tiver alguma coisa a dizer para ela a sós que não tenha conseguido dizer até agora, apareça no GL...”.
Taehyung assentiu agradecido pelo toque que seu hyung havia lhe dado, e Yoongi saiu puxando pela empresa, enquanto as pessoas os olhavam e ela reclamou ao notar:
— Me solta estranho, eu não vou fugir!
Ele soltou-a mal se dando conta de que ainda puxava a manga do casaco dela. Apesar dos momentos descontraídos, estava de novo, um pouco sério. Entrou no elevador e ela veio em seguida.
— O que houve? Que cara é essa de quem lembrou que vai pagar a fatura do cartão de crédito?
— Isso não é nenhum problema para mim, você sabe né? Fatura o que é isso? — Ele descontraiu arrancando um revirar de olhos e um sorriso contrariado da amiga. — Aliás, eu devo tecer comentários sobre aquele abraço?
— Não vamos falar sobre ele. A mudança repentina de humor não exclui o fato de que eu fui ignorada antes. Além disso, eu sei que ele sabe do Park. — olhou séria para Yoongi, manifestando uma desconfiança: — Agora é fácil reagir quando tem outra pessoa na jogada? Quando eu estava com o Maurer, ele não reagiu. Isso não me soa muito positivo, na verdade.
Yoongi suspirou e ia falar algo em defesa do Taehyung, mas virou-se de supetão em sua direção, de braços cruzados mudando o foco do assunto:
— Você está pegando alguém que é envolvida com o Jin, não é? É por ela que está apaixonado? É sobre essa “coisa” que queria falar comigo?
disparou a falar e Yoongi ficou observando de cenho franzido a carreata de palavras rápidas dela, olhou para os botões do painel do elevador demonstrando que alguém entraria, e desfez os braços cruzados da amiga ao pegar em sua mão para dizer que no GL eles conversariam sobre tudo aquilo, mas, aquela atitude foi a pior coisa que ele poderia ter feito.
Segurando a mão dela, com a atmosfera de um casal que discutia, lançou a próxima pergunta sem atentar-se que a porta do elevador abria e alguém muito importante entrava.
— E você já conversou com a sua mãe sobre nós dois?
Bang escutou aquilo e observou aos dois presentes no elevador. Yoongi só não ficou transparente, porque era impossível. E , observando a presença de uma terceira pessoa recém-chegada, olhou para trás dando um passo para o lado de Yoongi e arregalou os olhos ao ver quem era.
— Ajhussi Bang!
A escritora deu um solavanco na mão de Yoongi, mas devido ao nervoso pela situação, os dedos dele pareciam garras petrificadas em um galho que lhe salvaria de cair de um penhasco.
— Olá de novo, ! Estão indo ou voltando?
— Ah... Acabamos de almoçar com os meninos... — Ela tentava se desvencilhar de Yoongi, àquela altura, suas mãos dadas já haviam sido alvo dos olhos de Bang, e o rapaz tentava pensar numa desculpa, mas ficou mudo. continuou percebendo a inércia do amigo: — Eles têm atividades separadas agora.
— Claro... — Bang sorriu e franziu o cenho ao ver Yoongi tão calado, direcionando o olhar a ele: — Yoongi... Não se sente bem?
sorria amena e os dois viram Suga abrir a boca e fechar, então Bang preocupado com a reação dele perguntou novamente:
— Comeu algo que lhe fez mal? — reparando nos dois, Bang julgou pensar que a mão dada poderia ser um amparo da escritora para um mal súbito do rapaz que obviamente estava passando mal. — Para onde vocês vão?
— Ele comeu muito rápido e...
— Ela vai para o Genius Lab comigo! — disse Yoongi de uma só vez, em tom de quem confessava um crime.
— O Genius Lab? — Bang perguntou retoricamente e olhou a mão dos dois de novo e assentiu sorrindo.
— Foi o único lugar que eu ainda não conheci. Tem algum problema ajhussi? — perguntou de forma calma.
Bang sorriu ladino e respondeu gentil para ela, antes da porta abrir no andar em que ele sairia.
— De forma alguma. O GL é o reduto pessoal do Yoongi, não é como se qualquer pessoa pudesse entrar lá sem ele. — falou e encarou novamente a mão dos dois, dessa vez notou ansiosa para soltar-se do aperto de Yoongi.
Bang direcionou um olhar suspeito e direto para Suga e sorriu como um pai flagrando um filho adolescente com a namoradinha.
— Eu vou almoçar agora, foi um prazer te reencontrar ! Mandarei o convite do jantar pelo Yoongi, tudo bem?
— Ah, cla-claro ajhussi...
— Acho mais fácil do que por seu agente, vocês dois são realmente bem próximos. — comentou Bang apontando as mãos dos amigos e acenou saindo do elevador, mas do lado de fora segurou um pouco a porta e disse para Yoongi de modo imperativo: — Só não distraia-se demais, você tem muitas produções para terminar esta semana, não é Suga?
Yoongi assentiu e logo os dois viram a porta se fechar.
A partir deste capítulo, entra a participação de uma personagem chamada Maya Lee-Cafrey. Essa é uma personagem criada pela M-Hobi. Como muitas das inspirações para essa fanfic surgiram de ideias que a M-Hobi me ajudou a construir, a presença da personagem dela é também uma forma de carinho. E como não é uma criação minha, deixo os créditos de criação da personagem à autora correspondente, como também, agradeço a ela, por tudo. May, muitas vezes a sua companhia e ideias, me ajudaram a me sentir leve. Espero que sinta meu carinho, através desse crossover. Obrigada amiga.
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suspirou soltando o ar que nem sabia segurar e com uma expressão de raiva murmurou:
— Aish! Arrrrgh! Você... Você... — Não conseguia formular acusações ao amigo atônico, até que sentiu a mão dele soltando a sua e aquilo a deixou mais irritada.
O aperto dele havia marcado sua pele e suas articulações doíam, encarou a própria mão massageando-a, e em seguida começou a bater nos braços de Yoongi brigando:
— Você tem que tipo de problema garoto?! Não sabe raciocinar direito? Por que se agarrou a mim como se eu fosse água no deserto? Não me ouviu dizendo para não demonstrar afeto assim e... Aish! O Bang... Você entendeu o tom irônico dele, não é?
— Eu estou ferrado. — Yoongi finalmente soltou e reagiu aos tapas da amiga segurando o punho dela. Encarou-a nervoso reclamando em voz alta: — Você tem que tomar cuidado também no que diz por aí! Não é a toa que eu quero te levar no GL para conversar! Sua doida!
Os dois discutiam de certo modo, expansivos, e reparou a câmera do elevador se lamentando ainda mais:
— Aish... Que droga! Me esqueci da câmera e eu estava espancando ninguém menos do que um BTS!
— Eu não vou abrir um processo por isso... — Yoongi respondeu a encarando também frustrado e disse: — Eu vou resolver esse mal entendido... Relaxe.
— Ah vai?! — ironizou irritada ainda: — Vai sim! Do mesmo jeito como logo, logo, nós estaremos ouvindo falarem do nosso casamento!
O botão do elevador brilhou indicando que mais alguém entraria.
Yoongi e se calaram, e quando uma executiva da empresa entrou e sorriu os cumprimentando, eles responderam e seguiram calados até o andar em que Yoongi precisava estar.
Saíram silenciosos, discretos, e apesar de sentir os olhares da executiva sobre si, ela seguiu Yoongi sem estar cabisbaixa como ele, mas sim, segura o suficiente para não parecer que estivesse fora de seu lugar. Os dois passaram por uma porta que mostrava uma placa de “somente pessoal autorizado” e deram com um corredor longo cheio de salas, entre elas, duas de práticas. Em uma daquelas salas, os garotos estavam treinando quando chegou.
Foram caminhando mais até o final do corredor, onde Yoongi abriu uma porta pesada de proteção acústica revelando uma antessala de espera. Outra porta escrita: “Genius Lab”, abaixo, também descrito seu nome: “Produtor Suga”. O sorriso do rosto dela surgiu orgulhoso e iminente, bem no instante em que Yoongi virou-se para falar algo. Ele notou o brilho nos olhos dela encarando a placa de sua sala, e o sorriso largo igualmente afetivo e, ambos pareciam ter se dissipado de toda a pequena irritação de minutos antes.
— Às vezes esqueço que você é fã. — Ele disse soando baixo enquanto avaliava o rosto ainda maravilhado dela: — Este é um olhar que eu gostaria de ver mais vezes.
— Eu sinto muito orgulho de vocês todos, ok? — Ela respondeu, suspirou ajeitando a bolsa em seu ombro e sorrindo mais travessa, lhe perguntou como a melhor amiga zombeteira que era: — Então eu vou conhecer a Bat Caverna?
— Sinta-se especial. Eu nunca trago ninguém aqui.
— Ah para!
— É sério. Eu nunca trouxe ninguém que não fosse por motivos de trabalho, e os garotos não contam...
— Nem seu irmão...? Sua família?
— Ninguém. Você é a primeira pessoa aleatória a vir. E é a primeira a ter a senha também, fora o Hobi. Ele é o único no grupo que sabe a senha.
— Por quê? — perguntou com o cenho franzido em confusão.
— Não gosto que me interrompam, ou que fiquem entrando aqui toda hora... Os meninos quando querem vir, me mandam mensagem ou pedem ao Hobi para liberar o acesso...
— Entendi! São questões de favoritismo ou manias estranhas do psicopata do grupo. — zombou cruzando os braços.
Yoongi olhou para os próprios pés rindo e com as mãos na cintura jogou o cabelo para trás dizendo em tom habitual:
— Não me faça me arrepender de te trazer aqui!
— Por que me trouxe aqui? A gente se conhece há poucos meses e você já quer me dar a senha?!
— É bom ter outra pessoa sabendo, já que se acontecer alguma coisa comigo e o JHope estiver ocupado será preciso mais alguém de confiança para recorrer. Repreendo se o Hobi espalhar minha senha pra salvar minha vida!
— Isso não faz sentido, é uma balela que você quer enfiar em minha goela abaixo. Mas, se não quer contar a razão de verdade, tudo bem... Porém, já vou avisando que se você estiver em risco eu vou passar esta senha adiante! Não acha mesmo que eu vou me responsabilizar pela sua vida, né?
— Bom ter gente de confiança ao redor... — ironizou revirando os olhos — Enfim, vem cá. — Yoongi puxou a manga do sobretudo de de novo, a fazendo parar diante do visor da porta e digitou a senha; a porta se abriu e ele a perguntou: — Decorou?
— O quê? É isso? Eu tenho que anotar! — Ela pegou o celular para anotar a senha no bloco de notas, mas Yoongi tirou o aparelho de suas mãos.
— ‘Tá maluca? É confidencial! É por isso que eu não passo a senha, as pessoas anotam senhas! É para você decorar os números, Estranha!
Yoongi fechou a porta de novo, enquanto encarava-o, boquiaberta. Ele disse a ela de modo mais incisivo para que a amiga prestasse atenção. se concentrou nos dedos dele, e quando a porta abriu novamente, o encarou como se ele fosse estúpido:
— Esta senha é ridícula!
— Gravou ou não?
— Gravei! Agora devolve o meu celular.
Assim que o fez, eles entraram e ela rapidamente digitou no bloco de notas a senha. Em seguida ocultou o arquivo no celular.
Yoongi esperou que ela guardasse o aparelho para ver a reação dela com o ambiente. sorriu ao entrar e checar o estúdio. Avistou primeiro a uma mesa muito grande com inúmeros aparatos de som tecnológicos, uma cadeira giratória de última geração que lhe parecia bem confortável. Atrás da cadeira, recostada a uma parede, com uma enorme paisagem de algum lugar em preto e branco, um sofá largo o suficiente para servir de cama e aparentemente confortável. Um frigobar ali ao lado, lixeira, outra mesa pequena. E uma portinha que provavelmente levaria até a cabine de gravação, possível de vê-la pelo vidro à frente daqueles aparatos tecnológicos.
— É... Bem a sua cara... Minimalista até demais, também. Não acha que precisa de uma cor?
— Não. Está ótimo! Guarde as cores para aquele seu escritório colorido.
— Você adora a vibe dele que eu sei.
— É, não é ruim. — Yoongi caminhou até o sofá atrás de se sentando — Mas o meu é melhor.
A escritora foi até a mesa de som observando tudo aquilo e pensando o quanto deveria ser difícil mexer naquelas coisas. Puxou a cadeira dele, perguntando:
— Eu posso me sentar?
— Pode. — Ele riu achando engraçado ela querer se sentar ali.
sentiu-se uma personagem hi-tech de uma história e não tocou em nada, mas de repente, pelo vidro em sua frente uma cena inteira surgiu-lhe em inspiração, e ela exclamou:
— Oh! Acabei de ter um insight! — girou a cadeira para Yoongi, e sorrindo: — Se for um sucesso em minha nova criação eu te dou um presente de agradecimento, afinal, o cenário é seu.
— Vou pensar com calma no que pedir! Mas, e então... Senta aqui. — Suga bateu no sofá ao seu lado — A gente tem que conversar antes de dar a hora do Jungkook chegar. Ouviu o Bang, né? Não é pra você me distrair!
desfez o sorriso e soltou uma lufada de ar forçada. Levantou-se e tirou seu casaco o deixando na cadeira de Suga. Foi até o sofá sentando-se, e abriu o frigobar tirando uma lata de café gelado dali.
— Depois eu devolvo! — afirmou sacudindo a lata diante do dono do lugar.
— Você deveria diminuir esta cafeína toda que consome!
— Vamos começar falando sobre nós! Isso é algo que me afetou muito nesta manhã: a conversa com seus sunbaenins!
— Estou curioso e preocupado. O que aconteceu?
contou tudo ao Yoongi. Ele se sentiu ainda mais incomodado quando ouviu da amiga as coisas que Sejin e Bang disseram, mas também se sentiu aliviado.
— Bem, pelo menos eles sabem que essa coisa de relacionamento precisa ser rediscutida...
— O que nos leva àquela calcinha no seu blazer! Mas, antes de você me contar sobre isso, eu preciso dizer que talvez nós devêssemos mesmo ter cuidado Suga...
— Não me chame de Suga.
revirou os olhos e continuou:
— Eu sei que você está mais confortável comigo, e deduzo que demonstrar afeto por meio de toques é meio que um jeito de você mostrar a sua lealdade e confiança em alguém; e que não é muito comum a você fazer isso... Me sinto lisonjeada em saber que você está me tornando o tipo de pessoa que vê além do Suga, que vê o Yoongi. Essa dualidade, eu a compreendo... O que também me mostra que você tem mesmo a personalidade de um gato...
— E você a de um cachorro que fica lambendo e abraçando todo mundo... — zombou ele.
lhe bateu com uma almofada pequena que havia no sofá.
— Você não pode nem dizer isso! Eu mal toco em você! Mas, o que eu quero dizer é que apesar de estranhar eu entendo; você está me dando um lugar importante na sua vida Yoongi... O afeto, o posto de BFF, a senha do GL... São os seus sinais de que gosta do que a gente tem, e quer que eu fique na sua vida... E eu agradeço muito por isso! Você também está ganhando este mesmo espaço na minha vida aos poucos.
— Mas é o Chang quem é o seu melhor amigo. — reclamou enciumado.
— Você sabe que não tem como comparar! O que eu e ele temos... Tivemos... Enfim!
— O que isso significa? — Yoongi perguntou com uma expressão curiosa de seu lado fofoqueiro.
— Chang foi o meu primeiro amigo aqui no seu país e eu só cheguei aonde estou, porque ele também acreditou em mim tanto quanto eu e me apoiou, então... Não tente ocupar o posto dele ou me exigir que faça comparações ou medidas, ok? Eu posso ter quantos melhores amigos eu quiser.
— Você é doida? Claro que não! “Melhor amigo” é uma coisa séria demais! Você só pode ter um! E eu já entendi que não sou o seu.
— Você é uma pessoa perturbada, Min Yoongi! Olha só... Você está se tornado até mais do que um melhor amigo, tá? Faltam gestos para eu te mostrar isso, talvez, mas eu ‘tô sempre te atendendo sem pensar duas vezes. Não ignore isso, já é uma prova do que eu digo... Aos poucos acho que posso te encarar como um irmão gêmeo chato e insuportável!
Yoongi sorriu de um jeito fofo e fez uma cara de constrangimento. não admitiria para ele, mas adorava os raros momentos em que ele agia fofo, porque suavizava muito aquele olhar sempre predatório e que às vezes causava medo nela. Ainda tinha uma luz de alerta em sua mente que achava Yoongi um pouco psicopata.
— Tá, tá bom! Pare de sorrir, Estranho! O fato é que, as pessoas não estão prontas para uma amizade como a nossa... Livre de interesses sexuais. Então, eu acho que a gente deve sim, ter cuidado.
“Livre de interesses sexuais”. A frase bateu em sua mente o deixando confuso. Ela não sentia nenhuma atração física por ele? Ele era tão patético assim aos olhos dela? Yoongi se lembrou de como algumas vezes, principalmente motivado por álcool, achava a amiga uma tremenda gostosa e aquilo feriu seu ego.
— Como assim? — perguntou ultrajado: — Livre de interesses sexuais? Olha só para mim! Como você poderia não se sentir minimamente atraída?
— Você não está falando sério, não é? — Ela o encarou como se ele estivesse bêbado.
— Enfim... — Suga afastou aquele sentimento de ultraje de sua mente: — Eu concordo que a gente tem que convencer as pessoas de que somos só amigos. Mas, não acho que tenhamos feito nada diferente disso! É como você disse... Acho que as pessoas não estão prontas para uma amizade aberta entre homem e mulher, como a nossa. Principalmente na Coreia. Qualquer dedinho entrelaçado aqui, já é coisa de casal...
— Pois é. Até os seus amigos pensaram algo. Mesmo com a gente esclarecendo tudo, acho que ainda desconfiam. Então, segure os seus ímpetos afetivos como você sabe fazer bem! Eu deixo você me tocar quando estivermos a sós.
falou em tom sugestivo, em clara intenção de fazer piada e Yoongi não evitou gargalhar junto a ela quando o som da risada dela ecoou.
— Certo, certo... Ah, e sobre a minha mãe... Eu vou conversar com ela de novo. — afirmou — E agora, próximo ponto... Você ainda está saindo com o Park? O Taehyung já era mesmo?
— Minha vida amorosa não é o próximo ponto. A sua sim!
— Qual é ?!
Yoongi murmurou com um tom de quem estava fazendo uma pergunta realmente interessada, e a amiga suspirou desgostosa antes de respondê-lo:
— Não sei se o Taehyung já era. Não quero criar expectativas sobre ele de novo, eu estou me divertindo com o Jay. Ele é uma ótima companhia, apesar de... Você sabe, ele e eu somos só, um bom casual um do outro desde aquela semana...
— Com que frequência vocês se veem?
— Uma vez por semana? Duas? Sei lá... Não tô contando. Mas, por que estamos falando disso?
