está tendo um péssimo dia.
Ela mora há cerca de sete anos no Japão e, durante todo este tempo, nunca havia sofrido atos xenofóbicos que a afetasse tanto como o de agora a pouco. Alguns adolescentes, estudantes uniformizados que voltavam da escola, passaram por ela e falaram do seu cabelo. é uma mulher preta de 32 anos e possui os cabelos vastos com grandes cachos ao redor de sua cabeça. Nunca tinha se incomodado com nenhum comentário infeliz sobre sua aparência, tanto no Brasil quanto no Japão. Mas, por algum motivo emocional, devido aos últimos acontecimentos em seu trabalho, a mulher está sensível a certas coisas.
No momento, ela curte suas férias em Yokohama, cidade próxima à Tóquio onde reside, e é justamente lá que sofreu seu infortúnio.
se encontra acostada na proteção de ferro que circunda o rio, bem próxima à ponte que estava visitando aleatoriamente. Seus olhos vermelhos denunciam seu choro, a mulher não consegue se conter.
— Oh, você está bem?
A voz suave e curiosa de um homem soa no ouvido de , a fazendo erguer o rosto para olhar para seu portador. Ela o reconhece na hora, dando um sobressalto em seu corpo.
— Eu, eu estou bem sim — responde ela, enxugando as lágrimas e sem jeito por estar neste estado na frente dele. Justo ele.
— Não quero parecer chato, mas você não me parece bem — ele sorri discretamente e se aproxima mais dela, parando ao seu lado. — Posso te ajudar com algo? Foi assaltada? Posso chamar a polícia se-
— Não — interrompe , apressada. — Apenas uma besteira, nada demais, Pon-san — o chamou pelo apelido e o homem espanta-se.
— Ah, me conhece, então? — Pon sorri sem graça, coçando a nuca.
— Sim — responde , também sem jeito.
Pon é o vocalista de uma banda japonesa que gosta bastante. Ela só não imaginava encontrá-lo por ali, mesmo sabendo que ele mora em Yokohama.
— Bom, não se preocupe. Eu estou bem.
— Então por que estava chorando? — sua curiosidade ainda não havia cessado.
— Alguns garotos falaram do meu cabelo, mas já está tudo bem — diz fazendo Pon franzir o cenho.
— Que idiotas! — exclama o homem. — Não ligue para o que disseram, seu cabelo é lindo — profere. — Posso? — o vocalista estende a mão num claro pedido para tocar no cabelo de . Tímida, ela acena que sim com a cabeça e Pon avança sua mão até a nuca da mulher. — É bem macio… — comenta, distraindo-se.
— Obrigada, Pon-san — não esconde o sorriso de satisfação ao receber o afago do lindo e alto vocalista. — Eu, eu não quero incomodá-lo mais com os meus problemas, eu já vou.
— Ah, espera — Pon interrompe a saída de . — Eu sinto muito que tenha passado por isso. Como japonês, eu gostaria de te recompensar por isso, eu posso?
— Pon-san, não é sua culpa, não precisa se incomodar com isso, por favor — pede a mulher.
— Não me disse seu nome ainda — lembra o homem.
— , me chamo .
— Prazer em conhecê-la — ele curva o corpo levemente. — Mas, me deixa chamá-la para tomar um café. Claro, se não for te incomodar.
— Não incomoda. Bom, já que insiste, eu aceito.
Vendo que o vocalista não desistiria de seu pedido, aceita o convite dele e ambos sobem os poucos degraus até a pista principal que seguia paralela ao pequeno rio. Pegaram o caminho contrário feito por horas atrás quando fugiu dos adolescentes que a seguiam desde a estação de metrô que há ali perto, passaram pelas pessoas que se exercitavam naquela tarde ensolarada de primavera, faz um tempo agradável na cidade. No caminho até o Café mais próximo, Pon e se apresentaram um para o outro, mais formalmente. Apesar de já conhecer Pon como vocalista da banda que gosta, a mulher pôde saber mais sobre como o alto homem é uma pessoa muito fofa e gentil, além de ser engraçado também. Já Pon conhece um pouco do lado meigo e delicado de , mesmo que, em noventa por cento do tempo, ela demonstre ser uma pessoa fria.
