Autora: Ray Dias
    Scripter: Ana Paah
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Última atualização: 13/10/2021
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Faixa 1: All I Wanna Do


dirigia calmo, concentrado na demo de sua nova música. Ainda não havia escrito a letra, mas a construção da melodia estava pronta. Passava por um bloqueio criativo ao se tratar daquele beat. Por isso, mantinha-se ouvindo a demo constantemente, numa mania habitual de entranhar as notas em sua alma, até encontrar o insight perfeito. Tamborilava os dedos no volante e olhou atencioso para o semáforo. Contou até cinco e o sinal verde o indicava a prosseguir.
Como se houvesse caído do céu, bem à frente de seu automóvel, a mulher foi atingida pelo carro. Ele xingou alto, e desceu imediatamente. Algumas pessoas já se aproximavam, naquela cidade sempre movimentada, ao local da cena. Não faltava mais nada: um escândalo com seu nome era tudo o que ele mais desejava. A mulher, por sorte, estava bem e levantava-se rápida e sem graça.

— Desculpa senhor! Me desculpe! – a mulher pedia desconcertada enquanto juntava as coisas que haviam caído de sua bolsa.

negou com a cabeça, confuso pelo que acontecia. Abaixou-se apressado para sair da visão das pessoas que tiravam fotos ao notar quem ele era, e auxiliar aquela mulher louca a sair logo dali. Ele olhou para seu rosto e sorriu de canto, ela era diferente. Não era de longe metade da metade das mulheres que estava acostumado a sair, mas havia algo natural e exótico na beleza dela. Ele percorreu os olhos pelo corpo agachado à sua frente, mas não pode ver muito mais do que a fenda da saia dela permitia.
Entregou a ela alguns pertences e antes que ela saísse correndo, após pendurar um pacote, típico de guardar paletós, em seu braço, ele segurou a mão dela chamando-a atenção:

— Oh! Eu estraguei seu veículo? – ela olhava para o carro, curiosa, buscando algum amassado e mordendo os lábios com cenho franzido.
— Não, não… – ele não ligava ainda que tivesse amassado o que seria aquele conserto para ele? — Eu quero saber se você está bem, moça.
— Ah, estou! Não foi nada, desculpe novamente.
— Espera! – ele a segurou de novo estranhando o fato dela não o reconhecer — Deixe-me dar uma carona a você?
— Olha eu vou aceitar sim, porque eu estou muito atrasada!

Imediatamente ela respirou fundo, aliviada e direcionou-se à porta oposta a dele. estava surpreso, sorriu divertido encarando-a enquanto ele entrava em seu automóvel. Imaginou que tipo de notícia estamparia a internet pouco tempo depois: atropela uma mulher, a civil levantou-se e entrou no carro do rapper sem relutância. Seria uma desculpa para um novo affair?”. Ele sorriu para ela que o sorriu de volta. Ela pegou o celular e fez um telefonema, ela falava rápido demais, e não olhava para . Quando ele olhou-a prestes a perguntar onde deveria deixá-la, a mulher apenas colocou a mão à frente da face dele indicando-lhe que virasse na avenida à esquerda. E assim ela foi o guiando pelo caminho: gesticulando e falando no celular.
Quando a mulher o pediu que estacionasse, já estava irritado. Afinal, que garota folgada! E pior do que ela ser folgada era ele gostar dela por aquilo. Ela guardou seu celular e o olhou sorrindo:

— Obrigada! Você foi muito gentil, e mais uma vez me desculpe te atrapalhar deste jeito.

Ele sorriu e sacudiu a cabeça afirmativamente. Ele pensava: “Que mulher mais contraditória! Ela certamente, deve ser o tipo que se acha o centro do mundo”. Antes que ele pudesse abrir a boca para lhe falar, ela prosseguiu:

— Olha, aqui é o meu estabelecimento. – e apontou a fachada do lugar para — Estrearemos um show nesta noite, por isso estou tão afoita. Tome. Espero que venha e se divirta muito.

Ela o entregou um voucher com direito a um acompanhante e sorriu para ele.

— Obrigado. Eu certamente virei. – ele colocou o convite sobre o painel do carro e encarou rapidamente a fachada como se analisasse o lugar.
— Bem, eu já vou. Obrigada, novamente! – ela abriu a porta do carro dele e antes de fechá-la acenou e sorriu.
sabia que ela era louca. Certamente, aquela mulher era louca. E o alerta de diversão dele apitava, pois as loucas eram as que ele mais gostava. Aquela noite, ele apareceu no lugar rapidamente. Pagou sua entrada, e deu o voucher a dois companheiros que trabalhavam com ele. Mas não demorou. Estava realmente curioso em saber que tipo de lugar era aquele. E assim que entrou, viu que nada mais era do que uma casa de diversões. Havia um pouco de tudo ali, ele observava pelas fotografias nas paredes do lugar: algumas subcelebridades frequentavam o lugar, pessoas aparentemente ricas, muitos jovens, havia fotografias de shows de todos os tipos também. Rock, jazz, rap, pop, go-go boys, strippers. Aquele lugar era um clube do mais misto que já havia visto. Ele estava acostumado a lugares que ofereciam diversões parecidas, mas a única coisa que o motivara a ir ali fora a curiosidade. Primeiro pelo estabelecimento, e segundo, pela dona. Quando notou que ela não estaria por lá, ele despediu-se de seus companheiros e partiu. Seu semi agente, já que era autônomo suficiente em sua carreira, havia sido categórico quanto ao “evite confusões até a próxima tour” e o feito, inclusive, assinar um contrato quanto àquilo. Foram exatos vinte minutos, que ele passara ali e logo foi embora.
Depois de um tempo, já faltavam três meses para a turnê. Em seu flat, escutava novamente sua melodia. Não conseguia letra alguma, por mais que tentasse rimas e mais rimas. E aquilo o preocupava, nunca passara por um bloqueio tão longo. Geralmente, fazer as coisas que mais lhe davam prazer destravava sua imaginação. Contudo, ele já havia tentado tudo. Inclusive algo que não fazia há muito tempo: contratar mulheres para uma noite de sexo das mais absurdas. Há algum tempo que não curtia mais aquele tipo de farra. A verdade é que a sua imagem vendida não era realmente a imagem verdadeira de . Aquilo não o incomodava, até a atual crise de identidade e de criação.
Seu celular tocou, o tirando daquela frustrante concentração em tentar escrever algo. E a notícia que seu agente lhe dera, era de que fechara uma apresentação para ele, em uma promoção pré-tour para divulgar seu novo álbum. Aquilo foi a gota d’água. sabia que precisava imediatamente de uma fonte de inspiração. Largou o celular, papel, caneta, o notebook com o beat da música, e foi imediatamente tomar banho. Ainda que não dormisse com nenhuma mulher por livre vontade, ainda que não pagasse nenhuma mulher para dormir com ele também, e ainda que não estivesse tão a fim de voltar à sua rotina caótica. E ainda, “o ainda” mais sério de todos, que tivesse um contrato o proibindo de exposições desnecessárias… Naquela noite, faria o possível e impossível para a música sair. Aquela música, não poderia passar daquela noite!
No silêncio de seu flat, ele entrou no chuveiro, e não demorou muito a sair de lá com outro astral. Foi ao closet escolher uma roupa que demonstrasse autoconfiança o suficiente, queria a sensação de passar entre as pessoas e todos notarem o . A famosa sensação de poder, que lá no fundo ele sabia ser uma tremenda vaguidão dispensável. Porém, vestiria seu personagem aquela noite. Lançou o perfume favorito, e saiu assim que o porteiro anunciou que seu motorista – o qual, ele mandou mensagem para buscá-lo antes de ir para o banho – havia chegado.

, para onde? – ele não gostava que as pessoas que trabalhassem com ele o tratassem formalmente.

Pensou um pouco, pegou o iPhone e digitou na busca, um esboço de nome que permeava sua lembrança.

— Este. – mostrou o endereço do lugar com a fachada para o motorista.

E antes que desse a partida, já guardava o aparelho novamente. Havia visitado o lugar dois meses antes e não voltara mais. Por uma questão muito simples: novamente a curiosidade em como estaria aquela mulher louca, decidiu voltar lá.
O escritório, todo envolto por vidro deixava claro para ela o movimento satisfatório no andar inferior. Ela terminava de preparar a agenda dos próximos eventos. Estava no comando da Insanity Club há cinco anos, e só agora conseguia notar a “fama” do lugar se consolidando. Sem falar, que só agora os gastos com investimento estavam retornando. Estava satisfeita de fato. Viu a luz de sua campainha visual acender, e destravou a porta automática. Logo, seu promoter entrava de olhos arregalados no local.

— O que houve Pietro? – ela falou em muita preocupação por olhar para o andar de baixo e notar que tudo estava aparentemente normal.
— Acabamos de receber um convidado que vai movimentar muita visibilidade! A era das subcelebridades acabou!

Olhou para ele de maneira curiosa, mas contida. Parou o que fazia, sorriu maldosa e recostou-se em sua poltrona branca e elegantíssima. Ali ela sentia o poder que não tinha em sua vida para as demais coisas triviais.

— Quem?
!
— Quem? - perguntou novamente irônica.

— Como assim não conhece , um dos principais k-idols do rapper, no momento? O cara tem uma carreira até extensa com nomes fortes na música ocidental.
— Hm… Leve-me até ele. Quero cumprimentá-lo em nome da casa!
— É… Então… Na verdade… – Pietro aproximou-se mais da mesa dela a passos delicados e com sorriso de orelha a orelha.
— Fala logo, criatura, o que houve?
— Ele solicitou vê-la, segundo ele, gostaria de cumprimentá-la.
— Ele quer me cumprimentar? Ele sabe quem sou?
— Aparentemente sim, pois se referiu à “dona do estabelecimento”.
— Bem… Se ele quer vir até mim, então… Pode subir com ele.
— Ma-ra-vi-lho-sa!

Pietro estava mais animado do que a própria . Antes que ele saísse, ela o chamou.

— O que ele bebe?
— Vou averiguar.
— Providencie que tragam até aqui. Pode ser que consigamos uma futura conversa de negócios.
— Não acho que é de negócios que ele quer falar. – Pietro sorriu sugestivo.

arregalou os olhos e olhou para seu funcionário de modo reprovativo. Algum tempo depois, a mulher estava em pé, mas apoiada em sua mesa. Havia terminado de ajeitar o conjunto branco, sinuoso, elegante e sensual em seu corpo. A luz de aviso acendeu e apertou o controle da porta. Ao abrir, Pietro surgiu à frente de .

— Com licença, . O senhor deseja falar com você.

agradeceu Pietro que saiu imediatamente. olhou-o com certa familiaridade e andou calmamente até ele. Estendeu-lhe a mão em cumprimento.

— Boa noite, eu sou a . Seja bem-vindo. É um prazer tê-lo em nosso clube.
— O prazer é todo meu. – respondeu-lhe num tom sedutor.

Encarava a mulher de cima a baixo, da maneira discreta que ele sabia fazer. A transparência daquela roupa havia dado o primeiro lampejo de relaxamento em seu corpo e mente.

— Então descobri seu nome. Aquele dia você estava tão apressada que mal nos apresentamos.
A mulher semicerrou os olhos o encarando, e com um esforço contido recordou-se do dia em que foi “atropelada” por ele.
— O rapaz da BMW!
— É realmente uma surpresa, que ainda hoje não soubesse quem eu era.
— Me desculpe, é claro que eu já ouvi falar em você! Apenas não reconhecia a sua figura.
— Agora que conhece… – ele sorriu de modo intimidador — Espero que não me ignore, … Seria uma perda, para mim.
— De maneira alguma! Mas por favor, sente-se!

Ela caminhou até o sofá que havia em seu escritório indicando-o para se sentar. E já ia oferecer-lhe bebida, quando surgiram à porta. Ela apertou novamente o controle em sua mão, e garçom entrou trazendo bebidas. sorriu agradecendo o rapaz, e igualmente. Em seguida ela sentou-se ao lado dele, e educadamente brindaram.

— E você retornou aqui, aquela noite? – ela o perguntou.
— Sim. Mas fiquei apenas vinte minutos.
— Oh… – ela ficou surpresa — Algo que o desagradou?
— Não te encontrei.

Ela bebia seu drink quando o ouviu, olhou para ele sorrindo sugestiva, mas sem graça. E ele sorriu de volta.

— Creio que não desejava me ver para cobrar algum reparo do seu carro…
— Não mesmo! – eles riram — Apenas… Estava curioso. Sinceramente achei você uma louca, e eu tenho um fraco pelas insanas.
— Então veio ao lugar certo. – ela respondeu com uma sonora gargalhada.

descobria-se mais e mais interessado em conhecê-la, era tão magnético o clima entre os dois. Ou talvez fosse o tesão acumulado de muito tempo, sobre ele.

— Me fale sobre seu estabelecimento! – ele deixou o copo na mesinha de centro e recostou-se aconchegante.

A verdade, é que sabia que aquela postura largada, evidenciava seu abdômen rígido, principalmente por utilizar a camisa do mais fino algodão que havia escolhido. Dali para frente, cada gesto referenciaria a uma caçada. Cada gesto, seria proposital.

— Meu avô foi um cafetão e este lugar pertenceu a minha família por anos. Mas o sócio dele comprou a parte majoritária, após ele ter perdido o controle dos negócios. Cinco anos atrás consegui recomprar a “casa” e reformulei a imagem dela. Hoje ela não é mais um prostíbulo, é um clube de divertimento e apresentações.

— Uau… Mesmo com as strippers e go-go boys, não há prostituição aqui?
— Não, todas apresentações artísticas. Para quebrar esse conceito de strippers, que provavelmente você adquiriu após ver nossos murais fotográficos, são apresentações de pole dance.
— Hm… Nos lugares que frequentei, pole dance e strip-tease eram a mesma coisa.
— Pois aqui, para conseguir um strip, você terá que conquistar uma mulher como todo homem comum, e se ela quiser encaminhar-se a um motel.

Ele sorriu, em seguida, riu e ela o acompanhou.

— Você é direta. Gosto.
— Que bom, então nos entenderemos bem… Mas e o que lhe trouxe hoje aqui? Procurava um show de strip?
— Não. Procurava me distrair para liberar a tensão de não conseguir compor. E também… A curiosidade em vê-la.

assentiu sorrindo.

— Anda curioso a meu respeito…
— E a cada momento aqui dentro, ainda mais.
— Que tal um jogo?
— Topo.
— Eu nem falei como era.
— Certo… – ele sorriu.
— Um jogo de perguntas. Assim, perdemos todas as curiosidades.
— Todas?
— Todas aquelas que as perguntas responderem.
— Topo.
— Quer mais bebida? – ela perguntou sorrindo.
— Quer me deixar bêbado?
— Não começamos o jogo ainda…
— Eu sei.

Havia algo magnético mesmo. Cada vez mais.

— O que quiser beber. – por fim ele respondeu.

se levantou e encaminhou-se ao “barzinho” de seu escritório. observava cada passo, cada gesto, e cada detalhe do corpo dela. Porque raios ela vestia tanta transparência daquele jeito? Era como se soubesse que ele viria vê-la! Ela serviu uísque para ambos, e sentou-se novamente ao lado dele. Sempre muito elegante e provocativa, mas numa provação natural. Ela não ensaiava, não premeditava aquilo ao contrário de . E ele sabia disso, pois, reconhecia quando uma mulher insinuava-se para ele.

— Pode começar…
— Você sempre e veste assim, aqui?

Ela riu.

— Eu costumo me vestir como a ocasião pede. Gosto de ser vista lá em baixo como a dona disso aqui. Especialmente hoje, que eu não pretendia descer, me vesti com um glamour que não vai ser apreciado o tempo todo.
— Pretende descer agora?
— Não, não pretendo.
— E bem… Não deu muito certo. Eu estou aqui estragando seus planos e apreciando seu look da noite.
— Não há como nos preparar para o improvável, não é?
— Casada?
— Solteira.
— Filhos?
— Um Golden Retriever.
— Solteira por quê?
— Por que nunca me apaixono.

Silêncio. O sorriso de saiu e deu espaço para um brilho intrigante aos seus olhos.

— Minha vez. Por quê não consegue compor?
— Eu não sei. Tenho passado por fases diferentes… Acho que algumas questões estão começando a me deixar preocupado.
— Quais questões?
— Futuro, família, o meu propósito de existência.
— Nossa, que profundidade… Relaxe um pouco . O que costuma fazer para superar quando surge um bloqueio criativo?
— Sexo.
— Já tentou?
— Várias vezes, mas este tem sido complicado… – ele suspirou pesadamente.
— Agora eu. O que você faz para desestressar?
— Sexo. Mas sempre funciona então, não sei como ajudar você.

Os dois riam divertidos.

— Quer mais um drink? – ele perguntou.
— Quer me deixar bêbada agora?
— Você faz sexo quando está bêbada? Por que se isso for um problema para você, prefiro que não beba então.
— Foi o que veio procurar aqui comigo?
— Não. – ele respondeu imediatamente sentindo que ela havia ficado ofendida de alguma forma.
— E o que você quer de mim?
— Beleza, eu quero transar com você.

Ele disse por fim, e ambos gargalhavam.

— Se eu aceitasse… O que implicaria isto?
— Você estaria me ajudando a relaxar, para compor.
— Hm…
— Que hora você fica livre?
— Ao amanhecer.

se ajeitou no sofá, e aproximou-se mais de , e ainda mais de seus lábios, e de um modo sussurrado lhe disse:

— Você aceita?
— Agora?
— Você falou que eu teria que conquistar uma mulher e ir para um motel… Você pode ir para um motel?
— Não foi você quem conquistou. Eu te conquistei. O clube é meu, e eu faço sexo onde quiser, inclusive em meu escritório.

retirou o copo da mão dele, e calmamente o beijou. passou as mãos pela cintura dela apertando levemente. Sorriu, com um comentário que veio à sua mente.

— Você é mesmo insana…

Ela levantou-se, e colocando-se entre as pernas dele, ela abaixou lentamente o véu transparente de sua saia. puxou-a para mais perto e beijou o abdômen dela, brincando com alguns chupões na região. Subiu as mãos massageando os seios dela, e sorriu com o gesto tão delicado, numa atmosfera que percebiam ser tão selvagem.
Numa rapidez que ela não percebeu, se levantou e colou os corpos um do outro. Beijava o pescoço dela com carinho e fazia carinhos em suas costas. Ele mordeu o lóbulo da orelha de , e ela soltou um gemido baixo, que os deixou ainda mais excitados. Que sensação era aquela de tamanha necessidade? não estava há tanto tempo sem transar com alguém… E aquilo era extremamente estranho: o poder dos toques de , deixando seu corpo quente, eufórico e fraco. Ela prendeu-se aos braços dele, fortes. E observava as tatuagens do corpo dele, que a faziam querer decorar cada traço.

— Como você se sente, baby? - ele perguntou ao ver a fraqueza da mulher.
— Estou bem… Continue!

sentiu-se vitorioso, pois, nada havia feito ainda e já estava tão entregue. Em contrapartida, mal sabia ela, que o corpo dele também sofria de tremores precoces. Desejava acabar com tudo rapidamente, mas era maravilhoso deleitar-se em cada sensação lenta de seus corpos. Ele puxou o cropped dela, e em seguida retirou o top branco, que delineava seus seios como numa escultura perfeita. Avistou a tatuagem abaixo da curva do seio dela, quando se sentou no sofá indicando-a que sentasse em seu colo. Não era a única tatuagem do corpo dela, havia outras bem mais aparentes, mas justamente aquela pequena e delicada abaixo do seio, fez com que o corpo dele puxasse-a de modo desesperado.

— Amanhã você poderá dizer que ficou louco ao te ver.
— Não sou assim, tão pretensiosa.
— Não soaria dessa forma… – ele reprimia os gemidos à medida que os lábios dela brincavam com seu corpo, em cada parte onde passavam, deixavam um rastro de tortura boa — Na verdade, eu me sentiria honrado em ouvir as pessoas dizerem que eu perdi a linha por sua causa…

sorriu. Não era o tipo de “sacanagem” que estava acostumada a ouvir num momento daqueles. Na verdade, nem considerou uma sacanagem. Pelo contrário, e sorriu porque se sentiu mulher. Sentiu-se respeitada. Sentiu que não queria apenas se satisfazer, mas também a ela. E para , aquela estava sendo a transa mais atípica de sua vida. Quando é que ele diria algo daquele tipo para uma mulher, no meio de uma transa? Nunca havia feito aquilo, embora achasse certo e mal saberia explicar o êxtase na sensação de exaltá-la daquela maneira, e sentir as mãos dela o acariciando de modo tão grato por aquilo.
Aquela mulher, desconhecida, louca, intrigante, mas também, gostosa, bonita, esperta, e simpática estava sendo o que poderia chamar de “o mais próximo de um sexo com sentimento”. A cabeça dele girava, e à medida que os lábios dela tocaram seu membro, já excitado demais para ser evitado, ficava ainda mais eufórico com uma única frase em sua mente: “Será possível que estou me apaixonando agora, pela primeira vez, no meio de uma transa casual com uma mulher que acabei de conhecer?”.
O desespero era forte e ele tinha medo de onde aquilo ia parar. Queria focar no carnal e esquecer o sentimentalismo, mas talvez, a carência fosse a responsável por aquela instabilidade repentina. Sacudiu a cabeça para afastar os pensamentos e acariciou a nuca dela, que o olhou diretamente em seus olhos. sentou-se novamente em seu colo, e eles beijaram-se. logo separou o beijo, e colocou-a deitada sobre o sofá. Nunca estar em cima de uma mulher foi tão prazeroso, quanto bela a imagem da luxúria nos olhos dela.
As mãos ágeis de retiraram a última peça de roupa que faltava nela, preparou-se com a proteção necessária e a partir dali, os dois derreteram-se um no outro. E depois de “acabar”, havia muito mais dúvidas do que antes, naquele jogo de perguntas. Eles se levantaram sorridentes, e surpresos e começaram a se vestir. puxou o corpo dela para perto do seu e a beijou, da maneira mais calma e profunda que poderia fazer. Sussurrou algo no ouvido dela, que concordou sorrindo.
Ela desceu as escadas do escritório para o primeiro andar, onde o movimento só fizera aumentar. Trocou palavras com Pietro, que sorriu ao ver que a aguardava para sair. Os dois saíram juntos. Seguiram para o carro dele. Em seguida o motorista os levou para a casa de . E ali, no flat, silencioso e escuro, e exploraram seus corpos com mais vontade, mais desejo, e muito mais prazer.
Ele não conseguiu pegar no sono. Lembrava as palavras luxuriosas e as provocações que sussurrou em seu ouvido, e observava ela dormir nua ao seu lado. Aquilo tudo parecia um verdadeiro delírio. O que afinal de contas, havia acontecido àquela noite? Como se todas as coisas voltassem ao seu devido lugar, levantou-se rápido, e sorridente, puxou o papel rabiscado sobre a mesa do quarto, e começou a escrever a letra. Ele sabia que a inspiração voltaria aquela noite. Mas a verdade, é que não foi o sexo por si. Ou um ritual que estava habituado, ou simplesmente o relaxar. Foi ela. Foi estar nela, com ela, e todo o conjunto da obra.
Queria sair correndo pelo sentimento de frequência cardíaca desregulada que, mesmo após, uma hora de terem transado ainda se mostrava presente no peito dele. Aquele descompasso o deixava apavorado. E quanto mais apavorado, mais escrevia. Quanto mais escrevia, mais revivia as sensações e palavras dela ecoavam em sua mente. Já sabia como seria aquela música desde o beat – que estava pronto – até os ajustes finais, já sabia que teria uma parceira para cantá-la também. De manhã, ao acordar, caminhava pelo quarto observando tudo de maneira calma e silenciosa. Avistou as anotações no papel e o lia, quando abriu os olhos devagar. Observava calado, a mulher quieta e curiosa sobre aquela letra. E ela sorria.

— Obrigado. – ele disse.
— Consegui te ajudar, então… – sorriu satisfeita.
— Você sabe cantar?
— Não.
— Que pena… Somos bons juntos.
— Somos… Você vai achar idiota, mas eu nunca tinha vivido um sexo como o de ontem… Foi como ir às nuvens e não querer voltar.

Ele sorriu por entender a referência que ela fazia. Havia escrito aquilo.

— Você não pode se afastar do clube não é?
— Não, mas… Porquê pergunta isso? Quer me sequestrar?
— Quero.

Ela gargalhou, mas ficou calado. Ele levantou-se indo na direção dela. E ela ficou nervosa. Não sabia o motivo.

— Que tal um jogo? – ele perguntou.
— Topo.
— Quer ser minha stripper fixa?
— Como?
— Seja a minha inspiração insana.
— Eu ainda não entendi.
— Vem pra turnê comigo?
— Não posso.
— Como eu faço para conquistar essa mulher e levá-la comigo?
— Você não a conquista. Se deixa ser conquistado.
— E quando eu já fui?
— Volte da turnê e a procure, nem que tenha que atropelá-la. Se a música fizer sucesso, ela é sua.

sorriu e jogou-se em sua cama novamente, deitando de bruços e suspirando fundo. Ele sabia que aquela música seria sucesso. Não demorou muito, para que voltasse a deitar com ele, rindo da própria ansiedade. A ansiedade de que a turnê acabasse logo, e a música fosse o maior hit do momento, para que ela pudesse então ficar com ele por tempo indeterminado.





Faixa 2: Drive


pegou as chaves do carro alugado nas mãos da moça da locadora de automóveis, com um sorriso obsceno para ela. A mulher o acompanhou até o automóvel, e caminhando insinuante o desejou uma boa viagem ao abrir a porta para ele. piscou na direção dela, e deu partida saindo da loja e pegando a saída para a estrada. Havia chegado ao pequeno aeroporto de Phuket em algumas horas, e dali por diante só a estrada que o faria chegar ao seu destino: o Secret Cliff Resort (SCR). Normalmente, os turistas compram ainda no aeroporto, uma passagem de van para suas hospedagens na ilha. Mas além de evitar as aglomerações, por ser famoso, queria apenas paz e tranquilidade em suas férias.
A ilha situada ao oeste da península da Malásia, banhada pelo mar de Andaman é considerada a maior da Tailândia. O hotel para qual decidira ir, estava em um local mais pacato. Afinal, o que ele buscava era um pouco de sossego. Inclusive, para compor com seu amigo Gray que chegaria dentro de alguns dias. O Secret Cliff Resort mesclava o luxo e a simplicidade tropical. Obviamente, se aproveitaria da simplicidade tropical que a natureza compunha, mas ao se tratar de apartamentos, escolheu a parte luxuosa do hotel.
Logo que chegou e fez seu check-in, os funcionários o receberam e levaram suas bagagens aos seus aposentos. tomou um banho, e dormiu. Estava cansado da viagem. Mais tarde, ele foi ao restaurante jantar e aproveitou as áreas noturnas do hotel. Há muito tempo não contemplava um céu tão estrelado como aquele. Ficou ali por tanto tempo, que mal se dera conta do relógio marcando meia-noite. No caminho de retorno para seu quarto passou pelo saguão, e observou uma mulher chegando para fazer check-in. Não visualizou o seu rosto, mas seu corpo o chamara atenção. Era um corpo esguio e delicado, mas que trouxera a ele uma sensação estranha. Imaginou como seria tocar aquela cintura tão próxima de si. Sacudiu a cabeça, a fim de afastar aqueles pensamentos tão tarados. Entrou no elevador rindo de si, e voltou ao quarto. Assistiu algumas programações até que o sono lhe retornasse.
Na manhã seguinte, se espreguiçou com um sorriso de felicidade por uma noite tão tranquila e, que há algum tempo não tinha. Escovou os dentes, e desceu para tomar café. Observou as poucas pessoas no restaurante, e imaginou que perda de tempo não era, dormir muito naquele lugar paradisíaco. Começou o dia com uma massagem no spa do hotel, e assim que a massagista finalizou tudo, ele saiu em direção à piscina. Sentou-se ali na espreguiçadeira, e pediu um drink enquanto aquecia o corpo, com o Sol farto da manhã.
Não demorou muito para que a mulher de corpo esguio surgisse na área da piscina. Ela foi até o outro lado e deixou suas coisas ali. Retirou sua saída de praia revelando o corpo sob o maiô elegante. , teve certeza que aquela mulher tinha algo proibido. Algo que mexia com seu instinto, e liberava uma adrenalina em seu corpo que só poderia significar uma coisa: perigo. Ela entrou na água, de modo calmo como se ninguém a observasse. E sorria ladino, como um assassino observando a vítima. Quando o garçom surgiu trazendo o drink de , a mulher enfim o notou. Num mergulho discreto, que ambos não perceberam, ela se aproximou da borda da piscina e emergiu. a olhou curioso bebendo seu drink, e o garçom ajeitou sua bandeja dando atenção ao chamado dela.

— O que o hóspede bebe? – ela perguntou ao garçom se referindo à .
Tropical Blue. Uma bebida à base de água tônica, frutas cítricas e anis.
— Me traga uma, por favor.

O garçom assentiu e saiu. sorriu para a mulher que o olhava, curiosa, recostada à borda.

— Me desculpe pela indelicadeza. Quando eu o vi, parecia saboroso.

Ela sorriu, de um modo para , muito atrevido. E novamente a injeção de adrenalina em seu corpo, alertava um perigo desconhecido.

— É deliciosa, sim. – ele respondeu no mesmo tom provocante abrindo um largo sorriso depois.
— Qual o seu nome? – ela perguntou.
.
... – ela falou como se lembrasse de algo.

Sussurrou o nome dele, distraída em pensamentos, encarando-o e aquilo fez com que, ele abafasse um riso frouxo.

— Me reconhece? – ele perguntou.
— Não, nunca fomos apresentados.
— E o seu nome, qual é?
— Akemi. – ela falou lentamente, como se o motivasse a se recordar daquele nome.
— Também não conheço nenhuma. Mas é um prazer conhecê-la agora.

Eles sorriram, o drink dela se aproximava, e a mulher deu impulso para sair da água. Seus gestos eram precisos e sensuais. Ela se levantou e pegou o drink da mão do garçom, e pediu também uma toalha que logo foi entregue por outro profissional. Sem ao menos perguntar ao se poderia ficar ao lado dele, ela sentou-se na espreguiçadeira lateral e ali conversaram durante toda a manhã. Havia uma atmosfera sedutora, mas muito confortável entre os dois. Como dois animais selvagens que se reconhecem, de um mesmo bando.
convidou-a para almoçar com ele naquela manhã, e os dois saíram da piscina para seus respectivos quartos. Ela pegou suas coisas, que havia deixado do outro lado da piscina e acompanhou no caminho para o elevador. Quando chegou ao próprio andar, ele descobriu que Akemi estava no quarto ao lado do seu. Ele poderia jurar que aquele quarto estaria ocupado por outro hóspede dentro de alguns dias. Mas certamente estava enganado. Akemi vestiu um short jeans, e um body confortável, com uma jaqueta masculina. vestiu uma camisa branca, calça branca e uma jaqueta jeans branca. Depois que os dois, em seus respectivos quartos, haviam se arrumado, eles encontraram-se no corredor e seguiram juntos até o elevador. deu passagem para Akemi entrar primeiro, e ao notar o escrito "Alaska" nas costas da jaqueta que ela vestia, ele parou imediatamente.

— O que foi? – ela perguntou percebendo a confusão exprimida na face dele.
— Sua jaqueta. Meu amigo tem igual.

Akemi sorriu, e puxou pela mão para que ele entrasse no elevador. O rapaz ainda olhava para ela tentando recordar, de algum fato que explicasse aquela sensação de perigo que ele sentia ao estar perto dela.

— Não é a única no mundo, não é? – ela falou sorrindo divertida.
— Não tenho certeza, mas acho que é sim…
— Oras, imagine! – falou zombeteira — Isso prova que seu amigo tem bom gosto.

Akemi encarava , e sorria, numa tentativa de despreocupa-lo quanto a si. Ela sabia que o rapaz estava incomodado com a sua presença.

— É... Ele tem estilo. – respondeu.
— E você ? Tem bom gosto?

A voz de Akemi soou sedutora e baixa, e sorriu discreto. Não conseguia conter o olhar desafiador e pequenino. Ela espalmou o tórax dele, ainda à espera de uma resposta e calmamente, com um sorriso atrevido o empurrou para a parede do elevador. abaixou a cabeça rindo, quando notou o jogo da mulher.

— Demorou muito para responder . Eu terei que descobrir sozinha…

Dito aquilo, Akemi invadiu a boca dele. Era precisa em seus toques e muito delicada. não resistiu: puxou-a pela cintura sentindo o corpo dela próximo. Era de fato a sensação que ele imaginou quando a viu no saguão. Uma cintura tão fina, e tão sinuosa, que lhe fazia desejar percorrer suas mãos por todo o corpo dela. Ouviram a campainha do elevador indicando o fim daquela "viagem", e separaram-se sorrindo e saíram dali em direção ao restaurante.

— Akemi, no que você trabalha?
— Eu sou modelo. E você?
— Não sabe o que eu faço? – ele ria surpreso — Isso me decepciona um pouco...
— Você é cantor? Tem pegada de rapper.
— Já saiu com rappers?
— Você é um?

Eles riram, e mordeu os lábios, naturalmente. Ela mexia com os instintos dele.

— Eu sou.
— Eu sabia. Já, saí com dois contando com você.
— Hm... E quem era ele?
— Chega de falar de mim, vamos falar de você. O que te trouxe ao SCR?
— A excelente hospedagem rodeada de uma natureza impecável.
— Ok! Pergunta malfeita... O que te trouxe à Ilha de Phuket?
— Tranquilidade. Estou de férias, e gosto de sair da zona de agitação.
— Entendo...
— E você?
— Um pouco disso.
— Um pouco disso? Qual o motivo principal, então?

Akemi olhava-o pensativa numa resposta, mas o garçom chegou com seus pedidos e logo ela desviou o assunto. Ao terminarem de comer, pagou a refeição e ela não contestou em momento algum. Apenas levantou-se junto a ele e subiram para seus quartos. Quando estava na porta do quarto dela, disse:

— Entre, e se arrume para sair. Vamos dar uma volta.

Nem ao menos aguardou ela responder. Ela ficou brava com aquilo, afinal, quem ele pensava que era para falar daquele jeito, sem nem ao menos perguntar se ela queria sair? Ela não admitiria que ele desse as cartas. Quando terminou de escovar os dentes, saiu do quarto e bateu na porta dela. E ela não atendeu. Bateu novamente, e ela não atendeu. Aquilo estava o irritando. Ela daria um fora nele?
tivera a impressão de que Akemi fosse uma mulher um tanto quanto ousada e talvez pouco confiável. Apesar desta impressão que tivera, lá estava ele a esperando, mas ao notar que não atendia, virou-se para sair dali. Quando estava quase ao elevador, ela abriu a porta lhe chamando:

— Você não disse que iríamos sair? Aonde vai sem mim?
— Você não atendeu.

Ela caminhava tranquilamente até ele, olhando-o com desafio e certa, irritação.

— Eu estava me arrumando.

a encarou de cima a baixo, e não havia nada diferente. Pensou exatamente que não havia nada muito arrumado para demorar tanto, mas não diria algo do tipo para não soar grosseiro. Ainda. Ele apenas sorriu de lado e concordou silencioso.

— Ok. Eu fiz um pouco de charme. – ela confessou rindo.
— É eu sei. Mas não sou o tipo de cara que corre atrás.

Antes que ela abrisse a boca para reclamar, ele continuou o seu caminho até o elevador e ela acompanhou.

— Você é bem marrentinho.
— E você, atrevidinha.
— Gosto de me atrever. Gosto da adrenalina.

focou pensamento naquela fala, e naquele sorriso convencido no rosto dela. Ela empinava o nariz e andava como rainha. Sentia que o mundo girava em torno dela, era delicada e fugaz. Alguns trejeitos que o fizera se lembrar de . A mulher não saía de seus pensamentos durante a turnê, e mesmo agora, quando decidiu tirar férias e adiar certas coisas, encontrou alguém que o fazia se lembrar do beijo da outra. Quando o elevador começou a subir, ele se colocou à frente de Akemi, olhou certeiro dentro daqueles olhos, surpresos e divertidos. Com cuidado tocou o corpo dela, e abraçou sua cintura. Com uma das mãos em seu rosto puxou a sua nuca, e encontrou sua boca. O beijo – embora estivesse sedento para fazer outras coisas com ela bem ali – era um beijo calmo. Respeitoso, afinal, ela merecia aquilo. Mas Akemi não era uma mulher de meios termos, ao que pôde-se notar, e com tanta vontade quanto ele, a mulher retirou a mão que estava em sua cintura, e levou à sua bunda. paralisou, não esperava aquilo, e ela riu da reação do rapper. O elevador parou antes do andar em que os dois iriam descer os fazendo se ajeitar rapidamente, era outra hóspede que entrava ali, fazendo ambos sorrirem cúmplices e calados.
Quando chegaram ao saguão, pegou a mão de Akemi, mas a mulher imediatamente soltou. Ela não o encarou, apenas agiu naturalmente. Ele não entendeu o motivo, mas também não falou nada. Continuou o caminho para fora do hotel, em direção à saída para uma trilha.

— Nós vamos à praia?
— Eu ainda não conheci, e imagino que você também não.
— É, não tive tempo ainda...
— Então, conheceremos o paraíso de Phuket juntos.
Own, ... Isto soa muito romântico para um rapper como você.
— Um rapper como eu? O que sabe sobre mim para me subestimar desse jeito?
— Não estou subestimando, apenas... Não acho que você seja o tipo de rapper que vive um personagem.
— Mas eu sou.
— Então você é mesmo, romântico?
— Não me olhe desse jeito, eu ainda sei como ser um cara mau.

Akemi mordeu os lábios sorrindo, e se colocou à frente de o impedindo de andar:

— Então me mostra! – ordenou provocante e urgente.
— Hey, se controla garota. Eu não tenho por que ser um cara mau com você...

continuou andando olhando-a por seu ombro.

— Ainda... – ele falou depois de um tempo.

Ela sorriu, e voltou a caminhar lentamente. Sem pressa de alcançá-lo. Passaram por aquela trilha planejada, repleta de plantas, coqueiros e arbustos tropicais e enfim chegaram à praia. Não estava muito cheia, poucas pessoas voltavam de seu passeio. Alguns hóspedes sós, e um casal. aproximou-se da água do mar, e retirou seu chinelo – que após o almoço havia trocado – sentindo a água fria tocar seus pés. Akemi parou ao seu lado, um pouco depois e também molhou os pés no mar.

— Você tem namorada, ?
— Não. – respondeu óbvio: — Do contrário não estaria aqui com você, não é?
— É... Claro... – a mulher ficou silenciosa contemplando o mar.

encarou-a discreto, e estranhou a reação dela. Então chutou água em cima dela, o que a fez sair de seus pensamentos e gritar. Os dois jogavam água um no outro, riam e corriam. Quando a alcançou, em sua brincadeira de corre-corre, jogou-a na areia caindo por cima dela.

— Hora de ser um cara mau. – ele disse sem nem dar tempo de resposta à Akemi.

Ela beijou-o e deixou que passeasse com as mãos por todo seu corpo. E aproveitou-se dele também. A praia de Phuket era muito procurada para turismo sexual, e sabendo daquilo, Akemi não se importou em retirar a roupa de bem ali, sob o fim de tarde naquela praia.

— Ei, ei, não queremos confusões por atentado ao pudor, não é? – ele sussurrou no ouvido dela, descendo beijos pelo seu pescoço.
— Não tem ninguém aqui, e não é como se não fosse permitido. – ela respondeu.
— Já que quer tanto... Vamos para o meu quarto.

Antes que Akemi reclamasse, se levantou vestindo sua camisa aberta, que a garota havia tirado. E ela revirou os olhos, contrariada. Ele riu da reação dela, e ajudou ela a se levantar. No caminho de volta, Akemi caminhou à frente reclamando:

— Você não sabe se divertir, !

Ele riu e os dois retornaram ao hotel. Em seu andar, puxou Akemi para dentro de seu quarto, e a mulher ria alto. Ela era divertida e ele gostava daquilo. Retirou suas roupas e jogou-se sobre Akemi, caindo ambos na cama. A garota sorria apalpando o corpo dele, com desejo selvagem. E não esperou agir, para ela mesma retirar suas roupas. Girou-se sobre a cama e por cima de torturou-o com suas mordidas, movimentos e frases obscenas.





Faixa 2: Drive
07:45 am.


Quando acordou de manhã, nu em sua própria cama, abriu os olhos, surpreso por se perceber sozinho. Ela havia ido embora? Ele riu tampando o rosto, contrariado. Aquela mulher estava o deixando cada vez mais instigado. Olhou em volta e as almofadas e lençóis espalhados no chão, denunciavam a orgia da noite anterior. Aquilo foi uma verdadeira adrenalina. Akemi era mesmo, insaciável. Ele se levantou para tomar banho, e descer ao café da manhã. Quando a camareira bateu à porta do quarto, saiu enrolado na toalha. Ele abriu a porta no momento em que a funcionária passaria seu cartão magnético.

— Oh desculpe senhor. Bom dia. Volto para limpar em outro momento.
— Não, não. Por favor, eu já estou de saída. Entre.

A mulher estava bastante sem graça, com aquela cena, apesar do costume. pegou suas roupas e foi trocar-se ao banheiro. Antes de sair do quarto, disse a camareira:

— Me desculpe pela bagunça.
— Tudo bem senhor, é o meu trabalho.

Sorriu para ela, sem notar a quão corada ela ficou, e desceu. No restaurante, enquanto sentava-se à mesa com todo seu café servido, o celular de tocou.

— E aí, ! Está por onde?
— Fala Gray, estou no café da manhã. Chegou quando?
— Esta manhã. Já vou descer, estou só terminando de me arrumar.
— Até mais, então.

não esperaria Gray. Ele estava com fome demais para ser educado com o amigo, que por sua vez, invade sua casa e assalta a geladeira, sem qualquer rodeio. Quando Gray surgiu, ele se levantou o cumprimentando e os dois puseram-se a comer. Conversaram sobre a viagem, a chegada e sobre o que havia feito antes que ele chegasse. Mas ele decidiu não falar nada sobre Akemi, por enquanto. Do jeito que Gray era, provavelmente iria até o quarto da garota para constrangê-la.

— Vamos! A primeira coisa que eu quero fazer é mergulhar no mar! – Gray disse se levantando da mesa de café.

E os dois caminharam pela mesma trilha, que fizera no dia anterior. De modo discreto, observava se Akemi estava pelos locais onde passavam, mas nenhum sinal dela. No caminho para a praia, Gray estava eufórico com seus planos:

, eu estou com um planejamento foda de álbum para a próxima produção.
— Ótimo! Eu prevejo que essa estadia vai nos trazer excelentes inspirações.

Gray o encarou sorrindo, de modo sacana.

— O que você anda aprontando, hein?
— Nada. Mas olha para este lugar! Não tem como, não ficar inspirado.
— Sei... Para com essa conversinha mole, e vamos para a água.

Gray retirou sua camisa e correu em direção ao mar. o seguiu, um pouco depois de observar o perímetro da praia. Onde Akemi estaria? Será que ainda estava em seu quarto? e Gray retornaram para o hotel, um pouco antes do horário do almoço. Havia próximo ao caminho da trilha, uma passagem que servia de atalho para os dormitórios. Eles deram a volta por ali, e subiram as escadas.

