Quando uma fofoca encontra terreno fértil em uma universidade, ela ganha vida própria e se espalha como um incêndio descontrolado. Nos corredores e cantinas, nos intervalos entre aulas e nas redes sociais, as conversas sussurradas e os boatos ganham um poderoso impulso. A natureza interconectada da vida universitária, onde estudantes e professores compartilham espaços e informações, serve como uma via rápida para a propagação dessas histórias intrigantes. Enquanto informações muitas vezes vagas ou distorcidas são passadas adiante, as mentes curiosas e ávidas por novidades absorvem-nas na tentativa de uma distração em um fim de semestre, alimentando a fofoca e transformando-a em uma moeda social para conseguir seu passe livre em grupos cobiçados. À medida que os detalhes se transformam e se ampliam, o tecido da confiança e do respeito mútuo são corroídos, afetando não apenas os indivíduos envolvidos, mas também o ambiente acadêmico como um todo.
Era um dia ensolarado na Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde a agitação dos estudantes preenchia o campus. , uma estudante dedicada e reservada, estava sentada no banco de concreto próximo à entrada da faculdade, debaixo de uma árvore grande que a protegia dos raios solares, enquanto se concentrava na atividade para ser entregue na aula Processos Construtivos que começaria em meia hora. Ela era conhecida por sua discrição e maneira tranquila de viver a vida universitária, entretanto isso era sempre um motivo de desconfiança de terceiros, não conseguiam acreditar que vivia bem ser ter que estar metida em grupos de alta fama na universidade.
No entanto, naquele dia do ano de 2020, um evento inesperado estava prestes a abalar sua tranquilidade. Tudo começou quando um grupo de estudantes próximos a começou a cochichar entre si, com olhares furtivos em sua direção. Logo, um sorriso malicioso se espalhou pelo rosto de uma das estudantes, e as palavras começaram a se espalhar como fogo em um campo seco.
— Fiquei sabendo que está envolvida com um professor. Eles têm se encontrado secretamente!
Essa frase, repleta de sensacionalismo, logo se transformou em uma onda de fofocas que varreu o campus. Os olhares curiosos e sussurros eram como uma tempestade que se formava ao redor de , que permanecia alheia a tudo isso, completamente mergulhada em sua leitura. Outros diziam entender como ela conseguia as maiores notas da classe, agora que sabiam que ela estava se relacionando com o professor de História da Arte. No
entanto, à medida que o dia avançava, a fofoca cresceu e tomou proporções épicas. começou a notar olhares curiosos e risinhos abafados sempre que passava pelos corredores. Ela percebeu que algo estava acontecendo, mas não tinha ideia do que estava por trás disso.
— , preciso falar com você sobre algo que está se espalhando pela universidade. É sobre… você. — Hana, uma amiga de confiança que morava no mesmo apartamento que ela, a abordou com uma expressão preocupada.
ficou perplexa e confusa, enquanto Hana contava toda a história distorcida que havia sido criada. Ela explicou que as fofocas variavam desde alegações de traição, rumores de que ela havia fraudado suas notas e até mesmo teorias mirabolantes sobre sua verdadeira identidade. sentiu como se estivesse em um pesadelo, incapaz de entender como tudo aquilo havia começado. Confusa e preocupada, ela deixou seus livros de lado e pegou seu telefone. As mensagens e chamadas não paravam de chegar. Finalmente, ela decidiu dar uma olhada em uma das mensagens e ficou atônita com o que leu.
“Semana passada, eu vi uma foto que ela havia beijado o namorado da melhor amiga.” As redes sociais fervilhavam com comentários e especulações sobre . Ela tentou se manter calma, mas era difícil. Então, num momento de clareza mental, se deu conta de que apenas uma pessoa faria aquilo, Letícia Albertim e Daniela Muniz, ambas haviam se aproximado da melhor amiga, Giulia França, um pouco antes da festa de aniversário de Thiago, namorado da “líder” da matilha.
— O que você vai fazer? — Hana perguntou temendo que sua parceira de quarto confrontar alguém naquele minuto.
— Preciso falar com Giulia. Ela tem que saber que o Thiago e eu… — começou, mas sentiu-se sufocada enquanto recolhia suas coisas da mesa de concreto. — , vamos embora. — Hana envolveu o antebraço dela com uma das mãos e a puxou delicadamente, mas soltou-se e virando devagar ela percebeu que não só Giulia estava parada de braços cruzados, como Daniela e Letícia acompanhavam a primeira, trazendo com elas uma multidão de curiosos, famintos pela briga que viria a se desenvolver.
Uma tensão pairava no ar. Há alguns dias as duas melhores amigas sequer se olhavam, desde que havia começado a ser alvo das fofocas maldosas, o último ataque teria sido uma montagem amadora em que ela estaria beijando Thiago durante a festa de aniversário dele. Algo no olhar de Giulia parecia errado, uma sombra de malícia escondida por trás de um sorriso de escárnio.
— , meus parabéns. Você conseguiu enganar a todos com essa sua carinha de sonsa. Eu me perguntava como que você conseguia estar sempre entre os três primeiros colocados. De verdade, eu como sua melhor amiga me sinto traída, mas tudo bem, deve ser difícil estar tão ocupada sendo uma puta, primeiro meu namorado e depois o professor? Uau, que tal chamar para um menáge da próxima vez? — Giulia fazia movimentos e expressões exageradas com suas mãos e boca tentando demonstrar surpresa, mágoa e indignação.
— Você sabe que não foi bem isso o que aconteceu. Eu nunca estive com Thiago, sequer gosto dele. É claro que dei dicas sobre a prova para ele, mas jamais houve um beijo, nunca faria isso com você. — fechou suas mãos em punho, sentindo seu coração acelerar com as acusações.
A discussão parecia ecoar em cada centímetro do campus. Alunos que passavam perto começaram a criar um círculo de curiosos e ávidos por qualquer detalhe sórdido, sentiu-se exposta, vulnerável e impotente diante das acusações infundadas de sua melhor amiga.
— , vamos embora. Isso não será bom, nada daquilo é verdade, não tem por que continuar dando atenção. Vamos embora! — Hana pediu mais uma vez tentando puxar de onde ela estava.
— Hana, cala a porra da sua boca! — Giulia gritou com a voz esganiçada. — Não fala assim com ela! — Disse subindo o tom de voz. — Pensei que tivesse entendido que aquela foto é uma montagem e que eu jamais quebraria o código de ética entre professor e aluna, mesmo que estivesse precisando de meio ponto. — Oh, corte o ato. Não precisa mais fingir. Todo mundo já sabe sobre você e o Professor Hugo. — Giulia revirou os olhos de maneira dramática como se estivesse exausta. — Todos estão comentando sobre vocês. Eu mesma ouvi de várias pessoas. Não adianta negar. Entenda, se fosse um caso isolado, eu jamais iria acreditar que você faria isso, mas estou começando a ficar interessada em como você age silenciosamente, admita, você queria que meu namorado te comesse desde o momento que colocou as mãos nele.
A expressão atônita no rosto da protagonista logo cedeu lugar a lágrimas de angústia. Ela tentou balbuciar palavras em defesa de sua inocência, mas cada frase parecia ser engolida pelo tumulto crescente ao seu redor. A sensação de isolamento era esmagadora, já que a amiga, que deveria estar ao seu lado, parecia agora uma estranha cruel.
— Eu não posso acreditar que você está fazendo isso comigo, Giulia. Você era minha amiga, minha confidente. — deu dois passos para trás tentando encontrar resquícios de ser uma brincadeira de mal gosto.
— Amiga? Isso é engraçado. Talvez você devesse ser mais seletiva com suas amizades, especialmente quando elas envolvem professores casados. — Giulia encarou-a com desdém.
— Eu nunca faria nada para machucar alguém, Giulia. Eu nunca realizaria nada tão desrespeitoso. Isso é cruel e injusto. — lutava contra suas lágrimas. — Bem, as pessoas mudam, . A vida é assim. A universidade é um lugar competitivo, e você precisa se destacar de alguma forma, certo? — Giulia exibia um sorriso cruel.
A humilhação foi completa quando o professor, objeto das mentiras, também apareceu no tumulto, um misto de confusão e preocupação em seu olhar. Ele olhou para com uma expressão que misturava surpresa e incerteza, e ela soube que sua reputação estava sendo manchada sem piedade. Hugo deu alguns passos para dentro do círculo e antes que ele pudesse dizer algo, com o coração acelerado e os olhos embaçados pelas lágrimas, após a humilhação impiedosa infligida por sua melhor amiga, Giulia. Sentindo-se como se estivesse à beira de um abismo, ela tentou recolher os pedaços fragmentados de sua dignidade e decência, deu meia-volta e começou a andar rapidamente, sua única intenção sendo escapar daquele pesadelo público.
— ! — Hana a chamava, mas sem sucesso. não queria sequer olhar para trás.
As palavras cruéis de Giulia ainda ecoavam em seus ouvidos, como uma ferida que não cessava de sangrar. A multidão de estudantes que havia se reunido ao redor testemunhava a cena, alguns cochichando entre si, outros olhando com curiosidade ou julgamento. A sensação de ser exposta e indefesa era avassaladora, suas pernas tremiam e seu peito doía com cada respiração. Cada passo era um esforço para deixar para trás a humilhação e a traição que tinham se tornado tão visíveis.
Seus passos apressados a levaram até o canto mais isolado do campus, onde o ar fresco e o sol brilhante contrastavam com a tempestade de emoções dentro dela. Com o peito arfando e as lágrimas agora escorrendo livremente, ela se deixou cair em um banco, as mãos trêmulas apertando o tecido do vestido. Sentindo-se como se tivesse sido despojada de sua identidade e autoestima, ela deixou que as emoções a dominassem. O sol quente acariciava seu rosto enquanto ela chorava, e a brisa suave parecia sussurrar palavras de consolo. Ela sabia que deveria recolher os fragmentos que haviam restado da sua dignidade e não deixar ser uma vítima da traição e humilhação, mas precisava daquele momento para sentir doer a mistura avassaladora de humilhação, raiva e tristeza.
As semanas que se seguiram se assemelhavam a um borrão frenético de livros, anotações e noites em claro. mergulhou de cabeça nos estudos, não apenas por sua paixão inerente pela arquitetura, mas também como uma maneira de se refugiar da dor emocional
que a humilhação trouxera. As folhas do calendário caíam como gotas de chuva em um dia de tempestade, rápido demais para serem contadas. Enquanto o fim do semestre se aproximava, a protagonista se encontrava em um alívio descomunal. Por outro lado, as feridas emocionais ainda estavam frescas, e ela lutava para reunir a confiança necessária para se destacar novamente. Cada aula, cada teste, cada interação social era tingida pela sombra da humilhação passada. No entanto, o ano de 2020 ainda preparava uma última surpresa desagradável para .
— Ao final deste semestre, estarei indo para a Coreia. — Hana anunciou ao entrar na cozinha com uma expressão atônita. Havia dias que os pais da nipo brasileira ligava para ela, eles conversavam no idioma completamente desconhecido por , então ela jamais imaginava que o assunto era tão sério.
Os olhos de se arregalaram de surpresa e ela cuspiu o café que estava na sua boca, gritando com a dor do líquido quente da xícara caindo em suas mãos e rapidamente correu para a pia, deixando suas mãos debaixo da água corrente.
— Isso é incrível, Hana! Estou tão feliz por você! Mas espere… isso significa que você vai embora por um tempo. O que eu vou fazer sem você aqui? — perguntou temendo pelo próximo semestre.
Depois do que havia acontecido, a fofoca se espalhou até o bairro universitário e as três moradoras do apartamento haviam saído, deixando apenas e Hana juntas, então além da poeira não ter baixado com o passar dos dias, D'Angelo não tinha como sustentar aquele apartamento sozinha e tinha consciência de naquela altura do campeonato Giulia já teria feito a caveira dela para todos naquele bairro. Então, com Hana indo para a Coreia do Sul, ela ficaria sem ter onde morar e provavelmente voltaria para Búzios.
— É, eu sei! Tentei argumentar com meus pais que eu tinha você aqui, mas eles disseram que não é muito viável a única filha morar num país que representa o oitavo pecado capital. Eles querem a todo custo que eu vá para lá, espera só eles descobrirem que gosto de mulher! Serei expulsa da família e definitivamente terei maiores problemas! — Hana andava de um lado para o outro gesticulando com suas mãos.
— Tudo bem, vamos respirar. — colocou seu olhar atento na tela do seu laptop e digitou algumas palavras. — Ok. Não deve ser tão ruim. Quer dizer, eu tenho boas notas e talvez não precise de outra prova…
— Terra chamando ! — Hana balançou seus braços. — O que você está fazendo? — Eu não vou ficar aqui sozinha. Acho que consigo uma bolsa de estudos e meus pais podem me ajudar, tenho um dinheiro extra guardado e posso usar enquanto não consigo um emprego por lá, não deve ser tão difícil ser garçonete, não é? — balbuciava e olhou para sua amiga. — Vou com você.
— Você ficou maluca? O que você fará na Coreia? Você nem ao menos sabe falar coreano! — Hana falou com a voz aguda e pensou que sua amiga tinha pirado de vez. — Olha, não me faça perguntas difíceis! Eu não ficarei sozinha. — encheu sua boca com água três vezes seguidas. Não tinha um plano concreto em sua cabeça para fazer aquilo acontecer e quase não era uma possibilidade que seus pais topasse com aquela loucura.
— Você não sabe falar coreano! — Hana repetiu.
— É claro que eu sei! 씨발놈아! — falou em tom de voz alto e Hana a encarou com uma cara de desdém, antes de dizer:
— Você acabou de chamar alguém de filho da puta.
Havia um silêncio inquietante no quarto de . Apenas o tic-tac constante do relógio na parede parecia marcar o tempo que se estendia como um rio lento. Ela estava sentada à escrivaninha, olhando para a tela do computador, os olhos fixos em um e-mail não respondido. A resposta para seu passe livre dos momentos de humilhação pública não havia lhe dado retorno. Os dias passaram devagar e se viu envolvida em uma rotina monótona entre dividir seu dia em ver televisão e trabalhar no escritório de administração no final da sua rua.
Uma semana se transformou em duas, e finalmente reuniu coragem para falar com seus pais mais uma vez, afinal, as palavras dos pais ainda ecoavam em sua mente. “Coreia do Sul? Você está louca? E seus estudos aqui?”. Ela os ligou para ter uma conversa, os três sentados se olhando, a tensão palpável. Com a voz trêmula, ela compartilhou suas motivações, seu desejo insaciável de explorar além das fronteiras familiares e prometeu retornar quando o curso acabasse. Lágrimas foram derramadas, palavras foram ditas, e mesmo que a compreensão ainda não tivesse florescido, um entendimento mútuo começou a germinar.
Até que, uma manhã, o tão aguardado e-mail finalmente chegou. The Korea Advanced Institute of Science and Technology (KAIST) aprovou sua inscrição. Os dias que se seguiram foram como um sonho. A notícia se espalhou pela família e ela se viu embalada em um turbilhão de preparativos, arrumando malas, dizendo adeus a sua antiga vida e abraçando um futuro desconhecido junto de Hana e uma coragem renovada.
Você já ouvira falar daquele dito: “Se me procurarem, diga que me mudei para a China?” Bem, não havia se mudado para a China, mas sem dúvida alguma, quando porta do avião se fechou atrás dela, abrindo caminho para o desconhecido, ela sentiu uma mistura de emoções. Diretamente do Rio de Janeiro para Daejeon, na Coreia do Sul, sabia que os desafios ainda estavam por vir. Era como se uma página em branco se abrisse
diante dela e, se dependesse da sua vontade, o que havia acontecido seria apagado. Nada mais sairia dos trilhos novamente.
08 de Março de 2022
📍 Maru Bitnaneun Byeol, South Korea.
Com os raios de sol pintando o céu de tons suaves de dourado, retornava de sua corrida matinal revigorante e apesar do frio cortante que fazia, o suor gotejava de sua testa enquanto ela diminuía seus passos ao visualizar a casa que dividia com seus amigos. Seu coração ainda batia rápido do exercício, mas um sorriso iluminava seu rosto quando avistou um grupo animado reunido no topo dos degraus de entrada para a república.
Ali estavam seus amigos, cada um com uma expressão única de boas-vindas. Primeiro, ela avistou o futuro médico Choi Yi-jin, com sua camiseta de banda e cabelos perfeitamente bagunçados. Ele estava inclinado contra o corrimão, um sorriso de canto de boca denunciando sua atitude descontraída de sempre. Ao lado de Yi-jin, estava sua irmã gêmea, Choi Hye-jin, a outra estudante de Medicina, segurando uma xícara de café fumegante entre as mãos delicadas. Seus olhos castanhos denunciavam o resquício de sonolência. Um cachecol elegante envolvia seu pescoço e não muito diferente dos outros, ela calçava com meias de lã e chinelos.
— Bom dia, pessoal! — falou animada ao chegar perto do grupo e apoiou-se no corrimão puxando todo o ar que conseguia para seus pulmões.
— Parece que alguém precisou correr uma maratona para aliviar a tensão de ontem — Hana comentou com um sorriso sarcástico. A nipo-brasileira e não haviam mais ficado separadas desde o fatídico dia da humilhação que mudou todo o percurso da história. — Não me teste — respondeu séria e precisou de muita atenção ao pisar nos degraus para sentar-se ao lado de Charles.
Este viera da Finlândia, estudante de Jornalismo Científico e era o típico modelo para capas de revistas, seu cabelo loiro refletia a luz de tão brilhoso e seus olhos azuis encantavam as garotas coreanas, mas para a infelicidade de cada uma, Charles era abertamente gay e sequer tinha dúvidas sobre sua preferência. Do outro lado da escada, avistou Eun-ji, com seus óculos escuros e cabelos caindo para trás, em seus ombros. A estudante de Engenharia Civil parecia tranquila, como sempre, encostada no corrimão e observando o movimento da rua com uma serenidade invejável.
— Então qual será a pauta matinal? Temos em torno de uma hora até a primeira aula — lembrou e viu Charles se jogar para trás dramaticamente, expressando de maneira silenciosa o quanto estava empolgado para aquele dia.
— Verba para o grêmio estudantil — Hana levantou a mão e os outros sete moradores fizeram careta em discordância. — O quê?
— Medidas de segurança para as universitárias — Hye-Jin sugeriu dando de ombros e Eun-ji concordou com um aceno de cabeça.
— Final de semana com quatro dias! — Charles falou com seus olhos ainda fechados. — Vagas para carros. Quer dizer, meu bebê merece o máximo de cuidados. — Yi-jin falou arrancando balbucios em grupo sobre o quanto aquilo não era importante. — Festival Universitário! — Exclamou Su-min, a futura professora, disse sem conseguir conter seu entusiasmo contagiante.
— Eu concordo, é o maior evento e nós somos pioneiros nisso. Essa festa tem que superar a última. — Ji-soo, estudante de designer gráfico, lembrou-se com uma expressão descontraída e um sorriso caloroso.
Dois anos haviam se passado desde a chegada de e Hana. O tempo que se estendeu até aquele momento, ambas tinham enfrentados diversos desafios para se acostumar com todos os costumes coreanos, desde comer a maioria das refeições com os palitinhos até a quantidade de opções no café da manhã, quando elas mal tomavam uma xícara de café antes das aulas no Brasil. O fato é que naquela idade em que estavam vivendo existia uma união muito forte entre os universitários por uma motivação em comum: Álcool e Festa. Todo mês de março vários estrangeiros e coreanos que moravam distantes da faculdade procuravam uma república ao serem aprovados na KAIST, então quando o assunto era Festival Universitário, A República Bitnaneun Byeol era reconhecida por seu empenho em fazer os calouros terem as melhores experiências dentro da casa e destaque no ranking de score da faculdade.
— E nós temos tanto o que fazer até o Festival Estudantil! Bebidas, arrecadação de fundos, comida, atrações principais, local da recepção, nossas roupas. — Su-min falou mostrando nos dedos a quantidade de tarefas para ser realizada até o dia mais esperado por todos. — Su-min você pode ir com calma? — Ji-soo pediu usando seus dedos para massagear suas têmporas. — Temos que fazer uma lista com tudo isso e de quanto vai custar, quer dizer, nós temos que cobrar das pessoas de fora uma taxa mínima.
— Isso é verdade. Trabalhar meio período naquela livraria não me deixa com milhões de wones na carteira. — Charles comentou com seus olhos fixos em outro universitário que passava pela calçada.
— Sério, se a Su-min continuar falando assim aos quatro ventos, os novatos vão pensar que a nossa vida é uma eterna guerra de travesseiros e festas universitárias! — Hana reclamou.
— Pelo menos nós já temos o rosto da nossa festa — Eun-ji sinalizou com as duas mãos na direção de .
— Olha, eu sei o quanto sou bonita, mas eu já falei que sou tímida! — Brincou fazendo eles rirem. — Yi-jin sei o quanto você tem crush em mim, mas se ficar me encarando desse jeito vão todos achar estranho.
— Mas ele não gostava da Ji-soo? — Charles indagou e Yi-jin sentiu seu coração acelerar com aquela alfinetada dada pelo finlandês.
— Odeio interromper toda a diversão, mas todos temos trinta minutos para estar com a bunda na cadeira daquela sala de aula. — Yi-jin falou sério ao olhar as horas em seu celular.
— Vocês podem ir na frente — disse aos outros. — Consigo me arrumar em menos de vinte minutos.
— Tem certeza? — Eun-ji indagou, com uma das mãos em meu ombro e a brasileira assentiu.
— Não vai demorar muito. — Ji-soo falou baixo enquanto entrava com os outros para dentro da casa.
Após ter sido alvo daqueles boatos horríveis, decidiu que estaria passando uma borracha em todos os acontecimentos da sua vida universitária, entretanto, é óbvio que não funcionou. Deletar da sua cabeça experiências que foram ruins só fazem da sua vida vazia, quer dizer, não significa que você tem que agradecer pelos momentos de fúria e dor, mas de alguma forma, acreditava que descobrir ao final de tudo ela estaria sozinha por si mesma, foi responsável pela formação de sua nova versão.
— Você é patética, . — Falou consigo mesma e suspirou passando as duas mãos em seus fios de cabelo.
Naqueles dois anos, ela construiu do zero uma popularidade que jamais pensou que teria algum dia e apesar daquilo, ela continuava a mesma que se importava de não estar no ranking das melhores notas do semestre. No entanto, antes de sair do Brasil, um trato
havia sido feito entre ela e seus pais: ela não iria em encontros, ou seja, dois anos que ela não beijava ninguém, sequer um selinho. Então, , quase recuperando sua virgindade, sentia que aquilo estava matando ela, explicando a sua motivação dela correr antes do seu
dia iniciar. As semanas do seu período fértil conseguiam fazê-la ver Yi-jin e Charles com outros olhos, os braços e pernas torneados dos dois homens da casa eram uma tentação e a fala deles parecia ficar lenta, contribuindo para o movimento dos lábios serem atribuídos a imaginação perversa de .
A brasileira balançou a cabeça para resetar todos aqueles pensamentos da sua cabeça e levantou-se do degrau olhando uma última vez a rua tranquila antes de adentrar na casa. A estrutura da república era um ótimo tamanho, suportando até quinze universitários morando dentro dela tranquilamente. Na divisão de quartos, D'Angelo e Yoon Hana dividiam um deles, o único com duas camas um pouco maior do que os colchões de solteiro. Choi Yi-Jin e Charles Saarinen dividiam outro quarto que ainda tinha duas camas disponíveis e por fim, Hye-jin, Eun-ji, Ji-soo e Su-min ficavam no último quarto da casa, portanto tendo vagas apenas no dormitório masculino enquanto eles a reforma no quarto da bagunça não acabava. A casa conta ainda com uma confortável sala e uma cozinha de tamanho suficiente, dois banheiros compartilhados pelos moradores, um na parte inferior da casa e outro na parte superior.
A história daquela república vinha de muito antes de todos os integrantes terem se conhecido, contava os moradores vizinhos que era a casa de uma figura importante para a cidade, mas nunca se vira fotos, então tudo o que sabia era que eles estavam para demolir, quando Choi Yi-jin pediu para que sua mãe, uma importante Jornalista em Seul, conseguissem assinaturas para que não destruíssem o lugar. Não demorou pouco para que, além dele, Hye-jin pudesse convencer seu pai de comprar o lugar e transformar em uma república e o homem, que estava desesperado por uma atenção extra na sua campanha política, concordou de imediato. Sendo assim, a revitalização da estrutura foi toda feita por ele, mas infelizmente, os votos não foram o suficiente para eleger ele.
— Não vai tomar seu banho? — Hana perguntou tirando a toalha da cabeça e balançando seus cabelos numa tentativa falha de secar.
— Estava considerando faltar aula, alegar uma quase morte por correr mais de uma quadra sem pausa. — respondeu e ela beliscou sua coxa a obrigando tirar as pernas de cima da mesa. Hana sentou ao seu lado e começou a pentear os cabelos.
— Seus pais vão adorar saber que você anda faltando aula. — Ela comentou rindo e mostrou o dedo do meio.
— Ducha livre! — Yi-jin avisou saindo do banheiro vestindo apenas a calça social que havia levado. olhou para ele e colocou seus dois dedos entre os lábios assobiando para o coreano, que ficou com as bochechas vermelhas.
— Sexy! — Gritou rindo e ele tratou de se enfiar rapidamente no quarto, retornou seu olhar para Hana. — Argh! Ele poderia se esforçar menos para ser um gostoso. — Esqueceu de ser proibido namoro entre os irmãos da casa? — Lembrou Hana fazendo revirou os olhos.
Durante a formação do livro de regras da República Bitnaneun Byeol, o grupo havia estipulado a proibição de haver namoro entre os membros da casa visando não haver brigas ou subtração de integrantes. É claro que todos tinham consciência de que aquela regra poderia ser quebrada a qualquer instante, mas não deixava de ser uma forma de evitar o pior de acontecer.
— Você, falando assim, parece que vou estar cometendo um crime de incesto — D'Angelo rebateu levantando do sofá e amarrando seus cabelos.
— Não me leve a mal, você é gostosa, mas namoro é daquela porta para fora — Hana apontou para a porta de entrada. — Agora cuida em ir se arrumar ou levará outra chamada do Sr.Park.
— Tá, tá! Já estou indo! — Respondeu mal-humorada, indo até o quarto para buscar as suas coisas.
A pressa é inimiga da perfeição, foi o que pensou quando viu que tinha um minuto para escolher uma roupa quente o suficiente para enfrentar seu dia. Tudo bem, eu acho que já é o suficiente. Falou sozinha encarando no espelho suas escolhas, calça jeans de lavagem clara, camisa branca simples e sobretudo que disfarçava todas as curvas do seu corpo. Distraída olhando se precisava colocar mais algum acessório, ela se assustou ao ter escutado seu nome ser gritado.
— ! — Hana chamou no andar inferior. — !
— Mas que diabos você continua fazendo aqui? — Perguntou D'Angelo ao sair do quarto e indo até onde a voz estava vindo, encontrando Hana jogada em um dos sofás comendo um salgadinho de sabor duvidoso que pode ser encontrado em qualquer loja de conveniência coreana.
— Não vou ter aula até às 10 horas, então se você conseguir estar pronta até antes de meia-noite, seria ótimo! — Ela disse e D'Angelo fez careta. — Você já é linda o suficiente! Não precisa de todas essas coisas em seu rosto!
— Ah, claro! Falou a coreana que não deixaria de fazer skincare um dia sequer. — Revirou as íris, azuis na órbita.
— Nipo brasileira! Apenas meio coreana! Agora não é minha culpa se você não teve a sorte de nascer com essa genética — Hana piscou seus olhos ligeiramente para parecer fofa enquanto apontava para si mesma.
retornou para o quarto e terminou de aplicar o batom da Fenty Beauty, os primeiros meses do ano eram sempre muito frios, por isso optou por peças que não fossem deixar que o vento gelado chegasse até a sua pele, a parte mais chata era de ficava parecendo um bolo com tantas camadas de tecido, mas pelo menos não sentiria tanto o frio. Buscou sua mochila antes de sair do quarto e em seguida da república junto de Hana. O campus não era tão longe, então uma caminhada iria aquecê-las o suficiente e de bônus dar um pouco de cor em seus rostos.
— Annyeonghaseyo, Sr.Park — cumprimentou educadamente o professor com um ligeiro arco e sorriu passando rapidamente para a minha cadeira que ficava no meio da sala. — Oi!
— Ei! — Sorriu cumprimentando as coreanas que sentavam ao seu redor e abriu o caderno, começando a prestar atenção no conteúdo que o professor começava a escrever no quadro branco.
inclinando-se para frente com um olhar concentrado enquanto o professor começava explicando um conceito complexo sobre gerenciamento de uma obra, enquanto ela tomava notas diligentemente em seu caderno. Sua caneta dançava pela página, capturando cada palavra importante que ecoava na sala. Logo, o sinal anunciou o fim da primeira aula e o mesmo se repetiu três vezes seguidas até o final daquele dia cansativo de aula. guardou suas anotações com cuidado, desviou o olhar para o relógio e percebeu ter alguns minutos antes de se encontrar com seus amigos. Ela se levantou e se juntou à enxurrada de estudantes que saíam da sala de aula.
No refeitório, onde um alvoroço alegre ecoava pelo ar. atravessou o espaço movimentado, procurando sua turma de amigos. Ela avistou Charles, com um livro em suas mãos que ela não conseguia distinguir sobre o que era, e Ji-soo, a estudante de Designer Gráfico descontraída com um projeto que desenhava em seu tablet.
— Annyeong! — exclamou, acenando para eles. Juntando-se aos dois, ela contou a eles sobre a aula, compartilhando detalhes empolgantes e até mesmo algumas piadas do professor.
Enquanto conversavam, o resto do grupo também chegou para almoçarem e juntos, cada um com sua bandeja, se encaminharam para a fila. Só após estarem com suas refeições, o grupo retornou para a mesa próxima da janela de vidro e começaram a comer.
— Aula de anatomia é um saco! — Yi-jin disse suspirando cansado.
— Aquela professora parece que não tem um namorado para descontar o estresse dela! — Hye-jin completou fazendo o irmão concordar. Os dois cursavam medicina e apesar das suas reclamações diárias todos sabiam o quanto eles amavam o que faziam, infelizmente só o amor não bastava para ser aprovado na disciplina e por conta disso eles estavam repetindo pela segunda vez.
— Diz isso porque não tem que lidar com clientes e a sem noção deles ao querer um produto original colocando ideias roubadas da internet — Ji-soo também reclamava. Todos eles estavam cursando o penúltimo período dos seus cursos e por conta disso, algumas startups contratavam os alunos por meio período, pagando um valor razoável que servia para pagar algumas despesas.
— E você Su-min? Alguma reclamação para hoje? — indagou à sua amiga.
— Ahn? — Perguntou a olhando. — Ah! Não, não tenho nenhuma reclamação.
— Por que você não me pergunta? Tenho tanto para falar. — Hana rebateu e Charles revirou os olhos.
— Você sempre tem muito o que dizer, por que não experimenta ficar em silêncio um pouco? — Eun-ji massageou suas têmporas. Aparentemente, ela já havia recebido quatro ligações de um construtor que reclamava sobre a qualidade do material.
— Claro! Enquanto você fica brincando de The Sims, eu estou atrás de consertar essa porcaria de sociedade. — Hana não tinha tanta paciência quanto os outros, ela vivia falando sozinha pela casa tentando de todas as formas extravasar seu estresse.
— Vai com calma, Mulher-Maravilha. Desse jeito você terá um treco. — Su-min colocou uma mão no ombro de Hana, como costumava fazer com seus alunos do ensino primário. A outra bufou cruzando seus braços. — Bem, eu tenho que ir. Alguém vai até o ponto de ônibus?
— Eu vou, infelizmente tenho que ir trabalhar! — disse levantando-se da mesa.
— Queria poder dizer que posso ficar em casa, mas estou indo para o hospital. Vamos, Yi-jin! — Hye-jin também se colocou de pé e cutucou seu irmão gêmeo que estava lendo um livro de anatomia de maneira desesperada, talvez tentando decorar o máximo de termos até chegar no estágio.
— Estamos vivendo a nossa vida da melhor forma, não acham? — D'Angelo perguntou se direcionando aos outros.
— Me dê alguns dias para te responder ou pelo menos até eu ter esvaziado três garrafas de soju — Hana rebateu também se levantando. — Vamos, Charles.
— O quê? Pensei que estaria livre agora! — O finlandês exclamou preguiçosamente. — O que você vai me obrigar a fazer agora?
— Temos uma manifestação de trabalhadores e essas pessoas precisam que você dê voz a elas na internet! — Hana respondeu com um tom de voz heroico.
— Estou indo para casa. Farei os convites do Festival Universitário. — Ji-soo se espreguiçou guardando seu tablet na bolsa e Yi-jin a olhou bobo.
— Sortuda! — Hye-jin exclamou puxando seu irmão com ela.
O grupo deixou o refeitório e se dividiram ao sair do prédio. Ji-soo e os gêmeos foram para o estacionamento, eles a deixariam no meio do caminho, visto que a casa ficava na mesma direção. Enquanto isso, Hana arrastava Charles com ela até a parada de ônibus e Eun-ji, Su-min e iam atrás, ambas haviam se aproximado desde passavam a maioria das horas juntas, trabalhavam para a mesma empresa e por isso, as duas compartilhavam opiniões sobre seus chefes ou colegas de trabalho.
— Sempre pensei que se eu fosse rica não faria faculdade. — Hana comentou colocando as duas mãos no bolso para afugentar o frio.
— É, eu também. Só não sei se iria conseguir ter que viver sendo sustentada pelos meus pais. — Su-min sussurrou como se fosse proibido dizer algo do tipo.
— Não é como se o que escolhemos desse tanto dinheiro. Acho que procurarei uma sugar mommy. — Eun-ji deu risada com sua própria ideia.
— Escutem, foi só eu que notei que o Yi-jin estava olhando diferente para Ji-soo? — perguntou depois de um tempo em silêncio.
— Eu não vi isso, mas se eles estiverem ficando escondidos não vai ser uma surpresa. — Hana respondeu dando de ombros.
— Estão vendo? Eu avisei! — Charles exclamou.
— Sabe o que deveríamos fazer? Noite do tarot! — Su-min sugeriu e D'Angelo concordou empolgada. adorava todas aquelas coisas místicas de astrologia até a leitura das linhas da sua mão, achava tudo fascinante.
— Vamos fazer essa noite, por favor! Preciso saber quando minha vida amorosa vai para frente! — Implorou e Su-min deu risada concordando. — Obrigada! — Acho isso uma besteira! — Eun-ji revirou os olhos. Seus óculos realçavam sua expressão intelectual, e ele estava concentrado no celular até o momento em que o ônibus chegou.
O som do motor se aproximando trouxe a atenção de todos. O ônibus parou à frente deles, e as amigas embarcaram um a um, seguindo seus caminhos individuais no interior do veículo. encontrou um assento próximo à janela, Eun-ji entrou com um sorriso brilhante e sentou-se ao lado dela. De pé, Su-min, Charles e Hana entraram por último, ficaram próximos das duas e continuaram a conversa enquanto o veículo arrancou encarando o tráfego.
— Do que tem tanto medo, Unnie? Você deveria tentar a sorte nas cartas, talvez elas possam responder suas dúvidas — Su-min disse brincando com Eun-ji que fez cara feia. — Vamos fazer o seguinte, você faz a minha leitura das cartas, nós esperamos e caso aconteça algo você pode ler de todos nós! — sugeriu e Su-min concordou animada. — Vou ficar por aqui — Hana falou depois de um tempo e caminhou para a porta de saída do ônibus. — Vamos, Charles!
Diferente de e da Eun-ji que desciam no metrô para ir até Sejong, os dois desceriam e andariam mais alguns minutos até o lugar onde a manifestação estava acontecendo. A brasileira observou sua amiga de quarto descer com Charles e olhou para a Eun-ji que observou discretamente Hana se distanciar. A estudante de arquitetura sorriu notando, mas optou por não dizer nada. Alguns pontos depois, Su-min também desceu, sobrando apenas a dupla que também pegava um metrô até Sejong. Elas chegaram ao prédio Art Life Decor onde trabalhavam, não era um local muito grande e dividia seu espaço com outras startups que se encontravam em outro andares do lugar.
O escritório estava silencioso e iluminado pelo brilho suave das luzes de teto. As fileiras de mesas organizadas se estendiam pelo espaço, cada uma delas ocupada por um funcionário imerso em seu trabalho. No centro dessa organização, a mesa de estava meticulosamente organizada, com seu computador ligado e documentos alinhados.
No entanto, o semblante de estava tenso enquanto ela rapidamente digitava em seu teclado. Seus olhos ocasionalmente desviavam para o relógio no canto da tela, que marcava cinco minutos após o horário de início do expediente. Ela sabia que estava atrasada, e seu coração batia um pouco mais rápido a cada toque nas teclas.
— Bufar e olhar de cinco em cinco minutos para esse esboço não vai se ajustar magicamente — Kwon Bogum disse deslizando sua cadeira para o lado dela. — É só que ele parece perfeito, mas falta algo. Algum elemento que deixe isso melhor — disse girando na própria cadeira enquanto olhava para o teto.
Nesse momento, a porta do escritório se abriu com um rangido, revelando o chefe de , o Sr. Koo. Ele era um homem alto e imponente, vestindo um terno bem cortado que exalava autoridade. Seus olhos percorreram o escritório por um momento antes de se fixarem em . Com passos firmes, o Sr. Koo se aproximou da mesa de , seu olhar sério deixando claro que ele estava ciente do atraso. Ela engoliu em seco e se levantou rapidamente, tentando parecer o mais profissional possível.
— Senhorita D'Angelo, — começou o Sr. Koo com uma voz grave e firme. — estamos sempre focados no cumprimento dos horários aqui na empresa. Poderia me explicar por que chegou cinco minutos atrasada hoje?
— Peço desculpas pelo atraso, Sr. Koo. Houve um problema inesperado no trânsito que atrasou minha chegada. — tentou manter sua voz calma, embora quisesse mandar aquele homem ir à merda. Não era a primeira vez que ele lhe dava um sermão por detalhes.
— Entendo que imprevistos acontecem, mas é importante que todos aqui estejam presentes e prontos para trabalhar no horário. Cinco minutos podem parecer insignificantes, mas quando multiplicados pelo número de funcionários, isso afeta o funcionamento de toda a equipe. — Sr. Koo cruzou os braços, mantendo o olhar fixo em . — Quero você na minha sala em meia hora com esse projeto.
— Meia hora? — perguntou com voz esganiçada e ao perceber o tom que havia usado, ela limpou a garganta e continuou: — Claro, Sr.Koo. Peço desculpas pelo atraso e vou me esforçar para garantir que isso não aconteça novamente.
Com uma breve inclinação de cabeça, o Sr. Koo se afastou, deixando refletindo se ela precisava mesmo continuar acenando e fingindo que nada acontecia. O Sr. Koo, era uma figura imponente no escritório, com sua postura ereta e sorriso afiado. Seus ternos caros e sapatos reluzentes transmitiam uma imagem de sucesso, mas por trás daquela fachada elegante escondia-se uma índole péssima. Seus olhos eram calculistas, sempre à procura de oportunidades para obter vantagens, mesmo que isso significasse pisar nos outros.
Sr. Koo frequentemente ultrapassava os limites éticos, fazendo comentários sugestivos e pessoais que a deixavam desconfortável, sempre prometendo oportunidades de crescimento em troca de favores pessoais. Ele desconsiderava as ideias e esforços de , frequentemente atribuindo suas conquistas a fatores externos ou até mesmo a seus atributos físicos, em vez de reconhecer seu trabalho árduo e habilidades profissionais.
— Senhorita D'Angelo, já lhe disse que você está muito bonita hoje? — Sr.Koo disse com o tom de voz carregado de flerte barato e tirando seus olhos do computador enquanto estava parada à sua frente, levemente inclinada sobre a mesa o mostrando a planta de um projeto que havia sido designado a ela.
— Obrigada, Sr.Koo. — , surpresa pelo comentário, olhou para cima e forçou um sorriso educado.
— Sabe, , sempre achei que sua dedicação e sua atenção aos detalhes são incrivelmente atraentes. Peço desculpas pela minha grosseria mais cedo, as coisas não estão indo bem em casa. — Sr.Koo inclinou-se casualmente na mesa, o gesto casual e um olhar calculado espreitando furtivamente o decote de .
sentiu um desconforto crescente no peito, suas sobrancelhas franzindo levemente. Ela tentou manter a postura profissional, mesmo enquanto Sr.Koo cruzava a linha entre a conversa amigável e o flerte evidente.
— É gentil da sua parte dizer isso, Sr. Koo. — respondeu ela com uma mistura de incerteza e resolução.
— Por favor, me chame de Hyeon-sik, . Não precisamos ser tão formais entre colegas. — Hyeon-sik riu suavemente, como se estivesse compartilhando um segredo.
assentiu, um tanto desconfortável com a insistência dele. Enquanto ela tentava redirecionar a conversa para assuntos profissionais, Hyeon-sik continuou fazendo comentários que claramente atravessavam a linha profissional.
— Eu e alguns amigos vamos beber depois do expediente, você está convidada. Espero que compareça. — Sr.Koo tocou levemente o dorso da mão dela e puxou de imediato, fingindo ter sentido uma coceira repentina.
— É alergia. — Ela justificou com um sorriso sem graça. — Agradeço o convite, Sr. Koo. Infelizmente, não posso ir. Estou tomando alguns remédios e o médico proibiu bebidas. — Entendo, fica para outra vez. — O homem tinha uma expressão de insatisfação óbvia em seu rosto. Não seria a primeira vez que recusava um convite daqueles, afinal ela muito bem sabia quais eram as intenções nojentas do seu chefe e recusar uma ida ao bar, não era tão simples quando se tratava de empregados e seus superiores.
Com o tempo, conseguiu encerrar a conversa educadamente e voltou a se concentrar em seu trabalho. Ela sentiu um alívio silencioso quando Sr. Koo finalmente a liberou, mas o desconforto persistiu até o final do expediente, pois podia sentir o breve toque dele em sua mão e seus olhares. Foi um alívio quando o relógio marcou seis horas da noite e ela pode ir para casa, pegou o elevador junto de Bogum e notou que ele falava ao telefone, não conseguia entender, pois ele falava em coreano e ela sabia apenas o básico para sobrevivência.
As portas do elevador se abriram no saguão do prédio e ao sair, encontrou sua amiga na calçada com um cigarro apagado entre os dedos.
— Precisa de um isqueiro? — Perguntou e a coreana negou tirando o cigarro da boca e guardando novamente.
— Não fumo. — Respondeu colocando as mãos no bolso da calça. — Vamos? — Você deveria tentar mascar um chiclete — sugeriu caminhando ao lado da outra em direção até a estação de metrô. Admirava a eficiência do sistema de transporte público do país, quase sempre tão sereno, contribuindo para que os adultos sobrecarregados com o trabalho pudessem descansar até chegar no seu destino.
— Eu já falei que não fumo. — Eun-ji rebateu mal-humorada.
e Eun-ji desceram do ônibus com um suspiro coletivo de alívio. As seis horas de trabalho haviam deixado suas marcas, mas finalmente estavam de volta ao aconchego do lar. A rua estava tranquila àquela hora da noite, com a brisa fria carregando consigo os aromas da vizinhança. Com sorrisos cansados, elas caminharam lado a lado até a porta da casa, compartilhando pequenas risadas e comentários sobre o dia. A chave virou na fechadura, abrindo caminho para a paz merecida. Ao entrar, a sensação de tirar os sapatos e relaxar era quase como um abraço caloroso. Na cozinha, o resto do grupo estava reunido para jantarem juntos e elas conseguiam ouvir as risadas ecoando pelo resto da casa, deixando suas bolsas no sofá, elas caminharam em direção do cômodo recebidas com sorriso calorosos.
— Lembro de quando Charles chegou aqui nesse mesmo estado por ter o coração quebrado pelo namorado, nada como o primeiro amor em outro país. — Comentou descontraída. Reunidos na mesa, eles saboreavam a refeição de origem finlandesa que Charles havia preparado, afinal o calendário apontava que todos tinham sua vez de cozinhar, lavar as louças e limpar a casa.
— Acho que você está confundido sua história com a minha. — Charles retrucou rindo e a brasileira negou com um aceno.
— Eu não estava de coração partido. — negou mais uma vez.
— Isso é verdade, eu estou de prova que ela estava movida a ódio. — Hana assegurou levando um peteleco da melhor amiga.
— Lembram quando quase bateu no cara que ia demolir a casa? — Questionou Hye-jin e os outros deram risada.
— Nada vai superar Charles correndo da polícia ao vivo. — Ji-soo virou seu celular para o grupo que mostrava os minutos finais da live do finlandês no YouTube. — Muito engraçado, isso tudo é culpa dessa terrorista da Hana! — Ele fez careta. — Eu não mandei você xingar o prefeito, apenas disse para dar sua opinião na situação! — Defendeu-se Hana com uma das mãos no peito.
— Então, como foi o dia de trabalho para todos? — Su-min questionou olhando atentamente para seu grupo e o que se ouviu foi um suspiro coletivo. — Uma criança vomitou em mim.
— Que nojo. — Yi-jin recuou seu corpo encostando-se em Ji-soo, ação friamente calculada para sentir-se mais perto da designer.
— Tive que fazer coleta de amostra das feridas do pé de um paciente. Foi horrível, sinto que o chulé dele continua impregnado em minhas narinas. — Hye-jin sentiu seu estômago revirar.
— Fui rejeitada pelo cliente, uma experiência incrível. — Eun-ji falou com um tom disfarçando a dor de cotovelo que aquilo tinha lhe causado.
— Normal. — deu de ombros. Não iria falar sobre a série de assédios, era um assunto que ela odiava tocar e ainda sentia nojo só de lembrar.
— Eu estava ajudando pessoas! — Hana usou da posição de herói.
— Claro, conseguimos apoio incondicional da polícia. — Charles murmurou fazendo Yi-jin e Ji-soo darem uma risadinha.
— Eu só entreguei alguns trabalhos, foi tranquilo. — Finalmente, Ji-soo foi a última a dizer algo.
— Bem, eu preciso tomar um banho quente. Su-min, posso ir no seu quarto depois? — se esticou ao ficar de pé e a coreana concordou. — Ótimo.
No banheiro, se despiu lentamente, revelando a exaustão do dia em seus ombros curvados e expressão cansada. A sensação de deixar para trás as preocupações e responsabilidades do mundo exterior estava começando a se estabelecer. Ela ajustou a temperatura da água até que estivesse perfeita e, com um passo hesitante, entrou sob a cascata reconfortante. fechou os olhos e deixou que as gotas caíssem sobre seu rosto, uma mistura de alívio e relaxamento se espalhando por ela. Depois de um tempo que parecia tanto breve quanto infinito, ela emergiu do chuveiro, envolta em uma toalha macia. Ela secou-se com calma e vestiu um pijama limpo antes de sair do banheiro, deixou suas coisas no quarto e caminhou lentamente para o segundo quarto feminino da casa, batendo três vezes na porta antes de entrar.
— Cheguei tarde demais? — perguntou e elas negaram convidando a brasileira para se juntar na leitura das cartas.
