Autora: Ana Ammon
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Última atualização: 29/05/2025
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Eu acordei naquela manhã fria e continuei deitada na mesma posição, apenas ouvindo o que acontecia na casa, um mix dos berros do Fê para a abaixar o volume da música era uma música conhecida, ou melhor bem conhecida, tocando altíssima no quarto da . Rolei na cama ainda com muita preguiça de levantar, peguei o celular e vi a data, hoje fazia exatamente quinze anos daquela noite que eu engravidei da , quinze anos sem uma resposta dele, mandando mensagens quase que diariamente para tentar falar com ele, respirei fundo e joguei o celular na cama enquanto levantei calmamente, vesti meu roupão e sai do quarto.

- TALITA! ABAIXA ESSA MERDA AGORA QUE NÃO SOU OBRIGADA A OUVIR A VOZ ESTRIDENTE DO PIERRE LOGO CEDO! – berrei abrindo a porta do quarto dela.
- Claro que abaixo mãe, quando você me falar quem é meu pai! Afinal o Fernando não é, ele chegou aqui com um cara ontem à noite. – ela falou debochada enquanto virava lentamente para me encarar.
- Da onde você tirou que o Fernando era seu pai garota? Nós nunca nem nos beijamos. – falei apertando as têmporas.
- Bom, eu... Eu deduzi que fosse né, afinal ninguém nunca tinha me falado que não era!
- Tá, depois conversamos sobre isso filha e bom dia para você também.
- Bom dia mãe.

Eu fechei a porta e fui para a sala, onde o Fernando estava sentado na mesa tomando café e comendo bolachas, peguei uma xícara e me sentei com ele, ficamos em silêncio durante um tempo até a chegar e jogar a mochila da escola no chão.

- Bom dia .
- Bom dia Fernando, ô maaaae... – ela se virou para mim com a expressão de quem quer algo.
- Ai meu senhor amado. – coloquei a mão sobre o rosto. – O que você quer dessa vez?
- Na verdade, quero duas coisas. – ela se sentou na cadeira na minha frente e deu um gole no suco de laranja. – Uma é saber quem é meu pai, outra é que vai ter show do Simple Plan mês que vem e eu quero muito ir. – eu engasguei com o café que quase saiu pelo meu nariz quando ouvi o nome do Simple Plan e a palavra show na mesma frase.
- Quanto tá o show ? – Fernando tomou as rédeas da situação enquanto eu me recompunha. – Sobre seu pai, é melhor você conversar com a sua mãe depois.
- Bom, a meia entrada da Pista Premium está duzentos reais sem a taxa de conveniência, mas como meu aniversário é logo logo eu também queria ir ao post game.
- Tá bom, esse ingresso está vendendo onde? Quanto está o post game e quando abrem as vendas? Seu pai o que quer saber além de quem ele é? Bom, é melhor você desistir da idéia de conhecer ele, já tentei falar com ele de todos os modos possíveis, mas ele é uma pessoa bem difícil de se contatar, ele não mora no Brasil e eu nunca mais tive contato com ele desde que engravidei de você.
- O Ingresso sem taxa de conveniência vende no Citibank hall mãe, o post game abre amanhã as vendas e tá em torno de 70 dólares, sobre meu pai eu não pergunto mais, não sabia que tinha sido assim. – ela falou meio cabisbaixa.
- Filha... – respirei fundo – Eu não quero que você tenha raiva dele, ele é uma pessoa ótima. – parei por que senti meu rosto corar, que caralhas estava acontecendo? 38 anos nas costas e eu ainda tinha essa reação quando falava sobre ele? – Quanto ao show, não se preocupa que compro os ingressos hoje, que horas abre as vendas do post game?
- As nove mãe. – os olhos dela brilharam pela empolgação que tomou conta dela.
- Ok, não se preocupa que eu compro.

Olhei o relógio e eram seis e meia, eu tinha o tempo de levar a na escola e voltar para revirar as redes sociais e olhar preços do post game pegar o dia de folga que eu tinha para isso, peguei minhas coisas e apressei a ela saiu do quarto meio desajeitada e fomos para o carro.

- como estamos no trânsito, abre o site do Simple Plan entra na parte da tour e me entrega. – Falei entregando meu celular para ela.
- AI MEU DEUS! – Ela gritou e eu quase bati o carro com o susto que levei.
- QUE, O QUE FOI CRIATURA?
- MÃE ABRIU O SITE PARA VENDA DO POST GAME!
- Ai caralho. – Falei encostando o carro na frente de uma loja e ligando o pisca alerta e senti um frio na barriga. – Me dá o celular.

Ela me entregou o celular, enquanto abria o site para comprar o post game, peguei a carteira e o cartão que eu tinha internacional, senti minhas mãos tremendo então respirei fundo e fiz a compra de dois post games para o show de São Paulo. Recebi a mensagem que o cartão havia sido usado, guardei as coisas e voltei a dirigir.

- Mãe?
- Oi filha. – Falei ainda sentindo minhas mãos tremendo e lágrimas querendo escorrer pelo meu rosto.
- Você tá bem?
- Sim, por que?
- Bom, você tá tremendo e quase chorando, sei que você é fã, mas não imaginava isso.
- É filha, eu sou bem fã deles, eu já estive nessa de primeiro show da banda favorita há uns bons anos atrás. Mas o importante é que conseguimos filha, vamos no show e no post game.
- Ai meu deus! Será que vou conseguir encontrar o David? Meu sonho é ver ele de perto!
- Filha ele é bem mais velho que você...
- Não mãe! Olha a brisa errada! – ela exclamou assustada. - Eu sou apenas fã dele quero conhecer ele para ver se ele realmente é tão legal quanto imagino! Nada de querer beijar ele, credo! Ele tem idade pra ser meu pai! Inclusive, vocês dois fariam um casal lindo!
- Verdade, para com isso . – dei risada enquanto encostava o carro na esquina da escola. – Filha, vem cá, você tem algo muito importante na aula hoje?
- Não, por que?
- Então vamos comprar o ingresso e algumas coisas para o show, vou fazer com você que nem eu fazia quando tinha show.
- Mas mãe, o show é só mês que vem.
- Você é bem minha filha mesmo, olha direito a data criatura. – falei entregando o celular para ela com a página da tour aberta. – É nesse final de semana, hoje é segunda e o show é no sábado, sua sorte é que como é tour de cd novo não esgota tão rápido.

Ela ficou em choque encarando o celular e fomos até a casa de shows comprar os ingressos na bilheteria, chegamos lá e as lembranças vieram à tona para mim, lembrei como se fosse ontem do primeiro show que havia ido há quinze anos atrás, depois lembrei detalhadamente de todos os shows dos outros anos, fomos para a bilheteria compramos os ingressos e como ela estava aflita com o post game perguntou para a moça da bilheteria, que como eu imaginava, não soube explicar nada. No caminho de volta para o carro vi um grupo de pessoas que sempre iam aos shows.

- Vem filha, vou te apresentar para uns amigos meus. – apoiei a mão no ombro da e fui em direção a eles – Oi gente!
- JENNY QUANTO TEMPO! – a Bia pulou em cima de mim. – Essa é sua filha?
- Sim! essa é a Bia.
- Oi...
- Bom, é bem a cara do pai mesmo né! Vai vir no show?
- Sim! Acabamos de comprar o ingresso.
- Sério? Que maravilha, vai ser que nem nos velhos tempos!
- Bom, talvez... – falei meio sem jeito – Será que ele vem?
- Olha miga, não tem por que ele não vir. Mas o que você vai falar para ele?
- Eu não sei ainda.
A Bia me deu um abraço, me despedi e fui com a para o carro, eu me sentei no carro apoiei a cabeça no volante e respirei fundo, fomos em silêncio até em casa, entrei em casa e fui para o quarto onde abri o Instagram e mandei novamente a mesma mensagem para o David.

“Olha, já se passaram quinze anos, nós realmente precisamos conversar.”

Eu fiquei no quarto revirando o Instagram procurando indícios de quando eles iriam chegar, mandei mensagem para todos que talvez soubessem, foi quando vi o stories do Sebastien falando que eles chegariam em São Paulo na quinta feira. Os dias passaram voados, quando chegou sexta-feira, busquei a na escola, deixei ela em casa e fui para o hotel ver se conseguia falar com eles. Foi uma tentativa completamente falha, por eu ter invadido o hotel pelos fundos acabei sendo expulsa de lá sem nem sequer ver a cara deles. Voltei para casa meio triste, afinal a única coisa que eu queria era contar para o David que ele tinha uma filha.

- ! O que houve? – o Fê me perguntou assim que abri a porta.
- O de sempre Fê, não consegui falar com ele. – falei meio triste sentando no sofá. – Sei lá Fê, nem sei se compensa sabe? Já se passaram quinze anos daquele dia cara, estou achando melhor deixar nas mãos do destino mesmo. Cadê a ?
- Está no quarto ouvindo as músicas deles. – ele me deu um beijo na bochecha. – Vou sair com o Boy.
- Vou ouvir com ela, bom rolê Fe.

Entrei no quarto dela sem falar nada, aumentei o volume da música e me deitei no tapete felpudo que ela tinha no quarto, ela estava ouvindo as músicas antigas deles quando tocou Take My Hand eu comecei a chorar.

- Mãe? – a falou se virando para mim – Mãe! Tá tudo bem? – ela me abraçou.
- Tá sim filha, essa música mexe comigo, é só isso. – limpei as lágrimas e me sentei. – Me desculpa nunca ter comentado sobre seu pai com você, ele era uma pessoa incrível, ou pelo menos eu achava isso, o maior problema é que ele não sabe da sua existência, por que não foi nada sério que eu tive com ele. – um soluço me interrompeu. – Mas acredito que quando ele souber se você, você será muito bem recebida por ele.
- Relaxa mãe! Não precisa falar se não quiser.
- Filha, não foi nada tenso, na verdade foi uma noite incrível que eu tive com seu pai.
- Mas mãe, me desculpa perguntar isso... Mas se foi uma noite por que não abortou?
- Primeiro que eu descobri que eu estava grávida você já tinha três meses, segundo que quando descobri eu não tive coragem de te tirar de mim, mesmo eu tendo só vinte e três anos na época preferi assumir todas as responsabilidades de mãe do que fingir que você nunca existiu, eu não pensei em pensão nem em segurar seu pai, até porque ele no mês seguinte nem devia mais lembrar de mim, mas eu vou lembrar daquela noite para sempre.
- Por minha causa?
- Não só por você, mas também porque foi incrível e completamente surreal tudo o que aconteceu.
- Já que você tá falando tudo mãe, de quem eu puxei meus olhos esverdeados? – ela me encarou, e então eu notei o quão parecida ela estava com ele naquele momento e a abracei.
- Do seu pai filha, assim como o gosto de tocar baixo, o seu nariz também é igual ao dele, seu sorriso e outras coisas. – eu a soltei, dei um beijo na testa e me levantei.

