"Mesmo assim, eu vou continuar
Eu agarrei estas mãos com firmeza
Irei te alcançar, mesmo distante.."
1 ano depois…
7AM, o despertador toca e eu não quero levantar.
A noite anterior foi tão especial para nós que eu realmente não quero sair desta cama, ainda mais que minha companhia dorme tão serenamente.
Ontem, e eu completamos um ano de namoro e tivemos uma noite definitivamente memorável. Impressionante como meu amor por ela cresce a cada minuto em que passo em sua companhia. Poder acordar ao lado de quem se ama é um privilégio. Me digam, então, como é acordar ao lado de quem se ama e que te ame de volta, como se chama isso? O
paraíso, talvez. Pois então, estou no paraíso todos os dias desde que aceitou o meu pedido de namoro.
Mantive minha respiração tranquila para não acordá-la. Repousei meu polegar em sua bochecha e acariciei de leve. Aos poucos, começou a esboçar uma expressão de riso no rosto. Sabia que ela estava acordada esse tempo todo.
— Então, a senhorita está acordada… — comentei, sorrindo. levou as mãos ao rosto, envergonhada e deixou uma fresta entre os dedos, de onde pude ver seu olhar travesso direcionado a mim.
— Bom dia, amor — sua voz sempre fica rouca pela manhã, muito sensual, mas ainda prefiro a voz dela pela noite, sussurrando em meu ouvido.
— Bom dia, rainha da minha vida — tirou as mãos do rosto e ela estava sorrindo tímida com o comentário. Tão fofa… — Hoje é domingo, vamos ao parque?
— Vamos! Como em nosso primeiro encontro — respondeu ela e chegou seu corpo para mais perto de mim, se aninhando em meu peito. Abracei seu corpo e apertei junto ao meu, aspirando o aroma de seus cabelos.
— Eu amo você, pequena — sussurrei e deixei um beijo na lateral de seu rosto.
[🌸]
Os parques se tornaram meus locais favoritos na cidade desde que comecei a namorar a . Atrelado a isso, o dia de hoje está propício para um longo passeio pelo parque. Sempre que viemos aqui, no parque próximo à estação de trem, fazemos uma espécie de ritual: ao chegarmos, nós vamos até alguma barraca de doces e compramos um doce para cada, pode ser algodão doce ou até pirulitos; depois, caminhamos pelas trilhas de pedra que levam a todos os cantos do parque; por último, nós nos deitamos na grama e observamos o céu.
— Amor, eu já volto, ok? — disse, ainda estamos deitados executando a última etapa de nosso ritual parquício. Girei a cabeça para olhar para ela, que já estava sentada.
— Ok, meu amor — respondi e fiz um bico, indicando que queria um beijinho de despedida. riu e inclinou o corpo para me beijar. Quando ela deu brecha, eu a agarrei, jogando-a na grama e me deitando em cima dela. Beijei-a com todo meu amor e depois a encarei sorrindo.
— ! Seu bobo! — reclamou ela e apertou meu nariz com os dedos em formato de pinça. — Já volto.
saiu e eu voltei a deitar. O céu está tão bonito azul, me parece até mais azul que de costume. Há poucas nuvens, mas as que têm, são rechonchudas e grandes. Algumas têm formato de animais ou de pessoas, como uma delas que insistiu parecer com o diretor Hiroki.
De olhos fechados, eu apenas senti que algo bloqueava a luz solar. Esse algo chegou mais perto e senti lábios encostarem em minha testa. Sorri, achando serem os lábios da minha amada namorada. Mas, para minha surpresa, quando abri os olhos não foi a quem eu vi.
—
Aimi?! — assustado, levantei num pulo e me afastei dela, me pondo de pé. Involuntariamente, olhei para os lados para ver se a não tinha visto, mas não a vi. Voltei meu olhar para a Aimi, que me encarava serenamente.