! – Gray sentou na escada e puxou o telefone para mostrá-lo algo.
— O que foi?

sentou ao lado do amigo, e olhou para o celular dele.

— É ela. A garota que eu te falei.
— Ela... É a sua nova namorada?

não podia acreditar na foto que estava vendo.

— Akemi. Uma gata, não é? – Gray dizia orgulhoso — Ela já está aqui. Não se viram?
— Vi. Vi sim...

não conseguia formular palavras, ou disfarçar sua surpresa. Ele sabia que havia algo errado naquela mulher. Deveria ter seguido aquela voz dentro de si que gritava "perigo", toda vez que a mulher surgia. A maldita adrenalina estava lá, o alertando daquilo.

— Ei, ei, para de babar na minha garota, cara!

Gray brincou, e ao ouvir aquilo fechou os olhos, irritado consigo. Se havia algo que ele tinha feito era babar na garota do amigo. Literalmente. Gray começava a desconfiar da reação dele, então sorriu para o amigo dizendo:

— É... Eu a vi chegando, e ontem ela estava na piscina.
— Ela sabia que você estava aqui, eu contei. Falei para ela te procurar e se apresentar. Ela não falou contigo?
— Não... – começava a se irritar com Akemi.
— Ela é tímida. Mas bem! Vamos subir, logo mais no almoço eu apresento vocês. Ela está dormindo.
— Deve estar cansada de ontem.
— Ah com certeza, Akemi não para um minuto. Ela é bem agitada.

Gray subiu as escadas dando as costas ao amigo e , o seguiu calado. Quando viu Gray entrando no quarto onde Akemi estava hospedada, ali pertinho do seu, novamente se lembrou do momento que desconfiou da garota entrando ali. E em seguida da jaqueta. entrou em seu quarto batendo a porta:

— Filha da mãe! Era a jaqueta dele! Aishhh!!!

puxou os próprios cabelos e entrou no banho. Precisava pensar no que faria, agora que sabia que a mulher com quem havia transado na noite passada era a namorada de seu melhor amigo.
Ele não conseguia ficar no quarto. Precisava agir como se nada tivesse acontecido, precisava esquecer aquele deslize. Mas não seria capaz de suportar muito, afinal, Gray era como um irmão para ele. precisava pensar em como sairia daquela situação, sem perder o amigo e sem mentir. Desceu para área da piscina, e ficou ali tomando sol e bebendo. Gray mandou uma mensagem, avisando que o encontraria lá. E torcia para que Akemi não viesse, mas infelizmente ela veio. Gray os apresentou. O sorriso descarado da mulher, falsa, agindo como se nunca o tivesse conhecido... literalmente queria sair de perto dela. Ele foi frio e sério com Akemi. E Gray percebeu naquele momento, e não falou nada.
Quando ela entrou na água, os dois ficaram sentados nas espreguiçadeiras, lado a lado conversando e bebendo. Gray observava a namorada e sorria. , por baixo de seus óculos encarava a cena ridícula, de Akemi. Sentia ódio dela, não por enganá-lo, mas por trair o melhor amigo dele. Gray não era o tipo de cara canalha que merecia aquilo. Akemi alternava seus olhares do namorado, para , nos momentos em que Gray se distraía conversando e mal percebia os sorrisos atrevidos da mulher para .

— Gray, eu tenho que resolver uns assuntos da empresa. A gente se vê no almoço.
— Qual é cara, você está de férias!

riu batendo na mão do amigo:

— É eu sei, mas é um assunto que eu tenho que resolver ainda...
— Me avisa quando estiver indo ao restaurante.

Ele assentiu e saiu dali sem olhar para Akemi. A mulher saía da piscina e se encaminhava até o namorado. Ela olhava para , curiosa, e sentando no colo de Gray perguntou onde o amigo dele estava indo. não viu a cena, mas sentia repulsa de estar no mesmo ambiente que ela. Assim que chegou em seu quarto foi até a janela que dava para a área da piscina e viu o amigo e a namorada, aos beijos. Aquilo o irritou ainda mais, pois, embora sentisse nojo de Akemi, ele ainda desejava o corpo dela. Não sabia se odiava mais a si, ou a mulher. Decidiu que não almoçaria com o amigo, ou então, não suportaria aquela situação.
Pegou seu carro e decidiu dar uma volta pela região. Enquanto dirigia, recordou-se do fim de tarde do dia anterior. Após terem saído da praia para o quarto, e terem transado pela primeira vez, Akemi disse que queria sair pela região e conhecer a noite de Phuket. Na mesma hora, levou-a para passear. Ele dirigiu com ela ao seu lado, por toda a região. Ela bebeu em todos os lugares onde foram e no caminho de volta para o hotel, a mulher fez com que a masturbasse enquanto dirigia. E só de lembrar daquilo, o sangue dele já fervia de ódio e excitação. Chegaram ao hotel naquela noite, e Akemi retornou com para o quarto dele, onde transaram até sentirem-se cansados o suficiente para dormir, sem notar. não queria que ela ficasse ali com ele, naquele estado, tão bêbada, e tentou cuidar dela. Mas tudo o que ele fazia para ajudar, a mulher instigava ao sexo. Foi uma noite sórdida, divertida e prazerosa. O ódio profundo por ter ficado com uma mulher que não devia, e por ter gostado o fizeram novamente se lembrar do caso rápido com . Se ele fugiu do reencontro com ela, mesmo quando estava com a mulher nos pensamentos e apenas por isso, que infeliz destino era aquele de ficar com uma mulher tão inesquecível de novo, e pior: namorada do melhor amigo.
acelerou o carro e não retornou ao hotel, a tempo de almoçar. Pelo contrário, ele foi conhecer outros lugares, espairecer e quando voltava ao hotel mantinha o pensamento de resolver aquela confusão.
Akemi e Gray almoçaram juntos. E embora, Gray estivesse preocupado pelo desaparecimento repentino de , Akemi convenceu o namorado de que o melhor amigo dele estava apenas resolvendo seus problemas com a empresa, como havia dito. Gray ainda estava com uma pulga atrás da orelha. estava estranho desde a hora da piscina. Na verdade, Gray acreditava que o melhor amigo não havia gostado de sua namorada, uma vez que a tratou de forma tão atípica ao que era.
Depois de algumas horas, Akemi e Gray estavam namorando na varanda do quarto, ele beijava o pescoço de Akemi abraçado a ela. A mulher amava o namorado, mas não sabia explicar o que sentiu ao ver naquela piscina. Primeiro ela o achou um homem lindo e sexy, e depois, pouco a pouco o conhecendo sentiu-se curiosa. Ele era o tipo que atrai sem fazer esforço. E Akemi sabia que a traição era culpa dela. Foi ela quem se aproximou, já sabendo quem ele era. Foi ela que iniciou o jogo de sedução, às escuras para ele. E o fato de estar com raiva dela, e evitando-a, só deixava mais claro que ele era um homem com alguma integridade. Porque ela já sabia desde a fala de na praia que, se ele soubesse que Akemi era comprometida com o seu melhor amigo, ele não chegaria nem perto. E ainda, ousava dizer que, se ele soubesse que ela era comprometida – independentemente de quem fosse – ele também respeitaria.
Lembrou-se das pequenas coisas, que em um dia e uma noite pôde mostrá-la: ele realmente não era um personagem rapper, que muito se diferenciava do seu "eu" real. Akemi se lembrou do romantismo dele, do modo como ele tocou o corpo dela sempre aguardando o consentimento para explorá-la, a maneira como o sexo dele era voraz e a fazia sentir-se uma mulher diferente de qualquer outra. Akemi se arrependia, mas o mais triste era que não se arrependia da traição, e sim de ter pintado para , o personagem de uma mulher que ela não era. Akemi foi vulgar o tempo todo, e sabia disso. Ela foi atrevida e perigosa, e isso seria algo normal, se ela não fosse comprometida. O fato de ter um namorado, e ele ser o melhor amigo de tornava aquilo tudo imperdoável. Na verdade, o que ela não conseguia perdoar em si, era a falta de lealdade em ser sincera com Gray e contar tudo. Sentia que era dever dela. Arrependia-se de ter se entregado a um desejo tão carnal, e se arrependia de não se arrepender do que sentia. Queria mais, queria muito mais de . Mas era a boca de Gray que a beijava agora, e ele também não merecia nada daquilo. Ela foi desperta destes pensamentos quando Gray girou-a de frente para si.

— O que foi, amor? Está tão distante.
— Só estou pensando aqui que... Não mereço você, Gray.
— Do que está falando? – ele segurou o rosto dela entre suas mãos delicadamente — É claro que merece. Eu, quem não mereço você...
— Gray... Estamos juntos há tão pouco tempo, não é? Mas por que não me apresentou logo ao ?
— O que o , tem a ver com isso? – aquela pulga atrás da orelha de Gray começava a coçar.
— Nada, eu só acho que ele não gostou muito de mim...

Akemi desconversou e sorriu falsamente, abanando o ar.

— Também estou estranhando a reação dele. Mas acho que no fim não tem nada a ver com você. Por que não se apresentou a ele, como eu disse para fazer assim que chegasse aqui?
— Não me senti confortável para isso.
— Entendo... – Gray abraçou a mulher carinhosamente. — Será por isso que ele ficou chateado?
— Pode ser... – respondeu Akemi, com voz arrependida.
— Eu vou falar com ele, meu amor. Não se preocupe.

Gray beijou-a calmo. Ela o abraçou forte, imaginando que logo não teria mais aquele abraço. E aproveitou enquanto pôde.





Faixa 2: Drive


Ao anoitecer, Akemi estava deitada na cama observando Gray andar de um lado a outro telefonando para . Ele ainda não havia aparecido e nem atendido ao celular.

— Vou atrás dele amor.
— Vai atrás onde, Gray! Pelo amor de Deus, espera! O vai aparecer. – ela sentou na cama, estava nervosa em ver Gray preocupado daquele jeito.
— E se tiver acontecido alguma coisa?
— Para! Não! Não aconteceu nada. – Akemi o encarou, assustada.
— Desculpa, desculpa amor. Não queria te assustar. Você tem razão... Eu vou lá embaixo ver se têm notícias dele no saguão.
— Não demore.

Gray desceu, e Akemi ficou preocupada o aguardando. Ela caminhou até a sacada do quarto e foi quando viu Park surgir atravessando a área da piscina. Certamente, ele estava vindo da direção do estacionamento. Se tranquilizou, pois, com certeza agora Gray o encontraria. Voltou a deitar-se na cama, e mexia em seu celular, quando a porta do quarto se abriu revelando Gray com uma expressão nada boa.

— Encontrou com ele?
— Não. Ninguém sabe nada. – Gray deixou o celular no criado mudo e pousou as mãos na cintura, ainda contrariado.
— Gray, ele chegou. O vi atravessando a piscina. Deve ter ido jantar.
— Graças a Deus, eu vou lá sa...
— Você não vai a lugar algum! – Akemi levantou-se irritada o interrompendo: — Ficou o dia todo atrás de Park! Mal ficamos juntos! E tem mais: deve estar cansado, com fome. Depois você fala com ele.

Ela deu as costas para Gray, sacudindo os cabelos nervosamente. O namorado sorriu pelo ciúme da garota. Mal sabia ele que o sentimento dela não era de ciúme, mas de medo. Ele se aproximou calmo da namorada, admirando a camisola semitransparente dela. Abraçou Akemi por trás, a surpreendendo com a mão dentro de sua calcinha.

— Huh... Gray... – ela sussurrou.
— Não está sentindo falta disso?
— Estou. Muita.

Akemi respondia aos toques de Gray, entregando-se mole nos braços dele. Ele beijou o pescoço dela, e suas mãos provocavam os sentidos sexuais de Akemi. Ela não conseguia esquecer o passeio com Park no carro, onde ele estimulava-a como o seu namorado estava fazendo ali. Não era Gray causando aquela sensação de prazer no corpo de Akemi. Era , dentro de sua imaginação. Ela sentia-se tão suja, por não conseguir se apartar de Park. Sentia-se uma canalha por usar Gray daquela forma. Mas também amava o namorado. E infelizmente sabia, que seria impossível ter os dois. Começava a achar também, que mesmo se escolhesse um deles, não teria nenhum.

23:55 pm.


Gray observava Akemi dormir tranquila em sua cama. Ele tomou um banho e vestiu-se para encontrar Park. Havia recebido resposta às inúmeras mensagens e ligações que havia feito para ele mais cedo:

Boss: “Hey Gray, desculpe mano, eu fiquei sem sinal e não pude te responder. Está tudo bem? Parece preocupado. Eu vou pro casino, te encontro lá?”.

Sung Hwa: “Tranquilo. Já desço”.



leu a mensagem curta, e já imaginava que algo havia sido descoberto. Respirou fundo e bufou em seguida. Não deixaria que uma mulher destruísse não apenas a amizade entre eles, como também o vínculo de trabalho. era “chefe” de Gray há algum bom tempo, e sabia que pelo contrato, Gray não poderia romper sem uma multa alta. Aquilo não seria vantajoso a ninguém. E era obrigação de , mais do que por ser o chefe, mas por ser o errado da história, evitar qualquer problema maior. Ele estava apoiado no balcão do bar remexendo seu uísque, e a garçonete surgiu à sua frente:

— Deseja outra dose, senhor?

Quando olhou para ela a reconheceu, e sorriu. A mulher ruborizou.

— Você, não é a camareira que arrumou meu quarto outro dia?
— Sim senhor, eu tenho dois empregos aqui. Posso lhe servir outra dose?
— Por favor.

Ele entregou o copo a ela, e observava atento àquela mulher singela.

— Aqui está. Deseja mais alguma coisa? – ela perguntou simpática.
— Qual o seu nome? – ao ouvir a pergunta, o sorriso dela diminuiu e ela ruborizou novamente.
— Liu.
— Liu... – ele sorriu repetindo — Sabe que servir em um bar não combina com você?
— Fazemos o que podemos, não é mesmo?
— O que você gostaria de fazer?
— Gosto do que faço.
— Então sempre foi seu sonho, ser camareira e garçonete de um casino? – perguntou curioso, e simpático.
— Não... – a mulher olhou para os lados a fim de notar se não precisavam de seu serviço — Meu sonho é ser dançarina profissional.
— Legal! Você dança?
— Sim, eu faço parte de uma companhia pequena em Bangkok. Ensaiamos duas vezes por semana. É cansativo, mas não é nenhum esforço.
— Quando é o próximo ensaio?
— Depois de amanhã.
— Eu poderia assistir?
— Claro!

Liu sorriu e pegando seu bloco de pedidos, anotou o endereço e horário do ensaio. Entregou ao e pediu licença, saindo em seguida para atender outros clientes.

— Descolou um telefone? – Gray perguntou sorrindo ao chegar e sentar-se ao lado do amigo.
— Não, um endereço, na verdade.
Uooow! Ela é bonita! – Gray observava a atendente afastada deles.
— É sim. Mas não é o que está pensando.

sorriu para Gray que se fez desacreditado. Ele chamou outro garçom e pediu sua bebida.

— E então , o que rolou?
— Eu quem pergunto, você parecia preocupado pela mensagem. – queria averiguar sobre exatamente, o que estavam falando.
— E não era para estar? Saiu antes do almoço e desapareceu. Não deu mais notícias...
— Ah... Eu falei que ia resolver um problema da produtora.
— Mesmo assim, estou te achando estranho desde que cheguei. Akemi está preocupada também.
— Onde ela está?
— Dormindo. Tivemos um início de noite cansativo, se é que me entende... – Gray riu enquanto bebia seu uísque.
— Só estou preocupado com uns problemas.
— Sabe que se precisar conversar, eu estou aqui para isso. Uwa, ! Somos amigos!
— É, eu estou ligado. Mas eu já vou resolver isso. Então, relaxa aí, brow.
— Relaxa você. São suas férias! Não esquenta a cabeça!
— Akemi está preocupada pelo quê?
— Ela acha que você não gostou dela.
— Deve ser por que ela sabe que não é garota para você.

Gray olhou surpreso para . O amigo o olhou de volta, tão sério quanto.

— Por que está dizendo isso, ?
— Só acho que não combinam.
— Você mal a conhece.
— Talvez eu conheça o tipo. Já saí com muitas mulheres, e ela me passa a sensação das piores.
. Ela é minha namorada. Não sei o que te faz pensar assim, mas as suas experiências ruins com outras não têm nada a ver com Akemi. Do jeito que você fala parece até que está chamando a minha garota de vadia.
— Não quis ofender e nem te chatear, Gray. Desculpe. Mas não gostei mesmo de saber que ela é sua namorada.
— Por quê? Você a conhecia por acaso?
— Não. Não conhecia.

não estava mentindo. De fato, não conhecia. Não sabia nada dela antes. E quando descobriu quem Akemi era, soube menos ainda, depois.

— Vamos jogar, e esquece esta cisma com a Akemi. Quero que vocês se deem bem. – Gray deixou o copo sobre o balcão e falou sincero segurando o ombro de , saindo para os jogos do salão.

entregou o copo para Liu, que havia recolhido o copo do amigo. Ela observou o semblante preocupado de , e segurou a mão dele, de modo discreto, e dizendo:

— Talvez você devesse evitar protegê-lo. Para assim, garantir que tudo fique bem entre vocês.

encarou Liu, curioso. O que ela saberia? Não importava na verdade. Ele apenas sorriu e beijou a mão da moça em agradecimento, em seguida piscou para ela e saiu.
Os dois ficaram no Casino até às três da manhã. Gray, mais bêbado do que . Ele não conseguia beber a ponto de perder o juízo. Principalmente por medo de beber demais e falar demais. Mas o melhor amigo estava realmente curtindo aquelas férias, e não mediu limites. o carregou de volta ao seu quarto, e quando abriu a porta, Gray acordou Akemi com suas risadas altas.

— O que houve? – ela perguntou se levantando rápida, sem dar-se conta que estava só de lingerie.

— Akemi! Cubra-se. está aqui! – Gray falou lento e confuso.
— Não se preocupe Gray, eu quero distância da sua namorada. – falou a encarando firme.
— O que você fez para ele, hein, Akemi!!!?? – Gray gritou para ela.
— Por que o deixou beber assim? – Akemi tentava descontar em .
— Ele sabe o que faz. Não tem mais criança aqui. Todos nós sabemos o que fazemos. – ele rebateu.

colocou Gray deitado na cama.

— Cuide dele. – ordenou para Akemi e saiu.

Quando o amigo saiu pela porta, Gray puxou Akemi para si e começou a beijar e acariciar a namorada, mas ela não queria. Falou para Gray parar e ele não gostou da reação dela. Levantou-se e apontando o dedo na cara dela, disse:

estava certo sobre você!
— Do que está falando? – ela perguntou confusa.

Ele saiu do quarto batendo a porta. havia acabado de se deitar em sua cama, quando ouviu alguém bater em sua porta. Se fosse Akemi, ele iria falar as verdades entaladas. Mas ao abrir, Gray empurrou-o entrando e se jogando em sua cama.

— Gray! Está fazendo o que aqui, cara? – o encarou com tédio.
— Akemi não quer foder comigo.
— Nem eu. Agora volta para o seu quarto.
— Vai você para lá!

Gray estava com o rosto abafado pelo travesseiro, mas conseguiu entender exatamente o que ele disse. E se preocupou:

— Por que eu iria para lá? – ele perguntou, mas o amigo não respondeu. — Gray...? Gray?

Quando se aproximou, ele já estava dormindo. Ele mexeu em seu próprio rosto, contrariado e saiu em direção ao quarto do amigo. Akemi o atendeu e entrou.
— Vai para o meu quarto, seu namorado tomou posse da minha cama e eu vou dormir aqui.
— Por que é, que eu deveria ir dormir no seu quarto?

encarou a mulher, que se mostrava tão irritada quanto ele.

— Porque eu já falei que vou dormir aqui. Não vou dividir a cama com o Gray, odeio dormir com ele. Gray é espaçoso.

mantinha a voz entediada, a fim de esconder o estresse pela situação, mas infelizmente, ele estava sem camisa o que fez Akemi percorrer o olhar pelo corpo dele, esquecendo-se da raiva que sentia. Aquilo significava mais estresse à caminho, não bastando a bebedeira em que se encontrava, pressentiu a malícia do olhar dela.

— E por que eu deveria dormir lá, se você está aqui? – ela se aproximou lenta.

segurou as mãos dela, que se aproximavam para tocá-lo:

— Porque o seu lugar é ao lado do seu namorado.
...
— Vai.
, espera...
— Você não percebe o quanto eu te enojo? Ele é meu melhor amigo e você sabia!
, eu sei, mas eu não sei explicar por que eu fiz...
— Sai da minha frente. Eu sou capaz de esquecer que você é mulher, e fazer uma besteira.

Akemi, assustada o olhou. Aquele não era o Park que ela conheceu dias antes.

— Pega o cartão da minha porta, e deixa o do quarto aqui. – ele estendeu o cartão pra ela, a encarando firmemente.
— A gente tem que conversar...
— ANDA LOGO! SOME DAQUI!

Ele gritou a assustando, e a mulher pegou o cartão da mão dele se afastando aos poucos. Puxou o robe que estava em uma cadeira, vestindo-o. Saiu para o outro quarto, com lágrimas de ódio e culpa em seu rosto. Ela sabia que era culpado em não contar nada para Gray, logo que soube quem ela era e apenas jogar a responsabilidade nas costas dela. Mas ela também sabia que ele foi enganado por ela, assim como Gray. E que a primeira pessoa a ser franca, pelo amor e respeito da relação deveria ser ela. Não culpava pela raiva que ele sentia dela.
não conseguia dormir. O sono só retornou às cinco e meia da manhã, onde finalmente conseguiu adormecer. Quando ouviu um barulho na porta do quarto, aos poucos despertou. Ouviu alguém abrir a porta e entrar. Olhou em direção ao barulho e viu Liu arrastando seu carrinho de limpeza.

— Ei! Bom dia, me desculpe. – ela estava confusa.
— Tudo bem... Bom dia. Quantas horas?
— São nove horas, senhor.
— Me chame de . – ele sentou na cama bagunçando os cabelos.
— Eu posso voltar depois. Achei que o quarto estava vazio, o casal acabou de descer.
— Longa história Liu. Eu vou escovar os dentes, você, pode fazer seu trabalho, eu não vou atrapalhar.
— Claro.

A mulher iniciou a arrumação do cômodo e logo, retornou confuso e ainda com cara de sono.

— Algum problema?
— Esse não é meu quarto.
— Não, senhor. É o quarto ao lado.
— Você tem como abrir para mim? Minha chave está com o Gray, suponho.

Liu começou a rir discreta e assentiu. Ela pediu ao para acompanhá-la e abriu a porta do quarto dele. Quando se virou tomou um susto, estava perto demais. Mas ele nem mesmo reparou. Apenas entrou, deixando-a sem graça à porta. A mulher retornou ao quarto de Gray, para continuar seu trabalho.

observou seu quarto, e abriu a sacada. O perfume de Akemi estava ali, ou talvez fosse coisa da sua cabeça. Foi imediatamente, em direção ao banheiro e após ter tomado seu banho e se arrumado, puxou a mala dentro do closet e a abriu. A camareira bateu à porta.

— Entre!
— Com licença, eu só vim entregar o cartão magnético do outro quarto. O senhor esqueceu.
— Ah, sim, obrigado. – caminhou até ela pegando o cartão.

Liu sorriu e já ia empurrando o carrinho, quando a perguntou:

— Pode arrumar meu quarto agora?
— Não se preocupe, assim que o senhor sair eu arrumo.
— É que... Eu... Tudo bem, obrigada.
— Se o senhor faz questão que seja imediatamente, eu posso arrumar.

Ela o olhou, curiosa, e apenas sorriu entrando. Liu entrou em seguida puxando o carrinho e começando a organizar. Percebeu a mala sobre a cama, mas não falou nada. arrumava suas coisas dentro da mala, e vez ou outra observava Liu arrumando tudo.

— Não desista do seu sonho Liu. – ele falou fechando a mala.
— Obrigada, senhor.
— Me chame de .
— Certo... . Espero que as coisas estejam bem entre você e seu amigo.
— Como sabia?
— Nós observamos muitas coisas, quando trabalhamos em hotéis. Os funcionários sabem que aquela mulher e você... – Liu não terminou a frase, apenas deixou subtendida.
— Parabéns pela discrição. Eu mesmo, quase falei a verdade para ele ontem.
— Se foi só um erro, esquece o que aconteceu. Seu amigo vai ficar bem, uma hora ele vai perceber que ela pode não ser o que ele pensa. Também não quero julgar ninguém, não é como se a culpa fosse só dela... Só estou falando que... A vida se encarrega de tudo. – ao sentir que falou mais do que deveria, a mulher abaixou a cabeça timidamente.
— Obrigada Liu.

Ela sorriu e sorriu de volta. Ele pegou o celular em seu bolso discando para o amigo.

— Bom dia. – Akemi atendeu.
— Cadê o Gray?
— Está se servindo.
— Peça a ele, por favor, para me encontrar no quarto dele.
— Por quê?
— Não é da sua conta. Só faça o que eu pedi.

desligou e Liu continuava seu trabalho sem demonstrar atenção ao que fazia. Ele pegou sua mala e sua mochila, e antes de sair do quarto, se aproximou de Liu. Ela voltou sua atenção a ele, apertando a mão dele em cumprimento.

— Obrigada por tudo Liu. – ele agradeceu e beijou a mão dela.
— Não há o que agradecer... – ela sorriu ruborizada afastando o olhar ao dele.
— Não desiste, huh? – ele falou sorrindo se referindo ao sonho dela.

Ela assentiu e logo saiu do quarto. Entrou no quarto do amigo, aguardando-o. Akemi se preocupou com o quê teria a falar e assim que Gray sentou-se à mesa, ela deu uma desculpa, de que precisava ir buscar algo no quarto. Gray, mal percebera o furo dela, já que estavam com o cartão não de seu quarto, mas o de , até observar Akemi saindo do restaurante, e seu celular denunciar uma mensagem de :

Boss: “E aí Gray? Estou te esperando, no seu quarto. Não demore, cara”.

Na mesma hora, Gray estranhou aquilo. Ele comeu rapidamente, um pouco do que havia se servido e saiu em direção ao seu quarto. estava sentado na poltrona do quarto, quando Akemi bateu na porta.

— Cadê ele? – perguntou ao atender e ver que não era Gray.
— Já vem. O que você vai falar?

deixou a porta do quarto aberta, e caminhou de volta à poltrona. Akemi o seguiu, ela estava nervosa. Tinha medo do que Park iria fazer, e rodeou a poltrona onde ele estava sentado, passando levemente a mão pelo ombro dele. encarou-a assim que ela se sentou ao seu lado. Ele não acreditava na quão dissimulada Akemi era.

— Está com medo? Sabe que é sua obrigação falar a verdade, não é?
— Eu não posso. Não quero magoá-lo.
— Você já fez isso, sua... – parou de falar, antes que fosse injusto.
— Não me ofenda! Eu errei sim, mas você também.
— Ah faça-me o favor!
— Você poderia ter contado!
— Não é minha obrigação. Eu estou tentando manter a minha amizade com ele, e na verdade, estou pouco me fodendo para o que vai ser de você! Estou fazendo o que acho certo, para não magoar ele ainda mais. Minha vontade realmente é falar tudo para ele! Mas talvez, a sua chance de reparar o seu erro com ele, seja sendo sincera. E sendo mulher o suficiente para assumir o que fez, afinal quem agiu de má fé não fui eu! Akemi encarou com raiva, e segurava um choro embargado. bufou sarcástico, ao vê-la tão culpada ao ponto de não ter argumentos. Ele levantou-se e perguntou, nervoso:
— Cadê o Gray? Você não o avisou que eu estava o esperando?

Na mesma hora, Gray surgiu à porta do quarto.

— O que está acontecendo?
— Amor... – Akemi se virou surpresa: — Eu vim entregar o cartão do quarto do para ele.

Ela ergueu o cartão do bolso, e revirou os olhos, irônico.

— Que malas são essas, ?
— Eu tenho que ir embora. Aqueles problemas que eu falei, eu preciso voltar para resolver. Infelizmente vou interromper minhas férias.
— Qual é, ! Com certeza deve ter um monte de pessoas na produtora para resolver isso!
— Gray, relaxa, eu tenho mesmo que ir.
— E as músicas que íamos preparar?
— Como você disse, são férias. Então, pelo menos você aproveite-as. – falou rindo.

Gray olhou para as malas. Para arrumado. Para Akemi.

— Como arrumou suas malas, se a chave do seu quarto estava com Akemi?

A mulher não encarou o namorado, ele estava às suas costas e ela discretamente olhou para , que não a olhava.

— Liu. A garçonete de ontem à noite, é camareira aqui também e ela abriu para mim, quando veio limpar seu quarto.
— Ah sim... A gatinha que te deu o endereço... – Gray sorria, mas ainda estava desconfiado.
— E ele ligou pedindo o cartão, para fazer o check-out. Era para você entregar, mas imaginei que ele estava com pressa e eu mesma trouxe.

Akemi disse sorrindo ao namorado, e se levantou entregando o cartão para . Os dois trocaram olhares, que infelizmente, Gray percebeu.

— Gray! Vou nessa, mano. – abraçou o amigo que o retribuiu, e antes de sair do quarto ele disse para Akemi: — Vê se não faz o meu amigo de otário, e seja sempre sincera com ele, Akemi. Porque, eu não ligo a mínima para o que possa te acontecer, mas se mexer com o Gray, vai se ver comigo.

Disse e saiu puxando suas malas. Gray encarava o chão, com as mãos na cintura, o cenho franzido e os lábios presos entre os dentes. Akemi percebeu que Park se livrara da responsabilidade, e acabara de complicar para ela.

— Seu amigo me odeia, é oficial. – zombou sem rir.
— Por que mentiu para mim, Akemi? – Gray perguntou sem encará-la.
— O quê? Do que está falando, Gray?
— Você disse que precisava pegar algo no quarto, mas na verdade você trazia o cartão para o . Por que não falou a verdade?
— Eu só queria adiantar o tempo dele, certamente ele passaria no restaurante para falar com você.
— Eu não sou otário, Akemi! Eu sei que você fez alguma coisa!
— Eu fiz? Seu amigo me ofende, e eu que fiz algo?
— Conheço o suficientemente para saber que alguma coisa está errada aqui. Então, me espera aqui, quietinha. E a gente se resolve depois.
— Gray! Gray! – Akemi gritava o chamando, assim que o viu sair pelo corredor em direção ao elevador.

Ela bagunçou os próprios cabelos, preocupada. estava no saguão fechando suas contas, quando Gray surgiu correndo. Ele parou ao seu lado, assim que o amigo terminara de assinar os papéis do hotel.

— Gray?
— O que ela fez? O que vocês dois fizeram, para você fugir de mim desde que eu cheguei, ?

fugia porque sabia que Gray o conhecia bem demais para ele conseguir esconder algo dele. E achou que se nada nunca tivesse acontecido na cabeça de Gray, tudo ficaria bem.

— Eu fiz merda. E estou caindo fora, por que...
, qual é? Você não mente, e a gente sabe disso.
— É obrigação dela, em te falar e minha obrigação tentar manter tudo bem entre nós.
— Mano, eu te conheço a muito mais tempo do que conheço a Akemi. Convivo com você há anos. E sei que para você não gostar dela desse jeito, tem algo errado. Desde que eu cheguei eu notei que... Ela tinha feito algo para você.
— Não foi para mim. Foi para você. E foi comigo. Ela não me contou quem era.

Gray o encarou surpreso, e abaixou a cabeça bufando.

— Aquela...! – Gray não tinha palavras, nem xingamentos.

segurou o braço de Gray, o fazendo encará-lo.

— Não pira. Controle-se. Não faz nada errado, e não pega pesado. Eu não sei qual é a dela, mas ela deve ter uma explicação para tudo. Eu só não quero ouvir. Fui feito de babaca, e não vou aceitar o que ela fez contigo. Mas ela deve ter uma razão para não ter contado.

Gray assentiu e abraçou o amigo. saiu em direção ao estacionamento. E Gray retornou ao quarto. Akemi estava de costas, observando da sacada, a paisagem da praia logo após a área da piscina.

— Então você chega aqui, não se apresenta ao meu melhor amigo porque se sente desconfortável para dizer quem é, mas transa com ele? – Gray perguntou encarando a mulher de costas.

Ele sentou-se na poltrona do quarto esperando, a resposta.

— Eu não sei o que me deu, mas eu me senti atraída por ele.

Akemi respondeu ainda de costas e logo virou-se. Os olhos marejados e os braços cruzados demonstrando uma postura rígida, embora por dentro a culpa estivesse a corroendo como ferrugem.

— Me senti atraída, e ainda me sinto. Estou remoendo a culpa todos os dias, mas eu sabia que não seria possível dar corda à uma aventura, principalmente com o seu melhor amigo. Por isso, achei que se não falasse nada, não magoaria você, não prejudicaria a amizade de vocês e não te perderia.
— Moral da história: você não me ama, tem tesão no meu melhor amigo e ainda acha que ninguém saiu magoado ou prejudicado.
— Gray... Me perdoa?
— Eu te perdoo, Akemi. Porque não é do meu feitio ficar guardando ódio, mesmo com o belo par de galhadas que você colocou em mim, não é? Mas sabe o quão baixa você foi quando decidiu, por puro egoísmo, não me contar nada?
— Não foi egoísmo. Você não saberia.
— Mas o sabe! E a culpa que ele sente? E até quando isso duraria, com o idiota aqui tentando aproximar o melhor amigo da namorada, sem saber que ela já tinha ficado bem próxima dele? Aliás, imagino a quão próxima não ficou, para sair daqui com um ódio tão grande de você.

Gray se levantou se aproximando dela, bruscamente. Ele segurou o rosto dela, e a mulher se assustou. Lembrou-se de falando-o para ter calma e não fazer uma merda, e soltou o rosto dela suspirando fundo e deixando as lágrimas caírem.

— Eu não quero nem render assunto, porque eu sou capaz de te machucar Akemi. E isso é errado. E eu não sou um homem das cavernas, um criminoso. Então, só junte todas as suas coisas e vai embora.

Gray saiu do quarto e deixou Akemi ali, chorando culpada e arrependida. No fundo, ela saberia que perderia os dois.
Ao sair do hotel, e pegar o avião de volta à Bangkok, para finalmente pegar seu voo final, decidiu passar no endereço onde Liu dissera que treinava. O lugar estava fechado. Era um galpão velho e antigo, pintado de azul, e mal pintado. Ele observou dois homens se aproximando, e trocou poucas palavras com eles. Em seguida se despediu e foi embora. Voltaria a Phuket um dia, quando esquecesse Akemi, e o estresse daqueles dias.
Após algumas semanas, Gray fez o seu check out, e antes de deixar o hotel pegou a carta em sua mochila. Ele sorriu ao se lembrar da missão dada.

Dias antes…


— E aí, ! Como passou as férias?
— Seattle é sempre um bom destino. E você? Quando vai embora de Phuket?
— Dentro de alguns dias, mas nunca esquecerei Phuket. O melhor lugar para se recuperar de um chifre. Você deveria ter ficado! Cada nativa, que eu iria te apresentar...

gargalhou do outro lado da linha...

— Vejo que superou... Eu fico feliz que esteja bem, e que nós estejamos bem.
— É, eu também.... Superar não é bem a palavra.., Mas e aí, por que me ligou?
— Vai chegar uma correspondência a você, e quero que entregue junto com o endereço da empresa no dia que você for embora, se for possível, para uma pessoa.
— O que você está aprontando?
— É o seguinte…

Gray sorriu caminhando até o setor dos funcionários do hotel, como haviam lhe informado na recepção. Falou com o responsável local, e dentro de alguns minutos a moça surgiu correndo no corredor. Gray observou pelo vidro, de dentro da sala, a face preocupada dela encarando-o enquanto corria para entrar. A mulher pensava o que havia acontecido para um hóspede a chamar na sala da direção?

— Liu, o senhor deseja lhe entregar algo.

Ao ouvir o gerente de seu setor, a mulher olhou ainda preocupada e assustada, para Gray. Ele levantou-se e esticou o envelope para ela.

— O que é isso, senhor? – ela perguntou.
— Eu não sei, só me pediram para entregar. E também... – Gray pegou um pequeno papel, com o endereço da empresa anotado, e seu cartão pessoal: — Esteja nesse local, na data pedida. Aqui também estão meus contatos pessoais. Me procure quando chegar lá. E se tiver alguma dúvida pode me procurar também.

A mulher encarou os papéis e o cartão em sua mão. Gray despediu-se do gerente e de Liu, e saiu de volta ao estacionamento, onde o chofer o aguardava para sair.



Faixa 3: Me Like Yuh


Senhorita Liu Thompson, A Above Ordinary Music Group (AOMG) tem a satisfação de convidá-la para um teste de elenco, a ocorrer no dia 27 de abril de 2017 no horário de 09:30 am. (nove horas e trinta minutos) na sede da empresa, em Seul.
Recomendamos que chegue com uma hora de antecedência ao local para realização de sua inscrição de participante. A falta de inscrição caracteriza eliminação do (a) candidato (a).
É necessário o uso de traje específico para o teste de dança. O (a) candidato (a) que necessitar de acomodação prévia à data do teste, deverá entrar em contato o mais rápido possível.
Quaisquer outras dúvidas, também podem ser sanadas através de nossas redes sociais e/ou e-mail.
Aguardamos a senhorita no teste, e boa sorte!

Local: Ch’ongdam-Dong, 2038, Seul, Coréia do Sul. AOMG Entertainment.
Data: 27/04/2017

Horário: 09:30 am



Contatos
Mídias Sociais: @aomgofficial
E-mail: info@aomgofficial.com
www.aomgofficial.com

Fundador:
Co-fundador: Simon Dominic

Assinatura CEO:


Liu relia aquela carta sem acreditar. Já havia se passado um mês e meio da estadia de no Secret Cliff Resort, e do dia em que Liu recebera aquela carta pela mão do amigo dele. Ela custava acreditar, porque aquilo era sorte demais! Soube pelos amigos da Cia. de dança, que apareceu por lá e fez perguntas breves sobre ela. Ficou pensando se, por acaso, ele já arquitetava aquilo quando conversou com os amigos dela ou, se fora apenas o acaso que o fez lembrar-se da dançarina e lhe oferecer uma oportunidade. Sabia que ele não fazia aquilo para comprar o silêncio dela, sobre o que acontecera entre ele e aquela mulher, pois, ela soube que a mulher partira um pouco depois dele.
O fato era que, lá estava Liu no avião. A caminho da cidade onde aconteceria o teste, e encarando o cartão entregue por Gray no momento de sua despedida. Não necessitou de muita ajuda dele, até então. Mas ponderava em telefonar a ele avisando que havia chegado à cidade. Contudo faltava um tempo para o avião pousar e ela ainda não sabia se deveria realmente telefonar, afinal, não dizia nada na carta. apenas a convidou para um teste e Gray ofereceu ajuda, se necessário.
A aeromoça trouxe um carrinho e lhe ofereceu uma bebida, e entre o aperto do rapaz que dormia ao seu lado massacrando-a na janela, ela recusou educadamente.
Liu adormeceu no avião, assim que seu corpo encontrou uma posição confortável, devido ao desconforto da classe econômica. Acordou com a turbulência do pouso e os avisos de segurança da aeromoça. Quando o rapaz ao seu lado saiu do avião, Liu agradeceu mentalmente. Esperou as pessoas saírem afoitas da aeronave, e quando o fluxo de passageiros diminuía ela levantou-se pegando sua bagagem de mão e descendo as escadinhas estreitas do avião.
Pés em solo e mãos ao alto num longo espreguiçar. Deu alguns pulinhos e fez um breve alongamento sorrindo. As pessoas a olhavam de modo estranho. Mas Liu não se importou. Apressou-se a pegar as bagagens e quando saiu da área de pouso adentrando, finalmente, ao aeroporto, ela seguiu o protocolo de recém-chegados de viagem: procurou o banheiro para sua higiene matinal, e uma lanchonete para comer. Saindo dali pegou um táxi até o local que sua amiga lhe havia passado um endereço: um albergue baratinho no centro de Ch’ongdam-Dong. Enquanto o motorista seguia o caminho, ela puxou seu telefone e decidiu telefonar, ao amigo de .

— Alô? – disse a voz sonolenta de Gray, ao outro lado.
— Bom dia. Eu falo com o senhor Seong-Hwa?
— Sim. Qual o assunto? – Gray estranhou a ligação formal àquela hora da manhã.
— Eu sou a camareira do Secret Cliff Resort, Liu Thompson. O senhor me entregou uma carta antes de ir embora e o seu cartão. Disse que eu podia ligar, e, bem... Desculpe-me o telefonar tão cedo. Eu só queria avisar que estou na cidade, e achei que seria prudente avisá-lo.
— Ah... Sim... Tudo bem. Não era necessário telefonar apenas para avisar que chegou, ao menos que esteja precisando de alguma ajuda. Está tudo bem?
— Oh não, senhor! Está tudo bem, eu realmente acabei de chegar. Desculpe-me por incomodar.
— Não precisa se desculpar. Você está onde?
— A caminho de um albergue.
— Albergue? Vai se hospedar em um albergue de Ch’ongdam-Dong? Conhece a cidade?
— Não senhor, mas não se preocupe. Eu me viro.
— Por que não pediu hospedagem pela empresa? Você foi informada que tinha este direito?
— Havia algo na carta, mas eu realmente tive ajuda de alguns amigos. Tem algum grave problema em me hospedar em um albergue?
— Bom... Isto é relativo. Enfim, você quer se hospedar em minha casa? Com todo respeito, é claro. Não me entenda mal.
— Obrigada pela atenção, senhor, mas está tudo bem. Eu só queria mesmo, avisá-lo.
— Certo. Até mais, então. Se precisar de algo, pode me telefonar.

Liu agradeceu e desligou a chamada. Observava atenta aos lugares por onde passava e assim que o taxista estacionou em frente ao local pedido, ela analisou com atenção. Gray havia a preocupado. A fachada do lugar era agradável e os arredores também. Ela poderia utilizar o desconto de funcionária e se hospedar em uma das redes do Resort mais próximas ou parceiras, contudo, Liu economizava para outros objetivos. Por isso, trabalhava com tanto esmero. Se tinha a oportunidade de gastar pouco, ela o faria. O taxista entregou as malas, pegou seu dinheiro e despediu-se simpático. Liu observou mais uma vez a fachada e os arredores antes de entrar. Na recepção, um rapaz novo – julgava ser adolescente – anotava algumas informações em um papel e assim que percebeu Liu, deu-lhe atenção.

— Bom dia senhora. Posso ajudar?
— Bom dia. Eu tenho uma reserva aqui em nome de Liu Thompson.
— Um momento.

O rapaz folheou o livro de reservas do albergue na data atual e no dia anterior.

— Me desculpe, quando foi feita a reserva?
— Há um mês. – Liu não gostou do tom duvidoso do rapaz.
— A senhora confirmou as reservas? – ele perguntava enquanto folheava calmamente o livro.
— Não. Na verdade, uma amiga ficou de confirmar para mim.
— É, me desculpe, mas há aqui uma nota de cancelamento da sua reserva datada de semana passada.
— Espere um instante, por favor? – Liu pediu e o rapaz consentiu educado.