Eu saí do quarto e fechei a porta atrás de mim, no dia seguinte já seria o show e eu tinha certeza de que iria conseguir falar com ele, tomei um banho e dormir. Acordei no dia seguinte com a super empolgada pulando na minha cama.

- Bom dia mãe! Preparei um café da manhã reforçado para nós!
- Bom dia filha! – me espreguicei e sentei na cama, olhei para ela e mais do que nunca ela estava a cara dele. – Está preparada?
- Sim! Ansiosa? Também! – ela se sentou no pé da cama e encarou o armário aberto na parte de camisetas penduradas. – Mãe eu nunca tinha reparado o quão fã você é.
- Ela era tão fã quanto você! – o Fê falou apoiando no batente da porta.
- Então você sabe de mais coisas? – ela se sentou na cama interessada no que o Fê tinha para falar.
- Meu anjo, você não faz idéia do que sua mãe já fez por essa banda!
- PELO AMOR DE DEUS VÃO CONVERSAR NA SALA! – berrei enquanto cobria meu rosto com a coberta.
- Como assim?
- Assim filha. – bufei enquanto levantava e ia para o banheiro no caminho fuzilei o Fê com o olhar, do banheiro consegui acompanhar toda a conversa.
- Você nunca viu o armário da sua mãe não? Ela foi em todos os shows que eles fizeram no Brasil e se não me engando chegou a ir em um no exterior quando você tinha dois anos!
- QUE? Por que não sei dessas coisas? – ela falou se jogando na cama.
- Olha, aí não sei por que sua mãe nunca te falou. – ele abriu outra porta do armário – Olha só, todos os CDs e DVDs que eles já lançaram ela tem.
- FERNANDO É MELHOR VOCÊ NÃO ESTAR AQUI QUANDO EU SAIR DESSE BANHEIRO!
- Qual é , sua filha tem o direito de saber que a mãe é tão fanática por eles quanto ela.
- Ela tem milhares de fotos com eles! - ela falou inconformada folheando o álbum de fotos, ali tinham fotos com eles até em bares.
- Sim filha, tenho fotos com eles, todos os CDs inclusive o dessa tour, já fui em vários posts games, fui nos meets do spcrew, já percorri o Brasil inteiro seguindo a turnê deles, cheguei a ir no Vans Waperd Tour para ver o show deles, praticamente tudo que você como fã possa querer eu já fiz.
- Já foi para um after com eles mãe?
- Sim... Você não vai se arrumar? Pegar o que quer levar para eles autografarem? – ela pulou da cama e correu para o quarto dela. – Fernando eu te mato ainda.
- Que nada, você me ama.
- Fê, você esqueceu ou está se fazendo de besta!? – apontei para uma foto minha com o David no quarto do hotel onde nós dois estávamos só com o lençol nos cobrindo.
- Caralho! Desculpa!
- Vamos mãe? – a apareceu na porta do quarto pronta para ir. – Já peguei tudo.
- Deixa só eu ver que blusa eu vou. – abri a gaveta das camisetas de show, peguei uma que eu havia mandado fazer há anos atrás com o logo do Simple na frente e escrito Desrosiers 69 atrás, a camisa era bem cavada nas laterais, coloquei ela, uma calça legging, uma botinha. – Vamos? – peguei a bolsa térmica com lanche que o Fê havia arrumado para nós duas.
- Não vale mãe, você está mais diva que eu!
- Para com isso! Você está linda! – falei olhando a camiseta do primeiro cd deles com uma calça jeans que ela estava vestida. – Pegou casaco?
- Peguei, e você?
- Peguei também.

Pegamos umas duas garrafas de água de um litro e fomos para a casa de shows, estacionei o carro em um estacionamento na rua de trás, nós comemos o lanche que estava na térmica e fomos em direção a casa de shows, quando chegamos encontramos uns amigos meus que já estavam por lá, pegamos nosso número da fila e eu me sentei no chão para esperar.

- , não quer sentar? É uma boa guardar energia.
- Mãe, na verdade eu queria uma camiseta dessa turnê. – ela falou olhando para os camelôs que tinham ao redor.
- Olha, isso compramos lá dentro, relaxa que dá tempo de comprar e ir ao banheiro trocar de camisa.
- É a sua filha? A Stephanie perguntou sentando na minha frente.
- Sim!
- Gente como ela tá enorme! – ela deu risada. – E como eu estou com papo de tia.
- Vou ter que concordar – a riu enquanto se sentava com a gente. – Será que eles vão sair para ver como tá a fila que nem fazem no exterior?
- Duvido que façam isso, os fãs brasileiros são muito histéricos, se saírem vão sair irreconhecíveis.
- Olha só! Sempre com a mesma camiseta né dona ?
- Claro né! – falei levantando para cumprimentar a Bia. – Já é uniforme!
- Veio cedo dessa vez. – ela me deu um abraço e sorriu.
- Culpa dela que me acordou ansiosa para vir para a fila logo.
- Vou dar uma volta mãe!
- Ok filha, não demora.
- como ela tá a cara do pai! Meu deus! – a Bia estava chocada. – Não tem nem como negar que é filha.
- Pois é mana, fico só pensando em qual vai ser a reação de ambos quando descobrirem.
- Você nunca contou para ela?
- Claro que não, ela é fã.

A voltou e ficamos sentadas esperando, o tempo foi passando e eu ficando cada vez mais ansiosa, quando deu meio dia fui com a almoçar em um restaurante ali perto que era self service, quando sentamos na mesa vi que atrás da gente tinha umas pessoas conhecidas.

- Mãe, é impressão minha ou o fotógrafo e o empresário do Simple estão bem atrás da gente?
- Olha filha, e acredito que sejam eles mesmo. – olhei para trás e encontrei o Danny e o Chady sentados comendo.
- Você já foi em vários shows né?
- Sim, por que?
- Será que eles lembram de você?
- Olha filha, eles vêem mais de mil fãs por ano, você acha mesmo que eles vão lembrar? Fora que faz uns treze anos que não encontro nenhum deles.
- Não sei, mas não duvido, você tem alguma coisa marcante que fez nos shows?
- Bom, na verdade uma vez eu desafiei o Pierre a dançar comigo... – falei sorrindo lembrando do dia.
- Isso faz muitos anos?
- Sim, foi antes de você nascer, por isso acho difícil lembrarem de mim.

Ficamos em silêncio terminando de comer, vi o Chady olhando para a e cutucando o Danny, eles comentaram algo e saíram do restaurante, quando olhei para a fiquei até surpresa com o quão parecida ela estava com o David, o delineador preto ao redor dos olhos e o cabelo curto e preto na altura do ombro ajudava muito também. Terminamos de comer e voltamos para a fila, no caminho a encontrou uma amiga dela que estava na fila da pista comum.

- TALITA! – a menina loira gritou vindo em nossa direção. – Não sabia que você iria vir!
- Mas é óbvio que sim! Mãe, essa é a Ju!
- Oi, prazer – falei olhando para o tamanho da fila. – Você está sozinha?
- Na verdade eu vim com a minha mãe, vocês chegaram agora ?
- Claro que não Ju, a gente chegou aqui eram umas dez horas da manhã para garantir nosso lugar na fila do post game.
- Você conseguiu comprar? Quando entrei no site já estava esgotado.
- Para com isso garota. – a Dani falou chegando do nosso lado. – A gente tá nessa fila porque ainda não consegui encontrar a fila do pizza, já te falei que temos o vip!
- Dani?
- ? QUANTO TEMPO!
- Meu deus! Ela é sua filha? Caralho como tô velha! – fiquei conversando com a Dani durante um tempo enquanto nossas filhas conversavam.
- Você sabia que nossas mães se conheciam?
- Não fazia a menor ideia Ju – a falou encarando nós duas.

Fomos juntas para a fila do post game, elas pegaram o número e nos sentamos com o pessoal que estava por ali, a e a Ju resolveram ir dar uma volta, quando elas saíram ficamos relembrando os shows passados, afinal o pessoal que estava ali era a mesma galera de sempre então grande parte sabia que a era filha do David.

- , você sabia que o David tem uma filha perdida pelo mundo? – a Ju comentou enquanto elas andavam para ver o tamanho das filas e ver se conheciam alguém que estava ali.
- Não! Sério?
- Sim! Segundo o que todos falam foi um caso de uma noite e se bobear ele nem sabe da existência dela!
- Mas alguém sabe de qual canto do mundo a menina é? Quantos anos ela tem?
- Então, tem quem diga que ela é brasileira, tem quem diga que é americana, ninguém sabe direito, só sabemos que ela tem uns quinze ou dezesseis anos, a história que roda é que a mãe dela saiu com o David logo no começo da carreira deles e engravidou, mas nunca contou para o David que ele tem uma filha.
- Mas gente, coitado dele, o sonho dele é ter um filho!
- Né! – ela olhou o relógio – , vamos voltar porque já tá quase na hora de liberarem a entrada do post game.
- Vamos! - Elas voltaram para onde a gente estava, quando chegaram vi a meio confusa, ela parou do meu lado e ficou em silêncio.
- Que houve filha?
- Mãe, você sabia que o David tem uma filha perdida no mundo?
- Sabia, esse boato roda há anos pelos fãs.
- Será que é boato mesmo? – a Dani falou se intrometendo na conversa.
- Sei lá Dani, mas se fosse verdade será que ele já não saberia?