— Olá, — por que eu estou tão nervoso? Por que meu coração não para de acelerar?! Eu estou tendo um ataque cardíaco, socorro. — Você continua muito bonito. — o sorriso de Aimi, de canto de boca, me deixou desconcertado. Não sei se é pelo fato de eu não vê-la a muito tempo. Ou será que ainda sinto algo? Não, definitivamente eu não sinto mais nada por ela!
— O que faz aqui? E por que me beijou? — o fato da minha voz ter saído esganiçada me irritou profundamente. Não demonstre nenhuma fraqueza, ! Não na frente da sua ex.
— Eu voltei do exterior, cheguei hoje de viagem — respondeu ela.
— Isso eu notei — tentei me acalmar mais e tentar me livrar do pânico do primeiro impacto de tê-la visto de volta. — Quero saber o que faz
aqui?! — falei e apontei para o parque ao nosso redor.
— O parque é público, .
— Isso eu também sei — ela fez uma expressão óbvia e sorriu.
— Senti sua falta, sabia? — ela disse, de repente e minha tranquilidade, que até então já estava estável, saiu dos eixos novamente.
— Sentiu minha falta? — ri involuntariamente. Comecei a gargalhar e parei bruscamente para encará-la. — Você só pode estar brincando comigo, não é?
— Não estou, , eu…
— Meu nome é ! — falei mais alto do que pretendia. Ajeitei meus óculos de grau no rosto e acalmei minha voz. — Se puder me chamar de , agradeço.
— Já fomos íntimos, não precisamos dessa formalid…
— Fomos do verbo "não somos mais". — interrompi.
— Podemos ser nov…
— Nunca! Nunca mais existirá "nós dois", Aimi. Eu estou feliz agora, por favor, não tente estragar minha vida novamente. — eu não estava mais nervoso de medo, meu nervosismo agora era de raiva pela audácia das palavras dela. — Aimi, como ousa falar isso depois de ter ido embora? — meu tom de voz saiu com muita mágoa. Mágoa essa que eu não queria sentir. Um ressentimento grande por tudo que vivi ao lado dela.
— Eu amo você, . — voltei a rir. Amor… essa foi boa.
— Ama? — soltei uma risada abafada e prossegui: — Se me amasse, você ao menos se importaria em ter me avisado sobre seus planos, por mais que eu não estivesse incluído neles. Você nem cogitou a possibilidade de continuarmos noivos mesmo à distância. Simplesmente foi embora, Aimi.
— Eu queria…
— Aimi, eu não quero falar disso. Já passou e eu já superei sua ida, ok? Eu realmente estou feliz agora e não preciso desse tipo de conversa, pois não há possibilidade de volta no nosso relacionamento.
Aimi sorriu e abaixou a cabeça. Por cima do ombro dela, eu pude ver o semblante da parado atrás dela. Meu coração gelou, involuntariamente. A expressão de choro de era nítida. Ela segurava dois potes de sorvete, um em cada mão, provavelmente de nossos sabores favoritos: baunilha e chocolate.
Passei pela Aimi, que segurou meu braço, me impedindo de andar até a .
— Me solta, Aimi — eu disse, tranquilamente.
— … — a voz fraca de chegou até mim e eu me senti muito culpado por estar naquela situação, por mais que não tenha acontecido nada demais. Aimi se virou e jogou o olhar entre e eu, parecendo entender que temos um relacionamento.
— , não vai… — dessa vez, foi a minha vez de jogar o olhar incrédulo para a Aimi, que me encarou de volta ainda segurando meu braço.
— Jamais voltaria para você, Aimi.
Nunca! Com licença… — puxei meu braço do aperto dela e fui até que ainda estava paralisada.
Abracei pelos ombros e caminhei com ela para longe da Aimi.
Estamos a quase dez minutos andando pelo parque adentro calados. Achamos um dos
playgrounds onde tinham poucas crianças brincando e nos sentamos em um dos bancos. Imóveis, ficamos sentados um ao lado do outro sem dizer nada.