Ela se afastou para falar com Naichi, sua amiga, mas a ligação não completava. Havia avisado a amiga para não se esquecer de ligar confirmando, mas não a culpava. A culpa na verdade, era sua.

— Bem, eu realmente não consigo falar com a pessoa que precisava... Mas eu posso dar entrada em outra reserva?
— O problema é justamente este senhora: não temos vagas. Se houvesse um quarto, o cancelamento não seria um problema. Mas o distrito está cheio e somos o único albergue que oferece um bom serviço e barato, na região... Se a senhora quiser, posso indicar outros lugares, mas não são apropriados para uma moça sozinha…

Liu colocou as mãos ao rosto, contrariada. O rapaz, mesmo sem resposta, anotou endereço e contato dos estabelecimentos que julgava ser menos perigoso para ela. Entregou o papel, num sincero pedido de desculpa. Liu após ler o que estava escrito, saiu em direção à porta e fez a única coisa que poderia: telefonou ao Gray.

— Olá. Está tudo bem?
— Senhor Gray, novamente desculpe incomodá-lo! Por favor, me desculpe! Houve um problema no albergue onde me hospedaria, e minha reserva foi cancelada. O senhor poderia me indicar algum lugar na cidade? O rapaz da recepção disse que não é seguro ir a outro albergue.

Gray ouvia a tudo atentamente, e sorria da voz envergonhada e meiga da moça. Ele deu um risinho baixo e discreto e pegou as chaves de seu carro.

— Em que endereço você está?
— Na rua Emerald DLX 129.
— Estou indo para aí.
— Senhor Gray, não, por favor! Não é necessário se incomodar. Eu só preciso de uma boa indicação e...
— Relaxe Liu. – Gray interrompeu-a com uma risada simpática — Me aguarde, eu não demoro.

Desligou a chamada e Liu sorriu. Apesar de se sentir desconfortável em importuná-lo, sentia-se melhor em saber que ele estava disposto a ajudá-la. Ela retornou para a recepção e perguntou se poderia aguardá-lo ali. O rapaz permitiu, e muito gentil lhe serviu um chá.
Gray, realmente não demorou a chegar. Assim que colocou as malas de Liu em seu carro, e abriu a porta para ela entrar, ele agradeceu ao rapaz do albergue.

— Muito obrigada, senhor Gray.

Ele sorriu divertido e falou para ela:

— Vamos combinar duas coisas: por favor, não peça mais desculpas. Eu realmente me dispus a ajudar você, então, não sinta vergonha por isso. E por favor, me chame de Gray.
— Tudo bem... Gray. – ela falou tímida sorrindo.
— Você ficará em minha casa até o teste e depois podemos olhar um hotel pela empresa.
— Ah, não se incomode. Eu gostaria de economizar, mas como não foi possível eu posso me hospedar pelo desconto de funcionária do Resort.
— Entendo, mas mesmo assim... O hotel parceiro mais próximo fica há uns 60 quilômetros de onde você precisa estar.

Liu assentiu com um suspiro desanimado, e sorriu em seguida:

— Certo... Estou vendo que não tenho outra opção. Eu vou ter que incomodá-lo mais um pouco.
— Não é incômodo algum.

Depois do breve diálogo, Gray ligou o aparelho de som do carro e cantarolou pelo percurso. Embora não tivessem assunto, Liu observava-o sorridente. Ela achou divertido assisti-lo recitar o rap ao som da música.

— Gosta? – ele perguntou a ela apontando ao aparelho de som.
— Sim. Mas não sei cantar. Meu lance é com o corpo.

Gray sorriu sugestivo com a fala dela, de um modo discreto. Não queria soar rude com a mulher. Eles continuaram o percurso com conversas amenas, e quando Liu chegou em frente ao condomínio de Gray ela ficou espantada. Esperava algo luxuoso, uma mansão suntuosa ou um condomínio digno de filme, não pelo fato dele hospedá-la, mas porque ele era um cantor de k-rap famoso! E, no entanto, aquele condomínio estava facilmente dentro dos sonhos de Liu como meta a ser atingida. Ela, uma dançarina/camareira/bargirl.
Gray dirigiu até o estacionamento, se identificou na câmera ali e a trincheira foi aberta. Estacionou em sua vaga, os dois saíram do carro após pegarem a bagagem e se encaminharam para um elevador que havia ali, e saíram direto no andar dele.

— Pode entrar Liu, sinta-se à vontade. – ele falou dando passagem à mulher tímida.

Ela entrou observando cada detalhe, de maneira discreta. Gray levou a mala dela em direção às escadas, que estava um cômodo à frente de onde eles estavam em pé. Certo. Estava pasme por Gray morar em um condomínio de padrões "medianos" se fosse analisar o poder financeiro dele, e não imaginou que ele moraria na cobertura. E era uma bela cobertura.
No salão grande onde estava, havia um sofá roxo num estilo antigo, acompanhado de mesinhas laterais e elegante lustre no teto. Uma mesa de centro em mármore, poltronas frente ao sofá, e quadros de arte e na parede em frente ao sofá, um vidro aplicado nela, protegia todas as fotografias de Gray, amigos e alguns trabalhos.
Liu caminhou para o mesmo local em que Gray havia ido, era outra sala, menor e mais aconchegante. Nesta sala, um sofá em "L" preto, com uma estante preta à sua frente, onde os eletrônicos estavam. Lateral ao cantinho onde estava o sofá, e depois da porta onde ela acabara de sair, estava a escada que indicava os dormitórios. Gray descia as escadas sorrindo para ela.

— Já conheceu tudo por aqui?
— Não, não.
— Venha, vou te mostrar. – ele falou simpático entrando no corredor à frente da garota.

Eles caminharam pelo corredor, que não era longo, até uma cozinha mediana. Moderna, bem mobiliada com bom aproveitamento dos espaços e com uma tradicional mesa de jantar na copa, que era dividida num estilo "cozinha americana".
Subiram o andar das escadas, onde ficavam dois quartos com suíte, o banheiro social, a lavanderia e noutro canto, uma escada que os levava à cobertura. Na cobertura, um pequeno espaço de lazer, com algumas mesas de jogos e poltronas numa área coberta, e na área descoberta espreguiçadeiras e uma mesa para relaxarem ao Sol.

— Uma casa modesta, mas tem o que preciso. – ele disse ao lado dela escorado à mureta da cobertura.
— Confesso que achei simples. O tipo de casa que seria um padrão de conquista para uma pessoa como eu.
— Ficou surpresa por eu não ter uma “mansão”? – ele falou com voz engraçada.
— Foi mal, mas não é o estilo rapper de ser, não é?

Os dois riram concordando.

— Tem razão. Mas minhas ostentações são os carros. é mais ligado nisso de ter casas luxuosas e etc. Eu como não tenho garagem suficiente, deixo os meus investimentos nas casas dele.
— Então você tem um pouco do estilo rapper. – ela falou fingindo uma careta desapontada.
— Não gosta de rapper? – Gray perguntou divertido como se estivesse ofendido.
— Gosto sim. Meus melhores amigos são.
— E você não canta nada? Nem arrisca umas rimas? — É como eu disse antes, meu lance é mais corporal... Quando me ver dançando, vai saber que estou falando a verdade.

Eles riram animados.

— Bem! Aguardarei ansioso este momento! Agora, vamos tomar café da manhã?

Liu assentiu o acompanhando e antes de encontrar Gray na cozinha, ela tomou um banho e conheceu o quarto onde ficaria aquela noite. Nem se preocupou em desfazer as malas.
Naquele dia, Gray tinha alguns afazeres na empresa e por isso levou Liu até lá com ele, para que ela já soubesse o endereço e conhecesse um pouco mais da cidade. Eles retornaram para casa, e se conheciam melhor. Ela notou que Gray era um cara legal, e comum como qualquer outro. E sentia-se à vontade perto dele, pois Gray a fazia sentir como se eles fossem amigos de crew.
À noite, Gray quis levá-la para conhecer a cidade com mais calma, sem correr o risco de assédio por fã, ou paparazzi, e principalmente, pelo pouco movimento na cidade. Caminhavam, tranquilos em uma ciclovia. Gray parou em um carrinho ambulante e comprou dois mochis. Entregou um à garota que estava escorada na grade da ciclovia observando o lago que passava ali por baixo.

— Obrigada. – ela pegou o espetinho.
— Então, o resort simplesmente te liberou para o teste? – Gray perguntou, retornando ao assunto que estavam tendo.
— O resort, não. Eu consegui que meu supervisor aceitasse a troca de turnos com uma amiga. E ela está no meu lugar até eu voltar. Mas ela vai receber por esses dias no meu lugar.
— Entendo. E como vai ser, se você passar no teste?
— Bem, aí... Eu terei uma escolha a fazer.
— Sabe que este trabalho do teste é temporário, não é?
— Sei. Mas alguém me disse para não desistir dos meus sonhos e talvez, seja esta a oportunidade que eu esperava. Se for, eu tenho uma grana guardada... Enfim, Gray... O dia de amanhã, só amanhã saberemos.
— Verdade. Mas se você está confiante, então tudo dará certo.
— Foi assim que você conseguiu realizar o sonho de ser rapper?
— Como assim?
— Confiante?
— Ah! Sim! Claro! Se você não acreditar em você, não vai adiantar nada.
— É o que eu penso! – ela fez uma expressão confiante, e fechou os punhos demonstrando força.

Gray sorriu com aquilo. Liu era uma garota divertida, e não sabia o que havia tido com ela no hotel, mas começava a compreender o motivo dele dá-la uma chance de conquistar seu sonho.

— E o seu namorado vai ficar em Bangkok ou virá embora?
— Quando eu disse que tinha um namorado? – ela arqueou a sobrancelha divertida.
— Não disse.

Gray sorriu depois de encará-la em silêncio alguns minutos. Ela apenas concordou e não falou nada. Liu sabia que Gray estava “jogando verde”, e não responderia. E ao perceber que ela não ia responder, Gray ajeitou sua jaqueta, e apoiou-se de lado na grade onde estavam. Observou ela como se dissesse “e aí, não vai responder?”. E ela sorriu como se respondesse que não.

— Se não disse, não tem. – ele constatou.
— Vamos embora! – ela riu da resolução rápida dele, e batendo no ombro dele saiu dali retornando para o caminho de onde vieram.
— Espera Liu! – ele falou logo atrás dela, e a menina rindo continuou a caminhar: — Que tipo de cara você prefere? Os atletas? Loiros? Morenos? Artistas? Rappers?

Gray perguntava divertido fazendo-a gargalhar, e quando ela falou que não precisava respondê-lo, ele esbarrou no ombro dela e disse:

— Difícil você, hein?



Faixa 3: Me Like Yuh


O despertador de Liu tocara e ela levantou-se ansiosa e confiante. “Vai dar certo!”, ela mentalizava enquanto se arrumava para sair. Ao descer as escadas, encontrou Gray na cozinha preparando seu café da manhã.

— Bom dia.
— Bom dia, Liu! O que quer comer?
— Qualquer coisa!
— Então pode fazer seu café da manhã, você está em casa.

Ele olhou risonho para ela. A mulher ainda se mantinha um pouco tímida, mas depois de terem conversado tanto no dia anterior, já se sentiam um pouco amigos.

— Que horas é o teste?
— Às nove e meia, mas preciso estar lá às oito.
— Eu te levo!
— Não. Não, não mesmo. Muito obrigada, mas eu me viro.
— Já falei que não é incômodo algum.
— Você tem algo a fazer lá? – ela perguntou curiosa.
— Não.
— Então, obrigada, eu vou sozinha.
Aish... Teimosa.

Após terminarem de comer, Liu desceu de seu quarto com a bolsa contendo a roupa para o teste, e sua mala de viagem. Gray lavava a louça, e se assustando com o barulho foi até a escada.

— Aonde vai com essa mala?
— Embora.
— Ok. Eu fiz alguma coisa?
— Não, não! Imagine! Apenas, não vou incomodar mais. Assim que o teste acabar eu vou procurar um hotel.

Gray revirou os olhos e se aproximou de Liu tirando a mala das mãos dela, e com uma de suas mãos ensaboada, ele deu um peteleco na testa dela sujando-a. Ela limpou e o olhou contrariada. Gray deixou a mala dela em um canto.

— Vá fazer seu teste, e volte para cá. Estarei em casa o dia todo. Depois procuraremos algum lugar, se você quiser.
— Mas eu pretendia olhar pela própria empresa. Se eu passar, claro...
— Vai passar. Mas mesmo assim venha para cá. Não tem por que ficar carregando essa mala pesada no meio do seu teste. Eu vou ligar para a empresa, e procurar saber as condições de hospedagem.
— Ok, Gray. Muito obrigada por tudo isso. – ela falou sorrindo.
— Tudo pela garota do meu amigo. – ele respondeu brincando.
— Como é?

Gray olhou-a sem graça. Pelo visto ele estava interpretando as coisas de forma errada. Quando abriu a boca para responder, Liu abanou as mãos de modo a “deixar para lá”. Olhando o relógio ela acenou saindo apressada do apartamento, Gray desejou boa sorte enquanto a via entrar no elevador.
Ela não havia notado a portaria, pois, nem ao menos passara por lá. Era uma recepção modesta, mas com um quê de elegância. Entrou no carro que havia chamado por um aplicativo, e que acabava de estacionar à medida que ela saía da portaria. Entrou rápida e seguiu.
A AOMG era uma empresa média, não era uma multinacional, mas já havia ganhado espaço e a tendência seria aumentar. Liu fez o dever de casa direitinho, e por isso, não aguardava um prédio alto, espelhado ou coisas do tipo. Uma fachada modesta, uma recepção elegante e ampla, com uma funcionária simpática era exatamente o que ela esperava. Foi bem recebida e encaminhada à sala de inscrição.
Conforme indicava a carta, ela estava lá no horário e com os documentos adequados para a inscrição. Depois de se inscrever para o teste foi dirigida à uma sala de espera. Ali, dois funcionários explicaram o que seria o teste, o tempo estimado de duração para a seleção e outras informações do tipo. Perguntaram quem conhecia a empresa, e recolheram os currículos de cada uma. Apresentaram um breve histórico da empresa e depois saíram.
Na sala onde os testes aconteceriam, os mesmos funcionários levaram os documentos recolhidos: currículos e fichas de inscrição para o diretor do teste, o coreógrafo e o CEO da empresa, que seriam os avaliadores das candidatas.
Após breve pré-seleção daqueles documentos, iniciaram as chamadas. Uma a uma, as candidatas eram indicadas à troca de roupa no camarim preparado quando foi solicitado o momento. A primeira menina entrou, e as outras já se vestiam em ordem de chamada, a fim de agilizar o processo. Os testes levavam mais ou menos vinte e cinco minutos cada.
Liu observava o pessoal que entrava, mas não via quem saía. Parecia serem encaminhadas para outro espaço. Ela só conseguiu entrar para o seu teste, às onze horas da manhã. Até que, não esperou tanto quanto achou que aconteceria.
Na sala de dança, o piso em linóleo soava como nuvem sob os pés dela. Era aquele o seu ambiente. E estava feliz de estar ali. Caminhou ao centro do piso, e os homens liam brevemente seus documentos, a fim de verificar se a documentação dela estava entre as pré-selecionadas, como as mais atrativas ou não. E estava. se recordou de quem ela era assim que leu seu nome. E olhou na direção da mulher, que não mantinha contato visual direto com ele, e sorriu.

— Liu. Bom dia, tudo bem? – ele perguntou.
— Bom dia a todos. Estou bem, obrigada. – ela respondeu.
— Eu sou , estes são: o nosso diretor August Frogs ou Niga, e o coreógrafo, Joon. Já explicaram a você como vai funcionar, mas eu vou repetir. Três músicas serão tocadas, uma por vez, e para cada uma delas, nós esperamos uma resposta espontânea de sua coreografia. Depois, o nosso coreógrafo Joon fará algumas perguntas e pedidos específicos. Entendido?

Liu assentiu que sim para ele.

— Podemos começar então?
— Claro. – ela respondeu em um largo e simpático sorriso.

A primeira música começou a tocar, e Liu fechou os olhos. Ela começou a mexer a cabeça no ritmo dos primeiros beats. Era um ritmo marcado, e num compasso contínuo. E ela conhecia aquela música. “Hby” de SKOLOR tocava e Liu começou a sorrir conforme movimentava o corpo. Ela se lembrou de quando dançava aquela música com seu amigo, de brincadeira, nos intervalos da companhia, de forma divertida. E sentia-se como se estivesse lá. Não era um beat que pedia passos muito elaborados, e por isso ela manteve os passos divertidos, soltos, e gingando bem com seus rebolados. Fez dois movimentos mais atrativos, quando colocou as mãos no chão, em uma bananeira e agitou a pernas no ar. Depois saltou e se ergueu rapidamente e rebolou num estilo “largado” até o chão, fazendo poses de rapper. Ela não prestava atenção nos avaliadores. Apenas sorria e brincava com as caras e bocas, na direção deles, como se aquele rap fosse dela. sorriu discreto e anotou algo na ficha dela. Repassou para o coreógrafo que se mantinha atento a ela. Quando a música acabou, ele anotou sua nota, no mesmo espaço que havia escrito e passou a ficha para o diretor. Liu retornou ao centro da sala, e aguardou a nova música começar.
"Bullshit" de G-Dragon, começou a tocar com seus beats fortes, bem marcados e acelerados e Liu lançou seu street dance mais específico. Ela conseguia ser técnica e sedutora nos movimentos. E repetiu passos de uma apresentação que já havia feito com aquela música. A música interrompeu novamente, dessa vez, em menos tempo que a outra e enquanto os avaliadores faziam suas anotações, Liu já se preparava para a próxima que entraria. Se ela estava certa, seria uma música que eles esperariam um pouco mais de sensualidade dela. "Iffy" de Sik-K com , era uma das favoritas dela. E ela sorriu novamente, já de costas para eles. Ela começou seus movimentos mais insinuantes. Jogou o cabelo, rebolou, e no refrão, mandou um twerk lento.

Iffy, iffy yah, yah... sussurrava cantarolando.

E prestava muita atenção nos quadris da mulher. Ela continuava dançando olhando os avaliadores, mas não os percebendo. Liu movimentava-se como se estivesse fora de órbita. Num mundo próprio de dança. E Joon gostou muito do que ela apresentou naquela dança, tinha ousadia, sensualidade, mas ela mesclava com o divertido do street. Foi pontual: ela conseguiu ser agressiva nos momentos certos, nas músicas certas e Joon não precisava falar muito. Sentiu que sua garota era ela.
A música parou aos poucos, e Liu finalizou muito bem. Ela agradeceu e sorriu para os avaliadores, que já haviam feitos suas anotações. E era o momento de Joon falar:

— Liu, primeiramente eu quero dizer que em minha concepção seu teste foi muito bom. Eu pude notar que você tem domínio do street dance, e do jazz. Aqui em sua ficha diz que você fez parte de uma crew, e atualmente dança numa companhia de jazz de Bangkok... Tem algumas apresentações legais... Bem! As minhas únicas perguntas são: por que você está numa companhia de jazz? Por que você veio fazer o nosso teste? E se você tem certeza que é isso o que você quer, visto que, somos uma produtora de k-rap, k-hip-hop...
— Bom, primeiramente agradeço aos elogios e à oportunidade. E respondendo suas questões... A dança é um sonho pelo qual eu batalho há algum tempo. E mais do que um sonho, ela é como eu me expresso, como eu sou. Não é diferente para mim se eu vou dançar um estilo ou outro. Na verdade, eu tenho competência suficiente para dançar o que me mandarem, e sou estudiosa de estilos justamente para ter esta competência. Eu não vou ser hipócrita, na verdade, a Companhia Lótus foi a oportunidade que eu tive, no momento. Depois que a crew onde treinava foi desfeita, eu procurei outros grupos, mas eu não tive condições de estudar nos melhores colégios de dança então... A Companhia foi a oportunidade que eu tive. Ela surgiu de um grupo de dançarinos, e amantes da dança que sem investimento buscaram fazer o que amavam. E eu me encaixei muito bem ali, como uma verdadeira família. Então, mais do que ser uma Companhia voltada ao jazz, somos uma companhia de dançarinos. E o jazz não nos limita. Como pode ver na minha ficha, eu pude disputar pelo nome Lótus em eventos de street. Estou aqui porque desejo mais, eu tenho um sonho e, se a AOMG não for o lugar onde eu vou realizá-lo será um degrau para chegar nele, com certeza. E eu tenho certeza absoluta de que estar aqui, é o que eu quero.

— Certo... E se você passar no teste, como fica a Companhia?

— Também estou aqui por eles, então, se eu passar a Companhia estará a postos de aplaudir. E de braços abertos. Ela sempre terá os braços abertos, se eu precisar voltar um dia. Mas sinceramente... – Liu sorriu sem graça, e falou confiante: — Estão todos torcendo para que eu passe aqui.

Os avaliadores sorriram também e entreolharam-se curiosos.

— Com certeza estão. Liu, muito obrigada pelo seu teste. Por favor, aguarde naquela porta à esquerda. Obrigada, e boa sorte. – Niga, o diretor falou para ela.

Liu saiu pela porta indicada, e haviam poucas garotas ali. Todas conversavam e receberam bem a moça que acabara de chegar. As dançarinas se mostravam ansiosas pelo resultado, e Liu estava quieta e concentrada no seu teste. Tentava recordar-se das expressões nos rostos dos avaliadores e, principalmente, no rosto de .
Liu sentia-se um pouco constrangida perto do , e isso desde o hotel. Não sabia ao certo se por saber da trágica situação dele no hotel, ou pela maneira como a presença dele era intimidadora. Na verdade, o constrangimento devia-se à sua timidez, pois, o se mostrou muito simpático com ela e nada intimidador. Mas aquele era um tipo de reação muito comum entre as mulheres. Talvez fossem os olhos pequenos, ou o sorriso cafajeste, que lhe conferiam um ar predador. Era habitual que seduzisse por onde chegasse. Liu sacudiu a cabeça na tentativa de parar de pensar no que aconteceu.

— Ei! Moça! – as dançarinas olhavam para ela, parecendo que a chamavam há algum tempo.
— Sim?
— Como foi o seu teste?
— Ah, eu acho que bem.
— Viram? Parece que todas aqui, fomos bem. – uma delas disse constatando.

Liu não deu importância, ela só se preocupava com o resultado dela. Não se importava se todas ali haviam passado, ou uma só. E não era por egoísmo, era por ansiedade. Havia esperado tanto por uma oportunidade como aquela, que imaginar que não conseguiria o trabalho era uma hipótese depressiva. Sim, desta forma, intensa.
Uma pessoa surgiu na sala pedindo-as para que prosseguissem de volta ao salão de teste. Elas seguiram o homem, e os três avaliadores as aguardavam na mesma bancada anterior. As mulheres ficaram enfileiradas de frente para eles.

— Senhoritas, vocês passaram no processo seletivo. Parabéns à todas. Aguardamos vocês amanhã às oito horas da manhã, para os ensaios oficiais da coreografia com o nosso coreógrafo, Joon. – Niga afirmou a elas.
— Sejam pontuais. Não admito atrasos. Temos um cronograma que será apresentado a vocês amanhã, então, não atrasem. Principalmente a... – Joon leu o papel em sua mão, com a ficha em busca do nome: — Liu! Você, especificamente não se atrase.
— Fique tranquilo, senhor Joon.
— Dispenso o senhor, e isso serve para todas.

As meninas se entreolharam e assentiram para Joon. Liu direcionou um olhar discreto para , mas ele não a olhava.

— Vocês passem no primeiro andar agora, por favor, e preencham os documentos para o RH.

Assim que o diretor Niga, deu as últimas instruções os três se levantaram, e as dançarinas seguiram para o primeiro andar da empresa. Liu estava saindo da sala do RH no momento em que passou por ela no corredor. Ela olhou para os lados a fim de ver se alguém também estava ali, e ao notar-se a só com ele, seguiu atrás dele. Ela não sabia se deveria agradecê-lo, ou fingir que ele nada tinha feito.
Decidiu não falar nada, não lhe parecia que era certo. Estava caminhando atrás de , quando viu que ele seguia o mesmo caminho que ela: o elevador. Ele entrou primeiro, e logo ela entrou também. Olhou para ele, de modo tímido e corou. Novamente sentiu aquele rubor, que não sabia decifrar a razão, em seu rosto. Ela viu que o andar do térreo já havia sido apertado, então olhou para frente suspirando fundo, numa tentativa de fingir que não era ele ao lado dela. que mexia em seu celular, na hora que escutou o suspiro dela parece ter percebido que havia mais alguém, ele olhou de lado, de modo sedutor e natural. E ao vê-la ficou naquela posição: a cabeça um pouco de lado, os olhos pequenos e curiosos, um sorriso ladino e a sobrancelha arqueada, as mãos paradas no que fazia. Guardou o celular em seu bolso e ajeitou a postura. Olhou para frente também.

— Parabéns.

Ele disse, e Liu imediatamente o olhou. De um modo assustado e tão diretamente em seus olhos, que novamente sentiu o rubor. Sorriu sem graça e abaixou a cabeça sorrindo.

— Obrigada. – ela disse calma, e decidiu falar mais: — Eu realmente preciso e quero te agradecer por isso, mas não sabia se era certo.
— Do que está falando?

Ele perguntou e a mulher não entendia se ele fingia não saber ou se ela deveria fingir que não havia motivos para agradecer.

— O convite... – arriscou mencionar tímida.
— Sim, sim, eu entendi. Mas porque não seria correto agradecer?

Eles se olhavam curiosos, e Liu desviou novamente o olhar para um ponto na roupa dele. Não conseguia manter uma conversa encarando-o diretamente.

— Eu não sei... Má impressão?
— Ninguém tem nada a ver com as nossas vidas, e não deixe de falar comigo ou qualquer outra pessoa de cargo superior aqui, por causa de pensamentos assim, Liu.

O fato de ele saber o nome dela não deveria espantá-la, afinal, acabara de fazer um teste na presença dele, mas mesmo assim, ouvi-lo o dizer mexia com ela. A porta do elevador abriu e antes de sair ele lhe falou:

— Parabéns, e obrigada por não desistir do seu sonho.
— Eu que agradeço.

Ela sorriu grata, e acenou saindo. Ela saiu logo em seguida, e novamente olhou para ver se ninguém havia notado acenando-lhe. Entendia a postura dele, mas para uma funcionária de hotel onde a discrição é tão exigida, havia dificuldade de rompê-la. Muitas vezes não podia dirigir-se a um cliente do hotel, nem mesmo ao superior em qualquer lugar. Aquilo de “ninguém tem nada a ver com nossas vidas” era um tanto quanto, liberdade demais num ambiente profissional.
Respirou fundo, aliviada, assim que pisou a calçada da empresa. Olhou para o céu ensolarado e seu estômago roncou no exato momento em que seu celular tocava. Ela procurava o celular em sua bolsa, ainda parada na calçada, quando o carro de saía do estacionamento. Ele viu-a de relance, sorriu e seguiu seu caminho.

— Senhor Gray? – ela atendeu ao telefone surpresa.
Aishh!!! O que combinamos?
— Desculpe, Gray.
— Para de se desculpar também, por favor... – ele suspirou cansado do outro lado.
— Ok. Ligue de novo.

Ela disse sorrindo e desligou. Gray não entendeu nada, e sorriu discando novamente.

— E aí, brow? – ela atendeu.
— Isso foi péssimo. – ele ria alto do outro lado da linha: — Mas ainda foi melhor do que antes. Já saiu do teste?
— Já sim, e não tenho boas notícias sobre o hotel.
— É, eu também tenho notícias. Estou quase chegando aí. Decidi não fazer comida hoje, porque estou com preguiça. Vamos almoçar fora.
— Eu não sei se devemos.
— E por quê?
— Bem...
— Liu. – ele a interrompeu: — Eu já entendi que você é difícil, e fica calma que eu não estou dando em cima de você. Não é que eu não queira, mas é realmente um almoço entre amigos.
— Não é nada disso, Gray. Mas tudo bem, eu estou na entrada da empresa.

Liu riu baixo e logo ele desligou. Aguardava-o chegar, e haviam se passado oito minutos desde que ele ligara quando algumas dançarinas que foram selecionadas com ela, passaram por Liu.

— Ei, Liu! Aguardando seu namorado? – uma delas perguntou.

Liu abriu a boca para responder e ouviu uma buzina à sua frente. Arregalou os olhos e tratou-se de se apressar antes que Gray tentasse sair do carro.

— Ah não, é só um amigo. Que já chegou... – ela respondeu as meninas apontando o carro e acenou se despedindo.
— Nos vemos amanhã, então. Boa sorte para nós!
— Sim, sim! Até amanhã!

Ela desceu os degraus rapidamente, e quando viu a porta de Gray abrir, ela correu para entrar antes que ele saísse. O rapaz a observou sentando ao seu lado, assustado, com uma perna para fora do carro.

— Estamos em fuga?
— Só não queria que elas me vissem contigo.
— Por que? Eu sou um fugitivo da lei?

Gray ajeitava-se novamente ao volante, ainda assustado.

— Não, mas você não trabalha aqui?
— Olha Liu, não precisa se preocupar com o que podem dizer de você na AOMG. Na verdade, não acredito que vão se meter em sua vida. As novatas, talvez, mas... Que se dane. Ninguém tem nada a ver com nossas vidas.

Ela sorriu com a coincidência naquela frase. E Gray deu a partida.

— É a segunda vez que me falam isso hoje.
— Ah é? Por quê?
— É que... O senhor estava no mesmo elevador que eu, e me reconheceu. Mas eu não quis falar diretamente com ele, porque ele é né... O dono de tudo e responsável por eu estar aqui. Ele me disse a mesma frase.

Gray sorriu. Ele sabia que havia dito aquilo. Assim que Liu iniciou o seu teste, enviou uma mensagem à Gray dizendo: “a garota do hotel veio”. E a partir dali os dois conversaram sobre a apresentação dela. E o momento no elevador, também compartilhou com o melhor amigo.

— Olha, tecnicamente o maior responsável por você estar aqui, sou eu. – Gray respondeu à fala anterior dela.
— Como assim?
— Eu que entreguei a carta. Se eu não tivesse feito o que pediu, você não saberia...
— É verdade... – Liu sorriu para Gray: — Obrigada Gray.
— De nada. Passou no teste?

Ele já sabia da resposta, mas queria vê-la reagindo àquela notícia.

— Eu te falei que meu lance é corporal, não falei?
Aishhh... Como é convencida esta garota!
— Quase uma rapper.

Ela lançou a ele um sorriso convencido e Gray riu concordando.

— Parabéns pelo trabalho. – ele disse.
— Obrigada. – Liu analisou a situação um minuto, silenciosa: — Gray... Por que o senhor te pediu para fazer aquilo?
— Primeiramente, esquece o "senhor". Tira isso da sua vida, sério. Você não está mais dentro do hotel, então, seja mais leve. Seja você.

Liu sorriu sem graça e concordou.

— E não gosta de ser chamado assim, apesar da pose de "todo-poderoso". E depois... Por que está tão interessada em saber?

Liu corou. Não esperava que fosse ser interpretada de uma forma errada.

— Não é que eu esteja tão interessada, mas eu acho estranho ele dar uma oportunidade assim para uma estranha. Se ele ainda tivesse visto alguma apresentação minha... Mas... Ele é de fazer esse tipo de coisa?
— Está muito interessada no ... – Gray brincou.
— Ai, nossa, não precisa responder. Não é nada disso!
— Não fica brava! Eu só não aceito você ser difícil comigo, e não ser com ele. Afinal, o que rolou entre vocês lá em Phuket?
— Como assim? Do que está falando?
— Vocês não saíram?
— Não! – Liu deu um grito, assustando Gray e se desculpando depois: — De onde tirou essa ideia?
— Então, me desculpe Liu, mas eu também não sei. Achei que e você haviam...
— Não! – ela falou interrompendo ao Gray.

Ele sorriu confuso e curioso pela reação dela. Ela ficou pensativa. Se nem mesmo Gray sabia a razão... E pior, se Gray achava que ele teria feito aquilo por outros interesses, o que ela pensaria? Gray pigarreou chamando a atenção da moça, e Liu o pegou observando-a com um sorriso divertido.

— O que foi?
— Se você não está saindo com o meu melhor amigo, então...
— Gray, você não pode estar falando sério, não é?
— Eu não vou insistir, mas se você quiser dar uma colorida na amizade que está iniciando entre nós, eu não vou me importar.
— Céus! Exatamente: iniciando. Controle-se!

Eles saíram do carro que já havia sido estacionado.

— Isso não foi um não.
— E nem um sim.

Ela caminhava à frente de Gray e mexia nos cabelos em aparente desconforto. Os dois entraram no restaurante, sentaram-se em uma das mesas mais afastadas – por vontade dela – e conversaram sobre a estadia de Liu enquanto aguardavam o almoço.

— Olha só Liu, eu telefonei à AOMG um pouco depois que você saiu de casa e fui informado que não havia mais disponibilidade de hospedagem. Disseram algo sobre ter sido necessário avisar ao receber o informativo. Eu não quis usar de influência, pelo menos até falar com você.
— Fez bem Gray, obrigada pela ajuda, mais uma vez. Mas no RH me disseram o mesmo, e eu optei por procurar outro lugar mesmo. Se não for incomodar mais, eu gostaria de após o almoço procurar outro hotel e aí se você puder me ajudar...
— Bom, eu acho que você deveria considerar a minha casa. Eu acho que a convivência enquanto você estiver aqui, ou pelo menos até você se estabilizar, não vai ser negativa para nenhum de nós. Eu não estou sempre em casa, e nem você vai estar. E mesmo que esteja, não é como se fosse incomodar. Eu moro sozinho mesmo...
— Gray, muito obrigada, mas...

Ele a interrompeu com um dedo na boca dela, antes que ela terminasse e continuou falando:

— Eu brinco de dar em cima de você e tal, mas eu sei respeitar uma dama, e pode ficar tranquila quanto a isso. Eu realmente não sou louco de chamar você para se hospedar lá, se não soubesse lidar com a situação. E depois, me preocupa outra questão: você disse que junta dinheiro há algum tempo para alguma coisa, que acredito ser importante, então economizar é importante para você. E tendo em vista que passou no teste, há um contrato com a AOMG pelo menos por um tempo. Então, seu trabalho no resort não vai te aguardar, não é?
— Realmente, eu vou ter que pedir demissão de lá. E economizar é importante, mas me hospedar de graça também não era um plano inicial. Cobre-me ao menos algum valor.
— Pode me pagar em beijos.
— Gray!

Ele começou a rir e o almoço chegou. Os dois aguardaram o garçom lhes servir, e Gray perguntou-a:

— Tem alguma objeção em ficar lá em casa?
— Fale um valor.
— Me ajuda com a organização da casa.
— Sério? Você nem mesmo suja as suas roupas. – ela falou óbvia apontando para ele.
— Ok, então... Que tal se você for responsável pelos cardápios enquanto estiver lá? Eu realmente não gosto de cozinhar.
— Tudo bem, mas ainda assim é pouco Gray. Eu não posso aceitar me hospedar sem fazer nada.
— Como uma futura ex-camareira você deveria saber que, hóspedes não trabalham.
— Não, eles pagam por isso.
— Ok, mulher teimosa... Você pode arrumar os quartos, cuidar das roupas, a limpeza da casa, e...
— Meus serviços de camareira? É isso o que você está pedindo em troca, ou está achando que vou ser sua esposa submissa?

Gray quase engasgou com a comida e olhou para ela de maneira divertida, Liu não acreditava no que estava ouvindo.

— Se eu optar pela esposa submissa o que mais vem no pacote?
— Um divórcio.
— Liu, pague-me como quiser, apenas, aceite minha ajuda. Eu não estou fazendo isso só por você.
— Como assim?
— Deixe de ser desconfiada. – ele sorriu analisando-a: — E coma.
— Eu vou te pagar em dinheiro. A mesma quantia que pagaria no albergue. Não vou ser sua camareira, mas não serei folgada também, porque afinal, não temos uma camareira.
— Uma diarista vai lá, uma vez por semana para limpar. Então, temos sim.

Ele continuou comendo, e Liu o observou de modo confuso. Ele realmente queria que ela trabalhasse de graça para ele? Ela concluiu dizendo:

— E principalmente: nunca mais peça a uma mulher que lave, passe ou cozinhe para você. Principalmente se este não for o ganha pão dela.

Ele assentiu, um pouco vergonhado pela maneira como ela o interpretou, se desculpou e os dois almoçaram.



Faixa 3: Me Like Yuh


Liu terminava de servir seu café quando Gray surgiu na cozinha arrumado para sair. Ele observou a mesa posta e sorriu. Juntou as mãos e abaixou o tronco num pedido de agradecimento. Liu revirou os olhos e arqueou uma sobrancelha como se não soubesse que aquilo era o mínimo que ele esperava dela. Não havia aceitado a barganha de Gray, mas para ela era necessário ajudar. Não pelos gastos, afinal, ele tinha grana, mas pela sua própria educação.
Comeram juntos e Liu começou a manhã morrendo de rir. Gray tivera um sonho estranho e ele contava para ela como foi, e fazia caras e bocas engraçadas sentindo repulsa do sonho com alienígenas que sugavam o cérebro dele. Depois, ela levou à louça até a pia, mas Gray a impediu de lavar.

— Deixa comigo.

Ele retirou o detergente das mãos dela, e olhava profundamente sorrindo-a. Liu ficou sem graça com aquela proximidade, e sentiu a pele arrepiar com as mãos frias de Gray sobre as suas. Ela entregou a ele as coisas e saiu. Antes de sair pela porta do corredor observou o rapaz que lavava a louça, de costas para ela. Aquilo foi estranho.
Ela pegou sua bolsa e desceu. Gray estava na porta de casa aguardando ela. Liu agradeceu, ao passar por ele, e se despediu. Ele segurou o punho dela fazendo ela o olhar.

— Vai aonde? – perguntou confuso.
— Para a produtora.
— Então por que está se despedindo? Eu também estou indo trabalhar.

Ele constatou rindo e fechando a única porta daquele andar: a de sua casa.

— Ah... E nós vamos juntos?
— Algum problema com isso? Ainda é sobre o que as pessoas vão falar?
— Não há problema nisso. Só achei que não sei.... Não é errado chegarmos juntos?
— Bem, se quiser pegar um ônibus.... Acho desnecessário se vamos para o mesmo lugar. Mas se preferir eu deixo você um quarteirão antes e você pode terminar de chegar a pé, já que não quer ser vista ao meu lado.
— Não é que não quero, eu só não sei se é certo.
— Nós estamos fazendo algo errado?
— Não.
— Então Liu? Do que você tem medo?

Gray entrou no carro confuso e Liu pensava sobre aquilo. Ela entrou no carro, silenciosa, e Gray deu partida. Ele esperou por uma resposta que não veio, e após alguns minutos dirigindo ao som de sua própria música, com a mulher ao seu lado calada, ele resolveu perguntar de novo. Ou melhor, supor.

— Já sei! Não quer que o pense que estamos juntos. É isso?
— Claro que não é isso. Eu não tenho nada a ver com ele. Eu só não estou habituada a ficar andando com colegas de profissão por aí. Principalmente se estou dormindo com um deles.
— Olha... A gente não está dormindo juntos, mas sabe que se quiser o meu quarto é perto do seu, né?

Liu encarou-o entediada e ele riu.

— Liu! Ninguém tem nada a ver com o fato de você se hospedar na minha casa, ou eu te dar uma carona, por favor, fique tranquila. Se eu não estou preocupado, por que você deveria estar?
— Porque para você sair com uma dançarina da empresa não seria um escândalo, já comigo é o contrário. Não quero que pensem que obtive vantagens nesse trabalho.
— Entendi.

Gray olhou para ela compreensivo e pôs a mão no ombro dela. Liu se assustou com aquilo, e Gray não percebera.

— Fique tranquila, não vamos causar essa impressão. Haja naturalmente, como eu disse antes, a AOMG não vai perder tempo com fofocas sobre seus profissionais.

Liu decidiu acreditar no que Gray dizia. Gray estacionou em sua vaga habitual no estacionamento da empresa, e saiu do carro sendo seguido por Liu. Entraram juntos e despediram-se com um aceno. Ele compreendia a necessidade de ser discreto com ela, por vontade dela. Liu chegou no horário, pontualmente. Joon cumprimentou Liu e outras duas dançarinas que chegaram junto com ela. Indicou às meninas que aguardassem as demais chegarem, e quanto à Liu, chamou-a para perto de si.

— Bom dia Liu. Tudo bem?
— Bom dia, tudo sim e com você?
— Ótimo. Eu preciso conversar com você sobre seus ensaios. Sua coreografia é diferente das outras moças. Enquanto a maioria dançará em grupo, Melanie e Heiki dançarão em dupla, e você dançará sozinha em destaque. Sua participação no trabalho será maior. Quero que você seja mais sensual do que foi no seu teste, e sua coreografia será mais sedutora. Tudo bem?
— Claro. Sem problemas. Posso começar o alongamento?
— Pode sim. Guarde este papel – ele entregou a ela uma planilha: — São os seus horários de ensaio.
— Tudo bem, obrigada.

Liu se distanciou de Joon, e foi até um canto da sala de dança, deixou sua bolsa ao chão e se preparou para alongar. As meninas que iam chegando a observaram trabalhando antes, e estranharam. Logo, Joon estava reunido com todas elas e passando-lhes as orientações. Elas alongaram enquanto Joon passou a coreografia dele para Liu.
Ela não sabia o que pensar, a coreografia era sensual demais, e pelo que ele havia dito ela seria dançada em par, mas a garota não fazia ideia ainda de como aquilo funcionaria. Ela apenas seguiu os passos de Joon, e estudava silenciosamente como ela faria aquela dança parecer menos erótica do que estava sendo. Liu era contra a objetificação da mulher e as colegas dela, Melanie e Heiki, tinham uma coreografia em dupla ainda mais vulgar. Não era momento de falar nada, então Liu calou-se.
Por quatro semanas ela ensaiava a coreografia, e mudava coisa ou outra que percebia ser possível, sem parecer que estava confrontando Joon. Quando o coreógrafo foi analisar a coreografia inteira, de cada dançarina, no dia do teste pré-gravação ele percebeu as mudanças de Liu. Perguntou para a garota por que ela mudara a coreografia, e as explicações foram bem aceitas. Ele deixou a coreografia daquele jeito, e parabenizou Liu, pois, segundo ele: “— Está muito sensual e nada vulgar. Não imaginei que seria possível para o que faremos, mas consigo visualizar você e num quadro muito melhor”.
A garota sorriu agradecida, e prendeu a respiração. Sentou-se para assistir as colegas demonstrarem a coreografia toda pronta, mas não conseguia se concentrar. . Ela iria dançar daquele jeito com ele! E por mais que não fosse nada demais, e já estivesse há um mês sem falar com ele, tendo-o visto poucas vezes pelos corredores da empresa, ela ainda sentia aquele rubor sem sentido. Quando foram dispensadas, com os horários das gravações em mãos, ela saiu apressada da sala de ensaio. Foi ao vestiário se trocar, e saiu pelo corredor, desatenta a tudo. Chamou o elevador e quando a porta se abriu, Liu deu de cara com Gray e . Eles olharam-na e sorriram. Ela entrou, os cumprimentando tímida.