Ainda bem que a porta abriu antes de alguém poder falar mais alguma coisa sobre isso, como eu e a éramos uma das primeiras entramos rapidamente, fomos até onde estava vendendo as camisetas deles, compramos o que queríamos, ela foi trocar de camiseta enquanto eu esperava na fila que haviam organizado dentro da casa de shows. Quando ela voltou demorou uns dez minutos para abrirem as portas, eu peguei no braço dela e a puxei para corrermos para a frente do palco, conseguimos um lugar bom em frente ao David, eu sentia meu coração pular enquanto encarava aquele palco.

- Filha, tá tudo bem? – perguntei quando olhei para ela e a vi mais vermelha que o normal.
- Tá sim. – ela falou com voz de choro. – Eu só... Obrigada por me trazer mãe.
- O filha, de nada, eu que te agradeço por falar que iria ter esse show.

Ela ficou apoiada em mim até as luzes se apagarem e começar o show, foi simplesmente incrível, nós choramos, gritamos, demos risada das brincadeiras do Pierre no palco, ela ganhou a palheta do Pierre em Perfect e uma palheta do David quando ele desceu no vão entre o palco e a platéia, inclusive nesse momento ele me encarou como se me reconhecesse, quando acabou o show ela ainda estava chorando de felicidade por ter conseguido as palhetas. Fomos ao banheiro, comprei uma cerveja para mim e uma coca cola para a e fomos para a fila de onde seria o post game. Vi muitas pessoas passando e encarando a , não tiro muito a razão deles, afinal ela estava o perfeito clone do David, quando entramos na sala onde seria o post game eu fui direto para as pizzas peguei um pedaço e fiquei observando a conversando com a amiga dela.

- Mãe, você vai comigo falar com eles? Tenho medo de esquecer o inglês.
- Vou sim filha, mas tenho certeza que não vai esquecer.
- Será que o David vem no post game?
- Filha... – falei apoiando a mão sobre o ombro dela. – Não espera muito isso, é raridade ele vir em post games, mas você trouxe algo para ele?
- Na verdade eu queria que eles autografassem minha camiseta.
- Vamos tentar falar com ele mesmo se ele não vier, ok?

Quando ela ia me responder algo eles entraram, para variar o David não estava junto com eles, eu suspirei e me apoiei no balcão esperando eles se organizarem, o Seb parou do nosso lado então aproveitamos a oportunidade para falar com ele primeiro.

- Oi! – a falou meio nervosa. – Será que você podia autografar minha camiseta?
- Olá! Claro! – Ele respondeu tirando a tampa da caneta e autografando as costas da camiseta, vi a ficando vermelha quando ele apoiou a mão para autografar, tirei várias fotos para poder registrar aquele momento deles.
- Tira uma foto comigo? – eles tiraram a foto e ela ficou me esperando do lado.
- Oi Seb.
- Oi! Eu acho que lembro de você de outros shows. – ele me falou meio confuso, a olhou para mim como quem falava “Viu só, eu falei!”.
- Bom, talvez. – falei sentindo meu rosto corar enquanto entregava o encarte do CD para ele. – Autografa por favor?
- Claro!

Ele autografou, tiramos uma foto e fui com a para a fila do Pierre, que como sempre era a mais lotada, tiramos foto e pegamos o autógrado, passamos pelo Chuck em seguida que não estava tão cheia e claro, a Bia estava ao lado do Chuck, passamos em um por um e finalmente chegamos na fila do Jeff, vi que ele estava bem curioso com a enquanto estávamos na fila, eu estava torcendo para ele não falar nada, mas quando olhei para ela vi que ela estava quase chorando.

- Filha?
- Mãe, agora vai faltar só o David.
- Sim filha. – falei sorrindo. – Vai que é sua vez.
- Oi Jeff... – ela falou com a voz meio emaranhada de choro.
- Não chora... – ele sorriu e a abraçou. – É seu primeiro show? – ela concordou com a cabeça ainda abraçando ele. – Quantos anos você tem? – Ele perguntou soltando ela.
- Quinze. – ela respirou fundo. – Autografa minha camisa por favor?
- Claro! – ele autografou, tirou foto com ela e ela parou do lado me esperando que nem havia feito com todos os outros. – Oi, acho que te conheço.
- Oi Jeff! – falei sentindo meu rosto corar. – Talvez lembre de mim de outros shows.
- Possível, é sua filha? – ele perguntou apontando para a .
- Sim. – falei entregando o encarte do CD para ele autografar, tirei uma foto e o abracei, então falei baixinho no ouvido dele. – Jeff, na verdade você deve lembrar de mim de muito tempo atrás quando segui vocês pela américa do sul e acabei dormindo com o David, você foi quem me falou para não me apegar a ele, segui seu conselho, porém temos um problema, eu engravidei dele naquela época e decidi ter o bebê.
- Eu lembro disso! – ele falou dando um passo para trás e me segurando pelos ombros. – ! Quanto tempo! Você sumiu! – ele me abraçou e me levantou. – Espera o post game acabar que eu preciso falar com você.

Concordei com a cabeça e fui pegar um pedaço de pizza, a me seguiu e ficou em silêncio me encarando como quem espera eu falar algo sobre o que acabou de acontecer, sorri para ela e mordi a pizza.

- Filha, você vai conhecer o David, só temos que esperar o post game acabar, ok? – falei ainda de boca cheia.
- Mãe, o que você falou para o Jeff? Ele foi o único que lembrou de você.
- Nada filha, logo você descobre. – falei e mordi a pizza novamente. – E o Seb também lembrou, o Jeff não foi o único não. – dei risada.
- Verdade, viu só, eu falei que eles lembravam de você.
- Não tem como eles esquecerem da sua mãe não. – a Dani falou parando do nosso lado e a olhou confusa para ela. – Relaxa que você logo descobre.

O post game logo terminou e quando chegou minha vez e da de tirar foto o Jeff avisou o segurança de que não era para a gente sair de lá, tiramos a foto com eles e fiquei esperando para conversar com o Jeff enquanto a ia pegar nossas coisas que estavam apoiadas nos balcões por ali.

- Espera, então o boato que o David tem uma filha é real? – o Pierre perguntou olhando para mim.
- Sim Pierre, talvez você não se lembre de mim, quinze anos atrás, tour da américa do sul, a louca que seguiu vocês em todas as cidades e acabou dormindo com o David.
- Claro que lembro! Ele não para de falar de você até hoje. – ele falou sério.
- Bom, então por que ele não me responde nas redes sociais? – falei brava aumentando um pouco a voz. – E cadê ele? - Serve aquele – o Jeff falou apontando para a porta, quando olhei ele estava entrando pela porta meio confuso do porque o Seb havia ido chamar ele.

David POV on

Tinha sido um show incrível, a plateia no Brasil sempre é mais interativa, depois do show fui tomar um banho e descansar no ônibus enquanto os meninos estavam indo para o post game, eu deitei na cama e acabei cochilando mas meu sono foi interrompido pelo Seb entrando berrando meu nome.

- David, cadê você criatura!?
- Que foi? To aqui na cama. – falei descendo preguiçosamente da cama.
- Temos um problema, lembra da ?
- Claro que lembro, que que tem?
- Bom, ela está no post game – parei encarando o Seb com uma expressão meio assustada. – Mas ela está acompanhada, pela filha que tem quinze anos e é extremamente parecida com você.
- Filha?
- É David, faz as contas! Quantos anos fazem desde aquele dia?
- Bom... – eu parei pensando no tempo que fazia desde a última vez que saí com a . – Fazem mais ou menos quinze anos Seb, será que...
- Não sei, mas não tem mais nenhum fã lá, só elas, vamos subir lá David?
- Ok...
Fui junto com o Seb até onde tinha acontecido o Post Game, fiquei perplexo quando vi a menina, ela realmente se parecia comigo, a cor dos olhos, o formato do rosto, parecia que eu estava me olhando no espelho.

David POV off

- Oi gente?
- David! – a falou virando assustada e deixando a bolsa cair no chão. – Mãe como você.... – ela ficou em silêncio quando viu a expressão de espanto minha e do David.
- Filha, fala com ele o que você precisa enquanto eu termino de conversar aqui, ok?
- ? – Ele perguntou enquanto autografava a camiseta da .
- Faz um favor Desrosiers? Fala com ela e depois conversamos, ok? - entreguei para ele um envelope, ele rapidamente pegou e guardou no bolso.

O meu plano havia dado certo, ele estava conversando com a , ela conseguiu o autógrafo dele e as fotos que ela queria, eu estava extremamente nervosa pude sentir minhas mãos começarem a suar, não sabia como fazer aquilo sem magoar ela por nunca ter contado que o David era seu pai, eu tinha meus motivos para nunca ter contado mas ainda assim na cabeça de uma adolescente dela talvez não fosse o suficiente.

- Jeff, você a distrai enquanto converso com o David?
- Claro . – ele falou e foi em direção a ela.
- David, tenho algo bem sério para te contar.
- ... – sussurrou me encarando.
- Cala a boca e escuta. – ele fechou a cara quando ouviu o que eu falei. – Primeiro, se você realmente falou tanto de mim quanto o Pierre me contou por que nunca me respondeu nas redes sociais? Segundo...
- Por que eu tinha medo do que você iria falar.
- David! – falei aumentando o tom de voz – Fazem QUINZE ANOS que eu estou tentando falar com você, estava com medo de que? De eu te falar que eu te amo? Pelo amor de deus Desrosiers!
- Bom... é que... – tentou argumentar.
-David. – falei respirando fundo e apertando uma das minhas têmporas, dei um passo em direção a ele para poder falar mais baixo. – O que eu estou tentando te falar esse tempo todo é que você tem uma filha, eu não espero que você pague pensão e nem que você case comigo, resolvi ter ela por motivos particulares e tenho condições de criar ela sozinha, afinal fiz isso durante quinze anos, a questão é que não acho justo você não saber da existência dela, então é isso. – falei me virando para pegar minha bolsa.
- Você vai embora? Vem, me fala uma coisa dessas e acha justo ir embora assim? Falar que eu tenho uma filha não é a mesma coisa de falar que me ama para poder ir embora desse jeito! – ele falou alto segurando no meu braço.
- Você é quem ficou incomunicável esses anos todos trocou até de número de celular e ainda quer me fazer sair como errada? Sério mesmo? – quando olhei para frente estavam todos em silêncio encarando nós dois.
- Mãe... – a falou dando um passo em minha direção com os olhos cheios de lágrimas. – o que eu acabei de escutar é verdade? O David é meu pai?




