Autora: Li
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Finalizada em: 09/11/2025.
Capítulos: Capítulo Único




POV 1° PESSOA – VAVO

O tempo vai, a noite cai…

Sinto falta daquelas noites em que a tinha aqui pertinho. Podia sentir seu cheiro, seu calor, teu corpo no meu, mas hoje em dia isso não é mais direito meu. Infelizmente ela se foi e eu não posso mudar esse fato.
A independência dela é admirável.
O frio de Porto Alegre tornou-se cada vez mais insuportável sem ela aqui para me aquecer. O meu porto seguro era ela e continua sendo. Faz mais de cinco – longos – anos que ela se mudou e desde então, como disse antes de partir, não voltou mais pra cá. Ela não me telefona mais, não responde as minhas mensagens em toda e qualquer rede social que ela tem. Aparentemente se não sou bloqueado, sou ignorado em todas.
Caramba, ela disse que não queria mais e falou sério. O que me resta é lamentar. Isso me mata, o que posso fazer? Ir atrás dela em São Paulo? Quem sabe um dia eu me encorajo...

E chega o tempo de ver o que vou fazer…

Arrumo as coisas do meu apartamento. Todas as coisas que ela esqueceu aqui em casa e que disse que não queria mais. A camisa do Internacional que eu comprei pra ela com tanto carinho, ela largou aqui. Liguei no dia seguinte dizendo que havia esquecido e sabe o que ela me disse?
“Não preciso mais. Obrigada!”
Nossa! Que frieza! Isso o que dá tentar agradar uma pessoa, ela te pisa, lhe dá patadas e tu ainda consegue amá-la com a mesma intensidade. Eu a amo demais e isso não mudará em meu coração partido e – quase – cicatrizado.
Não é muito normal, mas eu sempre choro à noite, quando está muito frio, lembrando dela. Inevitável. Amigos me contam que ela não se relacionou com mais ninguém desde que me largou, apesar dela sempre dizer que está feliz e amando outro cara. A conheço desde que tinha 19 anos. Hoje, com 24, ela continua a mesma pessoa: linda, incrível, independente – depende do momento – e perfeitamente sincera. Tendo a capacidade de olhar no fundo dos olhos da pessoa e falar o que sente. Na lata! Coisa que pra mim é totalmente impossível, mas será que nem por ela eu conseguiria superar meu medo de falar as coisas que sinto?
Preciso mudar isso e será agora!

Você chegou, me viu e entrou…

Numa tentativa desesperada de tentar continuar vivendo, eu liguei pra ela. Mantinha o mesmo número. Não sei se numa tentativa de uma possível volta, mas nunca tive coragem de falar. Ela, quatro anos atrás, ligou pra mim e veio aqui em casa. Bateu na porta e eu fingi não ouvir. Sabia que eu estava em casa e ficou lá proferindo tudo o que havia para dizer. Disse que me amava e que não poderia ficar mais nenhum dia sem mim. Me deu vontade de sair do meu casulo infantil e agarrar ela com tudo, beijá-la e desejá-la de novo. Mas não fiz isso. O máximo que consegui fazer foi abrir a porta e vê-la descendo as escadas. Tentei gritar, mas as palavras não saíram. Me abandonaram num momento importante.
Porque a minha timidez tem que ser assim? Isso me dá nos nervos.
Fico nervoso, tímido, sem graça e sem reação quando preciso falar algo importante para alguém. Isso vem desde os tempos de escola... Enfim, ela me retornou e perguntou a que se devia o milagre de minha ligação – irônica como sempre. Disse que queria conversar com ela. Indagou-me:
“Mas agora? Depois de cinco longos anos tu vens me dizer que quer conversar? Me convença a ir até aí então.”
Ela não é fácil! Ô guria teimosa e difícil. Não me perguntem as palavras que usei para convencê-la a vir, mas ela topou e veio. Ao chegar no aeroporto me ligou dizendo que estava vindo. Abri a porta do apartamento, ela me viu, entrou e sentou-se no sofá, cansada da viagem.