— , eu não gosto do Park. Não gosto mesmo da ideia de ver você com ele. Não me peça para explicar, é como uma... Prudência de irmão! Eu não quero que você se apaixone por ele, porque o Park não é alguém que assume este tipo de coisa. Mas, eu sei que a sua vida não tem nada a ver comigo então... Só toma cuidado, tá? E se você ainda tem algum interesse no Tae... Pega leve, ele meio que caiu em si e está sofrendo pela mancada. O Taehyung achava que eu estava apaixonado em você e naquela noite, eu acho que posso ter dado a impressão errada de novo.
— Como é que é? — se ajeitou no sofá empertigando a coluna e deixando a lata de café na mesinha ao lado.
Yoongi começou a mexer em seus dedos da mão, de forma a evitar encarar a amiga ao seu lado, enquanto explicava:
— Ele insinuou umas coisas no começo da noite, e claro que eu tentei deixar esclarecido que eram viagens dele... Acho que o ciúme do Taehyung provocou algumas interpretações erradas. Mas... Depois, quando eu vi o Jay Park te olhando e notei que o Tae deu aquele mole de não beijar você, eu imaginei que o Park tivesse sacado que você e ele não estavam juntos. E aí... Eu só interpretei errado quando ele se levantou para ir ao palco.
— Espera... — esboçou um falso riso um tanto incrédula, espalmando o ar tentando acompanhar o raciocínio de Yoongi: — Aquela hora que você me puxou para dançar, era a sua forma de tentar afastar o Jay?
— Exato, mas... Ele não estava indo até você, só estava indo para o palco, e quando a minha ficha caiu, o Taehyung tinha ido embora e você já estava chateada com ele... — Yoongi suspirou constatando: — Não deve ter sido simples para ele aceitar minha negativa de que não sou apaixonado por você, quando eu simplesmente marquei aquele território para cima do Park, não é?
sentiu seu sangue efervescer. Tudo foi um maldito mal entendido causado de novo pelo Yoongi? Ela se ergueu do sofá de uma vez, sacudindo o cabelo e com uma mão na cintura de costas para o amigo. Yoongi a encarou de costas para ele e a chamou, com voz de quem tentava amenizar a situação:
— Não me odeie, vai... No fim você acabou indo para aquele cara... Eu só...
— Qual o teu lance com o Park? Ele já pegou alguma garota sua, ou coisa do tipo?! — Ela perguntou virando-se de frente para o amigo, incrédula.
— Não tem nada disso. Eu só... Não vou com a cara dele.
— Não é possível! Você... Argh! — reclamou e se jogou de novo no sofá ao lado de Suga que a observou ladino: — Quer saber? Não importa! O modo como o Taehyung agiu foi ruim de qualquer forma... Que homem interessado, simplesmente abre mão assim? Se até você que não tem este interesse ficou ladrando no pé da cerca!
— Mas não é “abrir mão” assim do nada... Ele estava olhando para mim e não para o Park. Tanto que, agora que ele entendeu que nós dois realmente não temos chance, ele está reagindo... — Suga tentou mais uma vez defender a visão de Taehyung.
— Um tanto tarde demais, não é?
— Será mesmo? — Yoongi desafiou — Você ficou balançada com aquele abraço, com o que ele disse depois e com as reações dele no almoço, não foi?
— Próximo tópico! — desconversou abrindo novamente o frigobar e pegando desta vez, uma garrafa de água.
— Bem, ok. Eu só quero declarar que ainda estou do lado do Taehyung.
— E contra o Park.
— Jay Park não é uma opção para você. Essa coisa vai durar menos do que esta garrafa de água. — falou convicto arrancando de um revirar de olhos enquanto ela virava um gole da bebida e então, Yoongi pigarreou se concentrando no que queria mesmo falar com ela: — Eu... Queria uma opinião feminina sobre uma coisa.
— Comece contando do início, quando e onde você a conheceu, o nome dela, que relação ela tem com o Jin e finalmente... Se já disse que está apaixonado. Ah, e suponho que seja uma só, não é? A dona da calcinha no seu blazer é a mesma que está te fazendo falar disso comigo, não é?
O disparo de teorias que lançou deixou ao Yoongi um pouco zonzo, e então, ele decidiu contar mesmo do começo.
— O nome dela é Maya Lee-Cafrey, é melhor amiga do Jin há muito tempo. Nós nos conhecemos em um evento da empresa de família dela, o Jin me pediu para acompanhar ele e eu fui. Meio contra a minha vontade, mas fui. Então... Fomos apresentados, começamos a conversar, telefones trocados...
— Você também perseguiu a garota como fez comigo, ou só age assim para os seus amigos? — gargalhou ao zombar, apoiando a cabeça na mão e o braço no encosto de costas, do sofá.
— Não... Entre nós começou sutilmente, conversando por chamadas, às vezes sendo intermediados pelo Jin... Só que o interesse um no outro foi imediato desde o primeiro dia. Diferente do Taehyung eu não enrolo, sabe? — zombou de volta sorrindo de modo quase cafajeste e riu batendo em seu ombro, e ele continuou: — Mas, a Maya e eu somos... Como você e o Park, me parecem.
— Como assim? Quer dizer que vocês não têm previsão de falar sobre relacionamento?
— É isso que você e ele têm?
— Ah... É por aí. É algo sem apego emocional, meio que... Deixamos ir... Não é como se ele e eu estivéssemos saindo desde o início, à procura de um namoro. Eu sei bem que ele só quer curtir, e eu também.
— Então acho que sim. É isso. Mas... Eu não sei se estou bem com essa situação agora. Tem dois meses só, mas...
— Você já está apaixonado.
— Não . Não estou! Para de repetir isso, é só que... É intenso. Mas a Maya... Ela delimita muito nitidamente este nosso lance, sabe? A gente não pode nem dormir juntos. Frequento o apartamento dela só para... — Ele deixou subtendido e suspirou, virando-se de frente para a amiga e falando mais confortavelmente: — Ela não vacila. Ela não dá espaço para vacilar, entende?
— Não. Não entendo. Me explique melhor... — franziu o cenho tentando compreendê-lo, e Yoongi coçou a nuca um pouco ansioso.
— Você disse que você e o Park deixam a coisa fluir. Não se cobram, não planejam, mas não deixam de se curtir por medo de nada, não é? — assentiu para o amigo que continuou a explanação: — Ela não. Ela fica na defensiva às vezes... Essa coisa de dormir juntos, por exemplo, é algo que eu quero, mas... A May deixa as regras bem estabelecidas e eu... Eu só queria me sentir mais único para ela, sabe? São apenas dois meses, mas eu gosto do jeito como a gente se diverte juntos. Sinto que poderia ser melhor se não fosse tão... Regrado?
— Hm... Entendi. Bem, parece que ela quer evitar que vocês se confundam nos sentimentos, não é? Ela sai só com você ou é um lance aberto?
— Não sei. É um lance aberto, eu acho. A gente não deve esse tipo de explicações um ao outro, mas eu não estou saindo com mais ninguém desde que comecei a sair com ela. E eu não tenho direito e nem quero, de cobrar o mesmo, porque o que temos não é... Assim, entende?
— E você não sai com outras mulheres por que você não quer ou não consegue?
— Não quero, só por isso. Não tem alguém que eu queira, disponível no momento, também...
suspirou e enrolou a ponta dos cabelos nos próprios dedos, pensativa; queria saber em que ponto Yoongi esperava que ela ajudasse.
— Suga... — viu o olhar repreensivo dele, e consertou antes de terminar: — Yoongi. Olha... Eu ainda não entendi exatamente o que você espera de “uma opinião feminina” da minha parte.
— Aish! Você não acha esquisito que ela me mantenha afastado assim? Será que ela só está me usando? Quero dizer... Como mulher, o que você acha que pode estar rolando na cabeça dela?
— Você é mesmo doido. — revelou achando um despropósito o que Yoongi dizia, e manifestou a sua opinião já que ele a pediu: — Eu acho que vocês estabeleceram regras no começo, ou ao menos deveriam falar sobre tudo isso, e agora você está descontente com a forma como é essa “não relação” dos dois. Então você precisa ter esta conversa que está tendo comigo, com ela. Se ela tem outro cara, te contará. E... Bem, Yoongi eu não posso falar pela Maya. Às vezes, ela só não quer se apegar a ninguém, às vezes, não quer criar vínculos para não sofrer, ou sei lá... Que coisa! Ela é quem tem que te dizer...
Yoongi bufou.
— Eu estou pensando nessa mulher mais do que eu acho que deveria, Estranha.
— Ainda acho que você está se apaixonando! Por que não a procura e conversam? Na pior das hipóteses, você começa a sair com outra pessoa para esquecê-la ou só não se apegar tanto se não quiser isso...
— É por isso que está saindo com o Park há tanto tempo? Para não se apegar mais ou esquecer o Tae?
— Que droga garoto! Que fixação com o Jay! — novamente jogou a almofada do sofá nele, e seu celular tocou.
Os dois riram dando uma trégua no assunto e Yoongi ficou observando a amiga pegar o celular e soltar um sorrisinho malicioso de canto.
— É o demônio, não é? — Ele perguntou com expressão enjoada e ela deu um empurrão nele pedindo para se calar.
— Oi Jay... Tudo sim, e você?... Hmm... — A garota conversava sem encarar Yoongi, mas o amigo observou atentamente as reações dela e não sabia se Taehyung gostaria de ver o jeito como ela sorria falando no telefone com Park — Ahn, sério? Tem certeza? Não vai ser estranho?... Sim, eu tenho falado com o Seong-Hwa sim, mas é que... Ah... Ok, se você diz... Eu devo te encontrar onde?... — arregalou os olhos, surpresa — Ah, ok, Jay! Claro, não vejo problema nenhum não...
Yoongi tentava pescar o teor daquele assunto, mas sabia que mesmo que não entendesse iria fazê-la o contar.
— Eu estou com o Yoongi agora... É, ele mesmo... — Ela sorriu e Suga se ergueu um pouco no sofá se aproximando tentando ouvir o que Jay falava dele, e segurava o riso o empurrando — Sim, nós somos próximos!... Na minha casa? Ah, melhor não... Já falamos sobre isso, se quiser pode ser naquele lugar ou na sua... Ok baby, até mais tarde.
Yoongi cruzou os braços e estreitou os olhos na direção dela. Assim que ela desligou, ele começou o seu lamuriar:
— Vai contar tudo! O que este cara falou sobre mim? E que história é esta de você e Gray estarem se falando? E não me diga que vai ver o Park hoje!
— Nossa! — riu guardando o celular de volta na bolsa fazendo uma expressão dramática: — Eu não sabia que havia mudado de pai!
— !
— Ok, ok... Ele quer que eu vá com ele numa festa do Seong-Hwa e quer me encontrar hoje sim.
— Espera... Vocês irem juntos numa festa do Gray? Como casal?
— Não acho que seja exatamente assim como casal, mas alguns dos amigos dele sabem de nós... Quero dizer, o Seong ao menos sabe! Ele é o melhor amigo do Jay e... Que foi? — parou de falar vendo a expressão desesperada e até brava de Yoongi — Que cara é essa agora?
— ! Ele quer te apresentar aos amigos dele! Você não disse que era só... Como assim ele quer te levar em uma festa com ele? E o que ele falou sobre a sua casa? E o que ele falou de mim?
— Nada, ele só estranhou eu estar contigo. Jay não sabe o tamanho da nossa amizade... E é que ele propôs ficar na minha casa, ele faz isso sempre também, mas... — Ela parou de falar suspirando e finalizando o assunto: — Yoongi! Eu não te devo explicações!
caiu em si e começou a rir, mas Yoongi estava começando a causar tempestade em copo d’água:
— Você não falou de mim para ele? Não disse que somos amigos antes? Que... Que...
— Ué, eu deveria? Você já falou de mim para a Maya?
Yoongi bufou e levantou-se com as mãos na cintura reclamando:
— Ela não me deixa nem passar a noite com ela, como eu vou falar de você, garota?!
— E nem deve tá? Pelo amor de Deus, não fale de outra garota com ela enquanto ainda estão no início disso! Eu não vou me responsabilizar, Min Yoongi!
— Bem, e quando é essa festa? Você vai mesmo?
— Não vou te dizer. Se concentre nos seus problemas! Vá encontrar a sua garota e diga logo que quer dormir de conchinha com ela!
— Eu não tenho como ir atrás dela, porque é ela que me liga ou diz quando a gente vai se ver... Ela viaja muito e...
pigarreou entendendo as coisas e se levantou tocando o ombro do amigo, antes de pegar seu casaco na cadeira dele.
— Olha Yoongi, dê um jeito de se abrir para ela. Tentar entender as intenções um do outro nisso tudo aí, para vocês não criarem expectativas erradas, tá?
— O que você quer dizer com isso?
— O que a Maya sente ou quer, só ela pode dizer. E continuo achando que você tem grandes chances de estar se apaixonando por ela, então... Seja, acima de tudo, sincero consigo sobre seus sentimentos.
— Está levantando por quê?
— Tenho que ir, eu marquei um encontro com o Park essa noite, você viu!
— Vou descobrir sobre essa festa! — Yoongi informou apontando um dedo mandão na direção dela que recolhia suas coisas e se preparava para sair, quando a porta fez barulho.
— Jungkook... — Yoongi olhou ao relógio constatando e abriu a porta do GL.
O amigo entrou com seus grandes olhos de jabuticaba brilhando para os demais, e sorrindo largo para . Já estava acostumado a ela, diferente de outras garotas, não lhe deixava tão nervoso como antes. Embora, Jungkook ainda se sentisse abafado perto dela.
— , já vai? — perguntou para a escritora.
— Tenho um compromisso mais tarde, Kook! Mas, a gente tem que se ver mais vezes, hein?
A mulher se aproximou dele, o abraçando e deixando um beijo estalado em sua bochecha sorrindo. Jungkook travou e ruborizou; o que ela achava muito fofo. Yoongi segurava a porta esperando ela se aproximar e então sorriu quando a amiga parou à sua frente, se despedindo em palavras sem abraçá-lo como fez com o Jungkook.
— JK não vai espalhar boatos, sabe?
— Quer tanto assim um abraço meu? — zombou ela, que deu um peteleco na testa dele, e enquanto ele reclamava zangado, ela beijou sua bochecha de forma rápida dizendo antes de sair: — Vá trabalhar encosto!
— Eu te ligo mais tarde! — gritou ele.
— Obrigada por avisar, vou desligar o celular!
A garota saiu pela antessala acenando para os dois que ficaram dentro do Genius Lab, e sorrindo passou pela porta de acesso ao corredor, tomando um enorme susto ao ver Kim Taehyung parado ali.
Escorado à parede de braços e pés cruzados, ele encarava o teto, até que ouviu a porta se abrir e seus olhos deram de frente com os dela. notou um calafrio subir por sua espinha de modo surpreendente e, sem razão aparente, seu estômago revirava. Que efeito era aquele que os olhos dele tinham sobre ela?
— Oi de novo, .
— Ah... Oi Tae... — Ela coçou a nuca, e ajeitou o casaco sobre seu braço — O Yoongi e o Kook estão começando, você vai...
— Eu vim por sua causa. — disse diretivo a interrompendo.
A forma como a voz dele soou firme era algo novo. E sexy. Tão sexy que quase prendeu a respiração quando ele disse aquilo se desprendendo da parede e dando dois passos de encontro a ela.
Taehyung se aproximou levando as mãos aos bolsos da frente de sua calça de moletom; passou a língua pelos lábios inspirando sério e lançando à um olhar de quem iria implorar algo.
acompanhava cada gesto dele com seus olhos de águia, capturando tudo em movimentos lentos, maximizando-os em sua ótica... Taehyung parecia cada dia mais um tópico sensível. Ela nunca se sentira tão atraída por um homem quanto vinha sendo por ele. Era algo que ultrapassava o físico. Aquela aura ora ingênua, ora de garoto que tem tanto a aprender, ora de bom ator e de homem que sabe o poder que tem nas mãos... Taehyung estava alugando um andar inteiro na mente de há meses!
Mesmo que ainda não tivessem trocado tantas mensagens ou palavras, mesmo que os dois só estivessem juntos por intermédio da presença dos outros... Mesmo que aquela noite da boate tenha sido o maior fiasco que se lembrava em sua história de paqueras, ela ainda sentia o estômago estremecer com a presença do rapaz. O cheiro dele. O olhar dele. A voz... A maldita voz que ela imaginava como soaria sussurrada em seu ouvido, em ocasiões indecorosas...
— ? — Ele se aproximou um pouco mais a chamando pela terceira vez.
— Desculpe! O que disse Tae?
Sacudiu a cabeça se concentrando no presente, e não nos pensamentos de um futuro incerto com o garoto a tocando de modo impróprio. E para conseguir não se perder neles novamente, se afastou de Taehyung direcionando-se a caminhar pelo corredor; ele a seguiu.
— Eu queria saber se você tem um minuto para conversar... — parou à frente dela tocando a mão da mulher — Por favor, . É importante.
A mulher sentiu de novo o corpo arrepiar e as borboletas revolverem em seu interior e apenas assentiu. Taehyung sorriu ladino, olhou ao redor e buscando um ambiente em que pudesse ficar só com ela, ele apontou uma das portas daquele corredor. não sabia o que todos aqueles cômodos eram, mas percebeu que Tae abriu a porta de uma sala de convivência. Parecia algo como uma sala criativa ou para gravações dos Runs do grupo.
— Pode se sentar. Ninguém vai nos incomodar aqui agora. Eu chequei.
— Tudo bem, sobre o que quer falar?
Ela sentou-se numa cadeira diante de uma mesa e Tae sentou-se escorado ao tampo da mesa, ladeado, mas de frente para ela e ficando um pouco mais alto. notou a proximidade do corpo dele e o quadril do garoto a certa altura de seu rosto, e ficou imaginando se Tae fazia aquilo de propósito. Céus... Por que ele estava tão perto?!
— Eu quero implorar mais uma vez, por desculpas pelo o que aconteceu na boate! Eu não sou tão burro ou idiota quanto pareceu! Dar um fora em você nunca foi uma opção minha!
— E por qual razão você fugiu daquela forma? — Ela fez questão de acusar Tae de uma “fuga”.
— Achei que o Yoongi estava apaixonado por você. Talvez ainda ache... Mas, eu estava em um dilema entre o que eu quero e o que eu deveria fazer.
— E o que mudou?
— Namjoon me contou que Suga hyung tem alguém. Isso não prova que ele não sinta por você o mesmo que eu, mas... Eu já perdi tempo demais achando que deveria evitar uma situação chata. Essa situação está entre nós desde o começo do mal entendido e...
Taehyung mordeu o lábio inferior suspirando e pensando, se deveria dizer tão abertamente o que sentia para ela, daquele jeito.
— E? — o encorajava a terminar sua explicação sem deixar de encarar o rapaz intensamente.
— E seja o Yoongi ou quem for eu não vou abrir mão de ser quem termina toda a noite com você e em cada dança.