Capítulo narrado pela .

Bom, eu sempre ouvi muita gente falado que eu não sou parecida com a minha mãe, afinal ela é loira natural e meu cabelo é castanho escuro, nossos traços também são bem diferentes, passei quinze anos pensando que o moço que mora comigo e com minha mãe era meu pai mesmo sem nunca ninguém ter me falado sobre, até o dia que ele chegou aos beijos em casa com um outro cara, meu mundo começou a mudar daí em diante, para minha sorte o Fernando e minha mãe me deram uma criação onde eu sempre encarei tudo muito de boa, perguntei para minha mãe sobre meu pai, mas ela contou uma história em que eu não acreditei muito mas aceitei, eu achava que ir no show da minha banda preferia iria me ajudar a colocar a cabeça no lugar e digerir todas essas informações, conhecer eles era tudo o que eu queria desde os meus doze anos.
Eu idolatrava o David achava ele sensacional por ter conseguido correr atrás do sonho dele, na verdade eu ainda tenho ele como meu ídolo, mesmo depois de descobrir que ele é meu pai e eu sou a “filha perdida” dele, apesar de eu ter perguntado para a minha mãe ela conseguiu apenas me olhar triste e voltar a discutir com o David.

- Alguém me explica? – falei ainda bem confusa com tudo o que estava acontecendo.
- Bom... – o Jeff começou a falar. – Eu até explicaria, mas acho que isso não cabe a mim e sim a um deles, quando eles terminarem de discutir.
- Para variar eles estão discutindo, já sabemos como acaba isso né? – Pierre falou descruzando os braços. – Gente, vamos pelo menos para o hotel e lá vocês conversam? Se não vamos ter que pagar as horas a mais.
- Tá. Encontro vocês lá, espero que eu não seja expulsa dessa vez. – minha mãe falou irritada. – Vamos filha, até daqui a pouco guys.

Ela pegou minha mão e saiu praticamente me arrastando até onde o carro estava, eu ainda estava bem confusa com tudo o que aconteceu, então o David era meu pai, minha mãe tinha tido um caso com ele e por sinal durou mais de uma noite, por que caralhas ninguém nunca me contou essas coisas? Eu entrei no carro, sentei no banco do passageiro e cruzei os braços esperando minha mãe falar algo, mas foi completamente em vão, ela estava com a cara fechada parecia estar furiosa com o acontecido. Ela deu partida no carro e fomos até o hotel onde eles estavam, chegando lá minha mãe parou o carro em uma rua lateral, notei lágrimas querendo escorrer dos olhos dela, mas preferi não comentar nada então fomos andando ainda em total silêncio até o hotel.

- Mãe? – falei quando chegamos na porta do hotel. – Está tudo bem?
- Não filha, não está, parece que eu voltei quinze anos no tempo, ele não mudou nada! – ela falou se sentando na calçada enquanto esperávamos para entrar no hotel.
- Como assim? – me sentei do lado dela.
- Filha, há quinze anos eu os segui pela américa do sul, mais ou menos no segundo show comecei a sair com o David, ficamos juntos durante a turnê deles aqui na américa do sul, depois disso eles voltaram para o Canadá e eu fiquei por aqui, não tive contato com ele desde então, ele é uma pessoa bem difícil de se conseguir falar. – ela bufou e cruzou os braços, parecia uma criança emburrada.
- Mãe... – ela limpou as lágrimas e me encarou.

Eu comecei a falar, mas fui interrompida pelo Chady vindo chamar a gente para dentro, quando entramos todos esperavam pela gente no bar do hotel, nos sentamos com eles e então minha mãe voltou a debater alguma coisa com o David, só que dessa vez em francês e eu não entendi muito bem o que estava acontecendo.

- Então, sua mãe nunca te contou quem era seu pai? – o David perguntou ignorando minha mãe.
- Na verdade não, eu achava que era o moço que divide a casa com a gente até pouco tempo atrás. – olhei para o meu copo de coca cola que tinha gelo e uma rodela de limão dentro. – Mas também nunca perguntei, quando perguntei ela me respondeu tudo o que eu queria saber, só não falou que era você.

Ele se levantou, chamou minha mãe e eles foram para outro lugar, fiquei ali com os meninos esperando minha mãe voltar, o clima estava meio tenso afinal foi uma bomba e tanto que explodiu momentos antes em um meet, eu não sabia muito o que falar com eles então estava torcendo para alguém cortar a tensão.

- Eu não sou mais o que tem as filhas mais velhas!! – o Jeff falou e deu risada. – Quem diria que o David iria superar a gente!
- Verdade! – Pierre falou rindo – Olha, você realmente é parecida com ele.
- Obrigada – falei meio sem jeito.
- Bom pelo jeito eles vão demorar para voltar, a recepcionista falou que eles foram para o quarto. – Seb falou se sentando na mesa novamente. – Sou só eu ou vocês também ficaram nostálgicos?

Fiquei ali com eles durante um bom tempo, até minha mãe descer e me chamar para conversar com eles, eu os segui até um quarto onde sentei na cama e eles sentaram em duas cadeiras na minha frente.

- Filha, sei que nunca te contei que ele é seu pai e espero que você entenda meu lado.
- Seu lado mãe? De que eu nunca acreditaria em você? Se for isso eu entendo.
- Sim filha, é exatamente isso. – ela suspirou cabisbaixa. - Você ouve a banda do seu pai desde criança, quem em sã consciência iria acreditar que ele é seu pai?
- Faz sentido mãe. Mas eu tenho outra questão que não encaixa na minha cabeça.
- Fala – ela me encarou séria.
- Por que você, David, nunca respondeu minha mãe ou sequer se preocupou com o como ela estava depois daquela turnê?
- Bom. – ele começou a falar e suspirou. – Eu quis correr atrás dela, mas tinha receio dela não querer mais contato comigo, eu achei que não fosse ela quem estava me mandando mensagens no Instagram e no Twitter, falei já isso para ela , agora falo para você, me desculpe por todos esses anos ausente, se me permitirem gostaria de fazer parte da sua vida agora, só peço uma chance... – ele falou encarando as próprias mãos.
- Mãe? – olhei para ela buscando ajuda em o que responder.
- Filha, por mim não tem problema, a decisão é sua.

Eu me levantei em silêncio e sai do quarto, fui até o terraço onde tem a piscina para poder pensar, sei que deveria ter respondido algo para eles, mas não estou conseguindo raciocinar direito, me sentei em uma espreguiçadeira que tinha próxima a piscina e fiquei olhando para o céu, que estava bem estrelado naquela noite fria, me perguntava o que eu deveria fazer, se eu aceitasse ele na minha vida o que iria mudar? Com certeza muita coisa, a começar que no meu RG iria ter o nome do meu pai, eu iria ter dupla cidadania entre milhares de outras coisas por menores que fossem que iriam mudar, a principal para mim é que eu nunca mais iria ouvir a banda da mesma forma.

- ?
- Oi? – falei enquanto pulava na cadeira por não estar esperando ninguém vir falar comigo, quando olhei fiquei meio sem jeito de ver o Pierre vindo falar comigo.
- Posso sentar? – ele falou apontando para a ponta da espreguiçadeira.
- Sim – puxei minha perna abrindo espaço para ele se sentar.
- Olha, não posso imaginar o quão difícil está sendo para você lidar com isso, mas peço para pensar na situação com carinho... – ele falou sério enquanto me encarava
- Bom, eu estou pensando Bouvier, mas é difícil para a minha cabeça conseguir assimilar e compreender tudo o que está acontecendo. – Ele se levantou e deitou na espreguiçadeira ao meu lado. – Até hoje de manhã eu sequer fazia idéia de quem era meu pai e de repente quando eu achei que o show da minha banda favorita iria me ajudar a desligar momentaneamente esses problemas a bomba explodiu e veio tudo que eu queria saber à tona.
- Bom, eu não sou tão bom de concelhos quanto o Jeff, mas o que posso te falar com toda a certeza é que se o David soubesse da sua existência desde o começo, ele nunca iria deixar vocês duas sozinhas.
Eu fiquei em silêncio e voltei a olhar as estrelas, ficamos os dois ali em silêncio durante um bom tempo, até meu celular começar a vibrar feito louco, quando olhei eram mensagens do Fernando.

“Onde vocês estão?”
“Pelo amor de deus me responde que eu to preocupado! O show já acabou faz uma hora!!!”
“TALITA ME RESPONDE!!!”


Eu comecei a rir e respondi para ele falando que estávamos no hotel e que eu já sabia de tudo, mas não fazia idéia de que horas ou se iríamos voltar, bloqueei o celular e deixei ele de lado. Senti que precisava tomar uma decisão, apesar de eu ainda estar confusa eu precisava dar a eles uma posição sobre tudo, me levantei dei um beijo na bochecha do Pierre como agradecimento por apenas estar ali e fui para o quarto, quando cheguei na porta ouvi os dois meio que discutindo sobre a situação e bati na porta, logo eles abriram e eu me sentei novamente na cama.