O quarto estava mergulhado em um suave crepúsculo, as cortinas entreabertas permitindo que a luz da lua lançasse uma luminosidade etérea sobre a atmosfera. Su-min estava sentada no chão, com as cartas de tarot dispostas em um padrão elaborado à sua frente. Velas acesas criavam um brilho suave e sombras dançantes nas paredes, conferindo à cena uma aura mágica e uma vez que observava Su-min a embaralhar o baralho com destreza, um arrepio percorria por sua espinha.
Su-min estendeu o baralho para a , instruindo-a a pensar em sua pergunta ou área de interesse enquanto embaralhava as cartas. Após alguns momentos, entregou o baralho de volta, seu coração batendo um pouco mais rápido, como se soubesse que algo especial estava prestes a acontecer. Com concentração, Su-min começou a dispor as cartas uma a uma, criando um padrão complexo de símbolos e imagens. Enquanto as cartas eram reveladas, Hana e Ji-soo espreitava por cima dos ombros de tentando interpretar as posições e significados das cartas de maneira amadora.
— O louco. — Su-min respirou fundo antes de continuar: — É um mergulho necessário na jornada, talvez você deva confiar mais do que está fazendo. Ela se contrapõe com o diabo, que diz para que você tenha mais cuidado nas decisões, dilemas que irão surgir, você deve pensar com cuidado. A sacerdotisa. O diabo. Nove de paus e um Sete de Ouros. O que você vê?
— O que isso lhe diz, ? — Hana pergunta curiosa e a brasileira leva um tempo para pensar antes de se dar conta de que talvez estivesse falando sobre pedir demissão do seu estágio ou aguentar pelo resto do ano.
— Eu não sei. — Respondeu e fez um sinal para que Su-min prosseguisse. — Talvez a resposta para sua pergunta deva na sacerdotisa e aqui neste sete de ouros, ela conta que a falta de afeto está a deixando introspectiva, mas há um homem que vai estar ao seu lado nas dificuldades, mas que juntos vocês vão ter forças para enfrentar. — Su-min tinha a voz tranquila e explicava com paciência.
— Me fala que esse homem é o Justin Bieber, por favor! — D'Angelo fez beicinho juntando as mãos em uma prece.
— Impossível, JB é casado e o homem que é para você está estranhamente perto. — Su-min deu risada puxando a carta de arcano menor.
— E você consegue ver as características? — Ji-soo perguntou interessada e a pedagoga assentiu.
— Algumas, mas não com clareza. Cabelos e olhos castanhos, forte musculoso. Sinto muito por não conseguir ver outras coisas. — Su-min suspirou e D'Angelo colocou sua mão em cima dela.
— Está tudo bem, só de saber que ele está por aí eu já fico aliviada, não queria acreditar que era ímpar com esse tanto de homem disponível. — A estudante de arquitetura deu de ombros.
— Minha vez! — Hana gritou sem esconder sua empolgação e Su-min começou a embaralhar o montante mais uma vez.
— Eun-ji? Pode ficar com você. — disse jogando um isqueiro em formato de baralho no colo dela, que estava deitada na cama com um livro nas mãos. — Você pode precisar para outra coisa, já que não fuma.
— Obrigada. — Ela riu baixo e observou deixar o quarto.
Na calma da noite, estava envolta pelos lençóis macios de sua cama, os contornos da realidade começaram a se dissolver, abrindo caminho para um cenário mágico. A protagonista estava de pé em um lugar desconhecido, uma paisagem que parecia se estender até onde a vista alcançava. O ar estava impregnado de um sentimento de antecipação, como se algo significativo estivesse prestes a acontecer.
E então, à distância, ela viu uma figura se aproximando. A medida que a figura se aproximava, os detalhes se tornavam mais claros. Era um homem de aparência cativante, com olhos profundos e sorriso gentil. Quando ele finalmente chegou perto o suficiente, seus olhares se encontraram, e uma sensação de reconhecimento percorreu a protagonista. Era como se ela tivesse encontrado um velho amigo, um confidente, alguém que compreendia as partes mais profundas dela. Não havia necessidade de palavras; suas expressões transmitiam uma conexão que ia além do entendimento comum.
Eles caminharam juntos por essa paisagem onírica, compartilhando momentos de tranquilidade e cumplicidade. O homem a levou por um chão de areia fofa da praia e a beijou, deixando o gosto de promessas de que iriam se encontrar. Então, no exato momento em que ele estava para dizer algo importante, o barulho da porta abrindo a despertou, o coração acelerado pela intensidade da experiência e o rosto dele sumindo da sua mente, enquanto voltava a dormir, ela sentia que a sensação pertencia com ela, uma lembrança vívida que a fez sentir como se tivesse tocado algo profundo e verdadeiro. No entanto, só lhe restava esperar para que o encontrasse novamente.
11 de Março de 2022
��Saturn’s Bar, Daejeon, South Korea.
Os holofotes do bar cintilavam suavemente, espalhando uma luz âmbar e convidativa por todo o ambiente. O murmúrio das conversas e o som suave da música criavam uma atmosfera animada e descontraída. No meio desse show de luzes, adentrou o bar com uma aura de confiança e magnetismo que instantaneamente atraiu olhares curiosos. Ela usava um vestido de corpete transparente e adornado com uma variedade de pedrarias, habilmente confeccionado a partir de um tecido de tule sutilmente reforçado, que abraça suavemente a sua silhueta.
À medida que se movia pelo espaço cruzando o limiar da entrada do estabelecimento, os olhares dos presentes a seguiam involuntariamente, como se fosse um ímã de atenção. Ela parecia estar em total controle da situação, exibindo um sorriso leve e enigmático que convidava à curiosidade. Conversas foram interrompidas e olhares se encontraram, todos tentando decifrar quem era essa mulher cativante que havia entrado.
Enquanto se aproximava do balcão, um homem de presença marcante e olhar penetrante, notou sua chegada. Seus olhos se encontraram em um instante de conexão que transcendeu o burburinho ao redor. O coração dele deu um pequeno salto enquanto observava a mulher, intrigado pela energia magnética que ela irradiava, no entanto, quando ele estava se levantando para ir falar com ela, um grupo animado que falava alto se aproximou e ele tornou a sentar-se.
— Quem é essa supermodelo que veio nos presentear com a sua presença? — Charles dizia alto por cima da música que tocava nas caixas de som do bar. — Garota, você está me fazendo querer virar hétero!
— Não diga isso nem brincando! — ralhou abraçando o finlandês. — Onde estão os outros?
— Hana está se embebedando, Hye-jin e Yi-jin estão fiscalizando se há comida o suficiente, Ji-soo e Su-min sendo simpáticas e fazendo propaganda para todos da nossa casa e por último Eun-ji que está… Aqui! — Ele disse quando a coreana se aproximou dos dois com um drink para a brasileira.
— Seja bem-vinda! Já conhece a Bitnaneun Byeol? — Eun-ji perguntou olhando para ela. — Ainda não, será que você pode me apresentar? — entrou no teatrinho enlaçando seu braço no da outra.
— Se divirtam, vou garantir o meu entretenimento da noite. — Charles piscou o olho e sumiu da vista das duas ao entrar no meio dos universitários que ocupavam a maior parte da pista de dança.
— Então como esta a nossa líder? — Eun-ji questionou e deu de ombros.
É claro que ela estava feliz e aliviada pela festa de abertura do festival estar sendo um sucesso, mas quanto a sua vida pessoal sentia que estava sem graça, não havia nenhuma novidade para chacoalhar aquela mesmice que estava vivendo.
— A venda de passaportes para o Festival Universitário está bombando! O site não deixa de ter acessos, amanhã Hana disse que ficaria responsável por entregar as pulseiras. — Eun-ji deu um gole no seu drink.
— Creio então que vamos conseguir realizar aquele projeto filantropo? — D'Angelo perguntou olhando para a amiga que concordou. — Fico aliviada, quero terminar a graduação em grande estilo.
— Vamos conseguir, só não pensa nisso agora, sua cabeça deve estar fervilhando de coisas para resolver, mas essa semana é foco total nos novatos. Vamos beber! Vamos dançar! — Eun-ji exclamou arrastando a brasileira para a pista de dança sem se importar muito com a quantidade de pessoas concentradas em um mesmo lugar.
Não demorou muito para que as duas únicas integrantes da MBBY que estavam sóbrias começassem a espalhar sorrisos fáceis. No centro da pista de dança, e Eun-ji se deixavam levar pelo frenesi da melodia, seus corpos se movendo em harmonia com a música. , com seu sorriso cativante e olhos azuis cheios de alegria, segurava uma taça de coquetel em uma das mãos, enquanto a outra estava entrelaçada à da amiga. Seus gestos eram cheios de energia e vitalidade, seus quadris oscilando suavemente enquanto seus braços se elevavam e caíam com graça, Eun-ji acompanhava o ritmo com igual entusiasmo, seus cabelos balançando a cada passo. Ela segurava uma taça semelhante, e sua risada contagiante preenchia o espaço ao redor. As duas amigas se comunicavam através do movimento, uma troca de olhares e sorrisos que transcendia as palavras. Depois de duas músicas, sentiu seu tornozelo doer por conta do salto que estava usando e deixou o centro do bar para ir até o balcão, mal sentou-se no banco e o atendente gritou:
— Uma porção de coxinha, saindo! — O bartender que estava responsável pelos drinks mais elaborados disse colocando uma cesta de petisco com uma garrafinha de água e uma lata de refrigerante na frente da estudante de arquitetura.
— Como você sabia que eu iria pedir isso? — perguntou.
Eduardo, ou melhor, Edu era bartender, também era brasileiro e morava na Coreia há cinco anos quando conheceu sua esposa por meio do Facebook. Ele e haviam se conhecido quando a mulher chegou no bar para comemorar sua chegada na Coreia, por não ser difícil não notar as únicas duas mulheres, Hana e , com a camisa da seleção brasileira em um bar repleto de coreanos assistindo o amistoso dos dois países.
— Vou começar a achar que você está flertando comigo. — Brincou D'Angelo piscando um olho.
— Saí dessa, ! Já falei que sou casado! — Edu soltou uma risada. — Isso aqui ficou por conta daquele ali, ele não tira os olhos de você desde que a senhorita passou pela porta.
— Senhorita? — Ela arqueou as sobrancelhas olhando rapidamente para quem Edu havia indicado. — E como ele sabia que gosto disso? É algum tipo de stalker? — Vou levar os créditos pela dica que dei, agora tenho que trabalhar. — Edu sorriu se afastando do balcão para atender os outros calouros.
— Fiu, fiu! Tem um pedaço de homem espetacular te comendo com os olhos — Hana disse chegando no balcão, ela já estava sem seus sapatos e suava de tanto ter dançado. — Permita-me dizer que não é apenas um pedaço, mas sim um homem inteiro, puta merda, ele deve ter uns dois metros de altura. — Su-min endossou a fala e sentiu suas bochechas queimarem, talvez um pouco constrangida pelos olhares descarados. — Você reclama tanto que os coreanos são lentos, mas quando eles têm atitude você corre. , se joga! — Su-min revirou os olhos cruzando os braços.
— Ah, claro! Bêbada até eu tenho coragem de pular de bungee jump. — D'Angelo rebateu a amiga exalando o puro deboche.
— A questão aqui não tem nada a ver com pular de bungee jump. Você não deixará que ele te escape, não é? — Indagou encarando a amiga que estava hesitante. não era de ficar com desconhecidos, mas não podia negar que o homem era bonito. — Você gostou dele não foi? — Hana percebeu que a sua amiga não parava de olhar para o canto onde o homem estava e deu risada balançando a cabeça negativamente. — Pode ficar com o quarto hoje. Não planejo ir até o amanhecer.
Hana e Su-min se enfiaram no meio dos calouros para dançar outra música que havia começado, deixando sozinha no balcão. O homem que já havia tentado se aproximar uma vez, levantou-se novamente decidido a ir falar com ela, entretanto, estava cercada de mais uma amiga.
— Ei! O quê? Hana! Volta aqui! — chamava a amiga que voltara para a pista de dança sem dar muita moral para suas exclamações. Suspirou voltando a sentar no banquinho e comendo as últimas coxinhas que haviam sobrado da porção, piscou os olhos para enxergar melhor entre as luzes e a música com o ritmo conhecido por ela estourou nas caixas de som.
— ! — Ji-soo gritou vindo até ela e a brasileira arregalou os olhos negando com a cabeça. Ela sabia o que ia acontecer, era sempre assim, se tocava funk ou samba, a turma de coreanos que morava com ela sempre chamavam as únicas mulheres brasileiras que moravam com eles.
— Não! Não! Não! Aqui não! Por favor! — implorava e Hana retornou até ela ajudando Ji-soo a levá-la até a pista de dança.
— Dose de coragem! Toma! — Eun-ji disse oferecendo uma dose de tequila dela. — Vocês me pagam! — reclamou limpando o canto dos lábios, que estava molhado pela bebida. — Vamos!
A brasileira precisou dar três pulinhos como um pequeno ritual para chamar a festeira e corajosa, suspirou balançando suas mãos antes que a música Interesseira da Luísa Sonza tomasse conta de todo o seu corpo fazendo ela mexer em seus cabelos jogando o rabo de cavalo para trás enquanto rebolava os quadris até o chão subindo e descendo ao ritmo da música enquanto Hana passava as duas mãos na cintura da brasileira instigando que ela continuasse a dança levando o restante dos integrantes da MBBY e os calouros ao delírio.
O homem do bar a observava de um canto do salão, seus olhos fixos nela como se ela fosse a única coisa no mundo. Ele estava fascinado pela forma como ela se movia, o ritmo envolvente do funk parecia hipnotizá-lo, enquanto ele capturava cada detalhe dos movimentos dela. Seus cabelos se agitavam em volta dela, como se estivesse dançando com o restante de seu corpo. Cada movimento era calculado e ousado, cheios de sensualidade e atitude, suas mãos percorrendo o ar com fluidez, enquanto ela se entregava totalmente à música.
Os olhares dos dois se encontraram em um momento de cumplicidade e intensidade. Um sorriso tímido se formou nos lábios dele, incapaz de conter seu nervosismo quando reconheceu suas investidas. Terminada a música, se ouviram aplausos e ela se inclinou para dizer no ouvido da sua melhor amiga:
— Meus pés estão doendo. — disse saindo da pista de dança logo em seguida para voltar até o bar. — Edu! Uma água!
— Servida! — Edu respondeu deslizando uma garrafa de água pelo balcão até chegar nas mãos dela.
Após um breve encontro de olhares carregados de curiosidade e atração, o homem não conseguia mais resistir à vontade de se aproximar da protagonista. O ambiente estava envolto em uma atmosfera animada, com risadas e conversas fluindo ao redor, mas em meio a tudo isso, o espaço entre eles parecia ter encolhido, deixando apenas os dois no centro das atenções. Com um sorriso sutil brincando em seus lábios, ele tomou a iniciativa, cruzando a distância entre eles com passos confiantes, mas cuidadosos. O homem se posicionou ao lado de , seu olhar encontrando o azul dela mais uma vez, enquanto ele se aproximava o suficiente para que suas vozes pudessem se misturar à música de fundo.
— Você sabe, — ele começou, sua voz carregada de um charme genuíno, — eu estava curioso para saber se o sorriso que você lançou de relance poderia ser tão incrível quanto o que vejo de perto.
— Você demorou — ela não contém um riso suave. Seus olhos brilhavam com um brilho travesso, e ela continuou com um toque de provocação: — Então você se aproximou para verificar pessoalmente?
— Se eu soubesse que estava me esperando já teria vindo — Ele riu, um som sincero que parecia preencher o espaço entre eles. — Bem, digamos que eu não podia deixar uma dúvida tão intrigante sem ser esclarecida.
Eles estavam envoltos em um jogo sutil de flerte, suas palavras e expressões revelando mais do que suas frases diretas. O clima era leve e carregado ao mesmo tempo, criando uma tensão que parecia eletrificar o ar entre eles.
— Você está assistindo muitos romances — respondeu piscando os dois olhos. — Bom, a menos que você tenha uma paixãozinha por mim.
— E se eu tiver? — Desafiou deixando seu rosto perto do dela, fazendo com que a brasileira descesse com seus olhos instintivamente até a boca dele e sentindo seus próprios lábios secarem, ele sorriu e coçou a garganta chamando atenção dela para seus olhos. — Impossível, nós estamos conversando a menos de um minuto — Ela retrucou constrangida em ter sido pega no flagra. — E eu tenho namorado.
— Não ligo, não sou ciumento — Abriu um sorriso ladino fazendo a brasileira rir. Ele está me ganhando pelo humor, o filho da puta sabe jogar muito bem. — Seu sorriso é bonito. — Não será o primeiro a dizer isso — deu de ombros. Aquela provocação estava boa demais para terminar tão cedo e precisava saber se valeria a pena tudo aquilo. — A propósito, eu não sei seu nome.
— Kim Ji-Hun — Ele sussurrou no ouvido dela, fazendo a mulher se arrepiar. Coragem, . É só um homem. Como qualquer outro. Você transa e depois vocês nunca mais vão se ver. É isso, não precisa de medo. Você não é virgem. O que diabos foi aquilo que tomei e por que meu corpo parecia estar pegando fogo?
— Ah, quer saber? Foda-se — disse em português, fazendo com que ele ficasse confuso.
No entanto, levou apenas dois segundos para ele entender o que a mulher quis dizer com aquela porção de palavras em português. Quando as mãos de com dedos finos alcançaram a nuca dele se entrelaçando nos fios de cabelo que estavam pelo caminho, Kim Ji-Hun largou a bebida que estava em sua mão para abraçar a cintura da mulher pressionando seus dedos na parte desnuda da coxa dela com a outra mão. Felizmente o que era para ser apenas um beijo comum se tornou apressado e cheio de toques com segundas, terceiras e quartas intenções, as línguas se entrelaçaram, permitindo que um explorasse a boca do outro.
Um pavio parecia ter sido acendido entre os dois e desejou invadir com suas duas mãos para dentro da camisa dele provar daquilo que estava tão bem escondido, não foi difícil ela imaginar outros cenários com ele, mas não poderiam fazer aquilo ali. teve que interromper o beijo, notando que a boca do homem à frente estava avermelhada e a dela formigava pedindo por mais.
— Meu nome é . Escuta, — Ela disse com a respiração levemente ofegante e continuou: — Você quer sair daqui?
— Acho uma escolha prudente — Ji-Hun respondeu mordendo os lábios. — Te encontro lá fora?
— Vou buscar meu casaco — Avisou e com muito custo separou seu corpo do dele, saindo daquelas pessoas que os cercavam.
caminhou até o cabideiro onde havia ficado sua segunda pele. Vestiu o casaco pesado e atravessou mais uma vez o bar até a porta de saída que era a mesma da entrada, buscou com os seus olhos, o homem e só o conseguiu visualizar quando ele acendeu os faróis da moto. Kim Ji-Hun vestira um casaco de couro, a fazendo lamentar mentalmente por não poder alcançar seu tórax.
— É a primeira vez que me arrependo de vir de moto, mas será rápido — Ele falou pegando um capacete e colocando cuidadosamente na cabeça dela, preocupando-se em fechar a trava, ele fez o mesmo com outro capacete e ajudou a subir na moto. — Segura aqui.
Obrigada Deus por escutar meus pedidos! Ji-Hun parecia ter adivinhado quando puxou os dois braços da mulher para dentro da sua jaqueta e a deixando tocar parcialmente o local cobiçado por ela desde que o beijou. abraçou o homem como se sua vida dependesse daquilo e encostou sua cabeça nas costas dele, não se importando muito se o vestido estava subindo uns bons centímetros acima da coxa. O caminho até a república foi rápida, devido ao horário as avenidas maiores estavam praticamente vazias já que boa parte dos bares onde os universitários se encontravam eram em ruas quase escondidas, Ji-Hun estacionou a moto em frente a casa amarela de dois andares e ajudou para que ela descesse quebrando o contato que estavam entre seus corpos.
— Você mora aqui? — Perguntou descendo da moto e tirando o capacete da sua cabeça. — Sim, é uma república. — Deu de ombros. Nunca tinha se importado em dividir um espaço com outras pessoas. — Vamos. Acho que ninguém chegou ainda.
— Hum… — Ele murmurou subindo os dez degraus iniciais atrás dela até a porta de madeira.
A casa da Bitnaneun Byeol era sem dúvidas a segunda mais bonita daquela rua, adentrando deixou seu casaco grosso no sofá e ele fez o mesmo também deixando seus sapatos no tapete enquanto observava a casa.
O lugar tinha uma pequena varanda nos dois andares, sendo uma arquitetura clássica sustentada por sequência de colunas com capitéis, como o Partenon em Atenas. Eu ainda vou transar aqui, pensou consigo mesma quando atravessou a sala em direção às escadas. Infelizmente não seria naquela mesma noite com Ji-Hun, visto correr perigo de ser pega no flagra a qualquer momento e isso seria extremamente constrangedor. Ao fundo da sala havia um corredor onde levava até o primeiro banheiro, ao quarto dos meninos e ao escritório bagunçado usado como armazém de coisas inúteis. Ao lado esquerdo tinha uma passagem grande que levava para a cozinha que chamava de “farm kitchen” já que a decoração lembrava aquelas casas chiques de fazenda dos filmes e por último a escada para o segundo andar.
— Inicialmente iriam demolir esse lugar, mas quando nos conhecemos, todos na mesma situação, não houve outra solução que não fosse morarmos todos juntos. — Explicou para ele enquanto o puxava pela mão para subir as escadas. Eu estava nervosa. Ansiosa. Minhas mãos suavam e ele pareceu perceber quando o puxei escada acima. — — Escutou seu nome ser chamado e teve que parar no meio dos degraus para olhar ele torcendo para que o seu falatório não tivesse feito ele desistir. — Você tem certeza que estamos sozinhos?
— Sim, por quê? — Indagou confusa e ele assentiu, o homem mordeu o lábio inferior e pressionou o corpo dela na parede atrás de si, sentiu a respiração dele encontrar seu rosto e ele levou sua mão até o queixo da mulher puxando minimamente para si até que seus lábios encontraram os dela, roçando levemente antes de iniciar um beijo calmo.
Kim Ji-Hun levou suas mãos até as coxas da mulher e impulsionou para que ela ficasse em seu colo com as pernas entrelaçadas nos quadris dele e os braços ao redor da sua cabeça, o coreano teve que interromper o beijo para prestar atenção nos degraus da escada que subia. deslizou seus lábios da boca até a mandíbula, seguindo com os beijos para o pescoço dele, depositando uma série de beijos que fez com que ele se arrepiasse e só voltasse a si quando teve que perguntar qual era o quarto dela, a morena apontou e desceu do colo dele para trancar a porta quando entraram no quarto, o coreano estava sentado na cama e esperava que ela terminasse de tirar os saltos dos pés para voltar até ele se sentando no colo dele com uma perna de cada lado. Ji-Hun deslizou com os dedos pela extensão do vestido enquanto deixava alguns chupões pelo pescoço dela, enquanto brincava com a barra da camisa dele com seus dedos ágeis querendo adentrar para dentro do tecido.
— Tira — Ele sussurrou no ouvido dela e se afastou minimamente para que ela arrancasse a peça do corpo dele e jogando a mesma em algum canto do quarto, aproveitando para se deliciar com a visão do tronco dele. Seus olhos se encontraram denunciando o desejo que
os cercava e foi a vez dele surpreender ela ao saber exatamente onde estava o zíper do seu vestido, deslizou fazendo com que o tecido caísse para a cintura dela deixando todo seu colo nu. — Porra. — Ele murmurou antes de invadir a boca da brasileira com a dele e a
virando para o colchão ao cobrir o corpo dela com o dele, as mãos dele desceram até os seios dela e beliscando os mamilos escutando a mulher gemer contra os seus lábios, ele sorriu com a reação dela e a brasileira enlaçou suas pernas nos quadris dele buscando por mais contato.
Os rostos estavam vermelhos e os cabelos dele caiam, o coreano deu um sorriso ladino enquanto descia sua mão da coxa dela para o meio das pernas passando apenas a ponta dos dedos na parte interna para ver ela suspirar, Kim Ji-Hun fez círculos chegando cada vez mais perto da calcinha de renda que ela estava usando e observou ela molhar os lábios pela terceira vez em menos de um minuto.
— O que foi? — Ele perguntou olhando para ela. Maldito, ele sabe exatamente o que está fazendo e ainda pergunta o que foi? Ela ponderou responder, mas antes que se atrevesse a fazer, o coreano alcançou a boceta dela ainda coberta pelo tecido fino e com seu polegar pressionou devagar vendo os lábios da brasileira se entreabrir em um gemido baixo, os olhos dela estavam escuros.
Ele deslizou a mão mais um pouco e colocou a renda de lado para tocá-la como ele realmente desejava, a respiração dela se acelerou quando os dedos do homem deslizaram superficialmente, confirmando o quanto ela estava excitada. Essa constatação fez que seu pênis apertasse mais no jeans. Kim Ji-Hun pressionou o polegar contra o clitóris e introduziu o dedo indicador e médio dentro dela iniciando com movimentos lentos, movimentou seus quadris querendo aumentar a fricção, mas ele continuava lentamente quase como uma punição por algo que ela não sabia que tinha feito.
— Mais? — Perguntou baixando seu tronco para beijar o colo dela.
— Por favor — Implorou.
— Mas eu ainda nem comecei. — Ele sussurrou e deslizou com a língua pelo meio dos seios dela traçando um caminho perigoso até o mamilo dela para deixar um chupão.
— Mais — Ela pediu mais uma vez e ele subiu com a boca para beijá-la, enquanto uma mão se ocupava em levar a mulher ao delírio com movimentos rápidos, a outra estava ao lado da cabeça da mulher impedindo que todo o peso dele caísse sobre ela. Aparentemente aquela noite era apenas acerca dela e até que ponto ele conseguia levá-la para a loucura. Durante o beijo, mordeu o lábio inferior dele tão forte que passou rapidamente por sua cabeça se não o havia machucado, preocupação essa que se dissipou quando ele girou os dedos dentro dela a punindo e a levando jogar a cabeça para trás com um gemido sofrido.
— Preciso saber… qual seu gosto — Ele não estava diferente dela, por mais que estivesse gostando de assistir as caras e bocas que ela estava fazendo, sua excitação começava a doer apertada naquele tecido sem alguma elasticidade do jeans claro que ele usava. Kim Ji-Hun tirou os dedos de dentro dela escutando o suspiro frustrado que ela fez, mas não se importou muito, tornou a descer com corpo até ficar de joelhos no chão e puxou o que restava do vestido com a calcinha antes de colocar o rosto do meio das pernas dela e as colocando uma nos ombros dele.
Os dedos dela agarraram os fios longos dele sem dó e o peito subia e descia intensamente quando ele circulou com a língua no clitóris dela, apertou a coxa dela quando ameaçou fechá-las em um aviso mudo que iria punir novamente caso ela fizesse aquilo. Cada chupão que ele deixava, provocava um gemido alto por parte dela, o coreano quase gozou nas calças quando ela puxou os fios de cabelo dele durante um dito em português que ele só entendeu ser um palavrão pela intensidade aplicada enquanto gozava na boca dele. Os mamilos rígidos e os espasmos dela denunciavam todo o prazer causado através do que ele fizera, Kim Ji-Hun se levantou para terminar de tirar as suas peças e o par de meias que ainda estavam em seus pés, seu pênis estava totalmente ereto e foi um alívio tirar a cueca.
— Eu tenho preservativo — avisou esticando a mão para a mesa de cabeceira que ficava entre as camas, tirando o pacote pequeno e espelhado de dentro da única gaveta que tinha, rasgou com cuidado e puxou o preservativo de dentro. — Deixa que faço isso.
— Okay — Ji-Hun respondeu deitando com as costas nas várias almofadas da cama e em seguida certificou-se de que o preservativo não tinha ar para deslizar pelo pênis ereto dele. Infelizmente, não teria como tocá-lo naquela noite. Sentou-se no colo dele e rebolou lentamente gemendo com a sensação gostosa que o atrito entre sua boceta e o pênis dele causavam. Levantou minimamente o quadril e o coreano posicionou seu pau na entrada dela. — Senta em mim, vai…
— Tem sorte que sou boa o suficiente para não te fazer pagar por aquelas punições — ela retrucou desafiadora e abaixou seu corpo, sendo penetrada por completo. Os dois gemeram em satisfação pelo contato, colocou suas duas mãos nos ombros largos dele e, em, contrapartida, ele sua duas mãos na cintura da mulher para ajudar ela nos movimentos.
Tentaram se beijar continuamente, mas frequentemente eles eram interrompidos por gemidos devido um movimento mais brusco que proporcionava gemidos incontroláveis a ambos. Puta merda. pensou enquanto ofegava, o coque do seu cabelo havia se desfeito em algum momento e ela não fazia ideia de para onde havia ido o elástico que usara durante boa parte da noite. O relógio digital mostrava ser uma hora da manhã e ela começava a sentir suas coxas doerem por estar há vários minutos naquela mesma posição, a brasileira bateu devagar nos ombros dele o fazendo parar com os movimentos para esperar que ela recuperasse seu fôlego.
— Quer que eu vá por cima? — Ele perguntou baixinho e ela assentiu saindo do colo dele para se deitar, Ji-Hun não demorou muito para ficar sobre ela com um dos braços ao lado da cabeça dela para evitar cair com seu peso em cima da mulher.
colocou suas pernas ao redor dos quadris dele o puxando para perto de novo, se beijaram calmamente enquanto ele invadia ela mais uma vez bruscamente fazendo se agarrar nos ombros dele arranhando a pele. O coreano se aproveitou que os seios dela estavam livres para colocar um deles na sua boca voltando a estocar, a mulher puxou os cabelos dele entre os movimentos.
Após um tempo, ambos sentiram como se uma corrente elétrica corressem dos seus dedos dos pés até o último fio de cabelo para se concentrar em suas intimidades e explodirem em um orgasmo, fazendo que eles afundassem a cabeça um no ombro do outro para abafar o gemido que mais parecia um grito de prazer. Ji-Hun sentiu seu braço vacilar, mas antes que caísse com tudo em cima de , ela mesma o abraçou, reconhecendo que ambos estavam cansados com toda atividade. A brasileira fechou os olhos e Ji-Hun saiu de cima dela ficando ao lado, ambos com a respiração ofegante fazendo com que o peito subisse e descesse, os cabelos dele estavam grudados na bochecha enquanto os dela, longos e bagunçados, colavam em seu pescoço por conta do suor.
— Você… não precisa ir embora agora, se não quiser — disse depois de um tempo olhando para o teto, evitando olhar para o rosto dele.
— Eu só preciso de um tempo. — Ele respondeu e ela assentiu. A mulher se levantou catando sua calcinha do chão e vestindo, suas costas queimavam com o olhar do homem em si, mas ela continuou buscando suas coisas para não ficar tudo espalhado. De dentro do armário, tirou a blusa que utilizava para dormir e vestiu, arrancando um suspiro frustrado dele, mas teve que reprimir a risadinha ao perceber que acabara de cortar o entretenimento dele. Talvez eu esteja sendo um pouco fria, quer dizer, nós acabamos de transar e eu me levantei para arrumar o quarto? Ele só pode estar pensando que sou maluca. Ela refletiu, mas tinha total consciência de que entrara para a KAIST com objetivo de sair com seu diploma, então nada iria atrapalhar ela daquela vez. Mordeu os lábios ansiosa com aqueles pensamentos que sempre a faziam travar quando se tratava de diversão e virou-se para ele observando o homem se vestindo de costas. Espero que ele não fique sem camisa por aí ou vão pensar que andou brigando com alguma espécie de gato selvagem. pensou mais uma vez e riu sozinha captando a atenção dele que se virou com uma das sobrancelhas arqueadas andando até ela curioso do porquê ela estava rindo, colocou as duas mãos espalmadas na mesinha de estudos prendendo ela entre seu corpo e a mesa.
— O que é tão engraçado? — Ele perguntou passando a língua nos lábios.
— N-nada. — Ela segurou a risada para si, afastando seu rosto para não ter que cair naquela armadilha de senti-lo muito perto.
— Pensei ter escutado você rindo. — Ele mordeu o lado interno da bochecha e fez um biquinho adorável.
— Deve ter sido impressão. — Ela coçou a garganta e ele riu baixo concordando com a cabeça. Ele a olhou fixamente por alguns segundos e aproximou mais seu rosto do dela puxando o lábio inferior com seus dentes, fechou os olhos se entregando mais uma vez aquela sensação e deixou que ele a beijasse, dessa vez calmamente e com alguns toques na coxa esquerda dela provocando alguns arrepios.
— Não deu para resistir — A boca dele se abriu em um sorriso. — Foi um prazer te conhecer, .
Infelizmente não conseguiu dizer nada além de observar ele sair do seu quarto, estava completamente hipnotizada e parecia que todos seus músculos tinham perdido os movimentos para ao menos falar um “tchau”. A brasileira voltou a rir consigo mesma ao voltar para seu eixo e piscou os olhos, que homem era aquele? Ela ruminou finalmente saindo de onde estava, o quarto estava com um cheiro de sexo, mas ela estava muito cansada para se preocupar com aquilo, então só abriu a porta do quarto e se enfiou debaixo dos cobertores, a semana ia ser cheia demais para se importar com a bagunça que tudo havia ficado.
12 de Março de 2022: Caminhos Cruzados.
�� KAIST Gymnasium, South Korea.
— O que tem de errado com ela? — Charles perguntou para a Eun-ji.
, está em seu quarto em um estado de desordem total. Roupas estão espalhadas pelo chão, livros amontoados na escrivaninha, e uma montanha de objetos diversos cobre sua cama. Ela está em busca desesperada de algo, revirando gavetas e caixas com uma expressão de mistura de frustração e determinação.
— Eu não sei, ela acordou às cinco da manhã e desde então está fazendo isso. — Hana respondeu um pouco assustada.
— Ok, ok. Você tem que ficar calma. É só contar quantos ainda tem dentro da gaveta, fácil! Não é? — conversava sozinha enquanto vasculhava dentro da gaveta procurando pela caixa de preservativos. — Hana!
— Vai lá! — Ji-soo disse empurrando Hana para dentro do quarto que se negava a entrar naquela bagunça.
Do lado de fora do quarto semiaberto, seus amigos, Yi-jin, Ji-soo, Eun-ji, Charles, Hye-jin e Su-min, se reúnem, trocando olhares divertidos e suprimindo risos. Yi-jin aperta a mão contra a boca para conter um ataque de riso, enquanto Su-min dá cotoveladas leves em Ji-soo, indicando que eles deveriam observar a cena com mais discrição.
— O quê? — A outra brasileira perguntou com medo do que poderia ser. — Você usou algum preservativo dessa caixa desde que compramos? — Ela indagou mostrando a caixa de cor roxa.
está agora de quatro no chão, remexendo sob a cama em busca de algo. Seu cabelo está bagunçado e suas mãos estão cobertas de poeira. Ela encontra um par de óculos antigos e os coloca rapidamente, olhando em volta com uma expressão frustrada, como se não conseguisse enxergar o que está procurando.
— Não, por quê? — A outra andou na ponta dos pés olhando atentamente para o chão, percebendo o motivo do desespero da outra.
— Certo, então tem 1… 2… 3… 4… 5… 14… 15. — Ela contou um a um até notar que faltava um para as dezesseis unidades escritas na embalagem. Um suspiro de alívio profundo escapa dos lábios de . Ela se joga na cama por um momento, fechando os olhos e deixando a sensação de alívio a envolver completamente. A incerteza e a preocupação dissiparam, entretanto, um grito agudo no quarto alerta a todos e levanta seu tronco para ver Su-min mudando da cor branca para verde em alguns segundos.
— AH! — Su-min gritou ao pisar em algo com a textura lisa e abrindo os olhos devagar seu estômago embrulhou com a visão de um preservativo usado debaixo dos seus pés, que tinha provavelmente caído da lixeira quando a estudante de arquitetura estava na sua busca implacável pelo mesmo. A pedagoga colocou uma das mãos na boca sentindo uma vontade repentina de vomitar.
Eun-ji ri silenciosamente quando de relance avistou o preservativo nos pés de Su-min e olha para Charles, que está mordendo o lábio inferior para não explodir em gargalhadas. Nesse momento, se levanta abruptamente e o vê no chão, enquanto Su-min choraminga na cama com os pés para cima enquanto se negava pisar no chão outra vez enquanto estivesse viva. Yi-jin não consegue conter o riso e começa a rir em voz alta, o que traí a concentração dos outros que começam a rir junto dele.
— Ah-ha! Eu sabia que tinha usado isso ontem! — exclama, segurando o preservativo como se fossem o Santo Graal e o descarta na lixeira novamente. — Me desculpe, Su-min.
— Porra, podia ter avisado o que você tanto procurava! — Su-min tinha o tom de voz choroso e tentava limpar seu pé com papel higiênico que Hana havia lhe trago entre as risadas contagiantes.
— Certo, mas vocês podem me explicar exatamente o que foi isso? — Eun-ji perguntou secando as lágrimas no canto dos seus olhos.
— transou com o gostoso do bar ontem e não lembrava se haviam usado o preservativo. — Hana explicou sentando-se na cama.
— Mas isso eu já sabia! — Hye-jin retrucou dando de ombros. — Só estava aqui porque vocês todos aglomerados aqui me deixaram curiosa!
— E, por que diabos você não disse nada? — Yi-jin indagou para a irmã gêmea e ela balançou os ombros mais uma vez.
— Ué, ninguém perguntou e pensei que o preservativo no chão fosse proposital. — Hye-jin disse saindo da porta do quarto para retornar até o seu quarto com uma toalha pendendo em sua cabeça.
Quando as risadas se dissipam, eles de dão conta que tinham que se arrumarem para o Festival Universitário que aconteceria dali há menos de uma hora, então Yi-jin e Charles voltam para seus quartos na intenção de achar roupas que condizem com o evento e, ao mesmo tempo, com o clima.
O espaço estava repleto de risadas, música animada e um emaranhado de roupas, maquiagens e acessórios. Espelhos estavam posicionados estrategicamente para que todos pudessem se ver e ajudar uns aos outros com os retoques finais. As meninas do grupo se revezavam entre pincéis e paletas de sombras, compartilhando dicas e truques enquanto realçavam seus traços individuais. Risos surgiam a cada tentativa de aplicar o delineador perfeito, e brincadeiras sobre “olhos de panda” eram inevitáveis. Os meninos também estavam imersos na preparação, compartilhando dicas sobre como modelar o cabelo ou escolher o melhor perfume. As roupas estavam cuidadosamente dispostas em camas e cadeiras, cada conjunto escolhido para expressar a personalidade única de cada indivíduo.
Quando finalmente estavam prontos, o grupo de amigos saiu da república e uma mini van os aguardava, perguntado por quem havia sido mandado o veículo, o motorista respondeu que teria sido a Sr ª Choi, sabendo que o carro do filho não iria suportar os oito integrantes da Bitnaneun Byeol.
Às oito horas um veículo preto se aproximou lentamente da entrada do campus e o motorista deu a volta destravando as portas que ao se abrirem, deixou a brisa fria invadir o interior do carro enquanto os integrantes do grupo saiam um a um, radiante e carismático. Vestiam trajes que mesclavam a casualidade do evento e a modernidade típicos dos idols de K-pop. Os membros do grupo adentraram no ginásio com uma confiança invejável.
— Cacete, isso aqui tá demais! — Hana exclamou empolgada para enquanto observava deslumbrada com o evento.
— Não acho que outros grupos conseguem nos alcançar. — Eun-ji analisou a estrutura do que haviam planejado com seu olhar calculista.
— Tá maluco, é o melhor de todos! Churros, Batata Frita, Pizza e Gelato feito na hora? Quem teria coragem de não gostar disso? — Indagou Charles andando pelas primeiras barracas.
— Vou dar uma circulada e achar os recrutas. — Ji-soo avisou se distanciando do grupo com Yi-jin no seu encalço.
— Vou dar uma olhada na passagem de som. Vamos comigo? — Hana olhou para Eun-ji esperando que ela concordasse e para a felicidade dela, a estudante de engenharia concordou.
— Só ficamos eu e você, no final. — Su-min colocou a mão no ombro de quando percebeu que Charles saíra para uma tour nas barracas de comida. — O que faremos? — Você pode ir com ele, se quiser. Verificarei outras coisas. — D'Angelo falou varrendo o lugar com seus olhos buscando algum defeito que ela pudesse consertar. — Valeu, você é a melhor! Fighting! — A coreana apressou seus passos para alcançar Charles na terceira barraca.
O ginásio universitário estava vivo com cores vibrantes e uma mistura frenética de sons enquanto o festival estava em pleno andamento. Barracas estilo parque de diversões haviam sido montadas em uma área ampla, criando um ambiente lúdico e animado que fazia os veteranos e calouros esquecerem das preocupações acadêmicas por um momento.
As barracas, adornadas com luzes cintilantes e decorações chamativas, competiam pela atenção dos visitantes. O cheiro tentador de pipoca e algodão-doce flutuava pelo ar, evocando lembranças de infância e barracas de jogos ofereciam desafios de arremesso, tiro ao alvo e a oportunidade de ganhar prêmios divertidos e pelúcias coloridas. A música alta e empolgante de diferentes gêneros se misturava, proporcionando uma trilha sonora eclética para a experiência.
No coração do festival, uma pista de dança improvisada atraía aqueles que queriam mostrar seus passos e dançar ao ritmo da música contagiante. As luzes piscavam em sincronia com os batimentos, criando uma atmosfera de festa nas primeiras horas da manhã. Entretanto, atrás desse mesmo palco, que exibia um telão com o nome da faculdade, uma cena cômica se desenrolava com Hana e Eun-ji que tentavam descobrir como ligavam os fios que haviam sido cortados por alguém na tentativa de atrapalhar o evento.
— Acho que esse fio vai aqui… — Hana disse ao pegar um fio vermelho e mostrar para a Eun-ji. — Argh! Eu não faço ideia de como ligar esse treco!
— Calma! — A estudante de engenharia disse rindo do desespero dela e tomando o fio de suas mãos. — Ele, na verdade, tem que estar nesse aqui.
— Não entendo! Vermelho era para ir ao vermelho e não no azul! Tudo isso é muito complicado! — Hana revirou os olhos e subiu os poucos degraus, pegando o microfone que estava no pedestal e dando três batidinhas.
— O que você está fazendo? — Eun-ji perguntou puxando a nipo brasileira para fora do palco.
— Testando! O palco é nosso! — Ela deu de ombros. — E o microfone também! — Mas você não é a responsável por recepcionar os calouros! — A coreana exclamou com a voz fina. — Desce daí! Você está chamando atenção!
— Que droga. — Hana retrucou devolvendo o microfone ao pedestal. No entanto, em um instante inesperado seu pé se enroscou com o fio, desequilibrando-a.
O coração dela parecia parar por um momento quando tropeçou e caiu do palco, seu corpo se movendo em câmera lenta enquanto ela perdia o equilíbrio. Mas, antes que ela pudesse atingir o chão, Eun-ji de maneira ágil reagiu instintivamente, estendendo seus braços e a capturando em um abraço protetor. Seus corações batiam acelerados com a surpresa do momento e os olhares se encontraram em um momento de conexão silenciosa.
Elas permaneceram assim, presas em um momento de conexão silenciosa, enquanto a música parecia criar um espaço só delas. O calor daquele abraço, misturado com o cheiro familiar do perfume da amiga, criou uma sensação de proximidade e conforto.
— Você está bem? — Eun-ji perguntou, sua voz suave e preocupada. — Estou. — Com um rubor nas bochechas, Hana soltou um riso nervoso e recuou um pouco, desculpando-se pelo susto.
— Não precisa se desculpar. Acontece com todo mundo. — Eun-ji apenas riu. Hana retribuiu o sorriso, seus olhos brilhando com carinho, enquanto elas se ajudavam a se levantar do chão. — Vou buscar uma água para você.
— Não precisa, eu estou bem, de verdade. — Hana assegurou e limpou as suas mãos na saia.
— Mesmo? — Eun-ji indagou preocupada.
Enquanto ela falava, Hana se pegou observando-a de uma maneira diferente, um olhar que ela nunca percebera antes. Como seus lábios se moviam enquanto ela falava, o brilho em seus olhos quando sorria, tudo isso começou a ecoar de maneira diferente dentro da mente dela. Uma série de pequenos gestos e detalhes que antes passavam despercebidos agora pareciam se destacar, enchendo-a de uma sensação estranha, mas simultaneamente emocionante. Entretanto, aquele momento de observação foi rompido pela voz de .
— Tudo certo por aqui? — Ela perguntou com um olhar sério.
— É, é. Tudo certo. — Hana respondeu um pouco atordoada. — Vou atrás de uma raspadinha, tudo bem?
— Vou com você. — Eun-ji disse e de imediato Hana negou, acusando que iria precisar usar o banheiro depois, mas ela só queria uma distância segura da estudante de engenharia que repentinamente havia se tornado seu desejo. — , eu estou preocupada com ela.
— Hana vai ficar bem, acredite. Posso conversar com ela mais tarde. — D'Angelo respondeu sorrindo levemente.
Encerrada a conversa, voltou a se mover pelo ginásio e um certo calouro captou sua atenção. Ele estava sentado em um canto isolado, com um livro aberto em suas mãos passando as páginas conforme terminava de ler. sentiu uma pontada de empatia ao observá-lo de longe. Ela se perguntou o que poderia estar passando pela cabeça dele, especialmente em meio a tanta novidade. Decidida a fazer com que o calouro se sentisse bem-vindo, ela fez uma pausa em sua rota e tomou uma decisão fazendo seu caminho em direção ao calouro, sua expressão determinada.
— Ei, — ela disse, com a voz cheia de simpatia e ofereceu um sorriso caloroso e amigável. sentou-se ao lado dele, criando um espaço confortável e olhou rapidamente as letras na folha, se desesperando ao ver que todas estavam no alfabeto hangul. Como que puxo assunto? Tudo bem, eu preciso me arriscar. — Pachinko?
— “Por favor, cuide da mamãe.” — Ele respondeu sem tirar os olhos das páginas. ficou em silêncio e pegou seu celular de dentro da jaqueta que estava usando para pesquisar rapidamente pelo livro na internet, achando algumas matérias interessantes, mas nada que ajudasse ela a desenvolver alguma conversa com o garoto. — Fiquei sabendo que é o livro preferido do Kim Namjoon — Ela disse ao ver essa curiosidade no título do site e guardou seu celular.
— É o livro favorito de várias pessoas — Ele retrucou sem dar muita importância ao fato de uma estrela do k-pop gostar do livro que ele estava lendo. — O que você quer? — Ele indagou fechando o livro e olhando ela pela primeira vez. Estava claramente sem nenhuma disposição para frequentar um evento daquele, mas havia resolvido vir depois dos seus pais terem insistido em falar na importância que era ter uma vida social na faculdade.
— Saber o motivo de você estar aqui lendo um livro enquanto todos estão… se divertindo com todas essas opções. — Ela apontou para os vários visitantes no meio da quadra andando sozinhos ou em grupos.
— Não estou interessado em morar com vários adultos que só pensam em beber durante todo o final de semana — Ele retrucou mal-humorado.
— Então você está falando com a pessoa certa! — disse olhando para ele. — Prazer, sou a da Bitnaneun Byeol.
— Eu sei. Não há uma só pessoa que não comente sobre você e seu grupo. — Ele cruzou os braços, estava convencido de que sairia dali para sua casa e continuaria daquele jeito durante todos seus anos como universitário.