— O que houve Liu? Parece que viu fantasma.

Gray perguntou fazendo a garota virar-se de frente para ele e o amigo. estranhou a maneira informal como ele falou com a moça.

— Tive um dia exaustivo de treino, só isso.
— Ah tá! – Gray riu irônico: — E toda aquela história de que o "seu lance é corporal"?

Liu estava sem graça e olhou feio para Gray. Ele olhou confuso para ela, e depois olhou para . Riu sarcástico. Havia se esquecido de que ela não queria que as pessoas soubessem que estava na casa dele por uns tempos. parecia não entender nada, e buscava nos olhos de Gray uma resposta. Gray então notou, que o amigo, o qual vinha falando a ele que só ouvia elogios sobre Liu naquelas semanas, estava também curioso e um pouco ressentido por não conhecer aquela intimidade de Gray com a moça. A fim de dar um ponto final naquilo, pelo menos perante o , Gray perguntou a ela:

— Seu ensaio de hoje acabou?
— Sim. – ela respondia contrariada.

Liu sabia que se usasse um tom mais formal, Gray a desmentiria ali mesmo e a coisa poderia causar impressão pior.

— Ótimo, então vamos para casa. Também estou indo.

A garota arregalou os olhos, e que olhava para frente arqueou sua sobrancelha e encarou o amigo:

— Espera... Vocês estão juntos?

Liu sentia uma tremenda falta de ar, olhava os botões do elevador que nunca chegavam e pensava numa resposta, mas não sabia se deveria falar diretamente ao . Não sabia se a pergunta foi direcionada a ela, e muito menos sabia o motivo para tanto receio e constrangimento com ele. Gray não esperou a mulher responder.

— Que nada! Ela é difícil. Mas eu ainda tenho esperanças. – brincou ele sacana.
— Deixa de ser idiota Gray. – ela respondeu nervosa com a cara fechada.

ainda encarava o amigo em busca de explicações.

— Ofereci hospedagem à Liu quando viesse para o teste. E no fim, tudo deu errado nos planos dela, e ela acabou precisando realmente da minha ajuda.

O elevador indicou o térreo e a mulher se despediu de cordialmente, sentindo-se sufocada e saiu. Gray riu discreto abaixando a cabeça e tocou o ombro de se despedindo. Os dois saíram ao mesmo tempo, e segurou o braço de Gray o impedindo de prosseguir. Ele o encarava confuso ainda, e Gray olhava para , surpreso por aquela atitude.

— Por que não me contou que ela estava em sua casa?

Gray entortou a boca de modo despretensioso, e com olhos ainda surpresos respondeu:

— Faz alguma diferença?

não respondeu.

— Eu deveria avisá-lo? – Gray perguntou ainda tentando compreender aquela reação.

continuou sem responder analisando o amigo. Soltou o braço dele e sorriu aliviando o clima e respondeu:

— Não, só estranhei você não comentar. Achei que estivessem juntos e eu... Não soubesse.
— Relaxa , eu nunca mais vou cometer o erro de não te avisar se eu estiver com alguma garota. Você vai ser o primeiro a receber nome e foto.

Gray sorriu brincalhão fazendo menção ao que acontecera antes entre eles. sentiu-se incomodado. Ele realmente achou que vinha comentando para Gray sobre aquela garota, e que o amigo escondia que estavam juntos. Não que ele falasse qualquer coisa importante, mas o próprio Gray havia-o perguntando há duas semanas porque não falava das outras dançarinas.

Flashback


— Liu foi uma boa aposta. Joon me disse que todos ficarão loucos nas gravações!
— Hm... E as outras?
— Que outras? – olhou-o confuso deixando o copo sobre a mesa.
... Será possível que Liu é tão excelente dançarina assim, a ponto de vocês não comentarem nada sobre as outras meninas?
— Realmente eu não me lembro de Joon me falar qualquer coisa sobre o desempenho delas. – ele concluiu confiante.
— Ou talvez, você só esteja interessado em saber o que acontece com Liu. Ela é algum tipo de preferida, ou algo mais? – Gray perguntou sacana e curioso.
— Não tenho preferências nas minhas equipes de trabalho e você sabe disso.
— Mas tem com as mulheres... Bem, num outro momento a gente fala mais sobre a Liu. Eu tenho que ir para casa agora.
— Por que a pressa tem alguém te esperando?
— Digamos que sim...

Fim do Flashback


Ao se dar conta daquela memória, percebeu que Gray poderia tê-lo contado. Mas por quê? Ele não tinha o dever de fazer isso, e estava incomodado. E não faria diferença, mas continuava incomodado.
Naquela noite, Liu saiu de seu quarto e foi até a sala de televisão assistir a um dorama quando Gray saiu do banho e sentou-se ao lado dela. Ele levantou-se em silêncio, a mulher estava focada no que assistia, e foi até a cozinha. Trouxe duas latas de cerveja e amendoins. Entregou uma lata a ela, que pegou agradecendo e deu um longo gole. Ele a observava, curioso.

— Você parece nervosa.
— Ansiosa. As gravações vão começar semana que vem.
— E isso é ruim?
— Estou pensando sobre isso, então, não sei.

Gray riu e pegou o controle da televisão mudando de canal. Liu o olhou de forma confusa e ofendida.

— O quê? Você disse que estava pensando. Estava assistindo aquilo?
— Claro que estava! E se eu perder o beijo do casal por sua causa, eu vou te bater.

Gray retornou ao canal, não sem antes zombar ao pé do ouvido dela:

— Você pode ter um beijo de casal ao vivo, muito mais intenso e emocionante do que apenas assistir.

Ela o empurrou para longe e o garoto ria.

— Para com isso! Eu já falei que você não tem chance.
— Não é o que parece. Todo mundo já perguntou algo sobre nós. Até o hoje ficou confuso.
— Isso é porque você é invasivo e não sabe disfarçar!
— Qual é Liu! Fazemos um bom par, e todos percebem isso. – ele riu indiferente.
— Você não tem chance.
— E o ? – ele olhou para ela com muita atenção e um sorriso ladino.

Novamente o rubor, e Liu engasgou, mas soube disfarçar. Olhou fingida para ele:

— O que o CEO tem a ver com essa conversa?
— Qual é, Liu? Ele só fala de você, e te garantiu uma vaga no teste assim que saiu daquele resort... O que vocês fizeram?
— Ele fala muito de mim?
— Fala, e você fica envergonhada perto dele sempre. E está toda curiosa para saber o que ele disse.
— Claro que não! Estou preocupada, afinal ele é CEO da AOMG e como você disse, me deu uma chance de...
— Aaaaah! Liu!! – Gray interrompeu-a impaciente, e risonho: — Fala logo, o que vocês fizeram naquele hotel?
— Eu já disse que não aconteceu nada. Ele foi ao bar um dia, e conversamos e eu contei que era dançarina e foi só.
— Eu não acredito.
— Que diferença faria se tivéssemos algum tipo de contato maior?
— Muita.
— Por quê?

Gray olhou-a profundamente, bebeu sua cerveja e deixando a lata sobre a mesa se levantou e disse:

— Porque talvez, eu esteja mesmo pensando em conquistar você.

Ele disse e saiu do cômodo, deixando Liu envergonhada e perplexa no sofá. Quando Gray subiu as escadas, Liu se jogou deitada no sofá tampando o rosto com as mãos.



Faixa 3: Me Like Yuh


09:00 am. Dia seguinte.


A campainha tocou e Liu saiu da cozinha para atender. Ela estava vestida com sua roupa de dança, e um copo de água em mãos. Abriu a porta da casa e deu de cara com .

— Bom dia. – ele disse simpático.
— Bom dia. Ah... Entre.

Ela deu passagem a ele, e antes de fechar a porta respirou fundo. Ele entrou notando o silêncio.

— Gray não está? – perguntou confuso.
— Não. Eu o acordei já havia saído. Vocês combinaram algo?
— Ele só me disse para vir, que precisava falar comigo.
— Então, ele deve estar chegando, não é?

assentiu sorrindo e os dois ficaram se olhando sem graça.

— Estava ensaiando? – ele perguntou olhando-a de cima a baixo.
— É! Eu estava à toa, então...

Liu sorriu e olhou ao chão, não conseguia manter contato visual com .

— Posso ver?
— Como?
— Bem... Tenho ouvido Joon falar tanto dessa coreografia, que realmente estou ansioso para ver como ficou.

Liu soltou a respiração que havia prendido ao ouvi-lo. Sorriu nervosa e assentiu que sim com a cabeça, e silenciosamente deu as costas e saiu andando até o aparelho de som. seguiu-a e sentou-se no sofá. Ela virou de uma só vez a água de seu copo e respirou fundo. Fechou os olhos e soltou a música.
percebeu que ela estava nervosa e pigarreou nervoso também. Liu mentalizava calma, afinal, não era a primeira vez que dançaria na frente dele. Mas o que não conseguia esquecer é que dançaria para ele, com ele e daquele jeito. estava atento a cada movimento dela, e conforme ela dançava ele relaxava. Escorou as costas no sofá e mordeu o lábio ao notar os movimentos do corpo de Liu. Quando chegou à parte mais crítica da coreografia, Liu apenas pausou a música.

— Não vamos estragar toda a surpresa... – ela falou tímida, arrancando de seus pensamentos.
— Claro! Só me deixou mais curioso...

Ele olhava para ela com aqueles olhos de predador, e a garota fugia ao olhar dele. levantou-se rapidamente ficando de frente a ela, e deu uma singela observada no rosto e corpo da mulher próxima a si. Sorriu e foi até a cozinha abrindo a geladeira. Ele não era de muitas folgas na casa de Gray, mas precisava sair de perto e pegar qualquer coisa gelada para beber.
Liu pegou um lenço em seu quarto e cobriu o quadril com o lenço amarrado. Estava de colam de dança e meias-calças. Ao retornar à sala, estava na sala de estar. Sentado no sofá roxo sofisticado e de pernas cruzadas. Ela ia perguntar se ele desejava algo, mas puxou assunto mais rápido:

— Fico feliz que não desistiu de vir. Tenho recebido muitos elogios de você.
— Eu não seria louca de deixar uma oportunidade como essa passar.
— E está gostando da empresa, da equipe?
— É tudo maravilhoso. E me deixa muito feliz, que Joon aceitou algumas sugestões minhas, embora eu tenha acabado de chegar.
— Claro... É tranquilo lidar com ele.

Ela concordou com , sorrindo.

— Liu... Por que você está hospedada aqui, mesmo?
— Houve um engano com a confirmação do albergue onde eu ficaria, e perdi a reserva. E não tinham outras opções mais baratas e seguras... A empresa também já não tinha como disponibilizar hospedagem. Gray insistiu em ajudar, e eu decidi pagá-lo a quantia que eu pagaria no hotel.
— E você está gostando de ficar aqui, com ele?
— Nos tornamos mais próximos, e Gray é divertido. Ele é bem diferente do que eu imaginava lá no resort.
— É, é... Ele é bem maluco. Lá no resort… – pensava nas palavras enquanto ela observava-o curiosa: — Depois que eu fui embora, você e ele se conheceram?
— Como assim?
— Ele falou alguma coisa sobre...
— A traição?

ficou incomodado com aquela palavra, mas Liu agia naturalmente.

— É.
— Não. Depois que você foi embora ele saiu com várias garotas, e aproveitou as férias dele, eu suponho. Não sei bem, porque, só fui ter contato mesmo quando ele me entregou a sua carta.
— Então vocês não se falaram?

Liu sorriu contrariada, e perguntou ao :

— Por que vocês dois ficam me perguntando o que fizemos no hotel?

não esperava uma pergunta como aquela, a mulher estava sempre cheia de dedos. Mas a julgar pela abertura de sua frase e o tom de sua voz, talvez, ele tivesse a ofendido.

— Desculpe! É que você fica tão preocupada com o que as pessoas da empresa podem comentar, e está morando aqui um tempo, mantiveram segredo... Eu achei que vocês pudessem...
— Estar juntos. – ela concluiu insatisfeita.
— É. Estão?
— O que o Gray disse?
— Que você é difícil e mais alguma coisa sobre não estarem.
— Pois é.
— Ele fica te perguntando o que fizemos no hotel? Tem mais alguém falando algo do tipo?
— Não. Não tem ninguém. Só o Gray, que faz isso para me irritar.

O telefone de tocou antes que ele falasse algo. E ele atendeu apressado.

— Sim? Bem, por mim tanto faz. Não tenho restrição alguma, deixo para vocês fazerem a melhor escolha. Estou ocupado agora, por favor, resolvam isso.

Ele desligou a chamada e guardou o telefone.

— Era da empresa. Sobre a escolha da modelo que vai representar o novo single no comercial da televisão...
— Imagino que a música vai ser um sucesso em todas as plataformas!

sorriu agradecido para ela.

— Certamente, você vai fazer parte disso tudo.

E ela sorriu tímida. prestava atenção ao sorriso dela, e sentia uma falsa fragilidade naquela mulher. Algo natural, e não forçado. Como se ela mesma, não fosse capaz de distinguir a própria força e fraqueza. Pôs em sua mente, que ele, o inabalável “senhor confiança” poderia ensinar muita coisa para ela. Inclusive a se descobrir.

— Você disse que ele te irrita quando pergunta sobre nós no resort. Por quê?
— Por que...

A porta da sala abriu e Gray adentrou assustando-os. Ele olhou para os dois que conversavam sentados ao sofá, e sorriu.

— Atrapalho algo? – falou de modo sugestivo.
— Por que me pede para vir aqui, se nem em casa estava?
— Porque eu sabia que haveria alguém para receber você!

Ele falou óbvio caminhando até Liu e puxando-a pela mão, ergueu a garota de pé, e a abraçou apertado.

— Bom dia Liu...

Ela retribuiu o cumprimento, confusa e assustada. Não eram daquilo e nem entendia o que Gray estava fazendo.

— Essa roupinha logo cedo? Não me diga que você dançou para o , mas não dançou para mim?

Ela soltou-se do abraço, que era necessário confessar: um dos mais confortantes que já recebera, e segurou Gray pelos ombros encarando-o:

— Você está bêbado? Não tem vergonha? São apenas nove horas da manhã!
— Se eu ficar bêbado você dança para mim?
Aish! Cala a boca Gray! – ela deu um tapa no braço dele e se distanciou, olhou para e disse: — Bem, com licença . Eu vou deixá-los conversando.
— Pode ficar aqui, se quiser. – Gray respondeu sem entender a saída dela.
— Eu vou tomar um banho.
— Ah! Então me espere querida! Eu acabei de voltar da corrida matinal, podemos tomar um banho juntos de hidromassagem! , você espera aqui, não é?

Gray falava fazendo graça e parou de rir quando sentiu uma almofada sendo jogada nele. Liu saiu constrangida dali, e subiu as escadas apressada. Gray foi à cozinha pegar água e ao voltar se jogou na poltrona em frente ao amigo. olhava-o de modo diferente. Nem bravo e nem tranquilo. Mas sim, como alguém que perdeu um episódio de um fato importante, e não entendesse o que acontecia.

— E aí , que cara é essa? – Gray perguntou após perceber o amigo confuso.
— Você está a fim dela?
— Eu já disse que você será o primeiro...
— É, é! Eu entendi isso! – cortou o amigo por se envergonhar ainda de ter ficado com a namorada dele: — É só que... Você fica jogando piadas e indiretas para a garota...
— Não é que eu esteja a fim, ou não. Mas se Liu me der uma chance é claro que eu fico com ela. Ela é fantástica. Mas não estou interessado assim... Como você.
— Do que está falando, seu idiota?
, ... Você já saiu daquele resort com essa garota na cabeça! E fez o que podia para revê-la, e agora, desde que ela chegou você só sabe falar nela.
— E mesmo assim você me escondeu que ela estava aqui, com você!

Gray sentiu o ar um pouco mais tenso entre eles e bebeu o restante de sua água, mais sério.

— Eu não escondi nada. Eu só não comentei. Te perguntei todo tempo qual era a sua com ela. E me diga: por que eu tinha a obrigação de falar que estava ajudando a moça?
— Justamente porque eu só falo nela, desde que ela chegou.
— Então, você confessa que...
— Eu não sei! Não quero misturar as coisas e ser precipitado.

Gray suspirou pesadamente e revirou os olhos perguntando:

! Conta logo o que rolou entre vocês. Se estivesse apenas interessado em ajudá-la, não estaria assim. Você já saiu de Phuket com essa mulher na cabeça! – Gray falava apontando a escada, na direção onde Liu havia seguido.
— Não aconteceu nada. Ela só me aconselhou quando eu estava confuso com toda a situação entre Akemi e nós. Mas foi só. Eu queria retribuir de alguma forma as palavras dela...
— Só isso?
— Quando ela chegou aqui não tinha tanta coisa na minha cabeça, mas depois do teste... Depois de vê-la dançar, eu não vou mentir que fiquei curioso. Ela sempre tão tímida, frágil, quando dança... – ofegou forte — E tem o Joon me passando o feedback dos ensaios dela... Sei lá! Eu fui criando uma personagem na minha cabeça, mas hoje... – fez uma pausa — Deixa para lá.
Uow, uow! Não! Agora fala hoje o quê?
— Ela estava ensaiando quando eu cheguei e pedi para assistir um pouco e... Tive vontade de agarrá-la na mesma hora Gray! Foi inexplicável, mas eu me lembrava dela vestida de camareira, e depois bar girl e depois...
— Ok , entendi! Uow! Sei como é... Eu a vejo de pijama às vezes e me pergunto como eu consigo me controlar, porque ela é um mulherão, mas toda frágil... Toda meiga e tímida, mas aí de repente ela tem as respostas na ponta da língua e...
— Gray! Qual é?

não gostou de ouvi-lo dizer aquelas coisas de Liu.

— Está com ciúmes, senhor ?
— Você não está ajudando.
— Então vou ajudar. Por mais que digam que não rolou nada, eu não sei se acredito. Tem certa química entre vocês. E... Realmente achei que atrapalhava algo quando cheguei.
— Não exatamente.
— Ok. Mas se acalme. Ela também sente alguma coisa. Fica toda cheia raivinha e sem graça quando pergunto de vocês. E sabe ... Você terá um tempo ao lado dela nesse trabalho, então, aproveite a chance pra se aproximar. Não faça como fez com a .
Uow! Você está demais hoje, hein? Precisava lembrar ela?
— Há quanto tempo voltou da turnê e não foi vê-la? All I Wanna Do, realmente foi um sucesso e você não foi ao menos agradecê-la! Aigoo... Como é mulherengo este .
— Mulherengo, eu? Até onde sei, quem foi que mandou Akemi embora e saiu com todas as garotas que pôde?
— Ei! Eu podia fazer isso! Afinal, a minha namorada havia dormido com o meu melhor amigo. E o orgulho de um homem, onde fica?
— Como você é machista, Gray! – Liu surgiu na sala de estar vestida para sair.
— Aonde vai?
— Melanie e Heiki me chamaram para almoçar.
— Ah... Achei que fôssemos almoçar juntos, os três! – Gray disse chateado apontando para , Liu e ela.
— Que tal se Melanie e Heiki vierem almoçar com a gente? – perguntou.
— Desculpe , mas você é o chefe e a última coisa que eu quero é....
— As pessoas falando que você obteve alguma vantagem. – e Gray responderam juntos.

Gray se levantou com as mãos na cintura e rosto preocupado:

— E onde será este almoço? Eu levo você!
— Não! – falou rápido e urgente, atraindo os olhares surpresos dos dois — Vai tomar um banho Gray, se arruma para almoçarmos. Eu levo a Liu e volto.

Antes que qualquer um deles contestasse, já estava saindo pela porta principal do apartamento. Liu olhou confusa para Gray, que abanou as mãos sorrindo sacana para ela ir.

— Gray...
— Ah não! Não me peça nada agora, você me rejeitou. Vá com o . – subiu as escadas e gritou para ela, antes que os dois sumissem de vista: — E aproveite, Liu!

Dentro do carro de , Liu sentia-se extremamente desconfortável. Não queria ser vista com ele. Será que ele não havia entendido?

— Você estava me respondendo uma pergunta quando Gray nos interrompeu.
— Verdade... Importa-se de perguntar novamente?

parou o carro. Liu não entendeu e observou o local. Ele havia parado antes do restaurante, para que eles não fossem vistos, assim como ela queria. Ela sorriu sem graça, e agradeceu. soltou as mãos do volante e encarou Liu, de modo ladino, com uma postura safada. A natural postura .

— Eu queria saber por que te irrita quando Gray menciona um caso entre nós?
— Bem, porque você me deixou uma carta com uma chance de participar da empresa, e nós vamos trabalhar juntos e mal nos conhecemos. Então fica parecendo que eu...
— Já falei para esquecer o que as coisas possam parecer. Nem tudo o que parece é, e você não deve passar a sua vida tentando provar o que não fez às pessoas.

se aproximou um pouco de Liu, umedeceu os lábios e os mordeu. A mulher repetiu o gesto sem encará-lo.

— Liu. Se eu não tivesse feito o que fiz, você acha que teríamos nos encontrado de novo?
— Foi por isso que você fez o que fez?
— Não... Não acho que posso dizer que foi por isso. Eu realmente queria te dar uma oportunidade e agradecer pelas suas palavras no resort... Mas eu também não posso dizer que não tinha esperanças de revê-la.
— Então você queria me rever?
— Sim... – olhava intensamente para ela.
— Então, se queria... Eu acho que mesmo não me dando a oportunidade de vir, você daria um jeito de voltar a Phuket e me achar.
— E o que fazemos agora? Que estamos aqui... – se aproximou aos poucos inebriando Liu: — E podemos aproveitar que estamos nos vendo, e trabalhando juntos...

Liu se afastou como se despertasse. Pigarreou, com ainda próximo a ela, e concluiu:

— Agora, eu desço aqui, pois, tenho um almoço. E você tem que sair com Gray... E... E... Segunda-feira começa as nossas gravações.

concordou em um aceno de cabeça incrédulo, e Liu saiu. Ela andou apressada sem nem olhar para trás, abanando-se com a própria blusa. E , se arrependeu de ter tentado aquele avanço. Fora precipitado. O que será que ficou parecendo? Será que ela o interpretaria de modo equivocado? Por hora, o que deveria fazer era voltar à casa de Gray. Durante todo o fim de semana, Liu estava ansiosa e nervosa com as gravações de segunda-feira. Depois do momento no carro de , ela não sabia como deveria reagir. Como deveria o interpretar. E julgando por Gray não ter dito nada, não deve ter contado do quase beijo.

Faixa 4: You Know


Na segunda pela manhã, Gray dirigiu com Liu em seu carro até o endereço onde seriam as gravações: uma das mansões de . Ao chegarem lá, uma confusão de equipes de filmagem, maquiadores, figurinistas, as dançarinas, e outras pessoas. viu Gray e Liu entrando juntos, e mal teve tempo de falar com ela. Joon imediatamente foi arrastando Liu para as maquiadoras, cabelereiros e figurinistas.

— E aí , vamos que vamos! Me Like Yuh vai ser mais um MV de sucesso, man!
— Tenho certeza...

não tirava os olhos de Liu e Gray percebeu:

— E você está bem ansioso para ver a Liu em cena, não é?
— Eu quase a beijei, Gray.

disse sem pensar e Gray o olhou curioso, assimilando o que ouvira.

— No sábado? Quando levou ela para o almoço?
— Sim.
— E aí?
— Ela não quis. Saiu fora.
— Eu a entendo, . Imagina só, ela vai contracenar diretamente com você... A menina vem lá de Phuket, do nada. Passa numa peneira onde havia candidatas das melhores escolas de dança...
— É eu sei. Mas eu não sei o que fazer Gray. Eu devo me desculpar? Será que ela me entendeu errado? E outra! Ela passou por méritos dela.

Enquanto Gray pensava numa resposta, uma mulher surgia acompanhada de assessores. As equipes presentes prestaram atenção nela, e quando voltaram seus afazeres não acreditava em quem era.

— O que ela faz aqui? – Gray perguntou insatisfeito.
— Não faço ideia.

Niga a recebeu e a acompanhou até . Mas assim, que Gray percebeu a aproximação dela, ele saiu de perto. Caminhou até Liu. A mulher observava atenta, aquele reencontro e apertou, solidária, o ombro de Gray ao seu lado, logo que ele se apoiou na penteadeira onde ela estava sendo arrumada.

, esta é Akemi. A modelo selecionada para a campanha publicitária.

chamou Niga em um canto para falar-lhe:

— Por que, num mundo de modelos, vocês selecionaram logo esta mulher?
— Quando telefonei você informou que não tinha nenhuma restrição.
— Akemi... – sacudia a cabeça, incrédulo.
— Quer que eu a dispense e rompa o contrato?
— Não. Agora eu sofro as consequências... E romper o contrato trará mais prejuízos. Deixa que eu falo com ela.

foi ao encontro de Akemi novamente. Gray e Liu observavam a cena. Ele extremamente irritado, e ela ansiosa. Havia um sentimento a mais, no coração de Liu. Uma angústia diferente. Gray fez menção de se levantar, mas Liu foi mais rápida e levantou-se se pondo na frente dele.

— Calma! Não faça besteiras! – disse Liu para Gray.
— Então trabalharemos juntos, ! – Akemi falou para no local onde estavam distantes de Gray e Liu.
— Não. Você vai trabalhar na campanha da minha música. Eu e você não teremos nenhum tipo de contato. Você fará as fotos aqui nos cenários, e depois eu não quero ver nem mesmo o vulto da sua silhueta.
Uow . Onde está seu profissionalismo?
— Niga! Encaminhe a senhorita Akemi, por favor. – chamou o diretor, e antes que ele se aproximasse mais, Akemi falou:
. Não há impedimentos para nós. Por isso eu o procurei. Eu estou solteira, você também... – ela se aproximou passando a mão no rosto dele.
— Saia! – retirou as mãos dela do rosto dele, e deixou-a na companhia de Niga.

Gray estava do outro lado da sala, a ponto de dar um soco em alguém. Liu ficou absurdamente assustada pela reação de Gray. Ela tocou as costas dele, numa tentativa de acalmá-lo. observou aquela cena um pouco depois. Os dois tão próximos e Liu consolando Gray. Afagando as costas e ombros dele. E quando pensou em caminhar até eles, os dois saíram para um lugar menos movimentado. Akemi já tinha visto Gray ali, e notado a presença de Liu com ele. Ela seguiu os dois.

— Gray, por favor, se acalma! Olha só! Você... Você não precisa estar aqui. Por que não vai para casa? Eu te ligo quando tudo acabar... Ou melhor... Eu pego carona com alguém.
— Liu, não! Eu não vou sair daqui por causa daquela vadia! Eu só... Eu fico tão irritado por não ter... ARGH! Que cara de pau a dela, em aparecer aqui e ainda seduzi-lo na frente de todos!
— Gray? – Akemi surgiu no corredor onde estavam: — Vejo que ainda não pode superar o que houve, e me perdoar.
— Você é uma grande cara de pau, não é, Akemi? O que é? Apaixonou-se pelo numa transa de uma noite?

Liu segurou a mão de Gray, a fim de passá-lo um pouco de calma antes que ele pulasse no pescoço de Akemi.

— Quem é essa?
— Liu. A dançarina principal do MV. – Gray disse segurando a mão dela de volta, na mesma tentativa de protegê-la.
— Eu a conheço de algum lugar...
— Eu fui camareira do resort em Phuket.
— Uma camareira? Dançarina?
— Qual o problema Akemi?
— Foi você, não é Gray? Mal me deu um pé na bunda e já saiu trazendo a primeira que encontrou!

Akemi ficou furiosa de ver Liu ao lado de Gray.

— Não fale assim de Liu! Ela é uma mulher muito melhor do que você!
— Gray, deixe-a falar, vamos embora... – Liu dizia preocupada ao Gray.

surgiu onde os três estavam, mas não interrompeu.

— Melhor do que eu, em quê?
— Ela tem dignidade! Coisa que você não tem, sua vadia! Você me traiu com o meu melhor amigo!
— Qual é Gray? Todo mundo erra! Vai me crucificar até quando? Você já até partiu para outra! – ela disse apontando Liu, e voltou à palavra a mulher: — E você Liu, cuidado! O Gray vai se cansar de você e te substituir no primeiro erro que você cometer, assim como fez comigo!

Gray perdia cada vez mais a paciência. Soltou a mão de Liu e avançou alguns passos até Akemi, falando de maneira rude:

— EU TE SUBSTITUÍ? Você é louca? Você enganou a mim, enganou ao e ainda tem a cara de pau de aparecer aqui e dizer que eu te substituí, no primeiro erro? Como se fosse um errinho simples, não é, Akemi?
— Gray! Chega! Vamos voltar para o salão, temos responsabilidades e não vai adiantar discutir! – Liu falou pondo-se em frente a ele.
— Akemi, nunca mais apareça na minha frente. Sua golpista! É isso que você é, uma mercenária, uma interesseira!
— Eu sou mercenária, interesseira? Eu? Uma modelo de carreira feita? Acho que está confundindo, Gray! A sua namoradinha camareira que agora está pagando de dançarina tem muito mais cara de ser a golpista aqui!
— Você! Cala a boca! – Liu perdeu a paciência com Akemi: — Não me ofenda! Eu exijo respeito, porque eu não estou faltando com o respeito a você! Presta atenção garota! Para de brigar com uma mulher por causa de homem! Principalmente agora que você é tão culpada disso tudo quanto ao ! Então para de bancar a sonsa, e principalmente de descontar sua raiva em quem não tem nada a ver com a sua sujeira!

Era vez de Gray segurar Liu. Ele tinha passado os braços em volta do tronco de Liu, colocando-se ao lado dela para segurá-la. Já havia descontado sua raiva, e precisava se controlar. Akemi ofendera Liu e por mais que a vontade dele fosse humilhar ao máximo que pudesse Akemi, ele sabia ser errado. E sabia que precisaria manter o controle por Liu. Akemi ficou estática depois que Liu falou tudo aquilo, olhou com raiva para Liu. Analisou a mulher que estava maquiada, e vestida com um hobby devido à preparação para a gravação, de cima à baixo. E depois de encarar Liu, perguntou diretamente ao Gray:

— O que a santinha da sua namoradinha tem de especial?
— Eu não sou... – Liu foi interrompida por Gray.

Ele não a deixou explicar que não era santa, e muito menos namorada de Gray. Beijou Liu ali mesmo. Puxou a amiga contra o seu corpo, e iniciou um beijo eufórico que aos poucos foi ganhando um compasso bom. Liu foi pega de surpresa, aceitou o beijo, e não sabia se deveria romper. Entendeu que Gray fez aquilo para se vingar de Akemi. estava ao fim do corredor e odiou a cena. Ele também entendeu a estratégia de Gray. Na verdade, esperava que fosse aquilo realmente. Quando Gray se separou de Liu, Akemi não os olhava.

— Gray... – Liu parou de falar antes que prejudicasse a postura do amigo perante a ex.
— Tudo bem Liu, Akemi pode e deve saber que somos um casal.
— Ainda por cima é segredo? – Akemi perguntou sarcástica.

estava confuso com aquela pergunta. Ele não entendeu o que acontecia ali. Gray mentira para ele ou para Akemi?

— Caráter! – Gray se aproximou de Akemi sussurrando bem perto do rosto dela: — É o que a Liu tem que você não tem, Akemi. Caráter!
— Liu! – chamou-a fazendo os três perceberem sua presença ali: — Vamos começar a gravação, por favor, retome seu lugar.

Liu assentiu envergonhada. Quanto tempo ele estava ali? Ela soltou-se da mão de Gray e passou por encarando-o constrangida. Ele olhou para ela de um modo chateado, mas nem mesmo sabia se devia se chatear por aquilo. E muito menos compreendia aquela nuvem de ciúme que pairava em sua cabeça.
encarou Akemi com ódio, e olhou indiferente para Gray e saiu seguindo Liu. Gray saiu em seguida, deixando Akemi só. já no salão de preparação ouviu Joon e Niga reclamando com Liu, sobre o sumiço e atraso. Todos olharam na direção deles, como se perguntassem onde estavam. Atrás surgiram Gray e Akemi. As dançarinas olhavam curiosas para Liu. se aproximou de Liu e falou discreto para ela:

— Você está bem?
— Olha a reação deles, estão todos olhando torto para nós agora.
— Não se preocupe com isso! Ninguém vai falar nada que não deva.
— De você, que é . O dono disso aqui.

Liu falou um pouco chateada e irritada.

— Não fui eu que te beijei e declarei ser o seu namorado.

respondeu no mesmo tom.

— Nós não somos.

Liu respondeu e logo a figurinista estava ao seu lado puxando-a para a troca de roupa. Niga chamou para o primeiro cômodo da mansão onde seriam gravados os primeiros blocos de cena. Ele suspirou fundo e seguiu. Gray sentou-se na ala dos convidados e Akemi foi direcionada à preparação para tirarem as fotos assim que terminassem o primeiro bloco.

Gravações: Dia 1 – Bloco 1


estava com a cabeça um pouco pesada. Lidar com o surgimento de Akemi havia sido uma desagradável surpresa, mas pior foi ver Gray beijar Liu. Ele não compreendia o que havia acontecido para ele ter aquele tipo de sentimento por aquela mulher. Eles não haviam vivido nada de especial, mas como o próprio Seong-Hwa dissera, havia uma química entre eles. E sentia-se péssimo por não ter sido ele a beijar Liu. A cabeça pesada contribuiu para o ar indiferente que Niga tanto pedia para ele atuar, em sua cena. A cena filmada, era a inicial com sua entrada de costas, passando em um corredor para um salão. Após a entrada dele, um corte fora feito. Niga explicou que a introdução do MV seria composta por uma montagem de cenas iniciais de em cada cenário que seria gravado. Logo após filmar entrando, era vez de filmar a entrada das dançarinas Melanie e Heiki. As meninas vestidas com biquínis, e com uma capa alaranjada com a frase tema da AOMG. Após a filmagem delas, outro corte. E iniciara-se a coreografia solo de . Ele no salão verde, vazio, cantando e dançando sozinho. Todas as cenas filmadas ali com foram feitas naquele momento. Niga pausou a gravação e recompôs o planejamento:

! Faremos uma mudança! Eu filmaria todas as cenas solo suas, e depois voltaria filmando as cenas onde as dançarinas entram. Mas é melhor que eliminemos as gravações não pelos componentes, mas pelos cenários. Alguma objeção?
— Não, por mim ok.
— Ótimo! Então, Liu! Prepare-se! Você entra agora, faremos uma segunda tomada dessa cena com , Melanie e Heiki.
— Niga! A cena de Melanie e Heiki ficou boa! Não precisa refazer. – disse um dos auxiliares de direção.
— Tudo bem, então, figurino: façam a primeira troca de roupa das meninas! Todos em seus lugares...

Logo, Melanie e Heiki foram direcionadas à troca de roupa: vestiriam o maiô preto. Liu, já alongava. Estava pronta. E retornou para refazer a cena da entrada. Em seguida, Melanie e Heiki entraram no cômodo onde atuava para filmar uma cena onde as meninas ficariam em pé, em cima de uma mesa de mármore. retorna ao cenário, grava as cenas onde aparecerá sozinho naquele cenário, e depois Liu entra junto com ele.
Ela vinha andando sensual na direção de . Caminhou até a lareira falsa e rebolou atrás dele, enquanto ele cantava e encenava de costas para ela. Depois ficou de frente para Liu na lareira e a mulher continuou sua dança sensual. Àquela altura, não conseguia mais ser indiferente. Ele tentava seduzi-la com sua voz e marra. Recordava-se da mulher dançando na sala da casa de Gray. Quando Liu abaixou-se na lareira rebolando requebrado e deveria ficar olhando-a, a vontade dele era tocar o corpo dela e conduzir os movimentos de Liu. Mas mesmo quando a mulher se colocou colada ao corpo dele, em sua frente e descia rebolando, ele não podia tocá-la. Aquela dança entre eles compunha um “pega-pega” coerente e permissivo. Onde ficaria seguindo Liu como sua sombra, por aquele espaço, mantendo certa distância. estava pensando se Joon havia tentado contracenar com Liu, além de apenas assisti-la, para inventar um absurdo de coreografia onde não poderia tocar a dançarina.
Outra pausa fora feita. Niga dispensou e Liu para que Melanie e Heiki fizessem suas filmagens naquele salão de mármore. Enquanto as dançarinas filmavam a cena com as armas e com os movimentos sensuais, Liu foi até Gray. Ela viu o amigo sentado disperso, e foi atrás deles. Ele gostaria de saber o que realmente acontecia.

— Gray, esquece o que aconteceu... – ela falou acariciando o cabelo dele.

observou aquilo e olhou à sua volta pensando se deveria mesmo se aproximar. Ajeitou sua roupa e foi.

— Liu, eu estou com ódio de Akemi! E cara... Desculpa pelo que fiz você passar... Todo mundo olhou pra você daquele jeito que você estava evitando.
— Não foi sua culpa Gray. Foi minha. Fui eu quem saiu de um corredor junto com ela. – aproximara-se dizendo.
— Mas eu também vacilei. Desculpa ter te beijado e inventado aquela história na frente da Akemi. – Gray pegou a mão de Liu beijando-a e a mulher sorriu com aquilo.
— Ei, não peça desculpa pelo beijo. Foi bom.
— Gostou? – Gray sorria sacana: — Estamos aqui para o que precisar. Também oferecemos outros serviços...
— Peça desculpa por não me pedi-lo. – Liu ralhou pela ousadia de Gray.
— Se eu pedisse estragaria o disfarce. E você não me beijaria também! Tenho tentado ser educado desde que você chegou...

Os dois riram, mas não estava bem com aquela conversa.

— Então casal? – ele perguntou irritadiço: — Agora que Akemi sabe em quanto tempo os rumores vão se espalhar?

— Ela não fará isso. Eu exigi que ela não fizesse logo que vocês saíram. – Gray falou.
— E você vai confiar nela?
, qual a probabilidade desse rumor ganhar força? Todos estão desconfiando de você e da Liu.
— Mas Akemi vai declarar o que viu.
— Ela não vai.
— Ei! – Liu se intrometeu fazendo os dois pararem de discutir: — Que se exploda! Agora não adianta. Se espalharem boatos com qualquer um dos dois, nós três vamos desmentir.
— Liu, se souberem que você mora com Gray, as coisas não poderão ser desmentidas.
— Assim como quando a gravação vazar né, ? Ou acha que ninguém vai acreditar que Liu e você estão em um novo affair graças às gravações?
— Vocês dois querem parar?! Estão me deixando preocupada!

Assim que Liu bronqueou discretamente com eles, a figurinista chamou e ela para a troca de figurino.

Gravações: Dia 1 – Bloco 2


— Quimono?

perguntou confuso à figurinista ao vestir aquilo, e ficou ainda mais curioso quando viu Liu vestida com um maiô vermelho sobre um colete de plumas preto. Liu já sabia como seriam as cenas próximas e estava extremamente nervosa com aquilo. Foi ali que ela parou a dança na sala da casa de Gray.
Ela já estava no corredor, em frente à porta do próximo cenário aguardando . Ele chegou até ela e Niga deu algumas instruções. As filmagens retomaram e ela dando a mão ao puxava-o para dentro do cômodo. sentia que precisaria se desculpar com Joon, por ter julgado que ele não o permitiria tocar o corpo de Liu. O simples contato com as mãos dela já o deixou mais animado para o que viria.
Ele passou pela porta largando o quimono ao chão e seguindo Liu na cena. A cena foi pausada e o casal reposicionado mais ao centro do quarto. Niga ordenou a ação, e já estava sem camisa na frente de Liu, exibindo seu corpo tatuado enquanto ela passava os braços pelo pescoço dele. Naquele momento, não conseguia separar trabalho e realidade. Sua mandíbula estava contraída numa demonstração óbvia de nervosismo. Liu fingia muito melhor do que ele, e estava bem mais nervosa do que . O rubor em suas bochechas reapareceu, e quando viu-a corada daquela forma sentiu seu corpo arrepiar. A câmera rodava em volta deles, e aquele quase beijo que não aconteceu em seu carro, estava agora mais próximo de acontecer. Ele se aproximava hipnotizado à boca dela, e Liu encenava a mulher sedutora que estava o seduzindo, sem saber que realmente estava.
Novamente Niga pausou a cena. E quis gritar por ser interrompida, sem dar-se conta que aquilo não era a realidade. A assistente de figurino veio e retirou o colete de plumas de Liu. A dançarina se reposicionou e ainda estava incomodado. Coçou a nuca, perdido no que deveria ser feito. E Niga bronqueou ao perceber aquilo:

— Concentração ! A mão na cintura da Liu!

Ele obedeceu respirando fundo.

— Calma ... Já vai acabar. – Liu disse sorrindo tímida.
— Eu não quero que acabe. – ele disse direto, desconcertando-a ainda mais.
— AÇÃO! – o diretor ordenou e os dois não puderam conversar mais, voltando à encenação.

Liu pôs a mão sobre a mão de em sua cintura, e aproximou-se ainda mais dele. Passando a mão em seu ombro e deslizando-a por seu tórax. Quando investiria o beijo, novamente Niga ordenou o corte.

— E CORTA!
— Não é possível! – sussurrou contrariado, o que fez Liu sorrir.
— Sente-se na cama ! – ordenou Niga.

ficou ainda mais nervoso. Cenas com cama nunca eram fáceis de parar. Ele fez como ordenado. Logo, Liu seguiu a ordem de Niga: sentar no colo de . Naquele momento enquanto ela subia delicada em seu colo, queria que todos saíssem daquela sala e os deixassem a sós.
Ele posicionou as mãos na cintura de Liu, e a tomada foi retomada. Ela rebolava sensual no colo de , sem tocá-lo, apenas para a câmera pegar a intenção daquele movimento. não se lembrava de fazer uma filmagem tão difícil. Não era seu primeiro MV ousado. Ele passou as mãos à nuca de Liu e puxou-a para deitar, ficando com a mulher sob si. Aquela não fora uma cena combinada e todos ficaram surpresos. Inclusive ela. Mas Niga achou que havia um potencial na cena e permitiu a continuação assim que olhou para seu assistente de direção que observava aos ângulos de várias câmeras e emitiu um silencioso “OK” para que não interrompessem a cena. finalmente beijou Liu no impulso daquele momento. Todos ficaram surpresos, e até mesmo Gray que estava incomodado de estar ali, naquele momento se levantou de sua cadeira.

— Gray, Gray... Continua dividindo suas mulheres com o seu melhor amigo? – Akemi falou zombeteira ao lado dele.

Niga percebeu que o beijo estava totalmente contrário ao que se diria “técnico” e não esperou a coisa piorar:

— E CORTA! MUITO BEM PESSOAL, FINALIZAMOS POR HOJE! – gritou o diretor no megafone.

Liu empurrou despertando-se para o que acontecia e dando de cara com o olhar intenso de e o sorriso ladino. Ela levantou-se contrariada por aquele momento. Havia gostado, mas não queria que fosse daquela forma. No meio de um trabalho. Após todos já estarem desconfiados. E com um beijo totalmente fora de script. Ela foi em direção ao camarim trocar de roupa e quando terminou a grande maioria estava saindo. Gray e conversavam entre si, um pouco eufóricos. Ela se aproximou deles.