Aquilo mexeu com de um jeito forte, ela sentiu o calor entre suas pernas e notou o fulgor nos olhos de Taehyung. Pensou em se levantar e beijá-lo de uma vez, mas foi surpreendida pelo garoto tocando em sua mão, e segurando-a delicadamente entre as dele.
— Me deixa tentar consertar tudo? Aceita sair comigo? Só nós dois?
abriu e fechou a boca como se estivesse buscando o ar que havia sido tirado de si quando Taehyung disparou aquelas informações. E mais uma vez, a ansiedade dele, não a deu tempo de falar.
— Eu sei que você pode estar saindo com alguém, mas... Por favor, me dá uma chance de tentar te mostrar o Taehyung que você merecia conhecer! Aquele que teve coragem o suficiente para pedir o seu telefone naquele programa de televisão. E não o garoto assustado...
mordeu os próprios lábios; sorrindo um pouco desconcertada olhou para os próprios pés. Ergueu-se rapidamente notando que seu corpo estava ainda mais perto do dele, ainda escorado à mesa da sala e, encarando o olhar de Taehyung ela disse ofegante:
— Me mostre o que você tem para mostrar. Eu quero ver.
Taehyung sorriu largo e a pegou de surpresa puxando sua cintura e a abraçando. quase deixou as pernas amolecerem fora de seu controle, e então seu celular tocou. Ela se afastou do abraço dele e tateou à própria bolsa. Jay Park era o nome do visor da tela do smartphone. Um lapso de realidade cruzou a mente dela, e então se afastando rapidamente, disse para Tae:
— Tem meu telefone. Prepare tudo e me ligue para a gente combinar aonde você vai me levar...
O rapaz percebeu que ela havia recebido mensagem de alguém que não era sobre trabalho, ou não era uma pessoa aleatória.
Ela ainda estava saindo mesmo com o Park, ou foi só daquela vez?
Sorriu largo e feliz porque o passo necessário para consertar as coisas havia sido dado e ele não recebeu uma negativa. Poderia ter um encontro com ela, e aquilo já valia por muita coisa!
— Você parece ter algum lugar para ir, então, não vou te atrapalhar mais. Eu te ligo ainda essa semana! — levantou ficando mais perto dela, e segurou a mão da mulher enquanto beijava o rosto da escritora em despedida rápida, molhada e macia, sussurrando no ouvido dela em seguida: — Seja como for, eu não fujo mais de você.
sorriu e se virou, tentando manter o autocontrole para sair daquela salinha, com Tae logo atrás. Ela sentia o rosto ruborizando; quando tocou na maçaneta, ele tocou por cima da mão dela, e com a outra virou o corpo dela para si, provocando que seus olhos se encontrassem de novo.
— Você tem outra pessoa? — Taehyung perguntou de repente, ansioso e com voz baixa, os olhos dele vasculhando o rosto a mulher e parando com firmeza nas íris dela, notando as pupilas de dilatadas. — Eu sei que não estou no direito de perguntar isso, mas, se não tiver problema eu quero muito saber se...
— Se deu espaço demais para a concorrência? — Ela perguntou de volta, num tom um pouco ultrajado porque aquele tipo de atitude demorou tanto a acontecer — Você não pode agir como um garotinho assustado tempo demais com uma mulher , quando há homens dispostos a agirem como homens com ela Taehyung.
Ele engoliu a saliva e suspirou fugindo o olhar do dela, quase intimidado pela força do que ouviu, mas, tocou em seu rosto de modo carinhoso e sensual dizendo de uma vez:
— Mas eu estou te dando o espaço que você precisa para não vacilar, e vir com tudo o que tem. Não me decepcione de novo, eu realmente gosto do tipo garoto assustado, mas na hora e lugar certo. Gosto de tratar homens como homens, ok?
E sem esperar resposta dele, ela girou a maçaneta e saiu daquela sala apressada, sacudindo a gola do seu vestido. Não era possível que em pleno começo do inverno, Taehyung tivesse a deixado tão quente daquele jeito por miséria.
Caminhou um tanto desnorteada por aquele corredor e passando pela sala de prática viu os outros rapazes reunidos ali, entrou se despedindo rapidamente. Quando seu corpo saiu de novo pelo corredor, ela estava mais calma. Taehyung estava parado a poucos metros da porta de onde ela saía, observando-a ir; Jimin que havia a acompanhado até a soleira notou o olhar analítico do amigo com um vinco de preocupação na testa.
— Ai não, o que foi agora? Ela te deu um pé na bunda definitivo?
Taehyung sacudiu a cabeça de um lado para outro em negativa, retornando ao ambiente aonde deveria estar junto aos demais.
— Eu a chamei para sair. Ela aceitou.
Jimin sorriu largo abraçando Taehyung pelos ombros, e os dois viram JHope sério se aproximar indagando:
— As fofoqueiras deveriam estar em posição na coreografia agora!
— Ele chamou a para sair! — Jimin disse como se aquilo justificasse a situação e os livrasse da bronca de Hobi — E ela aceitou hyung!
— Uwa! — Hobi sorriu largo animado, batendo no peito de Tae: — Finalmente! A gente vai te ajudar com isso, Tae! — E ficando novamente sério de súbito, o mais velho encarou mortalmente os dois: — Agora voltem para acertar seus passos!
— Aish... Ele se transforma mesmo... — Jimin murmurou.
Apesar da felicitação dos amigos, Taehyung não estava tão tranquilo assim. Ele sabia que o sarrafo havia ficado mais alto depois do mole que deu, e pior: parece que ela ainda estava saindo com o Park. Aquilo o incomodava de um modo muito inexplicável, mais do que quando ela saía com o ator. Aliás, dançando ali absolutamente concentrado, Tae notou que estava com raiva por Namjoon a convidar para aquele evento! Se não tivesse ido, ela não teria conhecido o Jay. Entretanto, ninguém tinha mais culpa de ter acabado sua noite com o outro, senão, o próprio Taehyung que como ela bem disse; fugiu.
Entre um passo e outro da coreografia, Taehyung rememorava aquela noite e sentia-se ainda pior. Namjoon e Hobi notaram o quanto Taehyung estava dedicado ao treino, e Jin cruzou os braços no meio do salão olhando para aquilo também assustado como Jimin.
— O que houve com ele? — Namjoon perguntou ao Hobi.
— aceitou sair com ele, e a mente dele provavelmente está fervilhando a responsabilidade que vai ser. Afinal...
— Afinal ele só tornou as expectativas maiores para ela.
— Não acho que para ela. — Jin se intrometeu ao se aproximar fuxicando a conversa dos amigos, enquanto Jimin e Tae dançavam concentrados e os outros dois lhe encararam em dúvida: — Na verdade, ela zerou qualquer expectativa vinda dele... O peso está na mente do Tae e, talvez, no fato de que ela não está mais tão disponível não é?
— Jay Park? Ela ainda está saindo com ele? — após ouvir a explanação de Jin, JHope perguntou ao Namjoon que deu de ombros explicando:
— Não tenho certeza, ninguém que eu conheço comentou sobre os dois... Sei que não foi só uma noite... Ou não estão juntos ou não tornaram isso público.
— Se ela aceitou sair com o Tae é porque está disponível, Jin! — Hobi constatou.
— Mas isso não significa que ela não tenha o Jaebeom ainda como uma opção... Bem, esta fofoca quem pode nos contar é o Yoongi. Agora vamos! Essas horas não passam e eu estou louco para ir para casa!
[...]
caminhava em seu pequeno apartamento enquanto falava ao telefone com Chang.
— Eu acho que seria muito bom sim, Chany... Mas não quero destoar do foco de trabalho. — Campanhas publicitárias são boas para sua imagem ... Você sabe que já faz um bom tempo desde a última e, logo, o seu novo trabalho autoral será lançado. Queremos que este formato de manhwa* do seu trabalho também estoure... E eu tenho uma proposta ousada a fazer...
— A animação? Acha mesmo possível? — Ela perguntou abrindo o guarda-roupa e buscando um vestido para aquela noite. — A KBS e a JTBC estão competindo pela versão coreana de “Garota Ocidental”, acha mesmo que a animação tem como não dar certo? Imagina o “boom” no cenário do entretenimento, se nós conseguirmos fazer isso antes de alguma dessas propostas da novela serem fechadas?
— É... Talvez você esteja certo... Mas, qual a publicidade? — É simples, uma marca de café interessada em um patrocínio em longo prazo. Encaminho amanhã para seu e-mail, o conceito e a proposta.
— Ok, mas o que você achou? — Acho que tem tudo a ver com você! Para ser mais a sua cara só se fosse uma bebida alcóolica. — Chang riu e então desconversou: — Analise com calma depois, mas... Você disse que vai fazer algo hoje, o que é?
— Eu vou sair com o Jay. — Sair? Publicamente, se expondo? — O agente e melhor amigo se alarmou com a notícia.
— Uma festa na casa do Seong-Hwa. Não acho que é exatamente público, se não, ele me diria... — Espera... Ele realmente vai junto com você? Ou vocês só vão estar no mesmo lugar? Sabe o que isso significa, não é?
A voz de Chanyeol era um tanto contida, mas entendia em entrelinhas que ele estava descontente com a ideia de que ela e Jay saíssem publicamente por aí.
— Não Chany... — sorriu contida revirando os olhos e colocando o vestido escolhido e os sapatos, sobre e ao lado da cama — O que significa, pode me dizer? — Que essa historiazinha de apenas curtição está indo pelo ralo... Ele está provavelmente brincando com você, ! Tentando te incluir no círculo de amigos para exibi-la.
— Por quê? Por que não posso ser eu quem esteja brincando com ele? Só porque ele faz o tipo mulherengo que vocês tanto dizem? E desde quando eu sou alguma mulher troféu, Chang? Você sabe muito bem que eu tenho qualidades suficientes para um cara querer estar comigo... — Eu sei que você é uma mulher apaixonante de fazer qualquer um perder a linha, , mas... Que razões ele teria de te levar ao círculo dele se não pretende te manter lá?
— Exato! Quem disse que ele não pretende?
Ela perguntou obviamente indo ao banheiro começar o seu banho, deixando o celular na bancada da pia em chamada de viva-voz, e ouviu a respiração pesada de um Chang que provavelmente estava surpreso com o que ouvira. Então decretou:
— Você e o Yoongi ficam com este papinho de que o Jaebeom não vale nada, que gosta de exibir e colecionar mulheres, mas faça novamente esta pergunta a si e pense que, talvez, pode ser que ele realmente esteja curtindo de um jeito desprendido e maduro o suficiente, para me querer em seu círculo social, sem quaisquer medos. E se quer saber, Chany, eu gosto da companhia do Jay. Nós nos divertimos juntos, sem promessas e sem cobranças. — Ok, não está mais aqui quem falou, mas eu vou estar presente para quando ele pisar na bola e você precisar do seu melhor amigo, ok?
— E se for eu quem pisar na bola com ele? Você me santifica demais, tenho medo de um dia ser a sua maior decepção. — Ela ironizou rindo. — Você se esquece de que já me decepcionou antes, e mesmo assim eu estou aqui, não estou? — o amigo disse direto revolvendo o passado — Sei bem até onde você é santa, .
— Nossa... Não precisa jogar na cara... — murmurou sem graça. — Bem, boa noite minha gigante. Não vou te alugar mais, me liga quando analisar a proposta! Beijo.
Depois de se despedir de Chany, terminou o seu banho, se aprontou e pegou o telefone para mandar mensagem ao Jay dizendo que estaria a caminho da casa dele. No entanto, a mensagem dele já constava ali e a pegou de surpresa:
J.P. 🔥: “Estou na porta da sua casa, ou do seu prédio... Não sei exatamente, já que você esconde a informação. Vem bem gostosa, tá?”
se aproximou rápida à janela de sua sala, onde poderia ver a rua em frente, e a BMW parada só poderia ser a dele. Aliás, que merda! Naquele bairro de classe média, qualquer um estranharia um carro desses estacionado. Nini... Meu Deus, Nini a veria sair e entrar no carro e provavelmente o bairro inteiro saberia!
Abriu a porta do seu “cafofo”, e já estava ansiosa de novo, sentindo as pernas tremerem pela simples ideia de que Park poderia cometer a loucura de descer do carro para abrir a porta para ela. Olhou para o lance de escadas abaixo, vendo porta e janela da casa de Nini apagadas. Ufa! Provavelmente a amiga saiu com Minsuk, de novo.
desceu as escadas do sobrado, e como previu, um Jaebeom puramente gostoso descia do carro, com a porra de um enorme buquê de flores, e um sorriso pervertido nos lábios. O sorriso não era pior do que os olhos que a devoravam enquanto ela se aproximava dele. sorriu largo, porque não conseguia não sorrir com ele e suas expressões safadas ou brincadeirinhas.
— Você tem que me contar como conseguiu... — murmurou ela baixinho mencionando o endereço — Mas antes, pode me explicar como eu justifico se essa situação vazar? Ou como explico aos vizinhos uma BMW na minha porta?
Jay riu com vontade, puxando com a mão livre, o corpo dela colando-a no seu e beijou o pescoço da mulher num selinho rápido, e de sorriso ainda maior, arqueando a sobrancelha como quem diz “o que achou?”, ele a estendeu as flores.
— Flores?
— Primeira vez vindo à sua casa. Ou melhor, ao outro lado da rua da sua casa...
— Quebrou a maioria dos protocolos até agora Park! — Ela reclamou um pouco séria.
— Temos que rever esses protocolos, afinal, vamos aparecer juntos hoje.
— Espera! Não é uma festa íntima?
— É, mas, quantos dos meus amigos você acha que sabem que eu escorrego nessa pista, aí? — deu de ombros numa pose meio cafajeste e então a soltou, abriu o laço do sobretudo dela a fim de ver o interior, já ria por imaginar o quão pervertido ele ainda poderia ser — Muito bom. Veio bem gostosinha, como eu pedi!
— Não tem nada “inha” aqui! — reclamou ela, dando a volta para o lado do carona, com Park a acompanhando para abrir a porta.
entrou, deixou o buquê surpresa no banco de trás, fechou novamente o sobretudo, colocou o cinto e quando Jay entrou no carro rindo para ela, apertou a coxa dela dizendo:
— Ainda bem que fechou, ou eu teria que parar no caminho.
— Se quiser começar aqui e agora, só me falar... — disse de modo safado sussurrando no ouvido dele.
— Não brinca não hein , acho que já deu para você ver que eu sou maluco, né? Faço a sua vizinhança te expulsar daí.
— Terá que se responsabilizar por isso... — brincou de volta.
— Você pode morar na minha cama, baby. — Ele piscou olhando para ela e voltando a atenção ao percurso.
A mão dele que ora estava no câmbio ora nas pernas dela, sentindo a maciez de sua tez latina, eram um hábito próprio do Park que notou constante desde a primeira vez que andou no carro dele.
A escritora insistiu em saber como ele descobriu seu endereço, e de fato, Jay era um tanto inconsequente às vezes. Havia contratado algum entregador pra deixar uma encomenda na casa dela, que foi até a empresa, mas disse ter dado o endereço errado; o do trabalho e único que ele poderia passar. O entregador, na recepção da empresa solicitava vê-la ou conseguir o endereço com alguém.
Naquele dia, Jay sabia que ela não estava na Mangaká, então quando Chany desceu à recepção fazendo a atualização do endereço para o rapaz, ele conseguiu. O que era a encomenda? O lingerie que ela estava usando, e que havia sido entregue em nome de Jay. havia recebido, realmente, uma informação de Chang de que uma encomenda dela foi enviada por engano na empresa e que ele direcionou para a residência dela. Mas, jamais desconfiou que Jay tivesse a sagacidade de pegar a informação com o entregador... Deveria ter previsto, afinal, foi o mesmo Jay que perseguiu uma lista de idols de 1997, atrás do telefone de Jungkook para chegar ao Namjoon e assim, ao telefone dela.
observou a figura de Park sorridente, dirigindo e cantarolando “Turn Off Your Phone”, música própria dele e que ela também adorava.
— Essa pode ser a nossa música, .
— Musiquinhas de casal também não estão no protocolo, Park. — Ela riu trocando um olhar com ele cheio de humor, mordeu o lábio e voltou a olhar para a janela do lado de fora cantarolando com ele a canção.
— Este nosso protocolo tem falhas. — Jay sussurrou sem saber que ela escutaria.
— Quais?
— Para começar, não teve alerta de que você era uma garota tão incrível.
— Isso é um problema? Preferia que eu fosse alguém sem noção? Por quê? Seria mais fácil me dispensar? — ria tranquila e nem notou que Jay parecia mesmo preocupado.
— É um grande problema, porque quando as pessoas são incríveis, no fim nos vemos desejando passar mais tempo perto delas. E isto pode se tornar um abismo, .
— Relaxa, Jay... Eu não vou te deixar cair nele.
Park riu negando descrente com um aceno de cabeça. Gostava cada dia mais da companhia de . Ela era mesmo uma garota sensacional em vários aspectos, mas o maior deles: a sua maturidade e confiança. Aquilo tinha tudo para dar certo, se os dois continuassem querendo a mesma coisa, e era sobre este aspecto, que precisariam ficar atentos.
Seong-Hwa, melhor amigo de Jay e que também atendia ao nome artístico de Gray, surgiu à porta de sua casa quando a funcionária anunciou a chegada de Park. Logo, as poucas pessoas presentes retomaram atenção ao convidado e amigo que chegava, mas, o coro de vozes diminuiu quando notaram que logo atrás do rapper entrava também, uma mulher desconhecida.
— Hey, você a trouxe! — Gray sussurrou ao ouvido de Park com um sorriso ladino ao abraçá-lo e voltou-se para : — Oi, oi, escritora! Que legal que você veio! Obrigado!
— Olá Seong. Eu quem agradeço. — respondeu simples, mas simpática. — Bela casa!
olhou a casa em sua volta enquanto a elogiava, e notou que apesar de não estarem encarando-os, as pessoas estavam curiosas sobre os dois.
— Vem! Eu vou te apresentar a todo mundo.
Jay guiou-a com a mão em sua coluna e Gray observava curioso, em como ele denominaria ; os três se aproximaram do círculo da sala em que as pessoas poucas que chegaram estavam, e Park a anunciou:
— Hey guys! — Uma sequência de cumprimentos para Park entre as mulheres e homens ali, foi escutada — Deixe-me apresentar a vocês a minha amiga, . Ela é uma escritora e roteirista, famosinha, até... — Ironizou ele zombando com ela, e apenas soltou um riso de escárnio vendo o sorriso de Jay se alargar ao explicar aos amigos: — Nós nos conhecemos na última batalha de rappers em Itaewon.
— Olá a todos, boa noite! — reverenciou em cumprimento.
— Bem vinda ! Antes de qualquer coisa, qual o seu artista preferido da AOMG? — Okasian perguntou de forma bem humorada, como uma espécie de teste, e os demais riam.
arqueou uma sobrancelha e trocou olhares com Gray e Jay.
— Quem você acha que seria Oka! — Jay ironizou de novo, coçando a nuca de modo pretensioso.
— Não a pressione, Park! Deixe que a responda! — Heize brincou, piscando para a outra garota.