— Sério? Estão falando da gente? — Ela indagou gostando do rumo que a conversa estava levando.
— Vocês parecem um grupo de K-pop — Ele zombou rindo e a brasileira fez uma careta. — Olha, você não precisa gastar seu precioso tempo em tentar me convencer a ficar nessa coisa ridícula que é uma fraternidade.
— Azar o seu, pois te garanto que seriam os melhores anos da sua vida. — Piscou o olho e levantou.
— Já que você acabou com a minha paz, eu vou procurar outro local. — Ele retrucou se levantando e descendo os degraus rapidamente à procura de outro lugar. — Quanta má educação! — resmungou descendo os degraus e retornando para perto do palco.
— ! — Hana gritou assim que viu a brasileira passando perto dos estandes e correu até ela a segurando pelos pulsos. — Temos um problema!
— E nós podemos resolver? — perguntou temendo um “não”.
— Mais ou menos — A outra disse fazendo careta. — A diretora de residências foi infectada por estafilo… Gripe! Ela está gripada e sem voz! Então não temos ninguém para dar início ao evento!
— É claro que temos, esse é o menor dos nossos problemas — deu de ombros e escutou Hana perguntar “quem?” — Eu! Falarei com todos.
— Você não fala coreano! — Hana alertou e suspirou, era verdade, o que ela falava de coreano só a permitia agir em situações de perigo.
— Então teremos que traduzir tudo em tempo real naquela tela. — A brasileira disse sentindo a tensão tomar conta do seu corpo. — Busca um daqueles nerds daquele estande, ele deve saber como podemos fazer isso.
— Ok! — Hana assentiu saindo de onde estava para realizar o pedido da sua amiga.
A resolução de todo o problema veio após meia hora e reunião entre os MBBY que optaram por transmitir a tela do computador aberto na página do melhor tradutor que funcionava por comando de voz, usava um fone de ouvido sem fio para que o microfone do computador ligado por bluetooth captasse melhor a voz dela durante o discurso traduzindo tudo automaticamente.
— Olá a todos, sejam muito bem-vindos à nossa amada universidade! — começou , lançando um sorriso caloroso. — Neste momento especial, reunimos-nos para celebrar o início da melhor e pior fase que estarão em suas vidas. A universidade é um espaço onde as mentes se encontram, onde ideias florescem e onde novas amizades se formam. Ao longo dos próximos dias, teremos a oportunidade de participar de workshops, palestras, visitações nas repúblicas e muito mais.
Enquanto continuava a falar, seus olhos varriam a multidão, buscando conexão com os rostos jovens e ansiosos à sua frente. Foi quando, no meio dos calouros, seus olhos encontraram um par que a fez interromper momentaneamente seu discurso. Lá estava ele, Ji-Hun, com uma expressão de curiosidade e interesse, fixado nela. Um sorriso lento se espalhou pelo rosto dele, enquanto seus olhares se cruzaram por um instante e ela retomava o fio de seu discurso.
— Que este Festival Universitário seja uma lembrança marcante em nossa jornada acadêmica. Obrigado e divirtam-se! — concluiu seu discurso de boas-vindas, seus olhos encontrando novamente os de Ji-Hun antes de descer do palco. O aplauso entusiástico da plateia a acompanhou, mas sua atenção permaneceu, mesmo que por um instante, naquele olhar que a havia tocado tão profundamente.
— Você foi incrível! — Charles exclamou indo até a brasileira e abraçando ela. — Eu nunca duvidei que ela tinha uma boa oratória — Hye-jin disse sorrindo e se juntando aos outros do grupo.
— ! O que foi aquilo? Você deu uma gaguejada, mas foi tudo “ok” — Hana piscou o olho.
— Devíamos fazer aquilo — Ji-soo sugeriu apontando para um grupo de universitárias que dançava ao som de BlackPink imitando os passos de algum clipe.
— Sem chance! — Yi-jin se negou balançando as duas mãos.
— Não é tão ruim! — Eun-ji comentou observando a apresentação.
— E nós já fizemos isso, lembram quando dançamos Everglow? — Su-min perguntou e os seis balançaram a cabeça afirmando.
— Aquilo foi no karaokê e eu estava com três garrafas de soju no sangue! — Yi-jin respondeu dando alguns passos para trás.
— Vocês podem ir, eu já chamei atenção o suficiente por uma semana inteira. — falou para eles com um sorriso leve em seus lábios, mas ao procurar Ji-Hun, ele havia desaparecido no meio dos visitantes, levando a crê que havia sido uma imagem que sua cabeça criara.
No fim, o grupo decidiu que não iriam dançar, para a felicidade de Yi-jin e desânimo da sua irmã gêmea, Hye-jin. Os integrantes resolveram que já tinham conversado o suficiente com os calouros e que finalmente podiam ter um momento de descanso, apenas compartilhando histórias animadas e aproveitando a energia contagiante do evento, cada um com sua personalidade única, e a atmosfera era de felicidade. Hana, a melhor amiga de , de maneira observadora, percebia algo sutil no ar. Ela lançou um olhar de relance na direção de , notando que seus olhos se desviavam ocasionalmente para um ponto distante.
Enquanto ela compartilhava histórias animadas com seus amigos, ocasionalmente se via distraída pelo olhar de alguém que estava mais afastado. Era ele, Ji-Hun, que com os olhos dele a acompanhavam suavemente, perdendo-se na forma como ela se expressava, ria e interagia com o grupo.
Hana percebeu o que estava acontecendo e sorriu para si mesma. Ela decidiu provocar de maneira gentil e cúmplice. Pegou um pedaço de pipoca da sacola que estava segurando e, fingindo distração, a jogou na direção de . A pipoca voou e acertou a testa dela, chamando sua atenção.
— Você devia ir até ele. — Hana piscou de maneira sugestiva.
— Quem? — indagou olhando para onde ela apontou e arregalou os olhos sentindo o sangue subir até suas bochechas. Kim Ji-Hun bebia uma lata de refrigerante e ocasionalmente olhava para o palco onde um grupo de calouros coreografa Twice. — Daquele gato que você conheceu ontem no bar, ele está bem ali, não se faça de sonsa! — Hana jogou outra pipoca.
— Você dormiu com ele? Que sorte! — Charles exclamou com a boca formando um “O”. — Aquele homem parece um guarda-roupa de tão grande — Hye-jin comentou rindo. — Que exagero! Aí! Ele me viu! Ele me viu! — disse se virando de costas e cobrindo o rosto com as duas mãos.
— Agora não adianta se esconder, gata! — Ji-soo falou rindo. — Ele está sorrindo. Com certeza percebeu que você está se escondendo.
— Convenhamos que também não foi a melhor ideia vocês ficarem encarando ele como seis gaviões — Yi-jin retrucou.
— Garoto! Shh! — Eun-ji ralhou com ele que levantou as duas mãos.
— O que é isso? Sexto sentido? Pensei que homem não tinha cérebro! — Hana zombou revirando os olhos.
— Assim você me ofende — Charles disse com a mão no peito fazendo beicinho.
— Você é diferente, bebê! — Ji-soo falou abraçando o finlandês.
— Aww! Gay. — Su-min exclamou se juntando ao abraço.
— Saí! Homofóbica! — Charles falou implicando com a coreana ao empurrar ela com os ombros.
— Amiga, você quer a boa solução ou a má? — Hana disse chupando um pirulito que ninguém fazia ideia de onde ela havia tirado aquilo.
— As duas vão acabar comigo tendo minha cabeça na forca — disse dramática imitando um choro.
— A boa é você ir até lá por livre e espontânea vontade e a má eu te arrasto até ele — Hana disse sincera. — Quantas pessoas me ajudariam nesse plano?
— Eu! — O coro de vozes disse surpreendendo .
— Vocês… Todos são falsos! Odeio cada um! — Ela disse apontando o dedo para eles e deu as costas, respirou fundo repetindo um mantra mentalmente em que ela seria corajosa de encarar os acontecimentos da noite anterior.
Ao lembrar da intensa troca de olhares entre eles naquela festa, Clara sentiu um calor percorrer seu rosto. A lembrança da noite anterior era engraçada, constrangedora e emocionante, tudo ao mesmo tempo. No entanto, toda sua determinação se esvaiu pelos seus dedos das mãos quando ele deu mais um daqueles sorrisos, fazendo com que lembrasse da sensação do corpo quente dele deslizando em cima do seu. Com um último olhar de pânico para Ji-Hun, deu meia-volta e Ji-Hun coçou a cabeça, confuso com a reação dela, mas não pôde deixar de rir da situação absurda em que se encontravam. O homem obrigou seus pés a se moverem indo atrás dela antes que desaparecesse na multidão de universitários, o que não foi muito difícil por ter pernas longas e passos largos, alcançando rapidamente e segurando seu pulso para que ela parasse de fugir.
— Fugindo, ? — Ele soou atrás dela e sentiu seu coração disparar, suas bochechas ardiam e ela não sabia se queria rir ou chorar. Girou seus calcanhares e o olhou para ele com a cara mais lavada do universo.
— Claro que não, eu só pensei ter escutado meu nome ser chamado — Isso, ! Pensamento rápido! Muito bem! Ela pensou consigo mesma e bateu os cílios, parecendo inocente demais para inventar alguma mentira.
— Ah, claro! — Ele riu convencido soltando o pulso dela e cruzando seus braços. — Mandou bem no discurso.
— Valeu — Ela disse constrangida e decidiu entrelaçar seus dedos após minutos no dilema do que faria com suas mãos. — Estou começando a desconfiar que você é um tipo de stalker.
— Eu não sou um stalker — Ji-Hun franziu o cenho fazendo uma careta. — Isso é exatamente o que um stalker diria — deu de ombros e o homem a olhou curioso. — Assisto muitos documentários de crimes reais no meu tempo livre para relaxar. Me dê um real motivo para sua presença aqui.
— Eu não sou obrigado a te dar um real motiv… — Ele respondeu irritado, mas quando viu que a mulher fez menção em ir embora, sua feição se suavizou, recuperando sua paciência.
— Ok. Vim buscar meu sobrinho, mas perdi o moleque de vista.
— Com o seu sobrinho? Só uma pergunta: Ele tem idade para estar numa faculdade? Desde quando um adulto precisa de um babá? — Ela fez uma pergunta atrás da outra. — Escuta, você não precisa acreditar no que falei, se você não percebeu: não há nada nós prendendo juntos, sinta-se à vontade para voltar onde seus amigos estão. — JiHun sentiu a frustração se acumulando.
Talvez ela até tenha considerado deixá-lo falando sozinho, mas ao ver que um dos estudantes que mais perseguia ela durante as aulas estava vindo na sua direção, ela concluiu que ficar com Ji-Hun não parecia o pior dos pesadelos.
— Agora eu não quero mais, vai ter que me aturar. — deu de ombros, com um sorriso brincando em seus lábios.
— Você é doida. — Ele retrucou desacreditado enquanto balançava a cabeça. — Agora que vou ficar aqui, você permanecerá em voto de silêncio? — Indagou quando não escutou mais nenhum suspiro vindo dele. — Ei! Oi! Ji-Hun? Terra chamando! 1… 2… 3… Tem alguém aqui?
— , eu sei que você está aí, só estou tentando achar meu sobrinho de vista na primeira semana de, seja lá o que for isso, por que diabos aquele moleque escolheu a KAIST? — Ji-Hun falou tentando localizar o garoto.
— Ei! Estudo aqui, não fala assim da minha faculdade! — retrucou. — Ah, foi mal! É que eu quase esqueci por você ficar cinco segundos inteiros em silêncio. — Ele rebateu olhando para ela com um sorriso sarcástico.
— Tudo bem, você venceu. Vou embora. — se rendeu erguendo os dois braços para cima. Entretanto, com apenas um passo dado, o homem segurou em seu pulso, impedindo que ela continuasse. — O que você quer?
— Quero que fique. — Ele respondeu rápido. Como ele a havia segurado pelo pulso, aproximou seus corpos, os deixando perigosamente perto um do outro e isso fazia com que olhasse instintivamente para os lábios dele.
— Você é louco. — Ela soprou fazendo ele dar um sorriso travesso.
— Então somos dois. — Ji-Hun passando a língua na boca para umedecer. — Você quer dar uma volta por aí?
— Pode ser. — sorriu tentando não parecer totalmente mexida por ele. — Só preciso pegar meu celular.
— ! — Escutou seu nome ser gritado e após uma rápida olhada viu ser a pedra no seu sapato que insistia em não sair do lugar, infelizmente Yongseo tinha duas pernas saudáveis que permitiam que ele chegasse até ela.
— Ji-Hun. Me beija. — Ela pediu chegando com seu rosto mais perto do dele.
— Quê? — Ele indagou, talvez estivesse escutado errado.
— Que droga! — disse em português e sem aviso prévio, ela inclinou a cabeça e o beijou, um beijo cheio de confiança e determinação.
Ela sentiu o rapaz surpreso por um momento, mas ele logo se entregou ao beijo, parecendo ter entendido o que ela queria, seus braços foram para a cintura dela.
— Sinto muito atrapalhar. Hana me pediu para te avisar que precisam de você. — O rapaz murmurou constrangido por interromper o momento e piscou seus olhos duas vezes sentindo o rubor tomando conta de seu rosto, claramente aquele não era Woojin. — Vou avisar que você já está indo. Foi mal!
— Desculpe por isso — ela murmurou, dando um passo para trás e olhando de soslaio para Ji-Hun.
— Não precisa se desculpar, foi um prazer inesperado. — Ele sorriu passando a língua nos lábios e sentindo o gosto do gloss que ela usava em sua boca. JiHun se aproximou dela, um sorriso divertido nos lábios e disse: — Eu não consigo parar de pensar em você desde ontem.
— Isso foi… surpreendente. — disse a JiHun, em um tom baixo o suficiente para que só ele ouvisse e o rosto dele parecia ter tomado outra coloração, levemente avermelhada. — Ah! Suas bochechas estão coradas!
— Não estou não! — Ele disse tirando uma das mãos da cintura dela e colocando em sua própria bochecha. Por que diabos ela me deixa assim? Ele pensou ao sentir sua bochecha quente. — É o sol. — Respondeu de imediato olhando para ela, mas sua boca se curvou em um sorriso travesso e ele perguntou: — E você? Pensou em mim alguma vez depois de eu sair?
— Não, eu dormi como um anjo essa noite, até esqueci que você havia estado lá! — deu de ombros e ele fez beicinho.
— Que saco! E eu pensando em você a cada minuto. — Ele disse baixo como uma criança decepcionada e chutando uma pedrinha no chão.
— Mentir deveria dar cadeia. — Ela retrucou, mas se arrependeu no mesmo minuto quando ele a olhou com um sorriso travesso.
— Nesse caso seríamos dois fugitivos? — Ji-Hun respondeu chegando com seu rosto cada vez mais perto do dela.
— Então admite que mente? — deu um meio sorriso, como se tivesse pegado ele no pulo.
— E você não? — Ele arqueou uma das sobrancelhas olhando para a boca dela.
— Cantada barata não conquista ninguém, Ji-Hun. — A mulher afastou o corpo dela dando um passo para trás quando sentiu o meio das pernas formigarem, precisava manter uma distância saudável ou seria levada à loucura com ele tão perto daquela forma.
— Não me parece verídico essa afirmação. — Ele comentou quando ela se afastou. não sabia o que responder, então ficou em silêncio evitando os olhos dele. — Você continuaria bonita mesmo fugindo da polícia.
— Tsc, tsc… Nunca vi ninguém ficar feio por ser fichado. — deu de ombros e escutou ele rir.
Para Ji-Hun, era como se um ímã invisível o mantivesse ligado a cada movimento dela, a cada expressão que passava por seu rosto enquanto ela falava. Sentido como se fosse a primeira vez que falava com . Entretanto, ele sabia que daquela vez era diferente. Não era mais um caso de uma noite, enquanto a observava de maneira quase hipnótica, ele percebeu que a atração que sentia por ela ia além de qualquer coisa que já havia experimentado antes. Seu coração batia um pouco mais rápido, e um calor inconfundível se espalhava por seu peito toda vez que seus olhares se cruzavam, mesmo que por um breve momento.
— Espero a inscrição de vocês! — disse se despedindo das meninas e ao perceber que estava sozinha, olhou para os lados procurando Ji-Hun. — Ele estava aqui agora a pouco.
— ! — Ele disse alto chamando a atenção dela para trás de si e foi então que a brasileira notou ele há alguns passos atrás dela, o coreano acenou com uma das mãos. — Desculpa por aquilo, é que como líder preciso fazer minha parte. — explicou-se com um sorriso sem graça.
— É divertido ver tudo isso novamente. — Ji-Hun comentou sorrindo com o sentimento de nostalgia em seu peito.
— Então você já terminou a faculdade? — indagou e ele assentiu.
Enquanto caminhavam por entre as barracas, seus dedos ocasionalmente se tocavam de forma quase acidental, enviando pequenos arrepios por suas espinhas. Ji-Hun percebeu estar se sentindo à vontade na presença de , uma sensação que não experimentava facilmente com outras pessoas. Ela o fazia esquecer das pessoas que o olhavam com certo reconhecimento, mergulhando-o em um presente repleto de diversão e conexão genuína.
— Obrigado — Ele agradeceu ao pegar um algodão-doce enorme no formato do Kookie, mascote do BTS. — Vamos?
— Para quem é esse bicho gigante? — Ela perguntou andando ao lado dele até as arquibancadas e sentando um degrau acima do que ele estava.
— Não gosta de doce? — Ji-Hun perguntou e ela assentiu, o coreano colocou o bicho alguns centímetros mais perto. — Pode comer.
— Eu não vou aguentar isso tudo — Ela riu começando a puxar o algodão-doce pela orelha do bicho e amassando antes de colocar na boca, sentindo o gosto de morango ao provar. — Tem gosto! Os que eu comia quando criança eram resumidos ao açúcar e corante barato!
— Experimenta o nariz, tem sabor de chocolate. — Ele respondeu e ela fez careta.
— O quê?
— Se começa a comer pelas beiradas! — disse, contrariando ele que começara a provar as partes escuras daquele doce.
— Isso não existe! — Ele retrucou e puxou um dos olhos colocando na boca dela. — Não é gostoso?
— Ji-Hun! Pelas beiradas! — A brasileira insistiu, deixando que o algodão derretesse em sua boca.
— É muito bom! — Disse contrariada e ele deu risada. — Você está sujo.
— Onde? Aqui? — O coreano tentou ao colocar a mão limpa em sua bochecha. — Ou aqui? — Indicou o queixo vendo ela negar com a cabeça.
— Bem, aqui e eu sei que você faz isso de propósito — Ela falou ao tirar o açúcar do canto dos lábios dele. — E só para você saber, eu não vou te beijar por causa disso.
— E quem disse que quero beijar você? — Ele contraiu a mandíbula, demonstrando total insatisfação quando seu desejo não foi correspondido.
— Você… — Ela riu e ele pode sentir a respiração da mulher, ela ofereceu um sorriso tímido. — Você está me levando a sentir coisas que eu não quero.
— E, por quê? — Ji-Hun indagou afastando o algodão-doce e roçou seus lábios nos dá mulher. — Diga. — Ele ordenou, mas não obteve nenhuma resposta por parte dela, tinha seus olhos semi abertos, aproveitando aquela sensação elétrica que transpassa do corpo dele para o dela, como se estivessem ligados por fio invisível reciprocamente. — … — Ele murmurou antes de pedir permissão silenciosamente para avançar em um beijo. A brasileira permitiu entreabrindo sua boca e fechando completamente seus olhos para aproveitar as, milhares de sensações que aquele toque transmitia. Lentamente os lábios dele se moveram com os dela, sem pressa e deixando que ele sentisse o gosto de frutas do gloss que ela usava, escondendo seus rostos com o algodão-doce que se derretia pouco a pouco, ao separar do beijo eles se olharam intensamente e ele riu levemente. — Você disse que não ia me beijar.
— Tecnicamente você quem me beijou. — respondeu se afastando dele e puxando mais um pedaço do algodão-doce. Ji-Hun riu observando ela. — Então, você não me contou o que fazia na faculdade.
— Artes Cênicas — Respondeu também comendo o doce, mas sem parar de olhar ela. — Isso é surpreendente, mas tive mesmo essa impressão que te conhecia de algum lugar. — respondeu dando de ombros.
— Eu que fiquei surpreso, não imaginei que você estudasse aqui. — O ator disse descontraído.
— Não tivemos tempo de conversar sobre isso ontem — Ela disse rindo e ele concordou. — Arquitetura.
— Sempre gostou de números? — Ele indagou e ela negou com a cabeça. — Então, por que arquitetura?
— Passei a me forçar a gostar de números quando entrei para a faculdade, mas eu até gosto da ideia de tornar real a casa dos sonhos dos meus futuros clientes. — Ela sorriu pensando no futuro quando tivesse sua própria empresa. — E você? Por que escolheu atuar?
— É difícil explicar, mas desde criança gostava de interpretar personagens de filmes que eu assistia, já fui ninja, policial, super-herói e até um príncipe! — Ele respondeu fazendo ela rir.
— Uau! E o que faz atualmente? Está em algum projeto importante? — Indagou mais uma vez e ele assentiu. — O quê?
— O contrato ainda não me permite dizer para ninguém, mas é algo importante. — Ji-Hun lamentou não poder dizer mais sobre seu trabalho. — Escuta, eu vou buscar um papel para limpar nossas mãos, você quer alguma coisa?
— Água! Estou morrendo de sede. — disse observando ele se levantar e assentir quanto ao pedido dela, descendo os três degraus que restavam para estar no chão de novo. Escutou seu celular tocar e ao tirar do bolso da jaqueta viu a foto da Hana brilhar no visor, balançou a cabeça, ela devia estar infartando de tanta curiosidade, deslizou seu dedo pelo ícone verde para atender e levou o aparelho ao seu ouvido:
— Vê as mensagens agora! — E desligou sem mais nem menos, franziu o cenho e desbloqueou o celular para entrar no aplicativo de mensagens. Seu coração começou a bater mais rápido enquanto ela abria as notificações, um sentimento de apreensão se formando no fundo, de sua mente.
MBBY: FOFOQUEIROS E GOSTOSOS Eun-ji: eeeeee
Hana: eee
Su-min: Meninas! O BEIJO! ELES ESTÃO SE BEIJANDO!
Charles: Escondidos no algodão doce do BTS, coitado do Kookie!
JI-SOO: Ele tá é doido pra levar ela para outro canto ( ͡° ͜ʖ ͡°)
HYE-JIN: Um absurdo! Ainda nem passou por nossa triagem!
: Um absurdo é vocês me assistindo de longe!
Hana: E quem disse que nós estamos longe?
engoliu em seco, sentindo seu estômago se contorcer. Ela sabia exatamente sobre do que seus amigos eram capazes, levantou sua cabeça procurando o grupo de fuxiqueiro até achá-los quase de frente para ela do lado oposto da quadra com Yi-jin acenando.
: SAIAM DAÍ AGORA!
Eun-ji: Ele já te chamou para sair?
Su-min: As cartas não mentem! Que homem lindo!
YI-JIN: Que fique claro que eu não concordei com isso.
Charles: Até parece que não estava se mordendo de curiosidade!
JI-WOO: “Ai isso, aquilo”
YI-JIN: Eu não falo assim!
Hana: Chama ele para sair!
HYE-JIN: ���� Quando?
: Eu odeio vocês!
Eun-ji: Vamos fazer outra tiragem de cartas!
: (meme de surto)
A brasileira sentiu seu celular vibrar com as mensagens chegando, teve que guardar depressa quando viu ele retornar com dois hot dogs no palito e duas latinhas de refrigerante, parecendo ser a cena de dorama que ela costumava assistir quando chegou na Coreia na esperança de viver um romance daquele, infelizmente já tinha se passado dois anos e nada acontecera, sua vida continuava tão parada quanto no ocidente.
— Você sempre opta por embalagens fofas ou hoje é uma exceção? — Ela indagou quando viu que as duas latinhas de refrigerante eram do Pokemón.
— Gosto dessas embalagens fofas! — Ele respondeu sentando-se no mesmo lugar de antes. — Encontrei seus amigos.
— Simpáticos, não? — Intrometidos também. Ela pensou e quis matar eles apenas com seus olhos, mas o grupo já havia desaparecido do mapa do ginásio. — Fizeram alguma pergunta?
— Só algumas. — Ele sorriu entregando o hot dog para ela enquanto abria a latinha de refrigerante — Não sabia qual você gostava, então trouxe uma coca cola.
— Obrigada. O que perguntaram? — Indagou curiosa, mesmo que suas bochechas estivessem vermelhas o suficiente só de imaginar sobre o que teriam conversado. — Quando eu te chamaria para um encontro e quando você iria me dar seu número. — Deu de ombros e escutou engasgar com o refrigerante, ficando ligeiramente com o rosto vermelho até conseguir respirar de novo. — Você está bem?
— E-estou. — Respondeu sentindo a garganta arder e passou o polegar no canto dos olhos para secar uma lágrima que havia ficado por ali. — Não leva eles a sério. Eles não têm um mínimo de noção.
— Não, não. Eu também estou me perguntando quando você vai me passar seu número. — Ele disse despreocupado enquanto mordia o hot dog.
— Você não me pediu — Deu de ombros imitando ele.
— Estou pedindo agora — Ele arqueou as duas sobrancelhas.
— Coloca o seu aqui e quando eu chegar em casa eu te envio uma mensagem — Ela disse entregando a ele o seu celular na discagem telefônica. Observou ele digitar e salvar o número dele com um emoji, guardou novamente o aparelho no bolso e olhou para ele. — O quê?
— Não sei se posso confiar que você vai mesmo me chamar — Retrucou e rolou os olhos.
— Se isso acontecer, você sabe onde eu moro. — A brasileira resmungou em resposta. Ele murmurou com “hum” e ficaram apreciando o gosto agridoce do hotdog se misturar com outros e ela interrompeu o silêncio, perguntando: — Posso te perguntar uma coisa? — Começou hesitante enquanto limpava as mãos. — É tão comum os pais arranjarem casamentos para os filhos aqui com aqueles encontros às cegas?
— É, sim, meus pais já tentaram umas cinco vezes até agora. — Ele disse sincero e ela deu risada.
— Suponho que nenhuma tenha dado certo. — zombou e ele mostrou as mãos para provar que não havia nenhuma aliança em seu dedo. — Bom, você é ator e eu já vi que muitos coreanos não costumam usar o anel de compromisso.
— Eu usaria sem nenhum problema e a que custo eu enganaria ou trairia outra mulher? — Ele indagou e concordou. Não havia porque ele trair alguém, quer dizer, pelo menos ela queria acreditar que ele não era aquele tipo de pessoa.
— Sabe o que ando percebendo? — Perguntou de forma retórica e ele se aproximou mais interessado no que ela falaria. — Desde que sentamos aqui, uma quantidade de pessoas estão nos olhando.
— É, eu imaginei que isso aconteceria. — Ele olhou rapidamente para o resto do ginásio e notou que a observação da estava certa, acenou rapidamente para algumas pessoas. — Se você estiver incomodada com isso, nós podemos ir para outro lugar. — Ah, não! Não é que eu esteja incomodada, mas isso não dará nenhum problema? — Perguntou preocupada em terem tirado fotos dos dois juntos e ela sair com ele na próxima matéria de fofoca como affair.
— Espero que não. — Ele disse sincero.
Não ficaram por mais tempo ali do que uma hora e meia, os calouros e veteranos começaram a ir embora deixando o lugar vazio e consequentemente Ji-Hun também teve que ir embora com seu sobrinho que havia mandado uma mensagem dizendo estar esperando ele do lado de fora do ginásio. ajudou o seu grupo a recolher o que conseguiriam levar dentro da van que a mãe do Yi-Jin havia emprestado, todos os oito integrantes estavam extremamente cansados e esse só havia sido o primeiro dia do Festival Universitário.
De volta para casa amarela, subiu para o segundo andar direto para tomar um banho e tirar toda aquela quantidade de produtos que havia usado para fixar seu cabelo, sentia seu corpo inteiro doer, mas ansiava por perguntar a Hana sobre o que mais o grupo conversara com Ji-Hun.
— Escutem só essa! Conseguimos vender todas as pulseiras passaportes! — Hana disse ao olhar dentro da caixa enquanto Yi-jin comemorava com Charles, era óbvio que o coreano havia bebido algum tipo de bebida com álcool.
— Ei! Nós não havíamos prometido que não teria álcool durante a semana? — Ji-soo indagou ao perceber a garrafa de soju no balcão.
— Exceções, meu bem, exceções! — Yi-jin respondeu passando por ela e beijando a bochecha da mulher, arrancando algumas risadas quando a estudante de designer ficou com as bochechas vermelhas.
— “Meu bem”? O que diabos aconteceu com o Yi-jin? — Eun-ji perguntou rindo enquanto ajudava Charles com o almoço que estava mais para café da tarde dado ao horário que eles haviam chegado.
— Foram ao total 984 mil wones, acho que conseguimos comprar algumas coisas para a escolinha em Guryong, as crianças vão ficar tão felizes! — Hana disse guardando a caixinha no armazém da cozinha.
— Claro, só temos que dividir uma parte para a escolinha e outra parte para ajeitar aquele quarto. — Eun-ji lembrou. — E essa é a parte mais urgente, temos que ajeitar tudo antes de os calouros chegarem.
— Falando em calouros, quantas inscrições temos? — Ji-soo perguntou abraçando a cintura da Eun-ji.
— Em torno de 147, foram muitos calouros que se interessaram por nossa casa, graças aos meninos! — Su-min disse e Yi-jin sorria convencido.
— Acho que temos que pensar bem em quantos vamos receber, com o dinheiro que temos não conseguiremos comprar muita coisa. — avisou. — Tem uma coisa que quero perguntar a vocês.
— Pode dizer, sem medo! — Yi-jin falou animado novamente.
— O quanto vocês conversaram com Ji-Hun? — Ela indagou e fechou os olhos com medo da resposta.
— Oi? — Eun-ji perguntou confusa e Hana deu risada.
— Nós nem vimos ele! — Su-min exclamou achando engraçado a expressão de surpresa da brasileira.
— Mas ele fal… já saquei, ele me enganou! — deitou sua cabeça na mesa, se achando idiota por acreditar tão fácil em uma brincadeira. — E ele fez isso só para conseguir meu número!
— Nesse caso vamos apoiar ele! — Ji-soo falou se unindo com as outras meninas. — Eu já volto! — disse saindo da cozinha para ir até a sala e pegou o seu celular no bolso da blusa moletom abrindo no aplicativo de mensagem, buscou pelo nome do Ji-Hun e abriu uma nova conversa.
(MeMi Message) : Boa jogada! (SELFIE)
JI-HUN: Então, quando vai me dar uma chance?
: Um date!
JI-HUN: Dois!
: UM!
JI-HUN: TRÊS!
: Feito! Boa sorte.
JI-HUN: Vou surpreender você. (SELFIE)
Espera, três dates? Ele tinha trapaceado ela novamente.
14 de Março de 2022: Caminhos Cruzados, novamente.
��Kim Ji-Hun apartment, Daejeon, South Korea
A parte mais afetada no corpo durante uma corrida é sem dúvida os membros inferiores, mas mesmo que esses doam produzindo o hormônio da fadiga muscular, seu cérebro entende que aumentando a serotonina em circulação te fará perceber o quanto aquela atividade te traz felicidade e sensação de recompensa. Não muito distante dessa atividade, outra sequência de esforço muscular que provoca a mesma sensação é o sexo, ainda mais quando bem aproveitado pelos dois envolvidos, o problema é quando a sensação de prazer te vicia tanto em uma pessoa específica e então o cérebro, libera uma quantidade absurda de ocitocina te fazendo crer que está ao ponto de se declarar para o outro com uma daquelas faixas bregas ou um cartaz no meio de uma avenida.
O alarme ao lado da cama apitou às 6:30 da manhã e a mão de Ji-Hun foi ao encontro do botão do objeto para desligar ele, demorou alguns segundos para abrir seus olhos e olhou para o teto tentando lembrar do último sonho que havia tido, entretanto, sem sucesso, o ator deslizou sua mão pela cama para alcançar o celular e trazendo para si. O primeiro aplicativo que abriu foi o de mensagens verificando se tinha que responder alguma coisa de importante, mas tudo o que encontrou foi uma recente mensagem do diretor de Money Heist Korea que responderia ele depois quando tivesse mais acordado e outra da sua mãe. Piscou os olhos na intenção de despertar e abriu a mensagem da mãe dando risada sozinho, mais uma vez ela estava marcando um encontro às cegas para ele, mas dessa vez o ator já tinha sua resposta.
Omma: Você está comendo direitinho?
Omma: Não está ficando acordado até tarde por causa do trabalho não é?
Omma: Ainda deve estar dormindo.
Omma: Fico preocupada com você morando longe.
Omma: Você deveria vir e conhecer a filha da Do-a, ela é uma boa pessoa também é bonita! Leve ela para um restaurante bom!
Ji-Hun: Omma! Estou bem, não precisa se preocupar.
Ji-Hun: Não vou poder ir nesse encontro.
Omma: Não me diga que é por conta do trabalho.
Ji-Hun: Na verdade, eu estou saindo com alguém.
Omma: Oh! Verdade? E quando eu e seu pai vamos poder conhecer?
Ji-Hun: Sem pressa, mas te garanto que você vai gostar dela.
Omma: Então peça logo a moça em casamento!
Ji-Hun deu uma risada quando leu a última mensagem e negou com a cabeça, primeiro precisava fazer se apaixonar por ele e querer um relacionamento que dure pelo menos um ano completo.
Ji-Hun: Vou me certificar de que ela não vá fugir.
Ele enviou por último antes de abandonar a conversa para olhar a que teve com .
JiHun deu zoom, observando bem cada detalhe dela que a câmera pode pegar, nem percebeu estar com um sorriso bobo pairado nos seus lábios, o coração dele que antes batia há setenta e cinco por minuto parecia ter recebido uma descarga elétrica batendo mais rápido do que ele podia imaginar, digitou e apagou uma mensagem de bom dia várias vezes perguntando-se era realmente saudável pensar em alguém naquela hora do dia. Balançou a cabeça para afastar aqueles pensamentos e saiu do aplicativo de mensagens, direto no Instagram, pesquisou pelo nome de “ D'Angelo”, mas para a sua tristeza não conseguiu achar nenhum perfil e teve que se contentar com o nada. Jogou as pernas para fora da cama sentando-se e esticou seu corpo antes de levantar em direção ao banheiro, soltou seus cabelos e passou os dedos nos fios antes de amarrá-los novamente com um elástico preto, iria fazer sua corrida matinal e na volta tomaria seu banho.
Ji-Hun trocou a roupa de dormir por uma de academia que o protegesse do frio que fazia do lado de fora e comeu seu café da manhã conforme a dieta prescrita pelo nutricionista antes de sair do apartamento com os fones no ouvido escutando sua playlist aleatória enquanto corria pela calçada. Mais uma vez seu coração se acelerava e seus músculos sentiam a necessidade de se esforçarem mais durante a atividade física e após, ter corrido por quase uma hora, caminhava de volta para o seu apartamento e escutou seu celular vibrar interrompendo a música que tocava. Tocou duas vezes no fone para atender sem nem mesmo saber quem era do outro lado da linha.
— Ji-Hun? Você sabe que é o cara, não é? — A voz do outro lado disse assim que o ator atendeu.
— Diz logo o que você quer, Kang. — Ji-Hun disse impaciente, odiava ser atrapalhado em suas atividades.
— Tive um imprevisto aqui no set e não vou poder buscar o Taeyong na faculdade. Você pode ir? — O outro franziu os lábios, mesmo sabendo que seu amigo não pudesse ver. — Qual é? Eu já fui ontem. — Kim revirou os olhos.
— Eu sei! E eu te agradeço muito por isso, mas é que aparentemente alguns figurinos sumiram enquanto estava almoçando ontem e…
— Onde ele vai estar? — Ji-Hun mordeu o lábio inferior parando de caminhar.
— Ele falou que vai com outro grupo visitar as casas, mas aparentemente combinaram de se encontrar na “RYS”, “MBBY” não faço ideia, mas é uma casa amarela. — Kang respondeu enquanto verificava algumas coisas no tablet que carregava.
— Espera, MBBY? Tipo, Maru Bitnaneun Byeol? — A boca do ator se abriu com um sorriso.
— Acho que é isso mesmo! — Kang deu de ombros. — Você vai ou não? — Diga para ele não sair de casa! Chego em 40 minutos para buscar ele. — Agora vi vantagem. Ji-Hun pensou passando a língua nos lábios.
— Não precisa… Ji-Hun?
Desligou a chamada e guardou os fones de ouvido, retornando a correr para chegar mais rápido no apartamento. Mesmo com o sol se mostrando, a temperada exterior era fria, afinal ainda estavam no inverno e não havia um ser humano sequer saindo de camiseta e bermuda. O ator vestiu uma blusa de mangas compridas por baixo do conjunto de moletom, além de meias e um tênis nos pés, amarrou os cabelos para não bagunçar enquanto estivesse dirigindo a moto. Certificou-se de pegar o celular, a carteira e os dois capacetes antes de sair do apartamento em direção à garagem. Enviou uma rápida mensagem para que seu amigo, Kang avisasse ao filho sobre a ida do “tio” e ligou a moto dirigindo para longe de onde ele morava.
��Maru Bitnaneun Byeol, South Korea.
estava sentada na sua cama, um olhar preocupado e frustrado estampado em seu rosto. Seu coração batia acelerado, e a tensão em seus ombros era palpável. Ela estava rodeada por amigos animados, todos se preparando para um grande dia, mas o caos e o barulho em sua casa estavam quase insuportáveis. A música pulsava de uma caixa de som no canto, competindo com risadas estridentes e conversas animadas dos seus amigos que preenchiam o espaço. tentava se concentrar em escolher algo para vestir entre a pilha de roupas, mas a cacofonia ao seu redor estava a enlouquecendo. Ela passou as mãos pelo cabelo, desejando que o ruído em sua mente fosse tão fácil de acalmar quanto seu cabelo rebelde. Enquanto isso, a bagunça se espalhava, roupas espalhadas pelo chão, maquiagem e produtos de cabelo espalhados por todo lugar.
— Yi-jin, eu já disse para você não pegar meu secador! — Hye-jin gritou com o irmão enquanto descia as escadas com uma toalha na cabeça.
— Alguém viu o corretivo de olheiras? — Su-min perguntou gritando de dentro do quarto. — Comigo! — Hana respondeu na mesma altura e entregou a maquiagem assim que terminou de passar.
— ! Socorro! Preciso com urgência do seu babyliss, meu cabelo está se negando a ficar no lugar hoje! — Charles exclamou colocando metade do seu corpo no quarto onde ela estava.
— Ji-soo, olha para cima.- Eun-ji pediu pela terceira vez ao tentar passar rímel dos cílios dela.
— Já estou olhando! — Ji-soo retrucou cansada de ficar naquela posição que fazia seu pescoço doer.
— Preciso da opinião de vocês, isso aqui ficou bom, péssimo ou horrível? — Hana indagou entrando no quarto para mostrar o look que estava usando.
O tempo não cooperava com ansiedade e estresse de , faltava uma hora para a abertura da visitação dos calouros nas casas e o lugar ainda se encontrava uma zona. Olhando no espelho, ela notou que seus lábios estavam avermelhados pela quantidade de vezes que ela havia mordido, sentindo uma inquietação, levantou-se da cama descendo os degraus da escada pedindo para que todos encontrassem ela na sala com urgência. Felizmente, eles ainda a respeitavam como líder e ela os olhava sérios, cada um envolvido num caos emergente da moda.
— Galera! — exclamou, erguendo a voz para ser ouvida sobre o burburinho. — Precisamos colocar ordem nesta casa antes que nossos convidados cheguem. Olhem como essa casa está, nenhum dos calouros vai querer ficar aqui quando ver essa situação. — Quanto tempo nós temos? — Hana perguntou roendo a unha.
— Uma hora. — Respondeu Eun-ji olhando em seu relógio de pulso e causando uma série de murmúrios surpresos.
— Nós temos que dividir as tarefas. — Sugeriu Su-min e o resto do grupo concordou, reconhecendo a urgência da situação.
— Vocês dois, por favor, peguem os copos e pratos sujos e lavem na cozinha. Vamos manter a pia limpa. — apontou para Yi-jin e Charles começando a distribuir as tarefas com eficiência.
— Você pode me ajudar a arrumar a sala? Dobrando as roupas e colocando os itens pessoais de volta em seus lugares? — Eun-ji perguntou olhando para Hana com um sorriso tímido e pensou que independente do que tinha acontecido entre as duas no dia anterior, ela só queria colocar a casa em ordem o mais rápido possível.
— Su-min, organiza as cadeiras e a mesa para que todos tenham um lugar confortável para que ninguém tropece e Hye-jin, você pode ir aspirando o chão. — disse amarrando seus cabelos em um coque, ela iria se responsabilizar pela comida com base em receitas fáceis.
— Eu cuido da decoração. — Ji-soo disse indo na direção do quarto da bagunça, sabendo que era uma área que precisava de atenção especial.
Enquanto todos começaram a se dedicar às suas tarefas designadas, Ana podia sentir a sensação de unidade e cooperação em sua casa. O caos começou a se dissipar gradualmente, substituído pelo som de amigos trabalhando juntos para alcançar um objetivo comum. O aroma delicioso de comida sendo preparada enchia o ar, enquanto eles trabalhavam juntos para transformar o espaço em um local acolhedor e festivo para seus convidados. Ji-soo pendurava guirlandas e balões coloridos e o som do aspirador se misturava ao barulho de corte de legumes e o chiado das panelas no fogão.
À medida que o tempo passava, a mesa estava posta, o ambiente estava acolhedor e festivo. e seus amigos trocaram olhares satisfeitos, mas logo se apressaram para irem arrumar a eles próprios, visto não adiantar uma casa está impecável quando seus anfitriões estavam uma zona. A atmosfera voltou a ser de pura animação, e todos estavam descontraídos e determinados a parecerem seus melhores e aproveitar ao máximo aquele dia.
estava em seu quarto de pé diante do espelho de corpo inteiro, vestindo um short que imitava genuinamente couro e uma blusa de botões e mangas bufantes brancas, ajustado no pescoço com uma fita de seda preta que realçava sua figura jovem, mas, ao mesmo tempo, séria. Seu cabelo estava cuidadosamente penteado, e ela aplicava maquiagem com precisão, realçando seus olhos brilhantes com iluminador.
No quarto ao lado, Hye-jin e Ji-soo ajudavam uma à outra a escolherem suas roupas. Hye-jin optou por uma saia que mostrava um pouco da sua personalidade princesa, enquanto Ji-soo escolheu sobrepor um vestido preto por cima da blusa branca de botões que ressaltava sofisticação descontraída. Ambas riam enquanto trocavam elogios e ajustavam os detalhes de seus visuais. Enquanto isso, Hana e Eun-ji, optaram por peças mais confortáveis e despojadas, apostando em suéter branco, calças de alfaiataria e colete preto.
olhou ao redor, admirando seus amigos e a energia contagiante que todos estavam irradiando. Finalmente, quando todos estavam prontos e satisfeitos com seus visuais, eles se reuniram na sala de estar. Sorrisos brilhantes enfeitavam seus rostos enquanto se olhavam com admiração mútua.
— É... 1… 2… 3… — BIP! A campainha tocou mostrando pela parte de vidro alguns calouros reunidos na porta, levantou-se em um pulo e andou calmamente até a porta para abrir com calma. — Bem vindos a Bitnaneun Byeol. Eu sou a e aqueles são Charles, Yi-jin e Hye-jin os gêmeos, Eun-ji, Su-min, Hana e Ji-soo, fiquem à vontade.
— Você parece a Barbie — Ji-soo sussurrou no ouvido da brasileira assim que o grupo adentrou na casa se espalhando com curiosidade.
— Ah! Antes que eu esqueça, temos alguns lanches e bebidas na cozinha que fica à esquerda de vocês! — Hana avisou retornando para conversar com uma dupla de meninos. viu Yi-jin conversando com algumas meninas e percebi como elas suspiravam, era fato, ninguém ali resistia ao sorriso dele.
No início, a casa estava quieta e serena, com apenas alguns estudantes veteranos indo e vindo. Os espaços comuns eram compartilhados de maneira organizada, e a casa tinha uma sensação aconchegante e tranquila. Mas com o passar do tempo, a atmosfera começou a mudar. Os corredores que antes eram vazios agora estavam cheios de risadas, conversas e passos apressados. Os calouros logo encontraram seus nichos e começaram a se envolver em várias conversas com os veteranos que compartilhando histórias de suas experiências acadêmicas.
— Você é a , certo? — Uma garota de pele morena se aproximou e a estudante de arquitetura assentiu.
— Mia Nakamura. Por que não tem fotos das outras gerações da casa?
— Ah, isso! Nós somos a primeira geração dessa casa, há dois anos quando a nossa habitação estava para ser demolida, tendo sido justo quando cheguei aqui na Coreia com a Hana, nenhuma outra casa aceitou nossa aplicação por estar muito lotada ou ser apenas para meninos, então não tinha outro jeito de ficar nessa faculdade, um apartamento seria caro demais. — explicou levando a caloura para a sala onde os porta retratos haviam sido posicionados.
— E como conseguiram a casa? — Mia indagou curiosa. — Me desculpe se eu estiver perguntando muito.
— Está tudo bem, eu no seu lugar também ficaria assim. — sorriu simpática e continuou: — Conseguimos ajuda de alguém influente. Você aplicou para a nossa casa? — Para falar a verdade, não. — Ela sorriu sem graça. — Eu não consegui vir para Daejeon ontem. O voo do Japão atrasou.
— Bem, você pode aplicar. Nós somos conhecidos por abrigar os estrangeiros. — sussurrou a última parte vendo ela sorrir. — Eu venho do Brasil e Hana também, Charles é finlandês.
— Parece ser divertido. — Mia olhou em volta mais uma vez, sentindo que talvez tivesse achado o lugar que acolheria ela pelos próximos anos de sua graduação.
— Charles, não quer acompanhar Mia até a cozinha para um lanche? — sugeriu e Charles concordou dando o braço para a menina acompanhar ele.
Olhando em volta, ela concluiu de que todos estavam enturmados entre os próprios calouros e veteranos. resolveu tomar um ar do lado de fora da casa e quando estava a caminho da porta, seus olhos encontraram os dele. O rapaz estava cercado por um grupo de calouros, rindo e conversando animadamente. Os olhos de se arregalaram em reconhecimento e, seus lábios se curvaram em um sorriso divertido enquanto se aproximava do grupo sentindo os olhares deles em si.
— Pensei que não estivesse interessado em morar com vários adultos que só pensam em beber. — Sua voz estava calma, mas carregava um toque de sarcasmo.
— Ah, sim, bem, eu… eu fiquei sabendo que teria bebidas de graça, vim conferir, mas parece que não. Já estava indo embora. — Ele parecia desconcertado e envergonhado, longe da arrogância que exibira antes.
— Meu nome é . — Ela se apresentou sorrindo educadamente e esperou que ele fizesse o mesmo, mas a resposta não veio e ela continuou: — Você vai dizer o seu nome ou vou ter que te chamar de Pachinko?