! Deixaremos os equipamentos aqui.

Ela escutou Niga falando com e ele concordando. Parou ao lado de Gray e Akemi surgiu perto dos três.

— Casal... Felicidades! – ela falou para Gray e Liu de forma sarcástica e direcionou-se ao : — Você me condena, mas o que foi aquilo? Beijou a mulher de seu amigo de novo sem permissão, mas... Dessa vez você sabia quem ela era, não é? Então ... Por que não para de esfregar na cara de Seong-Hwa o quanto você é melhor, e fica com alguém disponível?

Gray sentiu-se nervoso de novo e enlaçou a cintura de Liu afastando-se de Akemi e levando a garota com ele. observou àquilo contrariado e envergonhado pelo amigo. Deu as costas à Akemi, mas a mulher puxou seu braço antes que ele saísse:

! Eu realmente gosto e quero você. Perdoe-me pelo que causei, mas avalie bem. Nós não temos nada para nos impedir. Gray e Liu estão juntos, olha lá...

Ela apontou com o rosto o casal de amigos, Liu segurava Gray pelo peitoral, olhando para cima, pois, ele era mais alto que ela, e parecia tentar acalmar o homem que bufava de um lado ao outro.

— Ainda que Gray esteja com outra, eu não tenho que aceitar uma mulher baixa como você ao meu lado. Esqueça.

respondeu-a e caminhou na direção de Gray e Liu.

— Desculpe por isso, Gray. – dizia referindo-se não só à provocação de Akemi quanto à sua presença.
— Esquece ! Não dá para apagar o que aconteceu!

Liu e ficaram calados, olhando constrangidos para Gray. Ele tinha toda razão em descontar a raiva agora, já que na época da traição tentou agir com maturidade. Uma maturidade que não sabia se existia. Liu pigarreou a fim de mudar o assunto.

— Vamos para casa Gray? Amanhã tenho que estar de volta...
— Não. – ele respondeu suspirando fundo e cansado.
— O que?
— Ele está falando disso aqui, Liu. – puxou o celular mostrando as fofocas que se espalharam.
— Está cercado de repórteres lá fora. Akemi deve ter espalhado que estamos juntos. e eu discutíamos como agir antes de você chegar.
— Céus... Acho melhor eu me preparar para um tumulto em minha vida, não é?

Os rapazes olharam Liu agachar com as mãos no rosto lamentando o incidente.

— Liu, fique aqui em casa hoje. Amanhã teremos gravação mesmo. E Gray vai para casa sozinho, eles vão fotografar a sua saída, sozinho, e certamente isso disfarçará que Liu já saiu com a equipe.
— Ela não vai ficar aqui com você, .

Tanto Liu quanto voltaram a olhar estranhos para Gray.

— Como é?
— Eu fico. – ela respondeu ignorando o clima entre eles.
— Isso mesmo, . Você beijou a Liu do nada no meio da gravação! Quer que eu confie que você não vai tentar nada com ela?
— Gray! – ela repreendeu.
— E você a beijou lá atrás! Inventou uma mentira que agora impede que ela volte contigo! E... Argh! O que você está falando, man? Eu trouxe a Liu para cá! Eu pedi a sua ajuda para entregar a carta! Não falei para hospedá-la e beijar ela no meu lugar!
— O quê? – Liu e Gray disseram ao mesmo tempo.

Ele indignado com o que ouvia, e ela surpresa.

— Primeiramente: parem de falar como se eu não estivesse aqui. Em segundo lugar, eu não sou o objeto de diversão de vocês então, me respeitem. Não briguem por minha causa. Apontar dedos culposos para quem errou no resort ou aqui, não vai adiantar. Limpem a merda que fizeram! – Liu começou a falar de forma branda e no fim já estava falando em alto tom com os rapazes.

Todos haviam saído. Estavam sós os três. Gray concordou com ela e despediu-se:

— Eu vou nessa, amanhã trago roupas limpas e o que mais precisar, você me liga Liu. E , desculpe... Eu só fiquei muito... Mexido com a confusão que foi hoje.
— Relaxa... – respondeu.

Gray partiu conforme o combinado. Liu pegou sua mala e seguiu para o andar superior da mansão, onde não havia tido gravação e ficavam os quartos. Ela tomou um banho e vestiu sua muda de roupa emergencial, que sempre carregava em sua mala. também se arrumou e fizeram eles mesmos, um almoço das quatro da tarde. Não haviam parado para almoçar e estavam famintos. Também não podiam pedir nenhum delivery devido aos repórteres que pouco a pouco iam embora. Quando a noite caíra, estava indo ao quarto de Liu perguntar se ela precisava de algo e a energia caiu. Ele telefonou à uma empresa terceirizada que ele pagava para manter os geradores de suas casas, para os casos de apagão geral, e em no máximo uma hora a energia seria restabelecida.

— Pronto, logo teremos energia.
— Pode sentar aqui comigo, se ficar andando pelo quarto vai se machucar.

Liu estava sentada na cama e abraçada a uma almofada, quando ele chegou. suspirou e caminhou até ela.

— Ainda bem que o sistema de segurança funciona mesmo em casos de apagão... – falou sentando-se ao lado dela cautelosamente: — Do contrário eu precisaria te proteger.

Liu riu discreta.

— Por que uma casa tão grande, para alguém sozinho?
— Gosto de adquirir casas, carros...
— Mulheres... – Liu falou brincalhona.
— Não escute o que Gray diz. Ele é um calhorda! – riu.
— Fique tranquilo, ele só disse que você era mais o tipo que ostenta. Quando nos conhecemos eu fiquei analisando o perfil de rapper dele, e ele disse que você sim, era a figura que eu imaginava.

Liu sorriu ao lembrar-se do primeiro dia na casa de Gray, e do quanto achou ele atípico.

— Vocês ficaram mesmo íntimos, não é?
— Estamos a pouco mais de um mês convivendo 24 horas por dia... Acho que não tinha como evitar.
— O que sentiu quando ele te beijou?

Liu engasgou. Aquela pergunta era totalmente inapropriada. E ela felicitava-se por estar escuro. O que pretendia?

— Er... Não sei... Foi... Normal.
— Normal? Como assim?
— Foi bom, mas... Ai ... Sei lá! O que quer saber?
— Como se sentiu quando eu te beijei?

Liu mordeu o lábio e suspirou devagar.

— Ok, você não gostou. – disse rindo ao notar a demora em responder.
— Não, não! Eu adorei! – ela respondeu rápida e se arrependeu depois, deixou muito na cara que queria outro beijo daquele.
— Eu também.

Ele falou calmo e se moveu na cama, virando de frente para Liu. Mas ela não podia perceber.

— Quando te vi no resort das primeiras vezes, eu não prestei muita atenção em você. Só quando conversamos no bar. Eu quis saber mais de você ali, mas estava com a cabeça tão cheia da minha burrada que... Enfim. No último dia, eu notei como você ficava ruborizada perto de mim, e geralmente esse não é o tipo de reação que estou acostumado.
— Ah vá.
— É sério! As mulheres que ficam comigo são cheias de si, exalam confiança e são de personalidade forte. Eu enxerguei em você uma fragilidade, mas quando fui à sua companhia de dança encontrei dois rapazes. Conversei brevemente com eles sobre você, e o que ouvi deixou claro que havia uma loba na sua pele de cordeiro. Eu queria conhecer isso. Decidi te dar a carta do teste, não apenas pelo teu sonho, mas porque te queria perto. E era a maneira mais rápida de te reencontrar no momento. E você veio. Eu vi você dançando naquele teste, e sabia que era a garota que os caras tinham me contado. Com o tempo... Ouvi sobre você na empresa, e todas estas coisas iam se comprovando, mas você não agia como a mulher que todos enxergavam. Achei que eu pudesse fazê-la enxergar o mulherão que você é. E de novo caí nas minhas ilusões, porque você sabe de tudo isso. Sabe quem é, o que quer, o que deve ou não fazer.... Na hora das gravações...
! – ela o interrompeu: — Aonde quer chegar?
— Na sua boca, e na maneira louca como eu tenho sentido um inexplicável ciúme de você e nas sensações incontroláveis que você me causou mais cedo.
— Você só está mexido pela encenação sedutora de mais cedo.
— Liu. Seja sincera... Qual a possibilidade de você me deixar beijá-la de novo?

A mulher estava confusa.

— Esquece as fofocas. Apenas responda, por favor.

Ela sentia o rosto de ainda mais perto do seu. E sem responder sua pergunta verbalmente, Liu puxou o rosto dele em encontro à sua boca. As mãos de entrelaçaram a cintura dela, e a mulher repetiu a cena da gravação, onde sentou no colo de . Dessa vez, diferente da encenação, puxou o quadril dela sobre o seu e Liu permitiu aquele contato. Os dois se beijaram sem pudor, e não cessaram os carinhos. Quando a energia voltou eles estavam nus, se beijando e não se importaram com o fato. Ao som da televisão no quarto de Liu sendo religada, e o filme que assistia continuar como se nada estivesse acontecendo, explorava o corpo da mulher. Liu não sentia como se fosse especial, mas era bom.
No dia seguinte, acordou tarde. Estava vestida, havia tomado banho de madrugada junto com . E não estava no quarto. Ela foi até o banheiro daquela suíte, e quando saiu ouviu a porta sendo batida.

— Gray?
— Deve ter sido uma boa noite, para você quase perder a hora, não é?
— O que?
já está filmando as cenas do corredor e da sala branca com as dançarinas em grupo. Logo mais são vocês na piscina. E todos estão lá embaixo. Como faremos para você chegar de surpresa agora?
— Céus!

Liu correu até a beirada da cama calçando seus chinelos e Gray apareceu atrás dela segurando seu braço, de modo preocupado.

— Vocês dormiram juntos?
— Vocês vão ficar sempre me perguntando um sobre o outro?!
quis saber de nós? O que?
— Nada. É que sempre vocês fazem esse tipo de coisa...
— E então?
— Estou com fome!

Ela não deu atenção, e Gray pode entender que ela não queria responder por ser verdade. Ele estendeu a ela um pacote com delivery de um sanduíche e café.

— Trouxe café da manhã para mim?
— Claro.

Ela sorriu para ele, e beijou seu rosto. Após comer, os dois desceram discretos. Havia pouco movimento no hall da casa, devido às gravações em outros cômodos. Ela surgiu ao lado de Gray na parte externa, onde era aguardada. Pediu desculpas pelo atraso, e imediatamente foi encaminhada ao preparo para as cenas da piscina.

Faixa 4: You Know


Gravações: Dia 2 – Bloco 3


Após a noite que tiveram, tanto quanto Liu estavam bem mais tranquilos para as cenas que viriam. Primeiro mergulhou sozinho, numa cena que iria compor o grupo de introdução do MV. E só então os dois começaram a filmar juntos. Não havia muito mais a ser feito entre eles, já havia filmado suas cenas restantes: sozinho e com o grupo de dançarinas. Eles caíram na piscina, abraçados, e dentro da água, as cenas foram feitas submersas. guiava o corpo de Liu com um pouco mais de intimidade e tranquilidade. Numa atmosfera muito mais romântica do que luxuriosa.
Assim que acabaram, Niga parabenizou a todos. Akemi surgiu ali, enquanto Liu e ainda filmavam. Ela mal esperou sair da água e se secar para abordá-lo. Disse que precisava falar com ele, e Liu escutou. Ela observou sair bufando em direção a casa, com Akemi atrás de si. Gray passou por eles, com uma expressão nada satisfeita, e foi até Liu. A mulher recebia as parabenizações de toda a equipe, e quando Gray chegou ao seu lado os burburinhos começaram.

— Achamos que você e o estavam de caso! – Melanie afirmou risonha: — Mas na verdade a senhorita estava escondendo o jogo com o Gray!

O rapaz riu ao ouvir aquilo, pois, a ironia era maior do que poderiam aguentar. Ele resolveu encenar também e passou os braços ao redor do corpo de Liu a abraçando. Aquilo foi o suficiente para todos gritarem histéricos e comemorarem. Liu se enrolou num roupão, de cara feia para Gray. Ao invés de ajudar, ele pioraria as coisas?
Dentro da cozinha, tinha a visão da área externa da piscina, e presenciou o momento em que Gray abraçava Liu e toda a equipe comemorava algo. Akemi notou a preocupação, ou ciúme de .

— Até quando vai ficar desejando a mulher do seu melhor amigo?
— O que você quer Akemi? Se for sobre a campanha, não é comigo que você deve falar.
— É sobre nós, .
— Não existe nós.

Gray e Liu vinham em direção a casa.

— Mas vai existir um de nós.
— Do que está falando, garota?
— Estou grávida , e o filho é seu.

Liu e Gray chegaram ali no exato momento em que Akemi contara ao o que acontecia. olhou diretamente para Liu e ela o encarou assustada. Gray prevendo o que estava passando entre os dois, deu a primeira desculpa que veio à mente:

— Liu e eu temos uma seção de fotos, . E nós já vamos indo. Parabéns pelo MV. Passa lá em casa mais tarde?

não falou nada apenas assentiu olhando para Liu. Gray passou a mão no ombro dela, e apertou levemente como se lhe desse, força.

— Parabéns pelo trabalho, ! Foi ótimo trabalhar com você e toda a equipe!
— Obrigada Liu, igualmente. Nos vemos depois?
Ela assentiu sorrindo fracamente e seguiu, Gray vinha atrás dela a fim de auxiliar a amiga a sair dali o mais rápido possível. Eles foram para casa, e no caminho Gray e Liu mantiveram silêncio sobre aquilo. Cada um pensava em quão irônica a vida estava sendo com eles.
Até a noite, não falaram no assunto. Apenas aproveitaram o descanso, leram as mensagens e fofocas sobre eles pensando no que fariam sobre aquilo, e Liu respondia às mensagens da equipe:

— Gray! August está perguntando se iremos confirmar presença no evento de lançamento do MV juntos.
— Por que o Niga quer saber isso agora?
— Acredito que por ser o diretor, a imprensa deve estar especulando com ele.
— Ok, Liu! Temos que resolver isso.

Gray sentou-se ao lado dela no sofá, de frente um para o outro pensaram juntos na situação.

— Seu trabalho acabou e agora precisará ampliar seu networking. Provavelmente a AOMG vai te contratar para mais trabalhos, mas você também precisa expandir. E eu acho que essa fofoca pode ser uma boa para você agora. Tudo vai depender se você está disposta a aceitar este tipo de marketing.
— Eu me preocupava mais com isso, em relação à impressão que poderia causar no trabalho. Mas agora que acabou, eu acho que eu devo aproveitar as oportunidades que vierem. Mas o que me preocupa é a sua imagem, até porque eu sou uma desconhecida.
— Bem, para mim na verdade é ótimo. Um relacionamento sério sempre traz um bom status. E depois, com você morando aqui, nós dois saindo juntos... Vai ser melhor assumir uma relação falsa do que tentar escondê-la.
— Ei, eu não vou morar aqui. Agora que encerrou o contrato, e eu já recebi, vou atrás de um canto para mim.
— Para de bobeira, para quê? A nossa convivência foi ótima, e eu não quero mais ficar sozinho! – Gray fez biquinho de clemência — Sério, Liu. Vamos deixar como está?
— Ok. Eu vou te aturar um pouco mais.
— Até parece! – ele a empurrou do sofá, e a garota riu.

Liu confirmou ao Niga a presença deles no evento. À noite, a campainha tocou e os dois assistiam a um filme na sala debaixo de cobertas. Gray foi atender e um pouco depois surgiu ao seu lado. Liu desligou a televisão e sentou-se puxando a coberta dando espaço no sofá para Gray sentar. Mas sentou ao lado dela e Gray foi para a poltrona.

— Então vocês se assumiram publicamente como um casal...
— Por um tempo, vai ser bom para nossa imagem. – Gray respondeu.

Liu evitava olhar para .

— Entendo. Acho que vai mesmo.
— E você? Vai ser pai do filho da Akemi?
— Eu não confio nela Gray. Vou pedir confirmação disso.
— Porque é mais fácil culpar a mulher, e quando ela engravida de uma traição dizer que ela pode ter dormido com qualquer um, né? – Liu disse ainda sem encará-lo.
— Liu...
— Quanto tempo ela está, ? – Liu perguntou o interrompendo.
— Ela disse que um mês e meio.
— Então é seu mesmo. – Gray afirmou indiferente.
— Transaram sem camisinha ? – Liu perguntou ainda sem olhar para ele.
— Sim.
— E vocês, Gray? – ela perguntou.
— Como assim?
— Você também estava com ela há um mês e meio. Vocês transaram? Protegeram-se?

Gray pensou um pouco e levou as mãos ao rosto, jogando o corpo para trás. pôde respirar mais aliviado. Ele encarou Liu, e ela apenas se levantou indo até as escadas.

— Liu, espera! Temos que conversar.

Ela parou em alguns degraus e Gray passou por ela na escada dizendo que os deixaria conversando. Ela voltou ao sofá, sentou-se ao lado de ainda sem olhar para ele.

— Desculpe te fazer passar por isso.
— Não somos nada um do outro , não tem que se desculpar.
— Como não? Depois de ontem?
— Você tem outras questões a se preocupar agora, .
— Nem sabemos se esse filho é meu, Liu! Pode ser do Gray! O que impede que continuemos juntos? Aliás, por que assumiu uma relação com o Gray depois de ontem?
— Não interessa quem é o pai, um dos dois vai arcar com isso. E já explicamos. Marketing. Vai ser bom para me livrar de fofocas maldosas também.
— Então se não tem motivos, por que está rompendo?
— Rompendo o quê? Não temos nada.
— Mas estávamos começando!
— Acho que entendi errado, ou foi você. Porque hoje, ao sair da piscina, você foi imediatamente falar com Akemi. Senti-me como uma transa casual, e estou agindo como tal.
— Está com ciúme? – abriu um sorriso.
, eu assumi uma relação com Gray. Não vai rolar entre nós, ok? Resolva-se com Akemi.
— E se o filho for do Gray? Como vai ficar essa sua relação de mentirinha?
— Não sei. Até essa criança nascer e provar quem é o pai, muita coisa pode acontecer. Por hora, Akemi procurou você para dizer que é o pai e não o Gray.
— Só porque ela quer assim! Acha mesmo que ela sabe quem é o pai?
— Deixa de ser machista! Assuma ! Você dormiu com ela, ela está grávida, e a possibilidade de o filho ser seu é tão real quanto ser do Gray. O problema é que eu não transei com o Gray! Então não faz diferença se for dele!

Liu saiu e deixou sozinho na sala. saiu furioso dali em direção à saída. Ela bateu à porta do quarto de Gray e entrou após ouvir uma permissão. Sentou-se à mesa do office.

— Acha que o filho é seu, Gray?
— Não sei... Sem proteção fizemos uma vez... E eu não sei quantas vezes ela dormiu com o . Mas sei lá... Não foi a mim que ela procurou. Mulher sabe dessas coisas, né?
— Sei lá, nunca estive grávida.
— E você e o ?
— Ele já foi.
— Não foi o que perguntei... Você gosta dele?
— Não sei, acho que saí ilesa antes de me entregar demais.
— E vocês... Protegeram-se? Do jeito que a vida anda irônica...
— Sim. E eu uso contraceptivo.

Gray assentiu e viu a face constrangida de Liu sorrir cansada. Ela foi para o quarto dela, e Gray permaneceu ali. Não havia solução por enquanto. Teriam que esperar nascer, para fazer o DNA.
Algumas semanas se passaram e o dia do lançamento do MV chegara. Gray e Liu chegaram juntos na empresa e a fila de fotógrafos e repórteres era grande. também havia chegado um pouco antes e estava no tapete vermelho sendo entrevistado, quando Gray e Liu saíram do carro. Ambos estavam impecáveis. Liu sorria tentando disfarçar o pânico por todos aqueles flashes em sua direção. Gray apertou forte a mão dela dando-lhe apoio.

— Confia em mim. – ele sussurrou no ouvido dela antes de desfilarem.

Logo que tiraram fotos juntos, um repórter os entrevistava:

— Oficialmente há quanto tempo vocês estão juntos?
— Bem, nós nos conhecemos há alguns meses, mas só começamos a sair quando as gravações começaram. – Gray falou confiante e sorridente para Liu.
— E os rumores de que você e tiveram um caso? – o repórter perguntou diretamente para ela.
— São apenas rumores maldosos, minha relação com o foi exclusivamente profissional.

O repórter assentiu e os dois saíram, ao passarem por pararam para cumprimentá-lo. Muitos outros flashes se direcionaram aos três. Formalmente, Liu cumprimentou . Quando os amigos saíram, ficou observando-os juntos, como um casal e a mulher que o entrevistava notou:

— O que tem a dizer sobre os rumores de Liu Thompson e você terem um caso?
— Ela é namorada do Seong-Hwa.
— Sim, mas vocês tiveram um caso?

Akemi surgiu ao lado de naquele momento, o cumprimentando. Novamente a atenção dos fotógrafos se concentrou ali. Ela cumprimentou a repórter, que estava surpresa pela aproximação repentina da mulher.

— Vamos ? Você não pode se atrasar para o lançamento do seu MV.

Ela sorriu simpática e ele também. Akemi caminhou à frente dele e tentou sair de mãos dadas. Mas discretamente, soltou-a e arrumando seu terno respondeu à repórter:

— Não. Gray é um homem de sorte, pois Liu é realmente uma mulher incrível. Com licença.

despediu-se educado e entrou na AOMG receoso de não ter saído da melhor maneira daquela pergunta. Akemi o encarou, risonha e ele, discretamente saiu de perto dela. Ela não gostou, óbvio.
Os convidados e equipe foram até o salão onde seria exibido finalmente o clipe. August Frogs, o Niga, agradeceu a todos e fez um pequeno discurso sobre aquele trabalho. Quando o clipe iniciou, todos estavam extremamente atentos. Liu mantinha as mãos entrelaçadas abaixo do queixo, estava ansiosa. E Gray abraçou-a de lado rindo pelas reações dela. Ele se lembrou de quando viu seu primeiro trabalho pronto. estava na mesma área que eles, mas não próximo. Lançou seu olhar à Liu acompanhado de um sorriso e ela retribuiu.
A introdução havia ficado realmente ótima, com as cenas de entrada de , Melanie, Heiki, o mergulho na piscina. As cenas de no salão branco e no corredor eram novidades para Liu que acabou perdendo as gravações, por dormir demais. Ela estava boquiaberta com toda a produção, o MV estava perfeito. E era ela ali! Ela dançando, encenando com o ! Quando viu as amigas dançarinas, compondo a coreografia em grupo com no salão azul, imediatamente ela olhou para as amigas que estavam todas ao seu lado e elas deram as mãos eufóricas de felicidade. No momento em que as cenas de e Liu estavam a sós no quarto surgiram, as meninas zoaram a dançarina e Liu sorriu sem graça. Recordou-se da noite na casa dele e respirando fundo abraçou Gray de lado, retribuindo-o. O rapaz surpreendeu-se pelo aperto desesperado de Liu. Ele colocou-a na frente dele, e abraçou-a pelas costas apoiando sua cabeça no topo da cabeça dela, sorrindo. Queria que ela sentisse que poderia contar com ele, e protegeu-a, inclusive das próprias reações. O corpo dela tremia levemente, sem que ela notasse.
sorria nostálgico do outro lado, analisando cada cena entre ele e Liu. Lembrava-se dos sentimentos que o surpreenderam na gravação e da forma como ela se mostrava tão tranquila com tudo aquilo. E logicamente, suas memórias foram até a noite em sua casa. Ele mordeu o lábio, com um olhar safado para o clipe e percorreu o olhar pelo salão à procura de Liu. Mas quando viu Gray abraçado a ela daquele jeito, e a expressão dela encantada e serena concentrada no telão, uma angústia lhe apertou o peito. Era o conhecido e malfadado ciúme, novamente. Todos aplaudiam e gritavam em comemoração ao MV que finalizara. , Niga, e outros componentes da direção e planejamento daquele projeto falaram rapidamente aos convidados e a festa continuou.
Quando percebeu Liu a sós, caminhando para algum lugar, foi até ela. Surpreendeu-a em sua frente. Ela sorriu discreta olhando à sua volta.

— Fizemos um excelente trabalho juntos, parabéns Liu.
— Obrigada, pelo elogio e por tornar isso possível.
— Sabe o que mais fica excelente?
— O quê?
— Nós dois, juntos.
— Isso não vai acontecer, .
? O que eu fiz para você me dispensar assim? Eu não entendo por que não podemos ficar juntos, se Gray é tão possível de ser o pai quanto eu. É pelo marketing? Isso não tem nada a ver, nós...
! – ela o interrompeu: — Não é a mesma coisa. Por favor, esquece o que aconteceu, tá? Vamos resolver uma coisa de cada vez. Estou comprometida nesse relacionamento com Gray e você precisa auxiliar Akemi. Ainda que não seja a sua responsabilidade, ela procurou você.
— Eu já disse que ela não tem certeza.
— Mas ela desconfia que seja seu. Respeite o momento dela, não deve estar sendo fácil. Grávida e rejeitada.
— Eu não vou deixar ela sem amparo, ainda que não seja a minha responsabilidade. Que tipo de homem pensa que eu sou? Eu só não entendo por que isso se tornou um empecilho entre nós.
— Eu tenho que ir. Não quero que vejam a gente conversando porque, ainda desconfiam dos rumores e não quero prejudicar mais ninguém.

Ela sorriu e antes que saísse segurou sua mão.

— Espera! Antes... Responda-me... Na casa do Gray, da última vez que nos vimos, você disse que não fazia diferença se o filho fosse dele, porque você não transou com ele. O que quis dizer?
— Que se o filho for dele, eu não vou me sentir culpada por me apaixonar pelo pai do filho de outra mulher.

encarava Liu surpreso. Ela estava dizendo que estava apaixonada por ele? Quando abriu a boca para falar algo, ela deu as costas a ele e só pôde observar a silhueta de Liu se distanciando, e a echarpe de seda fina descendo sobre as costas nuas dela. Gray passou os braços pelos ombros dela, conversando com o grupo de amigos ali, e a cabeça de Liu pendeu ao lado como alguém que olharia para trás, mas desistiu.



Faixa 5: Replay

Alguns meses depois...


Gray atravessou a rua tão apressado que nem viu o carro que vinha em sua direção. freou bruscamente e desceu do carro perguntando se ele estava bem.

— Ei! Você tá legal?
— Mais um pouco e não estaria…
— Precisa de alguma coisa?
— Não, eu estou bem, obrigada.
— Certo, eu vou nessa então.

entrou novamente no carro, e Gray podia jurar que já tinha visto ela em algum lugar. Estava atrasado e não poderia ficar ali para perguntar quem era ela. Liu estava aguardando-o para o jantar. Após o lançamento de seu primeiro trabalho como dançarina na AOMG, ela e Gray continuaram a história do relacionamento, e não esperavam que a mentira se tornasse verdade até que se tornou. Akemi ainda estava grávida de sete meses, e vinha dando a ela todo o suporte necessário. Mas recusou-se a ficar com ela. A verdade é que se apaixonou por Liu, mas a garota recusou ficarem juntos diante a tantas confusões: o falso namoro com Gray, a gravidez incerta de Akemi, os trabalhos que começaram a surgir devido seu relacionamento. Ela havia dito que depois que a criança nascesse eles poderiam ver como as coisas ficariam. Mas foi ao fundo do poço quando descobriu que Liu e Gray começaram um namoro real. Ela não havia confirmado que o amava, mas no dia do lançamento, teve certeza daquilo: Liu era sim, apaixonada por ele.
No dia que Gray o contou que estava apaixonado por Liu, e eles haviam decidido ficar juntos, reagiu como podia: calmo. Ele acreditou que aquele era o castigo da vida, por ter traído Gray. E aceitou. Ou pelo menos era o que ele dizia. focou no trabalho, e passou a frequentar menos os mesmos espaços de Gray e Liu. Estabelecia novas parcerias, e frequentemente andava muito com Okasian. voltou a frequentar as boates, os bordéis, estava bebendo como não fazia há muito tempo, e ainda pior, se drogando com frequência. Naquela noite, Gray e Liu estariam juntos em um jantar beneficente recebendo uma homenagem pela contribuição que fizeram juntos. A AOMG apoiava aquela ONG, e o CEO deveria estar lá representando a empresa parceira, e principalmente parabenizando o seu casal de artistas exclusivos, homenageados. Mas decidira que sairia com Okasian para não pensar naquilo.
O evento começara e estava vendo as fotos de Gray no Instagram, deitado no sofá de sua mansão quando Okasian chegou identificando-se na portaria e foi até a garagem o encontrando do lado de fora. Ele abaixou o vidro do carro emparelhado ao amigo e o cumprimentou. Eles sorriram sacanas, e fizeram o que sempre faziam quando saíam: apostaram quem chegaria primeiro.
O som dos pneus em atrito ao asfalto se fez alto, e ligou o aparelho de som de seu carro no volume máximo. Os dois chegaram ao destino, e observou com cautela a fachada do lugar. Ele chegou antes de Okasian e assim que se identificou na entrada um homem o guiou por um corredor iluminado com luzes noturnas. Chegou em um espaço onde mulheres se apresentavam no pole dance, outros caras estavam sentados em um sofá grande, rodeados de mulheres. Estavam bêbados e drogados. reconheceu alguns, e reuniu-se a eles. Okasian chegou um pouco depois e ria da cara dele, por ter ganhado o racha.

— Como você descobriu este lugar? – perguntou para o amigo enquanto uma mulher sentava em seu colo.
— É este o negócio que te propus.
— Uma casa de prostituição? Quer que eu vincule meu nome aqui?
— O lucro é grande, man! E você é o chefe né, eu preciso da sua influência.
— Oka... Se eu fizer isso, coloco minha empresa no vale da falência. Mas... Talvez, eu saiba de alguém que você pode procurar. Alguém que teve negócios assim na família.
— Quem?
— Uma mulher. Te passo o endereço, mas não vou lá.
— Por quê? O que você fez com ela?
— Nada, só desapareci.
— Qual o nome dela?
.
— A proprietária do Insanity Club? Esquece. Ela me detesta.
— Por quê?
— Somos concorrentes. E ela está em desvantagem, porque ao contrário de mim, decidiu não trabalhar com prostituição.
Aish... Oka! Vai me fazer revisitar o passado?
— Vai ser bom para todos nós, enquanto isso... A Hyuna te diverte, não é garota?

Okasian falou chamando uma das moças para levar a um quarto. Ele acompanhou a prostituta e pegou a droga na mão de Okasian.
Liu acordou de madrugada com o telefone apitando ao seu lado. Pegou-o antes que Gray acordasse e atendeu saindo do quarto. Não entendia uma palavra do que dizia, e quando se deu conta de que era ele, novamente se sentiu péssima por vê-lo se acabar daquela forma. Mais uma vez, ligou apenas para falar o que pensava e desligar na cara dela, sem uma resposta.
Na manhã seguinte, quando ele acordou no quarto do bordel totalmente acabado, e com três garotas deitadas à sua volta não se lembrava de nada que fizera na noite anterior. Puxou um bolo de dinheiro de sua roupa e largou sobre a cama saindo. Okasian não atendia a ligação dele, e dali ele decidiu ir direto para casa. Somente após o almoço tinha descansado o suficiente e Oka apareceu atrás dele. Eles conversaram mais uma vez sobre o plano de parceria. não queria se envolver com a prostituição, já bastava estar novamente envolvido com as drogas...

! Qual é, man! Você vai ganhar muito mais com as nossas putinhas!
— Eu faço a ponte entre você e a Insanity. Mas não me envolvo.

Okasian aceitou a primeira tentativa. Naquela noite eles retornaram ao bordel e novamente se drogaram, ficaram bêbados e perderam a conta de suas transas. Aquilo se tornou uma rotina para , mas ele estava bem-sucedido em não deixar a vida libertina atrapalhar seus afazeres na AOMG.
Dias seguintes, estava em uma reunião de negócios com Gray e Loco, e assim que terminaram a reunião, Liu surgiu ao encontro de Gray para saírem. E Akemi também.

Aish... Que dia desconfortável. – resmungou ao ver os três em sua sala.
— Temos que falar sobre o bebê, . Acha que é só ficar enviando dinheiro? Você acabou com a imagem da minha carreira! Eu não posso mais ficar escondendo quem é o pai do meu filho!
— Você não sabe quem é!
— Eu já falei que é você!
— Mais três meses e saberemos. – ele disse irônico — E depois, quem mandou exibir essa barriga por aí? Lide com o assédio e as especulações da imprensa, Akemi! Temos um contrato, e se você abrir a boca, a maior prejudicada é você!
— Eu não posso ficar escondida como uma criminosa!
— Pode e eu te dei todo o suporte, uma puta mansão com empregados e divertimentos à sua disposição! Você que não aguenta ficar sem se exibir!
! É melhor que Akemi diga que você é o pai e...
— E O QUÊ GRAY? – ele interrompeu agressivo assustando a todos — EU ASSUMO UM FILHO QUE NEM SEI SE É MEU, E VOCÊ FICA AÍ, NUMA BOA COM A SUA PRINCESINHA? É ISSO?

Gray ficou nervoso e ia responder, mas Liu o impediu pedindo para ele sair da sala. Akemi observava a crise de ciúme de , e irritada, também saiu após alfineta-lo:

— Você é patético ! Não sabe quando perder!

Liu e ficaram ali. Ele sentou-se em sua mesa e Liu suspirou pesadamente.

... Você precisa parar com tudo o que vem fazendo... As noites desregradas podem não estar afetando a AOMG ainda, mas estão afetando a sua vida.
— E o que você tem a ver com isso, Liu?
— Nada! Mas se você me liga de madrugada e me ofende, eu tenho todo direito em me meter. E depois, Akemi não pede mais para que vocês fiquem juntos, ela só quer o seu apoio. A carreira dela está por um fio com essa gravidez inexplicável.
— Foda-se! Está assim porque ela quis! Foi ela quem revelou a barriga enorme sem pai, por aí! E você Liu, não se meta nisso. Não se meta, porque eu nunca mais vou ligar para você. Pode viver seu conto de fadas com o Gray, e fingir que não me conhece.

saiu e deixou Liu sozinha em sua sala. Ela não queria chorar, mas não suportava vê-lo daquele jeito. Uma lágrima escorreu em seu rosto, e quando Gray entrou abraçou a namorada. Ele sabia que o lance entre ela e havia ficado confuso, mas não abriria mão dela. Se estivesse certo, o tempo com ela estava mais próximo do fim, e ele queria aproveitar cada segundo como namorado de Liu. saiu da reunião pronta para fazer o que havia prometido à Okasian. Chegou a sua casa e se arrumou perfeitamente. E embora soubesse que, seria uma falta de vergonha na cara aparecer após tanto tempo, ele não podia deixar de sorrir recordando a noite que tivera com .
A fachada da Insanity Club continuava a mesma, mas lá dentro tudo estava diferente. Havia uma atmosfera muito mais promíscua ali, do que ele se lembrava. Algumas dançarinas no palco exibiam coreografias sensuais. E procurou por Oka. Ele estava sentado em uma das mesas perto do palco.

— Para quem é detestado pela proprietária, você não foi discreto em sentar aqui.
— Ela sabe que vez ou outra eu apareço. E aí, tudo certo?
— Sim. Viu se ela já chegou?
— Já sim. Pude vê-la subir ao escritório. Talvez, esteja nos vendo aqui.

Okasian mandou um beijinho no ar, em direção ao vidro da sala de . Ele não podia ver nada devido ao vidro fumê. Mas sempre fazia aquele tipo de gracinhas, pois, sabia que quando estava no clube, ficava o vigiando.

— Eu vou até lá.
— Espera aí, ! Divirta-se um pouco! A conversa com a senhorita “não sou cafetina” vai ser exaustiva.

revirou os olhos e ajeitou sua jaqueta caminhando em direção ao escritório. Ainda ao pé da escada, Pietro parou .

— Não pode subir sem ser anunciado.
— Ah certo… Por favor, avise que eu preciso falar com ela. – ele pediu entediado pela formalidade.

Assim que Pietro surgiu novamente ao topo da escada, subiu. Como na primeira vez que estivera ali, ele fora anunciado. Mas já não dava tanta atenção à presença dele como na primeira vez. Estava sentada em sua cadeira, concentrada em seus trabalhos no computador, quando entrou no escritório e sentou-se no mesmo sofá de antes.

— O que faz aqui, ?
— É bom revê-la também .
— Tanto faz. Achei que seria mais grato a mim, quando retornasse.
— Sentiu minha falta? – ele perguntou sorrindo.
— Não. Mas “All I Wanna Do” foi um sucesso e eu não recebi ao menos um agradecimento.
— Estou aqui, não é?
— Está. Mas só porque Okasian precisa de algo.

Ela se levantou de sua cadeira e direcionou-se ao barzinho, serviu dois drinques e sentou-se ao lado de , o estendendo um copo.

— Então me diga . O que ele pediu a você?
— Vocês se conheceram como?
— Ele era frequentador da casa, mas encontrou uma oportunidade de ganhar dinheiro com prostituição. Roubou nossas ideias, clientes e alguns parceiros.
— Roubar é um pouco forte, não?
— Por que veio mediar isso?
— Apenas acho que não há concorrência. Como você disse há algum tempo… A Insanity é uma casa de arte. Enquanto a Purple é um bordel. Não é como antigamente em sua família. São clientes diferentes.
— O que o Okasian não deve tê-lo contado, ao que me parece, é que ele utilizou o meu nome e influência, sem a minha permissão, para divulgar e conseguir os contatos para a Purple. E estamos em processo por isso.
Aish… Por isso ele falou para eu esquecer… – refletia confuso.
, eu tenho trabalho a fazer. O que você quer?
— Está ressentida por que eu não voltei para conquistá-la?
— Claro que não. Apenas, não estou mesmo com tempo.
— Ok… Vou direto ao ponto então: eu vim propor uma sociedade entre a sua casa, e a Purple. Okasian me ofereceu uma proposta de sociedade, mas eu não posso e não quero me envolver diretamente com isso.
— Até porque anda envolvido com coisas piores, não é…
— Como?
— Acho sensato da sua parte se precaver, mas um tanto quanto contraditório. Tráfico é muito pior do que prostituição, .

se aproximou dela com cautela, e encarando os olhos extremamente maquiados de , ele sussurrou:

— De onde tirou isso?
— Tenho meus contatos… – ela respondeu sussurrando e rindo em seguida.

olhou-a em dúvida e levantou-se do sofá, e caminhou até sua mesa, mas levantou-se rápido segurando a mulher pelo braço. Girou o corpo dela colando-se nela.

— O que é isso agora? Vai calar a minha boca com um beijo?
— Só para lembrar…

Assim que a respondeu, avançou à boca de num beijo quente e correspondido.

— Me solta, !
— Tem certeza que quer isso? – ele perguntou risonho e malicioso obtendo um beijo dela como resposta.

segurava o corpo de com certa saudade, não poderia negar. A turnê com seu álbum novo, e a música que o corpo de ajudou a compor havia sido um sucesso, e ele não deixou de pensar nela em nenhum momento. Inclusive, escondia de si e de quem quer que perguntasse, que sua passagem de férias por Phuket, no Secret Cliff Resort onde toda aquela merda de confusão atual em sua vida havia começado, tinha uma razão diferente da desculpa de “descansar da turnê”: não queria voltar para reencontrar . Passara toda a turnê pensando nela, e aquilo era assustador e preocupante. Depois seus pensamentos foram invadidos por Liu, e ele nunca imaginou que voltaria a ver um dia.
Agora estava ali beijando a boca quente dela, apertando o corpo sinuoso da mulher junto ao seu, e sentindo o perfume forte e inebriante dela de novo. apresentava certa resistência, e era justo. Ele não cumpriu a promessa. Mas tentaria persuadi-la, até porque o corpo de resistia menos do que deveria aos toques dele. Aquilo certamente deveria dizer alguma coisa. Ele foi empurrando aos poucos o corpo de até a porta do seu escritório, e trancou-a sussurrando ao ouvido dela:

— Lembra quando fodemos gostoso nesse escritório?
— Lembro também que você me deve, ! E vai pagar com sexo!
— A melhor forma de pagar minha dívida… Mas hoje, eu quero que você confie em mim,

A mulher deixou de beijar o pescoço dele e o encarou com surpresa. sorriu ladino e caminhou até o sofá do escritório dela, sentando ali e deixando confusa à porta.

— É só um show. Você já sabe como fazer, e como eu gosto. Faz pra mim?
— Você quer um strip? – ela perguntou risonha pelo pedido dele, que mais a confessava do que ele não havia esquecido.
— Só para começar… Da última vez sua roupa revelava bem, mas você está muito, comportadinha hoje neste decote e calças.
— É você quem deveria ficar nu para mim, . É você quem está pagando uma dívida aqui! – ela falou com certo humor e começou a abrir o zíper de seu decote deixando-o maior e mais visível.
— Tire a sua blusa, depois a calça, mas deixe comigo a lingerie.

A mulher sorriu concordando e se aproximou a poucos passos, sensual e cheia de maldade. Torturaria por não ter voltado antes.

— Ok… Mas eu estou com pouco tempo, e vou ser bem rápida!
— Só me imagine em cima de você e esquece todo resto, .

observou o olhar tenso de sobre seu sorriso tranquilo, e pensou como ele poderia ser tão gostoso daquele jeito. Queria foder com ele de tantas formas que achava um ultraje estar caindo no visco do de novo. Mas lá estava ela, desabotoando sua calça, e descendo a peça lentamente deixando visível a sua lingerie transparente e com gestos sensuais, sendo observada atentamente pelo olhar cheio de desejo do homem na sua frente, que estava sentado todo pronto para receber o corpo dela em seu colo. E que não sabia o que ela faria ainda.

— Transparente… perfeito… você sempre mostra o que um homem gostaria de ver, sempre preparada… parece até que me esperava, não é gostosa?
— Foder está sempre nos meus planos, , mas nem sempre com você já que você foge de mim.

Ela aproximou-se ainda mais dele, passando suas duas pernas pelas pernas dele, e puxando o rosto de para sua barriga. Desceu lentamente rebolando pelo seu colo até sua bunda encostar nas coxas dele, e o rosto de afundar em seus seios. Ele pegou a cintura dela mais forte e ora apertava sua bunda, ora arranhava as costas dela, enquanto lambia o colo e seios de sem tirar os olhos dos olhos dela. puxou o rosto dele de encontro ao seu num beijo sensual, molhado e lento. Explorava a boca dele com vontade enquanto empinava sua bunda ainda mais para apertar, e suas mãos desabotoavam as calças dele.
Não demorou para que ela começasse a chupar o sexo de , e ouvir seus grunhidos, seus gemidos e sentir os carinhos e massagens pesadas das mãos dele em seus ombros, a fim de deixar o corpo dela ainda mais cheio de vontade de ter o pau de dentro de si.

— Sua língua é um veludo bebê… – falou apreciando o oral de , e tendo como resposta um grunhido e um olhar sensual da mulher — Chega … Hora de socar fundo em você!

finalizou o ato, observando ofegante segurando a ejaculação e gargalhou quando se levantou e ele pegou os quadris dela com vontade.