— Bem, eu adoro as músicas de todos vocês, mas... Meu spotify não me deixaria mentir, que o mais escutado da AOMG é o Park.
Jay abriu os braços como se dissesse “eu avisei”.
— Achei tendencioso. — Loco zombou. — Mas, seja bem vinda, !
Depois dessa pequena apresentação, a conversa entre eles fluiu. O grupo de amigos do Jay eram pessoas animadas, livres, alegres e muito festeiras. Em sua maioria, eram todos artistas da empresa do próprio. conseguiu sentir-se muito à vontade com todos eles, Gray e ela não paravam de conversar; estavam super entrosados no próprio assunto sobre as dificuldades que passou ao chegar na Coreia, quando Jay, um pouco mais solto e bêbado sentou-se ao lado dela e levou a mão em sua perna de modo mais explícito apertando e sorriu para ela.
Gray percebeu e riu enviesado, assim como Loco e Zico que estavam sentados de frente para eles. Uma das músicas favoritas de começou a tocar, e também um tanto bêbada, ela se levantou de repente ficando de frente para Jay, segurando a mão dele e fazendo graça. O rapper riu abertamente e todo mundo ficou sem entender, até o Loco reconhecer os acordes da própria música e cantar:
cantava na voz de Hwasa, olhando para Park e todo mundo começou a rir, ovacionar e soltar gritinhos bobos. Loco achando um máximo ela conhecer e saber tão bem cantar a música, ficou orgulhoso de seu própio trabalho.
E no meio dos risos, todos vendo performar para Jay e Loco entrar cantando na parte dele da música; a mulher do nada começar a cantar com ele, como se fosse a própria Hwasa, Gray ouviu a campainha.
Caminhou gargalhando e, animado pelos amigos divertidos e cantantes na sala; nem percebeu a supresa que era ter o recém chegado ali.
— Você realmente veio?!
— Eu disse que viria...
Gray sorriu desconfiado e perguntou como se tentasse captar as intenções de seu conhecido e distante colega.
— Para me mandar mensagem depois de sei lá... Três anos? É, você deve ter uma razão para vir mesmo... — Gray olhou de volta para onde o homem encarava e viu-o completamente hipnotizado na cena de e Loco cantando animados e todos os outros fazendo coro de “yay-yo”.
— O que está rolando ali?
— A garota do Jay dando um show à parte, ela é sensacional! Mas, acho que você sabe disso... Pelo jeito que a olha... Já conhece a , Yoongi?
— Ela é a minha melhor amiga.
Yoongi estufou o peito e encarou Gray de forma tediosa, e o outro não esboçou nada, apenas sorriu zombando:
— Muito maneira a garota do Jay, e bem relacionada já que é a sua melhor amiga, pelo visto...
— O que você está insinuando, Seong? Ela é só minha amiga mesmo...
Gray deu de ombros como se não dissesse nada demais, afinal, ele já havia ficado ciente da amizade dos dois antes mesmo de Yoongi mencionar. Porém quando ele fez contato consigo perguntando se eles poderiam se ver de novo, Gray não imaginou que teria algo a ver com e apenas, inocente, convidou Yoongi para vir na social em sua casa. Mas ali, vendo como o outro ficou chocado com a interatividae de e os outros, Gray pensou que talvez Yoongi já soubesse que a encontraria. Contudo, não tão entrosada à cúpula da AOMG.
Jessica Oh e mais algumas garotas chegaram também, e encerrou-se a lista de convidados da noite. Yoongi nem percebeu-as, até ouvir Jess perguntando quem era a bonitona no meio da sala cantando com o Jay quase se esfregando nela. E só então Yoongi notou os recém-chegados, os cumprimentando enquanto Seong-Hwa olhava a cena ainda mais surpreso. Será que o Jay percebia o quanto estava realmente curtindo aquela garota?
Depois que e Loco cantaram Don’t, ela ouviu a galera parabenizá-la e pôde rir com o Loco super animado porque ela sabia a música toda. Zico ia perguntá-la qual outra canção de alguém do grupo ela poderia cantar, recitar em um rap ou performar numa dança, mas foi interrompido por Jay Park pegando a mão de e se levantando. Colando-se de frente para ela numa postura de dança a dois, e cantando uma música própria. E dessa vez, para ela. Já que havia dedicado Don’t para ele, Jay dedicava Stay With Me para ela, e a garota inevitavelmente ficou nervosa com aquilo. Até porque, era o fucking Jay Park de quem ela era fã pra caralho das músicas, cantando para ela: “Nunca quero
deixá-la ir, não, não. Meu corpo estremece quando abraço você; o tempo para...”.
estava perplexa com o que ouvia. Jay apertou ainda mais sua cintura, roçando o rosto no dela e dançando lentos, mesmo que o som da capela fosse apenas as palmas e melismas dos amigos. Jess e os demais se aproximaram daquele cenário, sorrindo e cumprimentando os amigos com acenos, tão maravilhados com o momento do casal que não queriam atrapalhar e se sentaram em torno do ambiente. Yoongi foi direto à uma mesa de bebidas e depois de pegar seu copo ficou assistindo a cena também da declaração de Park para a melhor amiga dele. Depois que terminou de cantar, Jay sorriu, e beijou o rosto dela, piscando travesso como se tivesse feito uma pegadinha, e , calada observava com um sorriso besta no rosto; os lábios dele se aproximarem do seu, e os dois deram um beijo leve e calmo.
Todo mundo começou a gritar, zombar e aplaudir ainda mais, os dois. Gray que estava ao lado de Yoongi escorado na mesa observando riu e bateu nas costas dele, antes de ir pegar copos e uísque para servir Jessica e as outras amigas.
— Vamos lá, Suga!
— Vamos... — disse acompanhando Seong ao centro da sala onde todos estavam em torno do sofá e da mesinha de centro.
e Jay sentaram-se um do lado do outro, Park ainda tinha a mão na coxa dela, e deu um selinho no pescoço da mulher antes de voltar a cumprimentar os amigos que recém chegavam.
— Não sei quem você é, mas já gostei de você! — Jessica falou pra depois de a cumprimentar.
— conseguindo o inédito! Jess ir de cara com uma garota do Park tão facilmente e o Park estar de quatro por uma mulher desse jeito escancarado! — Seong brincou.
— Quem disse que ele está de quatro? Vocês não conhecem Jay Park, seu amigo e chefe? Isso tudo foi cena para ofuscar o sucesso que o Loco e eu fizemos na música anterior! — mencionou fazendo o pessoal rir.
Ninguém ousaria insistir na brincadeira do Gray que era o único a ter aquele tipo de abertura com o amigo.
— Eu ainda não estou mesmo... Até por quê, alguém prometeu não me deixar cair no abismo... — Jay respondeu encarando e os dois sustentaram um risinho cúmplice, e então ele constatou perante aos amigos: — Mas não seria difícil ficar de quatro pela ! Ela não é sagaz? Já me conhece melhor do que vocês que estão comigo há anos!
— Ah, mas isso com certeza, irmãozinho! Te conhece de uma forma que alguns de nós, não conheceu, infelizmente. — Jessica respondeu brincando com a duplicidade de sentidos da frase.
viu alguém estender uma garrafa do seu lado no sofá, e ela olhou para o lado tomando um susto.
— Yoongi? — mencionou com a boca aberta deixando o queixo cair, os olhos espantados encarando o risinho ladino dele.
— E aí, estranha está de uísque ou soju?
— Porra garoto, o que está fazendo aqui?
— Que boca suja, literalmente. Eu disse que viria, não disse? — falou mais baixo apenas para ela.
— Então... — Gray mencionou atrás do sofá com a cabeça entre eles, sussurrando por ter escutado os dois: — Eu estava certo e você não queria me ver, não é?
— Na verdade, eu quero sim trocar uma ideia contigo. — Yoongi mencionou e Gray arqueou a sobrancelha o chamando para ir na cozinha buscar gelo.
arregalou os olhos para Yoongi fazendo careta como se dissesse para ele ficar na dele. E os dois saíram dali, deixando a escritora um tanto surpresa, ainda por, de fato, o maluco do seu amigo ter dado um jeito de estar na festa.
— Tudo bem? — Park indagou ao vê-la segurando a garrafa de soju que Yoongi deixou na mão dela, um pouco perdida — Você não está bebendo uísque?
— É, pois é! Eu estava pensando aqui porque eu peguei isto da mão do Yoongi...
— Se não te fizer mal, fique à vontade para beber o que quiser, eu vou te levar comigo mesmo... — E Jay se aproximou do ouvido dela sussurrando e a beijando de leve, o lóbulo da orelha: — Eu vou cuidar de você.
sentiu os arrepios correrem por seu pescoço quando a língua gelada dele tocou sua orelha, e sorriu travessa. Pegou o copo da mão dele, largando a garrafa de soju. Jessica Oh, Heize, Hoody, Sogumm a chamaram para conversar só entre as mulheres, e lógico que ela já imaginou que seria sabatinada pelas amigas do grupo. Assim como, é claro, pela Jessica que era tipo a irmã do Jay tamanha a amizade dos dois. Quase como ela imaginou que Yoongi faria se tivesse coragem e oportunidade de sabatinar o Park.
Na cozinha da casa, Yoongi entrou logo após Seong-Hwa; coçando a nuca e pensando em como ainda estava surpreso com a cena antes presenciada. e Park pareciam tão na vibe um do outro... Tão conectados... E o que foi aquela música dele? Uma declaração mesmo?
— Manda aí Suga, o que você quer de mim?
Seong observava o outro, um tanto curioso e preocupado em qual tipo de relação ele e realmente tinham.
— Eu quero saber, já que você é o melhor amigo do Park... O que você pensa sobre ele e ?
— Espera... Você me telefona depois de anos, para dar um jeito de vir aqui vigiar a sua “amiga”, — Gray fez aspas com as mãos — e me sondar sobre a relação dela com o meu amigo?
— Tire estas aspas aí, que ela e eu nunca tivemos nada. Mas ela é uma mulher sensacional e eu não confio no seu amigo. Sabe que eu não vou com a cara dele há muito tempo. E bom, eu não vou deixar ele brincar com a , ela não é qualquer uma.
— E ela sabe se cuidar pelo pouco que sei dela, Yoongi!
— Sabe até mais do que eu e você. Mas, eu não posso evitar me preocupar com ela.
— Cara... Você está sendo ridículo... Sabe disso não é? O que o Jay poderia fazer contra ela?
— Não estou falando de fazer algo contra ela, mas a está emergindo na carreira, e você sabe o que uma aproximação com caras como nós pode causar. Principalmente para caras como o Park. O Jay nunca ligou muito para a imagem dele ou, o que quer que disessem. Se ele só estiver se divertindo com ela, então eu quero estar pronto para ajudar a como for preciso.
Gray suspirou. A parada entre Yoongi e Jay havia começado nos exatos 03 anos em que Suga parou de falar com Gray. Na verdade, ele e Seong nunca brigaram, mas o fato de Seong-Hwa ser muito próximo de Jay fez com que Suga se afastasse um pouco depois que Park deu declarações indelicadas sobre os rappers dos grupos idols, entre eles, sobre o BTS.
Nada que fosse realmente uma mentira na opinião de Gray, mas que havia ofendido e muito ao Yoongi que ainda por cima, era produtor e dos bons.
— Eu não tenho nada a dizer, conheci ela há pouco tempo na casa dele. Mas pra mim os dois estão bem, e são ótimos juntos! Acho que se você quer sondar as intenções do Jay, pergunte a ele.
— Estou evitando. A não vai gostar, vai dizer que estou sendo paranoico ou superprotetor. E tem a questão de que seu amigo e eu, não vamos muito um com o outro.
— Já está na hora de vocês dois também pararem com isso. Yoongi! Você já sabe que, o que ele disse não era mentira, tampouco foi uma ofensa direcionada a você ou algum dos seus amigos! Foi uma crítica à indústria e o Jay tem as razões dele. Boas razões, aliás. Se até o Namjoon fala com ele e entende isso, porque você não pode? Ou essa birra antiga é só uma desculpa atual?
— Não é birra tampouco desculpa. Jay e eu nunca fomos muito próximos, apenas nos conhecemos por conveniência, da forma como você fala parece até que éramos do mesmo círculo!
— Eu não vou insistir... Quem sabe a não faça o que eu não consigo e os motive a superar esse ruído.
Seong tocou no ombro de Yoongi e o mesmo ficou uns minutos sozinho na cozinha enquanto refletia se, deveria ou não falar com Park diretamente daquele jeito. Decidiu que não era o melhor lugar e nem momento, deu para notar que ele e já haviam bebido muito. E quando retornou para a área social do apartamento de Seong, ainda conversava com as mulheres, e os caras entre eles. Logo, Suga se entrosou no assunto dos rapazes e começou a beber, e se divertir também, apesar de não falar muito com Jay.
o observava ainda suspeita, mas em determinado momento, ela voltou ao sofá e ficou ao lado dele trocando ideias, que os outros não sabiam o que era porque não prestavam atenção. E Park notou de novo, que Yoongi e eram muito próximos, assim como lhe pareceu na noite que a conheceu e depois quando soube da amizade dos dois pela rotina da escritora.
— E aí, vai me dizer como você veio parar aqui? — o perguntou, mas Yoongi pegou o celular que vibrava na sua calça e leu uma mensagem e sorriu — É a tal Maya, não é?
— Sim, eu tenho que ir, ela viaja amanhã. Mas, depois te explico a minha relação com Seong. E você? Está tudo bem? Quer que eu te deixe em casa?
— Relaxa Suga, ela volta comigo. — Jay anunciou em tom ameno, intrometendo-se no assunto.
Yoongi acenou a cabeça afirmativo, e olhou para que sorriu confirmando a ele. O amigo assentiu silencioso, pegando o queixo de e beijando o rosto dela de forma rápida. E guardou o celular depois de responder a mensagem, se levantou despedindo-se de todos. Seong levou Yoongi até a porta e perguntou a ele quem era a garota que estava o tirando da festa. “Eu ainda não posso dizer nomes”, Suga respondeu e Gray sorriu. No fundo, aliviado por ele não ter negado, porque se havia mesmo uma garota então Yoongi não estava mesmo interessado na . Quando já eram da três da manhã, Park e decidiram ir pra casa dele e despediram-se de todos.
não estava sempre na casa de Park, mas já se sentia suficientemente à vontade para entrar deixando os sapatos em algum canto, e tirando as roupas para tomar banho.
— Dispensou a sua governanta, não é?
— Lógico! A casa é toda sua... — Ele murmurou se aproximando dela e a puxando forte de encontro a si.
As costas de bateram no peitoral dele, e a língua de Jay Park deslizou por seu pescoço.
— Eu já não via a hora de vir embora! Quase te levei pro quarto do Seong!
— Notei bem isso com aquelas mãos me apertando nem um pouco discretas! — riu e girou seu corpo abraçando-o de frente.
Jay sorria deixando os olhos ainda menores, que ela achava tão charmoso, e os dois ficaram em silêncio se contemplando e sentindo a tez um do outro naquele abraço intenso.
— Vamos tomar banho... — falou cortando o clima que parecia ter ficado palpável, como se alguém estivesse prestes a constranger o outro.
— , espera. — Jay segurou em seu punho e mordeu o lábio ao perguntar: — Eu sei que a gente tem as nossas “cláusulas” e tudo mais... — riu mordendo os lábios e a encarando firme — Mas, você está saindo com mais alguém?
A escritora suspirou mordendo os lábios de volta e sentindo um dejá-vu da cena com Taehyung na salinha.
— Estou. — respondeu firme, e os olhos de Jay se arregalaram, ainda que discretos — Mas, isso não é algo que a gente se importe. Não é?
— Claro que não! — Park sorriu fingindo desprendimento — Eu só quis saber por... Ter certeza, sabe?
— E por que esta cara de espantado?
— Eu realmente não esperava. — Ele deu de ombros risonho.
mudou sua expressão para uma mais sacana.
— Qual é Park? Seu ego é mesmo assim tão grande?
— Como todo o resto... — Ele zombou puxando-a e beijando o pescoço dela, agilmente desfazendo o fecho do sutiã da mulher — Mas, eu só achei que você estivesse sem ninguém além de mim.
— Ei cara, esse é meu momento! — gargalhou massageando os ombros dele — Lógico que eu tenho que pegar o máximo de pessoas enquanto posso! Inclusive, Jessica me deu conselhos ótimos e uma agenda renovada!
— A Jess é doida, cara! Cuidado com ela! — Jay zombou, empurrando ainda em seus braços para o quarto a fim de que fossem à suíte — Você vai me dizer quem são?
— Você vai me dizer quem são as garotas com quem sai além de mim?
— Não estou saindo com outras, eu não tenho tempo, você sabe! O pouco de tempo que eu tenho já completo contigo.
— Aaaah Park! — ria entrando no chuveiro já nua, enquanto ele ainda retirava as roupas, a observando um tanto receoso — Não brinca comigo! Como se você fosse homem de ficar sozinho... Com tudo isso aí...
— Fico lisonjeado pelo reconhecimento... — Ele sorriu ladino se aproximando dela esfregando os corpos — Mas, eu realmente não estou conseguindo administrar uma agenda cheia de mulheres.
então o afastou um pouco, de cenho franzido, preocupada, observando séria às expressões dele.
— Jay... Eu realmente não me importo que saia com outras mulheres, e se não quiser me dizer quem são, está tudo bem também, ok?
— Não está acreditando em mim por que acha que eu estou mentindo, ou não quer acreditar em mim com medo dessa informação verdadeira de estar saindo só com você?
— Os dois. Mas, é... Não curto a ideia de imaginar que aquela música cantada na sala do Seong tinha algum sentido.
— Não estou apaixonado por você, relaxe.
— Isso também seria quebrar os protocolos! — Ela riu voltando a se aninhar a ele: — E decidimos que curtir um ao outro seria bem mais divertido...
— Eu sei, e se em algum momento eu achar que exista a probabilidade de cair naquele abismo, eu te aviso. — Jay falou sincero, mas ainda com uma dúvida incomodando-o bastante: — Quem é a pessoa com quem você está saindo?
deixou de beijar o pescoço dele, e percorreu os olhos pela parede do banheiro. O que diria? Não queria relacionar Park a nenhum caso, mesmo que não tivesse outro caso atual ainda... Até porque não havia saído com Tae realmente. Ergueu o rosto e sorrindo passou os dedos na bochecha dele.
— Eu acho melhor não misturar as coisas. Prefiro não dizer, pelo menos por enquanto. Mas... Ele é alguém que eu já estava envolvida antes de você.
Jay concordou silencioso e sorriu. Suspirou e logo puxou o corpo dela para o alto, fazendo-a dar um gritinho e se enlaçar na sua cintura. Pressionou o corpo dela contra a parede e beijou-a com muita vontade. Vontade inclusive, de esquecer a desconfiança de que o outro fosse o Yoongi.
— Tem certeza que, não quer que eu te deixe em casa?
