Ela se sentou no banco sentindo o coração querer sair pela boca enquanto encarava os pulsos levemente arroxeados. Um pequeno sinal do que aconteceria caso ela os desafiasse outra vez.
Aquele“jogo” estava ficando cada vez mais perigoso e sabia disso. Não fazia muito tempo que ela havia trocado de continente, buscando recomeçar. Há cinco meses, deixou para trás a Espanha e aterrissou em Incheon, na Coreia do Sul, carregando pouco mais que uma mala e cicatrizes invisíveis. Fugir do ex-namorado abusivo parecia a melhor opção. Um novo país, uma nova vida. Mas a liberdade tinha um preço alto, e ela estava longe de ter recursos para pagá-lo.
Sem conhecer ninguém e com um coreano limitado, se viu sem alternativas. Desesperada para sobreviver até encontrar um emprego estável, procurou ajuda onde não deveria. Os agiotas surgiram como uma solução temporária. O dinheiro veio rápido e fácil, mas com ele vieram também as ameaças sussurradas e olhares frios. No início, ela acreditava que conseguiria quitar a dívida assim que fosse efetivada no restaurante onde havia conseguido uma vaga temporária como auxiliar do chef. Contudo, não passou do período de experiência. Agora, sem renda e com os cobradores cada vez mais impacientes, a corda apertava em seu pescoço.
Os hematomas em seus pulsos eram um lembrete cruel disso. Não haviam usado muita força — ainda —, mas o aviso estava claro. Próxima vez, poderia ser pior. sabia que precisava encontrar uma saída. Rápido.
Ela observou o movimento da cidade ao redor, sentindo-se ainda mais isolada no meio da multidão. Incheon pulsava com vida, mas para , cada rosto era apenas mais um desconhecido. Ela fechou os olhos por um momento, buscando coragem onde parecia não haver mais nada. Fugir não era mais uma opção. Mas lutar? Isso parecia quase impossível.
O frio começava a cortar sua pele através do casaco fino. Levantou-se devagar, escondendo os pulsos nas mangas, e começou a caminhar sem rumo. Ela precisava de um plano. E precisava agora.
Algumas lágrimas teimosas escaparam de seus olhos, deslizando silenciosamente por suas bochechas geladas. fungou discretamente, mas logo os soluços suaves escaparam de sua garganta, sacudindo seu corpo frágil. Ela apertou os lábios, tentando conter o pranto, mas a dor e o desespero eram mais fortes.
Foi então que, distraída por seus próprios pensamentos sombrios, esbarrou em alguém. O impacto a fez cambalear um passo para trás. Seus olhos lacrimejantes se ergueram para encontrar o olhar do estranho.
— Me desculpe… — murmurou, apressando-se em limpar as lágrimas com a manga do casaco. Mas o gesto fez com que a manga escorregasse, revelando parte dos hematomas arroxeados em seus pulsos.
O estranho franziu o cenho ao notar as marcas. O olhar dele passou rapidamente de seu rosto para os pulsos expostos.
— Você está bem? — perguntou, a voz carregando uma mistura de preocupação e curiosidade.
congelou por um instante, o coração acelerando ainda mais. Ela puxou a manga de volta, escondendo as marcas, e balbuciou:
— Estou… estou bem. Foi só um acidente.
Mas até mesmo para ela, a mentira soou frágil.
Sem conseguir conter mais a dor sufocante, voltou a chorar. Mas dessa vez, as lágrimas vieram copiosas, e os soluços tomaram conta de seu corpo. As pernas vacilaram, e ela sentiu-se ainda mais vulnerável.
O estranho hesitou por um breve momento, observando-a com preocupação. Então, sem dizer nada, segurou gentilmente seu braço.
— Vem comigo. — A voz dele era firme, mas suave.
tentou recuar, mas ele não parecia ameaçador. Ao contrário, havia algo reconfortante em sua presença. Ele a guiou com cuidado até uma cafeteria próxima, o calor do ambiente contrastando com o frio cortante do lado de fora.
— Sente-se. Eu vou pegar algo quente para você. — Ele indicou uma mesa em um canto mais reservado.
obedeceu, ainda tremendo. Pela primeira vez em muito tempo, sentiu-se um pouco mais segura, mesmo que por um breve instante.