- Olha... – comecei a falar e suspirei enquanto encarava minhas mãos. – Eu ainda não sei como vai ser e nem como lidar com isso, porém eu aceito você fazer parte da nossa vida David, não vai ser fácil para mim me acostumar com tudo isso, mas prometo que vou tentar contanto que vocês me deem meu tempo até eu me acostumar.
- Claro filha! – minha mãe falou me abraçando. – Mas eu tenho uma pergunta. – ela se sentou na minha frente e pude ver que o rosto dela estava vermelho, ela deve ter chorado discutindo com ele. – Você vai querer colocar o sobrenome dele no seu nome?
- Sim mãe, quero o nome dele na minha certidão, em todos meus documentos como meu pai, quero o sobrenome dele no meu nome e quero minha cidadania canadense, o que eu pedi para vocês me darem meu tempo para me acostumar é chamar ele de pai, talvez isso demore um pouco.
- Tudo no seu tempo. – o David falou sorrindo e me abraçou, pude ver o olhar carinhoso da minha mãe sobre nós dois e fiquei meio na dúvida do motivo do rosto vermelho.
- Mas tem uma coisa que eu quero muito. – falei sorrindo com expressão de quem vai pedir alguma coisa.
- Ih lá vem, essa cara que eu falei pra você que ela faz quando vai pedir algo. – minha mãe falou rindo e cruzando os braços. - Consigo prever o que ia pedir, mas fala.
- Bom, vocês ainda têm três shows em terras brasileiras, certo?
- Certo. – o David falou me olhando desconfiado
- Bom, eu queria ir, mas quero assistir de cima do palco.
- E eu achando que você ia pedir algo difícil. – o David riu e me abraçou. – Vai ser um prazer ter vocês duas lá.
- Na verdade, eu tenho algo mais difícil de pedir, mãe, pai, ok ainda é difícil te chamar de pai. – os dois me olharam, minha mãe com uma expressão de preocupada e o David atento ao que eu ia falar. – Eu gostaria de fazer intercâmbio, terminar o colegial no exterior.
- , de novo isso? Já não conversamos? – minha mãe falou mexendo no cabelo, o que era sinal de nervosismo.
- Mas mãe, talvez ele possa nos ajudar, afinal eu quero fazer intercâmbio para o Canadá. – ela não respondeu, apenas respirou fundo e o encarou.
- Bom, temos que ver isso, não é tão fácil assim , vamos planejar o como pode ser feito e conversamos de novo, pode ser?
- Ok.

Suspirei e me joguei na cama enquanto meus pensamentos estavam à milhão, agora eu tenho alguém que posso falar que é meu pai de verdade, o que eu estava estranhando era ele não ter pedido teste de DNA nem ter desconfiado do que minha mãe falou para ele, mas eu estava contente que pelo jeito estava tudo voltando aos trilhos, e o melhor! Eu iria assistir a três shows da minha banda favorita em cima do palco! Voltamos para casa naquela noite por volta de três da manhã, no caminho enquanto estávamos no carro resolvi fazer umas perguntas para minha mãe.

- Mãe, vocês brigaram enquanto eu estava fora do quarto?
- Não filha, apenas conversamos. – ela respondeu calma.
- Hm, conversaram né?
- Filha. – ela falou séria me repreendendo. – Posso até ter alguns sentimentos por ele ainda, mas não vai ser tão fácil assim.




Depois de tudo eu consegui respirar aliviada, eu finalmente tinha conseguido contar para ele que ele tinha uma filha, ela estava contente por saber quem era o pai, eu meio que revivi meus vinte e três anos de novo, na verdade ainda estou revivendo né ainda temos mais três shows para ir aqui no Brasil. Olhei para a e ela estava dormindo tranquilamente no banco do passageiro, estacionei o carro na nossa vaga e a cutuquei para acordar.

- Filha, vamos, chegamos em casa.
- Hã? Como? Que?
- Vamos filha. – Desci do carro e abri a porta do passageiro. – Vamos que a semana vai ser longa, espero que você realmente tenha ido bem nas provas semana passada.

Ela concordou com a cabeça e desceu do carro ainda meio sonolenta, quando abri a porta de casa me deparei com o Fernando sentado no sofá com uma expressão preocupada e foi quando me lembrei que não havia dado um sinal de vida sequer para ele, a foi direto para o banho e eu me sentei do lado dele.

- E aí? Me conta, o que aconteceu?
- Mano, você não tem noção! Ao mesmo tempo que eu revivi meus vinte e três anos, vi um começo de uma nova história Fê.
- Meu deus, vai começar de novo... Vai me dizer que vai ir em mais shows? – ele cruzou os braços.
- Sim, a pediu para ver os três próximos shows de cima do palco, então vamos para o Rio, Belo Horizonte e Curitiba com eles. – falei encostando no sofá e olhando para o teto. – Antes que você me pergunte eu também não sei como vou lidar com a situação.
- Na verdade eu fiquei na dúvida agora ... – eu o olhei esperando ele continuar. – Qual situação você está falando? A David e ou o sentimento que você tem por ele, ou melhor, eles.
- Acho que a do sentimento, em relação ao David e a eu vou deixar eles lidarem sozinhos, não quero me meter muito afinal ele tem que aprender quem é a filha dele, assim como o contrário.

Ficamos conversando sobre coisas do passado ali até a sair do banho e gritar do quarto falando que eu podia ir. Entrei no chuveiro e deixei bastante água cair na minha nuca enquanto passava um filme na minha cabeça de como tinha sido da última vez, afinal uma coisa o Fe tinha razão, eu sempre tive a dúvida entre o David e o Jeff, mas dessa vez o Jeff estava namorando talvez até casado e eu não sou o tipo de mina que fica com cara compromissado. Terminei meu banho, me troquei e fui falar com a .

- Filha? – falei entrando no quarto – você está bem?
- Mãe, foi um sonho que eu tive dentro do carro ou realmente fomos ao hotel onde os meninos estão e você falou que o David é meu pai.
- Não filha, não foi um sonho, é tudo realidade.
- Espera, então eu realmente posso usar o Desrosiers no meu instagram como nome real?
- Sim... – falei rindo
- MÃE EU PRECISO CONTAR ISSO PARA A JU!
- Filha, espera até amanhã? Se quiser pode chamar a Ju e a Dani para vir almoçar aqui em casa, sei que elas não moram tão longe assim. - Quando olhei para ela, ela estava toda feliz com o celular na mão.
- Mãe a Dani vai te ligar agora.
- Fala para ela mandar mensagem que respondo, estou morta para falar no telefone, sério.

Então a Dani me mandou mensagem perguntando se realmente poderiam vir almoçar em casa no dia seguinte, respondi que sim dei boa noite para a e fui para o quarto, quando deitei meu celular começou a apitar freneticamente, a muito custo peguei ele e fui ver quem era. Quando li o prefixo do Canadá escrito, pelo jeito ele tinha mudado de número mesmo fiquei em choque encarando a tela durante uns instantes, criei coragem e desbloqueei para ver as mensagens.

David
tô mandando mensagem para garantir que é se número”
“E logicamente para você salvar o meu, assim não perdemos mais contato”
“O que vocês vão fazer amanhã à noite?”
“Ah, deixa pra lá, a gente viaja amanhã para o Rio.”
“Inclusive, quer que eu compre a passagem de vocês? Assim vamos no mesmo vôo?”
(Entregue as 4:30 am.)


“David, para pelo amor de deus, me deixa dormir!” mandei rindo
“Ah, amanhã que a gente viaja? Não tínhamos combinado nada então nem vi passagens, agradeço se você comprar para mim e para a , depois te pago. Mas sério, boa noite, durma bem e vê se não acorda com vontade de jogar nada pela janela. Love u.”

(Entregue as 4:33 am.)

Me levantei ainda rindo e fui para a sala, afinal tinha perdido o sono depois de tantas mensagens seguidas dele, quando cheguei na sala encontrei a e o Fe assistindo Silent Hill pela milésima vez, como eles não me viram passar resolvi assustar eles, parei do lado do interruptor de luz, pisquei ele uma vez e fui berrando e correndo em direção a eles, os dois gritaram e pularam se abraçando em direção à sacada.

- Mano tem que filmar essas coisas. – falei rindo e acendendo a luz.
- MÃE! – berrou ainda assustada. – Você quer me matar do coração aos quinze anos!? Nem pude curtir a vida direito!
- Desculpa filha, mas não resisti em assustar vocês. Inclusive, pequena Desrosiers, amanhã à noite viajamos para o Rio você lembra que vamos em mais três shows deles na faixa né?
- Olha só, finalmente você pode falar isso para ela agora! Não precisa mais esconder falando só pra mim esse sobrenome. – o Fê falou se sentando no sofá novamente. – Escuta, vocês almoçam em casa?
- Sim Fê.
- O David vai vir? – ele falou revirando os olhos.
- Nope, e não precisa revirar os olhos por que sei bem qual é a sua em relação a ele, ok?

O Fê deu risada enquanto eu voltava para o quarto onde apaguei encarando as mensagens do David e na manhã seguinte acordei com a desesperada andando de um lado para o outro no pé da minha cama, eu me sentei meio desnorteada de sono e tentei focar nela.

- Filha para quieta, não consigo entender o que você tá falando.
- Mãe, como... Será que a Ju vai acreditar?
- Em que criatura? – cocei o olho para tentar focar melhor nela.
- COMO EM QUE? – ela falou com a voz meio esganiçada. – Em eu ser filha dele mãe!
- Ah isso, bom, se a Dani contou algo para ela é bem provável que ela já saiba filha. – Falei olhando o celular e vendo que eu havia chamado a Bia para almoçar, que por sinal já estava chegando. – Filha acabei de ver que chamei a Bia para vir também.
- Você me mandou mensagem ontem falando isso mãe.
- Caralho, tive ataque de sonambulismo. – sentei na cama e abri o whatsapp, ali vi que eu já havia contado para a Bia e para a Dani sobre a noite anterior.

Me levantei em um pulo e fui me trocar, afinal em meia hora elas estariam chegando, depois de me trocar fui fazer macarrão para o almoço, quando cheguei na cozinha o Fê já estava empolgado cozinhando ele sorriu e falou para eu relaxar e curtir a tarde, respirei aliviada e o abracei, não deu nem tempo de respirar direito o interfone tocou anunciando a chegada da Bia, da Dani e da Ju, liberei a entrada delas e abri a porta.

- TALITA ELAS CHEGARAM – berrei da sala.
- JÁ VOU!
- JENY – a Dani e a Bia falaram em conjunto entrando pela porta.
- Giiiirls! – falei abraçado elas – Ju, a tá no quarto, se quiser pode ir lá.
- Ok tia, obrigada.
- Menina, me conta! Como foi ontem à noite? – a Bia perguntou se sentando no sofá.
- Mano, voltei há quinze anos atrás, sério.
- E aí como ele reagiu quando contou que a é filha dele?
- Bom, ficou meio em choque, assim como imaginávamos, mas depois que viu o teste de DNA aceitou de boa.
- , deixa te perguntar, você vai no show do Rio?
- Vou sim Bia, mas vou de VIP.
- Espera, ele te deu VIP?
- Sim, para mim e para a .