— Não precisa, sério! Aliás, vamos evitar que você apareça no meu bairro de novo, ok? — pediu pegando a bolsa e a pendurando no ombro, com seu próprio celular em mãos, enquanto Jay a observava pronta a sair de sua mansão.
— Se eu for de táxi, tudo bem?
— É... Com um bom disfarce, tudo bem, mas só para você não achar que eu estou sendo injusta indo e vindo pra sua casa e não te deixando aparecer pela minha.
sorriu e aproximou-se para dar um selinho em Jay, mas ele transformou o beijo em um ato mais intenso e quando girou o corpo dela em seus braços para que entrasse de novo em sua casa, o celular de tocou pela décima vez.
— Aish...! — Jay murmurou resmungando — Que incêndio é esse que o Chang não consegue apagar sozinho na M.E.?
riu se afastando, olhando a tela do aparelho em sua mão, e atendendo a chamada finalmente.
— Caramba, hein! Você não pode esperar? — Você não me atende! Eu estou te ligando desde cedo!
— Eu sei! Você praticamente nos acordou, seu empata! — Ela reclamou e Jay observava o modo como ela respondia.
Aquele não poderia ser Chang no telefone. Ela não falava com ele daquele jeito. Então piscou sorridente para Jay e selou seus lábios em uma despedida rápida saindo pela escada da frente da mansão e entrando na parte de trás do carro, pelo qual o motorista de Jay guiaria.
— Leve ela em segurança, ajhussi. — Park pediu, com as mãos no bolso da calça de moletom e observava o carro sair.
Quando entrou, sua governanta já estava a postos. Ele sentou-se no sofá da gigantesca sala e ficou pensativo um tempo.
— Senhor Park, bom dia. — falou a funcionária mais velha chamando a atenção dele e Jay correspondeu o cumprimento com um sorriso doce e um “bom dia” baixinho. — Pretende ficar na mansão hoje?
— Hmm... — Ele observou em sua volta a vastidão do cômodo — Não ajhumma. Não precisa se preocupar, eu retornarei à cobertura. Isso aqui é grande demais para mim.
A senhora, intrigada, sorriu como uma mulher sábia e se aproximou dele respeitosa. Pigarreou e falou mais baixinho:
— Me permite uma pergunta?
— Claro, o que a senhora quer saber?
— Por que passou a trazer esta senhorita para a mansão e não ao seu apartamento?
— Ela é diferente. — Jay falou e sorriu ladino — Mas, talvez eu não devesse ter feito isso... Ver ela caminhando por aqui, me causa certas sensações que eu ainda não sei definir.
— Ela é a sua namorada, Jaebeom? — perguntou esperançosa com curiosidade, o Jay sorriu brincalhão e negou silencioso — Ah... Entendo. Mas, ela é diferente.
Jay assentiu.
— A senhora também acha isso? — Ele perguntou apesar de não precisar da opinião dela.
A ajhumma deu de ombros com uma expressão ingênua.
— Acho. E é uma constatação, certo? Quantas mulheres o patrão trouxe para cá? — A pergunta dela era retórica, e Jay abaixou a cabeça refletindo aquilo — Sabe jovem Park... É mesmo uma mansão grande demais só para o senhor. Eu avisarei às cozinheiras que não precisam preparar seu almoço.
Jay assentiu e em seguida a funcionária o deixou a sós. Seu telefone tocou e era Seong-Hwa. O amigo queria vê-lo, então depois de se arrumar e tomar café, Jay combinou de se encontrarem na cobertura de Park. Seus carros chegaram quase ao mesmo tempo, sendo Gray o mais adiantado a esperar pelo amigo por alguns minutos.
— Hey, men! — Jay lançou a ele o cumprimento enquanto subiam no elevador.
— Você dormiu na casa dela? — Gray perguntou extremamente curioso por ele não ter estado em casa.
Jay não era de dormir na casa das suas garotas.
— Não. E aí, o que te traz tão cedo aqui?
— Espera... — Gray arqueou a sobrancelha surpreso, inclinando um pouco a cabeça para o lado — Vocês foram para onde?
— Para onde acha que eu iria com ela? Para um hotel?
— Jay... Ela conheceu a mansão?!
— Sim.
Seong-Hwa levou uma mão à boca, tampando a sua expressão de choque.
— Há quanto tempo? É a primeira vez que leva ela para lá?
— Algumas vezes, mas o que é? É algum absurdo por acaso? — Jay perguntou incomodado.
— Você já percebeu, não é? — Gray o perguntou voltando à sua postura comum, e o elevador se abriu, sendo Jay o primeiro a sair seguido do amigo curioso.
— Perceber o quê Seong-Hwa?
— Que está se metendo em uma cilada! — Gray falou óbvio ao passarem pela porta do hall da cobertura: — Não falando que a é uma cilada, porque na verdade ela é mesmo uma garota e tanto! Todo mundo gostou dela, até a Jessie que geralmente faz cena no começo, foi extremamente receptiva com ela e tal, mas... A cilada é essa! Jay, você está indo muito rápido nisso...
— Eu não acho que estou. e eu estamos muito bem com o que temos feito juntos, e não sei por quê o espanto apenas por eu levá-la para a mansão.
— Porque seu abatedouro é aqui! E não na sua casa de família! Não era você que dizia que aquela mansão era...
— Hey, Seong-Hwa! — Jay reclamou o interrompendo de continuar, e foi enfático: — Não fale assim! Você viu bem que ela é diferente! Não é um casinho que só quer usurpar a minha imagem e se aproveitar do status... Ela não é este tipo de pessoa, então não fale desse jeito dela!
— Tudo bem! Eu concordo! A garota é maneira, independente, bem relacionada! Mas, Jay... Você entende o que está rolando entre vocês de verdade?
— O que está rolando, Seong-Hwa? — perguntou com certo tom entediado e se jogou no sofá com o amigo sentando na poltrona próxima.
— Você está correndo um sério risco de se apaixonar! Na verdade, eu acho que você já está encantado por ela e canalizando aquelas inseguranças recentes nessa parada. Apesar de já ter algum tempo desde que você saiu com a pela primeira vez, não é o tempo habitual pra você a apresentar à galera como fez ontem.
— Não sabia que havia um “tempo habitual” para a apresentar para a galera... E se eu me apaixonar por ela, por que isso é um problema? Por que está agindo como se fosse algo tão errado?
Gray suspirou e mordeu os lábios dando de ombros ao perguntar de volta:
— Ao menos ela também poderia se apaixonar por você? Ou estou errado em achar que ela já tem as opções dela?
Jay arqueou a sobrancelha para ele estranhando a conversa.
— Você não veio aqui tão cedo para falar disso, não é?
— Eu vim cedo porque temos que trabalhar. Ou você se esqueceu mesmo da reunião no estúdio daqui uma hora? — Seong observou a expressão de Jay e abriu a boca em choque de novo, porque sim, ele havia esquecido — E diz que não devo me preocupar...
— Que seja! Mas se é daqui a uma hora por que veio agora?
— Justamente para saber disso, Jay! Até onde você pretende ir com ela?
— Por que isso te interessa tanto? ‘Tá interessado na ?
— Não vou entrar em uma fila. — Gray disse óbvio, relaxando a postura e recostando-se na poltrona — Você não percebeu quem apareceu ontem?
— Sim, e eu queria mesmo te perguntar desde quando você e ele voltaram a se falar!
Jay perguntou mordendo os lábios e encarando, tranquilo, ao Seong. Deitado no sofá e com um semblante de quem não via a menor preocupação em ter visto Yoongi na casa de Gray ontem.
— Ele estava lá por causa dela. — Gray falou óbvio encarando Jay como se estivesse dizendo um segredo de mafioso: — Ele só fez contato comigo porque soube que ela estaria lá com você, e ele não quer vocês dois juntos. E a menos que ela fosse a irmã dele, que outra situação faria um cara se meter no relacionamento de uma mulher, Jay?
— Se o cara estiver interessado nessa mulher.
— Entendeu agora? Até onde sei, Suga diz que é melhor amigo dela, mas ele foi se juntar à nossa galera depois de três anos sem dar as caras. E a razão para mim é óbvia: o Yoongi pretendia tirar ela de lá, se não fosse o choque no rosto dele ao ver vocês dois tão entrosados, e a dando um show com o Loco.
— Ela me disse que eles são apenas amigos.
— E desde quando isso é algum impedimento pra eles se envolverem? Jay... Eu não estou falando para você competir com o Suga e nada do tipo. Na verdade, eu disse a ele que vocês deveriam se acertar e parar de implicância por uma birra tão idiota. Mas, se você está se apaixonando por ela como eu acho que está, precisa primeiro saber se seria correspondido ou não. Ela gosta de você como você gosta dela?
Jay suspirou e se levantou do sofá, caminhando para direção da sua suíte após dizê-lo:
— Relaxa Gray, a e eu estamos na mesma sintonia. Não se preocupe, aproveite que o emburradinho do Suga voltou a falar contigo. Vou trocar de roupa pra gente sair.
E deixou Seong sozinho o esperando na sala. O amigo suspirou preocupado com aquela situação. Será que Yoongi e eram caso um do outro ou apenas amigos?
[xxx]
saiu da casa de Jay direto para a própria, onde se arrumou para ir ao trabalho. Houve um evento importante na Mangaká Enterteinament (M.E) relacionado à sua carreira pessoal, e que a deixou muito feliz. ficou extremamente satisfeita com o contrato publicitário que Chang e ela fecharam para ser a nova garota propaganda de uma marca de cafés. Estava saindo da sua última reunião de equipe do dia, quando seu celular tocou e ela já se preparava para xingar Yoongi caso ele fosse o motivo da ligação de novo. Mas ele não era.
— Olá , tudo bem?
— Oi Tae! Tudo sim e com você? — falou mais amena entrando em sua própria sala. — Bem melhor depois que eu soube que você irá clandestina para nosso dormitório hoje.
— Isso foi ideia do maluco do seu amigo! Sinceramente, como se tira folga do Yoongi, hein? — resmungou ela com certo drama se jogando na cadeira giratória feliz por falar com Taehyung. — Bem, dessa vez eu tenho que dizer que a ideia foi minha, mas, parece que o hyung gosta de passar na minha frente.
— Como assim? — se empertigou na cadeira estranhando a notícia. — Comentei com o pessoal se eles se importavam, que eu te chamasse para comer conosco, você sabe... Eu estou me preparando para o nosso encontro, e o Jin hyung vai me ensinar uma receita de Dakgangjeong, mas fiquei ansioso para que você estivesse comigo... Então, eu dei a ideia e como eles não se importaram eu ia te chamar, mas aí...
— O Yoongi se adiantou me convocando... Entendi. — Ela riu e Tae acompanhou do outro lado. — Dakgangjeong? É um prato típico da Província do Jin, não é? — É sim! Receita da omma dele. O Suga hyung, dessa vez me perguntou se eu me importaria se fosse ele a te convidar, parece que ele quer chorar contigo alguma coisa sobre uma garota... Enfim, talvez o Jungkook me ajude a amarrar o hyung no quarto quando você chegar. Esse tipo de folga é possível, o que acha?
— Certo! Não deixem de amordaçá-lo bem, o Yoongi é irritante quando ele fica gritando, estressado! — Os dois riram juntos de modo que escutar a risada um do outro causava uma ansiedade gostosa nos dois — Eu vou sair do trabalho e ir para lá correndo! Quero ver se as suas mãos vão mesmo me preparar algo bem gostoso.
falou sem qualquer tom malicioso, embora não pudesse dizer se Taehyung entenderia a situação de outra forma que não fosse sexual.
— Eu prometo caprichar em tudo para você. — E do jeito como ele a respondeu, era visível que o garoto estava se referindo a outra coisa.
Quando encerrou a chamada, alguns minutos após conversar com ele, estava sorrindo radiante, e então, Chang entrou na sala a surpreendendo com os olhos fechados e um sorriso vasto no rosto com um semblante de quem teria falado com alguém especial.
— Desde quando o Jay Park te arranca esse tipo de sorriso? Eu tenho certeza que isso não é efeito do Yoongi. — O empresário e amigo falou se aproximando e escorando-se na mesa dela com as duas mãos sobre o tampão e o tronco aproximado a ela.
— Errou, não era nenhum deles.
— Não? — Chang perguntou surpreso e espantado — Maurer? Algum outro ex que eu não saiba?
— Sabe que eu te amo e compartilho muita coisa com você, Chany, mas dessa vez eu prefiro guardar segredo. Já está bem difícil desse lance andar mesmo em segredo.
— Uow! Alguém está mais namoradeira do que nunca esteve! — O amigo empresário exclamou rindo e ergueu o tronco mudando o assunto: — Eu vim perguntar se quer dividir a corrida de táxi hoje. Tenho uma pessoa para visitar perto do seu bairro e estou sem carro.
— O que aconteceu?
— Bateram nele ontem à noite.
— E você só me diz isso agora!? — se alarmou se levantando da cadeira e se aproximando para analisar melhor o corpo do amigo.
— Estou bem! Não estaria aqui se não estivesse, não é? Eu não estava no carro. — Ele explicou-lhe com um semblante tranquilizador para ela.
— Engraçado... Você fora de casa durante a noite, e em algum lugar que não poderia estacionar o seu carro? — cruzou os braços surpresa — Também tem seus segredinhos agora, é?
— Isso nos deixaria quites? — Ele zombou a acompanhando para fora do prédio da empresa.
— Tsc... — estalou a língua rindo, em seguida, um pouco mais séria encarou o amigo o perguntando: — Por que não me telefonou? Eu poderia ter ajudado ontem.
— E atrapalhar a sua festinha com o Park? — Chanyeol a encarou sugestivo e começou a rir — Eu tenho noção, sabe?
— É um bom ponto. Mas vamos, quanto mais demorarmos, pior para encontrar um carro vazio. Se quiser a gente vem na mesma corrida até seu carro ficar pronto, também. Não me importo de pedir ao motorista pra passar na sua casa.
— Quando vai parar de economizar, ? Você já pode se mudar da sua casa, encontrar um ambiente maior e até mesmo comprar um carro simples. Já faz algum tempo que você não precisa ficar andando de ônibus ou aplicativo. — Chang falou com o tom cuidadoso e preocupado que ele sempre tinha.
— A vida na Coreia é muito cara, você sabe o que eu passei, não vou adquirir bens até eu ter certeza que é o momento certo. E depois... Eu também tenho minhas ambições, o que eu tenho investido não é suficiente ainda para comprar o que eu quero.
Chang assentiu suspirando e passou o braço em torno dos ombros da amiga. Já estavam um pouco afastados do prédio da empresa e dava sinal para um táxi que passava. Os dois entraram e seguiram seus caminhos.
Horas antes daquele mesmo dia...
Yoongi chegou no dormitório com uma expressão péssima. Jungkook estava como sempre comendo, enquanto Jin preparava o café dos outros, com Jimin tentando o ajudar. Os três nem notariam a presença de Suga por muito tempo se não fosse ele se aproximando de Jin, sério e coçando entre os olhos.
— Jin. Será que podemos conversar no meu quarto ou no seu, por um minuto?
— Namjoon e Hoseok ainda estão dormindo, o que houve? — Seokjin perguntou sério.
— Podem conversar no nosso quarto, hyungs! O Taehyung parece uma pedra. — Jimin falou tentando impedir Jungkook de pegar mais comida.
— Ya! Vocês dois! Terminem bem este omelete como eu ensinei! E Jungkook, se comer tudo eu vou entregar seu almoço para quem ficar sem o café! Tenha educação! — Seokjin bronqueou com os mais novos e olhando sério para Yoongi sinalizou com o olhar pra ele ir.
Suga se arrastava cansado, mas muito mais do que isso, arrasado. Entraram no quarto da maknae line e fecharam a porta. Taehyung parecia um urso embolado em edredons e mais edredons que faziam uma montanha na cama.
— Pronto Yoongi, o que aconteceu? Você saiu escondido e disse que dormiria em casa, mas está chegando agora. O sunbae te pegou?
Yoongi fez que “não” com um aceno de cabeça suspirando frustrado.
— Eu fui em uma festa ontem, mas depois... A Maya me ligou avisando que iria viajar hoje, e sem saber quando retorna ainda. Então eu fui atrás dela, lógico.
Seokjin arqueou a sobrancelha porque já imaginava que a ausência de Yoongi teria algo a ver com ela.
— E vocês dois passaram a noite inteira na rua? Onde você dormiu?
— Aí começa o problema. Dormi na casa dela.
Seokjin fez uma expressão analítica de surpresa e certa preocupação, não exatamente com Yoongi, mas com Maya. Ele sabia que a amiga tinha traumas quanto a deixar “ficantes” dormirem com ela. O único a ter aquela “permissão” era ele mesmo.
— E pelo modo como está falando e, parecendo que foi atropelado por um furacão de nome Maya, ela deve ter dispensado você, não é? — Yoongi assentiu silencioso e Seokjin suspirou — Tá, o que você espera que eu faça? Você traiu a confiança dela em não ir embora depois de... Enfim, eu não achei que ia precisar te dar um cursinho de Maya, ela geralmente é bem direta sobre tudo.
— Digamos que o problema não é exatamente eu ter ficado lá. Ela ficou puta, mas entendeu que foi culpa dela. A garota me exauriu, Seokjin! Eu não tinha forças pra chamar um táxi, nem vi quando apaguei! Você sabe como eu fico apagado e letárgico quando bebo e depois de... Enfim... O problema é que eu cobrei algumas coisas e ela simplesmente disse que se eu não estava satisfeito podia avisar que ela riscava meu nome do caderno dela. Porra, Seokjin!?
— Ué, essa é a Maya! Quer que eu faça o que? Interceda pela sua misericórdia?
— Poderia ao menos me explicar como ela funciona?
— Desse jeito: ela não gosta de ser controlada. Se vocês começaram isso provavelmente haviam termos que ela impôs e dormir na cama dela é um deles, não cobrar coisas não acordadas com ela é outro... Enfim, você que é um emocionado.
— Eu só queria que a gente fosse mais... — Yoongi esticou os braços largando a jaqueta no chão e fazendo bico ao tentar explicar, mas morreu o assunto.
— Tá, me explica do começo! Qual é o problema entre vocês e o que você cobrou dela?
— Eu queria que a gente fosse mais livre sabe? Que a gente só se deixasse levar, deixasse a coisa fluir, mas ela veta qualquer chance de uma situação em que...
— Em que ela possa se apegar em alguém que represente insegurança. — interrompeu ele — Ela é assim Yoongi. Para não quebrar a cara ela vai evitar fragilidades. Então você tem que lidar com isso.
— Por quê!? Por quê ela não pode se desarmar perto de mim? Poxa, tudo bem que estamos juntos há poucos meses, mas eu não tenho a menor intenção de magoar ela e deixei isso claro! Eu só saio com ela, enquanto ela sai com quem quiser! Ou seja, se alguém tinha que ficar inseguro de quebrar a cara, sou eu. Mas ela torna tudo mais difícil. Às vezes me sinto como se fosse só um objeto pra ela, e... Mesmo uma relação casual sem apego, tem gente que não leva as coisas desse modo tão frio...