— Shin Taeyong — Ele respondeu escutando as risadas dos seus amigos atrás de si. Olhou em volta e um sorriso travesso apareceu nele.
— Caramba, vocês são iguais. Primeiro K-pop, hoje Peaky Blinders, amanhã vai ser o quê? Grey 's Anatomy?
— É uma ótima ideia, vou sugerir na próxima reunião. Então, sem mentiras dessa vez. O que você está fazendo aqui? — indagou curiosa e ele deu de ombros.
— Os meninos estavam curiosos, quer dizer, vocês estão na boca dos calouros e vendo de perto não me parece muito ser motivo de todas essas fofocas. — Deu de ombros. — E o que dizem? — Ela perguntou sem querer realmente saber, não se importava de verdade com o que tinham a dizer dela.
— Que a líder deles é uma oferecida. — Taeyong respondeu cruzando os lábios e deu risada.
— Que droga, se estão falando que sou oferecida, mesmo sem ser. Eu deveria dar motivos, não concorda? — piscou os olhos inocentemente. No entanto, antes que ele respondesse, um silêncio tenso parecia se espalhar pelo ambiente, interrompendo a conversa e o riso. Ela ergueu os olhos e viu um grupo de pessoas formando um círculo no canto da sala.
Curiosa, se aproximou, tentando entender o que estava acontecendo. À medida que se aproximava do grupo, pôde ver duas figuras no centro do círculo, um homem e Hana, ambos visivelmente enfurecidos. O rosto dela estava vermelho de raiva, e o homem parecia exasperado.
— Você ficou maluco? — A voz alterada pertencia ao Yi-jin e se ele estava falando naquela altura, algo de muito sério havia acontecido. As pessoas ao redor começaram a sussurrar e murmurar nervosamente, enquanto alguns tentavam separar os dois.
— O que aconteceu? — perguntou desviando de algumas pessoas até chegar no meio do círculo, seus olhos pousaram em Ji-soo abraçada a Su-min, a designer parecia chorar nos ombros da outra e aquela cena só havia complicado mais as coisas para o entendimento dela.
— Ele passou a mão na Ji-soo — Respondeu Eun-ji trazendo um copo de água para Ji-soo que tremia.
— Yi-jin, talvez seja melhor pegarmos um pouco de ar fresco lá fora. — Charles, preocupado com seu amigo, tentou conversar com ele em voz baixa, mas firme, para não causar mais alarde.
— Oppa, eu entendo que você queira socar a cara desse babaca, mas você não pode fazer isso. — Hye-jin se colocava na frente do seu irmão gêmeo segurando o rosto dele com as duas mãos e olhando rapidamente para o outro homem atrás dela que sustentava um sorriso nojento nos lábios, ela continuou: — O quê você continua fazendo aqui, seu babaca? Vaza!
— Eu já estava indo, mas da próxima vez, deixa ele vir me bater. — Ele disse rindo de escárnio e Yi-jin fez menção de cumprir o que ele queria, mas Charles o impediu de cair na provocação.
— Para onde você pensa que está indo? — perguntou com a voz surpreendentemente calma. — Você fica onde está.
Ele riu e ignorou o pedido dela. sabia que não podia deixar a situação continuar daquela forma. Ela pegou seu celular e foi para um canto mais tranquilo da casa, onde podia falar com mais privacidade. Com um suspiro de relutância, ela discou o número da polícia. Enquanto esperava que a ligação fosse atendida, descreveu rapidamente a situação para o operador do outro lado da linha. Ela explicou que havia um convidado indesejado que estava perturbando a ocasião, e ela temia que a situação tivesse lesão corporal.
No entanto, o homem estava aproveitando a distração de todos com a situação para escapar sorrateiramente da festa. Ele deslizou pela porta de saída da casa, tentando parecer o mais discreto possível, como se não tivesse nada a ver com a confusão que havia causado. Ele tinha um sorriso irônico no rosto enquanto se afastava, mas para o azar dele, outra pessoa havia testemunhado o final do que havia acontecido e estava determinado a impedir que ele fugisse impune, JiHun alcançou o indivíduo do lado de fora, segurando-o pelo braço antes que ele pudesse dar mais um passo.
— Onde você pensa que vai? — Ele perguntou, com firmeza na voz.
— Não é da sua conta, cara! Eu já estou fora dessa festa chata. — surpreso por ser pego, tentou se soltar do aperto do ator.
— Não tão rápido. Você não pode causar confusão aqui e sair impune. A polícia está a caminho, e você vai ter que prestar contas pelo que fez. — JiHun apertou o aperto em seu braço dizendo com autoridade.
Minutos depois, uma viatura da polícia chegou à República Bitnaneun Byeol. Os policiais desceram do carro e abordaram o homem com firmeza, pedindo que ele se acalmasse e cooperasse. rapidamente correu em direção à porta de saída se aproximando dos policiais, aliviada por sua presença, e explicou a situação em detalhes. Após alguma conversa e avaliação da situação, os policiais tomaram a decisão de escoltar o desconhecido para delegacia e emitir uma advertência oficial. agradeceu aos policiais por sua ajuda e se desculpou com os convidados pela interrupção. Quando a viatura se foi, ela sentou-se no degrau com suas duas mãos no rosto, escondendo sua expressão gélida que havia se tornado de fúria, vindo com uma onda de desapontamento e frustração.
— Eu sinto muito pelo o que aconteceu, — JiHun disse ele suavemente, sua voz calma e reconfortante. Ele se aproximou devagar, como se temesse assustá-la ainda mais. Com cuidado, ele se sentou ao lado dela no degrau, deixando espaço suficiente para que ela se sentisse confortável.
levantou seu rosto e seus olhos marejados se encontraram os dele antes de desviar o olhar para algum ponto em branco da rua, buscando ficar mais calma antes de falar.
— Eu não sei o que deu errado, estava tudo tão perfeito na minha cabeça. — Ela fungou e piscou algumas vezes, tentando conter as lágrimas.
— Às vezes, as coisas simplesmente acontecem. Ele foi um babaca, mas a polícia já está cuidando disso e você não pode interferir, não é seu trabalho. — Ele estendeu a mão e, com delicadeza, afagou o rosto dela, enxugando uma lágrima solitária que escapou. — Eu só queria que todos se divertissem, e já era. Não tem mais clima. — suspirou, parecendo um pouco mais tranquila com o toque dele.
— Vamos dar um passo de cada vez, e eu vou te ajudar a resolver isso, está bem? — Ji-Hun continuou acariciando o rosto dela e ela assentiu, um pequeno sorriso se formando em seus lábios.
O som distante da música e as risadas ainda podiam ser ouvidos, mas a atmosfera era diferente. JiHun continuava ao lado de esperando que ela quisesse voltar para o lado de dentro, no entanto, quando estava para perguntar se ela já estava bem, a voz do seu sobrinho se sobrepôs, dizendo:
— Samchon Kim! Eu estou indo com alguns amigos nas outras casas. Tchau! Você não precisa ficar me esperando, já sei andar de ônibus! — Taeyeon falou descendo as escadas da entrada rapidamente e acenava enquanto se afastava da Bitnaneun Byeol.
— Ei! Garoto! Taeyeon! Volta aqui! Sua mãe não vai gostar disso! Taeyeon! — Ji-Hun tentou chamá-lo várias vezes, mas o mais novo fingiu não escutar.
— Então seu sobrinho existe mesmo. — Ela disse baixo e ele riu assentindo. — Não sabia que você já tinha sobrinhos desse tamanho.
— Ah, ele é filho de um amigo da faculdade. — O ator explicou vendo ela assentir. — Você está bem?
— Um pouco, minha cabeça está latejando. Tudo isso é tão estressante. — falou massageando as têmporas e continuou: — Aquele cara que a polícia levou, ele… assediou uma amiga.
— E vocês não deram uma surra nele? — Indagou surpreso.
— É, eu queria. Só que eu dependo do meu passaporte para ficar aqui e eu tenho certeza que ele seria o primeiro a ser confiscado caso surgisse meu nome no sistema da polícia federal. — respondeu e ele assentiu.
— Você foi bem controlada. — Ji-Hun comentou. — Onde fez as aulas de teatro para conseguir essa performance?
— Digna de Oscar, não acha? — Ela retrucou e ambos riram. — Obrigada. Por me fazer rir nessas horas.
— Relaxa. Aquele cara deve ter se mijado de medo, você realmente parecia assustadora. — Ji-Hun disse arrancando outra risada dela.
— Ji-Hun? — Ela perguntou e ele a olhou sorrindo de canto. — Para onde vamos hoje?
— Hoje? — Franziu o cenho parecendo confuso.
— É, nosso primeiro date. — Ela deu de ombros. — Quero saber o que devo vestir.
— , depois do que aconteceu, se você quiser ficar em casa, está tudo bem. Não precisa se forçar para ir só por minha causa. — Ele explicou sendo compreensivo.
— Não. Sair com você vai ser bom, eu vou me distrair da raiva que eu estou sentindo e vai ocupar a cabeça das meninas com mil e uma teorias do que vamos estar fazendo. — Ela riu baixo.
— Tem certeza? — Perguntou e ela assentiu. — Então, se você diz… coloque uma roupa quente e confortável.
— Escuta, é provável que eles te façam passar por um tipo de triagem se tiver que me esperar, então quando eu estiver pronta eu te mando uma mensagem. — alertou e Ji-Hun já estava ciente que uma hora isso iria acontecer, não era a primeira vez que tinha que conversar com os pais de uma mulher, mas aqueles universitários era tudo o que tinha como família, então eles a protegiam uns aos outros.
— Tudo bem. Vamos adiar essa triagem para o último date. — Ele piscou o olho e deitou sua cabeça no ombro do coreano enquanto ele abraçava suas costas, ficando em silêncio com ela.
17:00 PM
se encontrava em seu quarto, nervosa e ansiosa, enquanto se preparava para seu encontro. Ela estava em frente ao espelho, escovando seus cabelos cuidadosamente. Seu coração batia forte, mas não era apenas a ansiedade pelo encontro que a perturbava, sentia-se dividida entre sua responsabilidade de estar ao lado de sua amiga e o desejo de seguir em frente com seu encontro.
— Você está bem, de verdade? Ele não te machucou? — perguntou pela terceira vez para Ji-soo enquanto a olhava pelo reflexo do espelho.
— Eu estou bem, é sério. Quer dizer, ainda vou precisar recuperar meu emocional, mas é algo que você não pode interferir. Isso eu terei que fazer por conta própria. — Ji-soo respondeu tirando a sua atenção de um manhwa que estava lendo.
— Pior é saber que podemos reencontrar aquele imbecil no campus — Su-min suspirou olhando para o teto.
Enquanto aplicava maquiagem suave, seus pensamentos vagavam incessantemente para o acontecido. A lembrança da cena turbulenta e preocupante naquela visita dos calouros a deixava aflita. Percebendo a mudança da feição de , sua melhor amiga, Hana, interveio rapidamente dizendo:
— Chega de tristeza, pessoal! — ela exclamou, com as mãos no ar para chamar a atenção de todos. — Hoje é um dia especial para nossa líder, e não vamos deixar esse incidente estragar a noite dela.
— vai finalmente deixar o posto dela de Virgem Maria. — Eun-ji zombou e a brasileira mostrou o dedo do meio. — Tudo bem, chamando o SOS Moda!
— Isso precisa de música — Hye-jin entrou no quarto, ligou a música na sua playlist do celular e começou a dançar de forma enérgica, convidando os amigos a se juntarem a ela.
Logo, o quarto estava cheia de risadas e movimento, enquanto todos se envolviam na dança e na diversão. Os momentos de tensão e preocupação foram rapidamente substituídos por risos e alegria. O guarda-roupa estava aberto, revelando uma variedade de roupas que variavam de vestidos elegantes a jeans despojados e camisetas confortáveis. Cada amiga tinha uma opinião e sugestões para dar.
— Eu acho que não pode ser um macacão jeans, é péssimo para ir ao banheiro se tiver vontade e sem acesso às suas pernas — Eun-ji disse olhando as opções que Hana tinha trazido.
— Este é clássico e elegante, tenho certeza de que você vai arrasar. — Su-min disse pegando um vestido de seda azul-marinho.
— Se você quiser uma aparência mais descontraída e romântica, este é o ideal. — Ji-soo sugeriu um vestido floral com um corte romântico.
experimentou várias opções, girando em frente ao espelho enquanto suas amigas ofereciam elogios e conselhos. Cada vestimenta era cuidadosamente analisada, e a decisão final estava longe de ser fácil.
— Eu acho que tenho no meu armário a roupa perfeita! Não saiam daí! — Hye-jin saiu do quarto apressada e deixando o resto do grupo curiosas pelo que viria a seguir.
— Nós vamos ter que levar para as compras depois, todas as roupas que ela tem aqui ou são sérias demais, ou apenas gritam balada! — Su-min falou se colocando quase no guarda-roupa da brasileira.
— Sem batom! — Ji-soo alertou. — Vocês com certeza vão se beijar e se estiver de batom vai ficar igual uma palhaça.
— Tem razão, prefiro passar só um lip tint. — deu de ombros.
— E um gloss! Precisa de brilho para que ele olhe e sinta como se a boca dela tivesse letras piscando com “Beije Ela” — A coreana exemplificou movimentando suas mãos de maneira grandiosa fazendo as presentes no quarto rirem.
— Ok! Eu voltei! — Hye-jin entrou no cômodo de novo e mostrou o seu vestido azul favorito, ele era midi com alcinhas e possuía um tecido liso — Só vamos precisar de uma blusa.
Enquanto as amigas continuavam a discutir as opções, finalmente fez sua escolha. Ela optou pelo vestido azul-marinho, que destacava seus olhos e se ajustava perfeitamente ao seu corpo. Um suspiro coletivo de aprovação encheu o quarto.
— Ele é tão “UAU” — Hana disse olhando a peça.
— Eu estou tão orgulhosa da minha bebê, o primeiro romance de dorama! — Su-min falou ao abraçar .
— A blusa tem que ser branca! — Eun-ji disse como se fosse óbvio — Tem algo que eu sei que ficaria mais “UAU”.
— O casaco de pelinhos! — Hana e Ji-soo gritaram juntas, apenas observou elas com um sorriso. Gostava de todo aquele entrosamento que o grupo feminino tinha e vê-las tão empolgadas aquecia seu coração.
No fim de toda aquela arrumação, estava com o vestido da Hye-jin, um cardigã off white com seu comprimento diminuído por alfinetes de broche para que sua cintura ficasse marcada pelo vestido, deixou seus cabelos meio presos com a franja modelando seu rosto para mostrar os brincos de estrelinhas que ela tanto gostava e nós pés havia um coturno, da mesma cor de sua blusa, de cano baixo à mostra toda vez que ela andava e movimentava a fenda no vestido.
No final, estava radiante e confiante em sua escolha. Ela agradeceu calorosamente às suas amigas por sua ajuda e quando ia pegar um cachecol, lembrou-se que sua mãe uma vez falara que um homem de verdade não se importaria de ficar um pouco desconfortável se fosse pela mulher que ele realmente gostasse e mesmo não acreditando naquela baboseira, decidiu não duvidar. Descendo as escadas em direção à sala, enviava uma mensagem para Ji-Hun avisando que estava esperando por ele.
— Assim vou ficar apaixonado por você — Charles disse pegando na mão dela e a fazendo dar uma voltinha.
— Isso seria triste, eu gosto de ter um amigo gay. — Ela respondeu bem humorada. — Eu por acaso sou gay de estimação? — Charles perguntou com um tom de indignação e as meninas concordaram rindo.
— É mais ou menos isso, — Yi-jin disse para ele — eu sou o nerd.
— Ha, que engraçado, ele acha que detém de todo o intelecto da casa — Hye-jin retrucou dando um peteleco na testa do irmão.
— Sua carruagem chegou, princesa! — Hana disse ao escutar a buzina. — Filha da puta, sortuda!
— Para de me xingar! — disse em português.
— Eu volto antes da meia-noite. — Não precisa se preocupar com o encanto limitado! — Gritou Eun-ji do topo da escada.
— Vai com tudo garota e use camisinha! — Hana disse por último antes de abrir a porta para que ela saísse.
Os amigos de , curiosos e cheios de entusiasmo, não conseguiam resistir à tentação de bisbilhotar enquanto ela e Ji-Hun saíam para o primeiro encontro. Eles haviam ajudado na preparação do encontro e estavam ansiosos para saber como seria a reação dele ao vê-la. Escondidos atrás das cortinas da sala de estar da república, eles espreitavam pela janela, trocando olhares cúmplices e sussurrando empolgados. Cada movimento do casal do lado de fora era observado atentamente. Alguns deles seguravam seus celulares, prontos para capturar qualquer detalhe importante da noite.
— Uau! Você está… uau. — ele finalmente conseguiu dizer, com um tom de admiração em sua voz. corou levemente com o elogio, e ele ficou ainda mais encantado com sua timidez.
— Você não está nada mal — Ela arriscou um elogio observando ele. O ator usava uma blusa de gola alta preta com uma calça jeans escura e por cima um sobretudo da mesma cor que a blusa, os cabelos dele solto como toda vez que via, mas não deixava de fazê-la perder o fôlego. A brasileira respirou fundo antes de olhar para ele e perguntar:
— Podemos ir?
— Claro, só uma coisa antes… eles estão nos olhando nas janelas, não olha. — Ji-Hun comentou rindo e ela sentiu-se envergonhada pelos seus amigos não conseguirem disfarçar. — Devemos dar o que eles querem?
— O quê? — Perguntou confusa, mas teve sua resposta quando o ator subiu os dois degraus restantes e aproximou seu rosto do dela para roubar um selinho demorado da mulher.
As cortinas se movimentaram denunciando que o grupo todo estava bisbilhotando o momento e Ji-Hun ofereceu o braço para , e ela aceitou enquanto caminhavam para o carro que ele havia deixado estacionado há alguns metros. O ator não conseguia evitar olhar para ela, estava ansioso para conhecer mais sobre , mas naquele momento, tudo o que podia pensar era como ela era incrivelmente fascinante e como estava ansioso para passar a noite ao seu lado.
— Eu iria vir de moto, mas temi que a temperatura esfriasse durante nosso encontro e não ter um aquecedor por perto. — Ele explicou enquanto dirigia.
— E eu já posso perguntar para onde vamos? — Ela perguntou tentando espiar no GPS do celular que foi rapidamente recolhido do suporte. — Nem uma pista?
— Você pode perguntar, mas eu não vou responder até que a gente chegue no lugar — Ji-Hun respondeu olhando ela ocasionalmente, que observava o caminho até onde eles estavam indo, só esperava que ela não descobrisse a cesta de coisas que ele havia levado para comerem que fora colocada no banco de trás.
Durante o percurso, o ator se preocupou também em olhar o céu, verificando de cinco em cinco minutos se o clima não iria virar, mas todas as sete vezes que ele olhou não havia sequer uma nuvem, apesar do medidor de temperatura externa do carro mostrar 17.º do painel brilhante. Ji-Hun dirigiu por quase uma hora e meia por uma estrada de asfalto cheias
de árvores de um lado e do outro numa subida tranquila iluminada por postes até chegar na entrada do observatório, onde ele pode subir mais um pouco para estacionar o carro.
— Uau, eu nunca havia visto a cidade desse ponto de vista — disse fascinada olhando maravilhada para a deslumbrante visão noturna da colina. Saiu do carro e fechou a porta cuidadosamente. Ji-Hun também saiu de dentro do carro, deixando apenas os faróis acesos para se tornar possível ver o limite de onde eles poderiam ir em segurança. Felizmente por estar no meio da semana, não havia muitas pessoas ali, deixando o lugar mais silencioso. De dentro do carro ele tirou uma cesta com as comidas e uma toalha de piquenique quadriculada verde. — Eu te ajudo com essas coisas.
As luzes da cidade abaixo brilhavam como um mar de diamantes, espalhando-se até onde a vista alcançava. A protagonista podia ver os traços das ruas iluminadas, os contornos dos edifícios e os pontos distantes de faróis que cintilavam na escuridão. Era uma visão espetacular que parecia retirada de um conto de fadas. O silêncio da noite era quebrado apenas pelo suave sussurro do vento e pelos sons distantes da natureza noturna.
— O que achou? — Ji-Hun indagou enquanto estendiam a toalha na grama e prendia as pontas com pedras pesadas. — Eu queria que você visse isso. É um dos meus lugares favoritos.
— É perfeito, aqui parece tudo menos caótico. — respondeu sentando-se na toalha e ele fez o mesmo apoiando seu corpo com as duas mãos. Ela permaneceu ali, completamente hipnotizada, por um tempo que parecia não ter fim, absorvendo a tranquilidade e a grandiosidade da cena diante dela.
— Eu acabei me esquecendo de perguntar se você tem hora para voltar — O ator disse sem graça.
— Eu não tenho, mas é melhor chegar antes de amanhecer ou vou levar um esporro do Yi-jin e da Eun-ji, os dois acham que são responsáveis pela minha vida. — explicou. Dissera que voltaria antes da meia-noite, mas não prometeu e tinha quase certeza que quanto mais tempo passasse com ele, significaria que o date havia sido um sucesso.
— Vai ter uma chuva de meteoros passando e com sorte a gente talvez consiga ver algum aqui. — Ji-Hun explicou olhando para ela. — Enquanto isso a gente pode ir conversando.
— Concordo, nós não sabemos nada um do outro. — respondeu e ele assentiu. — Tudo bem se eu começar?
— Fica à vontade — Ele apoiou o queixo com as duas mãos enquanto olhava para ela. — Eu nasci no Brasil, no Rio de Janeiro. Quer dizer, um pouco distante de onde fica o Cristo Redentor que todos veem quando digitam por Brasil na internet, mas fui embora desse lugar para a capital quando passei para a faculdade e posteriormente também saí da capital e vim parar aqui. — Ela contou dando de ombros. — Eu tenho medo de mar. Irônico, não? Afinal, eu nasci numa cidade litorânea.
— O que exatamente no mar te assusta? — Ele indagou olhando para ela, apesar do tom normal usado, dava para ver o quanto ela sentia saudades da sua casa, afinal ela estava em um país completamente diferente e distante de todos que ofereciam segurança para ela. — O fato de eu nunca saber o que tem nele. Eu gosto de transparência e não é só do mar que eu estou falando, mas estou sendo hipócrita, pois eu sou a primeira a esconder meus sentimentos. Sua vez.
— Eu nasci na província de Gyeongsang. Quando cheguei aqui não era uma cidade habitada principalmente por universitários, mas é um bom lugar para morar. É tranquilo, diferente de Seul. — Ji-Hun deu uma pausa antes de continuar: — Eu tenho medo de lagartos, qualquer tipo e qualquer classe, lagartos em geral me dão medo.
— Não ia te falar, mas tem uma pequena… — nem havia terminado de falar e Ji-Hun sacudiu as mãos levando um susto com a grama que encostou no dorso da sua mão, a brasileira deu tanta risada que sua barriga estava doendo enquanto o ator fazia ela parar a todo custo.
— Ok! Ok! Me desculpa por isso!
— Não teve graça! — Ele fez beicinho e ela não quis discordar dele, mas a risadinha denunciou que ela havia achado engraçada a situação e ele riu também, talvez um pouco constrangido e um pouco contagiado pelo som das gargalhadas dela.
— Okay, você tem medo de lagartos e eu do mar, mas ambos vamos concordar que gostamos do espaço? — O ator indagou e ele concordou. — Do que mais gosta do espaço, além das estrelas?
— Os planetas, vendo daqui é tão difícil imaginar que possa existir outras vidas além da gente. — Ele disse olhando para o céu que tinha apenas algumas estrelas. — Acredita em extraterrestres? — perguntou e ele negou a deixando confusa. — Então?
— Não acho que sejam extraterrestres, tipos esses de filmes, mas pessoas como nós, tão interessadas em saber o que há no espaço quanto a gente. — Ele deu de ombros tornando a olhar ela. — E você?
— Um astronauta no espaço consegue ter ampla visão do quanto a terra é gigante e do quanto nós não conhecemos nem 5% do que ela possa oferecer, enquanto nós que estamos aqui vivendo nossas vidas, dia após dia, enfrentando situações inimagináveis conseguimos ser tão egoístas a ponto de não pensar nos que ficarão quando retornamos ao pó. — Ela disse abraçando os joelhos e Ji-Hun observava atentamente ela falando, os olhos da brasileira brilhavam. — Quando eu tinha seis anos gostava de frequentar a praia de noite e podia assistir os turistas festejando com luais, cantando e dançando ao redor da fogueira, eles riam tanto e se divertiam, eu adorava ver aquilo, me deixava feliz.
À medida que as horas passavam, eles compartilhavam histórias de suas vidas, riam das anedotas engraçadas e mergulhavam em conversas profundas., vez ou outra provando dos petiscos que ele havia comprado na padaria, mas o tempo parecia passar mais devagar, já que ambos estavam envolvidos naquela troca genuína e cativante. Ji-Hun descobriu que ela já acompanhava um dos seus amigos, Park Hae-soo e não pode evitar os ciúmes. O casal aprendia sobre os sonhos e aspirações um do outro, descobrindo interesses mútuos e diferenças fascinantes. Eles discutiam seus filmes favoritos, livros que haviam lido, viagens que desejavam fazer e até mesmo suas experiências de vida mais significativas. A cada revelação, o vínculo entre eles se aprofundava.
Eles olhavam nos olhos um do outro com atenção, capturando os detalhes das expressões faciais e os lampejos de emoção que surgiam durante a conversa. percebeu as pequenas rugas que se formavam nos cantos dos olhos dele todas às vezes que ele sorria e ele sentia seu coração acelerar quando a pegava sorrindo enquanto ele falava. Havia uma faísca de interesse mútuo que tornava cada momento mais envolvente. Naquele momento, brincava em comparar os tamanhos de suas mãos juntas e Ji-Hun quis fechar seus dedos nos dela, mas pensou que talvez fosse cedo demais. Então, ele a boca dela tremer levemente.
— Está com frio? — O ator perguntou preocupado com seu cenho franzido. — Um pouco. — Respondeu ela usando seus braços para abraçar seu corpo na tentativa de esquentá-lo.
— Não vá para canto nenhum. — Ji-Hun disse levantando-se e indo até o carro. — Eu vou matar aquelas garotas! — exclamou em português baixinho, deveria ter escutado sua razão e levado um cachecol.
— Falou alguma coisa? — Ele perguntou e ela negou. — Ainda bem que eu trouxe isso. — Ji-Hun mostrou o cachecol que havia trazido do carro com cobertor grosso, ela deu risada.
— O quê?
— Não foi nada — respondeu enquanto ele passava o acessório no pescoço dela, tomando cuidado para não cobrir o rosto da mulher. — Por acaso isso foi planejado?
— Segredo. — Ji-Hun piscou o olho e passou o cobertor pelos seus ombros, a puxando para um abraço. passou seu braço direito por cima da barriga dele se aconchegando nos braços dele e no corpo quente coberto por tecidos. — Cinco minutos para começar. Já decidiu o que vai pedir?
— Teoricamente não faz sentido fazer um pedido para um pedaço de pedra caindo do espaço. — Ela deu de ombros, indiferente.
— .
— Tudo bem! Já pensei no meu. — A mulher mentiu.
— Muito bem. — Ele disse sorrindo e beijando o topo da cabeça dela.
No entanto, assim como na noite estrelada de 24 de outubro de 2003, quando completou 9 anos, encarou o céu e viu estrelas cadentes ocasionalmente riscando o céu, deixando rastros de luz efêmeros, ela ficou em silêncio. Ji-Hun ao seu lado, fez um pedido
silencioso. Era um momento especial e embora ela não tivesse pedido algo, talvez o futuro estivesse guardando o melhor para quem não esperava nada.
15 de Março de 2022: Pistas do Amor.
�� KAIST Gymnasium, South Korea.
O ginásio da universidade estava repleto de energia e excitação enquanto os times de vôlei competiam em uma partida emocionante. As arquibancadas estavam cheias de estudantes torcendo fervorosamente por suas equipes. , estava entre os torcedores ansiosos, com seu coração acelerado e os olhos fixos no jogo. O time visitante era da Universidade Pohang, os maiores rivais da KAIST, e apesar do placar marcando 15×14, o time da casa havia perdido o primeiro set, complicando a partida que os levariam para um empate. Do lado oposto da quadra, Charles, estava se destacando como um dos principais jogadores do time de vôlei masculino da universidade. Ele era um atleta talentoso, alto e ágil, com uma paixão pela modalidade que era evidente em cada movimento que fazia.
Como toda amadora do esporte, ela sentiu uma vontade gigante de descer aquelas arquibancadas e tomar a bola das mãos dos alunos da Pohang, mas eles eram incrivelmente altos e ela preferia ficar longe daqueles que pareciam titãs. Ji-soo estava cochilando com a cabeça no ombro de Su-min, depois do susto que levou nas três primeiras vezes que levantou-se para xingar uma jogada gritando indignada com a arbitragem.
— Alguém quer uma balinha? — Hana perguntou voltando com o pacote de doces na mão e um sanduíche na outra. — Toda essa tensão me deu fome.
— Eu aceito. Não aguento mais ver esse jogo triste! — Respondeu Yi-jin esticando seu braço para alcançar os doces no saco de papel.
— Ainda temos esperança! Animo galera! Nós só temos que levar esse set e ir para o terceiro, relaxem! — Eun-ji disse tentando manter sua confiança no time.
— O importante é o nosso Charles não sair com nenhum dedo quebrado. — Su-min suspirou acompanhando com seus olhos o vai e vêm da bola por cima da rede. — Não é, Hye-jin?
— Não acho que ela esteja conosco! — Hana zombou rindo quando vendo a estudante de medicina secando um jogador da Pohang com seus olhos fixos nele.
— Ei! — Yi-jin tentou ao estalar os dedos na frente dela. — Hye-jin!
— Concorda, Hye-jin? — Eun-ji indagou e ela assentiu meio lerda.
— Aham, o Ha-joon é mesmo uma gracinha. — Ela sorria boba olhando para o jogador. — Ha-joon? Você por acaso pirou? Ele é do time adversário! — exclamou irritada e xingando em português a arbitragem.
— Errado! Ele é adversário do time da KAIST e eu sou totalmente a favor de um enemies to lovers saudável. — Hye-jin pontuou erguendo o dedo indicador para mostrar seu ponto.
— Você também é a favor de receber os péssimos olhares do Dong-ha? — Eun-ji indagou e a gêmea mais nova mostrou o dedo do meio.
— Não é como se eu fosse me casar com ele. — Hye-jin disse dando de ombros. — Só nos beijamos algumas vezes.
— Já chega! Levantem a bunda dessa arquibancada e torçam por Charles agora! — ordenou fazendo todos ficarem de pé pulando como fanáticos enquanto torciam em coro pelo amigo, contagiando o resto da arquibancada cheios de alunos da KAIST.
Com um movimento rápido e preciso, Charles disparou a bola sobre a rede em direção ao campo adversário. Um dos jogadores do time adversário se esticou, tentando bloquear o ataque, mas a força do saque dele era impressionante. A bola passou pelo bloqueio e caiu no chão, marcando um ponto crucial para o time da KAIST. Os torcedores do time masculino explodiram em comemoração, e deu pulos, batendo palmas com entusiasmo. Os dois times continuaram a trocar pontos, com ralis emocionantes e jogadas habilidosas. Charles estava no centro das ações, defendendo, bloqueando e atacando com destreza. Sua paixão pelo jogo era contagiosa, e ele energizava seus companheiros de equipe e os torcedores com sua dedicação e determinação. Infelizmente, ao final do jogo, a Universidade de Pohang levou a partida, eliminando KAIST do campeonato. Os jogadores se abraçaram, os torcedores aplaudiram agradecidos pela representação e correu para abraçar seu amigo.
— Vocês foram ótimos, é uma pena que não vamos para a próxima fase. — lamentou sem se importar com o suor do finlandês.
— Teremos outras vezes, está tudo bem. — Respondeu Charles sorrindo, mas logo, seus olhos azuis brilhantes pararam em uma figura atrás deles. Ele parecia um pouco perdido ou tímido, seus cabelos escuros seguiam o modelo tradicional coreano, mas suas feições denunciavam que ele vinha de outro país. O jogador se afastou de sua líder, interrompendo o abraço.
— Olá?
— Ah, olá! — Respondeu o calouro e Charles se aproximou, com o coração acelerado. — Charles, certo? Eu sou Sunan.
— Sim, sou eu. Prazer em te conhecer, Sunan. Posso ajudar? — Charles disse sorrindo simpático e estendeu a mão para cumprimentá-lo.
— Bem, eu te vi jogando hoje e queria dar meus parabéns pela partida. Você é fascinante. — Sunan disse com os olhos fixos em Charles e sentiu suas bochechas queimarem quando percebeu o que falara, então para se corrigir, ele disse: — Quero dizer, foi uma partida emocionante.
— Obrigado. — Charles agradeceu tímido e fez um sinal de que os deixaria conversar e voltaria para perto do grupo. — Você é novo?
— O quê? — O calouro perdia-se nas feições do finlandês. Charles deu uma risadinha percebendo os olhares que ele dava e os retribuiu. — É, sim, eu sou novo na faculdade.
— Legal, você está bem-vindo ao nosso campus. Bem, eu preciso tomar um banho e ir encontrar meus amigos. Se precisar de alguma ajuda, é só perguntar. — Charles coçou sua nuca. Não sabia dizer se o outro estava esperando que ele tomasse uma iniciativa, mas preferia não arriscar.
— Na verdade, eu tenho uma dúvida. — Sunan gaguejou um pouco, nervoso e sentia suas mãos suadas. — Queria saber se você gostaria de tomar um café comigo algum dia. Tipo, como amigos, é claro.
— Claro, eu adoraria. Você parece ser uma pessoa legal. — Charles respondeu baixando a cabeça para esconder o sorriso satisfeito e mordeu seu lábio, antes de dizer: — Eu estou indo comer com meus amigos, você não quer se juntar com a gente?
— Eu? É, pode ser. Eu vou ficar te esperando aqui. — Sunan mexeu nos seus cabelos, tirando alguns fios que caíam pelos seus olhos.
— Não vou demorar. — Charles piscou o olho e virou de costas andando para onde ficaria o vestiário.
O vestiário do ginásio estava silencioso, exceto pelo som suave da água corrente do chuveiro. Charles, estava lá, embaixo da água quente, tentando se acalmar enquanto se preparava para sair e encontrar Sunan do lado de fora. Seu coração batia forte, e ele sentia borboletas no estômago. A água morna relaxava seus músculos, mas não conseguia acalmar seus pensamentos. Ele pensou em Sunan, no jeito como seu sorriso tímido o fazia sentir borboletas ainda maiores. Sentia-se atraído por ele desde o momento em que o viu pela primeira vez durante a festa de abertura da Bitnaneun Byeol, e agora tinham a chance de se conhecerem melhor.
Charles desligou o chuveiro, pegou uma toalha e começou a secar o corpo. Seu reflexo no espelho mostrava um rosto tenso, olhos azuis um pouco arregalados de nervosismo. Ele queria que os seus amigos gostassem de Sunan. Enquanto se vestia, Charles pensava em como Sunan era educado e encantador. Finalmente, ele saiu do vestiário, com o coração ainda batendo rápido, e viu Sunan esperando do lado de fora, sentado no degrau da arquibancada e freneticamente batendo seu pé direito no chão. O rosto de Sunan se iluminou com um sorriso caloroso quando viu Charles e ele levantou-se perguntando:
— Ei, você está pronto?
— Sim, estou pronto. Os outros só estão nos esperando. — Charles sorriu tentando passar tranquilidade.
Enquanto os dois caminhavam juntos em direção à saída do campus, Charles iniciava uma conversa com Sunan, compartilhando algumas risadas e histórias sobre sua experiência na faculdade. Ele esperava que a conexão entre eles crescesse ainda mais.
— Então você veio da Tailândia? Sua família não foi contra você vir? — Charles perguntou com suas mãos enfiadas no bolso da sua jaqueta de couro.
— Bem, sim. Para as duas perguntas. — Sunan riu baixo e tornou seus olhos para o rosto de Charles, antes de continuar: — Talvez eu devesse ter alugado um apartamento na minha cidade e feito uma faculdade, mas sair do país, alcançar essa autenticidade que não se pode ter perto dos seus pais, é algo libertador.
— Sei bem o que você quer dizer. A Coreia não é o melhor lugar para ser gay, isso é óbvio. — Charles respirou fundo antes de finalizar o que dizia: — Mas viver com meus pais me forçando a gostar do que eu claramente não gostava, é bem pior. Com eles, eu tenho tanta liberdade de ser quem sou, posso ser sensível e gargalhar alto sem que se incomodem, posso gostar de moda, sem que alguém diga que é coisa de mulher.
Sunan parou de andar com o cenho franzido e Charles o olhou.
— Então, você gosta de homens? — Sunan perguntou mexendo em seu cabelo mais uma vez.
— Algum problema com isso? — Charles sentiu seu coração acelerar, talvez ele tivesse interpretado os sinais errados e o tailandês não estivesse querendo algo com ele. Sunan permaneceu em silêncio e mordeu o lábio antes de perguntar:
— Você não quer dar o fora daqui? — A boca dele tinha um sorriso travesso e Charles não demorou muito para responder:
— Eu conheço um lugar.
A alguns metros dos dois, estava na cafeteria com seus amigos e um pouco alheia a conversa enquanto olhava para o lado de fora, ela viu Charles e o calouro que havia falado com ele mais cedo se aproximarem, mas em certo momento eles pareciam conversar sobre algo e no segundo seguinte correram de mãos dadas. Ela deu uma risada baixa balançando a cabeça e voltou sua atenção ao assunto que estava na mesa, torcendo para que Charles e o calouro se dessem bem, ele merecia alguém que o fizesse sentir-se nas nuvens assim como ela sentia com Ji-Hun.
— , nos anime com uma fofoca sobre a sua nova vida sexual, estamos precisando de um motivo para sorrir em meio a essa merda de jogo — Hana pediu, mas revirou os olhos, conversar sobre Ji-hun e ela não era exatamente seu assunto favorito, não porque ele era ruim, mas por saber que eles não poderiam ter um relacionamento de verdade.
— Ao invés de falarmos sobre a minha vida sexual, porque não falamos do Yi-jin frequentando academia? Ou da paixão da Hye-jin pelo adversário? — sugeriu. — Relaxa , ninguém vai se apaixonar pelo seu boy e querer levar ele para fazer loucuras numa montanha. — Ji-soo respondeu rindo e a brasileira mostrou o dedo do meio. — Só não pode perder o foco por estar transando — Su-min zombou.
— Isso tudo é inveja, meu bem? — perguntou sarcástica.
— Na verdade, os estudos mostram que sexo ajuda na concentração. — Hye-jin comentou. — Olha, eu me sinto tão estranho sendo o único cara rodeado por meninas e conversando sobre sexo. — Yi-jin falou baixando a tela do celular.
— Eu já falei que Ha-joon não é adversário da faculdade, — Hye-jin se defendeu. — Vocês falam como se ele fosse um mercenário.
— Hye-jin, eu aposto que você não beija o Ha-joon na frente dos amigos dele. — Ji-soo disse mostrando uma nota de vinte mil wons.
— Essa é fácil. Não podemos negar que ele é bonito, eu o beijaria fácil e olha que eu não gosto de homem. — Eun-ji falou rindo.
— Hye-jin? — O nome da estudante de medicina foi chamado e todos olharam, era o tal do adversário. — A gente pode conversar?
— Claro — Ela sorriu ajeitando os cabelos e levantando da mesa.
— Aposto cem mil wons como os dois casam primeiro do que qualquer um de nós. — Hana disse rindo.
— É sério isso? Minha irmã saiu com o adversário e vocês estão apostando em casamento? — Yi-jin perguntou indignado depois de ter sido impedido de seguir o casal. — Yi-jin, entenda que se você quer ficar encalhado, não tem problema, agora não assuste os pretendentes da sua irmã e nem atrapalhe a nossa diversão! — Ji-soo explicou com a voz serena que dava medo até em um serial killer.
— Ele não vai ficar encalhado, disso eu tenho certeza. — Eun-ji disse sugestiva olhando para a designer e ela revirou os olhos.
— Hye-jin não parece alguém que vá casar cedo, já … — Hana deu um empurrão leve nos ombros da melhor amiga.
— O que eu fiz para vocês me envolverem nessa aposta ridícula? — A brasileira indagou cruzando os braços.
A conversa descontraída continuou enquanto eles compartilhavam histórias e risadas da noite anterior. No entanto, a responsabilidade os chamavam e eles tiveram que se despedir para irem trabalhar. Yi-jin e Ji-soo permaneceram do lado de fora da cafeteria enquanto esperavam Hye-jin finalizar a conversa com Ha-joon, enquanto , Hana, Eun-ji e Su-min seguiram para o ponto de ônibus como faziam todos os dias. O percurso foi tranquilo, enquanto Su-min mandava mensagens de texto para seu namorado que estava cumprindo serviço militar obrigatório, verificava suas redes sociais e mais à sua frente, Eun-ji e Hana conversavam animadamente.
Conforme se aproximavam do trabalho, o clima se tornou mais sério, a pedagoga, Su-min desceu junto de Hana, que passava suas tarde em uma ONG envolvida em pesquisas para a conscientização pública, em seguida Eun-ji e chegaram no prédio comercial da Art Life, adentrando em silêncio e depois seguindo para suas mesas.
15:00 PM
— O que aconteceu? — Bo-gum perguntou retornando para a mesa segurando uma xícara de café.
— Lembra do meu cliente? — perguntou girando a cadeira milimetricamente para olhá-lo. — Ele está naquela sala.
— Não sei dizer se isso é bom ou péssimo — Ele disse fazendo concordar. — Tem glitter na sua bochecha.
— O quê? — Perguntou e ele indicou a bochecha esquerda dela.
— Jogos universitários? — Ele indagou e ela assentiu. — Quem ganhou? — Pohang — Ela disse baixo e ele gritou de felicidade, chamando a atenção de alguns funcionários para si. — Eu não acredito que você torce para eles!
— Ex-aluno da Pohang com orgulho. — Bo-gum respondeu mostrando um porta-retrato que estava na sua mesa da antiga turma dele.
— Argh, como não percebi isso antes? — Ela se perguntou e escutou seu celular apitar em cima da sua mesa e pegou o aparelho rapidamente, vendo o nome do Ji-Hun nas notificações.
Sem conseguir evitar um sorriso, ela deslizou seu dedo para responder à mensagem.
— Mm… com emoji! — Bo-gum disse rindo atrás de enquanto bisbilhotava com quem ela estava falando dando tantos sorrisinhos bobos.
— Bo-gum, caí fora! — Ela disse empurrando ele para longe dela.
— O meu nome não tem emoji! — Ele retrucou ao ser empurrado.
— Que horas são? — Perguntou para si mesma e olhou no relógio, vendo que ainda eram três da tarde, o que significava faltarem apenas algumas horas para o fim do expediente.
(MeMi Message) JI-HUN: Ei!
: Ei! ��
JI-HUN: Vai fazer alguma coisa hoje?
: Depois do trabalho só pretendo ir para casa.
JI-HUN: Mesmo?
: Sim, se eu não for convidada para nada. ��
JI-HUN: E se eu te convidar para um segundo encontro?
: Está acabando com seus dates tão rápido assim?
JI-HUN: É que na próxima semana eu estarei em Seul e não vamos poder nos ver.�� : Onde vamos nos ver dessa vez?
JI-HUN: Sabe patinar?
: Um pouco.
JI-HUN: Ótimo, já tenho o lugar perfeito. Quer que eu te busque no trabalho?
: Aí nós vamos parecer casados.
JI-HUN: E isso é ruim?
: Marcando território tão cedo?
JI-HUN: Só mostrando que é minha vez.
: Eu preciso sair, meu chefe está chamando!
JI-HUN: ��Boa sorte!
fechou o aplicativo de conversas e olhou-se no espelho em miniatura ao lado do monitor do seu computador, aquela roupa não era a melhor para um encontro, mas não poderia ir em casa trocar por outra antes de encontrar ele. Entretanto, antes de conseguir seu prêmio de consolação pelo seu dia estressante, ela levantou-se da cadeira com pressa e caminhou até a porta com uma placa dourada indicando ser a sala do seu chefe enquanto carregava consigo alguns documentos e relatórios. Antes que pudesse entrar, ela bateu três vezes e abriu a porta devagar quando ouviu a voz do Sr. Koo.
— , querida, que prazer vê-la aqui, — disse ele com um sorriso forçado enquanto a observava se aproximar da mesa dele e colocar os papéis na superfície. Ele estava acompanhado de Sr. Jang, um homem de meia-idade com uma expressão que misturava admiração e malícia.
— Você sabe, Srtª D'Angelo, eu sempre fui um grande admirador do seu trabalho, — começou o Sr. Jang, lançando um olhar significativo para o Sr. Koo. — Eu ouvi dizer que você é a melhor da equipe.
— Obrigada, Sr. Jang. É sempre bom ouvir elogios. — , surpresa pela presença inesperada deles, sorriu educadamente.
— Na verdade, Sr. Jang aqui estava pensando que talvez você pudesse nos dar uma ajudinha extra em nosso projeto. Você tem aquele toque especial que faz toda a diferença. — Sr. Koo acrescentou.
— Fez um ótimo trabalho com toda essa papelada, mas eu estava conversando que poderíamos discutir mais detalhes depois do expediente, será que você me acompanharia para um jantar? — Sr. Jang entrelaçou seus dedos em cima do seu colo, movimentando-se na cadeira de forma que sua pélvis ficasse em evidência.
começou a sentir um desconforto crescente. Ela estava acostumada a receber elogios pelo seu trabalho, mas a situação estava tomando um rumo inapropriado. Os olhares insinuantes e elogios exagerados deixavam claro que havia algo mais em jogo.
— Sr. Jang, estou sempre disposta a ajudar no que for possível, — respondeu com cautela, mantendo seu profissionalismo. — Mas esta noite, eu….
— , acredito que podemos encontrar maneiras muito agradáveis de colaborar. Afinal, os negócios podem ser tão… prazerosos, não é mesmo? — Sr. Koo, se aproximou um pouco mais e colocou a mão em seu ombro, seu toque sutilmente invasivo enquanto Sr. Jang analisava o corpo dela.
— Eu… meu namorado está me esperando em casa e pediu para que eu não chegasse tarde.
— Ela mentiu. — Me desculpem… Vou providenciar os documentos, com licença. — Bem, , não queremos pressioná-la. Vamos conversar mais tarde sobre o projeto, em um ambiente mais apropriado. — Sr. Koo disse, percebendo que seu plano não estava funcionando e tentou suavizar a situação.
saiu depressa da sala enquanto fechava os botões da sua blusa social até o pescoço e soltava os cabelos para não mostrar sua nuca, correu até o banheiro sentindo o salto alto machucar seu tornozelo e se colocou no primeiro boxe sentando-se no sanitário, suas pernas tremiam e ela sentia vontade de chorar, estava começando a sentir que as divisórias o boxe começavam a diminuir. As primeiras lágrimas deslizaram pela sua bochecha e ela prendeu o choro que poderia chamar a atenção, mordeu a unha em sinal de nervosismo e fechou os olhos.
— Não, isso foi uma impressão. , você não está passando por isso. — Ela repetia como uma afirmação pessoal. — Não. Não.