Fomos interrompidas por um barulho forte de algo caindo no chão vindo do quarto da , nós três corremos para o quarto para saber o que estava acontecendo, quando abrimos a porta a Ju estava sentada no chão rindo muito enquanto a estava de pé na frente dela com a mão estendida.

- Tá tudo bem aqui meninas?
- Sim mãe, ela caiu no chão porque achou que tinha uma cadeira atrás dela.
- Mano! – exclamei e comecei a rir – Você tá bem Ju?
- Estou sim tia. – ela falou se levantando e pondo a mão nas costas. – Só caí mas estou viva.

Passamos o dia conversando, almoçamos e depois ficamos na sala vendo clipes e ouvindo música pela TV, eram mais ou menos umas cinco da tarde quando as meninas resolveram ir embora, ajudei a a arrumar a mala e em seguida arrumei a minha, pegamos um uber e fomos para o aeroporto, quando chegamos lá nos deparamos com uma legião de fãs perto da sala de embarque, nossas passagens estavam com o David e naquela altura do campeonato eu já estava ficando bem nervosa.


“David, onde você tá? To aqui do lado de fora da sala, tem como alguém trazer aas passagens aqui fora?”
“DESROSIERS ME RESPONDE CACETE!!!!”

(Entregue as 18:00)

David
“Oi baby! To chegando no aeroporto, me espera aí mesmo.”
(Entregue as 18:15)

- E aí mãe? – a me perguntou ansiosa. – Cadê nossas passagens?
- Tão com seu pai filha, ele falou que já está chegando e é para esperarmos aqui. – respondi olhando para todos os lados. – Eu estou tão ansiosa quanto você filha.

Finalmente vi os fãs andando em direção ao que eu imaginei que fossem os meninos, quando olhei vi o David de cavalinho no Jeff chamando minha atenção e apontando para o celular, fui olhar o celular mas antes que eu pudesse ler a mensagem o Danny chegou e pediu para acompanharmos ele. O vôo foi tranquilo até o Rio, acabamos sentando um pouco distante deles e pude notar que no mesmo vôo haviam mais fãs que provavelmente iriam para o show do Rio, quando desembarcamos o David e o Jeff esperaram a gente na sala de desembarque para sairmos juntos, o David abraçou a e foi na frente.

- Jeff, você não acha que ele vai contar ao mundo desse jeito né? – falei olhando para ele.
- Bom, você sabe tanto quanto eu que ele é completamente imprevisível. – ele sorriu de canto e deu de ombros.

Peguei minha mala e fui atrás deles, afinal não sabia se queria minha filha sendo exposta desse jeito mas quando sai da sala de desembarque era tarde demais, ele já havia falado para os fãs que estavam ali que ela era filha dele, o que me tranquilizou foi ver o sorriso largo que ela estava no rosto. Sorri junto com ela quando nossos olhares se encontraram e desviei dos fãs com a mesma agilidade que eu tinha há quinze anos, aquilo me fez lembrar do quão divertido era fazer aquilo, esperei os meninos na saída do aeroporto mas no caminho não pude resistir a comprar um frapuccino do Starbucks comprei também um muffin para a , foi o tempo de eu tomar meu frapuccino e eles chegaram, o David chegou sorrindo abraçado com a .

- E aí filha, o que achou da primeira vez lidando com os fãs do seu pai? – Perguntei enquanto entregando o muffin.
- Foi divertido mãe. – ela falou sorridente e pegando o muffin – Obrigada!
- Bora pro hotel? – o David perguntou abrindo a porta do carro.

Nós entramos e quando sentei me deu um frio na barriga, afinal em qual quarto eu iria ficar? E a ? Eu estava tão nervosa que nem prestei atenção na conversa que rolava no carro, provavelmente deveria ter prestado mais atenção, quando me dei conta já estávamos na porta do hotel e como de costume já tinha vários fãs ali. Desci do carro com o pensamento de que iria passar despercebida, mas logicamente não passei, afinal a legião de fãs é rápida em ver as coisas, mal dei três passos e uma menina me parou.

- né?
- Sim... – fiquei encarando a menina de cabelos compridos e pretos esperando ela continuar falando.
- Então, deixa te contar que você não foi a única que transou com ele tá gata?
- Ai senhor amado... – Olhei para o David que estava um pouco mais para trás e berrei. – DEFINITIVAMENTE VOLTEI QUINZE ANOS NO TEMPO! – Nós demos risada e voltei a olhar para a menina – Vamos lá, a vida é dele e ele faz o que quer, contanto que ele não magoe nossa filha tá tudo certo.
- Filha?
- Ops... – falei olhando para ela meio assustada. – Você não sabia?
- Não... Então ele é pai? – ela falou confusa.
- Sim, a filha dele tem quinze anos, você tem quantos anos? Vinte e um? – Analisei a menina que estava sendo bem grossa comigo.
- E você é a mãe? Tenho vinte e dois, não diminui minha idade, querida!
- Sim, por que?
- MENTIRA! – A menina gritou dando um passo para trás.
- Mentira o que mãe? – a chegou me abraçando, a menina a olhou e ficou chocada com a semelhança dos dois.
- Nada filha. – falei rindo. – Vamos entrar no hotel e descobrir quais quartos vamos ficar. – Abracei ela e comecei a andar em direção a entrada do hotel.
- Mãe, o pai falou no carro que você iria dormir no mesmo quarto que ele ou no mesmo quarto que eu, honestamente prefiro que você durma com ele.
- Que? Não ouvi isso no carro!
- Claro! Você estava completamente desligada.
- Mas ok filha, se prefere ficar sozinha no quarto eu divido o quarto com o David.

Entramos no hotel e o Danny logo entregou as chaves, os nossos quartos eram próximos, o meu era número 401 e o dela 406 então eram realmente perto, subimos para os quartos ela foi direto para o dela e eu entrei no quarto que eu sabia que iria dividir com o David, deixei minha mala em um canto e me joguei na cama. Não demorou muito para ele abrir a porta, quando me virei levei um susto ao ver o Jeff entrando junto com o David, eu fechei os olhos e fingi que estava dormindo.

- David, você vai dividir o quarto com ela? – ele falou assustado ao me ver.
- Sim, por que?
- Nada... – ele suspirou. – Converso depois com você. – Ele saiu do quarto e eu ouvi a porta se fechando e o David colocando a mala no chão.
- Pode parar de fingir que eu sei que você não dorme tão angelicalmente. – Ele riu e se jogou na cama, eu me virei para encarar ele. – Então preferiu dividir o quarto comigo?
- Na verdade. – comecei me ajeitando na cama. – a sua filha não quis dividir o quarto com a própria mãe, então não tive muitas escolhas.
- Você realmente não estava prestando atenção no carro né?
- Não, por que?
- Por que o Jeff, o Seb, o Chuck e até o Pierre falaram que se você quisesse podia ficar lá também. – quando ouvi aquilo me joguei na cama colocando um travesseiro na cabeça. – Olha, se quiser ir para outro quarto, tudo bem também , não é por que temos uma filha que temos que dormir juntos.
- Você não entendeu nada né? – falei me sentando rapidamente. – Sua filha armou para nós.
- Como assim?
- Para de ser tão lerdo David! Ela armou para a gente dormir juntos! – ele ficou me encarando ainda com expressão de quem não entendeu. – David, sua filha sabe que você é meu favorito da banda, assim como deve ter fantasiado na cabeça dela que se a gente já dormiu juntos uma vez não tem por que não acontecer novamente, entende? Espera, o Pierre falou que eu podia dormir no quarto dele?
- Caralho! Ela é uma gênia! – ele parou chocado – E sim, ele falou que você podia dormir no quarto dele se quisesse, também estranhei.
- Isso é completamente novo! – falei chocada. – Não estou entendo mais nada isso sim, ele sempre foi contra nós dois David...
- Tô sabendo .

Eu dei um beijo na bochecha dele e me levantei, sai do quarto e fui em direção ao que eu deduzi que fosse o quarto do Pierre, bati na porta e fiquei esperando uma resposta que demorou bastante mas veio, ele abriu a porta só com a toalha enrolada na cintura e aquela visão me fez corar instantâneamente.

- Que foi? – falou meio grosso.
- Bouvier precisamos conversar. – falei entrando no quarto e se sentando na cama. – Como assim você falou que eu podia dormir aqui? Você nunca foi com a minha cara, sempre foi contra eu ter um caso com o David ou até mesmo com o Jeff, preciso de uma explicação plausível.
- , não é o melhor momento. – ele suspirou fechando a porta. – Eu tenho visita.
- Visita Bouvier? Mas já? – falei olhando ao redor do quarto, mas não encontrei ninguém. – E cadê o ser humano?
- Bom... – ele apontou para a sacada, quando olhei era a menina que tinha discutido comigo na entrada do hotel enrolada em uma toalha.
- Hey – abri a porta da sacada. – Sabe, não é uma boa idéia você ficar aí fora, vem entra. – Peguei um roupão que estava jogado por ali e ofereci para a moça.
- Er, obrigada. – ela pegou o roupão e o vestiu meio tímida. – E me desculpe por mais cedo.
- Relaxa, estou acostumada já. – dei risada – Bom, como estou atrapalhando vou sair, mas Bouvier essa conversa não acabou. – Olhei fixamente para ele e vi que ele retribuiu o olhar na mesma intensidade, senti meu rosto corar levemente e falei com a maior firmeza que pude ter naquele momento – Eu volto para terminar a conversa.

Saí do quarto e apoiei na parede tentando entender o que havia acabado de acontecer, que caralhas tinha sido aquela troca de olhares!? Mas que porra Bouvier! Isso não era o momento certo para acontecer qualquer coisa que fosse! A não ser que isso fosse mais um plano dele com o David, preferi acreditar nessa última alternativa e fui andando lentamente em direção ao quarto, até que alguém trombou em mim e eu literalmente cai no chão, quando olhei para cima vi o Seb preocupado tentando me ajudar e pedir desculpas ao mesmo tempo, comecei a rir da situação e me levantei.