— De quem está falando? Está se espelhando em algum casal que conhece? — Seokjin perguntou confuso: — Que expectativas você tem?
Yoongi mordeu os lábios e olhou para Taehyung suspirando. Não poderia falar o que queria ali, se Tae escutasse ele ficaria chateado.
— Yoongi? O que você falou pra Maya? — Seokjin perguntou ao ver Suga encarando Taehyung dormindo, com uma expressão de pena e, ao mesmo tempo que ficou confuso, ficou com uma pulga atrás da orelha.
— Só falei que ela podia se dedicar um pouco mais em fazer as coisas serem naturais. E não um acordo que um liga quando precisa do outro...
— Aish!!! — Jin descruzou os braços nervoso e falou mais alto e revoltado: — Aiiish! Aigoooo! — deferiu um tapa na cabeça de Suga — Você é idiota?! Quando foi que ela não se dedicou? Sabe como ela se desdobra na rotina super controlada da família dela pra te ver? Sabe o quanto ela gostaria de passar mais tempo com os amigos dela? Uooooow, você é um idiota Yoongi! Um tremendo egoísta! O que você quer é a Maya disponível pra você 100% do tempo, é isso? Não percebeu que, não só ela como você, não têm esse tempo disponível?
— Para de gritar Jin! Vai acordar o Taehyung! — Yoongi pediu enfático segurando as mãos de Jin que gesticulava dramático — E não vem com este papo! Há pessoas tão ocupadas como nós que fazem as coisas serem diferentes!
— Primeiro, acho que antes de acusar a Maya você deveria ter exposto o que te incomoda, o que não acho que foi o que você fez. Segundo, que você deveria parar de espelhar o lance de vocês em qualquer que seja o outro caso em que está se espelhando!
— Não estou fazendo isso!
— Tem certeza? Eu acho que nós dois sabemos do que estamos falando. — Jin olhou para Taehyung indicando o que queria dizer para o amigo e bufou cansado: — Olha só, eu sou o melhor amigo da Maya e sempre vou defendê-la das suas metidas de pés pelas mãos. Sabemos bem que ultimamente você só vem fazendo burrada, então alguém tem que avisar a ela como você funciona, porque pelo visto não adianta esperar que você tenha algum entendimento de relacionamentos...
— Seokjin não estou pedindo pra você escolher um lado e nem nada disso! Só quero saber se ela realmente me deu um chute definitivo ou se devo insistir.
— Não vou dizer o que você deve fazer, mas vou conversar com ela. Porque estou preocupado com ela e não com você! Se ela te chutou mesmo de vez, eu te aviso pra ver se você decide qual a próxima burrada vai fazer.
Seokjin falou e saiu do quarto balançando a cabeça e deixando Yoongi sentado na cama de Jimin.
— Hyung.... — A voz rouca e abafada de Tae se fez audível debaixo das cobertas — Vocês não tinham outro lugar pra discutir?
Tae não havia sequer aberto os olhos, apenas murmurou tirando a cabeça debaixo das cobertas, numa espécie de transe de quem está despertando.
— Não perca a esperança. Não foi você que me disse pra não desistir da ? — Tae falou finalmente esfregando os olhos e bocejando ao olhar pra Yoongi, que parecia amarrotado há três dias: — Credo! O que essa mulher faz? Te mastiga e depois cospe? Você está terrível!
— Taehyung... — Yoongi murmurou cansado encarando o rosto quase ingênuo do amigo — Você é capaz de lutar pela ?
— O quê? — Tae arqueou o cenho, estranhando a pergunta.
— Tsc... — estalou a língua — Ya...Sinto que você não será capaz de vencer este tipo de batalha... Então, me diga: eu deveria te ajudar?
Taehyung sentou-se na cama um tanto atordoado com o assunto.
— Hyung! Do que está falando? Você pretende ir atrás da agora, é isso? — perguntou começando a sentir raiva de Yoongi.
— Não sou eu o seu rival! Abre esses olhos, seu bobo! — reclamou Yoongi e se levantou fazendo careta e abanando a mão como um senhor de idade pedindo para Tae se calar, e saiu arrastando-se para fora do cômodo.
Taehyung ficou pensativo em seu quarto olhando para a parede à sua frente. Precisava reparar a má impressão com ela rápido. Se Yoongi disse aquilo é porque ela tinha outra pessoa, como ele desconfiava.
— Aish...! — reclamou bagunçando o cabelo e apontou para a porta como se o Yoongi ainda estivesse ali — Deveria mesmo se responsabilizar, quem me atrapalhou desde o começo foi você!
Horas mais tarde, estava chegando no local combinado com Namjoon. Ela estava de calça jeans e tênis, e uma camisa masculina branca, larga e comprida. Aguardava na calçada da rua que levava à entrada do condomínio, e enviou mensagem para o Namjoon avisando que chegara.
— Quem tem a altura mais parecida com a dela? — Namjoon perguntou na sala do dormitório.
— O Jimin! — Jin falou risonho, tirando sarro do mais novo que começou a reclamar por estarem zombando da sua altura de novo.
— É Jimin, parece que o Jin tem razão... — Namjoon olhou para ele e em seguida para Jungkook que apareceu sentando no sofá distraído por um joguinho no celular — Ou seria o JK?
— Qual o plano? — Taehyung surgiu da cozinha à sala, perguntando preocupado para o líder.
— Eu vou levar um moletom meu e um boné, além de máscara. Alguém sai comigo também em roupas parecidas, só para o segurança da guarita não desconfiar quando eu voltar com ela, e no retorno, quem for, pula o muro.
— Melhor o Jungkook ir então, ele é mais habilidoso em saltar. O Jimin vai acabar quebrando a perna. — Taehyung falou com a mão sob o queixo e uma expressão reflexiva.
— Eu não me importo, pode ir JK! — Jimin manifestou tirando Jungkook do sofá, e o empurrando na direção do Namjoon.
— Bora JK! Vamos infiltrar a namorada do Tae aqui!
— Ela ainda não é a namorada dele...
Jungkook zombou e Taehyung fez uma cara feia o xingando. Namjoon puxou o mais novo entregando a ele o boné e a máscara, e pedindo que ele vestisse o moletom preto. E os dois saíram do modesto dormitório que ficava num condomínio com guarita.
— Hyung, tem certeza que vai dar certo? Se desconfiarem que a gente trouxe uma garota pra cá... Aish... O Bang vai nos comer vivos!
— Eu soube que ele já tem certo apreço pela . Parece que a esposa dele, ou a filha... É fã dela, além do fato de que, o PD também acha que ela é namorada do Suga.
— Aigoo! — Jungkook falou baixinho e rindo: — Que doidera essa história... Ainda não entendo como o Suga hyung não ficou com ela e o Tae não tomou o controle da situação...
Namjoon sorriu e encarou Jungkook de modo curioso ao perguntar:
— Por que diz isso?
— É só que... Eu acho que o Suga hyungtem algum sentimento por ela, mas quando notou já era um pouco delicada a situação. E o Tae... Eu não acho que ele gosta dela, mas tem “aquele” tipo de interesse, sabe? O Taehyung é na dele, mas... Você não acha que é sangue frio demais para alguém que teve aquela atitude no programa de televisão?
— É, faz sentido. Eu notei que ele e o Yoongi ficaram prestando atenção nela. Talvez você esteja certo e os dois estejam interessados de maneiras diferentes.
— Só que o Suga hyungtem mais chances agora do que o Tae, porque ele já chegou sentando na janela enquanto o Tae... Nesse tempo todo, o primeiro passo dele está sendo hoje. Eu não ficaria surpreso se a noona nem o quisesse mais...
Jungkook chutou uma pedrinha e suspirou ao dizer aquilo e Namjoon assentiu silencioso. Os dois passaram tranquilos pela guarita, notando que o segurança apenas cumprimentou-os de longe.
— Passamos. Agora é torcer pro ajhussi não perguntar nada na volta. — Namjoon falou e os dois apressaram os passos numa corridinha até o ponto do quarteirão em que estaria.
estava escorada ao muro do condomínio, observando a rua de forma tranquila. Nenhum movimento àquela hora, e ela já estava começando a sentir frio. Namjoon disse para ela não ir de casaco, e só poderia estar doida de concordar, e de estar ali naquela situação.
— Aish , eu não acredito que você está se sujeitando a esse papel por causa de um garoto que fugiu de você em todas as oportunidades! — Ela bronqueou a si, sozinha e sussurrando.
— Noona!
Ouviu o chamado de Jungkook que acenava com a máscara abaixada e um sorriso enorme no rosto, e ao seu lado caminhava Namjoon, os dois apressados. abriu um sorriso largo e desencostou do muro, também erguendo a mão para acenar animada, e naquele instante Jungkook retesou. Travou. Ele parou de andar e seu rosto empalideceu, o corpo gelou. Como ela poderia ser tão bonita daquele jeito também?
— JK? — Namjoon o chamou ao notar o mais novo parado alguns passos atrás.
— Aquela é a noona? — Namjoon olhou de novo para a mulher que agora os encarava à distância confusa e confirmou para Jungkook em um aceno — Uwaaa... Acho que entendo o Yoongi e Taehyung agora....
Namjoon arqueou a sobrancelha sem compreender porque Jungkook havia ficado surpreso e paralisado daquele jeito, e quando olhou com mais atenção para , entendeu. Ela estava vestida como uma daquelas jovens mulheres de dorama que pegavam a roupa do namorado. O jeans de corte reto e lavagem clara, rasgado nos joelhos, o tênis dando um ar jovial e moleque, sem falar na blusa que escondia o corpo feminino dela. Era por aquele tipo de “garota moleque” que o Jungkook vinha se sentindo atraído ultimamente. Aquele tipo, e claro, a IU. Dois extremos: do arquétipo da delicada feminina ao arquétipo da bad girlfriend.
— Você é engraçado Jungkook! — Namjoon proferiu sorrindo e sacudindo a cabeça veemente — Não vai entrar nessa confusão com o Taehyung não, por favor!
Jungkook, enfim piscou, sacudindo a cabeça e sorriu divertido ao dizer para Namjoon:
— Eu só fiquei surpreso em como ela pode ser linda de tantos jeitos e estilos diferentes. Não vou competir com eles, hyung! Eles perderiam de qualquer modo. — deu de ombros rindo e bateu no braço de RM tomando a dianteira: — Vamos, ela já está confusa.
Quando se aproximaram, Namjoon a abraçou e Jungkook também. perguntou o motivo por eles terem parado um pouco antes e RM mentiu dizendo que Jungkook achou ter esquecido alguma coisa.
— E como faremos? — Ela perguntou.
Jungkook a olhou de cima a baixo e olhou para si.
— A calça é diferente. O ajhussi não vai perceber? — perguntou para Namjoon.
— Droga, esqueci de falar pra você descer com um jeans de lavagem clara... — Namjoon informou analisando o moletom preto de Jungkook e coçando a cabeça, com a outra mão na cintura — , o boné e a máscara do JK, pode colocar, deixa eu pensar...
— E se ela pular o muro? — Jungkook falou tirando o boné e a máscara, entregando para ela e olhando a altura do muro — Eu subo na frente e pego a noona do outro lado, você ajuda ela a subir.
— Tudo bem por você, ?
A escritora olhou para o muro e começou a gargalhar sozinha. Os garotos a encararam sem entender, e apoiando as mãos nos joelhos, ela tomou fôlego. Se ergueu, com as mãos nas cinturas olhando a situação de novo e apontando para os dois amigos em sua frente foi categórica:
— Vocês estão vendo o que eu estou fazendo por ele, não estão? — JK e RM se encararam em dúvida. — São testemunhas! Parece até que eu voltei à adolescência e estou pulando muro de escola pra namorar...
Namjoon riu sem graça, achando ter pedido demais da escritora, mas foi Jungkook quem passou um braço pelo ombro dela e sorriu apontando o muro na frente da escritora, brincando:
— Vamos lá noona! Olha que situação romântica e instigante! Pular o muro como uma garotinha travessa pra dar uns amassos me parece bem legal! — Eles se olharam e Jungkook sorriu com expressão maliciosa e engraçada completando com uma piscadinha: — E sexy! Tenho certeza que ele vai te recompensar bem por isso! Eu ajudo, se precisar!
— Você ajuda em quê? A me recompensar? — Ela riu falando com tom malicioso de volta e Jungkook arregalou os olhos entendendo a brincadeira dela e a soltando.
— Uow noona, não me complica, por favor.
Os dois gargalhavam, soltaram-se um do outro e ela voltou-se ao Namjoon:
— Tudo bem, se você me der uma ajuda para alcançar, eu consigo. E Jungkook... — Ela apontou um dedo advertente para ele: — É bom esses braços fortes darem conta de me segurar do outro lado! Eu quero voltar sem um arranhão pra casa! — E sussurrando de forma que só ela pudesse se ouvir disse: — Ou melhor, que não sejam esses os motivos dos arranhões...
— JK, só uma coisa! Você tem que voltar pro lado de cá pra gente entrar juntos de novo, vou te mostrar qual o ponto cego do muro. Tem que me prometer guardar esse segredo e não aprontar, garoto! — RM advertiu, sério, chegando perto do maknae e estranhou a situação, então Namjoon a explicou: — Eu sei um jeito de pular e fugir sem as câmeras nos pegarem, mas nunca contei a nenhum deles, porque você sabe...
— Aham, o líder, o exemplo do grupo e tals...
— Ah... Quem diria que nosso hyungteria este lado rebelde, não é, noona!?
Eles riram e Namjoon caminhou voltando pelo percurso que havia feito até encontrar . Chegando perto de uma árvore que ficava do lado de dentro do condomínio, e bem perto do muro, ele a apontou para os dois fugitivos novatos: a escritora e o maknae.
— É aqui. Você pula e pode ficar tranquilo que até o ponto da entrada não tem câmera. , quando você vir a estrada da entrada vai precisar passar por trás do prédio de administração do condomínio. A gente te espera um pouco depois dele, na estradinha principal. Não terá mais risco, mesmo que as câmeras te peguem não vai dar pra dizer que você não estava vindo da rua detrás.
— Uwaaaa! Hyung! Você é um mestre espião! — Jungkook zombou e já ia subir quando RM o parou.
— Espera! Tira o moletom e dá pra ela!
Jungkook lembrou-se que estava com duas blusas pretas de frio, e tirando a primeira, entregou para que o vestiu, escondendo a blusa branca larga por dentro da calça. Prendeu o cabelo e tentou ficar o mais disfarçada o possível. Vestiu a máscara de Jungkook e o boné preto. Escondeu a ecobag que estava atravessada ao seu corpo, também por dentro do moletom.
— Minha nossa, que armário veste isso? — Ela perguntou vendo que a roupa escondeu tudo muito bem e Namjoon sorriu — Hm, tinha que ser você, Electrolux.
Namjoon não entendeu e ela apenas disse que o explicaria em outro momento. Jungkook então deu alguns passos para trás e tomou impulso para subir no muro como um atleta de parkour.
— Uau, ele é mesmo bom em tudo, não é? — falou boquiaberta ao Namjoon.
— Não sei... “Tudo” o que já vimos nunca é suficiente para saber se é esse “tudo” para o Jungkook... — deu de ombros olhando o mais novo no topo do muro sorrindo para eles.
— Te pego do outro lado, noona! — disse e saltou de uma vez fazendo um barulho forte.
— Ai meu Deus, será que ele está bem? — falou preocupada pra Namjoon.
— Vem, sobe e me diz.
Namjoon se abaixou um pouco pedindo para que se aproximasse, e quando ela o fez, preparada para escalar, ele a pegou pelas duas pernas e ergueu a mulher sentando-a sobre seu ombro com uma facilidade viril que deixou de boca aberta. notou que Namjoon sequer tinha noção da sua força. A atitude dele fazia-a parecer uma folha de caderno.
— Ei, não vá me deixar cair!
— Jamais!
Ela não teve dificuldades para se erguer do ombro dele e apoiar os pés no muro apenas para dar mais impulso de chegar no topo dele. E com os braços ela conseguiu pendurar-se e transpassar uma perna pro outro lado sentando no muro. Vislumbrou o rosto sorridente de Jungkook que lhe fazia sinais de “jóia” com as mãos e voltou a encarar Namjoon dizendo:
— Ele está ótimo com aquele sorrisão no rosto.
Ela estudou os movimentos e girou-se para tentar descer de costas, e Jungkook já estava posicionado embaixo dela.
— Pode vir de costas ou de frente, noona! Eu te pego direitinho, sem medo!
A concentração dele era de alquém que parecia estar prestes a segurar a última cerâmica legítima da era Joseon.
desceu como se estivesse escalando, mas ao soltar as mãos foi impossível não cair de costas, e conforme Jungkook prometeu, ele a segurou no colo perfeitamente como uma cena de drama. Sorrindo para ela todo orgulhoso.
— Muito bem Jungkook, você me surpreendeu. Espero que ensine isso ao Taehyung.
— A te surpreender ou te pegar, noona? — falou de novo com expressão travessa e a mulher não pôde deixar de gargalhar.
— Os dois! — respondeu e ele a colocou no chão com cuidado — Agora vai, acho que você pode usar a árvore para alcançar o muro agora.
E como ela bem pontuou, sair de dentro do condomínio por ali, era mais fácil. Logo, Jungkook e Namjoon estavam juntos voltando pela entrada.
— Põe a mão nos bolsos, pra fingir que você guardou o boné e a máscara. — recomendou o mais velho.
A sorte estava ao lado de Taehyung, ou de . O segurança que havia os percebido na saída não estava mais no posto, e então, o substituto nem deu importância para os dois retornando, porque viu o rosto de Jungkook e o reconheceu como morador. Enquanto eles caminhavam pela estrada principal conversando tranquilos, estava passando pela parte de trás do prédio de administração, com a cabeça baixa e cautelosa. Em sua mente, nada diferente passava a não ser: “É bom mesmo você valer a pena, Kim Taehyung...”.
Jungkook e Namjoon a viram surgindo e respiraram aliviados, a abraçando e se apressando a alcançarem a casa-dormitório da BigHit.
— Você vai dormir aqui não é, noona? — Jungkook perguntou e Namjoon e se encararam em dúvida — Qual é? Depois desse rolê para entrar? Ela pode ficar aí esta noite não é RM?
— É... A gente resolve isso lá em cima, JK.
— Não precisa gente. Eu só vim jantar, se vocês não tem autorização pra me convidar para jantar, que dirá dormir aí.
Namjoon pensou a respeito dos riscos entre, ela sair ou não ainda naquela noite, e não via motivos para ela ficar. Entretanto, Jungkook falando que era bobeira ela ir embora e que eles poderiam deixar ela ficar, também não parecia uma ideia ruim.
— Relaxa hyung! O Tae não vai fazer nada com ela, não viu que é ela quem está sendo o lado mais interessado? — Jungkook brincou ao sussurrar para o Namjoon.
— Jungkook, você é muito traiçoeiro mesmo.... — zombou dando um cascudo no garoto, e percebendo que guardou o celular em seu bolso de novo, silenciaram o assunto.