O vocalista gostaria de saber mais sobre os dez por cento.
Algumas horas depois…
A mulher não sabe ao certo em que momento da breve tarde com Pon ela aceitou ir com ele até o show da banda do rapaz. Mesmo estando há tanto tempo morando no Japão, é a primeira vez que assiste a um show deles. Está sendo uma experiência incrível, realmente. Pon é muito animado no palco, extremamente enérgico e participativo com o público. Fato que não era de conhecimento de . Está sendo o melhor show para a mulher agora.
Após o show, ela foi convidada pela banda para ir ao camarim trocar figurinhas. Ela chega primeiro que eles e senta-se no sofá que há ali e aguarda a vinda deles. Não demora para que os rapazes da banda passassem pela porta, todos animados ainda pela energia do show, se cutucando e rindo um com o outro.
— -chan! Que bom que está aqui! — fala Pon feliz em ver a recém-amiga e caminha até a mesa de petiscos, pegando uma garrafa d’água e uma maçã. — Se divertiu? — pergunta o rapaz, sentando-se ao lado dela.
— Muito! Nossa, vocês são incríveis no palco, não esperava por isso. Parabéns!
Elogia a mulher, sorrindo e observa Pon dá uma mordida na maçã e mantê-la em sua boca enquanto passa uma das mãos pelos cabelos, jogando-os para trás, e retira a tampa da garrafa.
— Obrigado, — agradece o vocalista, entregando a maçã para ela, que a segura. — Pode comer também, pude ver que estava saltitante tanto quanto eu, precisa de energia também — comenta, rindo.
— Ah, obrigada, Pon.
Os dois já estão se tratando formalmente a pedido de ambos. sempre respeitou o uso de termos formais com pessoas desconhecidas ou colegas de trabalho, mas confessa que sentia falta de chamar alguém apenas pelo nome. Que bom que Pon não liga muito para formalidades.
Mais à vontade, Pon relaxa seu corpo no sofá, enquanto todos conversam sobre o show e a possível ida de neles já que a mulher estará de férias até a semana que vem. Notando a descontração do vocalista, tenta não ficar endurecida ao lado dele, já que Pon tem um dos braços apoiado nos ombros dela fazendo, eventualmente, breves cafunés. Parecendo distraídos com os próprios assuntos paralelos, os demais membros da banda não percebem a conversa íntima entre e Pon.
— Posso te levar para o meu apartamento? — sugere Pon, ousado, e recebe o olhar saltado de . — Se achar rápido demais, posso esperar.
— Não é isso, Pon — diz, recuperando-se brevemente do pedido. — É que eu não esperava que você fosse me fazer tal pedido.
Ela ri ao fim da frase e Pon exibe uma vermelhidão em suas bochechas. Sussurrando de volta no ouvido dele, aceita o pedido do homem que sorri feliz com o aceite. Ele aproveita a deixa dada pelo produtor, que avisa que está na hora de deixarem o camarim, e ambos se levantam, Pon segura a mão de e a conduz até a saída do camarim, antes pega sua mochila para irem embora. O casal pega um táxi e seguem até o apartamento de Pon.