- Relaxa Seb, está tudo bem.
- Tem certeza ?
- Bom estou inteira então tenho certeza. – dei risada enquanto conferia se nenhum dos meus ossos havia quebrado – É tá tudo certo.
- Menos mal! Bom, estou indo tomar um sorvete, tá a fim?
- Valeu Seb, tenho umas coisas que preciso resolver, mas me tira uma dúvida? – Observei ele ficar em silêncio esperando eu continuar e tomei coragem para falar. – Bom, é real que todos vocês falaram que eu podia ficar no quarto de vocês?
- No carro? Sim, por quê?
- Por que assim, você, Chuck, Jeff e David não me surpreende oferecerem, agora o Bouvier? Isso realmente me surpreendeu.
- . – ele deu risada. – O Pierre quer o que for melhor para o David, se para isso ele tiver que dividir o quarto com você, então ele vai fazer.
- Sério? Mesmo ele sempre ter me odiado?
- Yep! Na real ele tinha ciúme de você, ele não te odeia não.
- Obrigada Seb. – eu o abracei e voltei a caminhar.

Quando me dei conta eu estava parada na frente da porta do quarto do Jeff, dei meia volta balançando negativamente a cabeça e vi a menina saindo do quarto do Pierre então fui até lá antes que eu me rendesse e entrasse no quarto do Jeff mesmo sabendo bem que se entrasse no quarto dele as coisas não iriam prestar.

- Podemos conversar agora? – perguntei observando a menina entrar no elevador terminando de ajeitar o cabelo. – Ela já foi mesmo.
- Vai, entra – ele saiu da frente da porta. – Que foi?
- Quero entender, por que você disponibilizou seu quarto para mim dormir?
- Bom – ele suspirou e se sentou na cama – Eu quero o bem do David então se for necessário a gente dividir o quarto eu aceito isso, inclusive durmo no sofá se não quiser dormir na cama comigo. – ele passou a mão pelo cabelo, suspirou e me encarou. – Afinal onde você vai dormir?
- Sinceramente? – me sentei no sofá e abracei minhas pernas. – Eu não sei Pierre, ao mesmo tempo que tudo é muito novo é como se fosse um remember de quinze anos atrás, entende? – o encarei durante alguns instantes, notei o como ele estava bonito e desviei o olhar. – Eu não sei o que fazer, me sinto completamente perdida.

Ele se sentou do meu lado e me abraçou, eu não falei nada apenas me deixei sentir, acho que eu precisava daquele abraço naquele momento, mas não sabia, senti lágrimas começando a escorrer pelo meu rosto e finalmente retribui o abraço enfiando meu rosto no ombro dele, o choro que veio era um choro doído que estava reprimido há anos, depois de um tempo ali naquela posição ele se afastou e ficou surpreso por eu estar chorando.

- o que foi? – ele falou em tom preocupado. – Está tudo bem, a gente nunca vai deixar você na mão!
- Nunca deixaram – limpei as lágrimas que insistiam em brotar contra minha vontade. – Mesmo estando longe vocês sempre estiveram comigo, nos bons e maus momentos, Pierre.
- Olha só! Não me chamou de Bouvier!
- Obrigada, sério.
- Oh – ele me abraçou mais apertado dessa vez. – Você fica tão fofa com esses momentos de fã!
- Mãe? Pierre? – a falou parada na porta. – Que houve?

Eu só olhei para o Pierre como quem precisa de ajuda e ele entendeu, se levantou e pediu para a esperar que depois eu conversaria com ela, eu senti um mix de sensações afinal eu sempre achei que ele não gostasse de mim, mas pelo jeito eu estava errada, ele voltou e me abraçou novamente, ficamos ali durante um bom tempo até que eu soltei o abraço.

- Obrigada mesmo Pierre.
- , sempre que precisar sabe onde me encontrar.
- Na verdade não sei não. – dei risada enquanto limpava as lágrimas. – Eu não tenho seu número. – entreguei meu celular e ele sorriu enquanto digitava os números.
- Pronto , agora está tudo certo. – ele me entregou o celular. – Agora vai falar com a sua filha que ela parece bem preocupada, e eu tenho que me arrumar para o show que é hoje à noite. – ele me deu um beijo na testa.
- Obrigada por isso Pierre.
Ele sorriu em resposta e eu saí do quarto, quando fui atrás da ela estava no quarto dela se arrumando para o show. O que ela queria era ajuda para escolher uma camiseta, a ajudei e fui me arrumar entrei no quarto torcendo para o David não estar lá, mas obviamente estava errada a única coisa que não esperava era o Jeff estar lá também. Acenei com a cabeça para eles, peguei a roupa que eu usaria no show e fui para o banheiro tomar um banho, acabei demorando mais que o esperado no chuveiro, quando sai pronta para ir ao show a estava sentada na cama me esperando, abracei ela e fomos para o show quando chegamos lá mas para variar estávamos sem os crachás de entrada.


“David, preciso dos crachás ou eu não entro!”

David
“Okay, o Danny está indo levar para vocês, mas se quiserem podem ver da plateia.”


“Bom, acho que eu prefiro, mas a sua filha quer ver do palco, inclusive temos que ir no cartório em São Paulo.”

David
“Faremos isso essa semana, os guys querem passar a semana no rio, então vamos até São Paulo e arrumamos isso.”


“Okay, até mais tarde Dave.”

- Filha, vou ver o show da plateia ok?
- Mas mãe queria ver do palco.
- Mas você vai! É que eu prefiro a vista e a muvuca da plateia mesmo.
- Ok, posso ficar aqui fora até a hora do show?
- Claro que pode, só não deixa ninguém ver o crachá ok?
- Fechado!

O Danny saiu e nos entregou os crachás, eu os guardei na bolsa e fomos para a fila, lá encontramos a Cah que estava com o mesmo grupo de amigas de sempre, nos juntamos a ela e ficamos ali, próximo da hora do show a entrou para poder ver a passagem de som e arrumar um lugar em cima do palco.

- E aí ? Como tá a viagem? – a Bia perguntou enquanto organizavam elas na fila.
- Cara até que está divertido, mas tem seus porens né, alguns deles tem muito síndrome de estrela. – dei risada. – Brincadeiras à parte, está divertido ver a surtando por estar acompanhando eles.
- Licença, você está na fila? – a menina que estava no quarto do Pierre me cutucou.
- Que? – falei virando. – Ah, não, pode passar. – Dei espaço para ela e vi ela se posicionando umas três pessoas para frente.
- , é verdade que ela estava no quarto do Pierre ontem? – a Bia perguntou falando baixo.
- Gente, mas as fofocas correm heim? Sim, até onde eu vi estava sim.
- Mas eles.... – uma amiga da Bia falou entrando na roda.
- Cara até onde tudo indicou sim.
- Mas ele não é casado?
- Casado sim e com relacionamento aberto também. – falei como se fosse a coisa mais normal do mundo e vi a menina ficar meio chocada.

Ficamos falando sobre a banda e os relacionamentos deles por um tempo, logo depois abriram as portas para o pessoal do SP Crew entrar, logicamente não perdi a oportunidade de entrar junto, vi o pré show e vi a em cima do palco onde ela queria tanto ficar, depois do pré show o pessoal saiu e eu fiquei por ali para contar para o Pierre o que estava acontecendo antes que aquela menina chegasse e falasse merda, segui eles até o camarim, peguei um copo de café e me sentei no sofá. Observei eles um pouco enquanto descansava, até que resolvi voltar para a fila, quando cheguei lá estava tendo alguma confusão da qual eu não estava entendendo. Cheguei mais perto e ouvi uns gritos de alguém chamando outra pessoa de vagabunda e assim por diante, fui para perto da Bia que estava mais longe da confusão.

- Ou, o que aconteceu no meio tempo que eu fiquei lá dentro?
- Bom, nem eu entendi direito, mas tão chamando a menina que dormiu com o Pierre de mentirosa.
- Por quê?
- Aí é o que eu não entendi .
- Oi? – falei me enfiando no meio da briga. – O que caralhas está acontecendo? Vocês querem ser expulsas daqui?
- Ela está mentindo falando que transou com o Pierre e agora está grávida! – A loira berrou e apontou, olhei para onde ela estava apontando e era a morena que estava no quarto do Pierre.
- Bom, se é mentira ou não gata, só ela e ele vão saber. – olhei para a morena e sorri. – Agora isso não é motivo para armar o escarcéu na fila, concorda?
- Mas... – analisei a menina e ela parecia regular de idade com a . – Ela tá mentindo!
- Você tem provas de que é mentira?
- Não...
- Então não tem motivos para brigar e correr riscos de ser expulsa sem direito a reembolso, certo?
- Mas ele é casado!
- Tá, mas tem relacionamento aberto, para de ficar arrumando confusão desnecessária mano.

Vi os organizadores começando a se mobilizar para abrir as portas, entrei pela porta lateral e fui para a pista, eu estava com uma sensação estranha não estava entendendo direito o por que parei ali no espaço que tinha entre as grades e o palco e fiquei por ali até todos começarem a entrar, quando o show começou vi os fotógrafos entrando e fui mais para o canto para poder dar espaço para eles. O Show foi incrível, eles interagiram com a plateia, o Pierre desceu do palco para poder chegar mais perto dos fãs, enfim foi incrível, depois do show voltei para o hotel junto com eles.
Durante a semana, eu a e o David fomos a São Paulo para colocar o nome do David na certidão de nascimento da , depois de tudo resolvido, certidão atualizada, RG novo com nome novo fomos direto para Belo Horizonte, onde seria próximo show deles em terras Brasileiras, diferente do que aconteceu no Rio, foi tudo bem tranquilo, resolvi ficar no quarto do David novamente.




- Sabe, eu estive pensando... – ele se sentou na cama ao meu lado.
- No que?
- Em como vão ser as coisas depois que acabar os shows.
- De novo essa conversa David?
- Hã? Não conversamos sobre isso ainda.
- Não e também não pretendo conversar sobre, deixa rolar David, você vai estar lá no Canadá e em contato com a sua filha, isso não está bom?
- Não estava falando dela, , eu estava me referindo a você. – ele se aproximou e naquela distância dava para reparar em cada detalhe do rosto dele.
- David... – sussurrei. – Isso é perigoso...
- O que?