— ? — Escutou na porta do banheiro. — Onde você está? Sou eu, Eun-ji. — Aqui. — Ela disse com a voz trêmula e abriu a porta do box.
— O que aconteceu? Bo-gum me contou que você passou feito um foguete para o banheiro. — Ela disse com um sorriso fraco enquanto procurava por qualquer sinal de ter acontecido algo com a brasileira.
— Não foi n-nada. É o estresse e eu ando vendo coisas. — falou tirando forças de dentro de si para se levantar e passou as mãos no rosto.
— Que tipo de coisas? Fantasmas? Quem do outro lado queria se comunicar com você? — Eun-ji indagou um pouco assombrada, odiava aqueles tipos de assunto e estava começando a ficar com medo.
— Ninguém, fica tranquila. Foi uma impressão que tive. — suspirou. — Você vai fazer alguma coisa depois daqui?
— Não, quer que eu te espere para irmos juntas? — Eun-ji tornou a indagar e assentiu. — Tudo bem.
— Pode sair só quando eu sair? Não quero ficar nesse escritório sozinha. — Ela pediu e a coreana concordou, é claro que ela sabia que a brasileira estava escondendo alguma coisa, mas preferiu dar um espaço para ela contar quando quisesse.
— Vai sair com o Ji-Hun, hoje? — A estagiária de engenharia perguntou secando as mãos e olhando a amiga pelo espelho.
— Quem te contou? — perguntou curiosa.
— Bo-gum disse que antes você estava com vários sorrisinhos olhando para o telefone. — Ela falou rindo baixo.
— Ele é um fofoqueiro, mas eu vou sim. Encontro ele depois do trabalho e talvez não volte para casa hoje. Não pretendo, pelo menos. — piscou o olho e entregou a maquiagem que havia usado para cobrir os caminhos das lágrimas para Eun-ji. — Obrigada. — Por nada, só quero que saiba que eu estou aqui para tudo. — Eun-ji assegurou segurando firmemente as mãos da brasileira e ela assentiu. — Vamos?
18:00 PM
Faltava meia hora para o final do expediente e finalmente, quando o último relatório foi revisado e enviado, encerrou suas atividades no computador do escritório e recolheu suas coisas. Naquele escritório amplo, restavam apenas e Eun-ji, que ficara esperando que terminasse suas tarefas daquele dia.
— Acabei. — disse pegando sua bolsa e Eun-ji comemorou em silêncio. — Vamos? Antes de você ir nesse encontro, precisa de algo melhor do que isso. — Apontou para a roupa da brasileira.
— O ideal era um banho, mas não acho que vou conseguir isso. — Ela suspirou. — Quanto tempo até o encontro? — Eun-ji indagou também pegando suas coisas e acompanhando até o elevador, a brasileira começava a sentir sua barriga revirar de ansiedade querendo encontrar logo Ji-Hun e sentir aquela sensação de estar protegida novamente.
— Acho que tenho uma hora, vou descer no meio do caminho e encontrar ele. — respondeu entrando no elevador e apertando o botão para descer até o saguão. — Certo, você me deixa te ajudar com isso? Sabe, você está parecendo alguém que não dorme há uma semana. — Eun-ji disse para ela apontando para o rosto de cansada da amiga.
— Tão mal assim? — Fez careta quando a outra assentiu. — Tudo bem, mas não podemos demorar.
A noite estava fria, mas agradável quando , e sua amiga, Eun-ji, saíram apressadas do conglomerado de escritórios, em direção ao centro da cidade. estava nervosa e animada para seu encontro marcado para daqui a poucos minutos, e Emily estava determinada a ajudar sua amiga a escolher a roupa perfeita. A dupla não costumava fazer compras juntas, na verdade, era raro esses momentos, mas por estarem trabalhando no mesmo lugar foi inevitável não ficarem mais próximas.
Elas entraram em uma boutique charmosa, que estava aberta até tarde, suas mãos ansiosas segurando as sacolas vazias que logo seriam preenchidas com possíveis escolhas de roupas. O aroma suave de perfumes caros e tecidos frescos preencheu o ar, criando uma atmosfera agradável e elegante.
— Srtª Park! — A vendedora disse saindo de trás do balcão indo até as duas amigas. — Por favor, já disse para me chamar pelo meu nome Srª Lim! — A coreana cumprimentou a mais velha com um arco respeitoso.
— Ah, querida! Do que precisa hoje? E você seja muito bem-vinda! É amiga dela? — A mais velha perguntou se dirigindo a , que estava encantada com a decoração do lugar.
— Ela não fala coreano, só o básico. É minha amiga da faculdade, nós trabalhamos juntas e ela é intercambista, veio do Brasil, acredita? — Eun-ji contava para a dona da loja que assentiu, a mulher também sabia pouco de inglês, então deixaria a comunicação entre ela e a novata por conta de Eun-ji.
— Annyeonghaseyo, meu nome é . É um prazer conhecê-la. — disse em coreano com um sorriso simpático.
— É um prazer conhecê-la, Srtª . — Srª Lim respondeu impressionada por ela ter falado em coreano, mesmo sabendo que a mais nova ainda estava aprendendo o idioma mais afundo.
— Bem, nós estamos numa emergência. Ela está indo para um encontro, os dois acabaram de se conhecer. — Eun-ji explicou para ela.
— Ah! Te entendo, é um homem de sorte. Sabe se é externo ou interno? — Srtª Park perguntou e a coreana cutucou a brasileira.
— O que sabe sobre o encontro? — Ela indagou e deu de ombros. — Eu preciso ver se ele me enviou a localização. — respondeu pegando o celular na bolsa e entrando no aplicativo de mensagens para ver uma única mensagem de Ji-Hun informando que eles iriam para uma pista de gelo.
— Certo, pelo que eu conheço desse lugar, você não vai poder escolher entre os vestidos. — Srtª Park informou indo até uma arara de roupas buscar algo que ela julgava ótimo para esse tipo de ocasião.
— O que ela disse? — sussurrou, perguntando para a amiga.
— Que você não pode usar vestidos. — Eun-ji deu um pequeno empurrão para que fosse até o provador.
A dona da loja optou por entregar a uma calça preta de couro, suficientemente ajustada e quente para mantê-la confortável, uma camisa off white de botões oversized acetinada com estampa minimalista e sandálias de salto com tiras, o conjunto combinaria perfeitamente com seu sobretudo, bolsa e até a maquiagem simples que ela apenas havia retocado no espelho do banheiro.
— Acho que você acertou em cheio com esse, Srª Lim. — Eun-ji disse gostando da escolha da vendedora.
— Então, vou levar. Quanto devo pagar? — perguntou procurando o cartão dentro da sua bolsa.
— Não se preocupe com isso e considere meu presente de aniversário adiantado. — Eun-ji disse entregando um par de argolas douradas pequenas e sugerindo que prendesse metade do seu cabelo para trás.
— Isso não é muito formal? — D'Angelo se olhou no espelho analisando as escolhas feitas. — Ele vai adorar, fique tranquila. — Eun-ji assegurou enquanto pegava seu cartão das mãos da vendedora. — Obrigada, SrªLim.
— É sempre um prazer atendê-la Srtª Park. Diga a ela que desejo boa sorte no encontro. — Srª Lim deu um sorriso.
— Obrigada, Srª Lim. — disse e junto de Eun-ji, se despediram levando em suas mãos apenas as roupas que a estudante de arquitetura havia usando durante todo o dia.
Por último, enrolou o cachecol verde oliva em seu pescoço enquanto esperavam o ônibus. Finalmente, quando o transporte chegou, as duas entraram e felizmente, conseguiram um assento. Não demorou muito para que recebesse uma mensagem de Ji-Hun avisando que já tinha chegado no lugar marcado, ela respondeu dizendo estar a caminho.
— Sua perna está tremendo! — Eun-ji disse rindo colocando uma das mãos na perna da colega para evitar que ela continuasse. — Eu estou tão orgulhosa de você, mas eu não quero saber de você voltando para aquela casa hoje.
— Estou sendo expulsa? — perguntou confusa.
— Por uma noite. Vá para o apartamento dele, um motel, um hotel, não sei… mas transem! Pessoas que transam são felizes! — Eun-ji falava baixo que quase não conseguia escutar.
— Tudo bem, mas pra que eu seja feliz, seguindo essa dica, não depende só de mim. — A brasileira respondeu.
— , ele é um homem. Se você assobiar, ele vai correndo! — A coreana disse rindo. — E ele está caidinho por você.
— Você não está me ajudando! — falou sentindo as mãos suarem e as secou no sobretudo. — Devo descer agora.
— Boa sorte! E lembre-se, não volte pra casa hoje! — Eun-ji disse apontando para ela enquanto a mulher descia do ônibus. — Desculpe! — A coreana repetiu algumas vezes quando notou que alguns passageiros a olharam feio por falar alto.
desceu do ônibus com um sorriso no rosto, nem parecendo ter tido um dia de merda no trabalho. Sentia-se ansiosa por encontrar Ji-Hun e ainda por estar usando a echarpe que ele havia lhe emprestado na noite anterior por conta do frio e toda vez que ela inspirava, conseguia sentir um perfume fraco sair do tecido fazendo o coração dela pular no peito. Parou há alguns metros do Parque de Sejong, mas já podia escutar as crianças brincando por toda a extensão da grama com seus responsáveis sempre observando e sorriu pensando que um dia poderia ter aquilo, buscou seu celular na bolsa para mandar uma mensagem para Ji-Hun.
(MeMi Message)
: (FOTO DO PARQUE)
JI-HUN: Estou indo buscar você aí.
JI-HUN: Não saia daí!
: Pode deixar! Ficarei quieta aqui. ��
colocou o celular no bolso da calça e andou mais alguns passos para poder assistir melhor o show de fogos que havia começado, desde que havia pisado com seus pés no país ela aprendeu muita coisa, como, por exemplo: os coreanos são extremamente orgulhosos de seus relacionamentos, portanto aqueles fogos não era por ter tido algum jogo de futebol ou alguma data comemorativa nacional, mas sim que algum casal estaria completando cem, duzentos ou trezentos dias de namoro e embora aquilo parecesse uma grande besteira para , ela até que achava bonitinho e não se incomodava com o exagero ou a falta dele quando se tratava de trocar intimidades em público.
— ? — Escutou seu nome ser chamado e girou seus calcanhares para escutar de onde estava vindo até ver Ji-Hun parado há alguns passos dela com uma das mãos na jaqueta que estava usando e outra segurando seu celular, provavelmente ligando para ela. Novamente o coração dela começou a bater forte e suas pernas não a obedeceram quando o comando foi dado, franziu o cenho se forçando a colocar uma perna na frente da outra enquanto ele fazia o mesmo. — Eu te liguei.
— Estava distraída com os fogos e nem percebi — Sorriu sem graça, por mais que já tivessem se abraçado e se visto outras vezes, ali tinha mais pessoas do que eles estavam acostumados e ficara um clima estranho entre se cumprimentar com um abraço ou apenas um aperto de mão, o que era esquisito para quem eles que já haviam transado. — É… eu…
— Tudo bem. — Ele disse rindo baixo e tomou a iniciativa de abraçar ela, com os dois braços ao redor da cintura dela a puxando para mais perto de si e correspondeu o ato rodeando a cabeça dele com seus braços. — Como foi seu dia? — Ele perguntou no ouvido dela.
— Bom. — Ela mentiu, não iria despejar seus problemas em um cara que mal conhecia, talvez se ela fizesse isso ele fugiria no próximo minuto. — Contei os minutos para chegar aqui.
— Nem me fale, faltam dedos em minhas mãos para contar quantas vezes olhei meu celular para ver as horas. — Ele confessou soprando na nuca dela o ar quente e fez com que arrepiasse. — Está com fome?
— Uhum, aliás, você não me contou para onde vamos. — Ela disse quando os dois se afastaram depois de alguns minutos abraçados no meio da calçada e a mulher reparou que ele olhava para o pescoço dela. — Ah! Eu estou muito distraída hoje! Sua echarpe!
— Não! Pode deixar com você, fica melhor! — Ele respondeu rápido e devolvendo o tecido ao pescoço dela. O ator pareceu ficar imerso no sorriso dela por alguns segundos e piscou os olhos rapidamente quando ela o chamou. — Você que está me distraindo.
— Eu não vou assumir essa culpa. — Aish! Como eu queria beijá-lo aqui! Coreanos, por que tão… distantes? pensou mordendo o lábio inferior.
— Se você não parar de morder os lábios, eu vou ter que beijar você aqui e aquele grupo de idosas vão expulsar a gente do parque por atentado ao pudor, D'Angelo. — Ele disse baixo rente ao ouvido dela.
— Então é melhor nós dois sairmos daqui logo, eu não estou nem um pouco afim de fugir de senhoras com o triplo da minha idade. — Ela retrucou rindo e ele assentiu segurando na mão dela, enquanto caminhavam para o Ice Amusement Park, aproveitou que ele segurou sua mão para entrelaçar seus dedos nos dele quando o ator puxou a mão dela para dentro do casaco.
O Ice Amusement Park era gigante, contava com dois andares, sendo o térreo com uma pista de patinação, tocava uma música do Justin Bieber de fundo e a temperatura do local era tão fria quanto do lado de fora, talvez para manter todo aquele clima de inverno durante todos os dias do ano. Vários grupos se arriscavam em pisar na pista e outros escorregaram por inexperiência. No andar de cima se localizava um restaurante e o cheiro de comida escapava pelas brechas das portas de vidro quanto os clientes passavam. sentiu seu estômago revirar de fome e felizmente, Ji-Hun entendeu pela cara dela que eles já tinham ficado impressionados o bastante com o local, sendo assim subiram as escadas para o restaurante que ficava na parte superior.
— Olá! Uma mesa para dois, por favor. — Ji-Hun falou em coreano para o rapaz que estava na porta e que os acompanhou até uma mesa que ficava no fundo do restaurante, mas que dava uma visão ampla da pista de patinação. — Obrigado.
— Obrigada! — agradeceu ao funcionário quando ele colocou o cardápio na mesa. — Pode sentar — Ji-Hun disse esperando que ela sentasse para depois fazer o mesmo, surpreendendo , que já estava tão acostumada com a famosa hierarquia. — O que vai querer comer?
— O que você recomenda? — Ela disse passando os olhos pelas opções do cardápio, mas não entendia muito do que estava escrito ali.
— Confia tanto assim em minhas escolhas? — Ele indagou arqueando as sobrancelhas e ela assentiu. — Alguma restrição? — A resposta veio negativa através do balanço da cabeça. — Ok! Então vou pedir nakji bokkeum e deung galbi. Vinho?
— Makgeolli. — respondeu colocando o celular sobre a mesa enquanto Ji-Hun fazia os pedidos em coreano a um garçom, olhava ele, desde que tinham se encontrado naquela noite, suas mãos não tinham se soltado, por cima da mesa ele “brincava” com os dedos dela vez ou outra entrelaçando com os seus. O garçom anotou os pedidos e se retirou, ela percebeu que Ji-Hun a observava atentamente e quando o olhou suas bochechas ruborizaram fazendo ele sorrir. — Como foi seu dia?
— Tranquilo, quer dizer, um pouco cansativo nas gravações, mas com o resto do elenco é sempre divertido. — Ele contou sem parar com os toques na mão dela, ambos sentiram um frio na barriga conhecido por qualquer um que já tivesse experimentado se apaixonar pelo menos uma vez na vida, aquele toque tranquilizava e fazia com que ele começasse a pensar que talvez não conseguisse mais se manter longe dela por mais nenhum dia. — O que foi?
— N-nada… — respondeu após ser pega no flagra passeando com seus olhos pelo rosto dele. — Kim Ji-Hun. Pare com isso imediatamente ou todos vão perceber o que você faz comigo. — Apontou para o rosto vermelho dela e ele deu uma risada.
— Adoro como meu nome soa quando você fala. — Ji-Hun colocou uma das mechas do seu cabelo atrás da orelha e piscou o olho. Alerta vermelho de homem com síndrome de Don Juan. ARGH! Quem te permitiu ser tão bonito? Se eu ficar mais um segundo aqui, não vou ter outra opção que não seja ceder a esses flertes.
— Kim Ji-Hun — repetiu sem parar de encará-lo. — Você vai me levar à loucura. — Tão cedo? — Ele fez um beicinho como se fosse inocente. — Aigoo, eu vou amar isso. — Me levar a loucura? — Ela indagou imitando ele.
— Também. — O ator mordeu o lábio inferior captando os olhos da brasileira para a sua boca. — .
— Kim Ji-Hun você é tão bonito que eu te daria o maior adesivo do meu caderno. — Ela disse em português, nunca teria coragem de dizer algo assim no idioma em comum dos dois, o ator a olhava confuso, sequer sabia o que significava aquela porção de palavras que ela havia dito.
— O que você disse? — Ele perguntou curioso e ela negou com a cabeça, não repetiria aquela frase para ele entender.
— Você não precisa entender, mas é algo que no Brasil se considera quando gostamos muito de alguém. — explicou brevemente.
— Então você gosta muito de mim? — Ji-Hun catou as últimas palavras para encurralar a brasileira e saber o que ela queria dele. Não tinha mais tempo para ficar com joguinhos, gostava de ser direto e mesmo sendo extremamente recente entre ele e a mulher, ele não iria se demorar em flertes só por diversão.
— Ah, é… eu… meu pai! — Ela apontou para o telefone e o sorriso dele diminuiu. — Eu tenho que atender antes que ele mande o FBI atrás de mim.
— Fica à vontade, mas quando você voltar não vou esquecer se perguntar de novo. — Ji-Hun disse rindo enquanto ela se levantava da mesa para ir até o lado externo atender o telefone.
— Ciao, pappa. Come va? Tutto bene? — perguntou com segurando o telefone no ouvido enquanto saía do restaurante para ficar do lado de fora, mas sem descer as escadas. — Sto bene. Molto bene. Pode dizer para a mamãe que eu estou comendo e dormindo direitinho, prometo que mandarei a foto do meu prato todos os dias. — Ela disse, mas sabia que não o faria já que por várias vezes seu almoço era um hambúrguer.
Enquanto conversava ao telefone com seus pais, Ji-Hun a esperava do lado de dentro se distraindo com o feed da sua conta no Instagram e distribuía algumas curtidas até receber a mensagem de Park Hae-Soo, com quem ele era mais próximo durante as gravações, o seu amigo em questão tinha se tornado pai recentemente e pelo menos uma vez durante a semana quando não estava trabalhando e ajudando sua esposa com o bebê chamava os amigos para beber cerveja e jogar conversa fora, Ji-Hun teve a certeza de que esse era o assunto quando viu a notificação.
(MeMi Message)
HAE-SOO: Tá livre?
HAE-SOO: Hari deu uma saída com algumas amigas e eu fiquei com o bebê. JI-HUN: Isso é um convite para beber ou para trocar fraldas?
HAE-SOO: Tem soju.
JI-HUN: Tentador, mas não vou poder ir, estou em um encontro.
HAE-SOO: Quantos mais sua mãe vai arranjar?
JI-HUN: Por incrível que pareça eu consegui esse por conta própria. HAE-SOO: Temos uma evolução? Que orgulho!
JI-HUN: E que evolução.
HAE-SOO: Não vai falar quem é?
JI-HUN: Por enquanto não, mas em breve você vai ficar sabendo. HAE-SOO: Tão breve?
JI-HUN: Quase isso, é só questão de tempo. Ela está falando com os pais dela. HAE-SOO: VOCÊ JÁ ESTÁ ENCONTRANDO COM OS PAIS?
HAE-SOO: QUANTO TEMPO EU DORMI?
JI-HUN: Não é isso, é que eles moram no Brasil e por conta da faculdade ela não consegue ligar para eles pela manhã.
HAE-SOO: FACULDADE?
HAE-SOO: QUANTOS ANOS ELA TEM? 19?
HAE-SOO: BRASIL?
HAE-SOO: Sua mãe vai pirar. De qualquer forma, tenha cuidado com os paparazzi. JI-HUN: Ela está voltando. Depois conversamos.
O ator ficou tão imerso na conversa que apenas notou que ela estava voltando quando estava próxima da mesa que foram colocados, ele guardou o celular no bolso interno do casaco e sorriu vendo ela se aproximar, mas o que Hae-Soo dissera, martelava em sua cabeça, se ela ainda estava na faculdade, ela devia ter menos que vinte e cinco anos, certo? De repente aquilo se tornou uma preocupação que não pode deixar de transparecer no rosto dele, expressão que chamou a atenção da brasileira que não sabia por qual motivo ele parecia ter chupado um limão.
— Aconteceu alguma coisa? — Ela indagou tocando na mão dele por cima da mesa.
— É só uma coisa… , em que ano você nasceu? — Ele perguntou um pouco constrangido, talvez tivesse sido grosseiro na forma de saber, mas precisava saber se não estava se envolvendo com alguém menor de idade, isso estaria fora de cogitação.
— 1992. Por quê? — perguntou o motivo, mesmo já sabendo onde isso levaria. O ator estava fazendo as contas com a cabeça e a mulher percebeu por ele estar calado há vários segundos, ela suspirou e apertou a palma da mão dele com leveza. — Eu tenho 29. Não precisa ficar preocupado com estar saindo com alguém menor de idade. O que mais você quer saber? Eu sou do signo de escorpião, ou melhor, nasci no ano da cobra.
— Me desculpa. — Ele disse baixo, havia um misto de alívio e medo cercando o ator, ainda que ela fosse de maior, ele era doze anos mais velho do que ela e isso o trazia uma responsabilidade que o fazia temer a opinião não só pública, como da sua família. — Ji-Hun só me peça desculpas se você estiver planejando acabar com tudo isso. — Ela respondeu séria. — Caso contrário, não se sinta mal. Eu estou gostando de você, mas preciso que me avise se estiver saindo da minha vida.
— Não! — Ele respondeu rápido, quase um susto só de pensar na possibilidade de não sentir mais aquele frio na barriga que a brasileira lhe trazia. — Eu não vou embora, pelo menos não até que você me diga para ir. Espera… você está gostando de mim?
— Não quero que vá. — Ela disse suavizando a sua própria expressão.
Ji-Hun assentiu não sabendo o que dizer em seguida. No entanto, ele sentia que já estava muito envolvido no que aquela relação recém iniciada o proporcionava, portanto, deixaria para resolver suas outras preocupações quando estivesse sozinho. Não podia ficar enfezado durante seu encontro com , deixando-a desconfortável.
— Eu não vou para canto nenhum. — Ele finalmente disse algo e sorriu pegando na mão da mulher e trazendo para si, deixou um beijo no dorso da mão dela.
Após aquela breve discussão que tiveram, o casal havia encontrado uma maneira de trazerem a conversa descontraída de volta, e a atmosfera estava carregada de uma tensão emocional palpável. Eles conversavam animadamente, compartilhando histórias e risadas. As palavras fluíam naturalmente, como se estivessem em sintonia perfeita. Os olhares trocados eram carregados de carinho e curiosidade, enquanto eles aprendiam mais um sobre o outro.
Em um momento particular da conversa, ela pegou seu celular e o segurou, apontando a câmera na direção dele. Ele parou de falar por um instante, surpreso com a ação dela. Seus olhos se encontraram, e ela sorriu de maneira encantadora, capturando aquele momento especial.
O clique suave da câmera quebrou o silêncio e ficou suspenso no ar. Ela mostrou a foto que acabara de tirar, revelando seu sorriso genuíno e olhares cúmplices. Ambos riram, compartilhando o momento capturado em uma imagem, uma memória que seria guardada com carinho, no entanto, foi inevitável sentir ciúmes quando imaginou que ele iria compartilhar com todos os fãs em conta do Instagram.
Depois de terminarem o jantar, desceram pelas escadas de mãos dadas e antes que pudessem ir até o carro, o ator a puxou de volta em direção ao balcão de aluguel de patins.
— Ji-Hun, eu não sei patinar no gelo! — Ela exclamou enquanto ele esperava numa fila de
três pessoas para pegar dois pares.
— Então isso vai ser mais engraçado do que eu esperava, porque eu também não sei
patinar. — Ele respondeu e deu risada.
— A gente não pode só ficar olhando? — indagou encostando seu queixo no peito dele e piscando os dois olhos rapidamente. Estava morrendo de medo de pagar um mico na frente dele, patinação nunca foi seu forte, no gelo então? Pelo amor dos deuses, passou toda sua vida no Rio de Janeiro, no dia que nevasse naquele lugar era certeza que o mundo estava acabando. — Ji-Hun.
— Qual a graça de vir para um lugar desse e não se aventurar ali? — Apontou para a pista
de gelo onde inúmeras pessoas mostravam o que sabiam ou apenas se divertiam caindo,
sem se importar se estavam no meio de várias pessoas.
— A graça é ver a queda dos outros, mas não a minha! — tentou, mas ele estava irredutível quanto a desistir daquilo. fez beicinho e quis bater os pés infantilmente, mas o ator encostou seu nariz no dela que estava gelado, deixando um selinho rápido em meus lábios.
— Eu posso te dar vários outros desse se nós formos. — Ele disse baixinho.
— Isso não é justo! — Ela tentou por várias vezes selar os lábios dele, mas o ator por ser
alguns centímetros mais altos sempre conseguia desviar ao inclinar sua cabeça para trás.
Mesmo que estivesse um pouco irritada com Ji-Hun, ela permanecia abraçada com ele
dando passos de pinguim até chegar no balcão e perceber que vários dos funcionários
estavam olhando para eles, soltou dele e colocou suas mãos nos bolsos do sobretudo.
— Não liga para isso. — O ator sussurrou ao se inclinar próximo ao ouvido dela e enfiou
sua mão dentro do bolso dela para segurar a mão dela com os dedos entrelaçados. — Qual
número você calça?
— 260 — Ela disse na medida coreana que equivalia ao número trinta e oito.
— Estão ótimos, obrigado. — Ji-Hun falou para a atendente depois de olhar as lâminas de
ambos os pares de patins. Ele teve que soltar a mão da para poder entregar o cartão na hora de pagar, ela se questionou por muito tempo o porquê eles usavam as duas mãos quando tinham que entregar alguma coisa, mas depois de dois anos morando no país, deixou de reparar naqueles detalhes e apenas se acostumou com aqueles comportamentos os repetindo para não ser mal-educada.
— Ela tem um crush absurdo em você. — comentou enquanto estavam indo até um banquinho para poderem calçar os patins.
— Com ciúmes, D'Angelo? — Ele indagou com dificuldade em pronunciar o sobrenome
dela.
— Não. — Ela mentiu e sentou-se no banquinho para tirar as botas que estava usando.
— Engraçado, foi exatamente o que pareceu. — Ji-Hun disse com um sorriso de canto e se
ajoelhou pegando cada um dos pés dela para calçar os patins delicadamente, finalizando
com um laço firme. — . — Ele a chamou e a brasileira olhou para ele com o rosto
demonstrando a irritação, estava sim com ciúmes, afinal todo mundo vira o quanto ela e
Ji-Hun estavam próximos durante a espera.
— O quê? — Ela perguntou sem se importar se estava sendo grossa.
— Eu estou com você. Não posso controlar como os outros nos olham, mas eu só tenho
olhos para você. — O ator disse colocando uma mecha do cabelo da mulher atrás da orelha
dela. — Não importa o que aconteça, só você me tem na palma da sua mão.
— Bom saber disso. — Isso mesmo, continua dando asa para cobra que quando você
menos esperar estarei por cima de você na cama, Ji-Hun. completou mentalmente e
riu consigo mesma ao perceber qual caminho seus pensamentos estavam tomando em
pleno horário comercial.
— O que você está pensando? — Ele indagou se levantando e sentando-se ao lado dela no
banco para calçar seu par de patins. — Não! Espera! Não me conte ou eu vou ter que
devolver os patins, não vou aguentar ficar aqui com você tendo esse pensamentos
libidinosos com o meu corpo.
— Quem disse ser com você? — colocou as duas mãos na cintura e olhou ele de
baixo para cima.
— Sua cara está te denunciando, D'Angelo. — Ele se colocou de pé após calçar seus
próprios patins e estendeu a mão para ela. — Vem!
Os dois andaram desengonçados até a pequena que separava a pista de patinação do
resto do local e com receio colocaram os dois pés para dentro se segurando nas paredes.
— O segredo é saber que nós vamos cair e procurar não se importar com os olhares. — Ele
disse soltando-se aos poucos da parede e consequentemente se distanciando sem querer.
— Realmente, foi o conselho mais reconfortante que recebi hoje. — retrucou
sarcástica observando ele colocar as duas mãos na cintura, deslizou devagar pelo gelo sem
soltar da meia parede.
Ji-Hun sorria presunçoso mostrando a sua “coragem” de ter soltado das barras e mesmo
que não movesse suas pernas estava deslizando por conta da superfície lisa, mas não era
tão difícil era? Perna esquerda. Perna direita. Perna esquerda. Perna direita. Estava
patinando!
— Foi fácil! Vem! Solta dessa grade! — Ele disse indo até ela, mas acabou trocando as
pernas e caindo sentado no chão gelado. — Não! ! Não ria!
— Desculpa! — Ela exclamou prensando os lábios para conter a risada, mas sem sucesso
já que nessas situações ela perdia completamente o controle dos seus membros inferiores
e começou a gargalhar até também cair sentada no chão, sendo assim os dois riam
sentindo suas barrigas doerem e as lágrimas se acumularem abaixo dos olhos. — Quer
ajuda?
— Você ainda nem levantou! — Ele disse rindo e ficou de joelhos para conseguir ficar de pé
segurando na meia parede. — Segura na minha mão.
— Obrigada. — Ela disse também ficando de pé com ajuda dele.
De mãos dadas e sentindo a pele formigar, eles patinavam usando o método de baby steps,
ou seja, pequenos passos até se acostumarem e conseguirem deslizar mais ou menos
como pessoas normais, longe dos experientes que performavam passos de dança em meio
ao gelo, mas o suficiente para se divertirem um ao lado do outro e era aquilo que deixava
com o coração inundado de felicidade.
As recentes pesquisas mostravam, que ela era uma pessoa viciada em tempo de qualidade
e aqueles momentos, principalmente perto do homem que habitava seus sonhos todas as
noites, a deixavam com uma espécie de overdose de serotonina e fazia ela querer
descontar aquilo em um travesseiro fofinho o amassando até ele perder a forma física
original dele.
Ji-Hun sentia como estivesse caminhando em nuvens, macio, mas extremamente frágil e
imaginando que quanto mais alto ele subisse com a brasileira, pior seria a queda e embora
ele tenha balançado a cabeça para afastar aqueles pensamentos assombrosos, eles
sempre retornavam. Felizmente, os dois estavam em sintonia, visto que os sentimentos
avassaladores eram facilmente denunciados em seus sorrisos e olhos brilhantes.
— Eu trouxe água e um chocolate para você — Ele disse voltando para perto dela após ter
devolvido os patins, sentou-se ao lado dela e apoiou a cabeça na mão enquanto a
observava.
— Obrigada pela água e pelo chocolate. — Ela disse tomando um gole da água. — Escuta,
amanhã eu vou sair cedo do trabalho e...
— Você vai me chamar para um date! — Ele concluiu antes que ela terminasse.
— É, eu estou te chamando para um encontro. Se você quiser ir, é claro. — finalizou
baixinho.
— Ah! É que eu não sei se vai dar... — Ele iniciou e viu o sorriso dela murchar. — Eu tenho
um compromisso com uma mulher, o nome dela é D'Angelo, conhece?
— Ji-Hun! — Ela fez beicinho e logo em seguida deu risada, por breves segundos ela sentiu
seu coração despedaçar só de imaginar que ele estaria encontrando outra mulher.
— Fala meu nome de novo, por favor! — Ele pediu com um sorriso bobo.
— Ji-Hun — Ela repetiu e ele jogou a cabeça para trás pedindo aos céus sabedoria o
suficiente para não agarrar aquela mulher ali mesmo.
— . Acho melhor nós irmos, não vou aguentar por mais uma hora sem beijar você. — Ele disse baixo e ela concordou, o ator no ato de cavalheirismo fez questão de carregar a
bolsa dela, enquanto caminhavam até o carro, por conta do horário, o parque que eles
tinham se encontrado já estava vazio e felizmente o carro não ficara muito longe. Assim,
quando os dois já estavam dentro do carro, puderam satisfazer a vontade, que estava
aprisionada desde o momento que se viram naquela noite, o beijo tão aguardado que
confessava os desejos mais sujos do corpo deles.
Eles suspiravam juntos e a brasileira tentava puxar o corpo dele cada vez para mais perto
enquanto sentia seu próprio entrar em combustão pelos toques cheios de segundas
intenções de Ji-Hun. O ator tinha sua mão na nuca dela e puxava alguns fios dos cabelos, o
beijo parecia mais molhado, intenso e forte com as carícias descendo pela coxa dela.
Infelizmente ou felizmente, tiveram que interromper o beijo para o bem de ambos os
pulmões que pediam por oxigênio, os lábios vermelhos e inchados diziam muito mais do
que palavras poderiam descrever.
— Para a sua casa. — Ela disse um pouco ofegante e ele concordou puxando o cinto de
segurança, fez o mesmo só que um pouco afobada e quando finalmente conseguiu
pode descansar suas costas no banco. Com a mão esquerda ela chegou até a ponta do
banco do motorista e devagar passeou com os dedos por cima da coxa do coreano, ele
mexeu as pernas agoniado com aquela tortura e tomou a mão dela nas suas segurando
durante todo o percurso até o apartamento que ele morava.
O apartamento que Ji-Hun morava ficava em um prédio com um pouco mais do que seis
andares, sendo cada andar composto por dois apartamentos, naquele momento ele estava
agradecendo seu vizinho ser um médico e passar mais da metade de um dia inteiro
trabalhando no hospital, afinal não estava afim de passar pela cena constrangedora de
encontrar o vizinho no elevador depois do barulho que eles fariam. O ator estava com uma
das mãos na cintura da mulher por dentro do casaco e ela podia sentir o peito dele subir e
descer nas costas dela, a brasileira se mexeu movimentando seu quadril para roçar no
volume que começava a dar sinais no jeans dele.
— , por favor... — Ele disse sôfrego e passando a mão livre nos seus fios de cabelos.
— Eu não fiz nada — A mulher disse em tom inocente. O ator colocou os fios de cabelos
dela no ombro direito, deixando o pescoço livre para explorar a pele, deixando vários beijos
ao percorrer com seus lábios até o maxilar dela. — Ji-Hun...
— Eu não estou fazendo nada, . — Ele sussurrou no ouvido dela e quando finalmente
as portas do elevador se abriram no último andar onde o apartamento dele ficava, ele saiu
depressa puxando a mulher consigo até a porta e ela olhou para o apartamento vizinho
preocupada. — Não liga, ele não está em casa, é médico de plantão noturno.
— Ah... — Ela suspirou aliviada e entrou no apartamento atrás dele, pela rápida olhada que
ela deu pode observar que não havia nenhum animal de estimação e que o lugar era
extremamente organizado, a fazendo lembrar da zona que havia deixado o seu quarto.
Ji-Hun tirou os sapatos e o casaco que estava vestindo, pendurou no cabideiro e virou-se
para a mulher. Foi para trás dela e deslizou suas mãos subindo devagar pelo braço dela até
seus ombros para poder tirar o sobretudo que ela usara e o ator não precisou de muito para
que naquele mesmo segundo virasse para ele com seus olhos azuis mais escuros
repletos de desejo e o beijasse como ele mesmo já tinha feito no carro.
O ator agarrou a cintura dela retribuindo o beijo com a mesma intensidade e aos poucos
ambos sentiam como se o pavio fosse encurtando cada vez mais rápido em direção ao
barril de gasolina prestes a explodir, eles. Ji-Hun puxou a camisa de para cima e a
desprendeu da calça que usava tocando a cintura dela com seus dedos e deixando as
marcas que ele havia passado por ali, ela interrompeu o beijo apenas para tirar de vez
aquela camisa que ainda impedia que ele chegasse até seus seios cobertos apenas por um
sutiã que cobria os mamilos com rendas delicadas. Antes que voltassem a se beijar, Ji-Hun
a pegou no colo e um pouco atrapalhado conseguiu fazer com que os saltos dela caíssem
no chão, adorava puxar os fios de cabelo dele durante o beijo, já que toda vez que
repetia aquele movimento sentia ele arfar contra seus lábios.
Chegaram aos tropeços no quarto e sem se importar que estava escuro foram andando de
costas até encontrar a cama. Uma das mãos de abandonou o cabelo dele e desceu
até as costas dele subindo por dentro da blusa para encontrar os músculos definidos dos
ombros dele e descendo com as unhas, Ji-Hun interrompeu o beijo deixando a brasileira
confusa e ficou de joelhos na cama, ela observou sem entender e ele puxou o pequeno
interruptor ao lado da cama iluminando aquele canto onde eles estavam.
— Eu quero ver seu rosto quando eu estiver no meio das suas pernas. — Ele disse se
livrando de vez da camisa e fazendo com que quisesse gritar, havia sido a cena mais
sexy já vista. Chupa essa, Christian Grey! Ji-Hun retornou a deitar, mas dessa vez com os
lábios explorando o colo da mulher e com uma mão nas costas dela desafivelou o fecho do
sutiã, revelando os mamilos excitados. As íris dos olhos dele estavam escurecidas e ele não
perdeu tempo em envolver o seio com a boca, sugando o mamilo sensível e apertando o
outro com a mão, a ouvindo suspirar e assistindo ela se remexer embaixo dele, caçando
mais contato com o corpo dele.
— Você está me estragando, . Como vou seguir
minha vida quando você enjoar?
— Eu que deveria te perguntar isso... — Ela mordeu o lábio inferior. — Porra.
— Que boca suja, D'Angelo. — Ele falou punindo ela com um tapa forte em sua nádega.
Ji-Hun não sabia uma frase inteira no idioma da mulher, mas um dos seus colegas de
elenco estava obcecado com o país de origem dela por conta do personagem e costumava
falar sozinho coisas em português, incluindo palavrões.
A mulher sorriu maliciosa, ficou contente de ele ter entendido o palavrão e quase repetiu a
palavra para poder ser punida com outro tapa na bunda. O ator desceu com a boca até a
barra da calça dela e desabotoou, colocando suas duas mãos nas laterais puxando a peça
para fora do corpo da mulher, ele ficou de joelhos no colchão observando o corpo dela e
sentiu seu corpo incendiar, o olhar que ele a lançava era faminto e quando os dedos
dele alcançaram a parte interna das coxas dela a mulher tentou fechar as pernas
instintivamente com a sensação de formigamento insistente em sua boceta.
— , se você fechar essas pernas enquanto eu estiver chupando você, eu juro que não
te deixo gozar hoje. — Ji-Hun disse num tom ameaçador e ela se forçou a relaxar as
pernas, o tecido da calcinha estava claramente molhado e isso só fazia com que o sorriso
satisfeito dele ficasse maior, gostava de ver que não era apenas ele que sofria com as
provocações.
— Eu não vou fechar. — respondeu sentindo ele trilhar com beijos a parte interna da
coxa até encontrar o tecido fino da peça íntima, arfou baixo fechando os olhos tamanha foi a
descarga elétrica recebida quando ele finalmente a tocou naquela noite. — Ji-Hun... por
favor.
— Como? — Ele arqueou uma sobrancelha a olhando. — Repete.
— Por favor. — obedeceu arfando mais uma vez quando ele introduziu os dedos
dentro dela e deslizando com facilidade.
Ele não se demorou muito ali, ela já estava molhada o suficiente, mas para a
diversão não acabara, ela o faria pagar por aquela tortura. Infelizmente ele havia retardado
o orgasmo de ao parar abruptamente os movimentos com os dedos e aquilo nunca
seria justo, em algum momento o ator havia retirado suas calças e restava apenas a cueca
box. Os dois estavam se beijando calmamente enquanto ela passava levemente suas
unhas pelas costas dele e em o pegando desprevenido, a brasileira os virou na cama
ficando por cima e sorriu esperta.
— Na próxima vez pense bem antes de me ameaçar, Kim Ji-Hun. — Ela levantou o quadril
sentando bem onde o volume era visível e rebolou o quadril lentamente por cima do tecido.
— Sem tocar! — Ela ralhou quando ele fez menção em segurar a cintura dela para guiar os
movimentos.
— Você é má, D'Angelo. — Ele disse rouco se segurando para não gemer.
— Eu estou sendo extremamente piedosa, poderia me levantar e te deixar com essa...
situação, mas seria desvantagem para mim. — Ela catou as duas mãos bobas dele e
entrelaçou seus dedos, as mantendo uma de cada lado da cabeça dele.
— Então você está me usando? — Ji-Hun indagou apertando os olhos e prensando seus
lábios um no outro. — Porra.
— E você não? — perguntou levantando uma sobrancelha. — Tsc, tsc, que boca suja
Ji-Hun.
— O que você quer? — Ele perguntou e ela mordeu os lábios.
— Você. Eu quero você.
Ela não precisou fazer mais nada para que ele agisse rápido, o ator a colocou para o lado
afim de pegar mais rapidamente o preservativo na gaveta e se protegeu antes de deitar
sobre ela de novo, uma das mãos dele puxou a perna dela para o seu quadril enquanto a
outra se manteve reta e ele a penetrou, ambos gemeram alto, reencontrou os ombros
dele, enquanto a mão livre dele estava na cabeceira da cama para conseguir os impulsos
nas estocadas que ganhavam velocidade e força a cada minuto que estavam naquela
posição.
Naquele momento os sons dos dois já se misturavam e não havia espaço para um beijo
carinhoso, mordeu os lábios ao ser colocada por cima e com auxílio dele que manteve as duas mãos no quadril dela ditando a intensidade das reboladas os dois gemiam alto mesclando com palavras desconexas, Ji-Hun se aproveitou daquela posição para colocar o mamilo dela na boca novamente e passar a língua levemente só para ter o prazer de ver ela revirando os olhos em êxtase. Foi entre os ritmos constantes e investidas profundas que ele chegou no orgasmo antes dela, mas continuou se movendo até que a sentisse se contrair nele, abraçou a cintura dela sustentando o corpo da mulher enquanto ela gozava com a respiração totalmente ofegante. Ficaram por alguns minutos naquela posição com ele distribuindo beijos carinhosos no ombro dela, bateu levemente no braço dele indicando que já conseguia sair dali e mesmo que ele não desejasse quebrar o contato com ela era necessário se levantar para descartar a camisinha no lixo.
— Você quer alguma coisa? — Ele indagou ao voltar do banheiro vestindo a cueca e com
os cabelos amarrados.
— Água. Eu acho. — respondeu rindo baixo e ele assentiu saindo do quarto, ela
levantou vestindo sua calcinha e quando estava catando suas roupas ele retornou ao
quarto.
— O que está fazendo? — Perguntou deixando o copo de água na mesinha de cabeceira.
— Me vestindo. — Ela disse como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
— E para onde você pensa que vai? — Ele indagou se deitando na cama e cobrindo seu
quadril com o lençol.
— Voltar para casa? — tentava raciocinar se haveria algum ônibus naquela hora,
mas achava difícil e teria que chamar um táxi, ótimo, um motorista desconhecido levando
uma mulher que cheirava sexo para casa.
— De jeito nenhum! — Ele exclamou e ela o olhou confusa. — Dorme aqui.
— Isso não vai ser estranho? — Ela indagou, tinha medo de que ficasse constrangedor pela
manhã, mas o ator negou. — Ok, só espera um minuto.
Ji-Hun observou ela beber a água calmamente e depois se enfiar nos lençóis com ele, mas
mantendo uma distância, não por muito tempo, visto que ele a puxou para os seus braços
rodeando a cintura dela e passando os dedos levemente nas costas dela, enquanto se
olhavam em silêncio.
— Aigoo! Não me olhe assim! — Ele exclamou quebrando o contato visual e escutou ela rir.
— O que eu fiz? — perguntou inocentemente.
— Nada. Esse é o problema! Você não me fez nada e eu fico sentindo coisas! — Tentou
explicar e ela franziu o cenho. — Não é isso que você está pensando, sua mente poluída. É
diferente.
— Como? — Ela perguntou querendo chegar até onde podia e o ator levou a mão dela até
seu peito. — Uau! Ji-Hun está muito rápido!
— Culpa sua. — O ator suspirou e virou-se de lado entrelaçando as pernas na dela. — Você
tem que parar de ser tão bonita.
— Ah! Olha quem está falando isso! — deu risada e levou uma das mãos até a
bochecha dele.
— Me conta alguma coisa sobre você — Ele pediu, estava cansado, mas não queria se
entregar ao sono justo naquela noite. — Eu sei onde morou, sei qual seu ano de
nascimento e sei que é apaixonada por estrelas mesmo sendo estudante de arquitetura. Me
conta outra coisa.
— Eu tenho um irmão mais velho. — A brasileira contou enquanto passeava com um dos
dedos pelo maxilar dele.
— Bom saber que vou ter que lidar com três feras para ter você. — Ji-Hun riu do próprio
comentário.
— Vou ter que te desejar boa sorte desde então. — D'Angelo retrucou rindo com ele. — Sua
vez.
— Minha vez? — Indagou e ela assentiu. — Ok, eu tenho primos que são como irmãos.
Crescemos juntos, mas não tenho tanto contato com eles quanto agora.
— Então você é filho único? — perguntou curiosa e ele concordou. — Não tem
problema isso aqui? — Tornou a indagar enquanto indicava os dois.
— Algumas famílias querem que seus filhos únicos namorem e tenham família apenas com
mulheres coreanas, minha mãe dizia isso, mas nessa altura do campeonato acho que ela
só quer me ver feliz com alguém que eu goste e que seja recíproco. — Ele explicou
tranquilizando o coração da brasileira que estava aflito em imaginar se os dois daria mesmo
certo.
— Eu faço cupcakes quando estou nervosa. — Ela passando a descer com a mão para o
peito dele, havia gostado de sentir o coração dele batendo e a fazia se sentir bem.
— Sério? — Ele deu risada. — Imagino que isso aconteça frequentemente.
— As semanas de provas são complicadas e eu preciso neutralizar minha ansiedade em
algo que não seja comer minha mão inteira, então bater a massa de bolo me deixa mais
tranquila de alguma forma. — Ela explicou rindo.
— Suponho que seja minha vez agora. — Ele pensou por alguns segundos. — Vou ser
sincero com uma coisa. Eu já fui noivo.
— Uau! E o que aconteceu? — indagou curiosa.
— Não deu certo, nós queríamos coisas diferentes. Ela é advogada, queria que eu tivesse
algo fixo, sem todas essas viagens para longe e também não queria filhos. Eu respeitava
essa decisão dela, mas eu sou tudo isso, eu posso ter que passar meses em outro país por
conta das gravações, eu quero bebês e não só por ter, mas eu quero ir nas reuniões de pais
e professores, ir buscar na escola, quero me reunir com os amigos que também são pais e
no final do dia quero encontrar a mulher que eu amo. — Ele disse empolgado e não restou
a sorrir com aquela visão que ele tinha.
— Eu quero. — Ela disse por fim atraindo a atenção dele — Quero uma casa na praia com
grandes janelas onde eu possa ver as ondas e o pôr do sol, com um escritório para que eu
possa trabalhar em casa.
— Mais alguma coisa? — Ji-Hun perguntou totalmente fascinado com a mulher ao seu lado.
