A moça é acordada pela aeromoça de seu voo. Desperta e sente o ar condicionado do avião mais forte. Agradece a aeromoça que sorri de volta e vai acordar outros passageiros que também haviam dormido. espreguiça-se e tira o cinto de segurança; levanta, pega sua mochila no compartimento e aproveita para tirar o celular do modo avião.
Caminhando pelo corredor do avião, a moça observa pelas janelinhas à sua esquerda o tempo lá fora. Tudo parece tão acinzentado, só então se lembra que é inverno no Japão. Teve a comprovação assim que pôs os pés para fora do avião, ainda no corredor que dava acesso ao local de desembarque, ela sente muito frio. Rapidamente tira de dentro da mochila um sobretudo que comprou exclusivamente para viagem.
Antes de sair, é orientada a usar uma máscara pelo menos enquanto estivesse dentro do aeroporto, como não tinha, ganha uma descartável da aeromoça.
As pessoas caminham apressadas de um lado a outro sem ao menos olhar ao redor. Ela senta-se em um dos bancos do salão principal do aeroporto e disca o número da .
—
Boa noite, ! — ela diz em japonês.
—
Bom dia, né? — responde do outro lado da linha.
— Amiga, já é de noite aqui. São exatamente — ela olha para o relógio do celular — 19h do dia 15/02.
—
Ah, mas aqui são 7h da manhã! — diz e completa: —
Sua sorte é que as crianças acordam cedo — fala a outra um pouco mal humorada.
— Meus afilhados já estão acordados que eu sei. Sem drama, — a amiga de bufou do outro lado e a moça ri lá do Japão.
—
Já sabe onde fica o hotel? — diz , trocando de assunto.
— Já — responde e olha a movimentação do aeroporto — Vou pegar um táxi para ir para lá. Dormi a viagem toda da escala para cá. — suspira, ainda está com sono.
—
Fuso horário, querida. Ame-o ou odeio-o.
— Pois é — elas riem e prossegue: — Já vou, amiga. Só liguei para avisar que cheguei.
—
Chegar no hotel, avisa, tá?
— Aviso sim. Beijo!
Despedindo-se da amiga, desliga a chamada. Vai até a esteira por onde passam as malas e aguarda a sua passar. Quando a avista, pega a pesada mala e arrasta pelas rodinhas até a parte externa do aeroporto. Colocando primeiro o pé direito para fora, sai e respira o ar frio da cidade, sentindo o corpo estremecer.
Finalmente está no Japão!
[🎡]
larga as malas no chão do quarto ao lado da cama. Finalmente está no hotel e pode descansar um pouco. Deita-se na cama e relaxa. Está tão feliz por estar em território asiático e no país que sempre quis visitar e que ama tanto. Ela toma um banho quente e se aquece, faz frio na cidade e ela não está acostumada. Manda uma mensagem de “boa noite” para e fecha os olhos. Logo adormece.
No dia seguinte, acorda cedo. Quer aproveitar cada segundo para conhecer cada centímetro da cidade. Após se vestir, desce até o restaurante do hotel, estão servindo um típico café da manhã japonês. Ela não resisti e vai experimentar.
Após o recheado café da manhã, ela volta ao quarto, escova os dentes, pega sua mochila e câmera e sai pela cidade.
Hora de turistar!
Tóquio é realmente deslumbrante. Dá jus ao título de metrópole. Altamente movimentada, a grande cidade conta com tudo o que uma metrópole exige: muitos prédios, restaurantes a cada esquina, pessoas lotando as calçadas, carro lotando as ruas, muito barulho que chega a enlouquecer… mas, contrapondo-se a essa loucura, tem a parte natural da cidade: parques com uma área verde lindíssima, crianças brincando, pracinhas onde casais namoravam escondidos, vários cantinhos da cidade em que se podia relaxar e sair de toda a agitação em volta.
pega o trem que a levou até um parque famoso da cidade, ela andou pelos caminhos do parque e tira muitas fotos. Queria registrar tudo, cada instante. Respira fundo o ar gelado e sente o frio começar a incomodar as pernas. A calça jeans está extremamente gelada, mesmo usando uma calça térmica por debaixo do jeans, ela sente muito frio. Resolve comprar um café quente para se aquecer. Ainda há muito o que visitar hoje.