— Não do seu jeito, gostoso!

Ela empurrou de modo a fazer suas costas encostarem-se ao sofá e com as mãos firmes no cabelo dele, beijou sua boca de modo agressivo e depois passou a língua por toda a parte de seu rosto, enquanto isso, sua mão livre vestia a camisinha em seu membro e massageava os testículos dele, que não resistiria muito mais.

— Porra , para caralho! Senta logo no meu pau! – ele reclamou rindo, deixando notório que não aguentava mais e facilmente arrebentou o elástico da calcinha dela.
— Caralho ! Não precisava arr…
— Eu posso castigar também, gostosa! – ele a interrompeu penetrando três dedos de uma vez e fazendo soltar um gritinho.

Ele começou a provocar e logo a mulher rebolava em seus dedos e gemia entre xingamentos e pedidos por mais. Até que também perdeu a paciência e segurou firme no pau de o colocando em sua entrada, e sentou com vontade. Ela quicava no colo dele, chupava seus seios e pescoço enquanto a mulher gemia mais e grunhia a cada vez que os dedos dele apertavam seu clitóris.


— Mais forte amor?
— Fundo, isso.. Não para…

O replay entre e não foi nem um pouco menor do que a primeira vez. Pelo contrário! Se ela já estava na cabeça dele antes, agora poderia ser ela a mulher que o faria se livrar daquela paixão doída por Liu, a dançarina a qual ele se apaixonou quase que, platonicamente e perdeu para o melhor amigo. Os dois terminaram o sexo da noite, e se vestiram. Mas a despedida foi exatamente como havia planejado:

— Consuma muito na casa hoje, porque já que me pagou uma parte tirando as calças, vai pagar em dinheiro lá em baixo.
, sobre eu não ter te agradecido antes e...
— Verdade! – ela o interrompeu — Você me deve ⅓ do que lucrou com All I Wanna Do! É justo não é?

o perguntou, já sentada em sua cadeira imponente do escritório.

— Sim, mas não é disso que eu estou falando… É só que…
! – ela interrompeu de novo: — Eu sei tudo o que você andou fazendo, então se poupe de mentir pra mim ok? Eu não sou o tipo que fica na cola, e você deve ter notado. Pague-me em dinheiro pelo sucesso que a minha bucetinha deu a você. E diga ao Okasian que eu não aceito porra nenhuma de sociedade.
— Eu já sabia disso, acho que vir aqui foi mais pela culpa e por saudade da sua bucetinha também.. – deu de ombros, e falou um pouco ríspido.

Ele não esperava ser bem recebido e nem mesmo que a mulher permitiria um replay tão gostoso como o que tiveram, mas não esperava também que depois de ceder ela não zeraria o placar. Ele estava ali diante dela e fazendo o que nunca fez por ninguém: baixando a guarda. E talvez fosse o ego já fodidamente esmagado por Liu, mas ter o tratando daquele jeito estava o irritando muito!

— Então já que já teve o que queria, me pague o que deve de verdade se tem alguma gratidão em si, e leve isso com você… – ela jogou a sua calcinha rasgada na direção dele que rapidamente pegou e cheirou sorrindo: — Isso é tudo que vai ter de mim agora .

O olhar brincalhão que tinha em seu rosto por aquela “bandeira” jogada desapareceu na mesma hora que entendeu que ela estava o dispensando de vez.

— Pode ir, .
— Foi bom te rever .

Ela não falou mais nada, apenas acenou e sorriu concordando. desceu as escadas, de volta onde Okasian estava, com arrependimento: se tivesse voltado e não fugido dos sentimentos poderia estar feliz com ela, ou a menos se divertindo mais. Não teria voltado às drogas por conta de Liu e Gray: o casal que ele mais detestava. Não teria se metido com Akemi que agora esperava um suposto filho seu. E não teria conhecido Liu também. Ou seja, se tivesse voltado para fazer de sua musa inspiradora e stripper oficial, como a propusera antes, estaria agora, talvez, dormindo com ela em seu colo. Sem fim.



Faixa 6: I Don’t Disappoint


estava mais do que apenas irritado, estava com ódio de . Não necessariamente dela, mas do fato de querer foder ainda mais com ela e saber que a mulher não iria dá-lo a chance. O errado da história era ele? Ao mesmo tempo em que parecia ser, se perguntava se ambos não levaram à sério demais aquele papo de promessa. Caminhava pelo salão da Infinity vendo que Okasian se esforçava para agarrar uma das mulheres, que se apresentava no pole dance quando chegaram. E antes de ir finalmente até o amigo, parou no balcão e pediu uma bebida. Ela disse para ele gastar, não é?
Enquanto aguardava seu drinque, encarava a calcinha que acabara de puxar do seu bolso, e recordava as palavras que os dois trocaram aquele dia.

Flashback


De manhã, ao acordar, caminhava pelo quarto observando tudo de maneira calma e silenciosa. Avistou as anotações no papel e o lia, quando abriu os olhos devagar. Observava calado, a mulher quieta e curiosa sobre aquela letra. E ela sorria.

— Obrigado. – ele disse.
— Consegui te ajudar, então… – sorriu satisfeita.
— Você sabe cantar?
— Não.
— Que pena… Somos bons juntos.
— Somos… Você vai achar idiota, mas eu nunca tinha vivido um sexo como o de ontem… Foi como ir às nuvens e não querer voltar.

Ele sorriu por entender a referência que ela fazia. Havia escrito aquilo.

— Você não pode se afastar do clube não é?
— Não, mas… Porquê pergunta isso? Quer me sequestrar?
— Quero.

Ela gargalhou, mas ficou calado. Ele levantou-se indo na direção dela. E ela ficou nervosa. Não sabia o motivo.

— Que tal um jogo? – ele perguntou.
— Topo.
— Quer ser minha stripper fixa?
— Como?
— Seja a minha inspiração insana.
— Eu ainda não entendi.
— Vem pra turnê comigo?
— Não posso.
— Como eu faço para conquistar essa mulher e levá-la comigo?
— Você não a conquista. Se deixa ser conquistado.
— E quando eu já fui?
— Volte da turnê e a procure, nem que tenha que atropelá-la. Se a música fizer sucesso, ela é sua.

Fim do Flashback


Ainda observando aquele lingerie em sua mão, se indagava: havia sido conquistado por realmente, naquela noite? Porque se recordava de dizer aquilo, com um sentimento estranho em si, mas principalmente como uma jogada de um homem que sempre dizia o que sabia que as mulheres gostariam de ouvir. Foi novamente perturbado pela decisiva resposta dela sobre “se a música fizer sucesso, ela é sua”... Quanta verdade havia ali? Ou era uma jogada também, de uma mulher que ele sabia que dizia e fazia o que um homem gostava de ouvir e receber? era esperta, tão sagaz na conquista quanto ele. O barman observou a figura do homem concentrado na peça íntima em sua mão e lhe serviu a bebida:

— Se ela só te entregou isso, ela pretende te enlouquecer… – o funcionário riu baixo puxando assunto e chamando a atenção de .
— Ela costuma fazer isso, é?
— Desculpe senhor, mas de quem está falando? – o homem perguntou confuso com o tom de pergunta usado por .
— Da sua chefe gostosa. – respondeu e apontou com os olhos pequenos para o escritório de vidro acima do bar onde estavam.
Uow! – o barman respondeu espantado não desgrudando o olhar da peça na mão de : — Se a senhorita deixou esta lembrancinha para você, já pode morrer, cara.
— Como assim!?
— Tem ideia de quantos homens disputam essa mulher e nunca conseguiram ao menos um sorriso sincero dela?

O barman disse aquilo e foi chamado em seguida, deixando com mais aquela fase na cabeça. Se soava ou era tão inacessível assim, por que não teve resistência a ele em nenhum momento? E se ela realmente era aquilo explicaria por que o fato de tê-la deixado sem ao menos um agradecimento tinha irritado tanto a mulher. Foi uma grande desfeita de ! E agora ele aparecia como se não tivesse feito nada demais, pedindo a ela para se unir ao seu inimigo em negócios… guardou a peça no bolso novamente, pegou seu copo e caminhou até Okasian.

— Ainda tentando? A mulher já não deixou claro que não quer, Oka? – perguntou ao vê-lo novamente puxar a mão da dançarina que se preparava para voltar ao palco e receber uma resposta mal dada por ela.
— A porra da deu ordens nesse lugar pra nenhuma mulher me dar chance. Acredita?
— Acredito. Você é um lixo mesmo man, ela está certa…

se jogou no sofá ao lado dele e observou o palco. Estava perturbado de novo, em poucas horas, e por culpa dela.

— Se você está dando razão a ela então não conseguiu convencer a fera… O que você fez para entrar na lista de ódio da ?
— Não sei se estou na lista de ódio. Mas com certeza ela não está feliz comigo.
— O que rolou lá em cima?
— Quase perdi dinheiro e o bom humor.
— Dinheiro?
— Uma dívida que ela impôs, mas não é possível que estivesse falando sério.
— Vindo de ? Ela falou sério sim,
— Mas quer saber? Que se foda! Vamos para a Purple. Você não vai pegar ninguém aqui mesmo!

Okasian não via tão irritado daquele jeito desde o dia em que Liu e Gray foram no jantar beneficente como representantes da AOMG juntos. Mas compreendia, tirava qualquer um do sério.
Dias depois, estava concentrado nos trabalhos com a AOMG, e ainda tentava lidar com as confusões que havia se metido em topar atravessar drogas por Seoul, tendo na própria Purple uma fachada para aquele lance sujo. Mas não bastando, toda a merda de sua vida: drogas, Akemi e sua gravidez que cada vez mais estava difícil de fazê-la esconder… Gray e Liu já não estavam o incomodando tanto quanto antes, pelo menos não quando ele se deparava com a calcinha de , limpa e arrebentada por ele, no meio das suas coisas. O fato é que Okasian o perturbava constantemente com a parceria na Purple. Ele não podia aceitar aquilo, já começava a se arrepender de ter se metido com as drogas, mas para cada arrependimento havia um gatilho que o puxava ainda mais para dentro de tudo.
estava sentada na sua própria cama observando o amontoado de papéis espalhados e xingando até a décima geração de Okasian.

— Filho da puta! Me meteu em tantas dívidas!

Pegou o celular e telefonou ao Pietro:

— Pietro, eu preciso que você peça para a Angel rever os contratos da Insanity que eu já havia comentado com ela. Agende uma reunião com ela para mim, por favor.
, isso é andar para trás, você sabe!
— Eu não consigo pagar essa merda toda com o faturamento da Insanity, Pietro! A Purple ‘tá fodendo a gente com a merda da prostituição!
— Precisamos arrumar outra fonte de grana então, mas espera! Deixe-me pensar em algo, e se não conseguirmos, vamos aceitar a proposta do Okasian.
— Nunca! Eu não vou me humilhar para aquele lixo humano!
— Eu que não vou permitir você jogar o seu patrimônio suado no ralo depois de fazer o seu nome, por causa de um merdinha que acha que pode manipular você! Me dê um tempo, eu vou arrumar um jeito!
— Pietro, talvez eu possa ter uma solução…
— Então tente! Mas você não vai fechar a Insanity! Nem que eu tenha que vender o meu corpinho na Purple!

riu da decisão de seu fiel escudeiro, e desligou a chamada. Jogou-se em sua cama e encarando o teto praguejava-se pelo o que tentaria fazer. Vasculhou o endereço de um lugar pelo aplicativo de buscas de seu celular e levantou-se pronta a se arrumar para o que der e viesse.
Dirigiu estressada, mas com uma placidez tão grande em seu rosto que poderia facilmente despertar calmaria em quem a olhasse. não era de explosões, era de ventanias sutis e raios hipnotizantes. Uma mistura caótica dentro de um terror controlável. Assim que chegou à fachada do lugar, estacionou no local indicado e atravessou a rua rumo à recepção. Mal percebeu a BMW conversível vermelha atrás de si, na avenida em direção ao caminho oposto.

— Boa tarde, o senhor , por favor. – direcionou-se à secretária da AOMG, com seu olhar direto e matador.
— Desculpe senhorita, mas o senhor só atende com agendamento e mesmo assim, ele acabou de deixar a empresa.
— Às quatro horas da tarde? Que tipo de trabalho ele faz aqui? –ironizou com irritação , que recebeu uma resposta e um sorriso de provocação da secretária.
— Ele está aqui desde ontem pela manhã, e não saiu do escritório em momento nenhum. Dormiu na empresa e por isso saiu mais cedo hoje, senhorita.
— E você é quem? A advogada dele?

O olhar cortante de fez a secretária estremecer e se indagar quem era aquela mulher.

— Tanto faz. – murmurou , abanando a mão e olhando com desdém perguntou para a mocinha: — Eu suponho que você não vai me passar o endereço dele, não é?
— Eu não posso senhorita.
— Até pode. Mas não vai por que está esperando o dia em que o vai foder com você.

soltou após sua análise rápida da mulher na sua frente. Havia notado nela o sadismo de quem não iria facilitar para uma mulher interessante, encontrar-se com o chefe ao qual ela desejava todas as noites. Deu as costas e saiu dali, deixando o seu rebolado, o som de seus saltos ecoando e o seu rabo de cavalo longo e balançante como última visão da recepcionista.
Atravessou a rua até seu carro novamente estressada por ter que se contradizer ainda mais. Encostou à porta do seu carro, e discou o número que mais odiava. Enquanto a chamada estava em espera, um homem passou por ela de terno indo até o próprio carro estacionado ao lado do seu, e a comeu com os olhos e com um sorriso atrevido. lhe deu o dedo médio e suspirou ao ouvir a voz que atendia sua ligação.

— O que a mulher que mais me odeia quer comigo?
— Poupe-me do desnecessário Okasian, eu quero o endereço do .
— Do ?
— Você mandou outro até mim para tentar o que você não tem competência de conseguir?
— O assunto com ele é sobre o nosso acordo?
— Se for você saberá, agora anda Okasian! Eu quero o endereço dele, agora e bem rápido!

chegou em casa exausto, não só trabalhou como um escravo de si, mas usou das drogas para ficar acordado. Então aquela ressaca química era comum ao seu corpo. Puxou a gaveta de cuecas e jogando a toalha que enxugava seu cabelo sobre a cama, pegou a roupa íntima e vestiu. Mas antes de fechar a gaveta, viu a peça de . Imediatamente lembrou-se do corpo dela dentro daquela calcinha preta de tule transparente e rendas finas, tão finas que foi possível a arrebentá-las com facilidade.
sorriu com suas lembranças, mas fechou com força sua gaveta e pegando a toalha em sua cama, caminhou pela sua cobertura, seminu, chacoalhando os cabelos novamente. Ao voltar da lavanderia para a cozinha, pegou uma bebida na geladeira e abriu-a virando de uma só vez. Mas a campainha de sua cobertura o fez estranhar a presença de alguém que não foi anunciado.
Assim que abriu a porta mal acreditou que era em sua frente, com os seus olhos apreciando cada milímetro do corpo dele sem nenhuma reação aparente, uma maldita saia curta colada ao corpo, as pernas longas e brilhantes, os saltos vermelhos altíssimos, e aquela blusa de alças finas, em tecido de linho. Um linho caro e fino o suficiente para ele saber que ela não usava sutiã. era feminista demais para os padrões da Coréia e o suficiente pra deixar louco.
Ao notar que ele não falava nada, e apenas se mantinha sério, sonolento ou cansado, com os olhos avermelhados e certas olheiras a observar a presença dela, a mulher entrou após o empurrar delicadamente e o cumprimentar.

— Olá .

fechou a porta e observou as costas da mulher. O rabo de cavalo alto, lateral ao ombro dela deixando sua nuca à mostra, e descendo o olhar, não foi difícil para saber que sem sair de casa, havia se metido em mais problemas porque certamente o que levou até ali não foi a mesma saudade que se apossou do corpo dele ao encarar a bunda dela tão perto.

— Então esta é a sua outra casinha. – ironizou a garota andando no cômodo e observando aos detalhes. — Deveria ter me trazido aqui antes.

Jogou sua bolsa no sofá e sentou-se dando uma cruzada de pernas certeira, que não escapou ao olhar de . O rapaz retornou atenção à sua bebida e sentou-se no outro sofá de frente ao que ela estava. Aquela sala era uma recepção do hall, tamanho extensa era sua cobertura.

, eu estou surpreso. Como entrou aqui?
— Okasian pode ser útil para uma merdinha ou outra, como me passar o seu endereço e liberar a minha entrada sem anunciar.
— Pra você vir até aqui por mãos do Oka, seu assunto deve ser urgente. – ele concluiu mordendo o lábio para segurar um bocejo.

já havia notado a exaustão em todo o corpo dele. Jogaria a seu favor.

— Me pague.

Falou direta ao encarar suas unhas com falsa preocupação.

— Está falando sério? Se eu me lembro bem, não fizemos um acordo sobre isso.
— Você sabe que eu não me importo de ir à imprensa e contar tudo sobre o sucesso por trás de um grande bloqueio, não é?
— Você não é mulher de se expor, e isso é o que eu mais gosto .
— Tudo bem, eu posso fazer um acordo agora . Se você me pagar um terço da grana toda da turnê, eu posso atender a um pedido seu.
— Por que quer tanto este dinheiro?
— Justiça.
— Não… – ele se levantou brevemente para apoiar os cotovelos nos joelhos.

As pernas abertas de , vestido em uma única cueca também estava fazendo ser difícil para se controlar. Maldito homem que poderia deixá-la de quatro facilmente!

— Você não está insistindo por conta do seu ego…
— Não, não estou realmente. Mas eu quero esse dinheiro . Angel fez um levantamento de quanto você lucrou comigo.
— Com a minha música, você quis dizer.

se levantou e caminhou lenta de forma a circular o sofá onde ele estava sentado. Em suas costas, ela puxou bruscamente os ombros de para trás e aproximou a boca da orelha do homem, sussurrando:

— Com a música que a minha bucetinha te inspirou a compor. Depois de fodidos meses sem escrever uma única sílaba, baby! – disse e soltou um riso rouco, que arrepiou o corpo de .

— Um terço não vai ser nada para você e de certa forma nem para mim, . – sussurrou de novo.
— Por que insiste nisso então?
— Porque talvez eu só esteja buscando uma desculpa para me vender a você.

pegou a mão dela que massageava o seu ombro e beijou dizendo:

— Eu te fodi de graça.

— Pois é, … – riu e zombou: — Nunca ouviu falar em amostra grátis? A minha é tão boa que olha você pensando em quantos milhões desembolsaria para me foder de novo!

fez menção de se afastar dele, mas segurou sua mão mais uma vez:

— Só um pedido?
— Exatamente, pense com carinho no que vai pedir .
— Vem comigo.

Ele respondeu e se levantou caminhando para dentro do apartamento de fato, já que estavam sós no hall. sorriu satisfeita e o seguiu. Sabia exatamente o que pediria, e não era nada contra aquilo, na verdade era o que ela queria. levou até seu quarto, e enquanto ela observava a tudo ele foi ao escritório e voltou com um cheque em mãos. Depositou o cheque na mesa de vidro ao lado da cama.

— E o seu pedido?
— Eu trabalhei o dia inteiro garota, e tem tanta merda acontecendo na minha vida que eu só quero que você leve meu estresse embora… Sempre.
Own… Tadinho… – ela ironizou e fez biquinho o olhando: — Mas você está tão acabadinho hoje

Ela se aproximou devagar com o olhar dele incendiando sobre ela.

— Tão destruidinho das drogas que eu sei que usou ontem, sem falar que não dormiu… Será que não serei eu a sair estressada?
— Eu não desaponto garota, e você sabe disso.

Ele disse e puxou para um beijo ardente colando os seus corpos. As mãos pesadas dele, a apertarem a nuca dela enquanto a outra mão espalmava a bunda de , apertando-a cada vez mais em seu corpo... O sexo de roçando em si... Tudo era perceptível no corpo de e mordendo o lábio dele ela se afastou e caminhou até a cama parando em pé ali. Desabotoou a blusa de linho revelando os seios nus, e pôde sorrir abertamente por saber que logo teria aquelas gracinhas em sua boca. Quando desceu sua saia lápis curta, e mostrou-o que não tinha nada por baixo, zombou:

Uooow! Olha quem já estava na maldade!
— Eu vim preparada! E não deixaria você destruir outra Victoria Secret.

riu e sentou na ponta da cama dele, com as pernas arreganhadas e os braços apoiados para trás. Antes, juntou seu longo rabo de cavalo, no aplique que ela sabia que precisaria colocar aquele dia para matar ainda mais, e o apoiou ao longo do corpo de modo a esconder sensualmente seu seio. Em seguida, piscou para e mordeu os lábios.
Como um vampiro sedento, se aproximou de e sorria alucinado, a ponta de sua língua tocou ao clitóris dela, e descobriu a imensidão de movimentos que a língua ágil de podia fazer. Quando ela não aguentava mais segurar-se por todas as provocações dele, e seus dedos já a faziam soltar gemidos sôfregos, enroscou o cabelo de em suas mãos, como se fosse uma corda e a puxou o rosto dela para sua boca. Depois enfiou os dedos com o gozo dela dentro de sua própria boca e abocanhou o seio da mulher o chupando apenas para dar tempo de se tranquilizar.

— Agora eu quero brincar de verdade dentro de você, minha cadelinha.

Ele puxou o rosto de para perto do seu pau, e ela puxou-o para fora, mas não estava falando de oral, até porque estava excitado o suficiente. Pegou a camisinha na gaveta do móvel ao lado da cama, vestiu-a e retornou para perto de . Soltou o cabelo dela a empurrando para se deitar e colocando uma das pernas de em seu ombro, penetrou-a com vontade. As estocadas, gemidos e palavrões que os dois emitiam, podiam ser ecoadas pela grande cobertura.
Na manhã seguinte, acordou mais relaxado e descansado, mas sozinho. Não estranhou que ela não estivesse ali, o cheque também tinha sumido, então eles sabiam que agora tinham um acordo: fazer sexo sempre que um ou outro quisesse. Mas o que ele estranhou foi um bilhetinho deixado no lugar do cheque, que dizia:

“Não se preocupe, diferente de você eu tenho palavra. Farei bom uso do meu pagamento, obrigada. Ah! E levei sua cueca. Nada mais justo já que destruiu a minha calcinha, seu puto gostoso!”


sorriu satisfeito e percebeu que só de ouvir mentalmente a voz de , seu pau já latejava. Urrou de raiva por ela não estar ali, e foi em direção a uma ducha gelada. Ainda tinha todos os outros problemas da sua vida pra resolver.


Faixa 7: Feature


depositou o cheque dado por , pelo pagamento de sua “participação” no sucesso do rapaz. Mas foi Pietro que não aceitou a ideia descabida dela.

— Você cobrou para dormir com ele, ?! – alarmado perguntou o seu funcionário de confiança.

A mulher balançava devagar de um lado a outro em sua cadeira giratória, enquanto observava a expressão cética de Pietro.

— Não foi isso. Eu cobrei uma dívida e aproveitei para me divertir.
! Poupe-me, querida! Que tipo de dívida teria com você?
— Bem, o fato é que eu tirei uma gorjeta gorda da conta bancária dele, mas o suficiente para pagar nossas dívidas.
— De forma alguma! Você tem que devolver isso, ! Sabe-se lá o que ele vai exigir de você depois!
— Já pedi para Angel descontar o cheque, assim que compensar iniciaremos os pagamentos.
!

Pietro estava revoltado e andando de um lado para o outro. Ele ajeitou seu blazer impecável e encarou a mulher que se concentrava ao computador, e revirou os olhos dizendo:

— Você está gostando de seja lá o que for, que vocês dois combinaram não é?
— Não tem nada combinado, apenas nos desculpamos.
— Enfim... Pelo menos me diga quanto foi!

gargalhou e escreveu o valor em seu bloco de notas exposto à mesa, e arrancou o papelzinho entregando a Pietro. O homem arregalou os olhos e abriu a boca ao ler o papel, depois gargalhou também.

— Certo! Você não só pagará as dívidas da casa como terá um bom caixa para investir na Insanity por um bom tempo!
— Viu só? Eu sei fazer negócios, amorzinho.

Pietro colocou-se para fora do escritório de sua chefe, deixando-a a sós para trabalhar, não sem antes de fechar a porta chamar a atenção de e soltar uma piadinha:

Psiu! – ela olhou na direção dele que sorria safado: — Que pussy cara você tem, huh?
— Não é para o bico de qualquer um mesmo.

Ela sorriu discreta e abanou com as mãos para Pietro se retirar. No dia seguinte, telefonou para Angel e a pediu que providenciasse os pagamentos, mas a advogada informou que demoraria algumas semanas para aquele valor ser compensado, e que ela precisaria providenciar também uma documentação como se fosse um investidor. Afinal, para um CNPJ que estava com dívidas acumulando, de repente, uma transferência daquele tamanho necessitaria de explicações para a receita pública. E não poderia dizer como conseguiu o dinheiro, nem mesmo sua advogada sabia. Mas a Angel era esperta demais e antecipava-se ao que lhe seria pedido. Não só demorou para o dinheiro compensar, já que foi feito por partes, como também demoraria para o pagamento das dívidas acontecer: dias depois de ter entregue o cheque à sua advogada, uma grandiosa encrenca impossibilitou que Angel fizesse o que lhe foi pedido.

— Você quer o quê, ? – a advogada perguntava incrédula para a cliente à sua frente.
— Que você saque ¾ do dinheiro em espécie e traga para mim.
— Não é melhor pagar as dívidas por transferência?
— Não usarei este dinheiro para isso, não mais.
, você sabe que se eu cumprir a este pedido você só paga alguns dos seus credores, não é?

A mulher suspirou pesadamente, mordendo o lábio inferior com culpa, e depois de um breve silêncio olhou para Angel de forma decisiva:

— Eu estou ciente. Mas faça isso, por favor.
— Eu posso ao menos perguntar por que está fazendo isso, e para quem é a transação?
— Não precisa saber para quem é. Mas estou fazendo isso porque de repente, eu me tornei o tipo de mulher fraca que tira de si para salvar os outros.
— Ah não... – Angel olhou com cuidado, dúvida e prévia pena para a chefe: — Você... Você não se apaixonou por alguém não, não é?

permaneceu calada, e apenas se levantou de sua cadeira e foi até seu barzinho servir-se de uma dose de uísque. Negava-se a responder Angel, tanto quanto se negava a pensar naquela possibilidade.

Dias antes…


A movimentação na Insanity não estava diferente do que o habitual, mas estava satisfeita por saber que não teria de se preocupar com o faturamento da noite para pagar as dívidas da casa. Não depois do cheque de . Certamente, a mulher pretendia proibir de vez a entrada de Okasian à Insanity, já que por culpa dele se afundara naquela bola de neve.
Depois de resgatar o nome da família, e fazer a tradicional casa de swing de sua família se transformar num clube noturno de arte e divertimento – longe da prostituição, longe das drogas e demais coisas ilícitas –, não foi do dia para noite que ela ergueu a Insanity e sua fama! E tudo ia muito bem, até Okasian investir na Purple, uma boate de quinta, que graças a ele vinha crescendo. Recentemente o rapper comprou a boate, transformou-a num prostíbulo e ofereceu tudo o que a Insanity oferece – com menos qualidade aos olhos de – e tudo o que não oferece também. Com o nome de , sem a permissão dela, é claro, e com ideias copiadas, Okasian roubou os clientes e prestígio da Insanity. Transformou a Purple num perigoso concorrente. Mas investiu também, e estava conseguindo manter seu nome, seu lugar no ramo, mas acumulou estresse e dívidas. E Okasian, agora procurava um sócio já que notou quão trabalhoso é ser dono e gerenciar uma casa noturna, e também por não saber administrar.
Oka era consumidor daquele tipo de produto, não empresário, mas tinha dinheiro, nenhum escrúpulo, e com o tempo achou divertido irritar . Mas ainda que a Purple crescesse de forma ilícita, teria a elegância e a tradição de seu nome ao seu lado, e logo os clientes veriam que era um risco ter a própria imagem associada àquela Purple. Principalmente aos clientes mais influentes. “Voltarão todos arrependidos de dar costas à Insanity”, pensava naquele momento quando Lumiya, uma das dançarinas tocou a campainha do escritório fazendo o som delicado ecoar e a luz roxa acender, acima da porta. liberou a trava da porta pelo botão automático na sua mesa, e a dançarina adentrou ao cômodo com uma expressão nada feliz, bastante estressada e assustada. Ah! E claro! Praticamente seminua.

— Lumiya! O que é isso? Por que saiu do show e veio aqui nestes trajes?

espantou-se sabendo que algo estava errado e levantou da sua mesa caminhando para perto da grande parede de vidro onde ela poderia ver tudo lá embaixo.

— Me desculpe ! Mas aquele lixo de homem está lá embaixo causando tumulto! Eu estava no show quando Okasian chegou com a cara arrebentada e começou a me gritar e... Eu não sei por que este idiota cismou comigo! Enfim! Ele queria falar com você urgentemente, está sangrando e Pietro estava indo controlar tudo, mas começou um tumulto na porta e eu tive que descer do palco para fazer Okasian parar de chamar atenção!
— Hoje eu mato este idiota!

pronunciou já irritada e desceu sendo seguida por Lumiya. E deu ordens à dançarina:

— Peça ao Noob para acompanhar Okasian ao meu escritório, enquanto eu vou ao Pietro, e depois retorne para o palco e distraia todos junto às outras!
— Pode deixar, assim que eu voltar ao palco eu fico nua e ninguém vai notar o Okasian.
— Hoje, eu não vou me opor. Mas sabe as regras!

já estava se aproximando de Okasian, que estava sentado a uma cadeira do balcão. Aparentemente ele estava mais calmo, o barman conversando com ele, assim como todo o ambiente parecia mais tranquilo por dentro. mandou Lumiya de volta ao palco, e tendo as atenções gerais para si, ignorou seus clientes e pisou firme até o causador de tudo aquilo.

— Espero que tenha um bom motivo para não sair daqui morto, Okasian!

O outro se virou para ela, com a face muito machucada e nenhum sorrisinho de escárnio como era seu costume.

— Eu preciso falar com você em particular ! Mas você tem que ir lá fora antes que matem o Pietro, e não deixá-los entrarem!
— Você vai me esperar no meu escritório junto com o Noob.

O guarda costas estava ao lado de tão logo que Lumiya o avisou antes de subir ao palco.

— E não se preocupe Okasian, seja quem for que te fez isso – ela apontou o rosto dele — Não é nada perto do que estou planejando pra você.

Saiu virando-se tão rápido que seu cabelo agitou-se como um chicote e deixou seu perfume no ar. Assim que estava à porta, viu os guarda-costas que protegiam Pietro atrás de si, abrindo espaço para ela, e Pietro calou-se afastando para o lado. Os homens ali, ao verem-na, se aproximaram calmos e sorridentes. Eram os líderes da máfia de Seoul.

Tsc… – estalou a língua irônica: — Os garotos do bando Wang. Ora, ora… Jackson e Bambam! Se quiserem entrar precisam pagar alto, garotos.

cruzou os braços e levou uma mão ao queixo de forma elegante e superior.

— E aí , não vai deixar os velhos amigos da família entrarem?
— Jackson, sem rodeios, ok? Estão tumultuando minha fachada, por causa daquela ratazana do Okasian?
— Entrega o ratinho no estacionamento e prometemos não sujar o lugar.
— Bambam, isso aqui não é mais uma zona como meu pai fazia ser, ok? Eu não vou entregar o Okasian e nem vocês vão entrar até que eu saiba o que está acontecendo!

Jackson se aproximou lentamente de e tocou o rosto dela com uma mão pesada, e própria de quem sabia exatamente como encaixar a palma ali. A mulher não se moveu, apenas direcionou um olhar inquisidor para Jackson.

— Você não está dando para aquele bosta, não é?
— Achei que depois de tanto tempo você já soubesse que eu não sou mulher de qualquer um.
— É claro! Antes de ser a mulher de hoje, a garotinha de antes pertencia ao Wang, aqui, não é? – ele sussurrou perto dos lábios dela sem desfazer o contato visual.

afastou o corpo dele com uma mão delicada e com um sorriso ladino, respondeu:

— Brincadeira de criança.
— HEY! – Bambam gritou: — Vocês resolvam as brincadeiras de vocês depois! , não se meta na nossa briga com o Okasian esteja ele fodendo você ou não!
— Cala a boca Bambam! O líder é o Jackson ainda, não? É com ele que estou falando! – a mulher se exaltou arrancando um riso fraco do Wang
— Acontece que eu também tenho problemas a tratar com o merda do Okasian, e ele estava vindo aqui quando vocês provavelmente o atacaram! Então esperem sua vez!
— É a Purple não é? – Jackson perguntou com um olhar tão colérico que poderia arrancar a pele de Okasian no dente: — Eu já sabia que ia te afetar! Eu avisei ao filho da puta para não mexer com você !
— Pietro nos disse que você também está prejudicada pelos negócios amadores do Okasian. – Bambam sondou.
— Então se estão cientes de que eu preciso dar uma lição no rato, vocês vão embora e pegarão ele depois.
… – Jackson se acalmou e parecia até fraterno: — Se precisar de mim, sabe que independente das nossas diferenças…
— Eu sei Jackson. Eu sempre tenho a máfia Wang como uma cartada final, ok?
— Resolve com ele, a gente pega o Okasian e o tal depois.
? – a expressão no rosto da mulher mudou e Jackson notou.

Jackson conhecia muito bem! O suficiente para saber que o brilho no olhar dela, demonstrou uma oscilação de susto. Ela conhecia ao tal , e se Jackson soubesse que tinha interesse nele, as coisas talvez piorassem.

— Só sabemos que há um, tal de sócio do Okasian, e não bastando os problemas que ele nos trouxe com as garotas prostitutas na região, este tal está se metendo nos nossos bagulhos. Okasian tem um acordo e não está cumprindo.
— E você sabe que a única pessoa com carta branca para fazer o que eles estão fazendo aqui, é você não é, ? – Bambam informou risonho: — Afinal, o império e o império Wang costumavam ser um.
— Bem, eu não estou ciente de nada além da prostituição na Purple, e já imaginava que vocês tivessem situado o Okasian.
— Vamos Bambam… – Jackson notou a mentira em , era o único que podia saber quando ela mentia.

Os homens despediram-se de um jeito seco, de , e a mulher soltou o ar que prendia um pouco depois de ouvir o nome do na conversa. Olhou para Pietro que ainda a aguardava e após trocarem olhares preocupados, entraram.

— Você sabe do que eles estão falando? – perguntou Pietro tão apressado quanto ela a caminho do escritório.
— Tenho uma dúvida. Mas já saberemos! Okasian está no escritório com Noob. Providencie primeiros socorros e…

Antes que ela pudesse terminar de falar, um dos clientes da casa, que tinha certo prestígio a interceptou em cumprimento no caminho. Pietro seguiu para a ala dos funcionários, e encontrou Lumiya que havia acabado de trocar de roupa. Ou melhor, de cobrir seu corpo nu com o roupão.

— Onde você está indo, nua assim? – ele segurou o braço da garota.
— A chefe liberou que eu divertisse direito todo mundo! Primeiro só deixei minha calcinha, e agora eles vão ver a beleza que Deus colocou no mundo, Pietrinho!
— Lumi, você é uma dançarina de pole dance, e não uma stripper!
— Mas pode saber, se eu fosse promovida a stripper da casa, a cortaria rapidinho, as asas do Okasian!
— O problema é que os clientes não entenderiam que a colocasse uma stripper que não pode transar com os clientes! E antes que você responda algo a favor, eu respondo: aqui não é a Purple! Aproveite seu único dia, nua até o útero, naquele palco!

Pietro como melhor funcionário de jamais iria apoiar uma ideia contrária a dela sem que a própria soubesse. De certa forma, Lumiya até tinha razão. Os shows de pole dance lotavam a casa, e toda vez que havia algo mais quente, como uma seminudez o faturamento era alto. Transformar Lumiya na única dançarina stripper da casa iria render altos lucros! E poderiam manter a regra de não envolvimento, seria como uma atração final de peso! Mas… o sobrenome era o grande algoz e herói da vida de , ela seria dada pela “nova cafetina do clã ”. E a decisão de suportar aquele peso era toda dela. Lumiya tentou convencer Pietro a, pelo menos indicar a ideia para a chefe.

tem visão para negócios, Lumi. Não precisa que eu a diga como fazer dinheiro, mas se você se apressar e ela ainda estiver no saguão você conseguirá chamar a atenção por seu trabalho.

Ele procurava pela caixa de socorros médicos dos funcionários, e quando achou fez sinal para a dançarina sair e ele também saiu, não sem antes responder a uma pergunta bastante inusitada de Lumiya:

— O cliente chato como está?
— Quem? – Pietro perguntou confuso e ela olhou a caixa em suas mãos e abaixou a face constrangida: — Ah! Está preocupada com Okasian?
— Claro que não! Ele só chegou bem fodido, não é?
— Ainda não o vi direito…

Pietro a olhou como se reprovasse o resquício de preocupação que ela demonstrou. Sinceramente, para ele, Okasian era o rapper mais fim de carreira para ela investir. Afinal, o cara só estava metido em coisas erradas, e tinha o pior e mais machista papinho para mulheres.
Eles seguiram seus rumos, e logo que subiu ele viu que Okasian estava bebendo um drinque de frente ao grande vidro para o saguão.

— Noob, pode descer. Obrigado! – Pietro pronunciou e foi possível assim chamar atenção de Okasian.
— Porra, mas a é muito gostosa, não é? – o rapper perguntou ainda observando-a pelo vidro: — Você já deu uma chupada nela?
— Você é praticamente um indigente! Não sei como alguém investe qualquer tipo de coisa em você! Eu sou gay, mas se pudesse, seria demais mesmo para mim. Ela é uma deusa. Não é para pulguentos como você ou nobres como eu.

Okasian gargalhou com vontade. Se não fosse a concorrência que ele mesmo criou, aproximar-se do universo de seria divertido, e talvez por isso também desejava que ela aceitasse ser sua sócia.

— Quem é o figurão que prendeu ela naquela conversinha lá embaixo? Alguém que ela dorme?
— Nossa como você é desinformado… – Pietro zombou ao lado dele por Okasian não saber com quem vinha dormindo: — E nunca que eu te diria quem são nossos clientes. Agora senta ali, vem limpar essa máscara que você chama de rosto!

Okasian olhou-o indignado e não acreditou até que Pietro sentou no sofá do escritório e abriu a caixinha.

— Não adianta tentar me molestar Pietro…

Brincou e direcionou-se a ele bebendo seu drinque risonho.

— Eu não achei meu pau no lixo.

E assim que Oka sentou-se ao seu lado, Pietro entregou a Okasian um espelho de mão, e os curativos necessários passo a passo.

— Ela é uma mulher ousada. Confesso que a admiro, sabe? – Oka começou a conversar à medida que limpava seu rosto: — E essa ideia de um escritório todo de vidro fumê? Fico só pensando em foder ela aqui e quem está lá embaixo ver por todos os ângulos! Gostosa!
— Você está com muitas gracinhas para quem tem muito a explicar!

A voz de soou dizendo as exatas mesmas palavras que Pietro diria, e o seu escudeiro apenas sorriu orgulhoso. Já Okasian não se abalou.

— Não são gracinhas! Eu realmente te foderia gostoso aqui !
— Okasian… Eu acabei de salvar a sua pele de ser esfolada no estacionamento, você me deve uma boa! Sem falar que não decidi ainda se você vive ou morre, então é melhor se explicar logo para o quanto antes eu me livrar da sua presença repugnante.

Oka deixou os cuidados com seu rosto de lado e se concentrou no assunto sério que teria:

— Eu estava vindo para curtir e ver Lumiya, ela é minha favorita… – ele sorriu sacana e continuou séria: — E não sei como eles souberam, deviam estar me seguindo, me pegaram desprevenido e eu só entrei correndo logo que pude fugir. Eu soube que eles não mexem com você. Não sei por que, já que minha vizinha de puteiro não quis me receber bem e…
— A Insanity não é um puteiro. Meus contatos não te dizem respeito e pule a parte que, você e eu sabemos o quanto precisa de mim, e diz logo de uma vez: o que você fez para o Jackson? – ela interrompeu Okasian.
— Primeiramente, eu não sabia da máfia Wang! Quando comecei a investir na Purple, estes assuntos não existiam porque era uma casa comum. À medida das mudanças que eu fui fazendo, eu só fui avisado sobre você: que a Insanity era a única que podia fazer o que eu pretendia. Mas achei que fosse algo teu, uma norma autodeclarada por toda sua família e etc… Você não me alertou do Wang! Eu só fui entender a real há alguns meses depois de tudo feito na Purple, quando ele apareceu e me enquadrou. Cobrou uma taxa fixa como uma licença para a prostituição e cobrou parte do faturamento das meninas. Se eu tirasse mais das putas, eu iria falir... Elas sairiam e iriam trabalhar para os Wang. Então eu tirei da Purple para cobrir… Mas foi ficando caro e eu achei que dava pra enganar o Jackson.

ouvia a tudo atenciosamente, e de braços cruzados, escorada à sua mesa ela olhava friamente para Okasian. Queria gargalhar na verdade, da ingenuidade do rapper em achar que iria chegar sentando na janela de Jackson e do Bambam. Nem ela se atrevia. E olha que tinha carta branca.

— Como você pode ser tão burro de achar que passaria a máfia para trás? – Pietro pronunciou-se desacreditado.
— Okasian, ok... Burrice sua dever para o Jackson, burrice sua se meter comigo, mas… O que o tem a ver com isso? – ela finalmente perguntou aquilo que ainda não entendia.
está fodido por causa das merdas que arrumou com o Gray e suas duas garotas. – ouviu ainda mais: — Nos últimos tempos ele tem saído muito comigo, bebemos, fumamos, e nada disso é novidade. não é santo, mas sempre controlou bem a carreira. Só que pirou! O cara tem usado drogas para caralho comigo, e com isso começou a pensar em mexer com isso em forma de negócio. Ele tem contatos, precisava de um lugar, eu tinha o lugar e tudo certo! As drogas me ajudavam a manter o lucro também, na parcela que o me repassa pela Purple. Mas o Jackson descobriu isso também, e parece que tem a ver com os negócios deles…
— Isso é o que dá entrar em negócios de lugares que você desconhece! – Pietro o cortou e se levantou se colocando ao lado de .
— Foda-se agora… Agora já foi.
— O que o Jackson quer do ? – perguntou já prevendo.
— O mesmo que quer de mim: ganhar às nossas custas. Mas eu me neguei, usei teu nome quando descobri que você tem carta branca mesmo, e eles me deixaram em paz por um tempo, só que quando a parada do rolou, eu não podia falar pra ele! O cara é meu irmão! Eu não vou foder ele o entregando! Sem falar que não só ele lucra com o tráfico quanto eu também!
— QUE MERDA OKASIAN! – gritou de repente: — POR QUE ENVOLVEU O PARK NISSO!?

A reação dela gerou espanto em Okasian. já sabia que Oka usava o seu nome por aí e para o quê. Ela tinha os contatos certos, assim como havia descoberto que estava traficando ali. Mas achou que ele não tinha sido pego pelo Wang, e tinha como última cartada para foder Okasian, desmentir ele ao Jackson. Mas quando entrou no assunto, quando ela soube dos lances dele, ela não contava mais em ferrar Okasian com a máfia. Por , e por várias razões que se convenceu a respeito. Por justamente proteger a Purple, ela quase perdeu a Insanity.