— Sim! — exclamou sorridente. — Eu quero uma família. Dois filhos. Uma menina e
um menino. Quero também uma pessoa com quem eu possa contar nos piores dias e nos
melhores, quero reunir meus amigos em um final de semana para ficar conversando sobre
as lembranças da faculdade e falar sobre nossa atual vida. Então nós vamos poder beber
chá e ver o sol ir embora enquanto as crianças correm pela areia.
— Okay. — Ele disse sorrindo. — Eu prometo.
— Promete? — Ela indagou rindo. Os dois não tinham nenhuma garantia dessa promessa,
mas mesmo assim ele concordou e só podia esperar que o destino, ou seja, lá quem
estivesse escrevendo a história deles fosse romântico o suficiente para aceitar aquela
proposta.
O sol nascente enviava raios tímidos através das cortinas entreabertas, pintando o quarto em tons suaves de dourado e azul. Ji-Hun estava imerso em um pesadelo angustiante durante toda a noite, e finalmente, o amanhecer o trouxe de volta à realidade. Ofegante, ele se sentou abruptamente na cama, seus olhos se ajustando à luz suave do dia que preenchia o quarto. Seu coração ainda batia descompassadamente, e as imagens do pesadelo assombravam sua mente. No sonho, ele tinha visto sua família e de - os rostos amorosos dos seus pais que ele sempre associara ao conforto e à segurança e faces desconhecidas que pareciam com a mulher que dormia ao seu lado - reunida em torno dele, mas em vez de sorrisos calorosos, havia olhares de desaprovação e palavras cruéis que ecoavam em seus ouvidos.
A lembrança das palavras ditas no pesadelo o atingiu com força, como se fossem facas afiadas em seu peito. Eles o mandavam embora, rejeitando seu relacionamento com , que ele estava profundamente envolvido. A sensação de ser exilado de sua própria família e não ser aceito pelos seus sogros, era esmagadora.
Ele esfregou as têmporas com as mãos, tentando afastar as imagens perturbadoras enquanto recuperava o fôlego. Lentamente, ele percebeu que o pesadelo era apenas um produto de sua mente, uma manifestação dos medos que o assombravam. No entanto, as emoções que ele sentia eram muito reais. Ele sabia que teria que enfrentar a possibilidade das famílias não aceitarem seu relacionamento com , e isso o assustava profundamente. Olhou ao redor, buscando conforto no ambiente familiar, e percebeu que ainda dormia do seu lado e respirava tranquilamente com alguns fios espalhados no rosto, o que fez com que ele sorrisse com a cena.
Aliviado, Ji-Hun levantou-se da cama lentamente para que a mulher não acordasse, ainda vestia apenas a cueca, ela acabou adormecendo durante a conversa e ele pode fazer o mesmo se entregando ao cansaço. Ele caminhou até o banheiro para tomar um banho rápido e ao sair do chuveiro utilizou-se da toalha felpuda para se secar e amarrar no seu quadril enquanto saía do banheiro com os cabelos pingando água.
— Ei! — Escutou dizer assim que saiu do banheiro e sentiu as bochechas esquentarem, ele não sabia que ela acordaria enquanto estava no banheiro. — Eu já vi tudo.
— É, eu sei, é que... — Ele começou, mas se embolou na explicação fazendo ela rir. — Se você quiser tomar um banho, tem toalha limpa no armário e pode usar minhas coisas se precisar.
— Certo. — Ela respondeu largando o celular de lado e levantando para ir até ele.
— O que foi? — Ele perguntou segurando a toalha fortemente para que não caísse e engoliu em seco ao lembrar que ela ainda estava apenas de lingerie.
— Tem uma coisa aqui... — Apontou para o rosto dele e antes que o ator pudesse responder alguma coisa, ela selou os lábios dele demoradamente. — Eu esqueci de falar que gosto de beijos de bom dia.
— Vou me lembrar disso da próxima vez. — Ele disse sorrindo e puxando a mulher pela cintura para beijá-la novamente. — É melhor você ir tomar banho ou nós nunca vamos sair
desse quarto.
— Tem razão e tenho que ir pra faculdade ainda. — Fez beicinho e ele deu risada.
— Vai tomar banho que eu te deixo lá. — Piscou o olho e se desvencilhou dela para ir até o closet se vestir enquanto escutava o barulho do chuveiro ser ligado.
Naquele dia ele visitaria sua mãe, sentia saudades do tom de voz da mulher, então como as
filmagens tinham finalmente terminado, era só esperar que pudesse começar a divulgação e
poderia retornar a olhar outros projetos que chegavam nas mãos do seu agente de carreira.
Ji-Hun escolheu uma calça jeans com uma blusa branca da Supreme com um par de all
stars e uma jaqueta, mas vestiria as duas peças superiores apenas depois de secar seu
cabelo, retornou até o quarto escutando o chuveiro ser desligado e em seguida sair lá
de dentro enrolada numa toalha branca, o ator suspirou acompanhando com os olhos ela
andar pelo quarto.
— Gostou da visão? — indagou pegando ele desprevenido e tirou a toalha, viu o ator morder o lábio inferior e sorrir concordando. — E eu pensando que depois de te ver sem
camisa não podia melhorar...
— ! — Ele exclamou rindo e teve que se segurar para não beijá-la. — O que vai fazer
hoje?
— Além de aulas? Tenho uma reunião com a coordenação da faculdade e também vou
acompanhar o Yi-Jin nas fotos do calendário universitário, ele não fica confortável vestindo
poucas peças na presença de fotógrafos. — explicou enquanto vestia as roupas
encontradas no quarto da noite anterior. — Eu acho que minha blusa ficou na sala.
— Ele não fica confortável com os outros, mas com a sua presença isso muda? — Ji-Hun
perguntou sentindo uma onda de ciúmes o atingir com força.
— É que eu sou a líder, tenho que aprovar as fotos. — Ela deu de ombros secando os
cabelos com a toalha.
— Achei que isso fosse um trabalho para os estudantes de fotografia, não para você. — O
ator respondeu sério e a olhando pelo reflexo do espelho.
— Já saquei o que está acontecendo aqui... — Ela disse, finalmente olhando para ele. Seus
ombros estavam caídos, já exausta por saber o que estava vindo depois dele dar de ombros
como se estivesse indiferente. — Ji-Hun.
— Você e ele... já se beijaram? — Ele indagou hesitante ao se virar para ela, o sorriso que
estava no rosto dele há alguns minutos desaparecera.
— O quê? — D'Angelo perguntou surpresa. — Quer que eu seja sincera? — Ela perguntou
e observou os olhos dele vacilarem por alguns instantes, talvez ele não quisesse realmente
saber. Por fim, o ator assentiu em silêncio. — Nunca.
— Oi? — Foi a vez dele ficar surpreso. — Nada?
— Nenhuma vez. — deu de ombros. — Não foi por falta de tentativa, para ser
sincera, mas agora eu vejo que Yi-Jin é apaixonado por Ji-soo, então não tem como
acontecer algo.
— Mas você queria? — Ji-Hun perguntou e ela assentiu, mas não conseguia se livrar do
sentimento incômodo que crescia dentro dele.
— Ji-Hun. Eu não quero brincar com você nem nada do tipo, se não por qual motivo eu
estaria aqui? — indagou olhando para ele e se aproximou do ator, aos poucos os
ombros dele ficaram menos tensionados. — Se tudo isso fosse diversão, eu não te contaria
sobre minha vida.
— Tem razão. Eu não pensei nisso, me desculpe. — Ele disse baixinho olhando para os
próprios pés. — Eu não deveria sentir isso.
— Não! Você pode sentir ciúmes, nós dois sabemos o quanto isso é normal, mas o
importante é você saber que eu estarei aqui por você e... — D'Angelo dizia sentindo seu
coração derreter devagar por ver ele daquele jeito. — Só me promete que vai me entender
quando for a minha vez de sentir ciúmes.
— Hum — Ele murmurou e subiu o olhar minimamente, abriu um pouco os braços e deu um
meio sorriso. — Não vamos brigar por isso.
— Não tem motivo para brigar — Ela respondeu abraçando ele e selando rapidamente os
lábios do ator. — Agora, você quer que eu seque seu cabelo?
O ator aceitou e só depois de todos os fios estarem devidamente secos, ele terminou de
vestir-se para ir fazer um café da manhã rápido para , — que estava terminando de secar seus próprios fios —, então ele riu sozinho ao imaginar que talvez um dia aquilo pudesse ser a rotina dos dois, esquecendo momentaneamente do que o tanto preocupava durante a noite. Terminou de fazer os dois sanduíches e os deixou em cima da mesa enquanto limpava a bagunça que ficara no fogão, não demorou muito para que ela entrasse no cômodo já arrumada, porém sem maquiagem alguma.
— Minha bolsa ficou dentro do seu carro, já deve ter no mínimo cinquenta ligações das
meninas — disse ao notar que Ji-Hun notara sua chegada. Seus olhos recaíram sobre a mesa e ela pode ver a carteira de cigarro ao lado do celular, além dos sanduíches que ele havia feito, o ator rapidamente virou-se para pegar a carteira de cigarro e guardar na gaveta. — Isso parece ótimo. Vou ficar mal acostumada desse jeito.
— Não queria que saísse com fome, imagino como vai ser puxado hoje. — Ele forçou um
sorriso enquanto se sentava, ficara tão absorto em seus pensamentos ao imaginar uma vida
ao lado dela que nem lembrava que esquecera a carteira de cigarros na mesa. — Café?
— Por favor. — Ela respondeu estendendo a xícara. não pode deixar de reparar na decoração do espaço, era um ambiente que lhe agradava e os elementos colocados não deixavam de passar a impressão que tinha sido planejado, a paleta de cores da casa se dividia em branco, preto, cinza mesclando com dourado e o chão com tacos de madeira, gostava dos materiais modernos que deixavam tudo bonito, mas sem carregar demais, causando uma perturbação visual. — Grazie!
— Okay? Agora, sim, eu estou surpreso! Esse tempo todo você estava escondendo que
sabe falar italiano! — Ele abriu a boca demonstrando a surpresa.
— Eu pensei que você soubesse. Tipo, meu sobrenome... “D’Angelo”. — Ela disse dando
de ombros, mas feliz com a empolgação dele.
— Eu não liguei seu sobrenome ao país, quer dizer, você é do Brasil e eu não sei muita
coisa de lá que não seja as praias e o sam... — Ele começou, mas antes que terminasse
ele colocou uma das mãos na testa. — Aigoo! Como me esqueci disso? Ontem, quando
você foi atender seu pai, você disse “Ciao”, como não percebi? Então o que você sabe
sobre sua família?
— Pouco, aparentemente meus bisavós fugiram para o Brasil durante a Segunda Guerra
Mundial e desde então não se fala muito da história deles, meu pai me contou que “nós”
somos de Campânia, não sei falar muito italiano, aprendi pouco, visto que escutei algumas
vezes meu pai falando nesse idioma com a minha mãe e deve ser por isso que eles
passaram a sussurrar quando comecei a entender. — contou fazendo careta e o ator
deu risada.
— Você pode falar alguma coisa que sabe? — Pediu empolgado, ele nem acreditava que
aquela mulher era tão incrível e estava ali com ele.
— Mm, in testa ho solo te. — Ela falou sentindo os olhos dele sobre seus lábios,
observando o movimento deles a cada palavra dita. — Traduzindo: Na minha cabeça, só
tem você.
— Gostei disso, in testa ho solo te também — Ele disse soltando uma risadinha e colocou a
mão na bochecha dela limpando onde estava sujo.
— Você está acabando comigo, Kim Ji-Hun — disse fechando os olhos ao sentir o
polegar dele na bochecha dela.
— E você está me fazendo parecer um adolescente com uma primeira namorada. — Ele
respondeu observando os olhos dela abrir. — Não foi um pedido, ainda. Quero fazer isso
corretamente.
— Então não tenha pressa, eu não vou a lugar algum.
Aquela declaração fez o coração do ator disparar a bater no peito e ele podia ter certeza de
uma coisa naquele momento, se lhe pedisse para roubar a lua, ele traria as estrelas
consigo também, porque para Ji-Hun a lua não seria o suficiente para demonstrar o quanto
ele sentia por ela.
📍Gwangju, South Korea
— Eomeoni! — Ji-Hun chamou em tom de voz alto ao entrar na casa que havia passado a
sua infância até o início da vida adulta e rapidamente uma mulher mais baixa do que ele
surgiu passando pela porta da cozinha enquanto secava as mãos, os dois se abraçaram por
alguns minutos. Ele tinha mais um irmão e uma irmã mais velha, porém ambos trabalhavam
fora da Coreia e só conseguiam aparecer durante as férias.
Depois de ter tomado o café da manhã com , ele a deixou em casa e de carro, dirigiu
até a cidade vizinha por umas duas horas para chegar na casa dos seus pais, sentindo
quase de imediato o cheiro da comida que seu pai fazia, havia comido recentemente, mas
sua barriga embrulhou por antecipação ao pensar no almoço.
— Onde ela está? — A mulher perguntou soltando o filho e olhou para todos os cantos da
sala.
— Ela quem? — Indagou mesmo sabendo do que se tratava.
— Minha nora, é claro! Quem mais? — Ba-ram, a mãe do ator, colocou as duas mãos na
cintura e Ji-Hun quis rir na cara de decepção que ela fez ao notar que ele não havia levado
ninguém.
— Ah! Ela não veio e nem adianta me olhar com essa cara, eu nunca disse que ela viria! —
Ji-Hun disse rolando os olhos.
— Não revire os olhos! Eu mal dormi essa noite pensando em conhecer a mulher que me
daria netos e você ainda fica rindo! — Ela o repreendeu batendo de leve no braço do filho.
— Deixa ele! Você que se antecipou, dessa forma a mulher vai se assustar quando vier nos
conhecer! — Jihyun, o pai de Ji-Hun, se juntou aos dois na sala e os dois se
cumprimentaram como devia antes de um abraço. — Como você está?
— Bem, muito bem. — Respondeu e sentou-se no sofá.
— Vou trazer algo para beber. — Ba-ram avisou saindo da sala direto para cozinha.
— As gravações terminam quando? — Jihyun indagou o olhando atentamente, percebeu
que o filho tinha marcas de olheiras abaixo dos olhos.
— Na verdade, elas terminaram ontem, acho que fiz um bom trabalho. — Ji-Hun falou
sincero, sempre se cobrava demais durante as gravações, preocupado se estava dando
tudo de si e por ser um remake de uma série já feita, ele saberia que choveria de críticas
procurando qualquer furo.
— Acredito que deva ter dado o seu melhor, estou ansioso para ver como será. — Seu pai
respondeu de novo. — Então, veio apenas por estar com saudades ou precisa de alguma
coisa?
— Os dois. — Ji-Hun suspirou e observou sua mãe sentar ao lado do seu pai depois de ter
colocado duas garrafas de soju na mesinha de centro com dois copos.
— É sobre a mulher? Está com dúvidas? — Ba-ram perguntou e o filho assentiu.
— Não são dúvidas, é medo. — O ator foi sincero.
— Medo? — O pai dele perguntou confuso. — Do quê?
— É sobre aquele assunto? — A mãe dele perguntou e ele negou.
— Não tem nada a ver com Sunhee. — Ele respondeu sincero. O medo que ele adquirira
não tinha ligações com sua ex-noiva, a verdade era que mesmo com aquela insegurança de
ser deixado, ele sentia que talvez as pessoas ao redor não entendessem aquilo. — Mãe.
Pai. O que vocês diriam se eu dissesse que estou apaixonado por uma estrangeira?
— Bom, não é exatamente o ideal, mas como eu sei que é a sua vida, não vou interferir. —
Ba-ram disse e colocou uma das mãos em cima da mão do filho fazendo um carinho.
— O mesmo que sua mãe, eu realmente queria que você casasse com uma coreana e nos
presenteasse com netos, mas isso foi há anos atrás quando você estava cumprindo o
serviço militar. A minha maior preocupação é que os dois sendo de nacionalidades
diferentes pode ocorrer uma estranheza em algum momento do relacionamento. — O pai
dele explicou e Ji-Hun concordou, aquilo de fato era possibilidade, mas depois do
acontecido pela manhã, ele sentia que os dois poderiam ser compatíveis e ter um
relacionamento baseado na confiança e diálogo, mesmo se surgisse uma pirraça entre um e
outro.
— De onde ela é? — A mãe dele questionou curiosa. — Tailândia? Estados Unidos? China?
— Brasil. — Ele respondeu vendo os pais dele arregalar os olhos em surpresa, era uma
enorme diferença cultural.
— E como isso aconteceu? — Foi a vez do pai dele tentar entender. — Continua usando
aqueles aplicativos?
— Não! Não! Na verdade, eu a conheci numa festa, Kang me pediu para ficar na cola do
Taeyong durante uma festa da faculdade e ver se ele iria interagir ou fingir que não existia,
mas eu acabei vendo ela e... aconteceu. — Ele contou vagamente.
— Então isso é bom, não é? Ela é professora na faculdade que o Taeyong vai, ela deve ser
tão inteligente! — A mãe dele suspirou orgulhosa já imaginando como seria a combinação
genética dos dois sem nunca ter visto uma foto dela.
— Mãe... não. — Ji-Hun sorriu sem graça e coçou a nuca.
— Lá vem... — O pai dele falou baixo se encostando confortavelmente no sofá.
— Ela não é professora. — Ele suspirou, estava com medo, mas precisava contar de uma
vez antes que não conseguisse. — Ela é aluna.
Jihyun apenas levantou minimamente o copo de soju e colocou para dentro o líquido antes
de ajudar a sua esposa que estava estática no mesmo lugar, não estava surpreso com
aquilo, conhecia bem o seu filho e apesar de a sua ex-noiva ser apenas três anos mais
nova, claramente não havia dado certo e ele só esperava que dessa vez se viesse de
acontecer uma decepção, seu filho já estivesse preparado.
— Kim Ji-Hun! Quantos anos essa garota tem? Pelo amor de Deus! O que deu na sua
cabeça? — A mãe dele metralhou as perguntas uma atrás da outra. — Tantas mulheres
aqui na Coreia e você escolhe uma estrangeira que ainda está na faculdade!
— Ela tem trinta anos, eu sei! Eu sei! Eu sou doze anos mais velho do que ela, mas a
disse não se importar com isso e mãe... se você a conhecer, vai entender o quanto ela é
incrível e impossível não gostar. — Ele tentou explicar usando bastante as mãos, havia
ficado mais ansioso com aquele assunto.
— ? Esse é o nome dela? — Ba-ram perguntou piscando os olhos e o filho assentiu.
— E o que ela estuda? O que os pais dela fazem?
— Ela faz arquitetura na KAIST, eu não sei no que os pais dela trabalham, mas acredito que
sejam boas pessoas! faz com que eu me sinta único perto dela, o jeito que ela me
olha, o abraço... tudo nela é tão... — Ele suspirou passando a mão no rosto e jogando a
cabeça para trás.
— Kim Ji-Hun, meu filho, os pais dela... eles podem não aceitar, se fosse ao contrário, eu
não aceitaria. Além disso, na cultura ocidental, ter trinta anos é ser jovem para pensar em
casamento e ter filhos! — A mãe dele falava, mas percebia o quanto não estava servindo de
nada. — Ji-Hun.
— Mãe. — Suspirou olhando para a mais velha.
— Eu assino embaixo do que sua mãe disse, mas caso você realmente goste dela e acha
que vale a pena investir seu tempo... eu estarei ao seu lado. — Jihyun disse colocando um
dos braços ao redor dos ombros da esposa.
— O que você acha, mãe? — Ele perguntou passando a mão nos fios longos.
— Eu acho que você tem que cortar esse cabelo. — Ba-ram respondeu e Ji-Hun cruzou os
braços. — Quando vai fazer o pedido de namoro?
— Será que não é muito cedo? — Ji-Hun indagou.
— Namorar por 1 ano, casem e tenham filhos em dois anos, ela ainda estará nova e
provavelmente com útero saudável. — Ba-ram deu de ombros.
— Não é assim que funciona. — O ator respondeu.
— Se fosse simples, não seria você Kim Ji-Hun. — O pai dele deu risada. — Faça o pedido.
— E se ela disser não? — Ji-Hun indagou preocupado.
— Você tem algo a perder caso ela diga não? — Ba-ram perguntou ao filho depois de
surpreender os dois tomando de um só gole um copinho com soju. — Eu estava precisando.
— Certo? — Jihyun murmurou rindo da esposa.
— Eu perco ela. — Ji-Hun disse baixo, talvez fosse pouco tempo, mas ele se via preso em
um looping infinito onde seu corpo pedia por mais e mais da mulher, como se fosse uma
bebida doce, aonde vai provando e acaba não notando quando já está bêbado o suficiente
para cometer uma loucura.
— Escute, as pessoas perdem as outras por muito menos, mas se elas fossem pensar
nisso toda vez na hora de decidir não viveriam o tanto que a vida permite. Meu filho, você é
um ator, sabe mais do que ninguém como as coisas são instáveis. Nada permanece no
mesmo lugar, mas as pessoas que se amam verdadeiramente... elas acharam um caminho
de volta, sempre. — Jihyun falou segurando na mão da sua esposa.
— Akai Ito. — Ji-Hun murmurou e o pai dele concordou. Ele sabia qual era a sensação de
se apaixonar, aliás, aquela não era a primeira vez, mas o ator nunca ficara todas as horas
do seu dia pensando em alguém como acontecia desde que conhecera .
Os três ficaram em silêncio por alguns segundos. Ji-Hun sabia o que tinha que fazer, mas
precisava pensar antes de ser impulsivo, pediu licença aos dois mais velhos e saiu da casa
para o lado externo no jardim, onde podia ficar sozinho escutando o vento passando entre
as poucas folhas das árvores, respirou fundo e sentiu seu celular vibrar no bolso da calça,
pegou o aparelho nas mãos sorrindo ao ver que se tratava de ligando para ele.
— Ei! — Os lábios do ator se curvaram em um sorriso largo.
— Ei! Estava esperando por mim? — perguntou convencida pela rapidez que ele
havia atendido.
— Você deve ser telepata, eu estava pensando em nós dois. — Ele respondeu
despretensiosamente e ela rolou os olhos.
— Nós dormimos juntos. — lembrou.
— Eu sei. Nós vamos fazer isso outras vezes? — Perguntou com um sorriso esperto.
— Depende do que você pensa. — A brasileira baixou os olhos.
— Não faz isso, já não basta eu estar longe? — Ele disse colocando uma mão no peito e
ela deu risada.
— Ainda temos mais um date.
— Bem, eu ainda tenho dois. Você me chamou para sair ontem. Lembra? — O ator mostrou
dois dedos e balançou freneticamente.
— Isso conta como um date. — Ela disse entre risadas.
— Seu! — Ji-Hun franziu o cenho e seu sorriso desapareceu.
— Meu? Nada! É o terceiro, então vai acabar. — Do outro lado da chamada, deu
risada e mesmo que ele não conseguisse ver, fez beicinho.
— Acabar? — Coincidentemente ele imitou ela.
— Sim! Os dates oficiais vão acabar e então depois terá os extras, tipo em filmes! São
cenas bônus! — D'Angelo encarou as unhas e escutou o ator suspirar aliviado.
— Você quase me matou agora.
— Kim Ji-Hun.
— . — Ele suspirou sentindo o peito dele apertar, os sentimentos estavam começando
a sufocá-lo. — Eu preciso ver seu rosto, mas eu estou na casa dos meus pais e...
— Não tem problema. — Ela disse afastando o celular do ouvido e ligou a câmera. —
Ji-Hun?
— Ah! Oi! — Ele sorriu ao afastar o celular do seu ouvindo também ligando a câmera. —
conseguiu sentir seu coração acelerar mais, ela não tinha mais vontade de ter mais
alguém em sua vida que não fosse ele.
— Uau! Que lugar é esse? — A brasileira observou o lugar que estava atrás dele.
— É o jardim. Foi o único lugar que encontrei para pensar sem meus pais conversando.
— Como está indo seu dia?
— Contando as horas para ver você de novo. — Ele viu as bochechas dela ficarem
vermelhas. — É tão injusto como você consegue ser bonita em todas as horas do dia!
— Ah, claro! E você não? Desfilando de toalha logo cedo? Foi golpe baixo! — Ela fez
beicinho.
— Você não vai esquecer isso, não é? — Ele umedeceu seus lábios, captando a atenção da
mulher para o gesto que sentiu os seus próprios ficarem secos.
— Impossível. — Ela respondeu hipnotizada.
— Está do lado de fora do ginásio? O que aconteceu? Não era para estar com o seu
“amigo”? — Implicou com uma das sobrancelhas arqueadas.
— Não começa. — A brasileira revirou os olhos, mas notou segundos depois que ele estava
fazendo piada por conta do assunto de mais cedo. — Eu estou esperando o Charles vir,
aparentemente todos os coreanos dessa faculdade são tímidos na frente das garotas.
— E você está muito à frente deles?
— É! — Ela exclamou fazendo ele rir.
— Ji-Hun? Vem comer! Com quem você está falando? — A mãe dele chamou se
esgueirando pela porta que dava acesso ao jardim.
— Ops! Minha mãe! Melhor desligar ou ela vai te encher de perguntas. — Ele deu risada
passando a mão na mecha solta de cabelo.
— Imagino que ela vá fazer o mesmo quando eu for conhecer seus pais. — deu de
ombros.
— Então você pretende conhecer eles? — O ator arqueou a sobrancelha.
— Como eu estava dizendo, muito a frente dos homens coreanos! — Ela deu de ombros
convencida e ele soltou uma risada alta. — Agora vai lá! A gente se vê mais tarde!
O ator desligou da chamada sustentando o sorriso e levantou-se do banco de madeira
retornando para dentro da casa, sua mãe observava ele se servir com um pouco de cada
coisa porção e deu um leve empurrão com o ombro em seu marido indicando que ele
assistisse os passos do filho que mais parecia andar em nuvens, os dois riram, sabiam
muito bem como era aquele sentimento, afinal eram casados há muito tempo e mesmo nas
pequenas coisas da rotina eles ainda eram como jovens que recém descobriram o amor.
— Então, quando a minha nora virá? — Ba-ram questionou, captando a segurança do seu
filho para si.
— Ah, não sei. — Ji-Hun respondeu com sinceridade, não sabia qual era o momento certo
para introduzir na sua família, era um passo importante para ser decidido em três
dates, afinal a última pessoa que havia apresentado aos seus pais havia ido embora dois
meses antes do casamento.
— Bom, enquanto isso, nós podemos fazer aulas de inglês. — Jihyun disse para a esposa e
Ji-Hun sorriu. — Imagino que esse seja o idioma que vocês usam entre si.
— É uma boa ideia, não quero ter que depender daqueles aplicativos de tradução. —
Ba-ram comentou tirando os hashis do estojo próprio do talher.
— Eu posso traduzir para vocês. — O ator falou dando de ombros.
— Falando da nossa nora, é o nome dela, certo? — Seu pai indagou e Ji-Hun
assentiu. — Se vai demorar tanto para conhecermos ela, então mostre pelo menos uma
foto.
— Isso! Uma foto não vai fazer mal algum! Eu preciso ver como é minha nora, quero pelo
menos imaginar a combinação genética dos dois, já que não vou poder conhecer meu neto
em vida. — Ba-ram lamentou e os dois homens reviraram os olhos.
— Nós não sabemos de nada do futuro, vai que você acaba tendo um neto antes do
esperado? — Jihyun retrucou e Ji-Hun negou rapidamente com a cabeça.
— Nunca vou pressionar minha namorada para ter um filho só porque eu desejo ser pai. É
uma decisão dela. — Ele argumentou enquanto pegava seu celular no bolso da calça.
— Olha só, já está chamando ela de namorada! — Jihyun zombou do filho.
Na visão dele, ver seu filho mais novo apaixonado daquela forma era muito engraçado, ele
conseguia se ver quando era jovem e conheceu Ba-ram, então assistir aquele momento era
divertido e ele guardaria cada momento daquele em sua mente o quanto pudesse para
contar aos seus netos quando tivessem idade.
— A foto! — Ba-ram pediu impaciente e o ator virou o celular para mostrar uma das fotos
que a mulher enviara dentre as conversas. — Aigoo! Ela é muito bonita, não concorda?
— Os olhos dela são azuis! Tipo o céu! — Ele disse pegando o celular da mão do Ji-Hun
para olhar melhor a foto.
— Imagina quando o resto da família ver ela? É como uma princesa da Disney, suas tias
vão dizer! — Ba-ram estava realmente impressionada com a beleza da mulher na foto.
tinha o queixo fino e seus cabelos iam até as costas, além do que era impossível não
notar os olhos azuis dela que eram tão perfeitos como o sorriso.
— Quero só ver nossos netos! Se a mãe deles é bonita assim... Ji-Hun, não acha ela muita
areia para seu caminhão? — O mais velho brincou e levou um tapa no braço da esposa.
— Nosso filho também é muito bonito, vivia cheio de namoradas! Não lembra? — Ba-ram
retrucou.
— Omma, por favor! Não vamos falar disso quando vier. — Ji-Hun retomou seu
celular para si.
— Ela sabe sobre a Sunhee? Porque pode ser que elas venham a se encontrar, afinal ela
vive frequentando esses lados por conta dos pais dela. — Jihyun indagou olhando o filho
enquanto voltava a comer.
— Ah, sim! Ela sabe, quer dizer, eu estou sabendo agora que a Sunhee está por aqui, mas
creio que a vá saber lidar bem com isso, eu li em um artigo que as mulheres
brasileiras são bem decididas, algo parecido. — Ji-Hun deu de ombros.
— Mas elas sentem ciúmes, como qualquer outra mulher do mundo e bem, você e a
Sunhee tem uma longa história de términos e retornos. — Ba-ram comentou olhando séria o
filho.
— É, eu sei, mas não tem chances de voltar para o que éramos, ela me largou dois meses
antes de casar alegando que não sabia se era o que desejava. — Ji-Hun relembrou os pais
e fizeram careta. — Certo, digam logo.
— Recentemente os pais dela disseram que ela está noiva de um figurão de Seul. — A mãe
dele contou observando bem a feição do filho que apertou os hashis fazendo os nós dos
dedos ficarem brancos.
Kim Ji-Hun tinha ficado ressentido com aquela novidade, afinal foi Sunhee que disse não ter
tempo de pensar em casamento e que não pensava no tema como um plano futuro, então
escutar que ela estaria casando o deixava com raiva. Sentia-se traído e com raiva por não
ter percebido antes que o problema não era o casamento, mas sim os dois, eles não eram
compatíveis o suficiente e talvez só ele estivesse apaixonado naquela relação. Então de
qualquer forma foi bom ela ter ido, o ator não teria coragem de fazer isso.
— Ji-Hun? — O pai dele o chamou o trazendo para fora dos seus pensamentos. — Você
está bem?
— Sim, eu estou bem. Fico feliz que ela está bem e feliz, coisa que aparentemente não era
comigo, mas isso não importa mais, eu estou apaixonado por e vou pedir ela em
namoro hoje. — Ji-Hun deu de ombros e retornou a comer.
📍Maru Bitnaneun Byeol, Daejeon, South Korea.
Há quase uma hora e meia de distância de onde o ator estava, se encontrava na sala
da casa com cinco livros de arquitetura estudando para um novo projeto que havia sido
colocado em suas mãos. As aulas daquela manhã haviam sido canceladas e a brasileira
havia sido expulsa do ginásio horas antes, os meninos, que foram eleitos os mais bonitos
das casas estavam tirando fotos para o calendário que ajudava na arrecadação de fundos
para um projeto social que a outra fraternidade estava organizando, o problema é que
não sabia que eles tirariam suas blusas e por conta disso ela foi colocada para fora do local,
claro que ver homens sem camisa não era um problema para ela, mas na Coreia, sim, a
não ser, é claro, que eles estivessem sob efeito do álcool.
— Bom dia, sunshine! — Ji-soo falou se espreguiçando e jogou-se no sofá atrás da
brasileira.
— Parece que alguém está de bom humor! — Su-min falou tirando os olhos de um livro que
estava lendo na poltrona.
— Claro! O que uma visita ao quarto masculino não faz, não é? — Hana alfinetou e Ji-soo
mostrou o dedo do meio.
— Sozinha com Yi-jin às dez da noite? — indagou desconfiada.
— Eu não estava com Yi-jin! Charles também estava lá com a gente! — Ji-soo retrucou
sentando-se no sofá.
— Eca! Você com meu irmão! — Hye-jin fez careta de desgosto.
— Charles tem um clone? — Eun-ji se juntou com elas na sala e sentou-se ao lado de
Hana, que não conseguiu evitar que as maçãs do rosto ficassem rosadas. — Ele estava
comigo na cozinha, ontem.
— Como vocês são fuxiqueiras! Eu só estava conversando com ele sobre o manhwa que
lançou recentemente! — Ji-soo revirou os olhos afundando a cabeça na almofada do sofá.
— Que conversa longa! — Hana alfinetou de novo. — Coitado do Charles dormiu no sofá
com medo de atrapalhar.
— Gente? O que eu perdi? Não era proibido o namoro? — disparou as perguntas,
perdida nos acontecimentos da noite anterior.
— Quem mandou ir pernoitar com o namoradinho? — Su-min zombou desistindo de ler o
livro.
— Isso aí foi sugestão minha! — Eun-ji levantou uma das mãos e deu risada. — Ah! Qual é,
gente? Tem remédio melhor para o mau-humor do que sexo?
— Chocolate? — Hana falou como se fosse óbvio.
— Nah! Sexo é bem mais eficaz, aliás desde que ele apareceu na vida da , ela anda
parecendo que está em nuvens! — Ji-soo comentou despretensiosamente e beliscou
a perna da coreana, que deu um gritinho em reação.
— Como que o assunto foi parar na minha vida sexual? Vocês não têm mais o que fazer?
— A brasileira perguntou franzindo o cenho.
— Conta tudo! Como ele é? — Hye-jin questionou curiosa e apoiou o queixo com as duas
mãos.
— Eu não vou explanar meu namorado dessa forma! — exclamou rindo.
— Namorado? Ha! Eu sabia! Quando ele fez o pedido? — Eun-ji comemorou.
— Não fez! É só uma forma de falar! — retrucou envergonhada.
— Não mude de assunto! Vamos! Conte tudo! — Ji-soo pediu deslizando para o chão.
— Ah! É... — começou rindo.
— Olha só! Então é assim que se aprende um idioma? Enfiando a língua na boca de outro?
— Hana zombou a melhor amiga e em poucos segundos foi acertada com um travesseiro.
— Sem enrolação! Só uma palavra para definir. — Su-min bateu as mãos na mesa como se
fosse um tambor.
— Vermelho! — gritou escondendo o rosto enquanto as meninas soltaram gritinhos
rindo.
— Eu não entendi, por que “vermelho”? O que uma cor tem a ver com isso? — Su-min
perguntou confusa.
— Vou deixar essa para a nossa designer! — Hye-jin disse apontando para Ji-soo, que se
sentou com as pernas cruzadas.
— O vermelho está ligado ao dinamismo, à vontade de se movimentar e agir. Experiências
mostram que o vermelho pode estimular o corpo humano, fazendo com que ocorra um
aumento na pressão sanguínea e do número de batimentos cardíacos, é relacionado
também a paixão, calor e sexo. — Ji-soo dizia devagar como se estivesse explicando para
uma adolescente de onde vinham os bebês e ao final todas bateram palmas. — Obrigada,
obrigada!
— Então tem tudo isso? — Eun-ji perguntou e assentiu. — Eu não acredito que
foi a primeira a desencalhar!
— Muito cedo para falar isso! — A brasileira retrucou e escutou seu celular apitar. Foi
inevitável não sorrir quando viu ser uma selfie do Ji-Hun deitado no sofá, que
definitivamente não era na casa dele.
— Ela deu o chá nele, eu não acredito! — Hana deu risada e quis se enfiar em um
buraco.
— Chá? — Hye-jin perguntou confusa, não era exatamente uma expressão conhecida por
sexo no país, então se passava por inofensiva.
— Ué, que chá? Camomila? — Su-min estava ainda mais confusa.
— Não acho que seja esse tipo de chá que elas estejam se referindo. — Eun-ji murmurou
dando risada.
— Não! Não me digam que chá... — Ji-soo arregalou os olhos. — Meu deus! Quantas
outras piadinhas de duplo sentido existem no Brasil?
— Você ficaria surpresa se a gente disser que os brasileiros conseguem transformar toda e
qualquer frase em conotação sexual? — perguntou e Hye-jin fez careta.
— Eu gostei da expressão! Dar um chá! — Su-min disse rindo.
— Isso não se faz! — Ji-soo lamentou. — Eu gosto tanto de chá.
— Certo, mas eu estou ansiosa para saber qual apelido brega vocês vão usar entre si. —
Hye-jin suspirou. — Eu quero ter um namorado para ficar chamando de oppa.
— Eu não vou chamar o Ji-Hun de oppa! — retrucou rindo.
— Claro que não, você vai chamar ele de “Amore mío” — Hana fez uma expressão
exagerada usando as mãos como se fosse em formato de coxinha. — Ah, caso vocês não
saibam, é metade italiana.
— Quê? — Su-min deu um pulo surpresa. — Como você nunca contou para a gente?
— Gente? Isso é óbvio, não perceberam que se tirar as mãos da , ela fica muda? —
Eun-ji falou como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
— Park Eun-ji, você está assustadora falando assim. — disse olhando assustada
para a quase engenheira. — Não sabia que prestava tanto atenção em mim.
— É impossível não te ver, . — Park disse usando seus flertes.
— Queria que me olhasse também — Hana sussurrou ao lado da melhor amiga.
— E não olha? — alfinetou e Hana arregalou os olhos.
— Ficou doida? — Ela perguntou em português.
— O que vocês estão dizendo? — Hye-jin questionou curiosa, não era comum elas
conversarem em português quando estavam com todo o grupo, mas naquela situação
até que havia sido boa em alfinetar a melhor amiga no idioma diferente do que as
outras entenderiam.
— Eu não sei vocês, mas eu estou morrendo de fome! — Ji-soo fez um drama exagerado
enquanto estava com as duas mãos na barriga.
— Então eu acho que eu e Hye-jin deveríamos ir para a cozinha. — Hana disse levantando
e amarrando seus fios de cabelo em um coque de bailarina.
— Eu? Ah! Não! Melhor não. Da última vez que eu estive na cozinha sozinha quase arruinei
o almoço com trufas do Charles, não lembram? — Hye-jin relembrou balançando as duas
mãos enquanto Hana tentava puxar ela.
— É verdade, foi um problema explicar que havia sido um pequeno acidente na cozinha
para os bombeiros... — Su-min falou e todos perceberam o quanto ela ficou tensa com
aquela lembrança.
— Mas você não vai estar sozinha dessa vez, eu estarei do seu lado ditando passo a passo
e nada vai pegar fogo hoje! Vamos! — Hana parecia pequena demais para ter a força de
levantar uma pessoa sozinha, mas com ajuda de foi fácil colocar Hye-jin de pé para
ser arrastada até a cozinha.
— Escutem só, eu tenho uma teoria bizarra. — Ji-soo disse baixo quando as três sumiram
pela porta da cozinha. Eun-ji e Su-min se juntaram mais para saber do que ela estava
falando e a Hye-jin suspirou. — O namorado da , eu não vi ele muitas vezes, mas
vocês não acham ele parecido com alguém?
— Hm, sim. Só que está bem diferente, sabe o cabelo... — Eun-ji respondeu com uma cara
pensativa.
— Mas não é estranho? Tipo, isso seria impossível, o cara que estamos pensando é ator e
ele deve ter bem maiores preocupações do que uma festa universitária! — Su-min
comentou e Ji-soo concordou.
— Até porque eu tenho certeza que ele já tem mais de trinta anos, deve ser casado e ter
filhos — Ji-soo complementou e as quatro ficaram pensativas.
— Eu não acho impossível ser ele, mas se for... o que vamos fazer? — Hye-jin perguntou
olhando para elas. — A gente nem sabe o nome dele.
— Instagram? — Eun-ji sugeriu pegando seu celular. — Se bem que o ator tem o mesmo
sobrenome que boa parte da Coreia.
— Eu tenho uma ideia melhor. — Ji-soo falou tendo as atenções em si. — vai ter um
encontro com ele hoje, só precisamos saber onde.
— E SEGUIR ELA! — Su-min gritou e colocou a mão na boca.
— Seguir quem? — Hana perguntou surgindo na sala após escutar a coreana gritar, então
se juntou com as outras para escutar a teoria e o plano delas para descobrirem tudo.
📍 Big Picture Entertainment, South Korea.
No carro, Ji-Hun observou o prédio cinza com um nome grande indicando que era uma
agência de entretenimento, ou melhor, o lugar que cuidava da sua carreira. Ele marcara
uma reunião mais cedo para discutir um assunto importante, mas estava quinze minutos
adiantado e sentia-se enjoado pelo assunto que iria tratar, já tinha feito aquilo outra vez,
mas em outra agência e eles haviam lidado e ajudado o ator a esconder seu relacionamento
com Sunhee, o problema era que com era completamente diferente por ela estar na
faculdade, facilitando que os paparazzis descobrissem e a fizessem um inferno na vida
dela.
Ji-Hun olhou no relógio mais uma vez e resolveu sair de vez do carro, após o almoço com
seus pais e a conversa que eles haviam tido ele estava certo que tinha que pedir em
namoro, mas precisava comunicar à agência que faria antes para que pudessem se
preparar caso acontecesse algo.
— Olá, no que posso ajudá-lo Sr.Kim? — A recepcionista perguntou sorrindo timidamente
com a presença do ator.
— Eu tenho uma reunião com meu agente, pode informá-lo que já estou aqui? — Perguntou
e ela assentiu discando alguns números no telefone, desligou após uma conversa rápida.
— Ele está em outra reunião, mas acaba em alguns minutos, pode esperar ele nos sofás —
Ela informou simpática.
— Okay, obrigado. — Ji-Hun disse e se dirigiu até a ante sala e sentou-se no sofá depois de
pegar o celular no bolso.
Tinha uma mensagem do Hae-soo, outra da mãe dele e algumas no grupo que tinha com
seus irmãos. Com as mãos trêmulas, causadas pela ansiedade, ele e abriu a conversa com
sua mãe. Havia uma série de mensagens não lidas. Quando ele clicou na conversa, seu
coração deu um salto ao ver várias mensagens da mãe, cada uma delas cheia de dicas e
conselhos sobre como fazer o pedido perfeito.
Omma: Esqueci de falar
Omma: Compre flores!
Omma: Você já pesquisou como é que pede uma brasileira em namoro?
Omma: Não esqueça das flores!
Ji-Hun: Não vou esquecer! Deixa comigo!
Ele respondeu e em seguida abriu a conversa com Hae-soo.
Hae-soo: Já contou para seus pais?
Ji-Hun: Minha mãe ainda está lidando com a informação e meu pai só desejou boa
sorte.
Hae-soo: Tão fácil?
Ji-Hun: Aliás, ela tem vinte e nove anos.
Hae-soo: Menos mal.
Ji-Hun: Estou na agência para contar a eles que vou pedir ela em namoro.
Hae-soo: E quando vou poder conhecer ela?
Ji-Hun: ????
Hae-soo: Não está sabendo? Hari "fundou" um grupo de mulheres que namoram ou
são casadas com idols.
Ji-Hun: Você só pode estar de sacanagem.
Hae-soo: Não estou brincando!
Ji-Hun: Bom, depois dessa novidade eu aviso a ela se o pedido for um sucesso.
Hae-soo: Eu preciso trocar mais uma fralda.
Mentalmente ele desejou boa sorte ao amigo e as notificações do seu grupo com seus
irmãos não pararam de chegar, fazendo seu cérebro contorcer em curiosidade. Finalmente
ele abriu as mensagens que vinham em sequência, cada uma delas carregada de
curiosidade.
Jang-mi: Mamãe já nos contou a novidade!
Jun-ho: Finalmente!
Jang-mi: Pensei que nunca viveria para ver esse dia.
Jun-ho: Pelo menos não é com a Sunhee
Jang-mi: Ela não era tão ruim.
Jun-ho: Ah! Fala isso para o Ji-Hun.
Jang-mi: 😒
Jun-ho: E quem é a santa que está te aturando?
Ji-Hun: Amor acima de tudo, não é?
Jang-mi: Sem enrolação, omma e appa já fizeram total propaganda de como os filhos
de vocês serão perfeitos.
Jun-ho: Vamos! Quero ver a foto antes que meu celular descarregue!
Ji-Hun: (Foto)
Jang-mi: Pensei que fosse coreana.
Jun-ho: E de onde ela é?
Ji-Hun: Brasil.
Jun-ho: E o que ela está fazendo aí?
Jang-mi: A mamãe já nos contou que ela faz faculdade.
Ji-Hun: Tenho uma reunião agora!
— Kim Ji-Hun? — Outro ator saiu da sala — Ele pediu para entrar.
— Obrigado — Ji-Hun agradeceu se levantando do sofá e entrou na sala, o escritório não
era tão grande, mas tinha janelas do chão ao teto dando uma visão ampla da cidade. —
Sr.Nam. — Eles se cumprimentaram com um rápido arco e aperto de mão.
— Então, qual o assunto? Não quis falar por mensagem, estou curioso. — Sr.Nam
perguntou retornando para a cadeira atrás da mesa cheia de papéis e portfólios.
— É sobre uma terceira pessoa, na verdade — Ji-Hun iniciou vendo o seu agente olhá-lo.
— Sabia que esse dia iria chegar, mas me diga, o que podemos fazer? Quer confirmação
pelo perfil da agência? Quer ajuda? — Perguntou tirando os olhos dos papéis e esticou-se
para pegar uma pasta atrás de si.
— Ajuda. Só quero manter a identidade dela em segredo, não me importo se souberem que
estou namorando, mas preciso que escondam o endereço dela pessoal e de trabalho, além
da faculdade. — Ji-Hun explicou e Sr.Nam assentiu indicando que ele abrisse o envelope.
— Eu só estava esperando você vir nos informar oficialmente o que exatamente é isso entre
vocês, mas todos aqui já sabem. — Sr.Nam colocou os dois cotovelos na mesa assistindo
Ji-Hun olhar foto por foto de encontros que ele teve com . — Nós já estamos fazendo
isso desde o primeiro dia que essas fotos chegaram aqui. Você também não está
exatamente escondendo.
— É que eu achei que não seria necessário e preocupante fazer isso, estava pensando
mais para frente depois do anúncio do meu papel como Denver no remake de Money Heist.
— Ji-Hun passou os dedos entre os fios de cabelo. — Mas mesmo assim, obrigado por
fazer isso.
— Só vou precisar de algumas informações, qual faculdade ela está e o endereço? Preciso
ficar atento nesses lugares. — Sr.Nam disse abrindo uma nova página no navegador do
notebook à sua frente.
Enquanto Ji-Hun informava os endereços que ele sabia, também pediu ajuda com lugares
que ele pudesse encontrar com ela sem todo esse perigo de fotografarem o rosto dela, a
última coisa que ele queria era que invadissem a privacidade da mulher. Depois de terem
discutido sobre a segurança dela, Ji-Hun e Sr.Nam ficaram vendo algumas propostas de
próximos trabalhos que ele tinha que ler e resolver se concordava com os termos antes de
assinar um novo contrato de filmagem.
— Obrigado por compreender essa situação toda, eu vou ler esses roteiros e te dou um
retorno na próxima semana. — Ji-Hun disse despedindo-se do seu agente na porta do
escritório.