Sentada, ela pegou alguns guardanapos do suporte sobre a mesa e tentou limpar as lágrimas que insistiam em escorrer por seu rosto. Seus dedos tremiam, tornando o gesto desajeitado. Quanto mais tentava se recompor, mais percebia que era inútil. O guardanapo se desfazia em suas mãos úmidas, incapaz de conter o choro descontrolado.
Do balcão, o estranho a observava enquanto fazia o pedido. Seu olhar era atento, preocupado, como se tentasse entender o que poderia ter levado alguém a esse estado.
pressionou outro guardanapo contra o rosto, frustrada com sua própria fraqueza. Mas, naquele momento, não havia forças para esconder sua dor. Tudo que podia fazer era esperar que aquele estranho retornasse, torcendo para que ele não fizesse mais perguntas.
Pouco depois, ele retornou com um copo e uma garrafa de água. Colocou-os suavemente à frente dela.
— Beba. — Sua voz era calma, mas carregava um tom de preocupação.
pegou o copo com as mãos trêmulas, serviu-se e levou a água aos lábios. O líquido frio desceu pela garganta, proporcionando um breve alívio. Quando colocou o copo de volta sobre a mesa, o estranho a observava atentamente.
— Quem fez isso com você? — perguntou de forma direta, os olhos fixos nos dela.
imediatamente balançou a cabeça, negando. Os olhos se encheram de lágrimas outra vez, mas ela desviou o olhar, encarando o copo vazio.
— Não precisa ter medo. — Ele insistiu, a voz mais suave. — Eu só quero ajudar.
Ela permaneceu em silêncio, mordendo o lábio inferior com força. As palavras pareciam presas em sua garganta, mas o olhar firme e paciente do estranho fazia com que parte da sua resistência começasse a ceder.
— Não tem como ninguém me ajudar — sussurrou, a voz falha. — Eu me meti numa enrascada… e preciso sair disso sozinha. Só não sei como.
O estranho inclinou levemente a cabeça, observando-a com mais atenção. Um brilho de compreensão passou por seus olhos.
— Você se meteu com gente barra pesada, não foi?
arregalou os olhos por um instante, surpresa com a precisão dele. Não disse nada, mas o silêncio foi resposta suficiente.
Ele suspirou baixinho, apoiando os cotovelos na mesa.
— Se for isso, talvez você não precise lidar com isso sozinha.
ergueu o olhar, confusa.
— O que você quer dizer?
O estranho respirou fundo, se inclinando um pouco mais sobre a mesa. Abaixou o tom da voz, como se não quisesse ser ouvido por mais ninguém.
— Talvez eu possa te ajudar… se você me ajudar também.
franziu o cenho, desconfiada.
Ele manteve o olhar firme nos olhos dela, respirando fundo.
— Você é maior de idade, né?
A pergunta fez piscar algumas vezes, confusa.
— Sou… tenho vinte e dois anos. Por quê?
Um leve sorriso surgiu no canto dos lábios do estranho.
— Ótimo. Então talvez possamos conversar sobre como sair dessa enrascada juntos.
— Eu ainda não entendi… e eu nem sei seu nome!
Antes que ele respondesse, o garçom chegou com duas xícaras de café, colocando-as suavemente sobre a mesa. O estranho agradeceu com um aceno e esperou o garçom se afastar.
Ele levou a xícara aos lábios, tomou um gole da bebida quente e voltou a encará-la.
— Meu nome é . — Sua voz era calma. — Promete não me julgar nem sair correndo com a minha proposta?
O coração de disparou, e ela permaneceu sem reação. umedeceu os lábios, inclinando-se levemente para frente e abaixando o tom de voz:
— Eu trabalho com conteúdo adulto... preciso de uma estrangeira para gravar comigo. Eu pago sua dívida se você topar. Está metida com agiotas, não está?
arregalou os olhos, perplexa.
— O quê?
Continua...
Liverpool x Newcastle United (Final)
ESPN
Encontrou algum erro de betagem na história? Me mande um e-mail ou entre em contato com o CAA.
Nota da autora: Olá meu anjo! Se gostar, não se esqueça do comentário.