Ao chegarem lá, é acometida pelo cheiro do rapaz assim que entra na sala do pequeno apartamento dele. Ela pensa em sentar-se no sofá, mas tem a cintura agarrada por trás. As mãos de Pon deslizando em sua barriga, subindo um pouco por dentro da blusa dela, arrepiando que se deixa levar pelo embalo da dança dele. Pon mexe seu corpo, dançando lentamente, enquanto tem nos braços. Ela é menor que ele, cabe perfeitamente na circunferência de seu abraço quente. O homem abaixa a cabeça para beijar o pescoço dela, aspirando seu cheiro gostoso. Em sua mente toca uma música de sua autoria, música que ele adora e que dedicou sua escrita aos fãs, mas facilmente a dedicaria para agora. Carinhoso, como costumava ser, Pon a afasta um pouco de si, agachando para pegar no colo. Surpresa com o gesto repentino dele, a mulher solta um grito de espanto, mas logo se aninha nos braços fortes de Pon que a conduz até seu quarto. Lá, o vocalista a deita em sua cama e começa a despir a mulher. Ele não tinha o costume de dormir com a primeira pessoa que encontrasse pela rua, mas, hoje cedo quando viu chorar na beira do rio, ele sentiu algo diferente. Uma onda de desejo lhe tomou, como um furacão, que o fez tomar a atitude de procurá-la para conversar e então se encantou pela linda mulher. Agora, enquanto passa os lábios e língua pela barriga dela, Pon pensa se haverá um amanhã ao lado da mulher, se haverá mais noite como a que virá. Ele não consegue se desligar disso nem mesmo quando tem um dos seios de em sua boca.
[...]
O aroma da fresca manhã de primavera.
Misturado a ele, há o perfume do corpo de sob ele. Pon suspira, ainda de olhos fechados, esfregando o nariz no peito dela. Ele se recorda de ter se deitado ali após a segunda transa da noite anterior e adormecido. ainda dorme, então não percebe o que Pon faz agora. Com delicadeza, ele movimenta seu corpo, ficando de quatro na cama, e volta a se deitar sobre a mulher abaixo de si. Ele segura na lateral do corpo dela, para que não escape quando acordar, e começa a beijar sua barriga. Beijos lentos e molhados, estalando ao fim de cada.
Aos poucos o despertar de é inevitável. Assim que abre os olhos, ela sente o corpo de Pon remexer-se sobre ela enquanto ele a beija, provocando-lhe cócegas. A mulher sorri, levando as mãos até a cabeça dele, afagando seus cabelos. Os olhos inocentes de Pon se erguem para vê-la, mas a boca do rapaz segue em sua missão beijoqueira, incessante.
— Bom dia, Pon — diz , controlando o riso.
Ela não obtém uma resposta, Pon está ocupado demais agora e não pode lhe responder. O vocalista desce seu corpo, chegando até a intimidade dela, só então entende o que Pon irá fazer de verdade. Com o mesmo vigor dos beijos dados na barriga da moça, ele suga a intimidade dela arrancando suspiros e puxões de cabelo de que desconta todo seu tesão nos cabelos de Pon. Ele nem se importa, o que deseja é fazê-la gozar e isso demora um pouco para acontecer, mas, quando acontece, explode em sua boca assim como fez ontem com seu pau dentro dela.
— Bom dia, — responde ele, finalmente, voltando a deitar-se com metade do corpo ao lado dela e a outra sobre a moça. — Excelente dia, querida — completa o rapaz, sentindo os braços de envolverem sua cabeça, um gostoso cafuné sendo feito imediatamente em seus cabelos como agradecimento.
— Você é adorável, Pon.
O rapaz sorri com o elogio singelo e dá uma leve mordida no peito dela, voltando a se aninhar ali em seguida.
Certamente, Pon não consegue mensurar se verá depois que se despedirem ao fim da viagem de férias dela, mas deseja estar ao lado dela, aproveitando sua companhia, o máximo de tempo possível. Se pudesse, ficaria todo esse tempo deitado sobre o corpo quente dela, o corpo quente da mulher que cruzou seu caminho feito um raio, repentino demais para ser controlado. E, sinceramente, Pon deseja ser atingido por este raio mais vezes.
“Luz disforme nesta mão
Algo que só pode ser compreendido por mim
Certamente meu coração tremeu, o som que me mostrou o caminho
‘Isso é tudo’ no meu peito.” – Hand, Luck Life.
Fim.
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Nota da autora: O presentinho de aniversário do Pon-kun! (7/9) Feliz aniversário, coalinha fofo que a Li ama! <3