— Bom, nós vamos ter bastante trabalho a partir de agora. — Sr.Nam brincou fazendo o
ator concordar. — Não esqueça de pedir para ela passar o endereço de trabalho dela.
O ator saiu da agência após a reunião e retornou ao seu carro, mas não ligou o veículo,
tirou seu celular do bolso e digitou no navegador “Como pedir uma mulher brasileira em
namoro”, vários resultados foram mostrados, porém, ele optou por abrir o primeiro link
começando a ler os diversos itens com atenção as dicas de estrangeiros que namoram
mulheres brasileiras.
1. Os brasileiros gostam de apelidos, seu nome quase não será usado enquanto você
estiver namorando uma brasileira, então talvez você deva começar a pensar em um
nome fofo para se referir a sua namorada. Ok, nomes fofos.
2. Flores, mas em uma quantidade “normal”. Comprar 1000 rosas não será sinônimo
do quanto você a ama. Ok, um buquê normal.
3. Dizer “eu te amo” ou se cumprimentar com um beijo é completamente normal. Isso
vamos ter que conversar.
4. É costume dos namorados usarem alianças de compromisso. Espera, mas eu não
posso sair por aí com uma aliança! E agora?
A lista estava para mais de dez itens, mas o último lido fizera surgir uma preocupação em
sua cabeça, afinal os coreanos não tinham costume de usar a aliança, principalmente se
fossem figuras públicas, como ele. Saiu da página, entrando no aplicativo de mensagens e
digitou rapidamente no grupo que tinha com seus irmãos pedindo ideias de como ele podia
substituir uma aliança de namoro, enquanto isso ele dirigia para a floricultura mais próxima
de onde estava.
(...)
D'Angelo passava longas horas sonhando com um amor à moda das comédias
românticas. No entanto, a realidade provou ser muito mais desafiadora do que os roteiros
clichês de Hollywood. Suas expectativas eram completamente distintas da cruel realidade
que enfrentava todas as noites, quando deitava a cabeça no travesseiro para dormir.
Na noite anterior, durante seu segundo encontro com Ji-Hun, se lembrou vividamente
da discussão recente com seus pais. Assim que saiu do restaurante e se encontrou do lado
de fora com o telefone em seu ouvido, eles deixaram claro que não apoiavam seu
relacionamento com alguém que vivia do outro lado do mundo. Afinal, ela voltaria para o
Brasil após a formatura. Então, por que embarcaria em algo que parecia não ter
futuro algum? Essas era a pergunta que martelava em sua mente desde manhã cedo,
quando acordou ao lado do ator. Ela quebraria o coração dele simplesmente pelo desejo
egoísta de vivenciar um romance digno de um dorama?
— Meu Deus, que dia! — reclamou fechando os olhos e atraindo os olhos da Hana
para si, o resto do grupo feminino estava na sala vendo um filme com os dois meninos da
casa. — Estou começando a pensar que esse dia é eterno!
— Você diz isso porque está demorando para anoitecer e ir ao encontro com o bonitão. —
Hana retrucou largando o celular.
— Também. — Ela deu de ombros e Hana arqueou uma sobrancelha. — Ontem, meus pais
deixaram claro que não vão apoiar qualquer relacionamento que eu tenha aqui.
— Seus pais ou seu pai? — A outra indagou apoiando a cabeça nas duas mãos ao se virar
de bruços na cama.
— Todos eles. Olha, eu nem sei por que cargas d’água o Anthony está se metendo nisso,
ele deveria cuidar da própria vida, tem uma esposa e ainda insiste em se meter na minha
vida. Eu tenho 30 anos, porra! — disparou a falar e Hana apenas ficou calada
escutando a melhor amiga.
— Escuta, como sua bff eu ainda me pergunto diariamente até quando você vai deixar seu
pai opinar no seu namoro, dependendo dele você volta para Búzios e casa com aquele
bunda mole do seu ex. Sinceramente, você seria uma imbecil se deixasse aquele homem
solteiro. — Hana costumava ser tão sincera às vezes que era como se ela tivesse lhe
agredido com um tapa, mas sem deixar marcas visíveis.
— Eu odeio como você está quase sempre certa. — resmungou e abafou seu grito
com o travesseiro no rosto.
— Quase sempre? — Hana indagou irada. Quando se tratava de não tinha uma vez
que ela não estivesse errada, afinal a sua amiga não era alguém tão complicado de se
entender, então aqueles anos morando juntas foi o suficiente para que ela conhecesse a
outra como as linhas da palma da sua mão. — E o que você vai fazer?
— Não quero decepcionar ele. Eu gosto do Ji-Hun, eu já admiti isso até para a minha
versão “ desapegada” e me tornei a porcaria de uma vadia emocional que quer viver
um romance de tirar os pés do chão, mas se a consequência disso for quebrar o coração
dele, eu estou fora! — se revirou na cama buscando a posição mais confortável para
continuar seu drama.
— E eu aposto como ele não vai querer um romance a distância — Hana comentou. —
Uma vez eu namorei um estudante de música e ele compôs quatro músicas sobre como ele
se apaixonou por mim e as outras faixas do CD eram como eu era uma vadia que quebrava
corações. Foi um sucesso na faculdade.
— Espera, você está falando do álbum “Quem é essa garota?” e do Theodore? —
perguntou e Hana concordou balançando a cabeça. — Caraca! Aquele álbum foi ótimo, ele
tinha talento... Desculpa! Desculpa! — A brasileira dizia quando almofadas eram lançadas
em sua direção.
— Ele realmente tinha talento e o sexo era incrível. — Ela apertou os lábios. — Homens são
tão complicados, se nós queremos um romance eles fogem, se não queremos eles ficam
em nossos pés. A sina deles é ser humilhado?
— Seguindo essa lógica, Ji-Hun já deveria ter me dado um pé na bunda. — pensou
alto e Hana resmungou algo que ela não entendeu.
— Claro, Kim Ji-Hun é um príncipe encantado e o cavalo dele, quer dizer, o carro é
vermelho. — Hana revirou os olhos. — Fico tão feliz de descobrir que, na verdade, eu odeio
homens e as mulheres são bem mais interessantes.
— Por mulheres, você quer dizer Eun-ji — apontou rindo e Hana fez careta. — Se ela
passar por aqui, tenho medo de que você comece a latir. Cadelinha. E depois eu que sou a
vadia emocional!
— Não vai perder seu título, nem Hye-jin chegou nesse ponto devido ao Ha-joon — Hana
retrucou observando se levantar. — Onde vai ser o date de hoje?
— Fliperama, eu não curto muito esses encontros polidos de luxo, gosto de algo mais
divertido onde eu possa rir a vontade. — A brasileira respondeu mexendo no armário
procurando uma roupa que fosse confortável, mas, ao mesmo tempo, sexy.
Para a felicidade de e Ji-Hun, o sol começou a se pôr, e o tempo voou. Ji-Hun perdeu
a conta de quantas vezes estalou os dedos, resistindo à tentação de acender um cigarro,
com receio de que percebesse. Na mesa de centro, um jarro de vidro mantinha as
flores frescas, ao lado de uma sacola de uma boutique de joias. Do outro lado da sala,
D'Angelo se contemplava no espelho, fazendo sua escolha entre as calças jeans para
combinar com seu corpete branco de alças e jaqueta de couro preta. No final, ele optou pela
wide leg de lavagem clara e botas de salto da mesma cor da jaqueta, concluindo o visual
com presilhas de strass para prender a franja.
— Dessa vez você vai matar ele! — Eun-ji comentou se encostando no batente da porta e
observando a brasileira terminar de se maquiar.
— Nem brinquem com isso! — disse rindo e passou apenas um liptint na boca e nas
bochechas, deixando um aspecto rosado.
— É a própria Barbie! — Ji-soo disse rindo e Su-min concordou.
— Eu estou começando a ficar tímida! — respondeu olhando para elas — Como
estou?
— Falta algo — Charles se intrometeu enquanto entrava no quarto — Deixe-me ver. Aqui!
— Um cachecol verde? — Hye-jin fez careta com a escolha.
— Ah, meus amores! Não é qualquer cachecol! É o cachecol dele! Do namorado da .
— Hana explicou arrancando suspiros das outras.
— Falta uma bolsa e coloca o perfume dela nesse cachecol! — Su-min sugeriu e apontou
para a bolsa também verde com correntinhas douradas.
— Uau! Que horas a Cinderela vai voltar hoje? — Yi-jin perguntou ao se encostar no
batente da porta tal qual Eun-ji.
— A fada madrinha diz para ela que os planos não são de retornar hoje! — Charles
respondeu por ela enquanto terminava de colocar alguns acessórios em si,
completando o look com brincos e um conjunto de anéis.
Após muita conversa no quarto enquanto esperavam o “príncipe encantado” da , com
Ji-soo reclamando sobre se sentir enjoada com o cheiro de perfume, todo o grupo desceu
para a sala, seguindo a brasileira. Como de costume, eles se posicionaram junto às janelas
para assistir à cena que estava por vir. Um largo sorriso iluminou o rosto de quando
avistou o ator encostado no carro, e ele respondeu com um sorriso, fazendo as
encantadoras rugas surgirem nos cantos dos olhos.
— Senti sua falta. — Ela falou se jogando nos braços dele, quando o homem se aproximou.
— Se você pudesse escutar meu coração, talvez ficaria assustada com a velocidade que
ele bate agora. — Ele falou colocando a própria mão no peito numa tentativa falha de fazer
com que seu coração ficasse calmo.
— Estou usando seu cachecol! — Ela disse rindo e as mãos dele estavam em suas costas
subindo e descendo em carinho.
— Como você consegue ficar mais bonita todos os dias? — Ele indagou fazendo ela rir. —
Meu cachecol fica bem melhor em você. Qual a chance de você me dar um beijo agora,
D'Angelo?
— Entre 85,0% e 99,9% — Ela disse fazendo o ator rir e beijá-la sem pressa e com
delicadeza. dedilhou a nuca dele carinhosamente durante o beijo, que só foi
interrompido por uma mordida no lábio inferior dela. — Eu nunca vou me cansar disso.
— Desde o momento que eu te vi naquele bar, eu quis te beijar e foi bem melhor do que eu
estava imaginando. — O ator confessou.
— Intenso — murmurou e Ji-Hun assentiu.
— Enquanto você está falando, já até planejei a decoração do nosso casamento e o nome
dos nossos bebês. — Ji-Hun exagerou propositalmente.
— Bebês? No plural? — perguntou surpresa.
— Claro! Seria uma injustiça nós dois existimos e não deixar nosso DNA com exemplares
perfeitos! — Ji-Hun disse e gargalhou.
— Modesto — Ela falou entre as risadas e ele selou os lábios dela mais uma vez antes de
entrarem no carro. Che palle! Ela quebraria o coração dele.
Assim que o carro se afastou o bastante, Hana virou-se em direção ao restante do grupo e
colocou um boné preto na cabeça. Os outros seguiram seu exemplo como se estivessem
ensaiando uma cena de filme digna do FBI.
— Certo, pessoal! Nós vamos a um encontro!
O casal chegou à Strike 10 Arena em pouco mais de vinte minutos. Ji-Hun estacionou o
carro, mas antes de sair, soltou um suspiro profundo. Ele sabia que precisava compartilhar
o que acontecera na agência com . Ela notou a tensão em seus ombros e, com um
olhar atento, buscou a mão do ator, entrelaçando seus dedos, esperando ansiosamente que
ele abrisse o jogo.
— Antes de a gente sair, preciso te contar uma coisa, para sua própria segurança, não me
importo muito de colocarem meu rosto, pois já estou acostumado, mas eu quero cuidar da
sua privacidade. — Ele iniciou virando-se para ela. — Eu fui à agência hoje, conversar com
eles sobre nós.
— Imagino que para pedir ajuda sobre esconder o que temos da mídia. — Ela concluiu e ele
assentiu. — Não tem problema, eu sei como funcionam essas coisas.
— O problema é que quando eu cheguei lá para falar com meu agente hoje, descobri que
ele já estava ciente de nossa situação. Aparentemente, alguns paparazzi conseguiram fotos
nossas, mas, felizmente, eles estavam apenas interessados em dinheiro e entregaram as
fotos. Várias delas mostram o seu rosto, e é provável que eles a procurem na faculdade em
breve. Por isso, o Sr. Nam sugeriu que compartilhássemos nossas localizações e ele
também me permitiu te dar o número de telefone dele, caso esses paparazzi venham a te
incomodar. — Ele massageou a nuca com a mão esquerda. Era frustrante; ele adorava
atuar, mas não era seu desejo expor sua privacidade e colocar outras pessoas em risco. —
Está tudo bem para você?
— Isso tudo de vir estudar em outro país e me relacionar com uma figura pública não estava
nos meus planos, mas se está acontecendo, deve haver uma razão para isso. — Ela
gesticulava enquanto falava, deixando claro que estava ansiosa com a notícia. Afinal,
namorar alguém como ele não estava em seus planos, mas ficava feliz em saber que Ji-Hun
estava fazendo o possível para garantir sua segurança.
— Então você não vai me deixar sozinho nesse carro e ir embora para sempre? — Ele
prensou os lábios e ela negou. — Ah! Obrigado, eu já estava pensando como eu iria
explicar para os meus pais e meus irmãos que mais uma mulher fugiu.
— Então eles já sabem de nós? — Os olhos de arregalaram-se. — Ok, agora eu
estou me sentindo pressionada.
— Não precisa ir conhecer eles agora, eles podem esperar e vou te deixar lidar com dois de
cada vez, meus irmãos não moram na Coreia. — Ele disse rindo.
— Perdoado, você provavelmente terá que lidar com meu pai e meu irmão, as duas feras da
casa, além da minha mãe. — Ela franziu a testa quando o viu ficar assustado.
— Reconfortante! — Ele zombou enquanto colocava um boné na cabeça e uma máscara no
rosto. — Vamos?
Ambos saíram do carro sem suspeitar estarem sendo observados pelos amigos dela em
outro veículo. Infelizmente, não puderam caminhar de mãos dadas, então decidiram seguir
lado a lado até chegarem à entrada do fliperama. A primeira máquina que escolheram era
uma corrida de carros, e rapidamente percebeu que ele era um mestre no jogo. Ela
desistiu de competir com ele e prometeu a si mesma que o derrotaria na mesa de Disco Air.
— Tem certeza? Eu sou excepcional nesse jogo. Modéstia parte. — disse quando
eles avançaram para a mesa de disco air.
— Vou pagar para ver isso! — Ji-Hun a desafiou e viu a feição dela mudar de suave para
alguém que estava se preparando para uma guerra e por alguns segundos ele teve medo
de quem podia ter acordado.
— Eu não costumo blefar! — disse, afastando os cabelos de seu rosto, enquanto
pegava um dos rebatedores de disco. O brinquedo emitiu um som peculiar, marcando o
início da partida que deixou o ator tenso do início ao fim dos cinco minutos. O jogo terminou
com vencendo por um placar de 8x2.
— Você não blefa mesmo. — Ele exclamou largando o rebatedor na mesa.
— O que eu posso dizer? Sou mesmo boa nisso! — retrucou convencida.
— Vou querer um prêmio de consolação por isso! — Ele fez beicinho, mas a brasileira não
pôde ver por conta da máscara no rosto dele.
— Uma jukebox! Vamos! — Ela disse ao ver o aparelho no canto do fliperama cercado por
sinucas, máquinas de presentes. — Uau! Aqui tem músicas bem mais atuais. Taylor Swift!
— Ela deslizou a ficha habilmente na ranhura da máquina e, com um toque confiante nos
botões, selecionou o número vinte e dois. Era como se o próprio administrador do fliperama
estivesse observando sua empolgação. As luzes ao redor se extinguiram, deixando apenas
o suave brilho rosa e lilás dos LEDs que iluminavam a área repleta de diversas máquinas.
No instante seguinte, a música “Lover” da cantora americana começou a soar, e Ji-Hun
estendeu a mão direita para tocar suavemente o ombro dela. — O quê?
— Vamos dançar. — O ator afirmou e ela estava novamente cativada por ele. Ji-Hun havia
retirado a máscara, e com as luzes brilhantes ao redor, era praticamente impossível
reconhecê-lo. Ele suavemente pousou as mãos em torno da cintura de , enquanto ela
deslizava as mãos pelos ombros dele, que estavam cobertos por um casaco quadriculado.
O casal trocou olhares intensos, e aqueles que observavam a cena de longe podiam
perceber a aura que se formava ao redor deles.
Can I go where you go?
Posso ir aonde você vai?
Can we always be this close, forever and ever?
Podemos ser próximos assim para todo o sempre?
And ah, take me out, and take me home
E ah, me leve pra sair, e me leve pra casa
You're my, my, my, my
Você é meu, meu, meu, meu
Lover
Amado
As respirações se entrelaçavam suavemente, e seus olhares permaneciam fixos, trocando
sorrisos tímidos. Ocasionalmente, um toque inocente selava o momento, até que, por fim,
ela recostou o rosto nos ombros dele, inalando o suave perfume que Ji-Hun havia aplicado.
Com a cabeça de descansando em seu peito, ambos balançavam seus corpos sem se moverem muito, enquanto ela desejava nunca sair daquele abraço. Aquele era o lugar
onde ela se sentia melhor, nos braços dele, superando qualquer outro. No entanto, a música
chegou ao fim, com a repetição da palavra “lover” em inglês, e quando seus olhares se
encontraram, não conseguiram evitar sorrir um para o outro, antes de relutantemente
encerrar o abraço com um selinho prolongado. Ji-Hun colocou sua máscara de volta, mas
desta vez segurou a mão de e entrelaçou seus dedos aos dela, caminhando lado a
lado em direção à próxima máquina.
— Eu vou conseguir um urso daqueles para você — deu um passo à frente e inseriu
uma moeda na máquina, ouvindo a música alegre começar a tocar. Ela estudou
cuidadosamente a pilha de ursos de pelúcia, todos empilhados uns sobre os outros, com
seus olhinhos brilhando. — Será seu presente de consolação.
Concentrando-se enquanto ajustava a garra com o joystick. Ela calculou cuidadosamente a
posição da garra e pressionou o botão para baixá-la. A garra desceu, agarrou um dos ursos
e começou a levantá-lo, mas no último momento, o urso escapou e caiu de volta na pilha.
— Vou tentar mais uma vez. — Disse ela, voltando a estudar a posição dos ursos e
inserindo outra moeda.
— Fico com o urso, mas também vou querer outra coisa. — Ele sussurrou, mas não
reagiu, parecia não ter escutado.
Juntos, eles se esforçaram para posicionar a garra sobre o urso de pelúcia mais adorável
da pilha, apertou o botão de descida com precisão, e a garra desceu lentamente,
pairando sobre o urso. A garra finalmente desceu completamente e agarrou o urso, mas,
com um solavanco, soltou-o no último momento. Os dois soltaram um “Oh!” de decepção,
mas não se deixaram abalar. Eles tinham mais moedas e estavam determinados a pegar o
urso.
— O que você vai querer? — Perguntou, finalmente olhando para ele.
— Isso você vai descobrir depois... — Ji-Hun respondeu sorrindo e beijou a bochecha dela
antes de seguirem para outro brinquedo.
O fliperama estava surpreendentemente movimentado para uma noite de semana, e
felizmente, parecia que ninguém havia reconhecido Ji-Hun. Pelo menos, era isso que
preferia acreditar, pois a ideia de ser fotografada e ver sua vida se transformar em uma
confusão na mídia a deixaria nervosa novamente. Era exatamente o que ela menos queria
naquele momento.
Ela suspirou, pensando se um dia eles poderiam sair juntos sem atrair olhares curiosos.
Claro, adorava estar na companhia dele, mas tinha certeza de que não queria ver seu
rosto estampado em sites de fofoca, especialmente antes de seus pais conhecê-lo
pessoalmente — se isso fosse acontecer algum dia. A cada dia que passava, ela não
conseguia mais imaginar sua vida sem conversar com Ji-Hun, mesmo que fosse apenas por
mensagens. Enquanto e Ji-Hun se aproximavam da atração de tiro ao alvo de pegar
ursos. A máquina estava equipada com uma fileira de pistolas de ar comprimido e uma tela
cheia de placas com números que marcavam a pontuação adquirida, todos presos em
pequenos alvos móveis.
— Vamos ver quem consegue pegar mais pontos primeiro. — disse ela, olhando para
Ji-Hun com desafio nos olhos.
— Eu vou ganhar, querida. Vamos lá. — Ele riu e aceitou o desafio, pegando outra pistola.
A música eletrônica alta preenchia o fliperama enquanto a competição começava. e
Ji-Hun apertaram os gatilhos, lançando jatos de ar comprimido na direção das placas. Os
alvos se moviam freneticamente, tornando difícil acertar um tiro preciso. riu quando
acertou seu primeiro, vendo-o ser pego pela garra da pistola e desaparecer no alto. Ji-Hun
também pegou o ritmo e começou a acertar alvos com precisão, enviando sua pontuação
para a pequena tela de contagem.
O tempo voou enquanto eles competiam, rindo e provocando um ao outro a cada ponto
marcado. No final da rodada, a contagem dos prêmios acumulados era igual, e eles olharam
um para o outro com sorrisos brilhantes. A contagem de pontuação resultou em dois
dinossauros de pelúcia na cor amarela e azul.
— Um empate. — disse , ofegante, mas animada.
— Isso significa que ambos somos vencedores. — Ji-Hun assentiu, ainda segurando a
pistola.
— Não consegui o urso — Ela lamentou fazendo beicinho e ele se aproximou dela
colocando suas duas mãos na cintura da brasileira.
— Tudo bem, eu prefiro dinossauros. — Ele comentou fazendo ela rir. — Suponho que um
seja você e outro eu.
— Dino Hun e Dino ? — indagou e o Ji-Hun assentiu rindo, mas ao olhar ao
redor ela teve uma rápida impressão de que estavam sendo observados.
— Aconteceu alguma coisa? — Ji-Hun perguntou acompanhando o olhar dela. —
Paparazzi?
— Não foi nada, acho que devo estar impressionada com esse lance das fotos — Ela
sacudiu a cabeça para espantar esses pensamentos. — Vamos comer alguma coisa?
— Claro, só preciso ir ao banheiro antes, pode me esperar aqui? — O ator entregou os dois
dinossauros de pelúcia para ela, e assentiu.
Enquanto Ji-Hun se afastava, em busca do banheiro, permaneceu no mesmo lugar,
segurando os dois bichos com uma só mão. Ela os acomodou cuidadosamente, enquanto
alcançava seu celular na bolsa que repousava em seu ombro. Com destreza, discou o
número de Hana. Nesse momento, uma canção familiar, que reconhecia, começou a
tocar, misturando-se com a música ambiente do fliperama. Ela buscou com seus olhos a
fonte da melodia, mas logo a música cessou abruptamente, forçando-a a deixar de procurar
o local de onde a melodia vinha.
Não posso acreditar que esses mexeriqueiros estão me seguindo! Se minha suspeita
estiver correta, vou resolver isso pessoalmente. Pensou consigo mesma, mas à medida que
avançava, uma sensação incômoda crescia, como se um grupo de pessoas estivesse se
movendo furtivamente entre a multidão do fliperama. Ela franziu a testa, escolhendo um
caminho diferente e, como previra, os sete universitários estavam escondidos atrás de uma
gigantesca máquina de presentes, todos encolhidos e espremidos para evitar serem
detectados. cruzou os braços, consciente de que eles não a haviam visto
observando-os de perto, e ela teve que soltar uma tosse forçada para chamar a atenção
deles.
— O que diabos vocês estão fazendo aqui? — Ela disparou quando os sete pares de olhos
se encontraram com os azuis dela. Em outra situação, ela teria caído em gargalhadas com
o susto que eles levaram, mas algo estranho estava no ar, uma sensação difícil de definir.
cruzou os braços abaixo do peito e pressionou os lábios em uma linha reta,
fazendo-os perceberem o problema em que se meteram. — Então, o gato comeu a língua
de todos vocês?
— Isso foi ideia da Hana! — Charles denunciou apontando para Hana escondida entre os
gêmeos, Hye-jin e Yi-jin que se afastaram para dar a visão da melhor amiga de
tentando escapar da bagunça.
— Por que sempre eu sou a culpada dessas ideias horrorosas? — Hana perguntou irritada
em ter levado a culpa mais uma vez. — Eu teria feito algo bem melhor!
— Ah! Aspirante da Tóquio acha que é uma espiã do FBI — Su-min rolou os olhos nas
órbitas.
— Olha, eu vou ter que confessar que dessa vez a culpa não foi da Hana e embora eu
queira ficar com os créditos, você deve saber que eu nunca seria capaz de te seguir em um
date como um namorado tóxico — Eun-ji bateu os cílios angelicalmente.
— Namorado tóxico? Você está me comparando a um namorado tóxico? — Ji-soo
perguntou com a voz estridente. — E o que vocês acham que são? Todos concordaram!
— Ah! Então foi você! — concluiu contrariada, Ji-soo definitivamente não fazia o tipo
de atrapalhar um encontro, portanto aquela descoberta havia surpreendido muito a
brasileira. — E vocês dois? — Apontou com o queixo para os gêmeos.
— Eu só estava curiosa! — Hye-jin levantou as mãos se rendendo.
— Eles me obrigaram a dirigir! — Yi-jin esclareceu imitando o gesto da irmã.
— Eu não lembro de ter colocado uma faca no seu pescoço! — Charles retrucou.
— Por que não admite logo que é fofoqueiro? — Su-min indagou levantando uma das
sobrancelhas enquanto olhava Yi-jin.
— Quem são vocês para falar alguma coisa do Yi-jin? Vocês estão me perseguindo no meu
encontro! — perguntou e bufou irritada. — Eu quero vocês todos fora daqui, agora!
— ? O que está acontecendo? — Ji-Hun surgiu atrás da brasileira.
— Adivinha? — Ela resmungou irritada com seu grupo de amigos.
Após Ji-soo esclarecer a situação para Ji-Hun, o grupo se dirigiu à cafeteria temática retrô e
ocupou uma espaçosa mesa que acomodava confortavelmente os nove integrantes. Não
que a questão de espaço fosse realmente relevante, pois todos preferiam manter uma
distância segura da brasileira, cuja habilidade de matar qualquer um deles era um constante
lembrete. Para dissipar a tensão, Ji-Hun tomou a iniciativa de fazer os pedidos,
considerando que o casal já tinha a intenção de fazer uma refeição ali mesmo.
— Então, não tem problema de continuarmos aqui com vocês? — Su-min questionou sem
graça olhando para o ator.
— Claro que não! — Ele respondeu sorrindo.
— É óbvio que tem! — respondeu na mesma hora que ele.
— Tem ou não? — Ji-soo perguntou confusa e alternando seu olhar de um para o outro.
— Não tem. — Ji-Hun respondeu pegando na mão da brasileira e entrelaçando seus dedos,
suspirou frustrada. — Já sabia que um dia isso ia acontecer.
— Deve ser porque eu te avisei várias vezes! — argumentou escondendo o rosto
com a mão vaga. — Só não imaginava que seria em nosso encontro!
— Já pedimos desculpas por isso! — Charles fez beicinho.
— Por favor, não nos mate! — Hana juntou as duas mãos em prece dramatizando mil vezes
mais a situação.
— Ela não vai fazer isso. — Ji-Hun assegurou olhando para .
— Você não tem como ter certeza disso, ela terá várias oportunidades pela madrugada. —
Su-min arregalou os olhos.
— Isso mesmo, destruam minha imagem para ele, já não bastava estragar o meu date! —
resmungou.
— Bom, já que estamos todos aqui não acham melhor perguntar tudo? — Yi-jin indagou
olhando os outros universitários e choramingou.
— Bem-vindo a CR.MBBY! — Hana bateu na mesa como se fosse um instrumento musical
e fez Ji-Hun gargalhar, o grupo era extremamente caótico e engraçado.
— CR.MBBY é a Central de Relacionamentos com qualquer integrante da nossa casa, é
como uma entrevista de emprego só que bem pior. — Eun-ji explicou. — O namorado da
Su-min já teve o azar de passar por nós e agora é a sua vez.
— Não sei se fico mais confortável com isso! — Ji-Hun declarou, mas ajeitou sua postura
como se estivesse prestes a ter a conversa mais importante da sua vida e de fato talvez
fosse, pelo menos antes de conhecer os pais da .
— Você é casado? — Ji-soo iniciou a sessão de perguntas cruzando os braços acima do
peito, mostrando ser autoritária como um general, coisa que ela não era nenhum pouco.
— O quê? É claro que não, ele não estaria aqui se fosse! — responde rápido
mudando seu olhar entre os sete na sua frente.
— Não sou. — O ator respondeu calmamente.
— Tem filhos? — Ji-soo perguntou novamente extremamente desconfiada e teve que
rolar os olhos.
— Ainda não. — Ji-Hun deu com os ombros e tomou um pouco de suco, ele não estava
nervoso, sabia que aquele questionário não definiria nada entre ele e .
— Então pretende casar e ter filhos? — Eun-ji se intrometeu e ele assentiu novamente —
Quando?
— Quando a minha futura esposa quiser. É uma conversa para os dois. — Ele esclareceu
passando um dos braços ao redor dos ombros da mulher ao seu lado.
— Sua futura esposa? — Su-min arregalou as pupilas surpresa com a resposta dele.
— É. — Ele diz monossílabo olhando rapidamente para .
— Então isso é um pedido de casamento velado? — Hye-jin foi rápida em pegar o olhar que
ele lançou para a estudante de arquitetura.
— Velado, sim, oficial ainda não. — Ji-Hun colocou algumas batatas fritas na boca e limpou
os dedos na calça jeans.
— Então é controlador? — Ji-soo arqueou uma das sobrancelhas atenta em cada palavra
que ele dizia.
— Não acho. — Ele respondeu tranquilo, sentindo-se numa entrevista onde as respostas
não deveriam ser pensadas por muito tempo.
— Ciumento? — Yi-jin inclinou-se para frente apoiando seus cotovelos na mesa. Sua mãe o
mataria pela falta de etiqueta.
— Um pouco. — Ji-Hun falou, ele não podia negar que tinha ciúmes, mas também não
podia dizer que era exagerado.
— Com razão. — Charles resmungou cruzando os braços acima do peito.
— O quê? — Eun-ji indagou estreitando os olhos.
— Com razão, oras. Não imagina o quanto a nossa Barbie chama atenção dos homens por
aí? — O finlandês deu com os ombros colocando algumas batatas fritas na boca.
— Agradeço aos elogios, mas vamos para outra pergunta? — pediu incomodada com
o assunto e apertou a mão do ator.
— E o que você faz? — Foi a vez da Hana indagar, desconfiada.
— Sou ator.
— Sagitário? — Su-min se referia ao signo dele, não era nada tão relevante, mas queria se
certificar de tudo.
— Touro. — Ji-Hun respondeu rindo, ele achava uma bobagem aquele assunto de signos,
mas não se negaria a responder nada.
— Já fez algum dorama? — Hye-jin arregaçou as mangas do moletom que estava usando.
— Flower Of The Evil.
— Nome completo? — Charles voltou a perguntar depois de ter esvaziado a lata de
refrigerante.
— Kim Ji-Hun.
— Você sabe o quanto minha amiga é talentosa e o quanto o trabalho é importante para ela,
certo? — Hana apontou um dedo para ele.
— Não vou transformar ela em uma espécie de mulher dos anos cinquenta depois da
faculdade, se é isso que você está se perguntando. — Ji-Hun suspirou profundamente.
— Você é bom nisso. — Hana riu do próprio comentário.
— Certo. Sabe que deve também se preocupar com o prazer sexual dela, não sabe? —
Hye-jin mudou o tom da voz.
— Eca, por favor, não vamos entrar nesse assunto. — Yi-jin resmungou.
— Eu preciso ir ao banheiro, rápido! — fez careta e todos viram o quanto ela parecia
uma pimenta com o novo tópico da conversa.
— Eu vou garantir de que ela... Aí! — Ji-Hun não conseguiu falar já que beliscou a
coxa dele ao mesmo tempo que manteve um sorriso com os lábios grudados um no outro.
— Podemos ir para outro tópico?
— é ciumenta, os brasileiros comemoram o namoro de mês em mês e ano em ano,
ela dança funk e adora os biquínis do nosso país. — Hana enumerava utilizando os dedos.
— Eu já entendi que não posso privar ela de nada. — Ele esclareceu e a Hana resmungou
algo inaudível. — Mais alguma coisa?
— Não vai desistir dela, mesmo quando parecer que tudo está uma merda. — Hye-jin
ameaçou apontando com o dedo para o ator.
— Prometo — Ele colocou as duas mãos para cima se rendendo.
— E sobre a mídia? — Yi-jin indagou realmente preocupado, havia crescido com seu rosto
exposto nas câmeras e odiava aquilo tanto que resolveu mudar de casa ao entrar na
faculdade.
— Ele já cuidou disso — Foi a vez da responder.
— Eu estou enjoada — Ji-soo reclamou, mas ninguém pareceu notar que ela estava pálida.
— tem uma tatuagem de dragão nas costas. — Charles disse de supetão.
— Ela não tem tatuagem. — Ji-Hun rebateu, mas uma estranha dúvida surgiu
momentaneamente.
— Eu não tenho tatuagem — retrucou franzindo as sobrancelhas.
— Muito bem, você passou! — Su-min bateu palmas, não controlando sua felicidade.
— Do que mais tem medo? — Eun-ji indagou.
— Alto mar e ela não acredita em estrelas cadentes. — Ele acrescentou ao final fazendo
Hye-jin e Yi-jin se entreolharem, o ator estava realmente obstinado a conhecer .
— Acertou! — Charles exclamou mais uma vez, um pouco indignado por Ji-Hun saber mais
da em quatro dias do que ele levou anos.
— Ela é meio italiana. — Su-min lembrou a informação que havia descoberto naquele
mesmo dia pela manhã.
— Já estou sabendo. — Ji-Hun respondeu olhando para a morena dos olhos azuis e sorriu.
— Mais alguma pergunta? — Ele perguntou arqueando uma sobrancelha.
— Acho que foram todas. — Su-min deu de ombros. — Da próxima vez vou te fazer assinar
um contrato garantindo a felicidade dela.
— Sem problemas. — Ji-Hun e disseram ao mesmo tempo, no entanto, nenhum
deles fazia ideia do que aquilo significava. — Vamos jogar boliche?
O ponto alto da noite revelou-se a acirrada competição entre Eun-ji e Ji-Hun, que
disputaram lance a lance. Além disso, houve a saída de D'Angelo, após desperdiçar três
bolas sem derrubar nenhum pino. Como eram nove pessoas, uma das equipes acabou com
apenas três integrantes, incluindo os gêmeos e Charles, que não se importou em estar no
“time menos favorecido”, pois ele próprio não estava levando o jogo muito a sério. Ao
término da primeira rodada, todos se sentaram à mesa para um breve descanso, com
exceção de Ji-Hun, que fazia o possível para persuadir a levantar-se e aprender a
jogar corretamente aquela pesada bola em direção aos alvos.
— Mas eu sou péssima nesse jogo! — lamentou enquanto ele segurava na mão dela
se aproximando da pista escorregadia.
— Eu vou estar atrás de você. — O ator insistiu se posicionando atrás dela, os cabelos dele
já estavam amarrados e a máscara havia sido deixado de lado por conta da empolgação
dele durante os pontos feitos. — Você segura aqui, três dedos, um em cada buraco desse.
— Assim? — perguntou e ele assentiu deslizando a mão direita pelo pulso dela.
— Nos três nós corremos até aquela faixa vermelha e você joga a bola, sozinha! — Ele
alertou. — 1... 2... 3!
O grupo atrás deles observou o ator com atenção, enquanto ele gentilmente instruía a
brasileira a jogar boliche, garantindo que ela não se machucasse. Hana percebeu a
harmonia entre eles quando, mesmo depois de derrubar apenas três dos dez pinos
disponíveis, o ator a beijou como se ela fosse a campeã absoluta do jogo.
Su-min teve um momento de triunfo, pois suas cartas do tarô haviam previsto esse
acontecimento. Ela se sentiu satisfeita por suas previsões estarem sempre se confirmando.
Eun-ji, no entanto, sentiu uma pontada de melancolia ao perceber que havia mais de três
anos sem experimentar nada semelhante com alguém. Enquanto isso, os três solteiros do
grupo lamentaram a ausência de um romance tão especial em suas próprias vidas. Ji-soo,
exceto por um breve cochilo na mesa, não participou muito do jogo. Mas logo ela se
levantou com urgência, procurando o banheiro mais próximo, e acabou vomitando todo o
seu almoço no segundo seguinte.
— Argh! Que nojo! Eu disse que não era para comer aquele sashimi de cinco dias atrás! —
Eun-ji cutucou olhando apenas da porta por não suportar o cheiro horrível da cabine.
— Deveria ter comido da minha comida! — Hana retrucou segurando os fios de cabelo da
outra.
— Eu acho melhor irmos para casa, isso só vai passar depois dela vomitar tudo! — Yi-jin
comentou com sua irmã gêmea.
— Não é melhor levar ela em um hospital? — Charles indagou e Su-min negou
veementemente.
— Hospital, não! — Ji-soo disse grogue. Desde a infância, ela nutria um profundo medo de
hospitais, e essa aversão estava enraizada em uma história trágica e dolorosa que viveu
pelos corredores hospitalares.
— Eu acho que vou ter que acompanhá-los para casa, não vou conseguir relaxar se não ver
que ela está bem. — expressou sua decepção por acreditar que tinha arruinado a
noite deles, enquanto Ji-Hun sorriu timidamente. Ele havia planejado pedir em
namoro naquela noite, mas com a reviravolta da situação, percebeu que não seria possível.
— A gente pode se ver amanhã de noite?
— Vou viajar amanhã de noite. — Ele jogou a cabeça para trás lamentando. — Só volto
daqui há uma semana. De manhã você não vai estar livre?
— Eu te mando mensagem se estiver, depois que anunciar pelo site da faculdade quem
serão os novos integrantes da MBBY, eu acho que vou ficar livre. — Ela acariciou a
bochecha dele.
— Então vamos ter que esperar até amanhã, vou levar o Dino e você leva o Dino
Hun. — Ele disse sorrindo.
— Certo. — lançou um sorriso caloroso, e o casal trocou um breve beijo antes de a
brasileira ser arrastada para se juntar à turma tagarela que, infelizmente, havia um pouco
atrapalhado seu encontro.
A cena que se desenrolou diante deles foi, sem dúvida, uma das mais inusitadas e
constrangedoras já testemunhadas. Ji-soo, com um balde engraçado na cabeça, era
carregada por Yi-jin como se fosse uma boneca de pano, enquanto o restante do grupo
seguia em silêncio. Somente quando o ator coreano finalmente entrou no carro, ele
percebeu estar prestes a comprometer completamente sua proposta de namoro. A razão?
Ele havia esquecido as flores em casa, e provavelmente elas já estavam afogadas em um
jarro de água há muito tempo.
Após a chegada dos oito universitários à habitação MBBY, Ji-soo rapidamente tomou um
banho e foi dormir. Enquanto isso, o restante do grupo se reuniu na cozinha, onde
conversavam animadamente sobre as últimas notícias que circulavam pelos corredores da
faculdade. Discutiam os novos casais que haviam surgido e as recentes inimizades que
tinham se formado. No entanto, estava visivelmente distraída, sua mente focada em
não perder nenhuma mensagem do ator que havia chegado ao seu apartamento logo após
ela.
— No meu ponto de vista, ele merece uma chance. É sincero com o que deseja e sente. —
Hana comentou encarando suas unhas.
— Além de ser um pedaço de mal caminho. — Charles falou ao passar por trás da
provocando ela.
— Um pedaço? Ele é o caminho todo! — Eun-ji deu continuidade na brincadeira e a
brasileira apenas balançou a cabeça concordando com o que eles diziam, sem prestar
atenção de verdade, o sorriso relaxado no rosto dela denunciava que ela estava
conversando com ele pelo celular.
— Helloooo! — Su-min disse balançando uma das mãos na frente do rosto dela e bufou
irritada ao ver que não surgiu efeito. — Você pode largar a porcaria desse telefone pelo
menos por um segundo?
— Por que vocês estão complicando tanto? — Yi-jin indagou e ao passar perto de
roubou o celular das mãos dela. — Ah! Oi! Bem-vinda de volta! Essa é a realidade, alguma
dúvida?
— A minha única pergunta é de onde você tirou coragem para fazer tal coisa, Choi Yi-jin! —
exclamou com raiva e se levantando no banco que estava. — Preciso do meu celular.
— Não antes de você parar de fingir que não estamos aqui. — Ele sugeriu levantando a
mão que estava com o aparelho para impedir que ela alcançasse.
— Você por acaso não tem medo de morrer? — A brasileira perguntou ameaçadora dando
passos lentos na direção dele.
— não faça nada que vá se arrepender, por favor. — A voz dele estava trêmula,
poucos sabiam, mas nas piores bocas da faculdade se dizia que transformava
qualquer um em pedra só olhando, tipo a Medusa.
— ! — Hye-jin se colocou no meio do irmão gêmeo e da estudante de arquitetura. —
Ele é meu irmão favorito! Não faça isso!
— Eu sou seu único irmão. — Yi-jin frisou ao escutar a irmã tentar interceder pela alma dele
diante de enraivecida.
— Cala a boca, Yi-jin! — Hana e Charles disseram ao mesmo tempo, fazendo Eun-ji
gargalhar verdadeiramente.
— Vocês não vão acreditar! — De repente, Su-min soltou um grito, capturando a atenção de
todos ao seu redor, e Yi-jin pôde perceber sua alma gradualmente retornando ao seu corpo.
— Kim Ji-Hun.
— O que tem ele? — virou-se abruptamente e avançou rapidamente em direção à
Su-min, que estava vestida com um pijama dos Minions.
— Oh, não... — Hana segurou o fôlego, enquanto a outra brasileira experimentava um
breve entorpecimento nas pernas. A ansiedade a invadiu antes mesmo de compreender o
verdadeiro significado por trás das expressões de seus amigos.
— , o que você disse sobre não se importar com a idade? — Charles deu um sorriso
sem graça enquanto encolhia os ombros.
— Quer dizer, acho que não é uma diferença tão grand... Porra! — Yi-jin gritou e
imediatamente cobriu a boca ao ver algo na tela do celular.
— ? — Eun-ji posicionou-se ao lado da brasileira e auxiliou-a a alcançar o local onde
os demais estavam.
— Eu... me deixem ver. — Isso foi o que ela conseguiu responder, estendendo a mão para
pegar o celular de Su-min, que também o estendeu em sua direção, apesar do medo de que
ele se despedaçasse se ela decidisse jogá-lo no chão.
— Quarenta. — Charles murmurou, um tanto surpreso. Certamente, os ocidentais tinham
conhecimento da reputação dos coreanos por aparentarem ser mais jovens do que
realmente eram, mas ele não esperava aquilo. — Ele alguma vez te informou isso?
— Não. Eu não quis saber. Eu... eu disse que não me importava. — respondeu
olhando atentamente para os números que indicavam a data de nascimento dele. Nove de
maio de Mil Novecentos e Oitenta e Um. Ele faria 41 anos em alguns meses.
— São doze anos de diferença. — Hana comentou com Yi-jin, mas todos puderam escutar.
— Me deixa te perguntar uma coisa, você não pensou em pesquisar as redes sociais dele?
— perguntou Eun-ji, demonstrando preocupação diante do silêncio de .
— Não pode ser, quarenta e um menos vinte e nove são... — Charles, que era péssimo em
matemática, percorria o espaço de um lado para o outro enquanto realizava cálculos em
seu celular. — Doze.
— Ele parecia tão despreocupado quando comentou sobre filhos e casamento. — Yi-jin
sussurrou suavemente enquanto deslizava o celular de pela superfície da mesa de
mármore, permitindo que o dispositivo alcançasse sua dona.
Na barra de notificações, conseguiu visualizar a mensagem: “Você ainda está
acordada?” Mesmo sendo pega de surpresa por essa informação, um sorriso começou a se
formar no rosto de , e seu coração pareceu se aquecer. Seu cérebro começou a
rebobinar como uma fita, relembrando os momentos mais significativos que compartilharam,
bem como as conversas mais sinceras que haviam tido, além dos momentos íntimos que
haviam desfrutado juntos.
— Quantos anos você achava que ele tinha? — Hana questionou exaltada, enquanto todos
estavam nervosos, sendo a única capaz de expressar a imensa incerteza que pairava sobre
todos.
— Trinta? — fez a pergunta, quase como se estivesse pensando alto, enquanto
Su-min alternava seu olhar entre a mulher morena de olhos azuis. — O que eu faço?
— Você realmente não se preocupa com essa questão da idade? — Eun-ji descansou o
queixo no ombro de .
— Uma verdadeira montanha-russa de emoções, querida. Carrie Bradshaw provavelmente
ficaria perplexa com tamanha burrice. — Charles, um fervoroso admirador da série “Sex and
the City”, comentou enquanto deslizava os dedos entre os cabelos dourados em sua
cabeça.
— Será que doze anos realmente faz tanta diferença? Todos nós podemos ver como ele
parece ser uma boa pessoa para a nossa , e eu concordaria com a Carrie Bradshaw
se ela quisesse socá-la apenas por deixar uma grande oportunidade passar. Quem se
importa com a diferença de idade deles? É claro que estão se apaixonando. — Ji-soo
surpreendeu a todos ao entrar na cozinha. Ninguém havia notado sua presença diante do
caos recém-formado na cozinha.
— E qual é o seu plano, ? — Yi-jin perguntou com seriedade. Não era segredo para
ninguém que tinha a intenção de voltar ao Brasil após a formatura. No entanto, diante
dessa reviravolta, ela não tinha tanta certeza.
— O que eu devo fazer? Partir o coração dele? — Ela perguntou, olhando para Hana,
sentindo-se angustiada com o silêncio. Não, ela definitivamente partiria seu próprio coração
em pedaços.
— Sustenta o daddy, gata! — A outra brasileira respondeu com bom humor e deu de
ombros.
Na penumbra da aconchegante sala, se encontra sozinha, sentada no chão com uma
taça de vinho tinto em uma das mãos e seu laptop aberto à sua frente. A luz fraca da tela
ilumina seu rosto enquanto seus olhos varrem obsessivamente a vida de Ji-Hun nas
páginas de fofoca abertas. Ela inclina-se para frente, com os olhos fixos na tela, os dedos
ágeis dançando sobre o teclado enquanto digita o nome dele nas caixas de pesquisa. Com
cada clique, ela se aproxima mais de seu objetivo: encontrar mais informações sobre a vida
atual dele.
Enquanto ela navega pelas fotos e atualizações de status, sua expressão oscila entre
curiosidade e angústia. A taça de vinho é levada à boca de forma quase automática, como
um escape para as emoções tumultuadas que a invadem. O vinho desce suavemente,
aquecendo sua garganta e fazendo-a sentir-se momentaneamente distante de si própria.
Então, o golpe final atingiu. Uma manchete de notícia em um site de celebridades capturou
sua atenção. Ela clicou, e seu coração afundou quando leu a matéria. Ji-Hun estava de
braços dados com uma linda mulher, ostentando anéis de noivado reluzentes. A notícia
anunciava que eles estavam prestes a se casar. O coração de afunda, e uma
sensação de desamparo a envolve. Ela observa as fotos do casal, deslizando para baixo na
página, vendo-os felizes e apaixonados. Seus dedos estão agora trêmulos, e ela não sabe
se é o álcool ou a emoção que a faz tremer.