E eu já fico tenso só de observar você…

Estava linda como sempre. Acho até que estava mais bonita, mais fofa, mais tentadora do que há cinco anos atrás. O tempo fez bem pra ela. Acho que a minha ausência fez bem pra ela. Conversamos.

— Nossa piá! Estás linda! — me rendi à sua beleza que, posso afirmar, está mais acentuada do que nunca.
— Obrigada guri, tu também estás um gato — elogiou com seu lindo sorriso. — Continua lindo. Cortou o cabelo, né?
— Reparou! Sim ,cortei!
— Bem melhor assim do que aquela “mata” que tinhas em cima da cabeça antes — zombou. — Mas vamos ser diretos, ok?
— Ok!
— Estou pronta para ouvir o seu discurso de antes. Fale.
— Ok. Então vamos conversar...

Quem disse que consegui falar algo?
Não saiu nada da minha boca. Absolutamente merda nenhuma. Não é possível que nem num mero sonho eu não consiga falar o que quero para ela. Sonhei isso e acordei chorando.
Decepção.
Era tarde, por volta das 23h, liguei meu computador e fui até o perfil dela. Fiquei lá olhando suas fotos. Tão linda. Meu coração dispara emocionado a cada vez que eu aperto o botão para mudar de foto. Queria poder senti-la de novo, tê-la de novo, tomá-la de assalto de São Paulo diretamente para Porto Alegre e jogá-la sobre a cama. A nossa cama ainda está aqui à espera dela, mas se depender da minha coragem, nossa cama continuará sendo só minha.

E se você retribuísse? E se eu conseguisse?...

Seria tão fácil chegar e falar. É fácil! Mas vai falar isso pra minha timidez infernal? Isso me irrita e me deixa estressado. Seria tão bom se ela retribuísse meu carinho. O meu querer…
O pior é que ela demonstra querer voltar, pelo menos a minha mente acha isso. Algumas atitudes dela deixam bem claro que ela me quer de volta assim como eu a quero. Desejo tanto tê-la de novo. Me lembro do dia em que ela se entregou pela primeira vez pra mim. Foi diferente. Nunca havia ficado com alguém sem experiência no assunto. Fui um cavalheiro com ela, como sempre fui com todas as outras, mas com ela teve mais carinho, mais amor. Queria poder ter essa sensação novamente, mas eu acho que isso só irá acontecer quando eu for até São Paulo. Ah, quer saber de uma coisa? Não irei mais esperar.
Decidi: irei vê-la e será hoje!

Não ia ter motivos pra te escrever depois de voltar…

Arrumei minha mochila e fui até o aeroporto, comprei passagem para São Paulo e fui ao seu encontro, sem avisar. Será que ela ainda mora no mesmo endereço? Tomara que sim, pois assim não me dará muito trabalho para encontrá-la. Tomara também que ela esteja em casa. Pelo horário, ela deve estar chegando do trabalho. Fui direto para seu apartamento no centro da cidade. Sei andar por aqui por conta da minha banda. Tocamos muito pela cidade. Confirmei com o porteiro do prédio se era ali que ela morava. Certeiro! É ali mesmo. Agora só resta esperar por ela. Mas porque estou aqui com minha cara de bunda redonda olhando pra cara do porteiro se eu tenho as chaves? Subi! Vou esperar por ela lá. Inventei pro porteiro que iria visitar um vizinho amigo meu, que de fato mora nesse prédio, mas não estava em casa. O porteiro não sabia, porém isso não é problema meu. Eu subi e abri a porta do apartamento. Estava com o cheiro dela. O perfume delicioso que ela usa até hoje.

Então porque eu não cheguei e falei o que eu tinha pra dizer pra você?...