Ele venceu o espaço entre nós e me beijou, um beijo calmo cheio de saudades que foi se intensificando, ele me puxou para o colo dele e me deixei levar pelo momento, suas mãos percorriam meu corpo até que fomos interrompidos por alguém batendo na porta.

- Deixa bater. – ele sussurrou ao pé do meu ouvido e senti um arrepio subir pela minha coluna.
- Mãe, Pai, eu sei que estão aí e preciso falar com vocês. – a berrou do outro lado a porta.
- Merda, tenha filhos. – sussurrei saindo do colo do David e indo em direção a porta enquanto arrumava meu cabelo. – Oi filha. – abri a porta. – O que houve?
- Bom. – ela me olhou sem jeito. – Primeiro o que é isso no seu pescoço?
- O que? – fui até o espelho e notei um leve roxo, me virei e fuzilei o David com o olhar. – Nada filha.
- Segundo, está todo mundo na piscina, vamos também! O Pierre falou que era para chamar vocês!
- Vamos sim. – o David respondeu sorrindo. – Vamos nos trocar e estamos indo.
- Espero vocês lá na piscina.

POV on

Sai do quarto dos meus pais com a sensação de que tinha atrapalhado alguma coisa, mas como não queria pensar naquilo balancei a cabeça tentando afastar qualquer imagem que pudesse aparecer. Cheguei na piscina e encontrei os meninos todos lá dentro, não pensei duas vezes e mergulhei eu estava nadando de olhos fechados porque o cloro incomodava muito meus olhos quando bati na perna de alguém.

- Desculpa. – falei saindo da água e me deparei com o Pierre.
- Relaxa , acontece. – ele sorriu carinhosamente enquanto esfregava a perna. – Machucou você?
- Não. – eu o encarei com cara de quem vai pedir algo. – Pierre...
- Ih lá vem, você faz a mesma cara que minhas filhas, o que você quer?
- Na verdade um conselho.
- Sobre?
- Sobre meus pais, eu acho que atrapalhei... – fui interrompida por uma onda que se formou quando o David pulou na piscina.
- Meu deus, a piscina vai ficar sem água assim David! – minha mãe falou mergulhando atrás dele e vindo até mim. – Filha, precisamos conversar.
- Espera, fiquei curioso com o que ela ia falar! – o Pierre protestou jogando água na minha mãe.
- Depois te falo Pierre, prometo. – fui para o outro lado da piscina com a minha mãe. – Que foi?
- Bom, eu e seu pai...
- Atrapalhei né? Desculpa mãe.
- Bom... – ela ficou chocada com a frase que eu falei. – Na verdade eu ia te agradecer por ter atrapalhado, não é o momento para rolar nada entre eu e o David.
- Por quê?
- Digamos que eu ainda tenho certas mágoas guardadas filha.
- Hm. Quem sabe no futuro?
- Quem sabe no futuro. – ela ficou levemente corada falando aquilo.
- Vamos aproveitar a piscina mãe!

POV off

Eu mergulhei e comecei a nadar, aproveitei bastante a piscina quando sai me deitei em uma espreguiçadeira para esperar me secar um pouco, o show seria naquela noite então resolvi ir para o quarto me arrumar. Entrei no quarto e fui direto para o chuveiro eu devo ter demorado uma meia hora no banho, quando sai o David estava sentado no chão esperando para tomar banho.

- Vai, sua vez.
- Você vai ver o show da plateia de novo?
- Provavelmente, por quê?
- Saber... – ele entrou no banheiro e continuou falando lá de dentro. – Precisamos ver as coisas para a terminar o colégio no Canadá.
- David. – fui até a porta do banheiro. – Podemos resolver isso depois?
- Ok! – ele sorriu e senti meu rosto corar.

Voltei minha atenção para a minha mala procurei a todo custo a camiseta que queria usar, como não estava encontrando me sentei na frente da mala só de short e sutiã e comecei a tirar toda a roupa que tinha ali dentro. Quando finalmente encontrei a camiseta guardei tudo de volta e a vesti.

- Olha, prefiro sem a camisa.
- David!
- Que!? É verdade!
- Vai, se arrumar que logo é o show.
- Ainda temos duas horas, dá tempo de terminarmos o que começamos.
- Não sei se é uma boa ideia...

Ele se aproximou passando seu braço abraçou minha cintura e me beijou, o beijo foi se intensificando e logo fomos interrompidos novamente por alguém batendo na porta, dessa vez era o Danny apressando o David porque eles tinham que sair dali a vinte minutos.

- Acho que o destino não quer que nada aconteça. – falei sorrindo.
- Podemos continuar depois do show.
- Maybe. – passei a mão pelo rosto dele.

A e os meninos que já estavam lá embaixo, em meio aos pensamentos de que não deveria continuar o que supostamente havíamos começado, me dei conta que a camiseta que eu estava usando não era a minha, sim a do David, dei risada comigo mesma e resolvi ficar com ela mesmo, a preguiça de subir era maior do que a da zoeira que estava por vir com os meninos.
Encontrei eles no lobby e assim que o David apareceu fomos para a casa de shows, vi o show do palco e foi completamente incrível, uma experiência única na qual toda fã gostaria de passar depois do show eu e a ficamos esperando eles no camarim enquanto eles foram para o post game, sinceramente a gente estava com muita preguiça de lidar com as perguntas eternas das fãs.

- Mãe – a falou se sentando do meu lado.
- Será que tem alguma chance de você e o David voltarem?
- Filha não se ilude, por favor. – eu Suspirei. – Assim como tem a chance de isso acontecer também tem a chance de nada acontecer, entende?
- Sim. – ela me pareceu confusa e ficou em silêncio.
- Mãe, vamos até o pizza? De repente me deu vontade de ir.
- Vamos.

Nós nos levantamos e fomos em direção onde estava acontecendo o post game, quando chegamos notei que já estava próximo do final então tentamos não atrapalhar muito, a falou com meia dúzia de fãs que vieram falar com ela, eu fiquei sentada mais distante de todos na esperança de ninguém me ver. Logo organizaram a fila para a foto com os meninos e não me dei conta que a fila estava chegando quase em mim.

- Oi, você é a mãe da filha perdida do David né? – uma menina de cabelos loiros e olhos verdes parou na minha frente.
- Oi, sou sim.
- Posso te perguntar uma coisa?
- Sim?
- Como você nunca contou para ele?
- Sabe que eu tentei? Mas ele não me respondia. – dei de ombros. – Aí não tinha o que fazer a não ser esperar, você não vai para a fila?
- Obrigada pela resposta!

A menina virou e voltou para a fila, admito que fiquei confusa com a simpatia dela, até porque eu não estava acostumada com aquilo, normalmente as fãs vinham falar várias para mim sobre esse assunto. Voltamos para o hotel e como eu e o David estávamos com preguiça de ir ao bar deixamos a ir junto com o Pierre, Jeff e Seb enquanto ficamos no quarto, eu tomei meu banho e me joguei na cama para assistir a algum filme que estivesse passando na televisão o David assim que saiu do banheiro se jogou do meu lado.

- Sabe, eu estava lembrando...
- Vixe, lá vem. – me ajeitei na cama e o encarei.
- Você ficou com o Jeff daquela vez, não?
- Bom, já fazem quinze anos e é difícil de lembrar... – olhei para as minhas mãos. – Mas acho que sim.
- Acha nada, te conheço .
- Está bem, fiquei. – eu o encarei séria. – Mas o que isso tem a ver com o que está acontecendo agora?
- Nada só lembrei do caso. – ele falou irônico.
- Pelo amor... – revirei os olhos e bufei. – Te conheço bem suficiente para saber que tem alguma coisa acontecendo.
- É que ele perguntou se nós dois estamos juntos.
- Hm. Para que?
- Eu sei lá .

Eu fiquei em silêncio pensando no que ele havia falado e me veio na mente a primeira noite que dormi com o David nessa turnê, o Jeff entrando e falando decepcionado se o David iria dormir comigo, estava tudo bem na minha cara, mas eu só não queria acreditar, na realidade não queria reviver todos os detalhes de quinze anos atrás. Daquela vez eu havia ficado com o David e com o Jeff, também tinha ficado com o Pierre, porém em segredo e para mim aquele beijo com o Pierre havia sido o motivo dele ter sido tão grosso comigo dali em diante.
Acordei antes do David na manhã seguinte, fui ao banheiro, me troquei e desci para o restaurante do hotel, tudo o que eu queria era poder comer tranquila, quando entrei no restaurante vi o Jeff sozinho em uma mesa, pensei umas quatro vezes até decidir que iria me sentar com ele.

- Hey Jeff. – falei apoiando o prato. – Se importa?
- Claro que não , fica à vontade. – ele falou sem nem olhar para mim.
- Viu, está tudo bem?
- E por que não estaria?
- Ah sei lá né, você está todo de poucas palavras comigo desde o primeiro show. – dei de ombros. – Mas tudo bem.
- É que eu não entendo, você tem, ou talvez tinha, meu número, a gente se segue no instagram, porque não me contou da ?
- E onde que isso é assunto seu? Não achei certo contar para você antes de contar para ele.
- Hm. Entendi.
- Ih, vai começar a ser de poucas palavras de novo? Então sento em outra mesa, passar bem. – peguei meu prato e migrei para uma mesa mais distante.

Terminei o café da manhã e fui para o quarto já para arrumar a mala, afinal o voo sairia próximo da hora do almoço, enfim a turnê estava acabando, o sentimento de que está faltando algo com certeza irá ficar, mas em compensação essa sensação de que eu voltei quinze anos vai embora com eles, pelo menos eu espero.
Peguei minha mala e desci para a recepção do hotel onde encontrei a todos ali já fazendo o check-out, a ficou ao meu lado enquanto eles resolviam as coisas, fomos de van até o aeroporto e no caminho todo o silêncio era ensurdecedor, embarcamos no avião e eu coloquei meus fones para ouvir alguma música, claro que a primeira que começou a tocar era deles, fiquei bem irritada com isso e tirei os fones quase os jogando longe.

- Mãe, está tudo bem?
- Hm? – olhei para ela. – Está sim, um dia eu te explico.
- Eu já tenho quinze anos, acho que podia me explicar agora.
- Correção, você tem quinze anos, já disse, um dia te explico.



Continua...



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Nota da autora: Sem nota.








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