Já está quase escurecendo, quando Li foi à estação onde desceu, pegar o trem de volta para o hotel. Já dentro do trem, ela descansa um pouco e revê as fotos que tirou.
Sonolenta, acaba cochilando, a estação do hotel era um pouco distante, não seria problema dormir um pouco.
— Senhora? Senhora? — ouve uma voz desconhecida a chamar e uma mão a sacudir. — Senhora? Está tudo bem? Já chegamos à estação final — essa última frase a fez abrir os olhos, assustada.
— Estação final? — diz ela, em japonês. O japonês dela é muito bom, sua conversação é excelente, não é à toa que ela é intérprete. O problema é sua leitura que é ruim ainda.
— Sim. Por favor, queira descer.
Atordoada, pega sua mochila e câmera e desce na estação final. E agora? O que ela fará para voltar para o hotel?
A estação está quase deserta e sua leitura em ideogramas é péssima. Eles sempre a confundiram, por serem parecidos ou um só significar palavras diferentes. Esse foi um dos motivos para ela ter focado na conversação. é intérprete nas três línguas:
inglês-português-japonês.
precisa voltar para o hotel, então tenta ler as placas da estação, mas não entende bem se o que está escrito era a direção certa ou a direção para outra cidade.
— Inferno de ideogramas difíceis! — reclama ela em voz alta, em português.
— Com licença, quer ajuda? — assusta-se, pois estava distraída. Encara o jovem rapaz que a fita com um olhar solidário. ajeitou a postura e responde em japonês.
— Sim, por favor. Eu tenho que voltar para esse hotel. — ela mostra um cartão do hotel que pegou hoje de manhã, antes de sair turistando pela cidade. O rapaz analisa o cartão e sorri.
— Sei onde fica. Eu te levo lá — fala, educado.
— Me diga somente onde fica, eu pego o trem e vou sozinha — diz ela, educada.
— Você tem que pegar dois trens em estações opostas. É melhor que eu vá, pode acabar se perdendo novamente. — explica ele. analisa a possibilidade de ir sozinha e se perder por Tóquio. Está tão cansada que cogita a possibilidade de deixar o rapaz a acompanhar — Mas, caso não queira, posso apenas te explicar. — conclui o rapaz.
— Não, não, está tudo bem. Agradeço a gentileza. Vamos, então? — diz ela, aceitando a ajuda do rapaz.
— Sim, claro — eles caminham até o outro lado da estação, onde fica o primeiro trem que eles irão pegar.
— Qual o seu nome? — questiona , curiosa.
— Ichiro. Ichiro Ito. — ele responde, sorridente. O rapaz é bem jovem, se ele tem 20 anos é muito. — E o seu?
— , mas pode me chamar de .
— Prazer em conhecê-la — Ichiro curva-se enquanto anda e faz o mesmo.
e Ichiro caminham até o outro lado da estação, onde o trem logo passará. Não é tão tarde, dá tempo de pegar o trem e chegar ao hotel a tempo do jantar que é servido até às 22h.
Eles embarcam no vagão não tão cheio e seguem meia hora de viagem até a primeira parada. Atravessam a estação e pegam um ônibus do lado de fora da estação que os levará até próximo ao hotel, mais trinta minutos de viagem. Descem do ônibus e caminham mais vinte minutos.
— Me desculpe por fazê-la andar, senhorita — Ichiro curva-se em desculpas. Já estão na porta do hotel.
— Não se preocupe, Ichiro. Eu gosto de caminhar — o mais novo sorri.
— Eu tenho que ir, meu trem passará daqui a pouco.
— Volte com cuidado. Obrigada pela ajuda — agradece mais uma vez e observa o jovem caminhar até a estação próxima.
Sua aventura foi tão intensa que pede para servirem seu jantar no quarto.
Após um longo banho e um jantar delicioso, a moça adormece profundamente.
[🎡]
Dois dias se passaram…
já conheceu boa parte de Tóquio, mas ainda falta muita coisa. Ela fez um roteiro pré-viagem, que logo foi modificando conforme os locais interessantes iam aparecendo pelo caminho.