— O que? – Oka perguntou para si murmurando e concluindo: — Espera! Outro dia... aqui por longos minutos… Depois você na casa dele… Porra! Você e o estão fodendo!?
— Jackson agora quer o pagamento ou a sua vida, não é?
— Pois é! A de também, embora ele ainda não saiba quem ele é. Mas eu só posso pagar a partir de agora, para o que passou não tenho grana.
— Pague a máfia o que passou e feche a Purple, ou volte ao que era.

Okasian gargalhou profundamente.

— Não! Três opções : Wang mata e eu, ou Wang aceita esquecer o pagamento anterior porque não vou botar o diretamente nisso, ou você entra de sócia!
— Te arrumo um sócio. – falou calma iniciando as negociações.
— Claro que não! Eu quero você na sociedade justamente pelo poder do seu nome, seu prestígio com o Wang!

caminhou até sua cadeira e se sentou. Disse a Okasian que iria pensar e entraria em contato. O rapper foi embora não sem antes checar o show de Lumiya, que o surpreendeu e o deixou de pau duro. Assim que Okasian saiu do escritório, Pietro o indicou que procurasse um hospital, o acompanhou para fora do escritório e retornou. — Ah! Que bom que você voltou Pietro! – logo foi falando, recostando-se em sua cadeira e disfarçando seus pensamentos: — O que achou do movimento lá embaixo com Lumiya?
— Bem… a garota é muito boa stripper e gosta de ficar nua, talvez não seja negativo para a sua imagem se você impor as regras da casa.
— Eu vi que ela agitou aos clientes lá no salão… Talvez promover Lumiya à nossa única dançarina de nu artístico seja uma boa. E assim tirar dela esse espírito de Purple! – pronunciou com certa raiva.
— Por falar em Purple
— Já sei que você não entendeu nada do que eu disse para ele, mas… Eu preciso falar com o Jackson.
— Se você entrar no negócio com a Purple, Okasian vai estar livre para fazer qualquer coisa.
— Não se eu tiver a maior parte.
— Mas aí, você vai ser o que não queria… A cafetina .
— Talvez eu consiga deixar as coisas menos grotescas, o Okasian não sabe o que faz.
— Então você já está considerando a hipótese.
— Não sei. Não sei, Pietro… Sem saber com o Jackson o que eles pretendem fica difícil…
— Posso te fazer uma pergunta íntima?

Pietro lançou diretamente olhando para ela de um modo analítico, e ela apenas ficou silenciosa o encarando, então ele perguntou:

— Está sua ação repentina de pensar na possibilidade, tem a ver com o ?
— Estarei mentindo se negar. Eu só não quero que ele se meta em merdas maiores por culpa das burrices do Okasian. Ele é um cara bom, tem uma boa empresa e carreira, só me parece um pouco… perdido.
— O que te garante que Okasian não mentiu? veio aqui te propor o negócio com a Purple, ele pode muito bem estar ciente do buraco que Okasian entrou com a máfia, ele pode ter te usado.
— Hm… poderia! Mas ele não me daria aquele cheque se a intenção dele fosse me usar para a Purple e soubesse das dívidas. Ele usaria o cheque exatamente para pagar, se estivesse no lance do Okasian, é claro!
— Faz sentido…
— Não se preocupe, eu não vou me precipitar Pietro. Mas preciso analisar todos os lados. – o funcionário assentiu confiante e eles sorriram: — Providencie o lançamento da Lumiya, a dançarina mascarada, para estes dias. Convide os clientes de hoje, nossos melhores clientes, e certifique-se de que Wang venha também. Eu tenho uma jogada em mente. Ah e claro! Nada de Okasian ou aqui neste dia!
— Certo, providenciarei tudo. Mais alguma coisa?
— Não… Obrigada.

ficou o restante de seu horário ali, pensativa. Tinha em mente sondar o quanto Jackson se envolveria na Purple se ela comandasse. Tinha em mente saber até onde estava envolvido naquilo tudo.



Faixa 7: Feature


Alguns dias depois, Angel telefonou dizendo que o dinheiro já havia sido todo transferido para ela, e que já poderiam passar a pagar, então ela pediu para a advogada segurar um pouco e deixar o dinheiro na conta. Angel não entendeu, mas também não contestou as ordens. E foi a partir disso, que resolveu visitar um, certo alguém!
Novamente a secretária da recepção da AOMG, havia sido rude com ela. Da última vez que estivera ali, ofendeu a mulher dizendo algumas verdades. Mas, desta vez, não precisou de esforço para conseguir acessar ao escritório de e nem precisou ofender ninguém. Assim que subiu, encarou o andar mais alto do prédio, que tinha uma linda vista, aliás, e foi permitida a entrar na sala de , por uma secretária pessoal do escritório de . Bem mais simpática.
A sala dele era grande, ampla, e riu ao notar que havia uma parede toda de vidraça para que ele pudesse ver a cidade. Não era a única a gostar de manter os olhos no que era seu, e em boas paisagens. Deixou sua bolsa sobre a poltrona em frente à mesa dele, e caminhou lenta e sensualmente – de modo natural a ela – para aquela vista. Não percebeu que havia outra pessoa ali, num canto do escritório, bebendo café e a observando com cautela, curiosidade e cobiça.

— Como devo me referir a visitante tão charmosa de ?

A voz de Gray a fez o encarar em sobressalto.

— Me desculpe, eu não sabia que tinha alguém aqui. – informou séria, observando o homem bonito que ainda a observava sorridente — Eu me chamo .

Gray pôde então perceber as razões pelas quais o amigo havia ficado com uma misteriosa mulher fixa em sua mente. Era ela, a tal musa de “All I Wanna Do”, aquela que negava assumir: havia se apaixonado no primeiro sexo casual, de uma forma tão platônica que só poderia ser espiritual. Mas, claro, aquela era a percepção de para as coisas. não pensava daquela forma, ou realmente, negava.

— Veio para uma reunião de trabalho? Você é alguma nova artista que o está trazendo?

arqueou a sobrancelha curiosa com o modo como o homem a inquiriu as perguntas, aparentava sondar que tipo de relação ela teria com . Antes que ela pudesse responder, a porta do escritório se abriu e surgiu com uma pasta em mãos, aparentemente tenso, seguido por uma mulher bonita de cabelos curtos e traços delicados. observou a cena a seguir como se fosse invisível, mas Liu a notou assim que entrou. Menos , que foi até sua mesa e assinou os papéis. Gray ao notar que Liu e estavam vindo do mesmo lugar, perguntou em tom comum para a mulher ao seu lado:

— Vieram juntos no elevador?

Liu sorriu e respondeu silenciosa, como se aquilo explicasse o modo tenso em que chegou, mas o CEO da empresa ao ouvir a pergunta de seu amigo direcionada para a namorada, logo o respondeu desafiante:

— Não posso agora andar no mesmo elevador que Liu, Gray!?
— Não foi o que eu disse , é que você parecia nervoso, como se tivesse discutido.
— Eu não tenho assuntos a discutir com Liu, ela está inteira, não se preocupe!
— Gray só estava brincando , não precisa ficar estressado com isso.

Ele suspirou cansado, fechando a pastinha de papel em sua mão e caminhando até Gray, com seu olhar sério e naturalmente melancólico. ainda observava à cena bastante curiosa e divertida, e Liu ainda a observava como se tentasse entender quem era a mulher. estendeu o papel para Gray, que risonho pelo amigo não notar sua visitante apenas pegou-a e assentiu, alertando em seguida:

— Você tem visita. – Gray apontou a direção de com os olhos, e abaixou a cabeça sorrindo.
?

pronunciou o apelido dela com carinho e surpresa, e logo abriu um largo sorriso. A mulher apenas conteve-se em sorrir discreta e mexer os dedos da mão como se o dissesse “Olá”. A reação de não passou despercebida por Gray, que ficou feliz com a possibilidade do melhor amigo se desapaixonar por sua namorada, por mais que achasse que o sentimento dele por Liu fosse algo mais do ego, do que verdadeiramente sentimental. Mas, Liu não saberia dizer como se sentiu com a presença de .

— Gray, você pode ir. Já assinei tudo o que você vai precisar.

O tom de ordem, por baixo de uma expressão séria do rapper foi rapidamente entendida por Gray que se despediu da mulher estranha com um aceno discreto, e pegando a mão de Liu se pôs para fora da sala. A porta fechou e já era outro, muito menos tenso, mais animado e curioso com a surpresa.

, que honra ter você aqui!
— Como vai ? – ela perguntou se encaminhando sorridente para a poltrona onde havia deixado sua bolsa: — Aposto que foi mesmo uma mão na roda para você, que a garotinha do seu amigo me visse à sua espera.

falou brincalhona e já ia se sentar, quando puxou sua mão e trouxe o corpo dela para o seu. Com a mão firme na cintura dela, roçou seus lábios sem desfazer o contato visual, e ela sorriu diabólica, ação suficiente para beijar a boca de de uma só vez. O beijo não foi carregado de fogo e paixão, mas havia nele o tempero exato que ambos apreciavam. Assim, que se cumprimentaram, a mulher pôde se sentar e lhe ofereceu uma bebida.

— Apenas água, por favor.

Ele pegou uma garrafinha de água no frigobar e um copo, no lugar onde Gray estava antes, que tinha uma espécie de espaço café.

— É uma bela vista ! – apontou para a vidraça que tomava do teto ao chão, enquanto ele lhe entregou sorridente sua água.
— A que está em minha frente é melhor. – respondeu e sorriu satisfeita: — Mas, a que devo a sua visita surpresa ?
— Certamente não vim fazer ciúme na garota do seu amigo.
— E eu não lhe pediria isso.
— Mas, funcionou.
— Você acha? – perguntou sarcástico e satisfeito — Bem, pelo menos assim ela se situa de que não está com essa bola toda.
— Você sabe que isso não é verdade … – zombou: — Está de quatro por ela e até o seu amigo já faz piada entre eles, de você.
— Você não veio falar da Liu, vamos direto ao assunto

notou que o assunto incomodava a , e foi direta:

— Eu vim saber por que você foi me pedir para aceitar a proposta do Okasian.
— Sério? Achei que já havia sido claro.
— Talvez, eu só quero saber se você teve alguma outra intenção com este assunto que não tenha me falado.
— Outra intenção?

sorriu ladino e se aproximou ainda mais de , e abaixou-se a altura do rosto dela, investigando as expressões dela.

— Eu não fui lá para transarmos , embora eu tenha adorado que aconteceu de novo.
— Controle seus hormônios . Eu estou falando de negócios. Okasian me procurou e insistiu na nossa parceria, mas se eu fui clara com vocês, porque ele tanto insiste?

A jogada de se fingir de boba deu certo. tornou sua face confusa por não reconhecer também, os motivos pelos quais Oka insistia naquilo. Não precisava tanto da Insanity!

— Ele ainda insiste!? Eu não tenho ideia do que Oka pretende . Acho que a Purple nem precisa tanto assim da Insanity, são nichos parecidos, mas com objetivos diferentes.

Ele deu de ombros, recostando-se mais à vontade em seu próprio sofá. tivera a resposta que queria: aparentemente não sabia de nada.

— Como você caiu na Purple, ?
— Eu só frequentava por conta do Oka, mas depois se tornou um bom ponto para minhas outras coisas…
— Você não pretende parar com isso?
Tsc… – murmurou estalando a língua — Eu até tenho pensado nisso com frequência, é lucrativo, mas não preciso disso. E depois… Eu não deveria ter começado isso tudo na verdade, eu só estou passando uma fase que me desestabilizou… Enfim…
— Você não tem que se explicar , não é como se eu o julgasse, mas só não entendi. Você realmente não precisa das drogas para nada.
— É, mas Okasian precisa. O dinheiro das drogas está ajudando a Purple ficar de pé. Assim que ele firmar as pernas no negócio, eu pretendo sair disso, já que ele não quer seguir no meu lugar... Por incrível que pareça, eu tive portas abertas nesse lance pelos meus contatos, justamente por ser mais confiável do que o Oka.

entendeu novamente que estava cego, não sabia de nada e estava sendo usado por Okasian.

— Quer saber ? Okasian é um lixo humano, e você deveria se afastar dele.
— Eu sei disso. Não se preocupe, eu também sei até onde não ir por causa do Oka.
— Não me preocupo, foi só um toque.

falou e sorriu. Deixou o copo na mesa de centro de reuniões, e se levantou pegando a bolsa e agradecendo.

— Obrigada pelo tempo , eu vou…
— Você não vai. – a interrompeu a puxando e fazendo cair sentada em seu colo: — Me diz que não vai sem antes repetir o que a gente gosta de fazer em escritórios…

beijou o pescoço de , que não apresentou resistência. Os dois começaram a se beijar e a explorar o corpo um do outro ali.

— Você pode ser pego em seu local de trabalho, gostoso…
— Ninguém vai me incomodar ou entrar sem avisar. Relaxe…
— Eu entrei.
— Mas você é diferente. Aposto que deu um jeitinho bem autoritário de passar pela recepção…

gargalhou e começou a desabotoar sua blusa.

— A recepcionista me odeia, mas já entendeu que não pode me impedir.

Os dois se beijaram com cada vez mais vontade, brincava com os seios dela que ele mesmo tirou do sutiã, colocando em sua boca e beijava seu pescoço delicadamente. De repente, , levantou-se e de pé se afastou um pouco, já sabendo que ele faria alguma graça, mas surpreendeu-se quando se aproximou devagarinho e segurou seu rosto com as duas mãos, e analisou todo o rosto dela com ar de falsa ternura. Falsa porque não acreditava que pudesse ser tão tenro assim. Ele beijou-a com delicadeza, e a mulher sentiu-se mais mole e dengosa nos braços carinhosos dele, mas foi só ela abaixar a guarda, para sorrir entre o beijo e pressionar seu corpo ao dela, empurrando-a para a parede de vidro.

— Eu sabia… – ela murmurou.
— Me deixa te fazer gozar enquanto vejo a cidade todinha abaixo de nós…

Ele falou em tom de sacanagem no ouvido dela, e desabotoou a calça de , e a mulher mesma, a desceu e recostou-se ao vidro cheia de tesão.

— A cidade toda pode nos ver também? Isso é tão excitante…
— Ah é? Que bom, porque eu pretendo te deixar nua aqui, e torturar bastante você…

Ele respondeu e enfiou a mão por dentro da calcinha de que arfou ansiosa. era rápido nos movimentos e quando sentiu que iria enfraquecer, diminuiu os movimentos em seu clitóris, a mulher gemia em sussurros gostosos que faziam arrepiar todo.

— Ah , me fode logo, por favor…

implorou e ele sorrindo a virou de costas. A mulher encarava a cidade toda pelo vidro, mas sabia que não poderia ser vista. Embora pensar aquilo desse um ar de diversão maior em tudo. se afastou e vestiu o preservativo, e quando voltou, ainda apoiava suas mãos ao vidro e respirava rápida. Ela sentiu o membro de entrando em seu espaço apertado enquanto as mãos dele ainda masturbavam seu clitóris. Os lábios quentes de em seu rosto enquanto estocava fundo nela, eram demais para segurar os gemidos. Depois de foder do jeito que gostava, e do jeito que ela pediu, foi ao seu banheiro do escritório se limpar e recompor, e também.

— Quando a gente se vê de novo?
— Não sei , eu sou ocupada, você também… Enfim…

falou após terminar de arrumar seu cabelo, e já ia saindo do banheiro quando segurou-a trazendo o corpo dela de encontro ao seu novamente.

… eu tenho que ir. – ela sorriu recebendo a mordida leve dele em seu rosto.
— Deixa o seu número.
— Meu telefone? – estranhou — Você sabe onde me encontrar. Para que precisa do meu telefone?
— Por que não posso tê-lo?
— Não precisa fazer o tipo, . – o beijou de leve e soltou-se a caminho de sua bolsa: — Sabemos que você não é o tipo que liga, ou que volta para agradecer…

ironizou pelo passado entre eles, e revirou os olhos:

— Vai continuar com isso de que não voltei para tentar te conquistar, ou seja, lá mais o que?
— Relaxe , foi só uma provocação, você já me pagou o que devia.
— Exatamente, então vamos começar de outro ponto !

A insistência dele era engraçada, então ela apenas riu e pegou um cartão em sua bolsa para entregá-lo. Caminhou lenta até ele, e colocou o cartão na parte frontal da calça de , bem em seu cós. O homem que apesar de CEO não se vestia sempre como tal, olhou para baixo, estalou a língua descrente por ela provocar e não ficar mais, e riu beijando a mão dela que estava em sua calça, e ele mesmo retirou levando ao próprio rosto.

— Até mais ! – sorriu, piscou atrevida e saiu.

ria divertido e só viu que foi passado para trás quando percebeu que o cartão não tinha o número dela. Era o mesmo cartão da Insanity, que ele já tinha. não queria se aproximar muito, mas tudo bem, ele também não queria, não é?
No dia seguinte, depois de chegar do trabalho mais cedo à sua casa, tomar banho e se arrumar, se dirigiu até a mansão de Wang. Ele estava relaxando em sua sala, ouvindo música, e bebendo vinho, enquanto Bambam ainda não tinha voltado da sua ronda no bairro. Logo que atendeu a porta, Jackson Wang mal podia acreditar que era .

?
Hey Wang! Sabe que não gosto de avisar quando vou aparecer. Está sozinho? – ela perguntou entrando.
— Estou.
— Melhor ainda!
— Que tipo de segundas intenções te trouxeram aqui, ?

O homem riu malicioso se aproximando dela.

— Não vim por isso! – ela o parou com uma mão no tórax dele e se encaminhou até a taça dele, cheirando: — Cabernet? Aceito!
— Claro que aceita.

Jackson foi buscar a taça para servir e como sabia que ela não bebia nada que alguém lhe oferecesse, ou pelo menos não quando era gente de risco, ele a entregou vazia. serviu-se, bebeu e apreciando o vinho, fez uma boa expressão de satisfação. Jackson estava só, porque dera folga aos capangas da máfia, então algo o dizia que também sabia daquilo. Observou-a cauteloso.

— Eu sei que você não veio para beber apenas o meu Cabernet.
— Procurei Bambam, informei que precisava tratar de negócios com você, e ele entendeu o recado. Avisou-me que estaria sozinho, e eu sempre soube que você bebe vinho sozinho.
— Então quer dizer que veio também pelo vinho ? – ele brincou gargalhando.

riu de volta e por um momento foi como se fossem os namorados de adolescência de novo.

— Ok, Jackson. Vamos ao que importa… Quais as minhas condições com a máfia se eu assumir a Purple?
— Pretende fazer isso?
— Talvez…
— Sabe que o Okasian está fazendo isso para usar seu prestígio comigo não é?
— Sei, o que ele não sabe é exatamente até onde eu posso ir com você. Se a Purple for minha, os problemas causados por Okasian para Insanity acabam também!
, você nunca quis isso… Não é do seu feitio se trair para derrubar alguém. Mas é do seu feitio se colocar no fogo para salvar alguém.
— Aonde quer chegar Wang!? – perguntou sorrindo falsamente: — Você não acha que eu estou tentando livrar o merda do Okasian de algo não, né?
— Ele não. Mas, quem é o tal ? Algo me diz que é com ele que eu devo me preocupar…
— Eu não o conheço, mas por que se preocuparia com esse tal?
— Primeiro porque ele é sócio do Okasian, depois porque ele parece te interessar de alguma forma.

Wang a avaliava dos pés à cabeça, mas sabia o quanto Wang a conhecia e por isso precisaria fingir muito bem que não estava preocupada com .

— Eu sou capaz de pará-lo eu mesmo, por ter você.
— Ora, Wang… – zombou tranquila: — No dia em que eu me envolver com alguém você será o primeiro a saber, já que eu tenho um padrão difícil, não é?
— Certo! Chega disso. O que você quer exatamente saber é se eu vou te cobrar a dívida da Purple?
— Exatamente todos os termos!
— Pra você, eu não extorquirei parte do lucro das meninas, e não incomodo se continuar não mexendo com meus lances. Então você me paga a dívida toda do Okasian, veta o tráfico de vez, porque este tem que entender que a área já tem dono, e tudo certo. Mas só se for você a responsável. Vai ter que ser como sempre foram os negócios entre os e os Wang.
— Certo… Quanto é a dívida?

Jackson gargalhou alto!

— Você está fodida com a Insanity, não teria como pagar a dívida da Purple sem fechar o seu lance!
— Quanto Jackson?
— Quinhentos mil em dinheiro.
— Vá à inauguração da nossa nova atração, e eu terei o dinheiro.
. – Jackson parou de rir ao notar a impávida figura da mulher e agora a encarava com suas dúvidas: — Não assuma comigo uma dívida que não pode pagar.
— A palavra de uma pessoa é incorruptível para mim, Wang. Você sabe muito bem que quando eu digo que farei algo, eu farei.

Jackson então recordou de quando eles terminaram. jurou que se ele levasse o “negócio” da família adiante, ela nunca mais o permitiria tocá-la. E depois daquilo, ele nunca mais teve o amor de . Mas justamente por saber da seriedade com a qual honrava seus compromissos e promessas, ele sabia que alguém mais importante para ela estava no meio de tudo aquilo. Ela também havia jurado a si, que nunca seria dona de algo como o que sua família teve: prostíbulos. E agora estava ali, tentando livrar alguém da surra e possível morte pela máfia de Wang. sabia bem até onde ele poderia chegar. Jackson sabia bem que Okasian não era o protegido de . Algo o indicava que o tal , deveria ao menos sofrer uma grande surra.
estava na casa de Okasian, abismado com o rosto desfigurado do amigo.

— Estava pior há alguns dias.
Man, que porra de briga foi essa que você entrou na Purple!?
— Uns caras folgados. Enfim, … Não vou sair, tenho que ficar em casa, tomar os remédios, essas porras de se cuidar que eu não gosto. Você precisa de algo?
— Sim, mas não é na Purple que está o que eu preciso…
Brow! Tira esta minha dúvida vai… – Okasian sorria travesso com o que iria perguntar: — é gostosa como eu imagino?

o encarou sério, a expressão no rosto totalmente diferente do que ele agiria se tivessem falando de uma garota com menos importância para do que , e Oka notou.

— Qual é ! Vocês estão transando, não é?
— Fique bem longe dela Oka!!
— Achei que era apaixonado na Liu…
— Eu... Não sei o que sinto pela Liu, mas é diferente! Não é amor, não tem cobranças ou sei lá… Nossa sintonia é diferente.
— Mas você não me respondeu.
— Ela é muito gostosa, e não é pra você. Não que me preocupe, nunca daria para você.
— E eu lamento muito por isso! Aquela bunda… Hm… Dá pra ver a veia latina da família .
— Cala a boca Okasian, olha como você fala da bunda da minha…

silenciou e Okasian riu.

— Sua? – Oka insistiu em tom desafiador.
— Mais respeito pela , ela não é uma das suas garotas! Eu vou nessa!
— Diz pra que mandei um beijinho! E não conte que eu quem passei o número dela a você!

saiu da casa de Oka discando o número particular de com ansiedade. Queria muito vê-la aquele dia, e não que em sua cabeça aquilo se relacionasse, mas naquele dia tinha discutido com Liu. estava certa, a namorada de Gray ficou curiosa a respeito de , e usou daquele sinal de interesse de Liu como uma forma de provocá-la. A tailandesa não se mostrou enciumada, mas tinha esperança de que a simples ideia de que ele não estaria mais disponível como ela estava acostumada, pudesse mudar a decisão dela de pertencer ao Gray. Mas depois de muito pensar naquilo, percebeu que não era uma desculpa que ele poderia usar para conquistar Liu. não merecia aquilo e nem ele queria fazer aquilo com a imagem dela. tinha muitos defeitos, mas não era um idiota completamente. Tudo bem que às vezes agia de forma imprudente e prepotente, mas não era uma causa perdida de vez. , em pouco tempo, e em algumas transas já tinha na figura de uma provável amizade. Não sabia se era recíproco, mas não se importava, queria por perto! Naquele momento, queria , muito, muito perto, mas a mulher não atendia ao telefone.

Noite atual: Insanity Club, estreia da dançarina mascarada.


A Insanity estava lotada com a nova atração, e Lumiya estava feliz e ansiosa para seu show de pole dance e nu artístico. Jackson e Bambam haviam chegado e estavam na primeira fileira de mesas, exatamente onde os melhores clientes ficavam. havia planejado aquilo.

, aqui está a maleta com o dinheiro.

Angel, que a aguardava ali no escritório há algum tempo, colocou a mala sobre a mesa.

— Certo… Vou deixar no meu cofre.

pegou a maleta prateada e direcionou-se para uma porta falsa em sua estante, onde havia um cofre eletrônico. Angel não aceitava a decisão de , e Pietro que também estava ali, preocupava-se por igual.

, Wang já chegou com os capangas dele e eu os apliquei onde você pediu.
— Ótimo Pietro, depois irei jogar a isca… Chame Lumiya, por favor.
você tem certeza? Este dinheiro liquidaria as dívidas! – Angel ainda insistia: — Você nunca quis entrar em negócios com o Wang! Quem é este que te fez mudar de ideia?
— Angel, por favor, apenas redija os documentos que te pedi. Quero o Okasian com o mínimo de participação possível nas futuras decisões da Purple!
— Sabe que não posso fazer isso! Ele é o majoritário! O máximo que podemos tentar é um acordo de participações nos lucros por funções, mas para isso o Okasian tem que concordar!
— Faça o que for preciso. Eu não posso deixar este idiota levar meu nome para qualquer coisa, isso seria me manchar com o Wang também.
… – Pietro falou logo que entrou acompanhando por Lumiya: — Ela está aqui. Você vai mesmo fazer isso?
— Jackson descobriu quem é o , me mandou mensagem e ameaçou acabar com ele se eu não assumisse tudo. Foi uma exigência, não tem mais como eu escapar. Ele descobriu tudo depois de desconfiar por eu ter proposto pagar as dívidas e demonstrar interesse na Purple. Wang é inteligente, sabia que eu queria livrar o disso, e as condições são exatamente que eu afaste Okasian das decisões e tire o da rota das drogas. Eu estou na mão do Wang! Ou eu assumo tudo, ou ele mata um inocente!
— Meu Deus… Ela está mesmo arriscando o pescoço dela pela segurança do , Pietro! – Angel se levantou alarmada.
— Angel, por favor! Vá até Okasian e imponha as condições a ele. Informe-o que eu lidei com tudo e por isso ele que escolha: me deixar no comando, ou se resolver com a máfia.
— Vem Angel, não tem jeito. A senhorita está decidida. – Pietro informou usando o sobrenome pelo qual passaria a ser ainda mais referida.

Ficaram a sós então, Lumiya, confusa por tudo que era dito e .

— Você está comprando a Purple?
— Indiretamente, sim. Mas não a chamei por isso, Lumiya. Jackson Wang está aí para assistir ao seu show. Vou dizer que você é a favorita do Okasian.
— O que não é mentira. Mas o que isso implica?
— Jackson certamente vai tentar seduzir você. Preciso te perguntar se você aceita o seduzir também.
— Você quer que eu transe com ele?
— Exatamente. O atraia para o meu escritório e transe com ele. Eu tenho certeza que ele vai tentar por dois motivos: um, para tirar onda com Okasian, e dois, pelo seu show. Ele vai se interessar por você.
— Eu não farei nenhum sacrifício . Pode deixar comigo! Mas o que você pretende com isso?
— Agora é a parte importante. Eu quero que você faça parecer que está sendo contra a sua vontade. Tenho câmeras espalhadas aqui, que serão acionadas quando eu sair, e assim eu fabricarei estas provas contra ele. É só uma segurança, eu não posso ficar na mão de Wang. Vou te pagar muito bem pelo serviço.
— Ótimo, já sei como agir, deixe comigo! Vou fingir uma fantasia estranha.
— Obrigada garota!

dispensou Lumiya e a desejou boa sorte. Em seguida, desceu e deu início ao plano. Aproximou-se da mesa de seus principais clientes e os cumprimentou, as luzes do palco mudaram de cor, o anúncio da atração foi feito, a começar pelo pole dance, e sentou-se próxima a Jackson. — , você sabe dar uma festa.
— Olá Jackson! Onde estão os outros?
— Divertindo-se por aí! Mas me diga, está com o meu dinheiro?
— Assim que acabar aqui, vamos fazer o negócio. Mas aproveite, Lumiya está especialmente animada hoje em sua estreia.
— Ela é gostosa.
— É uma das minhas melhores dançarinas. E a favorita de Okasian que nunca sai daqui por conta dela, ele está tentando a levar para cama há muito tempo. Mas Lumiya não é de dar chances a qualquer um.
— Ah é? E o Okasian vem pra ver a gostosinha hoje?
— Eu proibi a entrada dele por um tempo, devido ao comportamento dele. E depois, eu soube que ele ainda está fodido da surra que vocês deram.

Jackson gargalhou e se vangloriou. desejou-o bom show e se afastou. Foi até Pietro, que parecia preocupado com o que poderia acontecer.

— Eu estou muito chateado por você . Está dando todo aquele dinheiro para livrar um homem que não tem a menor consideração por você! Vocês não são ao menos amigos!
— Você sabe que eu tenho duas coisas a qual eu não nego: a minha palavra e a minha consciência! Saber que pode perder a vida por causa de Okasian, enquanto eu poderia impedir é o tipo de coisa que pesa mais em minha consciência, do que não desejar mais ser atribuída aos negócios ilícitos da minha família.
— Eu me pergunto se você já se deu conta de que está apaixonada, ou se continuará fingindo.
— Não é paixão. É solidariedade repentina. Considere que meu espírito Natalino chegou mais cedo este ano.
— O que vai sobrar é o mínimo para pagar as dívidas da Insanity,
— Em contrapartida, o dinheiro que vou fazer com a Purple é maior do que faço com a Insanity. Prostituição é uma mina de ouro e você sabe disso, do contrário, eu não seria uma com todo o império que minha família construiu, não é? E depois, pretendo que seja temporário! Angel vai fazer exatamente o que eu pedi, então não se preocupe Pietro, as dívidas não serão mais problemas.
— Isto é o que nós temos esperança que aconteça, mas dividindo lucros, quanto tempo você terá para quitar tudo? Não responda! Porque você sabe que está colocando seu pescoço na mira.
— Certo Pietro. Você está certo! Eu sei disso, ok? Irei trabalhar três vezes mais, e posso garantir que se o Okasian sonhar em dar para trás com as condições da Angel, Wang adorará receber carta branca quanto ao fim do nosso “amiguinho”!
— Seria tão melhor você não se meter nisso…
— Mas estou metida no momento em que Wang descobriu quem era e a nossa… Nosso caso!
— Então é isso… Não é solidariedade repentina, é medo de o Wang matar por ciúme de você! Que merda! Wang não vai superar a história de vocês nunca?
— Ele vai superar no dia em que eu realmente escolher alguém.
— Pelo visto já escolheu, vendo tudo o que tem feito…
— Pietro, não fantasie. e eu, não temos e nem somos nada um do outro. É só sexo.
— E você vai contar ao , não é? Ele deve saber da boa que você está o livrando.
— Ele não saberá de nada, entendeu Pietro?

O tom inquisidor dela não deu brechas para insistências. O show durou mais alguns minutos e como esperado, Jackson solicitou para que fosse apresentado a Lumiya. os apresentou e disse para Noob, que estava próximo dos três, que Wang poderia subir ao escritório dela se quisesse. Jackson entendeu e iniciou a caçada à Lumiya, sem saber que era ele quem era caçado. A garota se mostrou muito interessada e começou a se pegar com Jackson na área de funcionários, ainda vestida por seu roupão pós-show, e nua.

— Vamos subir! – Jackson ordenou.

Lumiya concordou e à porta do escritório, antes de entrar, fez seu jogo sentindo as mãos grandes de Jackson passeando em suas curvas.

Ain... Jackson… Eu tenho um pedido. – informou manhosa e o homem murmurou sem tirar os lábios do pescoço dela — Você pode… Me dominar?
— Ah gostosa, você prefere assim? Que ótimo, porque eu não costumo ser dominado…

Ele abriu a porta bruscamente e empurrou Lumiya para dentro, com o próprio corpo, apalpando a bunda dela e a fazendo gemer. Quando estava dentro, trancou a porta, e depois de chegar bem perto dela, Jackson puxou o roupão imediato, e Lumiya o deixou fazer o que quisesse. Não que ela não gostasse daquilo. O sexo entre Jackson e Lumiya foi sujo, selvagem e extremamente prazeroso, o que tornou difícil para a dançarina parecer obrigada no vídeo, mas Lumiya, apesar de tudo isso, encarnou bem a personagem.
O celular de estava em sua bolsa, silenciado. Em seu escritório. não sabia e ao imaginar que estava sendo ignorado de propósito, rumou para a Insanity. Entrou e encontrou o lugar tão lotado como não encontrava nos últimos tempos. Pietro o viu e rapidamente foi na direção dele.

, o que faz aqui?
— Por acaso não sou frequentador da casa? Onde ela está Pietro?! Por que ela não me atende!?

Pietro notou que o rapaz viera atrás de e não sairia sem vê-la.

— Está na sala dos funcionários, venha!

Mais do que depressa ele guiou para a ala dos funcionários, até porque não poderia deixar que Bambam ou os capangas dele vissem . não estava ali. Estava fazendo as honras para seus principais clientes já que seu escritório era usado por motel. Pietro inventou uma desculpa ao de que ela deveria ter saído e o pediu para aguardar ali. Disfarçadamente avisou e não demorou, para que a mulher surgisse apressada onde estava. Ele estava sentado em uma banqueta daquela sala de convivência dos funcionários, e trancava a porta atrás de si. O encarou com dúvida e espanto:

— Está fazendo o quê aqui?
— Oi , é bom te ver também! – ironizou ele.

Ela cruzou os braços e sorriu amena:

— Oi . O que te traz aqui hoje?
— Você.

— Por que não me atende? – ele a interrompeu.
— Okasian te deu o meu número!? – ela perguntou fingindo-se brava.
— Qual o problema? Por que não posso ter o seu número e por que não me atende?
— Porque não temos este tipo de relação, e porque não estou com meu celular. Ele está no escritório.
— Que tipo de relação nós temos então ? – ele perguntou sorrindo.
— Somos apenas, desconhecidos que transam ocasionalmente. Isso não é uma relação… mas

se levantou rápido e puxou o corpo dela junto ao seu, e depois de beijar a boca dela de forma feroz, beijou seu pescoço e desceu as mãos pelos seios dela os apertando.

— Vamos subir!
— Não. – ela respondeu interrompendo os beijos: — Tem um cliente importante o usando com uma dançarina, não vai dar para gente…
— Então nós fodemos aqui mesmo, gostosa. – a interrompeu já puxando o zíper do vestido dela.

Imprensou o corpo de em uma mesa que havia ali e despiu-se tão rápido que ela o encarou sem entender de onde vinha todo aquele fogo repentino. Depois que puxou sua calça e sua cueca, começou a esfregar a mão de em seu pau, propositalmente e a mulher não resistiu. Começou a se sentir desejada e desejável de sentir o pau de em seu corpo. Abaixou-se para fazer um oral nele, mas não durou muito. estava tão puto com a situação por Liu, e tão puto por ter pensado em como sua quase nova garota oficial, apenas para se livrar das paixões que tinha por Liu, que aquele sentimento transparecia na transa. Levou a mão à nuca dela, puxou para cima, e sem que a mulher entendesse o que ele fazia, a beijou com vontade, tirou um seio dela pra fora e delicadamente acariciou o bico do seu seio. gemeu baixinho, e logo enrolou a mão no cabelo dela, e chupou o seu pescoço.

— Caralho … Você está tão gostoso hoje...
— Eu te quero toda em mim…

Ele virou o corpo da mulher de costas, e se apoiou ali na mesa e afastou as pernas. puxou a calcinha dela para o lado. E a penetrou. Os dois exploravam-se cada vez mais com desejo, e cumplicidade.
Quando Jackson liberou Lumiya, a mulher visivelmente abalada saiu do escritório em busca de . já havia dispensado . O informou que não poderia sair com ele, por conta do seu cliente. Não foi fácil convencer de ir embora, ele queria aguardar ali curtindo umas bebidas e o clima agradável de felicidade que havia na Insanity, mas novamente, teve que jogar. Ela pediu para ele esperá-la em seu apartamento que após a “reunião” com o cliente, ela iria até lá encontrá-lo. não entendeu o motivo daquilo, mas acreditou que ela falava a verdade sobre não poder ir. Não entendia por que não podia esperar ela ali, mas era cheia de mistérios e seria ótimo esperar ela no conforto da sua casa.

— Jackson te espera lá em cima… – Lumiya falou ao encontrar conversando com Pietro pelo saguão.
— Você está bem? – a dona do clube perguntou preocupada à sua dançarina.
— Não poderia estar melhor, mas… Estou cansada. Posso ir embora?
— Vá. Descanse e Lumiya, muito obrigada. Vou te recompensar muito bem!
— Até que eu gostei. Não foi ruim, pelo contrário.

e Pietro sorriram para Lumiya. sabia exatamente a sensação que Lumiya estava sentindo… Pietro se encarregou de acompanhar a dançarina até seu carro no estacionamento, e subiu. Adentrou ao próprio escritório e viu um Wang estirado no sofá, ainda sem camisa.

— Então Wang? Podemos ir direto ao ponto agora?
, obrigado por me emprestar seu escritório.
— Demorou bem mais do que eu imaginava, e certamente será desinfetado todo amanhã… Mas, finalmente podemos conversar sério.

Wang se levantou vestindo sua camisa, foi ao seu cofre e tirou a mala. Abriu-a sobre a mesa de centro revelando o dinheiro. Jackson olhou para a maleta, em seguida para e remexeu o dinheiro. Observando as notas em sua mão, Jackson foi pontual:

— Vendo você arriscar o negócio assim… Tem muito medo que eu mande matar o seu garotinho, não é?
— Estou apenas me livrando da concorrência de Okasian e ampliando meus negócios.
— Eu estou ciente das dívidas . Você está sendo muito contraditória, mas eu queria ver até onde ia arriscar seu pescoço. Pelo visto, nem mesmo você sabe.
— Mas que inferno! Esta decisão é minha! Me pertence e eu não vou aceitar que ninguém fique dizendo que estou cometendo um erro! – explodiu, mexendo nos cabelos, andando em círculo e sendo incisiva: — Eu sou , eu coloquei o nome da minha família em pé de novo, sem depender dos métodos antes usados por eles, e venci com muito trabalho! Eu assumo que irei triplicar meu patrimônio com este negócio!
— Não tenho dúvidas disso.

Jackson fechou a maleta e se levantou caminhando até que estava enraivecida, nervosa e não queria mostrar fragilidade. Ele sabia de tudo aquilo só pelo tom de voz de sua ex-namorada. Jackson acariciou o rosto dela, que não demonstrou sentir-se ofendida. Ela sabia afinal, que ali não era Wang, o mafioso, apenas Jackson, o seu amigo.

— Não tenho dúvidas que você irá fazer da Purple um grande negócio e sem que Okasian atrapalhe, mas o que eu e acredito que, todas as pessoas que estão te falando que isso é um erro, queremos dizer … É que houve uma auto traição... E no meu caso, olhando a sua atitude de hoje, até houve injustiça comigo. Você me abandonou por minhas ilicitudes, dizia que não era isso que desejava para sua vida, e que não participaria de nada do tipo. Me pediu pra escolher entre nós, e minhas obrigações com a máfia. E olha exatamente onde você está indo…
— Jack… – há muito tempo ela não pronunciava o apelido dele — Eu não estou me traindo, eu te prometo que não vou ser injusta com a nossa história.
— Sendo assim… – ele se afastou dela e pegou a maleta, indo até a porta e a disse: — Eu não vou fazer nada com o , já que isso parece ser importante a você, mas eu espero que ele te mereça. Porque no mínimo sinal de que ele te fará sofrer, eu vou esquecer que você me entregou essa grana, e me prometeu todas aquelas coisas sobre a Purple, e o caço.
— Não há nada entre ele e eu! Já te falei que quando eu me apaixonar por alguém você saberá! – esbravejou novamente.

Jackson riu e deu de ombros. Para ele, não percebia que já estava envolvida. Ele fechou a porta sem uma grande despedida, e ela foi ao cofre e pegou sua bolsa. Fechou-o, saiu dali a encontro de Pietro e pediu que não só providenciasse uma limpeza, uma grande faxina em todo o escritório, quanto fechasse a casa naquela noite. Quando Pietro perguntou a ela aonde iria, pensou na resposta.

Hm… Você pode até tentar ir para casa, mas dá para ver em seu rosto confuso que é até ele que você quer ir

Ela abaixou a cabeça e esfregou os olhos.

— Não pense muito! O que está feito está feito! Vá, ele deve mesmo estar te esperando.
— O pior é que ele me espera Pietro, mas não era eu quem ele queria que estivesse lá.
— Então agora você sabe a grande merda em que se meteu?
— Pietro! Por favor! Eu não estou buscando culpados! Eu vou, mas irei pela última vez. Tenho que dar um basta nisso.
— Boa sorte.

Ela dirigiu até a casa de . Ou melhor, até uma das coberturas, em condomínio luxuoso. Ele já a esperava, sua entrada havia sido liberada. Assim que viu a porta do elevador particular abrir, ela suspirou pesadamente e caminhou para fora. Queria estar com ele, não era sacrifício algum, mas sabia que precisaria parar. Caminhou até a porta do hall, e abriu-a. No salão de recepção ninguém estava ali. Não havia ruído ou som de presença masculina, era como se a cobertura estivesse vazia. Trancou a porta e deixou sua bolsa por ali. Descalça foi até o quarto dele que se lembrava, e viu dormindo de cueca, de bruços e profundamente. Sorriu incrédula. Era aquele tipo de “vou te fazer ficar acordada a noite toda gemendo” que ele a prometera? Ela, cautelosa foi ao banheiro suíte e encheu a banheira. Ali mergulhou um tempo, pensando se deveria mesmo dormir com , ou ir embora. Queria dormir com ele como se nada tivesse acontecido, e como se eles fossem um casal. Mas, não era certo. Ele amava outra e ela não poderia se tornar este tipo de mulher que ama sem reciprocidade. Um suspiro cansado saiu de sua boca, e ela não notou a presença de a observando até ouvir alguém entrando na água.

! Eu te acordei?
— Não, mas deveria.

Ele sentou-se do outro lado da banheira e a chamou para perto. foi até ele e apoiou as mãos em seu peito, enquanto ele apoiou as mãos na bunda dela. Num abraço muito próprio dos dois, eles beijaram-se. Não era um beijo ardente, nem cheio de malícia e tampouco cheio de amor. Era um beijo cúmplice, um beijo sonolento e um beijo desejado por ambos. Não falaram nada. Ela encarou os olhos pequenos, quase fechados de e que lhe davam um ar safado e sedutor, que ela sabia que ele tinha, mas que também não revelava o lado carente dele. O mesmo lado que ela conheceu há um tempo, quando ela foi apenas a primeira transa que o levou às nuvens, e vice versa. encarava o rosto e olhar de , e ele parecia estar pensando o mesmo.