[xxx]
Os três amigos adentraram na casa dos garotos, risonhos e falantes. Namjoon e Jungkook zombavam de por seu empenho em estar com eles, indagando se a razão era mesmo pelo Taehyung ou se era pela culinária do Seokjin.
— Chegaram! — Jimin avisou se levantando do sofá e com um sorriso de orelha a orelha indo abraçar a escritora.
— Oi Minie!! — sorriu largo e também abriu os braços animada, pois, Jimin adorava abraços latinos tanto quanto ela.
Logo, Jin e Taehyung estavam adentrando a sala onde a escritora estava cumprimentando Hobi recém-chegado. Tae observou a mulher de cima à baixo, totalmente boquiaberto com a maneira como ela realmente era bonita de um jeito tão natural. O rosto dela não estava totalmente limpo de maquiagem, mas era sutil. E as roupas que poderiam ter sido retiradas facilmente do guarda-roupas de um deles, davam um charme a mais, na opinião dele. parecia uma pessoa simples, tanto quanto era, de fato.
Ela colocou a ecobag de algodão, no sofá e abriu o fecho do moletom de Namjoon, que estava enorme nela, e Taehyung viu que as roupas eram todas — com exceção do jeans completamente alinhado ao corpo dela —, bem maiores que a mulher. As memórias de Tae foram ao dia da boate, em que ela estava vestida para matar, ao dia em que ela visitou a BigHit com um vestido floral romântico, e ao momento atual. Foi inevitável pensar como seria vê-la de pijamas ou acordando em uma camisola sexy.
— Taehyung! — Jungkook gritou no ouvido dele o beliscando.
— Aish! O que é?
— Você está aí babando há dois minutos! Nem falou com ela!
— Ah... É que ela está tão linda... — Taehyung disse ainda um tanto admirado e todos soltaram um risinho sem graça, pois a atenção estava toda voltada a ele, que nem se importou, sorriu e se aproximou dela dizendo: — Você é perfeita, não é?
sorriu de volta abraçando o garoto que sorria como uma criança diante do papai Noel, e mais uma vez o pensamento lhe ocorreu: “Fofo e matador, socorro!”.
— Eu não sou perfeita, mas chego perto. — Ela respondeu beijando o rosto dele e Namjoon pigarreou para que todos dispersassem o foco do casal.
— E aí, deu tudo certo? Ninguém notou vocês? — Hobi perguntou.
— A noona pulou o muro! — Jungkook explicou gargalhando — Foi legal!
— Não acredito! — Taehyung a encarou alarmado e segurou os braços dela para checar seu corpo e se estava aparentemente machucada ou não. — Como assim? Você está bem?
— Estou sim! Graças aos dois homens fortes que estavam lá. — Piscou para os amigos. — Quanto eu lucraria com a Dispatch pela informação de que Namjoon tem uma mente talentosa para crimes e que o Jungkook me pegou no colo como se eu fosse uma folha de papel?
— Uwa! Contem tudo! — Seokjin falou sentando-se no braço do sofá, e os meninos todos estavam curiosos.
— Yá! Que barulheira é essa? — Yoongi falou surgindo ranzinza na sala e os olhos esbugalharam ao ver vestida com as roupas de Namjoon, no meio da sala e um tanto aturdido: — Ué? Por que você está aqui com as roupas do RM?
— Oi Estranho! Boa noite, tudo bem?
Ironizou ela, sorrindo e Yoongi se aproximou confuso, mas satisfeito de vê-la ali, a cumprimentou com um abraço e um beijo no rosto e já vestiu-se em expressão de drama ao dizê-la, um tanto dengoso:
— Ainda bem que está aqui, Estranha! A minha vida amorosa está desmoronando!
— Ele tem uma vida amorosa? — Jimin perguntou baixinho para Hoseok.
— Por que será que não tenho dúvidas disso, Yoongi? — zombou e depois sussurrou: — Mas vê se não leva a minha pra esse buraco contigo, viu?
— Quer mesmo falar disso aqui? — sussurrou de volta.
empurrou Yoongi como se pedisse passagem, e felicitou-se por Taehyung ter ido à cozinha olhar os pratos e não ouvir aquilo. Yoongi caiu sentado no sofá, e Jimin surgiu com outra blusa para ela.
— É que está frio, mas parece que cabem duas de você nesse casaco do hyung... — Ele falou e ela agradeceu.
— Agora contem! Como foi a aventura de entrar no condomínio pulando o muro? — Seokjin pediu e Jungkook começou a contar.
— Eu vou ver se o Tae quer ajuda! — proferiu e saiu entrando, depois de trocar o moletom e soltar os cabelos por baixo do boné que também tirou.
Taehyung estava com uma blusa pólo azul marinho, calça preta de moletom e um avental na cintura, igualmente preto. Tinha luvas nas mãos, e uma máscara de proteção higiênica transparente em seu rosto. Uma faixa segurava seu cabelo para não cair na testa, e ele sacudia uma frigideira com algo que parecia ser repolho misturando o refogado com habilidade.
se aproximou devagar, parando no batente da porta e sorriu admirada, do tanto que ele estava fofo cozinhando. Ela passou as mãos pelo cabelo os enrolando para trás, arregaçou as mangas do moletom, e chegou mais perto dele, sendo então notada.
— Olha só, até que você sabe o que está fazendo!
— Eu não sou assim tão ruim na cozinha, igual os garotos fizeram parecer. — mencionou sorrindo para ela e a escritora poderia sentir as pernas amolecerem apenas com aquele sorriso — Prova, vê se está gostoso.
Taehyung pegou um pequena porção com o cheot-garak e direcionou até a boca de , que abriu os lábios sem desfazer o contato visual com ele. Taehyung compreendeu a atmosfera sensual e engoliu a saliva que o deixou um tanto salivante.
— Delicioso, Teteco. — Ela disse, com o apelido bem brasileiro que até então, o rapaz sequer conhecia. E após engolir, sorriu, depois levou a mão ao próprio queixo o analisando e riu mais divertida ao dizer: — Mas, você sempre cozinha assim?
— Assim como?
— Parecendo um atendente de lanchonete. — tocou no avental e apontou a máscara e luvas.
— Ah! — Taehyung sorriu e sem graça falou baixinho: — É porque eu estou fazendo isso pra você, só estou sendo cuidadoso.
assentiu satisfeita, e suspirou ao pegar outro avental e vestir-se.
— Ok, mas quero te ajudar. O que posso fazer, cheff?
— Ah , não... — Ele ia reclamar, mas ela o interrompeu.
— Não discuta com sua noona! Este ainda não é o nosso encontro. Certo? — Tae sorriu assentindo — Então me fala, o que posso fazer?
— Bem... O Jin hyungme falou que preciso despetalar as cebolas que estão na geladeira, então enquanto faço isso você poderia... — Taehyung olhou em volta tentando encontrar alguma tarefa delicada para . Não queria deixá-la com cheiro de cebola, e então viu a pouca louça na pia, mas não queria pedir a ela que fizesse aquilo. A escritora notou o olhar dele e foi até a pia.
— Eu faço isso. Relaxa.
Taehyung sorriu e depois de desligar o fogo e tampar a frigideira, se encaminhou para a geladeira a fim de pegar as cebolas. Posicionou-se à mesa da cozinha e iniciou sua tarefa minuciosa de separar as camadas. O som das risadas altas na sala aumentaram e Seokjin apareceu na porta da cozinha perguntando para eles se precisariam de ajuda. Observou os amigos separados cada um em sua tarefa e estranhou o silêncio. A ideia não era eles se aproximarem?
— Pessoal, tudo bem? Precisam de ajuda ?
— Oi Jin! Por aqui tudo bem! — falou para Jin ao olhar para ele — Pode ir se divertir com os meninos, porque pelo que vi o Tae já tem a situação sobre controle.
Alguns minutos depois, Taehyung terminou o que estava fazendo e encostava-se à mesa para observar que, estava atrapalhada com seus cabelos soltos caindo sobre o rosto, enquanto as mãos da mulher estavam cheias de espuma. Ele se aproximou, lavou as próprias mãos e os dois trocaram olhares cheios de sentimentos.
— Chora não Taehyung, ela ainda pode ser sua. — brincou deixando-o corado.
— É nisso que estou confiando. — Ele respondeu baixinho terminando de secar as mãos em um pano que, em seguida, ele pendurou sobre seu ombro.
Cruzou os braços e ficou observando a mulher ao seu lado, atarefada em terminar de esfregar a última peça de louça. Taehyung se direcionou então até as costas da escritora, e puxou um elástico fino em seu próprio punho. Passou as mãos de forma delicada pelos cabelos soltos de reunindo-os para trás e fez um rabo de cavalo baixo. retesou o corpo com aquela atitude surpresa de Taehyung.
— Obrigada. — Agradeceu e os dois se mantiveram extremamente pertos. Tae não se afastou dela, pelo contrário, depois de amarrar seus cabelos, ele deslizou a mão de forma delicada pela nuca da autora até alcançar seus ombros e ali permaneceu segurando um pouco mais firme.
A respiração de descompassou. Apenas ouvia-se a água batendo no fundo da cuba lavatória e o som do tique-taquear do timer do forno. fechou a torneira, retirou as luvas emborrachadas, mantendo o resto do corpo teso enquanto sentia o calor do corpo de Taehyung.
— Eu estou muito feliz por estar aqui com você agora. — Ele murmurou, com a voz um tanto embargada.
A autora mencionou girar o corpo e Tae a virou para si encarando-a fixamente nos olhos. Ela, da mesma forma não deixava de olhá-lo, entretanto sua vontade era de avançar o pouco espaço que lhes restava e beijá-lo. E o faria, se não fosse ele abaixando a cabeça para encarar o chão, soltando um suspiro pesaroso e dizendo:
— Obrigado. Obrigado por me dar uma chance mesmo depois de tudo.
— Vamos combinar uma coisa? — Ela proferiu após pigarrear percebendo a sua coragem dissipando e o notando atento — Não falaremos mais no que aconteceu ou não aconteceu, pode ser?
— Claro, desculpe!
Os dois sorriram entre si, e foi quem notou o silêncio aterrorizante na casa.
— Não está... Quieto demais?
Taehyung deu-se conta e olhou para a saída da cozinha e então os dois caminharam silenciosos a fim de espiar o que os outros estariam fazendo, mas quando olhariam pelo corredor, o rosto pálido de Yoongi surgiu. E assim perceberam a fila indiana de seis idols escorados na parede do corredor para a cozinha, que antes espreitavam ao casal.
— Você é impossível! — reclamou batendo em Yoongi.
A algazarra de broncas, risos, e drama foi feita novamente, e Taehyung suspirou de novo. Parece que sempre haveria alguém entre ele e a . O timer do forno apitou, e ele foi encerrar a razão do encontro: o jantar.
[ xxx ]
e os meninos jantaram e conversaram bastante sobre seus trabalhos, projetos futuros, expectativas dos rapazes e decidiram iniciar uma competição de videogame entre eles. Enquanto Taehyung competia com Jimin, Yoongi cutucou e sussurrou no ouvido dela:
— Será que a gente pode conversar lá no meu quarto?
A amiga percebeu que ele havia segurado o assunto até quando pôde, e então sorriu, deixando sua taça de vinho na mesa da cozinha e indo para o cômodo dele junto com Yoongi. Jungkook observou aos dois saindo pelo corredor dos quartos, assim como Hoseok também e eles trocaram olhares desconfiados, mas se mantiveram silenciosos.
— E aí, o que aconteceu? — Ela perguntou já entrando e puxando uma cadeira de computador para se sentar enquanto o amigo fechava a porta do quarto.
— Eu preciso que você analise uma situação e me ajude a pensar em como eu posso resolver a...
— Cagada que você deve ter feito. — o interrompeu, rindo.
Yoongi assentiu derrotado, e se jogou na cama, sentando escorado à parede, cruzando as pernas em indiozinho, e permaneceu na cadeira de frente para ele.
— Saí da festa e fui encontrar a Maya, e tudo rolou normalmente até que... — Pausou e esfregou os olhos vendo que teria de explicá-la do início: — É o seguinte, existem uns acordos entre a gente. E um deles é que a Maya não gosta que eu durma na casa dela, assim como ela não dorme no meu apartamento. Então, dormir juntos é algo que não pode.
— Ué? Por quê?
— Não sei, acho que é uma autodefesa dela.
— Ela sai com outras pessoas também, não é? — indagou e Yoongi assentiu com a cabeça e mordeu o lábio inferior pensativa, por breves segundos e perguntou: — E este acordo é só com você ou com todos os caras?
Yoongi piscou com a boca aberta um pouco pensativo.
— Ãhn... Acho que com todo mundo... — E puxou o ar entredentes cruzando os braços e inclinando a cabeça em dúvida: — Exceto o Jin... Com ele era diferente.
— Espera, a tua garota sai com o Seokjin também? — estranhou erguendo um pouco o tronco da cadeira.
— Eles são melhores amigos, mas antes de nós sairmos ela saía com ele. Agora não mais, segundo ela. Eu nunca perguntei para ele porquê... É estranho né.
— Bem, isso explica algumas coisas... — disse ela com ar de entendimento.
— Que coisas?
— Não, toca o barco. Depois eu explico. Então você dormiu com ela e “quebrou” — fez aspas com as mãos — esse protocolo?
— Exatamente! Só que não só isso desencadeou a discussão. Eu acabei dormindo e no dia seguinte ela não gostou nada de eu ter acordado do lado dela, estava muito estressada como se aquilo fosse a pior coisa do mundo, e me disse que não deveria se repetir mais, se não as coisas entre a gente teriam que chegar ao fim, e eu fiquei irritado! — Yoongi começou a contar se lembrando da situação e fazendo caras e bocas que deixavam bem nítido para o quanto ele parecia gostar da Maya — É um absurdo não é? Fazer um escarcéu só porque eu acordei lá? Eu fiz até café da manhã pra gente! Ou seja, uma gentileza! E ela me olhou como se eu estivesse tentando dominá-la! E foi aí que a coisa desandou, porque eu despejei nela algumas coisas. Lembra-se que eu já havia falado com você sobre estar em desacordo com alguns... Como você diz, protocolos?
— Sim, e eu me lembro de falar com você que, o que deveria era conversar abertamente com ela sobre as suas insatisfações. Coisa que pelo que vejo, você não fez... — arqueou a sobrancelha com maneiras irônicas.
— Não dá pra conversar com ela, ! Se você conhecesse a Maya saberia o quanto ela é... Contundente... Imponente, e isso me deixa um tanto acuado, confesso.
— Você quer uma mulher forte ao seu lado, mas tem medo dela? Ela é sua amante, não a sua mãe, Yoongi. — sorriu ao dizer.
— O que você quer dizer com isso? Acha que eu só estou com ela por algum complexo de Édipo?
— Convenhamos... A sua mãe te domina e pelo nosso pequeno mal entendido já deu pra notar que há uma expectativa de que você vá se envolver com pessoas que te dominem também. É o que te atrai.
— Rá! — Ele entortou a boca grunhindo sarcástico e apertou os olhos a perguntando em tom desafiador: — E baseada em que você presumiu isso? Na minha relação com a minha mãe?
— Sim. — disse simples, cruzando as pernas e os braços e deixando o corpo descansar mais na cadeira giratória, enquanto a girava levemente de um lado a outro — Na sua relação com a sua mãe que eu pude presenciar, nas coisas que a sua família disse a mim quando eu fui até lá no papel da sua namoradinha, nas coisas que você mesmo disse a mim... Ou se esqueceu que desabafou comigo também naquela viagem, sobre as suas inseguranças com mulheres, seus relacionamentos e as expectativas familiares? Ah! E claro... Me baseio também, na nossa relação. Yoongi, você diz que não foi um interesse físico, mas já percebemos que todo mundo observa um padrão em você. Mulheres decididas te atraem, se não sexualmente, é o tipo de relação que você quer por perto!
— Aaaah! — Ele comentou em tom convencido e um pouco ofendido: — Então você está dizendo que eu só me tornei seu amigo porque você é toda poderosa?
— E não foi? Se não, então o que te chamou atenção em mim naquele programa de TV ao ponto de vir me procurar no meu escritório? Porque até onde você disse, era sobre ajudar o Taehyung, mas veja só... Você não moveu muitos dedos para me aproximar dele. Só você se aproximou. E eu até acreditei que era uma curiosidade sem intenções, e que depois de me conhecer você só enxergou afinidades. Depois, não podemos nos esquecer da sua mãe e aquela loucura... Tudo foi nos aproximando, e até então eu acreditei que era só uma amizade legal surgindo. Mas aí....
— Pelo amor de Deus, o que é que você está pensando? — Yoongi a interrompeu um pouco nervoso e chocado, e sentindo as mãos suarem, esfregava os cabelos indignado, embora tentasse disfarçar com uma postura habitualmente tediosa.
suspirou analisando os trejeitos. Era exímia em observar e ler comportamentos das pessoas na maioria das vezes, principalmente, se ela não estivesse emocionalmente envolvida à situação. E compreendeu que estava no caminho certo quando leu o claro nervosismo do amigo, mas, por mais que a ideia em sua mente lhe assustasse, ela estava tranquila seja qual fosse o caminho final.
— Como eu dizia... — continuou calma, após a interrupção de Suga — Mas aí, os recentes fatos me fizeram perceber que não é só uma amizade. É uma espécie de dependência. Você é carente! Busca uma mulher que te dê respostas do que fazer ou como agir, tal qual a sua mãe, e bem... Isso é o mais comum entre nós. Eu simbolizo o padrão que você procura, e me parece que a Maya também, já que ela é tão imponente como parece. Não sei as razões da sua psicose Yoongi, mas confesso que a única coisa destoante é que eu não entendi ainda, por que, se eu estiver errada como você vai dizer... Você presta tanta atenção e se liga tanto a mim, ao ponto de, inclusive, invadir a festa do Gray apenas para não perder seu posto na minha vida? Suas intenções são sempre tão estranhas...
dialogava com uma filosofia curiosa, que não só deixava Yoongi tenso por parecer que ela sabia mais do que ele sobre tudo, quanto o deixava admirado. A amiga sempre o fazia prescrutá-la com olhos admirados, curiosos e de certa maneira ofendidos. E naquele momento, sentada como uma terapeuta com a autoridade da verdade nas mãos, e ao mesmo tempo, parecendo apenas a melhor amiga que o deixava confortável e boquiaberto por ser emocionalmente tão inteligente, lá estava Suga; de boca aberta e olhos semicerrados, confuso sobre qual era o assunto principal que tinham.
— Você não consegue acompanhar meu raciocínio, de novo. Bem, que tal me dizer por que invadiu a festa do Gray? Essa resposta pode me ajudar a embasar ou refutar minhas próprias teses.
Yoongi franziu o cenho como se estivesse contra a parede.
— Eu não invadi. Eu fui convidado, e eu só fui lá para ter certeza que você estaria bem.
soltou um resmungo desacreditado e estalou a língua, desviando o olhar pelo quarto.