Agora, entra em mais um parque que não estava no roteiro inicial. É o quinto que ela visita. Caminha com sua mochila às costas e sua câmera nas mãos, registrando tudo. Para em uma banquinha para comprar alguns doces e vai degustando enquanto anda. O parque não está tão cheio, mas movimentado.
As folhas das árvores colorem a grama coberta pela fina camada de neve. vê alguns funcionários do parque limpando as folhas.
Certo momento, ela nota que não havia ninguém em volta. Está tão encantada com a beleza do parque cheio de neve que não prestou atenção em mais nada. Continua andando, na esperança de ter uma saída do outro lado, mas quanto mais anda mais sozinha ela está. Até o momento em que ouve vozes.
Seguindo as vozes, logo viu algumas pessoas caminhando de um lado a outro, agitadas. Elas têm
headphones na cabeça e se comunicam entre si. Ela vê também alguns instrumentos, caixas de som e câmeras apontadas para o centro de um espaço que há ali, tipo uma praça, mas sem bancos. Ao longe, vê um lado e, mais ao longe ainda, uma roda-gigante.
"Deve ser aquele roda gigante famosa…", pensou ela, admirada.
— O que faz aqui?! Não pode ficar aqui! — assusta-se com a gritaria que se aproxima dela e vê um homem baixinho e mal humorado. — Hey! Rapaz do apoio? Onde está você, garoto?! — berra novamente, virando o rosto para os lados à procura de alguém. Ele se aproxima novamente de e segura forte em seu pulso.
— Me solta! — grita ela, em japonês bem claro, e puxa o braço de volta, mas o homem não a solta.
— Por que está aqui? Não sabe ler?! Não viu que tem uma placa onde diz que é proibido vir até aqui. — ele a puxa, como quem quisesse tirá-la dali a força. sente o pulso arder e começa a gritar por ajuda.
— Me deixa ir! Alguém me ajuda!! — ela grita, angustiada.
— Sr. Kunikida, por favor deixe-a ir! — uma voz conhecida a salva da confusão que se instaura.
— Ichiro! — o jovem olha para ela e a ajuda a se livrar do sr. Kunikida que ainda braveja irritação.
— Ito, você colocou a placa onde mandei?
— Não, sr. Kunikida, mas eu já ia colocar. — Ichiro se curva, desculpando-se.
— Meu Deus, que imprestável você é, garoto! Francamente! Tire-a daqui, agora! — brada e sai bufando, parecendo uma criança birrenta marchando.
— Me desculpe, srta. Li. Era para ter uma placa avisando da gravação, mas eu me esqueci de colocar, me desculpe. — Ichiro curva-se para Li dessa vez.
— Está tudo bem, Ichiro. Sei que não fez por mal. — ela diz num tom carinhoso.
— Você está bem? — questiona o garoto, preocupado.
— Sim, estou bem. E você? Seu chefe parece ser bem exigente…— comenta a moça espiando o sr. Kunikida bravejar com os demais funcionários.
— Estou sim. — responde Ichiro — Ele é bem exigente sim. Bom, Li, se você quiser ficar pode ficar. Já estávamos acabando a gravação — fala baixinho. — Estamos gravando um clipe, faça silêncio, por favor. Mas pode ficar.
— Oh, tudo bem, Ichiro. Farei silêncio.
encosta-se, um pouco afastada da área de gravação, na grade que cercava as árvores do local. Ficou observando Ichiro correr de um lado a outro, mais que seus companheiros de trabalho.
"Pobre garoto…"
Fez-se silêncio e o diretor, que logo vê que é o sr. Kunikida, fez a contagem regressiva para iniciar mais um
take.
Começa a música.
De imediato, sente os olhos arderem de emoção. Não será possível! De todas as bandas do Japão que gravam clipes ao ar livre, qual a probabilidade de ser o ? Justo no mesmo parque que ela está? O coração da moça dança no mesmo ritmo da música tocada pela banda.
Emocionada e ignorando a recomendação de Ichiro para ela ficar afastada, aproxima-se mais das câmeras, ficando bem de frente à banda que está performando conforme a música.
pôs as mãos na boca, espantada e começa a chorar. Não teve nem reação de tirar uma foto ou algo do tipo. Só quis admirar seus ídolos ali dançando quase que exclusivamente para ela, mesmo que indiretamente.