As lágrimas escorreram pelo rosto de enquanto ela olhava para a imagem do homem
que havia transformado seus últimos dias em paraíso, agora prestes a iniciar uma nova vida
ao lado de outra pessoa. O copo de vinho em suas mãos estava quase vazio, e ela mal
percebia o gosto da bebida, perdida em sua própria tristeza.
— Ele vai se casar, — ela murmurou, a tristeza inundando-a. Ela não conseguia evitar
pensar em todas as memórias compartilhadas, em todas as promessas quebradas. O vinho
já havia turvado sua mente, tornando tudo ainda mais doloroso.
Seus olhos estavam pesados e ardiam conforme ela sentia as lágrimas descerem pelo seu
rosto. Talvez ter descoberto cedo tivesse sido a melhor maneira dela saber que após sua
formatura, deveria retornar ao Brasil e seguir com seus planos que jamais deveriam ter sido
mudados. De fato, o futuro tinha planos para quem não esperava nada dele, no entanto,
ninguém havia avisado a como o destino podia ser tão cruel.
(...)
O sol brilhava implacável através das cortinas, enviando raios de luz intensa para o corpo
de . Seu rosto estava espremido entre duas almofadas, em uma tentativa
desesperada de escapar da claridade. Seu crânio parecia prestes a explodir a qualquer
momento, e cada pequeno movimento era como uma faca afiada cortando sua mente.
O som de vozes distantes começou a penetrar em sua consciência fragmentada. Ela franziu
a testa, tentando entender o que estava acontecendo. As vozes se tornaram mais altas e
distintas, e finalmente, começou a reconhecer as vozes de seus amigos.
— , acorde! — gritou Hana, com um tom de urgência em sua voz. — Temos que sair
daqui em uma hora!
— Ela bebeu tudo isso sozinha? — Aquela voz com um sotaque finlandês com certeza só
poderia pertencer a Charles.
— Poxa, era o nosso melhor vinho! — Yi-jin lamentou. — ?
— Vocês falam demais! — Ela exclamou irritada, pegando uma das almofadas que estava
no meio das suas pernas e jogando para qualquer lugar, imaginando que acertaria algum
dos falastrões.
— E você está com ressaca. — Eun-ji ralhou com ela e a brasileira arregalou os olhos
imediatamente apoiando o peso do seu corpo nos cotovelos, se tinha alguém mais
assustadora do que ela naquela casa, sem dúvidas alguma era Eun-ji. — O que aconteceu
ontem à noite?
— Eu não sei — murmurou com dificuldade, tentando fazer sua mente nebulosa se
lembrar dos eventos da noite anterior. Ela tinha flashes confusos. Ela procurou seu celular,
apenas o encontrando embaixo do sofá e por algum milagre, intacto. — Que merda eu fiz?
Seus amigos trocaram olhares preocupados.
— Você realmente não se lembra de nada, ? — perguntou Hye-jin, seu rosto exibindo
uma mistura de preocupação e medo.
— Absolutamente nada, — confessou , fechando os olhos por um momento para
aliviar a dor. Ela sabia que algo estava errado, algo que ela deveria lembrar.
— Pessoal, eu acho que isso merece a atenção de vocês. — Su-min se aproximou do
notebook e não pôde deixar de notar a manchete em destaque: ator Kim Ji-Hun confirma
noivado com modelo Moon Sunhee.
— O quê? — Os olhos de Eun-ji se arregalaram de surpresa ao escutar as informações
sobre o casamento iminente do ator, que havia passados os últimos dias.
— Então, é real. — olhou para Su-min com tristeza nos olhos.
— Não. Ele não pode ter sido capaz de fazer isso. — Hana entrava em uma onda de
negação se aproximando de Su-min e pegando o laptop das mãos dela. — Deve ter algum
erro.
— Ele está diferente nessa foto. — Charles franziu o cenho buscando avidamente qualquer
informação que pudesse estar desmentindo aquela matéria.
Seus amigos, Yi-Jin, Ji-soo e Hye-jin, estavam reunidos ao seu redor. Eles se sentavam
próximos a ela, com expressões de profunda empatia e carinho em seus rostos, enquanto
estava sentada entre eles, com os olhos vermelhos e inchados, reflexo das lágrimas
derramadas após o seu coração partido.
— , isso é loucura, certo? Você conhece Ji-Hun melhor do que nós, ele nunca
mencionou nada sobre um noivado, não é? — Eun-ji perguntou apontando para a
manchete.
— Ele disse ontem que não era casado, mas nós não perguntamos sobre o passado dele.
— Eun-ji, visivelmente nervosa, olhava para seus amigos, esperando por alguma percepção
que a ajudasse a entender a situação.
— Vamos pensar com calma antes de entrar em pânico. Será que isso pode ser um erro ou
até mesmo uma notícia falsa? Afinal, celebridades sofrem com isso o tempo inteiro. —
Hye-jin, a estudante de medicina, interveio ao se levantar do sofá.
— Eureka! Encontrei alguma coisa! — Hana, finalmente exclamou.
— O que você achou? — Su-min olhou por cima do ombro dela ao perguntar.
— Parece que essa história sobre o Ji-Hun estar noivo não é atual. É uma matéria de anos
atrás, uma daquelas fofocas recicladas para atrair cliques. — Ela explicou mostrando a
palavra que confirmava sua teoria.
— Isso é um alívio! Então, não há nenhum noivado iminente. — Yi-jin arregalou os olhos
exclamando.
Enquanto se preparava para mandar uma mensagem à Ji-Hun e perguntar se eles
poderiam se encontrar naquela manhã, ela percebeu o quão sortuda era por ter amigos que
estavam sempre ao seu lado, prontos para ajudá-la a enfrentar qualquer desafio, por mais
absurdo que fosse. No entanto, naquele momento, o celular se acendeu com a chegada de
uma mensagem e ela sentiu seu coração acelerar.
Ji-Hun: Do que você está falando?
Com um suspiro de apreensão, pegou o celular e desbloqueou a tela. A primeira
coisa que notou foram as várias mensagens enviadas ao seu ator, Ji-Hun, durante a
bebedeira da noite anterior. Seu coração afundou à medida que ela começou a ler as
mensagens.
: Nós devemos terminar.
: Você deve ser um marido bom para ela.
: Por favor, nunca mais me procure.
: Será mais fácil para nós dois se as coisas continuarem como se nunca
tivéssemos nos conhecido.
Lágrimas começaram a brotar nos olhos de enquanto ela relembrava o estado
emocional em que estava na noite anterior. As palavras digitadas impulsivamente refletiam
uma mistura de sua ressaca física e de suas emoções tumultuadas. Ela nunca pretendia
enviar essas mensagens, mas agora era tarde demais.
— O quê... — O rosto de ficou pálido, seu estômago se revirando com uma mistura
de arrependimento e náusea. Ela sabia que precisava fazer algo rapidamente antes que sua
condição piorasse ainda mais. Com um esforço hercúleo, conseguiu se levantar da cama e
cambalear até o banheiro.
O som do vaso sanitário parecia ensurdecedor quando ela finalmente se ajoelhou diante
dele. respirou fundo, tentando reunir coragem para o que estava prestes a acontecer,
quando, de repente, uma onda de náusea a atingiu com força total. Sem aviso, o vômito
veio, um fluxo descontrolado e ácido que a deixou ofegante. Ela segurou firme no vaso
sanitário enquanto seu corpo expulsava o álcool da noite passada. Cada onda de vômito
era seguida por uma sensação de vergonha e desgosto consigo mesma.
continuou vomitando até sentir que seu estômago estava completamente vazio.
Finalmente, quando não havia mais nada para expelir, ela se afastou do vaso sanitário,
sentindo-se fraca e trêmula. Lágrimas se acumularam em seus olhos enquanto ela percebia
o que sua impulsividade havia causado na noite anterior. A ideia de terminar o
relacionamento com Ji-Hun estava longe de ser o que ela realmente queria. As lágrimas
rolaram por seu rosto enquanto ela se sentia impotente diante da situação que criou para si
mesma.
— Eu preciso falar com ele. — levantou-se do chão sentindo sua visão ficar turva e
retornou até a sala onde Hana a encarava, seu celular estava nas mãos de Charles que lia
as mensagens enviadas.
— Desde quando você é tão estúpida? — Hana perguntou grosseiramente.
— Hana, ela estava bêbada. Todos nós fazemos merda com álcool. — Eun-ji colocou uma
das suas mãos no ombro da nipo brasileira.
— Você precisa contar a ele sobre o que aconteceu. Explique tudo a ele e peça desculpas
por aquelas mensagens malucas. Tenho certeza de que ele vai entender. — Su-min
estendeu o celular para .
— Eu acho que nós devemos ir para o ginásio. — Yi-jin sugeriu. Naquele momento, ele
sabia que merecia ficar sozinha, visto que aquilo não era nada que algum deles
pudesse resolver.
— Não podemos, é a líder. Quem irá entregar os envelopes para os calouros? —
perguntou Ji-soo olhando para Yi-jin.
— Qualquer um de nós pode representar a Bitnaneun Byeol. Vamos. — disse Hye-jin indo
até a porta.
— Hana, nós devemos ir. — Eun-ji direcionou a estudante de ciências sociais para a saída
da casa, enquanto ela, relutantemente, nem sequer olhava nos olhos de .
— Boa sorte. — Charles sorriu triste e Su-min olhou para carinhosamente, desejando
que ela conseguisse resolver todo aquele problema.
Finalmente, sozinha em casa, estava sentada na beira da cama, segurando seu
telefone com mãos trêmulas. Ela sabia que precisava resolver a situação com Ji-Hun depois
do terrível mal-entendido das mensagens que ela enviou enquanto estava bêbada.
Respirando fundo, ela discou o número dele e esperou, com o coração martelando no peito,
enquanto o telefone tocava.
No entanto, depois de vários toques, não houve resposta. começou a sentir um
aperto no peito e uma sensação de ansiedade aumentando à medida que as chamadas
continuavam indo para a caixa postal de Ji-Hun. Ela tentou novamente, determinada a
explicar e pedir desculpas por tudo o que acontecera na noite anterior. Cada chamada não
atendida parecia uma eternidade, e a frustração e a angústia estavam começando a tomar
conta de . Ela então decidiu deixar uma mensagem de voz, sua voz trêmula e repleta
de arrependimento.
— Ji-Hun, por favor, atenda o telefone. Eu preciso falar com você. Ontem à noite... as
mensagens que enviei... eu estava bêbada e confusa. Não queria terminar, não de verdade.
Por favor, me ligue de volta. Eu preciso explicar tudo e pedir desculpas. — Ela estava
ansiosa para que ele finalmente respondesse e desse uma chance para uma conversa
honesta e esclarecedora.
— Eu quero te matar agora, mas não consigo deixar você sozinha. — Hana disse ao entrar
no quarto seguida de Charles e Hye-jin.
— Talvez eu deva encomendar meu assassinato, — murmurou se jogando na cama.
— Que merda eu estou falando. Eu não tenho dinheiro para fazer isso.
— Eu prometo que se você fizer suas obrigações de hoje, eu irei até o inferno buscar
aquele homem por você e não importa se terei que fazer algum pacto com o próprio Diabo.
— Hye-jin ergueu as mangas da sua blusa e puxou o corpo da brasileira do colchão.
— Vá tomar seu banho e o resto deixa com a gente. — Hana ordenou empurrando
até o banheiro compartilhado.
— Você está horrorosa, horripilante e... — Charles enumerou atrás da porta, mas Hana
jogou o rolo de papel higiênico nele, o mandando calar a boca. — Alguém tem que falar!
Com um esforço sobre-humano, fez seu caminho trôpego até o chuveiro. Tomar
banho parecia uma tarefa impossível naquele momento, mas ela sabia que não podia
enfrentar o evento sem se refrescar. Ela ligou o chuveiro e a água gelada a atingiu como um
choque, fazendo-a estremecer. No entanto, o frio era um choque necessário para tirá-la do
torpor.
começou a esfregar o corpo com o sabonete, cada movimento uma lembrança
dolorosa da noite anterior. Lágrimas se misturavam com a água que escorria pelo ralo
enquanto ela se culpava por seu comportamento impulsivo. Depois de um tempo que
pareceu uma eternidade, finalmente saiu do chuveiro. Ela enrolou-se em uma toalha
e encarou seu reflexo novamente. Apesar de ainda se sentir um caco por dentro, pelo
menos ela estava fisicamente mais apresentável.
— Eu vou até lá! — escutou a voz de Yi-jin enquanto seus passos subiam os degraus
da escada de dois em dois, parado de frente para a porta do banheiro, ele bateu três vezes
na porta do quarto onde estava. — Três segundos para você sair!
— Qual seu problema com o número três? Três batidas, três segundos, três tantos para eu
te socar se me apressar mais uma vez! — Ela gritou de dentro do cômodo e ao abrir a porta
os olhos do estudante de medicina recaíram sobre o corpo dela, estava envolvida
apenas de uma toalha branca.
— Nós estamos atrasados. — Ele avisou virando-se de costas para não encarar por mais
tempo ela vestida daquela forma.
— O que você está fazendo aqui? — Hana perguntou para Yi-jin e antes de tirar do
banheiro, ela virou se para ele mais uma vez e gritou: — Vaza!
No quarto, sentada à beira da cama, estava cercada por algumas de suas amigas.
Enquanto Eun-ji secava os cabelos da estudante de arquitetura e Hana segurava em suas
mãos uma diversidade de produtos de maquiagem, escolhendo cuidadosamente o que seria
usado para aquela manhã e por último, Ji-soo, Hye-jin e Su-min vasculharam o armário
discutindo sobre a roupa adequada para aquela ocasião. Conversas animadas e risadas
suaves preenchem o quarto enquanto todos se dedicam à tarefa de fazer a protagonista se
sentir espetacular. No final, quando ela se olha no espelho, ela vê uma versão melhorada
de si mesma, um meia calça grossa por baixo de uma chemise de algodão branca onde o
colarinho era alto e fechado por um laço sofisticado, além dos punhos com babados.
optou por escolher um casaco de lã com corte clássico e um par de oxfords brancos com
fivela dourada, as joias escolhidas eram discretas e seus cabelos caíam em cascatas pelas
suas costas.
— Podemos ir — disse após espirrar uma quantidade suficiente de perfume.
O dia estava ensolarado e repleto de expectativas enquanto , a líder da Bitnaneun
Byeol, e seus amigos se dirigiam ao auditório da faculdade, onde ocorreria o último evento
do Festival Universitário. O céu estava claro e azul, e o calor ameno combinava com a
empolgação que pairava no ar. caminhava atrás dos seus amigos, Charles, Yi-jin,
Ji-soo, Hye-jin, Eun-ji, Su-min e Hana. Todos eles estavam animados e ansiosos para
divulgar aos calouros os próximos integrantes da casa, vestiam roupas despojadas e
usavam sorrisos em seus rostos enquanto conversavam.
— O auditório não mudou, me lembre por qual motivo não vamos poder fazer isso no
ginásio. — Hye-jin pediu olhando para Hana enquanto entravam no auditório lotado de
veteranos e calouros.
— Os veteranos da Hwa-rang Society fez um trote ontem e o ginásio sofreu com inundação
de espuma. — Hana explicou enquanto eles andavam até as primeiras fileiras de cadeiras,
reservadas para membros de uma fraternidade ou irmandade.
— Eu sinto que poderia sair correndo daqui imediatamente, eles são tão barulhentos. —
Su-min reclamou colocando suas mãos nos ouvidos.
— Lembro de ser do mesmo jeito, estava tão ansiosa para encontrar um grupo e vocês são
a minha família. — Ji-soo comentou sentindo-se emotiva sendo abraçada por Charles, que
foi imediatamente contagiado pelas lembranças.
— Um grupo de personalidades distintas que se consideram uma família, isso é uma
loucura. — Yi-jin retrucou rindo. — ? Onde ela foi?
— Ué, ? — Eun-ji varreu o auditório com seus olhos procurando a líder da casa, mas
sem sucesso, a líder do grupo havia sumido. — Onde diabos essa garota se meteu?
Há alguns metros de onde o grupo havia ficado, se aproximava de Kang Taeyong,
sobrinho de Ji-Hun, talvez ele soubesse onde o homem estava e era uma chance dela
conversar com o ator, caso ele aparecesse para buscá-lo naquele dia.
— PACHINKO! — gritou e o garoto encolheu os ombros. Ele estava fugindo. — Ei!
Garoto, volta aqui!
— O que você quer comigo? — Ele perguntou mal-humorado quando ela agarrou seu
cotovelo, o impedido de dar mais um passo. — Escuta, seja lá o que você tem com o meu
tio, eu não tenho nada a ver com isso.
— Ele não veio? — Ela perguntou com medo da resposta, mas o garoto baixou os olhos. —
Certo.
— Meu nome é Taeyong. Para de me chamar de Pachinko! — Ele pediu revirando os olhos.
— E eu não preciso de um babá. Consigo andar de ônibus sozinho... Você pode me largar?
— Claro. — largou o cotovelo dele. — Você sabe se ele tinha algum compromisso
hoje?
— E você por acaso está lendo aqui na minha testa “assessor de estrela”? — Ele indagou
olhando com um desprezo.
— ! Já vai começar, você precisa voltar para seu lugar. — Ji-soo se aproximou dela ao
achá-la no meio dos calouros. — E você quem é?
— Isso não importa. — Taeyong respondeu dando as costas e se enfiando no meio dos
outros novatos.
— Será que a mãe desse garoto sabe dessa má educação dele? — Ji-soo indagou para
, que deu de ombros.
As duas voltaram para onde o resto do grupo estava e não conseguiu disfarçar a sua
decepção por Ji-Hun não ter aparecido, quer dizer, ele estava lá diariamente e nunca havia
sido um problema, mas talvez, agora, ele não tivesse motivos para ir. Discretamente, ela
limpou algumas lágrimas que se acumulavam em sua linha d’água do olho e observou a
Diretora de Fraternidades subi no palco, elegantemente vestida em um terno, que lhe
deixava séria, mas aparentando jovialidade.
— Bom dia a todos, sejam bem vindos. É com grande alegria e entusiasmo que dou as
boas-vindas a todos os nossos queridos calouros, que estão prestes a iniciar uma jornada
extraordinária aqui em nossa instituição de ensino superior. Meu nome é Joon Da-i, sou
Diretora das Fraternidades, — ela começou exibindo um sorriso enquanto olhava
atenciosamente para os rostos à sua frente. — Hoje, estamos reunidos aqui para celebrar o
início de uma jornada que promete ser repleta de aprendizado, crescimento pessoal e
conquistas incríveis. Este é um momento emocionante para cada um de vocês, pois
representa o primeiro passo em direção a um futuro repleto de possibilidades. No entanto,
hoje, não estamos aqui para celebrar apenas o início de uma nova fase, mas para dedicar
um tempo para prestar homenagens a realizações individuais. Então, é com grande prazer
que dou as início à nossa premiação anual das categorias estudantis. Chamo aqui para o
palco, o Mestre Baek e a Dra Kwon.
O som coletivo de palmas e assobios preencheu o ambiente quando os dois professores se
juntaram ao restante da banca acadêmica formada por outros professores e coordenadores
de curso. Os dois agradeciam ao convite com arcos e acenos, suas bocas exibindo um
sorriso ao se aproximarem do microfone colocado no meio do palco.
— Bom dia a todos! Bem-vindos à nossa Premiação Anual das Categorias Estudantis. É
uma noite especial em que reconhecemos e celebramos as realizações notáveis dos
nossos estudantes. Vamos começar com a primeira categoria: Excelência Acadêmica. — Sr.
Baek dizia com entusiasmo.
O mestre de cerimônias anunciou os nomeados e, finalmente, o vencedor.
— E o vencedor da categoria Excelência Acadêmica é... — Dra Kwon fez uma pausa
dramática — D’Angelo!
A plateia aplaudiu calorosamente, enquanto , subia ao palco com um sorriso radiante.
Ela cumprimentou cada um dos seus professores e coordenadores antes de receber o
buquê de flores coloridas junto de uma pequena estatueta no formato de um faisão.
À medida que os prêmios eram anunciados e os vencedores subiam ao palco para receber
seus troféus, aplausos efusivos ecoavam pela sala. Os discursos de agradecimento eram
marcados por gratidão aos professores, amigos, e às oportunidades oferecidas pela
universidade.
— O vencedor da categoria Comunicação e Mídia é Charles Saarinen! — Dra Kwon
parabenizou ao finlandês que subiu ao palco com um sorriso radiante recebendo suas flores
e o troféu.
Ao chegar ao microfone, Charles olhou para a plateia, mas seus olhos repentinamente se
fixaram em um rosto conhecido. Lá, na quarta fileira, ele avistou Sunan. Sunan estava
sentado com um sorriso orgulhoso no rosto, olhos brilhando de admiração enquanto
observava Charles. O coração de Charles se aqueceu com a presença de Sunan, e um
sorriso incontrolável se formou em seus lábios. Ele agradeceu brevemente a seus colegas,
professores e a todos que apoiaram o projeto jornalístico e se juntou aos seus amigos.
— A vencedora da categoria Envolvimento Comunitário e Serviço Voluntário vai para Yoon
Hana!
Quando Dra Kwon chamou o nome dela, Hana sentiu as pernas tremerem enquanto
caminhava em direção ao palco. Cada passo parecia uma eternidade, mas ela manteve a
cabeça erguida, determinada a manter a compostura. Quando finalmente alcançou o
microfone, Hana olhou para a plateia. A sala estava repleta de amigos e colegas de classe
que a aplaudiam calorosamente. Enquanto falava, seus olhos frequentemente encontravam
os de Eun-ji na plateia, o que lhe dava uma sensação de conforto e confiança. A estudante
de engenharia estava sorrindo para ela, os olhos cheios de orgulho e carinho.
Enquanto retornava ao assento na plateia, Eun-ji a abraçou com orgulho, fazendo-a
sentir-se verdadeiramente especial. Para as próximas categorias, outros alunos subiram ao
palco, cada integrante da Bitnaneun Byeol conquistava um troféu e comemoravam com
entusiasmo, ao final o grupo também recebeu a premiação de Contribuição Excepcional
para a Comunidade.
O palco, decorado com as cores vibrantes das diversas fraternidades da universidade,
brilhava com um ar de celebração. Os líderes de fraternidade, cada um vestido em trajes
característicos, estavam alinhados em uma fileira, ansiosos para revelar os novos
integrantes que se tornariam parte de suas famílias. No centro da fileira, , que batia
discretamente o salto do seu sapato no chão, expondo seu anseio por deixar aquele lugar o
mais rápido possível.
A tensão no ar era palpável enquanto os membros em potencial das fraternidades
aguardavam ansiosamente no auditório. Os candidatos, sentados nas fileiras de cadeiras,
trocavam olhares nervosos e sussurravam entre si. Alguns torciam para serem escolhidos
pela fraternidade de seus sonhos, enquanto outros mal conseguiam disfarçar a ansiedade
em seus rostos. Joon Da-i pegou o microfone, cuja luz vermelha indicava que estava ligado,
e começou a falar com uma voz firme e calorosa. Seu discurso era carregado de emoção e
orgulho pela fraternidade que representava. Ela falou sobre os valores da fraternidade, sua
história e os momentos especiais compartilhados como membros.
— Sem mais delongas, quero chamar D’Angelo para anunciar os nomes dos calouros
que se juntarão a ela e a Bitnaneun Byeol durante seus anos de graduação. Srta D’Angelo?
— A diretora a chamou e um holofote destacou , a fazendo fechar seus olhos
momentaneamente e em seguida dar alguns passos para assumir o lugar da Sra Joon de
frente ao microfone. — Todos nós passamos por um processo seletivo rigoroso da vida, no
entanto, continuamos acreditando que ao demonstrar dedicação...
começou a falar, sua voz inicialmente trêmula e fraca. Ela viu os olhares atentos da
plateia e, de repente, sentiu como se todos estivessem julgando cada palavra que saía de
sua boca. Os batimentos cardíacos aceleraram ainda mais, fazendo-a se sentir tonta e um
pouco sem fôlego. Ela fez uma pausa, forçou-se a continuar, sua voz gradualmente
ganhando força à medida que o discurso progredia.
— Valores alinhados aos de pessoas que admiramos e um compromisso inabalável com a
amizade ao entrar numa fraternidade como esta, é uma experiência única, por isso, gostaria
de dar boas-vindas a... — se concentrou na mensagem que desejava transmitir e
tentou ignorar a sensação de estar se perdendo. Suas mãos tremiam e ela estava agitada,
preocupada com a forma como Ji-Hun havia interpretado sua mensagem impulsiva e
emocional de término. estava passando por um momento difícil quando ao falar para
seus pais sobre estar saindo com alguém, eles se mostraram desapontados pela quebra de
promessa que havia feito, e ela também sabia que havia magoado profundamente o ator.
Enquanto olhava para o envelope em suas mãos, encarando uns sussurros julgando
ela, seu celular se acendeu e uma mensagem de Ji-Hun apareceu na tela. Ele expressou
confusão e tristeza em relação à mensagem dela e pediu para conversarem pessoalmente
para entender melhor o que estava acontecendo. A mensagem de Daniel a deixou ainda
mais preocupada, e ela percebeu precisar resolver a situação imediatamente.
— Me desculpem. Eu realmente sinto muito. — murmurou e o papel deslizou dos
dedos dela lentamente até alcançar o chão e abandonou o púlpito correndo para fora do
auditório, ignorando o olhar surpreso dos presentes. Seu coração estava acelerado, e a
preocupação a impulsionava a cada passo.
Enquanto corria pelo campus da faculdade em direção ao local onde os táxis costumavam
ficar estacionados, ela pegou seu celular e discou o número de Ji-Hun, esperando
ansiosamente que ele atendesse.
— Por favor, me atende! — Ela suplicou enquanto corria pelas escadas da universidade
para chegar até a avenida. — Kim Ji-Hun. Por favor. Táxi! Táxi! Ji-Hun? — indagou
quando escutou a respiração do outro lado da linha. — Ji-Hun, preciso te ver agora. Eu não
quero deixar as coisas acabarem dessa forma. Podemos nos encontrar em 30 minutos?
Ji-Hun hesitou por um momento antes de concordar, e eles combinaram um local onde se
encontrariam. Ambos combinaram de se encontrar em uma cafeteria não muito distante da
universidade, mesmo assim pegou um táxi para ir até o lugar. Suas pernas tremiam
como gelatinas, aparentemente histórias de amor com altos e baixos não foram feitas para
pessoas ansiosas. O trânsito estava um verdadeiro inferno e ela teve vontade de largar o
carro no meio da avenida, mas não fez, esperou impacientemente no veículo até
chegar na cafeteria e entregou algumas notas para o motorista sem importar muito com a
quantidade que estava entregando, tendo total consciência que se arrependeria daquilo
mais tarde.
Ao se aproximar do local, avistou Ji-Hun de costas, de pé junto ao meio fio. Ele
parecia imerso em seus próprios pensamentos enquanto tinha um dos cigarros na boca,
soprando a fumaça esporadicamente, e sua postura revelava uma tensão evidente. Ana
ficou paralisada por um momento, seu coração apertando-se com uma mistura de
nervosismo e esperança. Ela sabia que precisava enfrentar a situação e tentar consertar o
que haviam quebrado.
— “Como se nunca tivéssemos nos conhecido” — Ele falou sozinho chutando algumas
pedrinhas que estavam na calçada e resmungou algo inaudível. Não conseguia entender o
que ele fizera de errado para aquilo estar acontecendo. — Isso só pode ser brincadeira.
Com passos hesitantes, se aproximou de Ji-Hun, que não havia notado sua chegada.
Ela parou a alguns passos dele, observando-o de costas, e respirou fundo antes de falar.
— Ji-Hun... — sussurrou com uma voz hesitante.
Ji-Hun virou-se lentamente ao som de sua voz, e o olhar em seu rosto era uma mistura de
surpresa e emoção reprimida. Seus olhos encontraram os de , e uma tensão ainda
maior preencheu o espaço entre eles.
— ... — Ele disse com uma voz suave.
Houve um momento de silêncio tenso enquanto eles se encaravam, ele claramente
atormentado pelo o que ela havia dito e confusa entre escutar suas emoções ao
dizê-la para viver um acontecimento por vez, enquanto sua razão dizia não ter motivos dela
prolongar uma aventura amorosa fadada ao fracasso. Ji-Hun deu um passo à frente,
aproximando-se de e o corpo dela automaticamente respondeu, dando um passo
para trás.
— Se você iria fugir mais uma vez, por que me chamou até aqui? — Ele pergunta franzindo
o cenho e joga o que resta do cigarro no chão, pisando em cima dele para apagá-lo.
— Eu não quis, não queria... — tenta dizer, mas as palavras parecem embolar em
sua língua e nada saí. Ela desvia olhar por um instante, lutando para conter as emoções
que a consumiam e respirou fundo.
— Até quando você vai fazer isso? — Ji-Hun usava o tom de voz afiado. Não tinha mais
paciência para lidar com pessoas que não sabiam o que desejavam.
— Eu te odeio. — D'Angelo deixou que as palavras saíssem da sua boca, mas ele revirou
os olhos.
— Me ligou quinze vezes apenas para dizer isso? — Perguntou arqueando uma das
sobrancelhas. — Não consigo acreditar.
— Nem eu. — Ela sussurrou para si mesma. Queria poder odiá-lo. Seria extremamente
mais fácil.
— Então, nós vamos poder conversar ou você prefere me fazer de besta em ter vindo até
aqui para te ver desistindo?
Ela piscou os olhos e ele apenas fez um gesto mudo para que entrassem na cafeteria
praticamente vazia por ser fora do horário comum para café da manhã, andaram até uma
última mesa e sentaram-se um de frente para o outro.
— Está com fome? — Ji-Hun perguntou e ela assentiu. — O que vai querer?
— Café Dalgona — respondeu sem manter o contato visual que ele fez quando a
olhou por cima do cardápio. O ator esperou que o garçom saísse de perto deles para pegar
seu celular e abrir nas últimas mensagens que ela enviara para ele.
— Nós devemos terminar. Por favor, nunca mais me procure. Será mais fácil para nós dois
se as coisas continuarem como se nunca tivéssemos nos conhecido. — Ele começou a ler
algumas das mensagens e ela sentiu seu coração afundar, pareciam bem piores no tom de
voz que ele usava. — Quer que eu continue a ler ou vai me explicar o que aconteceu? Nós
estávamos bem ontem. O que você quis dizer? Qual é o problema?
— Nada. — Ela mentiu. Deixa de ser burra! É claro que tem problema ou você não
chamaria ele até aqui para olhar nos olhos dele e o deixar decidir o que faria com a merda
que você fez de madrugada.
— Você não para de mexer na linha solta da roupa e sua boca está vermelha do tanto que
está mordendo os lábios, se continuar desse jeito vamos ter que resolver isso daquela
forma... — Falou se debruçando na mesa para ficar mais perto dela e a mulher sentiu um
arrepio passar entre suas pernas. — Não é assim que você gosta de resolver? Se divertindo
por algum tempo e depois caindo fora?
— É que nós estamos distantes. — Enquanto o vento suave vindo do lado externo soprava
seu cabelo, fechou os olhos por um momento, deixando que as lágrimas se
acumulassem. Ela adorava as novas sensações proporcionadas por ter Ji-Hun em sua vida,
e a ideia de permanecer na incerteza do que poderiam ser, aterrorizava . No entanto,
a perspectiva de decepcionar seus pais, que sempre haviam sido seu porto seguro, era
igualmente angustiante.
— Eu nunca estive tão próximo de alguém. — O ator respondeu olhando ela. — Vamos, me
conta.
— Eu estava bêbada, havia descoberto que temos esses doze anos de diferença e vira uma
matéria sobre você estar prestes a casar, tudo bem que descobri hoje pela manhã que é
uma notícia antiga, mas você poderia ter me dito sobre tudo isso. Eu pensei que fôssemos
honestos um com o outro, Ji-Hun. — dizia sentindo um nó formar em sua garganta.
— Pensei que você tivesse pesquisado meu nome na internet e que não tivesse problemas
com isso. — Os olhos dele se moviam ligeiramente buscando algum resquício de humor no
rosto dela.
— E eu não tenho! — A voz dela estava por um fio. — É uma diferença de idade muito
maior do que eu esperava e as outras pessoas podem dizer coisas horríveis.
— Não. Não ouse colocar os outros nesse meio. — Ele a interrompeu com uma feição dura.
O garçom retornou para a mesa deles deixando os dois cafés que ele havia pedido, nenhum
deles estava com fome.
— Já chega! Eu... Argh! — A mulher se levantou rápido, mas antes que ela saísse o ator
agarrou o pulso dela. — O que você quer?
— Senta. — Ji-Hun pediu calmamente, mas a voz dele penetrando nos seus ouvidos a fez
vacilar com as pernas.
— Não. — Respondeu ríspida.
— Ok, então serei rápido. Responda apenas uma pergunta: Você se divertiu enquanto eu te
fazia pedir por mais? — Ji-Hun teve que se conter em não se mexer, desconfortável com o
tecido da calça o apertando. De fato a imaginação era a pior inimiga do homem, ainda mais
quando eles pareciam ter o tipo de chama que teimava em apagar.
— Mas que tipo de pergunta é essa? — perguntou sentindo as bochechas
esquentarem imediatamente.
— Responda. Se divertiu ou não? — Sua voz não tremeu ao perguntá-la e ele a olhava
atentamente, observando como sua respiração falhava e ela tentava desviar o olhar dos
lábios entre abertos dele.
— Eu... é... — sentia um calor descendo desde sua nuca até suas pernas e se
instaurando no meio delas, num formigamento prazeroso.
— Foi o que eu pensei. — Ji-Hun jogou algumas notas na mesa, o suficiente para pagar a
conta das bebidas e se levantou agarrando a mão dela em direção à saída do restaurante.
Com doze anos ou não de diferença ele mostraria com quantos paus se montava uma
barraca. O caos do horário do almoço emergia da agitada rua da cidade enquanto o casal
se aproximava de um carro estacionado na calçada. Ambos exalavam um ar de excitação.
Ji-Hun, com um olhar determinado no rosto, segurou a porta do carro aberta para
com um gesto gentil. A urgência estava estampada em seus olhos, mas também havia um
toque de ternura enquanto ele observava entrar no carro.
O motor ronronou suavemente quando Ji-Hun ligou o carro ao fechar a porta depois de
dirigir-se para o lado do motorista. O som da fechadura clicando ecoou pelo ar,
simbolizando a privacidade que finalmente teriam. Enquanto o carro se afastava da agitação
da cidade, e Ji-Hun compartilharam um sorriso cúmplice, seus olhos se encontrando
segundos antes dele pisar forte no acelerador, mesmo a contragosto, odiava dirigir daquela
maneira, mas seu propósito era encurtar o caminho até o seu apartamento.
Com uma das mãos no volante, Ji-Hun deslizou a outra para a parte internas das coxas de
e seus lábios se curvaram em um sorriso satisfeito quando ela moveu seu quadril
para tentar fazer com que a mão dele chegasse onde ela desejava. Seus dedos
encontraram-se com o tecido de renda da calcinha dela e ele brincou em puxá-la para o
lado. — D'Angelo no que você estava pensando quando me chamou para vir até essa
maldita cafeteria?
— Não sei, escutar Lana Del Rey juntos? — Ela respondeu sarcástica e sua mão que
passeava pela coxa dele foi de encontro onde a mão dele estava para guiá-lo até onde ela
queria, gemendo baixo quando o polegar dele pressionou sua intimidade por cima do tecido
da calcinha.
— Se sua intenção era me fazer tirar tudo isso, por que vestiu? — Ji-Hun perguntou
sussurrando contra o ouvido dela, quando parou em um dos semáforos da avenida.
— Verde. — Ela suspirou com dificuldade fechando os olhos. — O sinal está verde.
Por sorte, as janelas do carro tinham o vidro fumê e não permitia que ninguém visse o que
estava acontecendo do lado de dentro do veículo ou chamariam a polícia por atentado ao
pudor, cometidos em plena manhã no trânsito. Sem aviso algum, Ji-Hun introduziu dois
dedos dentro dela e mordeu a palma da mão para tentar suspender o gemido
surpreso e ele devagar movimentava seus dedos causando alguns espasmos no corpo da
mais nova, não que ele estivesse diferente, seu corpo estava suplicando pelo dela, mas
algo o dizia que aquilo não iria acabar tão cedo.
— Eu deveria deixar você assim. — Falou interrompendo o ato enquanto estacionava o
carro na vaga destinada a ele.
Saindo do veículo, Ji-Hun colocou uma das mãos no bolso do casaco e a outra
entrelaçando seus dedos aos dela enquanto iam até o elevador. Apertou algumas vezes o
botão e quando finalmente as portas se abriram, ele repetiu para que se fechassem antes
de indicar o andar que morava, onde se localizava seu apartamento. O tempo dentro
daquele cubículo ele permaneceu posicionado atrás de enquanto a segurava pela
cintura, sem tirar sua atenção dos números que apareciam na pequena tela acima da porta,
contando os segundos para que chegasse logo no andar que ele morava.
Finalmente, o elevador parou de subir e as portas se abriram. Sem perder tempo, eles
saíram apressados, quase tropeçando enquanto tentavam alcançar a porta da frente. A
cabeça de Ji-Hun pareceu demorar uma eternidade para lembrar da senha enquanto
o tocava por cima do jeans, mas finalmente a porta se abriu.
— Mas que porra, . — Ele tremeu quando ela o apertou e escutou a fechadura ser
destrancada, não perdeu tempo em empurrar a mulher para dentro do apartamento
fechando a porta atrás de si e finalmente puxando ela para os seus braços. — A gente tem
uma coisa perigosa, não?
— Eu não posso resistir. — Ela sorriu e ele negou com a cabeça, o ar estava carregado de
eletricidade. Os lábios se encontraram em um beijo ardente, cheio de desejo reprimido. Eles
se afastaram apenas o suficiente para se olharem nos olhos, com sorrisos travessos que
prometiam uma noite intensa pela frente.
chutou seus sapatos para longe e ele a suspendeu no seu colo caminhando até o
quarto após seus tênis ter o mesmo destino que as botas que ela usava. Os dois sorriram
um contra a boca do outro quando encontraram o colchão confortável e com ela sentada em
seu colo, ele deslizou suas mãos para os botões da camisa, revelando um sutiã de renda
que cobria apenas uma parte dos seios dela.
— Mesmo que eu pudesse resistir, eu não teria essa intenção. — Ji-Hun sussurrou contra
os lábios dela, voltando a beijá-la intensamente.
À medida que as roupas foram sendo retiradas, o ator estava apenas de cueca e se
posicionava por cima da mulher ao iniciar uma nova sessão de beijos, descendo pelo busto
dela. No entanto, colocou suas mãos no rosto dele, erguendo seu rosto, para que ele
pudesse ver que era a vez dela se divertir.
Inverteu suas posições viajando pela pele dele com seus lábios, mordiscando e lambendo o
tórax dele até chegar na barra da cueca, olhou para ele vendo que o homem mordia os
lábios ansiando pelo que ela faria. Agilmente, desceu a boxer pelas pernas dele
exibindo um sorriso maldoso quando viu que o pau dele já estava duro, ele quis rir com a
expressão que ela fez, no entanto, a risada ficou presa em sua garganta quando a brasileira
envolveu a ereção com uma das mãos em um aperto suave, roçando o polegar lentamente
na glande e ele gemeu forçando a pelve contra a mão dela, buscando mais fricção.
— Eu deveria deixar você assim. — Ela repetiu as palavras de ameaça dele e pode ver o
pavor transparecer nos olhos de Ji-Hun, desesperado. Ela sorriu maldosa e baixou seu
rosto em direção ao pênis, envolvendo-o com sua boca e fazendo movimentos para cima e
para baixo. Kim entrelaçou seus dedos nos cabelos dela fazendo um rabo de cavalo e a
guiou lentamente, a visão dela chupando ele o fazia delirar, revirou os olhos gemendo alto e
soltou algumas palavras desconexas.
— Cacete. — Ele disse em coreano puxando ela para cima e a beijou. — Deus, . Olha
o que você fez comigo.
— É só uma amostra do que eu sou capaz. — Ela sussurrou enquanto rebolava sobre ele.
Com as mãos ágeis, ele procurou o fecho do sutiã que ela usava para retirar a peça e beijar
desde a mandíbula da mulher até os mamilos, que receberam uma atenção especial por
parte dele.
— Eu preciso de você. — Ele disse baixo com o rosto afundado nos ombros dela e a mulher
assentiu, beijou os lábios dele algumas vezes antes de buscar um preservativo na mesinha
de cabeceira, onde já havia sido encontrado nas outras vezes e mostrou a embalagem
dourada, rasgou cuidadosamente e o entregou para que vestisse.
O ator se ajeitou na cama bagunçada enquanto ela tirava a calcinha e a puxou de volta para
o seu colo abraçando a cintura de quando ela deslizou pelo pênis dele. Ambos
gemeram arrastados e ela levou uma das mãos até o cabelo dele soltando os fios, Ji-Hun
apertou o quadril dela auxiliando nos movimentos até estarem no melhor ritmo, arfando em
uníssono.
— Caralho! — ela grunhiu, mordendo o lábio do ator e arranhou as costas dele, quando o
ator a inclinou para trás, sustentando seu corpo com um dos braços enquanto com a outra
mão dele pressionou o polegar no clitóris dela sem parar de estocar na mulher.
A temperatura no quarto aumentou em poucos segundos, entretanto, talvez nem o corpo de
bombeiros conseguiriam amenizar o calor que o cômodo exalava. Ambos estavam suados e
os fios de cabelo grudavam na pele. Ele estalou um tapa na bunda dela, deixando uma
marca visível da sua mão na pele branca e sensível. Conforme ele saia e entrava de dentro
dela, estocando com força e rapidez, Ji-Hun conseguia ver estrelas, sua visão com alguns
pontos cegos.
— Gostosa. — Ele falou rente a boca dela antes de beijá-la, faminto pelos seus lábios
enquanto seu quadril trabalhava em libertar seu próprio clímax. gozou tentando
abafar os gritos, mas não conseguiu e não demorou muito para que ele sentisse seu corpo
entrando em combustão, sentindo os músculos da pélvis contrair descarregando seu
orgasmo no preservativo.
Estavam exaustos, ela completamente consumida quando ele saiu de dentro dela. O casal
se beijou carinhosamente e Ji-Hun se colocou cuidadosamente para o lado, antes de
levantar-se para descartar o preservativo no banheiro.
Ele voltou à cama, deslizando suavemente sob os cobertores ao lado da mulher. Esticou o
braço, convidando-a a se aconchegar em seu peito. não hesitou, movendo-se
rapidamente para se acomodar mais perto dele. Seu corpo estava parcialmente coberto por
um lençol fino, suas pernas entrelaçadas, enquanto apenas as respirações entrecortadas
preenchiam o espaço, acompanhadas por um assunto pendente e não resolvido.
— Ontem, eu estava bêbada. — Ela confessou após um instante de silêncio, deslizando
seus dedos pelo peito dele. — Às vezes, sinto que estou à beira da loucura.
— Por que diz isso? — Ele perguntou, soltando uma risada suave e focando seus olhos nos
dela, azuis como o céu.
— Primeiro, eu deixei minha cidade natal para estudar arquitetura na capital. Isso não deu
certo, e acabei fugindo até aqui. Prometi a mim mesma que nada sairia do meu controle, e
aqui estou eu, mentindo mais uma vez. — Ela admitiu, traçando o maxilar dele com os
dedos.
— Mentindo? Sobre o quê? — Ji-Hun indagou, curioso, enquanto suspirava.
— Sobre não querer isso. — apontou para os dois. — Eu não te odeio.
— Eu sei. — Ele sussurrou. — Você pode quebrar meu coração, mas, por favor, não vá
embora. — O ator selou seus lábios em um beijo demorado.
— Você é incrível. — Ela riu, virando-se de bruços e surpreendendo-o. — Eu nunca, quis
algo tanto na vida como te quero. Não consigo passar um dia sequer sem imaginar uma
vida ao seu lado. Kim Ji-Hun, fugi do auditório apavorada com a ideia de não te ver mais.
Você ocupa meus pensamentos por mais tempo do que eu gostaria de admitir, e isso me
preocupa, por ser como um vício tê-lo por perto. E eu tenho medo de dizer que estou me
apaixonando...
— Não! — Ele a interrompeu, sentando-se na cama e rindo. — Espere um segundo, eu já
volto e coloco isso, não consigo lidar com você nua, embora seja uma das melhores visões.
— Onde você vai? — perguntou confusa, vestindo a camisa que ele usava antes de
começarem a brincadeira, tentando ajeitar seus cabelos. Ji-Hun havia vestido uma cueca e,
quando voltou ao quarto, carregava um buquê de flores e uma sacola azul-marinho. — Não!
— Deixe-me falar ou vou perder a coragem. — Ele disse, rindo, e sentou-se na cama. —
Certo, eu sei que temos muito a enfrentar a partir de hoje, dependendo do que você disser.
Mas, por enquanto, não quero pensar nisso. Na verdade, não quero que você se preocupe
com isso, e eu... Droga! — Ji-Hun exclamou em coreano, envergonhado. — Aigoo! Eu... Eu
não preparei nada bonito para te dizer.
— Ji-Hun, não precisa ser nada elaborado, apenas diga o que sente aqui... — Ela colocou
suavemente uma das mãos sobre o peito dele, onde o coração batia.
— Certo. , você é incrivelmente bonita de tantas maneiras. Suas mensagens iluminam
meus dias, e seu sorriso, sua risada e até mesmo a maneira como morde os lábios quando
está nervosa, todos esses detalhes a tornam a pessoa mais memorável desde o momento
em que pus os olhos em você. Sinto que, se estiver ao seu lado, posso lhe dar todo o amor,
como se eu fosse o céu e você as estrelas que iluminam minhas noites. Portanto, se você
quiser, se desejar, posso lhe entregar a chave do meu coração. Embora, na verdade, você
já esteja aqui dentro... — Ji-Hun sentia que seu coração estava à beira de um ataque
cardíaco na frente dela, enquanto ela o observava atentamente com seus olhos azuis. Ele
achava adorável como ela já havia afastado e recolocado os fios de cabelo atrás da orelha
algumas vezes. — O que me diz, ? Você quer habitar em meu coração?
— Kim Ji-Hun, você é... Eu não vou conseguir. — Ela riu suavemente, lágrimas nos olhos, e
encostou sua testa na dele. — Não há nada neste mundo que eu deseje mais do que morar
no seu coração.
Ele soltou uma risada genuinamente aliviada, sentindo a tensão escorrer pelos dedos. Sem
hesitar, ele envolveu em um abraço caloroso, cobrindo seus lábios com vários beijos
apaixonados. Eles não se importavam com o cheiro do sexo ainda pairando no ar ou com
seus cabelos desalinhados. Estavam unidos, e isso era tudo o que importava. Tinham a
certeza de algumas coisas, e uma delas era que precisavam criar notas, ou melhor,
escrever volumes inteiros para capturar a profundidade do amor que os envolvia, como os
primeiros raios de sol no primeiro dia do verão acariciando suavemente sua pele enquanto
dormiam juntos.
FIM!!
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