— … — resolvi quebrar o silêncio incômodo. Eu queria dizer que não aconteceu nada, mas eu não conseguia. Por que eu não conseguia? Um medo enorme de soar como uma desculpa esfarrapada. — Eu…
— O que a Aimi queria, ? — colocou os potes de sorvete no banco ao lado dela e se virou para mim.
— Ela queria voltar… queria reatar nosso relacionamento. — um nó gigantesco travava minha garganta. Quase não consigo respirar.
— O que? Depois de… depois de te deixar, de falar que você era fraco, ela queria reatar? Quase dois anos depois? ! — a indignação na voz dela era notável.
— Eu jamais voltaria para ela, ! Eu amo você! — segurei suas mãos e a fitei, sem desviar o olhar — Você é a única garota em meu coração e no meu mundo. Eu quero viver minha vida sempre tendo esses sentimentos por você.
Só por você! Eu quero ter isso com você… — olhei para as crianças brincando no parquinho e ela fez o mesmo.
— … — voltando a olhar para mim, completou emocionada: — Quer casar comigo?
Com o coração saltitando sem parar dentro do meu peito, eu quase chorei. Dizendo o "sim" mais certeiro de minha vida, eu abracei ela forte. Nos beijamos em seguida com muita emoção envolvida.
O beijo do "sim".
[🌸]
6 anos depois…
Mais um domingo de Sol e céu azul na cidade. Mais um domingo em que e eu viemos ao parque próximo à estação de trem. Nosso parque.
Dessa vez, temos a companhia de nossos filhos. Ren e Ichiro, com 5 e 4 anos de idade, respectivamente. Desde que eram bebês, nós os trazemos até aqui para brincar e respirar um pouco de ar puro. Claro que também levamos eles para o ar mais puro do país, vulgo cidade onde meus pais moram. Porém, com a correria de nossos empregos quase não nos sobra tempo para viajar até o interior do país para visitar meus pais.
ainda é chefe de
Marketing da mesma empresa onde nos conhecemos. E eu? Bom, virei chefe de TI da mesma empresa, é meu braço direito, ele está muito orgulhoso disso e usa seu cargo para tentar namorar as estagiárias da empresa. não tem jeito, realmente.
Ajudei a sentar- se no banco, o sétimo mês de gestação sempre foi difícil para ela. Dessa vez, teremos uma garotinha, nossa Sayuri. Os meninos brincavam no parquinho e eu fiquei apenas observando e curtindo a brisa fresca que fazia.
— Aqui continua muito bonito nessa época, não acha? — questionei para a e segurei sua mão.
— Muito! Vou sentir falta daqui e creio que os meninos também — comentou, observando os meninos correndo um atrás do outro pelos brinquedos do parquinho.
— Vão sim, mas tenho certeza de que lá terá um parque como esse. — eu disse e ela concordou com a cabeça.
e eu, agora que está próximo do nascimento da Sayuri, vamos nos mudar para uma casa que fica na cidade vizinha. Lá terá mais espaço do que em nosso atual apartamento. Três crianças, dois gatos e dois adultos realmente precisam de espaço.
Desde que conheci a , que começamos a sair e que me apaixonei por ela, que aquela sensação de vazio que eu sentia pelo término repentino com a Aimi, passou. Não que eu ache que todos que passem por situação parecida que a minha precisem de um novo amor para superar. Porém, no meu caso, caiu como uma luva minha aproximação com a . Ela é realmente incrível e tudo que eu precisava.
A presença dela fez nascer uma flor em meu coração asfaltado*. Metaforicamente falando, é claro.
NOTA: *Referência à capa do CD da Luck Life entitulado "Lily", que traz a imagem de uma flor saindo da rachadura do asfalto.
"...Não estou mais olhando pra trás
O que eu tenho? O que eu poderia fazer?
À procura dessas respostas
Irei atrás do futuro"
Lily, Luck Life