— Quer saber? Vamos entrar nessa pauta daqui a pouco! — Ela perdeu a paciência com a insistência de um discurso de que ela precisasse ser protegida de algo ou alguém e abanando as mãos no ar apertando com o indicador e o polegar o topo de seu septo ela pediu: — Só, termine de contar sua história pra ver como podermos fazer você recuperar a Maya... Aliás... — voltou a encará-lo, aproximou a cadeira em que estava sentada, a arrastando com os pés até a cama para falar de forma mais séria e diretiva a ele: — Por que tanta impassividade da Maya com algumas quebras de protocolo? Isso é estranho! Não pensou nisso? Quero dizer... O Jay também fez algo que combinamos que ele não faria, mas eu não saí com os cachorros nele. Isso não te ocorre nada, Yoongi?
— Ocorre que, eu acho que ela não quer nenhuma aproximação mais íntima comigo, e por isso quando viu que eu estava lá ela ficou mal-humorada. Sei lá, parece que ela não quer dar chance de se apaixonar.
— Exatamente! E se esta é a situação, você pode estar ameaçando a segurança dela! A Maya pode estar se apaixonando e por isso quer evitar e manter as coisas dentro das regras certinhas. Mas, Yoon, você é um emocionado e sabe disso! O que você quer dela? Precisa saber a resposta e dizer a ela! — suspirou, estalou a língua fazendo careta e apontando a ele como se o bronqueasse, concluiu: — E eu já te dei esse mesmo conselho antes! Pare de fugir de pôr as cartas na mesa!
— Eu quero ficar com ela sem medo de agir, é só isso! Aish... Se ela não quer se apegar é só entender que não vamos namorar! Mas, porque ela não pode ser mais despreocupada eu fico pisando em ovos! E foi isso que eu disse para ela! Claro que... Eu estava irritado então não falei direito. Na hora, acho que pareceu que eu estava a culpando... — Ele tampou o rosto com as mãos antes de continuar: — Eu disse a ela que a gente deveria não se preocupar com isso de dormir juntos, porque era só dormir. E que tudo bem trocar algumas refeições juntos, e não se encontrar só pra foder. Eu disse que ela estava me usando como um objeto sexual dela, e me sentia mal por parecer que eu estava fazendo o mesmo... E que ela deveria me deixar ao menos incluí-la na minha roda de amigos, na minha rotina, e não ficar à disposição de quando ela ficasse com tesão já que nem quando era o contrário ela estava sempre ao meu alcance. Ou seja... Eu pisei na bola. Não é?
deixou a boca abrir em choque e piscou aturdida.
— Disse mesmo tudo isso?
— Disse. Soou babaca, mas era como eu estava me sentindo! Ainda mais depois de ver que você e o Jay estavam numa boa entre os amigos dele, e sabendo que você não vai namorar com ele, eu vi que era só uma questão de não dar importância.
— Espera... Está baseando seu lance com ela, em terceiros? Está usando minha relação com o Park como modelo?
— Não, claro que não! Eu só quis dizer que, se vocês podem ser amigos de foda que não se preocupam em fazer outras coisas que não só encontrarem-se para isso, por que ela e eu, não? O Jay não pretende assumir nada contigo, e a Maya também não, então por que ela não poderia ser um pouquinho mais madura?
de novo, levou a mão à boca, chocada. Esbugalhou os olhos e bateu na perna de Yoongi.
— Porra você é doido?! Yoongi! Tem tantas coisas erradas, de novo, na sua fala que eu... Sinceramente, olha... Eu nem sei... Por onde começar a lavar a sua cara!
— Não, não vai ficar contra mim né? — Ele se mexeu, descendo um pouco da cama e sentando na beirada — O Seokjin já deu razão à Maya.
— E eu também dou. O problema é a forma como você falou, não o que você sente. Sentimento é sentimento, a gente só precisa explanar e tentar racionalizar as consequências deles. Mas Yoongi, se ela te propôs uma coisa e você aceitou lá atrás, precisa dizer quando quer as mudanças, e não jogar a reponsabilidade nela como se ela fosse culpada dos seus sentimentos mudarem. Você diz que não quer apegar-se a ela, mas no fim você quer. Pode não querer um namoro, mas quer algo que faça você se sentir mais próximo a ela, e não um caso sem importância. Só que parece que não é o que ela quer, e sabendo disso, você está tentando não só ganhá-la na força, como está comparando sua relação com ela à outras! Aliás... Outras não, né? Você está perseguindo o Jay, e eu também quero saber a razão disso!
Yoongi ia falar, mas ela ergueu uma mão para ele esperar ela acabar.
— Deixa eu terminar por favor! A primeira coisa é você pedir desculpas a Maya! E ser sincero, pelo amor de Deus! Você quer essa mulher e está com medo de perdê-la pra outras pessoas, ou talvez esteja imprimindo nela alguma outra coisa. Sei lá, talvez uma frustração? Não sou psicológa, então não sei dizer bem, e isso nos leva à outra atitude que você precisa tomar: terapia. Procure uma terapia Yoon. Você precisa se entender por dentro, e é na base da psicanálise!
— Eu vou ligar pra ela. Vou tentar me desculpar e pedir pra gente conversar quando ela voltar... Mas, o Jin acha que ela não vai me procurar mais.
— Então se esforce, se ela vale tanto pra você, se esforce. Não deixe ela tentar se esforçar sozinha...
disse aquilo e desviou o olhar pro chão percebendo como o conselho valeria para Taehyung também.
— Obrigado. — Yoongi pegou na mão dela, puxando a cadeira para ainda mais perto e levou uma mão aos cabelos da amiga notando o semblante dela um tanto preocupado: — Ei, você está bem? De repente, ficou melancólica com alguma coisa.
— Eu acho que... Ele está tentando... — Ela movimentou a cabeça para a porta, denotando que falava do Tae — mas, eu sinto que tem alguma coisa errada. Parece que não vai rolar. Hoje na cozinha ele se aproximou de mim, e eu queria tanto beijar ele, mas assim como ele parecia incerto, eu também senti como se fosse uma... Aproximação estranha. Como se fosse uma obrigação ele tentar se aproximar de mim e... Sinceramente, Yoongi! Eu pulei um muro! Uma mulher de 22 anos pulando muros por causa de um garoto de 20, mas que age como alguém de 15 fazendo a diferença de idade parecer até maior!
— Mas você não veio aqui para ver e estar com seus amigos também? Aliás, eu também fui o motivo de vir, não é? — Yoongi perguntou fazendo bico, e aproveitando que estava acariciando os cabelos dela, ele encostou na bochecha dela com o indicador, como um hábito corriqueiro entre eles, de “perfurar covinhas”.
— Você foi a última tarefa da lista, Estranho. — Ela riu — Inclusive, propus que te amarrassem no quarto.
— Definitivamente eu dou muito mais valor a você do que você a mim. — Yoongi fez uma careta soltando os cabelos da amiga — Mas, agora falando sério... Você está desistindo do Tae? É isso?
suspirou e abaixou a cabeça remexendo os dedos das mãos e as encarando, frustrada.
— Não sei Yoon. Mas é que... Eu me sinto pisando em ovos... Só que de um jeito diferente de como você disse que se sente. Por exemplo; por que eu simplesmente não beijei ele na cozinha? Por que eu esperei uma abertura ou iniciativa dele? Parece que o Tae está incerto, inseguro, sei lá... E eu não preciso ou não deveria estar passando por nada disso, sabe? — E enfim encarou, chateada, ao Yoongi o perguntando retoricamente: — O que esse garoto tem que me faz resistir tanto a deixá-lo de lado? Por que eu quero tanto sentir o sabor da boca dele?
Yoongi pigarreou e franziu o cenho ao ouvir uma revelação tão intensa da amiga. Por mais que ele soubesse, sempre achou que o interesse dela era bem mais movido pela atração física do que por um sentimento. E aquilo se parecia um pouco com o que chamam de paixão platônica. E assustava. não era o tipo de mulher que alimentava ilusões infantis, era sim, sentimental, mas era mais, uma mulher prática. E ouvi-la dizer que havia um magnetismo em Taehyung que a levava até ele lhe trouxe um pouco de preocupação.
— Eu preocupado que você se magoe pelo Park, e parece que é o Tae o problema... — murmurou a encarando fixamente.
— Bom tocar nisso. Vamos conversar abertamente sobre essa sua possessividade com meu relacionamento? Aliás, não esqueci os absurdos que disse agora há pouco e precisamos falar sobre muitas coisas! Agora que te ouvi e aconselhei sobre a Maya, vamos jogar limpo sobre nós dois.
— , eu não sei o quê você está pensando, mas não é possível que seja tão estranho assim eu só querer o melhor pra uma pessoa que eu sei que merece o melhor! Depois de tudo o que eu vi naquela festa, eu só tenho mais certeza ainda de que você não vê os riscos...
— Que riscos, Min Yoongi? Você diz que o Jay não pretende me assumir ou me pedir em namoro, mas baseado em quê? Você nem sequer sabe que tipo de relação temos, e na verdade nem é da sua conta! — Yoongi fechou os olhos jogando a cabeça para trás como se quisesse fugir do assunto, suspirou e perguntou: — Yoon, pode me contar qual o seu problema com o Park? E nem venha criar desculpas esfarrapadas porque eu soube que você não falava com o Gray há três anos! Então explique-me porquê e como, você aparece na festa da casa dele após isso tudo?
— Quem te disse isso? O seu namoradinho? — Ironizou ele frustrado por saber daquilo.
A escritora ajeitou-se na cadeira de forma mais contudente e pegou o queixo de Yoongi segurando de forma a fazê-lo não desviar os olhos aos dela.
— Yoongi! Para! — disse ela séria o encarando fixamente e os dois ficaram em um breve silêncio se encarando — Para de ser crianção! Foi o Gray quem me contou, e o Jay não é meu namoradinho, e mesmo que fosse, não fala assim!
— Não foi o que pareceu na festa ontem... — retrucou ele com os olhos apertados na direção dela — Ele praticamente se declarou para você naquela música! E você parece aceitar muito bem a atenção que ele te deu... Aceitar os sentimentos dele.
— Cara! — soltou o rosto de Yoongi e passou as duas mãos nos próprios cabelos, indignada — Você tem algum distúrbio! Primeiro que, está falando como se a minha cumplicidade com ele não fosse a mesma coisa pela qual você está usando de munição contra a coitada da Maya! Não era você que estava falando com ela sobre ter um lance como o meu?
— Eu não disse isso! — Yoongi se irritou um pouco — Em momento algum falei que estava me espelhando em você e no babaca do Park! Por que todo mundo fica falando que eu estou projetando coisas externas na minha relação com a Maya?
— Porque você é assim! Observa ao redor, e como um esponja, sem notar e sem esforço apenas absorve as coisas! Absorve até os sentimentos que não são seus! E a cada fala sua, mais me convenço de que foi exatamente isso que fez com o Taehyung!
— Acha que eu me interessei mesmo por você? — A pergunta soou ríspida, um tanto perturbada e Yoongi sorriu ladino, abrindo a boca com indignação e apoiou os braços para trás no colchão, como se fosse rídicula — Uwaaa! Como você é convencida!
— Suas ações me levam a acreditar nisso. Primeiro foi o Taehyung, agora é o Jay. Primeiro você absorveu o interesse do Tae, e agora está tentando absorver a cumplicidade de casal que eu e o Jay temos.
— Ah fala sério ! Eu não giro em torno do seu mundo! E você e o Park nem são e nem serão um casal!
— Olha aí você se contradizendo de novo! Precisa decidir se ele é o vilão que só quer brincar com meus sentimentos, ou se ele é o cara caidinho na minha que até se declarou ontem! Precisa decidir que culpas vai jogar sobre ele Yoongi: o de tomar o seu espaço na minha vida com o benefício de que ao menos, eu transo com ele, ou se ele é o cara mau por seja lá qual for a merda entre vocês!
Yoongi se ergueu irritado, colocando uma mão em cada braço da cadeira giratória em que ela estava, e puxou a cadeira de totalmente para a cama, posicionando-a entre as pernas dele e a encarou, irritado. E já ia soltar um monte de palavras confusas, quando ao ver a placidez no rosto certeiro da amiga, ele apenas bufou e inclinou a cabeça ao olhar para baixo, e a respiração saiu mais calma.
— Você quer me contar o seu problema com o Park, ou eu devo mudar a pergunta?
— Que pergunta? — Ele falou de forma impaciente, mas baixinho.
— Você quer transar comigo, Yoongi?
Yoongi deixou o queixo cair um pouco e uma expressão “de nada” tomou seu rosto.
Já na sala, os garotos não repararam a saída dos dois, exceto por JK, Namjoon e agora, Taehyung que após vencer Jimin nos jogos, sentiu a ausência de e Yoongi.
— A noona vai dormir aqui mesmo? Por que começou a chover... — Jungkook perguntou retornando à sala com um pote de cereais com leite nas mãos.
— Jungkook, não é possível que ainda está com fome! — Seokjin falou ao desviar o olhar do videogame na tv, para o maknae.
— Ér... — Hobi pigarreou olhando para Namjoon e ponderando sobre a pergunta dele — Eu acho que a gente pode deixar ela por aqui hoje, não é Nam?
— Vamos ver primeiro, se ela quer, e então organizar onde ela vai dormir. Eu sugiro que alguém ceda a cama para ela. — Namjoon falou e Taehyung se ergueu do sofá, ansioso com a deixa certa para ir até a escritora.
— Eu vou chamá-la.
Taehyung estava curioso para qual a razão de tanta demora entre eles no quarto, ou que tipo de conversa seria aquela. Ele ouviu as vozes dos dois um pouco mais acaloradas, principalmente a de Yoongi, quando se aproximou da porta e preocupado abriu uma brecha sutil, antes de dar as caras. Eles estavam discutindo? Foi quando seus ouvidos captaram a pergunta calma de :
— Você quer transar comigo, Yoongi?
Tae sentiu o rosto paralisar em choque, e devagar olhou para dentro do quarto pela brecha. Yoongi estava calado, em aparente ausência de reação, encarava o rosto de e ela ao dele, mas tudo estava muito confuso! A atmosfera de discussão se contrapunha ao cenário: Yoongi segurava a cadeira de entre suas pernas e eles pareciam bem próximos, e ela mantinha as mãos sobre os próprios joelhos, nem acuada, nem tímida, mas como se fosse Suga, um interrogado. Que tipo de pergunta era aquela e o que estava acontecendo?
Noona: Pronome de tratamento coreano, utilizado de um rapaz mais velho para uma mulher mais velha, de idade aproximada. Comum entre amigos, namorados ou irmãos. Antônimo de ”oppa”. Timing : Expressão americana utilizada para dizer que a pessoa perdeu o momento adequado para algo. Mangá: Quadrinhos japoneses tipo “HQ”. Sunbae: Pronome de tratamento para alguém superior no trabalho, estudo. Tipo um “veterano”. Uwa: Interjeição coreana como “uau”, “minha nossa”, “sério?”. Oh My God: Expressão em inglês. Tradução: “Oh meu Deus!”. Hall: Expressão em inglês que se refere a uma sala pequena, uma entrada ou espaço tipo salão. Lakorn: Como são chamados os dramas televisivos (doramas) tailandeses. Cartoons: Desenhos animados ou estilo de ilustração. Kpop: Expressão designada ao estilo pop musical, coreano. Debut, Début ou Debute: Expressão que se refere à estreia de um grupo de kpop, ou de um trabalho. Break: Expressão em inglês que significa “quebra”, mas no contexto da história se refere a uma parada para um comercial. Idols: Nome dado aos ídolos coreanos do KPOP. Army: Nomeação dada ao fandom de BTS mundialmente. Fandom: Fã-clube. Oppa: Pronome de tratamento designado de uma mulher para um homem significa que este homem é mais velho do que ela, e pode se referir a um irmão mais velho ou um pretendente a namorado. Komawo: Maneira informal de se dizer “Obrigado”, em coreano. Yá: Interjeição muito utilizada pelos coreanos para chamar a atenção num diálogo, tal como um “Ei!”. Stalkear: Ação de vigiar, perseguir ou bisbilhotar alguém pelas redes sociais. Aigoo e Aish: Interjeições coreanas de descontentamento, tal como “Ah não!”, “Droga!”. Hyung: Pronome de tratamento de um rapaz para outro, que é direcionado a amigos ou irmãos que sejam mais velhos. Anyeongseo: Maneira formal de dizer “Olá”, ou de dar cumprimentos iniciais ao encontrar as pessoas. Ajhumma: Pronome de tratamento de jovens para mulheres mais velhas, similar à “senhora”. Ajhussi: Pronome de tratamento de jovens para homens mais velhos, similar ao “senhor”. Soju: Bebida alcóolica típica coreana, feita de fermentado de arroz. KBS: Empresa de televisão sul-coreana. Manager: Expressão em inglês. Tradução: Dirigente, chefe de empresa. Refere-se a pessoa que cuida da organização material de espetáculos, concertos, campeonatos etc.; Quem agencia a vida profissional e os interesses de um artista ou desportista; agente, empresário. Seventeen: Outro grupo de KPOP. Ommoni e Omma: “Mamãe” e “Mãe” em coreano. Bastardo: em coreano é um xingamento muito comum, tal como o “idiota” utilizado no Brasil. Anyo: “Não” em coreano. Appa: “Pai” e “Papai” em coreano. Ne e Eong: “Sim” em coreano. Sendo “ne” o modo informal falado. Maknae: Maknae é o membro mais novo de um grupo. É muito comum ver gente falando de “hyung line” e “maknae line” dos grupos, a linha dos membros mais velhos e a linha, dos membros mais novos. Cheot-garak ou Jeotgarak: o nome dado ao “hashi” na Coreia. Na verdade, é o pauzinho feito em aço ou metal, utilizado tipicamente pelos coreanos. Manhwa: Um estilo coreano de mangá, que diferente do tradicional japonês é colorido. Diferente do mangá, no manhwa a leitura é feita da esquerda para a direita, tal como no Ocidente. Além da diferença entre mangá (Japão), manhwa (Coréia do Sul) e manhua (China), serem seus países de origem, entre si, eles também tem características e estilos próprios. Guys: Gíria americana equivalente a “caras”, “pessoal”, “galera”. M.E: Sigla para o nome da empresa que ela trabalha, a “Mangaká Enterteinament”. Jae-Beom: O nome do Jay, é Park Jae-Beom sendo, “Jay” o apelido e alcunha artística. Dakgangjeong: Prato típico coreano, de frango frito, sem pimenta e agridoce. Dispatch: Um dos principais sites de notícias e fofocas das celebridades Sul-Coreanas.
Nota da autora: Esta fanfic é resultado de um surto coletivo chamado “Terapia em Grupo” no whatsapp, e que a quem participa irá entender. Enfim, o fato é: estão preparadas para saber como você conheceu e se tornou amiga destes sete garotos e se casou com um deles? Deixem seus comentários, eles são muito importantes para quem escreve viu? Um beijinho, e até a próxima!