Ao fim da gravação, ela continua parada e chorando. Ichiro nota a presença dela ali e trata logo de tirar a moça antes que o chefe a visse, mas não foi rápido o suficiente.
— ITO! Por Deus, não sabe acatar uma simples ordem, garoto?! — berra ele ao ver que ainda está ali.
— Ela já está saindo sr. Kunikida — explica ele, enquanto puxa para fora da área de gravação.
— Será que eu mesmo terei que tirar ela daqui, Ito? — o diretor chegou mais perto deles e levanta a mão ameaçando bater na cabeça de Ichiro. rapidamente se pôs à frente do rapaz.
— Não vou deixar você fazer isso! — grita ela e prepara-se para o impacto da mão do pequeno e bravo homem, mas o outro logo recua o movimento de seu braço.
—
O que está havendo aqui? — reconhece de imediato a voz de e seus olhos recaíram rapidamente sobre a figura alta do jovem rapaz. Os olhos de ambos se encontram.
— ! Não há nada, apenas uma invasora… — o sr. Kunikida muda o tom de voz e postura na presença de dele. O rapaz revira o olhar, cansado das desculpas do diretor e o interrompe.
— Ela não é uma invasora. — diz ele, simplesmente — Vocês dois se conhecem? — questiona à Li e Ichiro que o olham boquiabertos.
— Ajudei ela há algum tempo -san, ela estava perdida. Foi coincidência ela aparecer aqui hoje, ela é turista e não sabe ler direito nosso idioma, mas fala muito bem. — responde Ichiro, nervoso. agradece por isso, pois não sabia se seria capaz de falar algo compreensível nesse momento.
— Entendo. Bom, você pode ficar. Já estamos acabando, não vejo problema em ver a sessão de fotos. — fala por último com o diretor que assente contrariado.
— Ah, obrigada -san — agradece , curvando-se.
— Me chame só de , por favor. — ele sorri e sente o corpo amolecer. Como pode ser tão fofo quando sorri? — Qual o seu nome?
— . Pode me chamar de , por favor. — responde ela com o rosto queimando de vergonha e frio. Por um instante, esquece-se
novamente que é inverno.
— Prazer em conhecê-la, — ela curva-se em comprimento. — Está com frio? — observador, percebe uma leve tremedeira em .
— Ah, está tudo bem. Só preciso me acostumar — ela sorri sem graça. — Seria bom andar com um
futon* pelo corpo, mas eu me acostumo sem ele. — ela ri do próprio comentário, ficando mais à vontade um pouco. Ele ri também, concordando com ela.
— Toma. Usa o meu sobretudo que é quase um
futon — ele tira a peça do corpo e joga por cima do ombro dela que o fita sem graça.
— E você, ?
— Eu… — só agora ele percebe que ficará sem proteção contra o frio. — Me empresta o seu, por favor?! — o olha, surpresa.
— Mas, é feminino…
— Eu não ligo.
O sorriso de é algo incrivelmente mais bonito e encantador pessoalmente do que nas fotos, não pode negar.
" tem razão: vai ser difícil eu não beijar ele…", pensa ela, se condenando por pensar assim dele.
e trocam de casacos e, para surpresa de , seu casaco ficou muito bem nele. Agradecido, o rapaz volta para onde o restante da banda está e começam a sessão de fotos. Ichiro volta ao seu posto de "faz tudo" e Li fica paralisada em seus pensamentos.
O cheiro de está impregnado no sobretudo. É inevitável para não sentir seu cheiro, tão agradável e
viciante. Ela quis mais, quis sentir esse delicioso cheiro direto da fonte. Começou a encarar com outros olhos. Parece que uma chavinha virou dentro da mente dela.
ídolo -
OFF
homem cheiroso, disponível e gostoso -
ON
Dentro da mente dela há uma placa em
neon com o nome do aceso. sente-se confusa a respeito de um homem pela primeira vez na vida.
"E que homem… ah, , se controla!"
Essa viagem está cada segundo melhor.
*uma espécie de edredom mais acolchoado que serve como cama.