— Lembra-se da primeira vez que transamos ?
Uhum. E não posso nem esquecer já que tem uma música sobre isso. – ela zombou.
— Foi louco né?
— Foi sim.
— Nestes últimos tempos em que temos nos encontrado… Você sentiu-se como daquela vez de novo?
— Não sei. Sinto como se nossos corpos já se conhecessem então não sei se posso dizer que são as mesmas sensações. Mas eu gosto da nossa foda. E você?
— Eu gosto também. Eu sinto que posso ser livre com você. – respondeu e fechou os olhos apoiando a cabeça na beira da banheira.

se acomodou mais sobre o corpo dele, e fechou os olhos recostando sua cabeça no peitoral de .

— Eu te entendo. – ela respondeu baixinho.



Faixa 8: Limousine


estava em seu apartamento com sua taça de vinho em mãos, exatamente na varanda de sua sala observando a noite iluminada de Seoul, recordando as semanas anteriores. Precisamente, recordando a última noite que estivera com o . Sabia que não tinham nada fixo um com o outro, e por isso não necessitava de um término oficial. apenas se afastou e passou a ignorar . Quanto à Purple, havia acordado com Okasian que ela seria administradora da boate e isso fazia que ela pudesse trabalhar em casa, ou da própria Insanity. pretendia aos poucos transformar a Purple e acabar com, pelo menos a venda das drogas. Quanto a Okasian, havia dado um tempo de paz a ela e nem mesmo frequentava tanto a Insanity. Ela desconfiava que tinha a ver com sua dançarina que não mais o interessava, afinal, ele descobriu que Lumiya vinha dormindo com Jackson frequentemente.
, nunca a procurava com constância, era apenas quando ele queria transar com ela, mas desde que passou a ignorar as chamadas dele depois da última noite juntos que ficou cismado. Do alto de seu prédio, ela observava um burburinho à portaria, mas não deu atenção até que o seu interfone tocou. O porteiro afirmava que um homem alterado a solicitava. Vestiu seu robe e desceu até a portaria ainda com sua taça de vinho em mãos e uma expressão de tédio. Provavelmente era Okasian, o idiota descobriu o endereço dela e não teria outro para fazer aquele tipo de coisa. Só não imaginava porque Okasian estaria ali.

? – foi pega de surpresa.
— A senhora o conhece?
— Sim, ahjussi*. Pode o deixar entrar.

abriu o portão do condomínio e entrou com uma expressão alterada. Seus olhos estavam avermelhados e o rosto demonstrava olheiras, cansaço e abatimento.

— Por que está aqui? – ela o perguntou, mas foi ignorada.

cambaleava para o caminho do elevador, o porteiro certificou-se se estava tudo bem, apenas sorriu para ele o tranquilizando, e revirou os olhos com uma lufada pesarosa de suspiro, bebeu um gole de seu vinho e foi para o elevador, onde , muito alterado segurava a porta.

— Qual o andar ?

A voz arrastada dele e quase embargada a chamou atenção. Ela apertou o botão, silenciosa e escorou-se na parede do elevador. sentou-se no chão.

— Você dirigiu neste estado?
— Não.
— E o que faz aqui?
— Só me deixa ficar, por favor…

O silêncio era ensurdecedor. foi a primeira a sair pela porta assim que ela abriu e sentia raiva. Estar perto dele não era o que queria, não era o certo, mas ela não conseguiria o mandar embora. Aquilo estava a destruindo: vê-lo naquele estado. Ela entrou em seu apartamento, confusa pela situação, pelo o que fazer, e voltou à varanda onde estava antes. um pouco depois encarava o apartamento desconhecido da mulher, e notou o afastamento dela. Mal o convidou para entrar, mal demonstrou algum humor em sua presença. Tinha ideia de que estava num péssimo estado, mas não esperava que ela fosse tão fria. Caminhou até ela e parou um pouco zonzo na grade da varanda. Sentiu vertigem ao olhar para baixo e escorreu como chuva até o chão. Ficou abaixado ali. Até que se sentou no chão de costas para a vista. o olhava de rabo de olho.

— Eu fiz alguma merda contigo? – ele perguntou confuso por ela.
— Não, apenas não temos alguma ligação. Está puto por isso?
— Podemos não ter nada. Mas temos sim uma ligação , meu pau já entrou diversas vezes em você.
— Isso não nos torna o tipo de pessoas que aparece na casa um do outro, drogados por sabe-se qual motivo.
— Eu não tinha para onde ir.
— O que você pretendia ao vir aqui ?
— Por que você está forçando que a gente se afaste?
— O que esperava?
— Porra, ao menos que pudéssemos ter alguma amizade?

ponderou.

— Eu não sei se posso ser sua amiga e foder contigo, porque é intimidade demais para mim.
— Então eu terei que escolher entre o sexo e a sua amizade?

bebeu seu vinho sem fazer menção a resposta, então subiu apoiando na grade e de pé, puxou o rosto dela com delicadeza para olhá-lo.

— Neste momento, escolho a amizade.

Ficou surpresa. Não imaginava que ele queria tanto ficar por perto, ao ponto de negar o sexo com ela só para poder ter de alguma forma.

— Em que merda você se envolveu para ficar assim, hein?

riu com escárnio de si.

— Eu sou um merda, baby.
— Não, não é. Mas tem tentado ser. E por qual motivo?
— É uma história longa…
— Você veio até aqui, então vai contar.

indicou o banheiro para tomar um banho, e deixou-o só. Ela foi preparar um lámen para ele, e um chá forte de ginseng. Provavelmente ele ficaria acabado no dia seguinte. Quando terminou o seu banho, estava bem menos “baqueado” e voltou à sala apenas de cueca, sacudindo seus cabelos na toalha, o rosto ainda pálido e os olhos vermelhos. A boca estava muito seca, não avistou na sala, mas ao mencionar explorar o apartamento até onde era a cozinha, a mulher veio tranquila com um grande copo de água em mãos. O robe de seda colava em sua silhueta e sacudia-se elegantemente, aos passos que ela dava. ficou louco para, naquele corredor mesmo, agarrar de novo, mas aparentemente ela não o queria mais. Por isso, ele soube que só poderia ficar perto se fossem amigos.
Ela o entregou a água e caminhou até o sofá de sua sala e sentou-se, bebeu a água, se aproximou dela e viu o alimento à mesa de centro.

— Coma. – ela ordenou, e ele sentou ao lado dela largando a toalha por ali.
— Não precisava se incomodar.
— Não foi incômodo, relaxe. Beba todo o chá, e coma tudo. Isso vai evitar que você fique totalmente acabado quando acordar.
— Então não se importa que eu durma aqui?

perguntou curioso, comendo com certa pressa o lámen. Nem sabia que estava com tanta fome até a larica surgir pelo odor do tempero.

— Não, até por que você me deve uma explicação.
— Eu… Só não queria ir pra casar e ficar remoendo os meus problemas…
— Entendo. Mas coma antes, depois nós conversamos.

fez menção de se levantar, mas pegou em seu punho e a encarou com gratidão e seriedade.

— Obrigado.

Ela esboçou um sorriso fraco e se soltou indo até a cozinha. observou a mulher até que ela sumisse. estava estranha, era como se ela não o quisesse mesmo por perto, e aquilo o incomodou. Olhou para o alimento que ela lhe preparou rapidamente, e pensou a respeito de como poderia encarar o acolhimento dela, já que era visível no rosto dela que algo a incomodava, talvez sua presença.
puxou a rolha de sua garrafa de vinho e encheu a taça. Levou as mãos até seu cabelo, e fechou os olhos, pesarosa. tão vulnerável e quase nu em sua casa não seria fácil resistir. Mas ela precisava. Não queria se afundar, e estava disposta a se enganar também: apesar de tudo, quando o viu à sua frente aquela noite, sentiu o peito acelerar por ter sido para ela que ele veio pedir ajuda.
Ficou ali por um tempo, na cozinha, até que retornou para sala, e terminava seu chá. Ele gemeu um murmúrio de cansaço, e se jogou no sofá despojadamente. observou o homem deitado de qualquer jeito, aquele corpo todo tatuado, a cueca azul escuro evidenciando o que ela amava nele. não sabia se era o vinho, mas sentiu muito calor. Caminhou por trás do sofá até a varanda da sala, desamarrando seu robe e pegando uma corrente fria de vento em seu corpo seminu, ela retornou a amarrar a peça em seu corpo. Massageou a própria nuca, e notou sua movimentação desde a sala. Ergueu-se sobre os cotovelos no sofá, e olhou para a varanda mordendo os lábios.
Quando já estava praticamente atrás de , ele tocou a cintura dela virando o corpo da mulher para si, colando seus corpos. Os dois passaram longos segundos encarando os olhos um do outro, até de repente levar a mão ao cabelo da nuca dela, puxá-lo e beijar a mulher. correspondeu, mas tão de repente quanto foi beijada, ela afastou-se.

— Você escolheu a minha amizade, . Então vamos nos conter e…
— Por quê? A gente estava curtindo, não é?
— Eu funciono assim. Ou um ou outro, não dá pra tornar isso mais íntimo.

Ela respondeu séria e entrou sendo seguida por ele. Indicou o sofá para ele sentar e começou a contar o que acontecia na vida dele. Contou-lhe que após a turnê de “Everything You Wanted” ele foi para a Tailândia descansar. Que lá se envolveu com Akemi a namorada de Gray, por engano, e quase perdeu o amigo. Mas que lá também se conheceu Liu, precisou vir embora, e reencontrou a camareira depois de armar para ela participar do seu clipe, já que era também dançarina. E então se apaixonou por ela. Depois que Liu veio para AOMG eles se envolveram, mas Gray também se apaixonou pela dançarina, e Liu escolheu ficar com seu amigo. E no meio de tudo isso, Akemi surgiu grávida, supostamente dele.

— Uau… Se você não tivesse fugido de mim indo para Phuket, talvez estivesse melhor agora… – ela zombou.
— Melhor, eu não sei. Mas certamente eu não teria me metido em tantas coisas.

pensou a respeito. Se ele não tivesse ido para Phuket, ela não teria comprado a Purple, – nem pagado as dívidas como ainda não pagou –, e não teria se envolvido nas drogas. E talvez a única coisa certa do destino ali naquilo tudo, era que eles haviam se envolvido, já que seus caminhos se cruzaram de novo. De qualquer forma, havia sido destinado que ela e se relacionassem de alguma forma.

— Qual é a dificuldade de largar tudo? Okasian e eu já somos sócios, você pode seguir o seu caminho. – ela informou diretamente.
— Meu problema não é largar tudo , é não me afundar.
, talvez você precise de ajuda. Você sempre usou estas porras?
— Não nessa frequência.

não compreendia a dificuldade dele. Levantou indignada por ele, de alguma forma se manter naquilo.

— Qual é a porra da merda que te prende então, ? A gravidez de Akemi?
— O filho não é meu. Eu sei disso!
— Certo. Então quando essa criança nascer você terá a certeza! Próxima desculpa? Liu? Está se afundando em drogas pela desculpa de se desestressar do pé na bunda que levou?
— Ela simplesmente não podia! Não com o Gray! Ele… Ele tem tantas chances mais de ser o pai do que eu, e é de mim que ela se afasta!? Ele quem ela escolhe?

levantou-se alterado.

— Já parou para pensar que isso pode ser desculpa dela? Ela pode muito bem não te amar, não te querer e ter usado você! Seja lá qual for o motivo, ela escolheu ao Gray! Vai ficar tentando parecer o rapper fodão e dono do mundo até quando? Não percebe que isso é só um personagem que você inventou e que está te destruindo?

andava de um lado para o outro, e a encarou mais calmo. Não tinha pensado em nada daquilo, e se sentia burro por fazer uma leitura tão melhor da situação do que ele. A garota respirou calmamente e o encarou mais contida. que a observava com certa dúvida, por não entender o que estava fazendo ali agora, se aproximou devagar e puxou o laço do robe dela, deixando seu corpo dentro do lingerie rosado, visível.

— Podia ser você…
— Do que está falando?
— Eu deveria me apaixonar por você,

A voz sussurrada era pecaminosa e um tanto quanto excitante. cederia, mas lembrou-se de que ele não amava a ela, que ele precisava esquecer outra. Aquilo a deu forças suficiente para amarrar novamente seus trajes e se afastar de , o deixando de olhar baixo e minucioso sobre si.

— Não deveria não. Agora venha, tenho um quarto de hóspedes para você.
— Vai dormir?
— Vou! Tenho trabalho amanhã cedo na Purple.
— Vamos dormir juntos.
— Não, já fomos muito longe. Eu fiz o possível pra me afastar naturalmente, mas você simplesmente aparece na porta da minha casa não é?
— Se livrar de mim não é tão fácil para a inalcançável ?
— É o que parece. – ela respondeu e riu.
, responde vai: por que você deu brechas antes, para de repente me afastar?
— Porque eu não quero mais.

ouviu as palavras secas e frias dela, sem acreditar. Alguma coisa nos olhos falsos de deixava claro que ela se afastava por outros motivos. Eles foram para seus respectivos aposentos, mas não dormiram tão logo quanto queriam. Na manhã seguinte, simplesmente saiu sem deixar vestígios. Quando acordou, havia apenas um vestígio, um bilhete na sua geladeira que dizia:

“Você deveria ter me dito que aquela era a última noite, como não disse, não aceito como despedida. Se vista com o vestido vinho, que está em seu armário, de costas nuas. Quero tirá-lo de você. Esteja pronta hoje à noite, às 22hrs virei te buscar para uma despedida de verdade. Com carinho, .”


se direcionou para a Insanity no começo da tarde e, na Purple não conseguiu esquecer o bilhete por toda a manhã. Pietro foi avisado de que ela sairia mais cedo, e mesmo insistindo ela não explicou o motivo. Foi para casa, e pensou em desistir, mas a quem enganaria? Estava louca para tê-lo de novo. E exatamente como ele pediu colocou o seu vestido vinho, de costas nuas, abaixo um lingerie na mesma cor, transparente como ele gostava. Preparou exatamente o tipo de lingerie que ele poderia ficar afinal, ela se despediria dele.
Estava pronta quando recebeu a ligação dele, às 22 horas em ponto. desceu de seu apartamento e encontrou-o na portaria recostado a uma limusine, estava vestido como um verdadeiro empresário. As tatuagens que ela amava estavam todas cobertas.

— Para que isso?
— É uma noite especial, eu vou levá-la a um passeio, entra aí...

entrou e em seguida, estava logo atrás dela. Havia champanhes na porta e ele logo os serviu. Em alguns minutos a janela do motorista fechou, assim que o pediu e ordenou que aumentasse a música. E não acreditava que seria diferente: era a voz dele soando na música ali.

— Quem disse que eu gosto das suas músicas?
— Isso não me afeta. Porque eu sei que você gosta das coisas indecentes que fazemos.

riu, bebeu seu champanhe e logo pegou a mão dela entrelaçando a dele. encarou suas mãos dadas, e percebeu a malícia no rosto de quando ele colocou a mão dela acima da coxa dele, bem perto de sua virilha. arqueou a sobrancelha e virou todo o resto de sua taça, então começou a apertar a perna de , numa massagem provocante e o perguntou:

— Para onde é este passeio?
— Para uma nova decisão sua.
— O que?

Ela estranhou a pergunta e retesou o corpo em distância, cautelosamente. , no entanto chegou mais perto dela, passou a mão de forma leve no rosto da mulher e puxou o palito que prendia o cabelo de em um coque, e ele sorriu ao ver os cabelos se soltando.

— Depois de hoje, eu espero fazer você minha, baby.
, isso é uma despedida.
— Me responda no final. – afirmou ele e avançou sobre a boca dela, com delicadeza, carinho e vontade.

puxou para o seu colo, e como um homem sensível e delicado, que ela ainda não conhecia, ele beijava e tocava a pele dela. Seus olhos sempre tão maliciosos não passavam a ela agora, o sentimento de fogo, mas de carinho, admiração. E o sorriso que esboçou mostrava uma alegria que ela nunca havia visto nele. A expressão confusa de só aumentava. O que ele estava fazendo?!
começou a retirar a própria roupa, começando pelo blazer, em seguida desabotoou a camisa social branca. deslizou suas mãos macias por seu peitoral, abdômen e tatuagens que ela amava. Beijou devagar o mamilo de , e ele fez carinhos circulares nas costas nuas dela. O vestido de já bem acima das coxas, por ser justo, e estar ela com as pernas abertas sobre o colo dele. apertou as coxas da mulher e levou as mãos deslizantes para dentro da roupa, de forma a tirar o vestido e deixar ela apenas de lingerie. Ele sorriu mordendo o lábio ao ver o corpo nu dela por baixo das rendas transparentes.
delicadamente manipulou o corpo de , numa transa quase tântrica entre eles, e que desarmou a mulher completamente. sentou no colo dele de costas, rebolou sobre seu membro e recebeu inúmeros tapas de em sua bunda, o que a fazia gemer com mais desejo. A cada tentativa dela de fazer sexo selvagem, mostrava-se controlado o suficiente para ser um falso romântico. Ele pediu para sentar ao lado dele no banco, mas quando ela achou que ele seria rápido e feroz, passeou as mãos sobre o abdômen e entre os seios dela, deitando-a no banco e trazendo seu corpo por cima. Beijou cada parte do rosto dela com carinho, abraçou e afundou beijos molhados em seu pescoço, e ditou o ritmo naquela noite: lento e quase romântico. Se não soubesse que não havia amor, acreditaria.
No final, quando sentiu-se gozar com o corpo de sobre o seu, e abriu os olhos percebendo a mesma sensação de sua primeira transa com ele, os olhos dele falavam o mesmo. Os dois se encaravam de uma forma perturbadora.

— Eu quero ir de novo, e de novo, e de novo… Enfim… Eu quero mais , não se afasta vai…
— Você… você se sentiu como…
— Exatamente como aquela vez. Não foi só um sexo sem sentido, não é?
— O que isso significa ?
— Não faço ideia, mas não acha que devemos continuar?

não respondeu nada, ela apenas começou a se levantar, fazendo sair de cima de si e sentar-se o banco, então ela foi para cima dele, e o abraçou forte, e foi abraçada de volta.

— Não devemos. Mas eu quero continuar .
— Então, gostosa! Nós podemos ser amigos e foder também, eu quero isso e você?
— Talvez, sim… Mas você vai me mostrar tudo o que você tem.
— Eu me dou todo pra você, gostosa.

não fazia a menor ideia das intenções de , nem mesmo reconhecia os reais sentimentos dele, mas sabia uma coisa: estava caminhando rumo à própria perdição.



Faixa 9: Alone Tonight


tinha que admitir: ficar com era uma decisão acertada dentro da própria desgraça. Cada dia mais perto dele, mais conexão entre seus corpos existia, e mais raiva ela sentia de si. estava cada vez mais impulsivo à medida que a gravidez de Akemi avançava. Mas, para ela, aquilo era admissível, uma gravidez era de fato estressante, e nas condições confusas da situação entre ele e a tal Akemi, ainda mais... Ele estava lidando com as cobranças e ansiedades de uma paternidade incerta. Até mesmo havia ficado neurótica ao se lembrar de que não haviam usado preservativos há algum tempo na sala de funcionários da Insanity, e só se sentiu aliviada após ir ao médico e arrastar com ela. Ambos fizeram exames para saber se estava tudo bem, ou seja, livres de DST’s ou outra gravidez, e tudo estava bem. Contaram com a sorte daquela vez. Contudo, aquela aparente e maldita recaída por Liu que ela havia presenciado semanas antes, foi o que deixou a ponto de bala. Para entender onde as ações atuais de tiveram a sua origem inicial, é preciso retornar algumas semanas.
Há dois meses, e se relacionavam casualmente.
Há dois meses Gray e Liu não eram os mesmos.

Semanas Atrás...


estava chegando à Purple quando viu Okasian chegar também, e com ele , com o supercílio cortado. Ainda na porta da boate, ao lado de seu carro, ela encarava aos dois que a encararam de volta como se fossem levar uma bronca da mãe. Mas ela não era mãe de ninguém, e observou da cabeça aos pés antes de entrar no lugar sem ao menos perguntar o que houve.

— Ela não vai falar nada? – Oka perguntou surpreso.
— Bem, pelo pouco que conheço a , ela não vai me perguntar nada.
— Que ótimo não é?! Imagina você ter que contar para a sua amiga sexual, que foi o Gray quem te enfiou um soco na cara, de novo por causa de Liu.
— Não tem nada a ver com ela, eu já disse! Ele fez isso porque eu insisto que ele assuma as responsabilidades de Akemi.

Os dois entraram também, e logo que chegaram viram parada ao lado de um homem mais velho, bem vestido, com pinta de CEO bem sucedido e mafioso ao mesmo tempo. Eles conversavam sorridentes e o homem se aproximou de em determinado momento, levando a mão à sua cintura e sussurrando em seu ouvido.

— Não sabe como senti falta de você, . – So Ji Sub, sussurrou e sorriu o indicando o caminho do escritório.

Okasian e permaneceram parados onde estavam curiosos e confusos pela cena.

— Conhece o figura que estava cheio de gracinha para sua gostosa? – Oka zombou.
— Ela não é exclusivamente minha. A gente não tem nada desse tipo, você sabe!

O tom de voz e o olhar de já denunciavam ao Oka o quanto ele não gostou daquilo.

— É, deve ser uma merda não assumir uma mulher como ela.
— Não se trata de não assumir, nós só, somos amigos com benefícios. Mas para de falar da e pega logo as minhas paradas lá no seu escritório.
— Toma. – Okasian jogou a chave para : — Pega lá, eu tenho que resolver a parada da Gabbe que a pediu.
— O cara a machucou?
— Pelo que falou, não. Mas é para eu ir ver… Às vezes acho que sua amiga de foda faz isso para eu desistir e cair fora… Não era para eu me meter nessas coisas, eu não sou cafetão!
— Foi você que inventou esta merda! Agora aguenta! A já se fode aqui por culpa sua!
— Ah … – Okasian começou a gargalhar irônico: — Posso garantir que não é por minha culpa!

não entendeu o que Okasian tentou dizer, mas foi até o lugar onde estava o seu pacote. E Oka, até o escritório de , torcendo para não atrapalhar nada.

— E dessa vez você ficará muito tempo Sub?
— Um mês e meio pelo menos, . Minha irmã vai se casar, então aproveito para formalizar algumas coisas na empresa.
— E você? Quando vou receber o seu convite? – perguntou brincalhona bebendo o uísque que havia servido aos dois.
— Quando você aceitar o meu pedido.

Ji Sub falou sedutor com seus olhos fixos nos olhos de , e ela sorriu ladino. O som da porta batendo interrompeu o clima entre eles, e proferiu:

— Entre!
, boa tarde, podemos falar? – Oka colocou a cara no beiral da porta.

Ao sinal de mão dela, Okasian entrou e os apresentou.

— Okasian este é meu amigo, Ji Sub. Sub, este é meu sócio, Okasian.

Os dois se cumprimentaram brevemente, e Okasian adiantou-se para não atrapalhar mais.

— Eu preciso do endereço da Gabbe.
— Ah sim! – se levantou indo ao arquivo: — Seja cauteloso, ela está vulnerável e talvez exija uma reparação nossa. Nós daremos, ouviu?

falou enquanto ainda procurava abaixada a pasta da garota de programa, e Ji Sub a secava sem o menor disfarce enquanto bebia seu uísque, e Okasian também, afinal não valia nada. Mas o sócio reparou na atitude do visitante e sacou que havia mesmo algo entre eles.

— Hoje ela terá folga. Seja pelo menos, o mínimo de delicado que você puder. Não acho que você saiba o que é isso, mas tente. – informou ao Oka entregando-o a pasta.
— Entendido. Até mais.

Ele despediu-se e saiu os deixando sós de novo. E ela voltou a sentar-se ao lado de Ji Sub.

, este lugar não tem nada a ver com você. Por que mudou de ideia?
— Fiz uma aposta no negócio, mas pretendo transformá-lo. Não gosto mesmo disso!
— Bom! Eu realmente vim para te ver, avisar que estarei na área por um tempo, e mesmo que rapidamente te convidar para jantar! — Mas é óbvio que eu aceito! Apesar de ser um velho amigo, sabe também que é o meu único cliente pelo qual eu aceito os convites de jantares.
— E ainda espero ser o único a te fazer aceitar outros convites… – ele se aproximou sussurrando e roçando os lábios nos dela.
— Talvez eu possa aceitar agora.
— Não brinque comigo , eu sou absolutamente louco por você!

Ji Sub falou se levantando e abotoando seu terno, e riu divertida acariciando os ombros dele, o acompanhando para a porta do escritório. Ela abriu a porta e os dois seguiram pela escada ao térreo juntos, ainda conversando.

— Foi o Pietro que lhe deu o endereço?
— Sim, estive na Insanity, que, aliás, está maravilhosa! Parabéns!
— É a menina dos meus olhos…
— E a dona, a menina dos meus… – ele flertou com ela já no meio do saguão da boate — Podemos deixar combinado então, jantar amanhã às nove?
— Claro! Não tenho nada marcado. Onde devo te encontrar?
— Posso ser ousado de te pegar em casa? – ponderou e ele notando, insistiu: — Ah, vai ! Já fazemos isso há tempos e nunca me deixou ser gentil de te buscar em casa.
Hm… Certo, certo… Eu envio o meu endereço mais tarde.
— Ainda tem o meu telefone?
— Se for o mesmo, está na agenda dos clientes VIPS da Insanity.
— Fique com o meu cartão. – Ji Sub estendeu o cartão que tirou do bolso, a ela, e inquiriu: — Assim, garantimos que você entrará em contato. , a inalcançável.

Os dois se abraçaram num cumprimento breve, e observou o cartão em sua mão mordendo os lábios, pensativa. Talvez devesse mesmo dar uma chance ao Sub. Era mais velho do que ela, apenas dez anos, sempre foi gentil e interessado nela, tinha uma boa estrutura familiar e financeira. Sem falar que era o estilo “misterious and danger man” que fazia perder-se facilmente.
Enquanto ela se mantinha pensativa sobre tudo aquilo ali, estava sentado de qualquer jeito no palco da boate, observando-a silencioso. Ela virou-se para retornar ao escritório, risonha, quando deu de cara com a encarando sério. Na mesma hora os dois ficaram sustentando o olhar um do outro. desceu do palco num salto, ajeitou sua jaqueta e caminhou de peito estufado até que igualmente empinou o nariz. Cara a cara, os dois pareciam incendiar-se pelo olhar do outro, observou o ferimento no rosto de e voltou a encarar seus olhos, mas esperava apenas ela retornar os olhos aos dele, para agarrar sua cintura e beijá-la sem aviso. E assim o fez!

— Ficou ameaçado por Ji Sub, é? – ela perguntou zoando quando pararam o beijo.
— Por que ficaria? Ele não é o seu namorado, ou é?
— Ainda não, . Ainda não! – se soltou dos braços de que a observou ainda mais atencioso.
— Quem é ele?
— Ninguém que você precise conhecer, mas…
— Como não? Ele não é o seu namorado ainda. – a interrompeu frisando a palavra que ela havia mencionado antes.
— Desculpe, mas nós não devemos nada um ao outro, não é?

O olhar de mesclava curiosidade e desafio. passou a língua nos próprios lábios, e riu negando com a cabeça e mãos nos bolsos.

— Tem razão, você é livre. Mas e aí, vai ficar aqui até que hora?
— Tenho algumas coisas para resolver, mas você sabe que não gosto de ficar aqui à noite. Por quê?
— Preciso resolver uma parada, e estou de saída, não queria que você ficasse sozinha aqui. Oka demora?

notou que enquanto ele falava, alternava os olhares entre seus olhos e seu corte no rosto.

— Relaxe, eu sei me defender. – ela falou segura por saber que poderia contar com Wang e seus rapazes espalhados na região. Mas não sabia da relação dela com a máfia.
— Sei lá, aquele cara que atacou a Gabbe pode arrumar problema.
— Não se preocupe. Eu sei lidar com esse tipo, pode ir cuidar das suas… coisas.

sorriu e já ia se retirar quando segurou em seu braço.

— Não vai perguntar nada?
— Se você quisesse dizer tinha dito. Precisa de ajuda para a desinfecção disso?

Ela estava certa, ele não queria dizer a ela a razão daquele corte. Não se preocupava também com nenhum curativo, mas ter os cuidados dela era uma boa ideia. afirmou em silêncio e seguiu , enquanto ela seguia à frente para as escadas do seu escritório na Purple, ele aproximou-se ainda mais, sem que ela o sentisse e quando entrou no escritório, bateu a porta e puxou a cintura dela, colando suas costas nele. Cheirou o pescoço dela e beijou sua orelha.

— Eu realmente te chamei para fazer um curativo no seu corte .
— Tem duas semanas que a gente não transa, baby.
— E não faremos isso aqui! – sorriu e se soltou de .

Ele fez uma expressão descontente e ela pegou o rosto dele com uma mão firme, para ele não desviar o olhar do dela por pirraça, como estava fazendo e o tascou um beijo para que ele não reclamasse.
Depois abriu um armário, puxou os primeiros socorros dali e começou a limpar o ferimento dele. ficou calado por muito tempo, apenas observando-a.

— Quando vamos nos encontrar de novo?
— Eu não sei … Têm sido difíceis essas semanas para eu sair do trabalho, e você também tem estado ocupado, não é?
— Mesmo assim você tem tempo de sair para jantar com o figura que saiu daqui? Como é mesmo, o nome dele? Amanhã, não é?

parou tudo e deixou um sorriso de canto se emoldurar em seus lábios, e encarou com humor, enquanto ele mantinha-se sério.

— O nome dele é So Ji Sub. Sub para mim. E isso é… Ciúmes ?
— Não, mas eu tenho prioridade.
— Saiba que Sub e eu nos conhecemos antes de você ousar me atropelar.
— E ele te fode há quanto tempo também?
— O que é isso? Quem você está pensando que é!?
— Eu sou o seu… – o silêncio e a expressão de espanto de seguiram ao ataque de .
— Meu?
— Olha só, eu só quero passar um tempo juntos, ok?

guardou tudo na maleta de novo. Suspirou pesadamente e falou séria para ele:

— Talvez seja melhor nós começarmos a impor alguns limites e acordos, não é? Eu só tenho saído com você, a recíproca não é verdadeira, mas se for pra você agir como se fosse…
— Eu não estou te impedindo de sair com ninguém. E a recíproca é sim verdadeira! Só quero que a gente se encontre! O que tem de diferente nisso que já não estejamos fazendo?
— Estas semanas foram tão apressadas para mim quanto a você que sumiu , e agora você simplesmente quer que seja no seu tempo e jeito!?
— Você não quer mais? É isso?
— Não, não é isso. Eu só não estou entendendo o seu tom de cobrança!
— Eu não estou com tom de cobrança !

se levantou nervoso e a olhou envergonhado, dizendo:

— Eu tenho que ir. Você vai ficar bem?
— Eu estou ótima. – ela respondeu em tom bravo.
— Então qualquer coisa me liga… Quando quiser me ver, me fala.

Ele saiu em disparada e ela nem mesmo disse nada. Não cederia aos caprichos sem sentido dele. Não permitiria que a fizesse parecer a culpada de sabe-se lá o que, que estivesse em sua cabeça! E muito menos aceitaria aquele tipo de postura de um homenzinho metido que só fodia muito bem, e mais nada. permaneceu trabalhando, e quando Okasian chegou eles conversaram sobre contratar um concierge como Pietro era na Insanity, Oka reclamou dos trabalhos que tinha que fazer, mas não facilitaria para ele.

— Eu não vou dar dinheiro de lucro para você não fazer nada!
— Eu não sou cafetão !
— E eu não sou cafetina! Não se esqueça de que eu só entrei nesta merda por culpa das suas burradas!
— Você entrou porque não queria o em risco! Isso sim!

Okasian falou tão enérgico que se calou surpresa.

— Acha que eu não sei que, o que verdadeiramente pesou não foram as relações de com o tráfico? Foi a sua relação com ele que deixou Jackson puto!
— Ah é? E por que Jackson teria aceitado o acordo então!?
— Porque você está apaixonada pelo .

A simplicidade da resposta de Okasian espantava .

— Ah! Cala a boca Okasian, você não sabe merda nenhuma! Olha só, você vai fazer a sua parte sim! Ou eu caio fora!
— Você precisa da Purple por um tempo , eu não sou tão burro quanto posso parecer.

A mulher revirou os olhos e pegou sua bolsa para sair do lugar, quando Okasian a impediu novamente.

te contou o que houve com o rosto dele hoje?

parou a mão na maçaneta, e antes que Okasian entendesse aquilo como curiosidade, ela respirou fundo e saiu apressada. Dirigiu de volta para sua casa, mas no meio do caminho recebeu uma chamada de de um número que ela não reconheceu.

— Alô?
, eu deixei o meu celular no escritório, você pode trazer para mim? Estou na AOMG.
— Até agora? Vai passar a noite aí?
— É... – ele riu sem graça — Se eu não conseguir adiantar umas coisas, terei sim.
— Eu já estou indo para a minha casa, . Não sou garota de entregas.
— Você já saiu da Purple? – soltou um suspiro cansado ao notar que a mulher o interpretava de forma errada... — Esquece...
— Ok, eu levo.

cedeu e desligou a chamada, pegou o retorno, acelerou para a Purple de volta, e foi rápida. Dali saiu ainda mais acelerada para a empresa de .

assinava uma pilha de papéis em seu andar quando ouviu passos de salto. Não se importou, pois certamente era . Ele deu uma pausa e quando a porta abriu lentamente, sorriu a chamando.

— Ah , obrigado! Desculpe por...

A luz se acendeu e foi pego de surpresa.

— Não, … Não é “a ”...
— Liu? O que faz aqui?
— Gray e eu discutimos. Ele me contou da briga de vocês mais cedo. Posso entrar?

se levantou com uma mão no bolso de sua calça, e apontou para as poltronas centrais do seu grande escritório. Liu sentou-se ali, e ele a acompanhou.

— Suponho que veio aqui há esta hora, por que tentou me encontrar em casa.
— Sim, você não atendia ao telefone então ou estava naquela boate do Okasian, ou trabalhando.
— E veio ouvir a minha versão pela primeira vez desde que tudo aconteceu?
— Eu só quero… Entender, . Gray age com tanta resistência a esta história que eu desconfio de que, ele não tenha a certeza que diz ter.
— Lógico que ele não tem! Mas como Akemi me escolheu de bode expiatório nesta história, para ele é conveniente não ter que lidar com uma grávida e ainda por cima ficar com você.
, se fosse dele eu ainda estaria com ele. Isso não muda as coisas entre nós.

Liu informou sem olhar nos olhos de , e ele debochou começando a se irritar:

— Não foi o que você me disse meses atrás.
— Eu estava confusa no começo, confesso. Mas, eu me apaixonei por ele e agora é ao Gray quem amo. E você também já arrumou uma pessoa, não é?

a encarou desconfiado, e sentou-se mais perto de Liu, a fim de pressionar ela.

— Realmente veio saber da minha briga com o Gray, ou da minha relação com a ?
— É aquela mulher do outro dia, aqui no escritório, não é? Então tem uma relação? – Liu se levantou do sofá e começou a caminhar pelo cômodo, e seguiu seus passos de forma branda.
— O que você pretende Liu?
— Eu… Eu espero que ela te faça bem, e te ajude a sair desse buraco que tem sido a sua vida, .

A postura de Liu era um tanto insegura, sua expressão passava sinceridade naqueles votos, mas a voz quase trêmula dava a entender que ela não acreditava no que estava dizendo. Realmente, Liu amava ao Gray, mas havia algo de curioso e inacabado naquela situação com o , que a incomodava. Na verdade, passou a incomodar há pouco tempo. Desde que não a telefonava mais de madrugada para dizer o que sentia desde que ele não demonstrava mais qualquer preocupação em conquistar o interesse da mulher, novamente. Liu sentia-se agora como um troféu disputado entre Gray e , mas não se dava conta, de que desde o início era exatamente assim que ela havia sido tratada.

— Liu… – se aproximava e ela afastava, até que ele a encurralou na parede paralela à porta em que havia entrado: — O que você realmente quer aqui?
— Me responda ... Como tem tanta certeza de que o filho de Akemi é do Gray e não seu?
— Por que eu sei fazer contas. Você já perguntou a Akemi as exatas semanas de gravidez? Faça você também, ao invés de acreditar em tudo o que o Gray te diz, porque ele também é ótimo em matemática, sabia?

Na recepção, a secretária que não ia com a cara de não trabalhava àquela hora, mas sim, um vigia. Ele liberou a entrada dela, pois sabia que o chefe aguardava uma mulher. Mal se dando conta, por tamanho o sono que ele sentia que liberou a entrada de outra mulher minutos antes. subiu pelo elevador, e quando chegou ao andar dele, ela caminhou lenta arrastando-se de cansaço, mal fazendo barulho com os saltos. Viu que não havia secretária alguma, na mesa da secretária particular da sala dele há alguns metros e à medida que se aproximava conseguia ver melhor que a porta do escritório estava aberta e a luz acesa. Foi quando notou uma mão feminina segurando um braço que aparentemente a prendia. paralisou e pensou um pouco. Quem estaria ali com ? Olhou para o lado e escondeu-se atrás da mesa que tinha os pés cobertos e ali se preparou para ouvir.

— Se você não é o pai, e tem certeza disso, Akemi também tem. – Liu disse segurando o braço de que prendia sua passagem: — Então porque ela insiste que é você!? Ela me jurou isso!
— E você acredita nela? Acaso esqueceu que por minha causa ela e o Gray, terminaram? Que ela foi escorraçada por ele, e ao invés de ficar ao lado dela, Gray ficou do meu lado!?
— Ela não mentiria com isso ! Ela… ela não… ela…

Liu sentia-se confusa e nervosa, a proximidade com também a fazia querer beijá-lo, mas continuava sério, imóvel e inabalado a encarando. O silêncio que se seguiu, foi ensurdecedor para que não ouviu nada, enquanto viu que a mulher ainda estava paralisada segurando o braço de . Pensou em sair dali, mas uma movimentação a impediu. retirou o braço que encurralava Liu, e com raiva da mulher por ter ido até ali com aquele assunto… Apenas deu as costas à Liu e voltou à sua mesa. Liu voltou então a agir.

— Quer que eu te peça um carro? – ele perguntou ao sentar-se em sua cadeira novamente.
— Não, eu vim dirigindo.
— Certo. Então boa noite Liu.
— Vai ficar?
— Sim.

continuou assinando os papéis que ela havia interrompido, a mulher foi até a bolsa que deixou na poltrona e se recuperando de todos os sustos de verdades possíveis ditas por , ela pôs-se para fora dali sem qualquer relutância. escondeu-se sob a mesa e quando viu que Liu entrou no elevador, saiu dali. Ficou um tempo encostada à mesa da secretária pessoal de digerindo tudo: as cenas incompreensíveis, o diálogo entre eles, o silêncio, os sentimentos confusos de e o fato de que não era uma mulher qualquer. Era a tal Liu saindo dali àquela hora.
respirou profundamente e se recompôs, o cansaço que antes a arrastava desapareceu dando lugar a sua altivez comum, e o som dos saltos ecoaram. olhou para a porta e à medida que ela entrava em seu escritório ele sorria, mas logo foi tomado pela mesma seriedade da face dela. Analisou a postura de e pensou se ela havia esbarrado em Liu saindo dali àquela hora. remexeu em sua bolsa e colocou o telefone de sobre a mesa dele delicadamente. Novamente ele se levantou indo até a mulher, com calma. notou a folga na gola da camisa dele, as mangas estendidas deixando os braços tatuados à mostra, o cabelo despenteado.

— Ficou ameaçada por Liu, é? – ele devolveu a pergunta que ela havia feito mais cedo, ao notar os olhos investigativos dela sobre si.
— Seu celular já está em sua mesa.

proferiu com indiferença e segurou sua mão, não evitando um sorriso satisfeito. Ele nem mesmo entendia o motivo de gostar de ver aparentemente instável.

— Ela acabou de sair daqui, você a viu?
— Não, eu nem mesmo esbarrei com ela . – respondeu apressada para sair e viu segurando-a ainda mais para ela ficar.
— Isso tudo é ciúme?

ia responder, mas segurou o rosto dela com as duas mãos e beijou-a com vontade e profundidade, correspondeu, mas tão logo foi tomada de imaginações sobre o silêncio entre e Liu. E se ele a tivesse beijado? Poderia fazer aquilo, já que ele não era nada de . Ela separou-se dele, e apenas disse:

— Preciso ir.

Colocou-se a sair dali deixando confuso por seus sentimentos, feliz pela possibilidade de ciúme, e preocupado por aquela saída repentina de , foi até ela apressado e a porta do elevador tinha acabado de abrir. Ele alcançou antes que ela entrasse e a abraçou por trás. Não só pegou a mulher de surpresa, quanto se surpreendeu. Com dentro de seu abraço protetor, ele sussurrou ao ouvido dela:

— Não aconteceu nada entre ela e eu. Não sei o que você viu e ouviu, mas não aconteceu nada.

A explicação se fazia necessária na hora em que ele percebeu que talvez tivesse interpretado algo errado. Ela tirou os braços dele de seus ombros e entrou no elevador já apertando o botão do térreo, dizendo:

— Não devemos explicações de nada um ao outro .

A porta se fechou e finalmente pôde soltar o ar dos pulmões, entrou em seu carro apressada e irritada, e ficou ao volante parada, com a cabeça abaixada por longos minutos. Não queria acreditar que gostasse de daquela forma, negava aquilo a si há tanto tempo... Não havia nem mesmo razão para gostar tanto dele.
retornou ao seu escritório também perturbado pelos pensamentos sobre e sua reação, sobre o que o provocava e ele não compreendia, sobre o que sentiu ao ver o homem de mais cedo perto dela daquela forma… sentia falta do corpo de , não entendia o motivo pelo qual os dois não estavam transando agora mesmo em sua mesa. Depois pensou na vinda surpresa de Liu e aquele papo furado, no olhar que a mulher lhe lançou naquele momento de silêncio e falta de atitude, onde o olhar de Liu parecia pedir que ele a beijasse. De tanto pensar em tudo o que ele não tinha respostas, abriu gaveta e viu as pílulas. Pensou em , pensou na Purple, e fechou a gaveta, tentou voltar ao trabalho, sem conseguir. Então abaixou a cabeça sobre a mesa, remoendo pensamentos, e não viu quando adormeceu.

Continua.



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Nota da autora: Vocês também acham o Okasian detestável? E o que sentem pela Liu? E pela Akemi? Esperam que este casal se assuma ou se separe? (Só para constar, a fic já está finalizada hehehe não me responsabilizo pelas expectativas, tá?). Comente aí amora! Siga-me no instagram! E não deixe de indicar a fanfic a um amigo ou uma amiga! ♥ Bora dominar o mundo!

• E atenção! Eu amo interagir com minhas leitoras! Estou sempre de olho nos comentários, respondo todos e se bobear você ainda aparece no meu instagram de autora! Aliás, pode visitar o insta: @escritoraraydias e se você me seguir eu vou ficar muito, muito feliz! Está cheio de coisas legais por lá! Dá uma conferidinha!•






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