Pensei em voltar atrás, sair dali e trancar a porta do apartamento como se nada tivesse acontecido. Mas não o fiz. Me mantive firme e forte ali na sala. Aconteceu tanta coisa naquele apartamento. Coisas lindas. A última vez que estive aqui foi numa noite em que eu a tive pela última vez. Preparei tudo pra ela. Peguei meu violão, ela chegou, eu toquei pra ela. A nossa música favorita. Fomos para o quarto e ela se emocionou ao ver tudo que eu preparei para nós. A cama estava cheia de rosas, pétalas somente. O perfume exalava no ar e confundia-se com o cheiro dela. Eu esfreguei meu nariz pelo seu pescoço, nuca, costas... Subi mais uma vez e a beijei. Virei ela e a derrubei na cama. Tirei meu tênis branco e o All Star preto dela, a meia, a calça skinny… Tirei a camisa e me joguei em cima dela. Machucou! Tadinha! Ela deu um grito que me assustou. Pedi desculpas e continuamos nos beijando. Nossa cama era macia e suportava bem a pressão que fazíamos sobre ela. A cama saltava. Tirei a blusa e joguei pra cima. Ela riu. Rimos juntos. Ela ficou sentindo o meu cheiro. Roçava seu rosto em meu pescoço e isso me fazia arrepiar-me todo. Suas coxas nas minhas. Noite maravilhosa. Transa maravilhosa. Tudo lindo, perfeito, do jeitinho que planejei. Pena que isso acabou pra mim.
Não me pertence mais...

E porque você fica tão longe escondendo o que não se esconde de ninguém?...

Não sei por que nunca vim aqui antes.
Ouvi o barulho da porta e ela entrou. Fui correndo pra sala antes que ela chamasse a polícia. Larguei a porta meio aberta. Ela ficou surpresa ao me ver.

— O que fazes aqui guri?
— Desculpe por invadir teu apê. Precisava te ver. Falar contigo. E dizer que...
— Cala a boca e me abraça.

Ela saltou no meu pescoço e me beijou loucamente. Como nunca havia me beijado. Se soubesse que ia ser recepcionado assim teria vindo antes. Eu não estava sonhando. Era verdade. Ela me amava ainda. Me disse que estava surpresa por me ver, mas que adorou minha vinda e de me beijar de novo.

— Sempre esperei por esse momento meu amor. Te amo. Te amo. Te amo. Te amo...

A cada “te amo” que ela dizia, ela me beijava. Mas uma coisa me intrigava a mente...

— Por que você não disse que me amava antes? Por que esse orgulho todo, guria? — eu estava chocado e ao mesmo tempo extremamente feliz.
— Como bem disse: orgulho. Que orgulho besta esse porque me separou de ti todos esses anos.
— Sempre me esperou?
— Tentei outras pessoas.
— Amou-as? — rebati.
— Não como eu te amo.
— Bom saber disso.
— Te amo, guri — declarou-se. — Não volte para Porto Alegre, por favor, volta a morar comigo?

Não esperei que ela falasse mais nada. Não era necessário. Ela realmente me queria de volta.
Ela sorriu maliciosamente e me fitou; me beijou, me arremessando no sofá. Que fúria! Tinha mais fogo do que na última vez que isso aconteceu. Foi tudo como naquele dia. Com dois detalhes diferentes: estamos voltando a namorar e não foi na cama, mas sim no sofá. Nunca mais transo com ela – e com mais ninguém – no sofá. Ô lugarzinho ruim pra se transar! Altamente desconfortável. Não recomendo. Além de não ter espaço, é duro.
Bah! Odeio!
Voltei para Porta Alegre para buscar minhas coisas. Voltou tudo ao normal. Fui um burro, tapado, idiota, bronco, fútil em não ligar pra ela antes. Dizer que a amo, enfim deveria ter feito isso antes. Não isento ela de nada. Ela também foi muito boba e infantil em não ter falado comigo antes. Porra! Ela sabia meu número, meu endereço, meu e-mail e tudo mais, nem sequer mandou um torpedo dizendo “te amo, volta pra mim!”. Ah te fode! Merecíamos esses 5 anos sem nos ver. Fomos burros e orgulhosos. No amor essa atitude não funciona. Não tenha que precisar falar pra pessoa amada que a ama só depois que ela for embora.
Isso dá muito trabalho e dor de cabeça.
Pense nisso.

Abraços, *se mandar “beijos” ela fica com ciúmes*

Gustavo Mantovani.







FIM!!!



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Nota da autora: Fanfic de 2010 escrita com o querdiããooo do Vavo. Relevem o pseudo-drama kkkkkk <3






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