Autora: Ana Ammon
    Autora Independente
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Finalizada em: 22/10/2024




Eu estava vagando pelo YouTube enquanto ainda estava jogada na cama, me deparei com o tal do match show e cliquei no programa para ver o que era, eram cerca de dez mulheres segurando bexigas em uma sala, o apresentador chamava o primeiro candidato que começava a se apresentar, conforme elas não iam gostando dele elas estouravam essas bexigas.
Fiquei um bom tempo assistindo aos episódios, vi inclusive o que eram caras com as bexigas e as moças entrando na sala, aquele programa me lembrava minha adolescência assistindo MTV, quando cheguei no último episódio postado logo no começo tinha um aviso.

“Caso você queira participar, envie um e-mail para nós com uma foto sua e seus hobbies!”

Pausei o vídeo e fiquei encarando a tela durante uns instantes, foi quando uma voz berrou na minha mente falando para eu tentar, dei risada com as possibilidades e resolvi dar uma chance para a voz da minha cabeça, escrevi o tal e-mail para eles conforme eles pediram.
Se passou uma semana do e-mail, eu sinceramente já nem lembrava direito dele, foi quando recebi uma ligação de um número desconhecido.

- Alô?
- ?
- Sim, quem é?
- Sou o Gustavo, apresentador do match show, gostaria de saber se você tem interesse em participar do nosso programa, será uma edição especial internacional.
- Hm, tenho interesse sim.
- Perfeito, iremos te enviar por whatsapp o endereço, o programa será gravado daqui quinze dias na sexta feira.
- Ok, contem comigo, mas como assim internacional?
- Bom, teremos rapazes e moças de outras nacionalidades, fizemos parceria com um canal americano, estamos convidando brasileiros que falam inglês, o programa será todo em inglês dessa vez.
- Ok! – respondi empolgada.

Desliguei a ligação e em menos de dez minutos me enviaram o endereço, seria gravado na Vila Mariana aqui em São Paulo mesmo as cinco da tarde, fiquei empolgada com a ideia e fui atrás de algumas roupas novas, comprei uma calça jeans uma jaqueta nova de couro e maquiagem, camiseta para usar eu tenho de sobra mesmo.
Os quinze dias se passaram voando, quando chegou a sexta feira eu acordei empolgada fiz o que faltava para entregar o trabalho para o cliente, chegou três da tarde eu comecei a me arrumar, lavei, sequei e finalizei meu cabelo, fiz uma maquiagem um pouco mais pesada com os olhos mais carregados e um batom mais suave, me vesti e fui para o endereço no Vila Mariana, estacionei dentro do prédio onde eu iria e subi, quando cheguei me colocaram em uma sala junto com mais nove mulheres, todas bem arrumadas como se fossem à uma entrevista de emprego, elas falavam sobre carreira, maquiagem, cabelo e outras coisas que não me interessava muito, eu estava quieta sentada até que uma delas veio falar comigo.

- E você, faz o que?
- Trabalho com design gráfico.
- Ah, diferente né?
- Não tanto, é um trabalho como qualquer outro. – dei de ombros. – e você?
- Sou oftalmologista.
- Que legal! Parece algo interessante de trabalhar. – sorri para ela.
- Garotas. – Gustavo entrou na sala chamando a todas, entregando as bexigas e palitos. – Seguinte, as bexigas de vocês são essas, os palitos, vocês receberam aí uma bexiga para cada rodada, caso o palito quebre teremos mais lá, o critério para estourar a bexiga ou não é totalmente de vocês. – ele sorriu. – boa sorte!

Fiquei encarando as bexigas azuis na minha mão pensando se realmente iria valer a pena estar ali, logo nos chamaram para entrar na sala, ficamos uma ao lado da outra de frente para o Gustavo, assim que estava tudo pronto ele chamou o primeiro participante, um cara alto, magro, vestindo um terno entrou pela porta, ele nem havia falado o nome e eu já estourei a bexiga.

- Nossa mas já? – Gustavo falou rindo enquanto o ajudante dele vinha na minha direção com o microfone.
- Não faz o meu tipo. – sorri para o moço.

Senti os olhares das meninas na minha direção e encostei na parede esperando, o moço se apresentou, falou o que fazia da vida, quais eram os planos para o futuro e conforme ele ia falando bexigas iam sendo estouradas, ele saiu com uma garota que foi a única a não estourar a bexiga.
Eu estourei a bexiga para os próximos dois que entraram na sala, ambos o padrão de cara que não me agradava muito, típicos playboys que gostam de ostentar e esse tipo sinceramente não me agrada, antes de entrar o terceiro o Gustavo que estava meio inconformado comigo estourando a bexiga sem nem deixar os caras falarem, começou a falar olhando para mim.

- O próximo candidato é um cara um tanto quanto diferente, tem quem curta o estilo dele, quem sabe nossa amiga que está estourando os balões sem dar chance deles falarem se segure um pouco agora. – eu dei risada encarando o chão, ele sorriu e abriu a porta – Pode entrar!

Quando ele passou pela porta falando Hi! Aquela voz familiar soou em meus ouvidos e eu levantei a cabeça lentamente enquanto encostava na parede, eu realmente precisava apoiar em algun lugar.

- Vamos lá, seu nome e o que você faz da vida. – Gustavo perguntou ainda me encarando.
- Matthew, sou americano e tenho uma banda. – ele falou enquanto eu analisava cada detalhe dele, ele estava vestindo uma jaqueta jeans com mangas rasgadas deixando à mostra as tatuagens nos dois braços, uma camiseta do Alice in Chains por baixo da jaqueta, uma calça jeans preta e um tênis comum, também estava de óculos escuros, bandana e boné virado para trás. – Prazer em conhecê-las. – ele sorriu deixando a mostra aquelas covinhas que me tiram a sanidade.
- E o que procura aqui hoje? – Gustavo perguntou notando que ninguém havia estourado o balão, nem mesmo eu. – Ora ora, não é que dessa vez ela esperou. – ele sorriu olhando para mim. – Tem algo a declarar? – o ajudante veio com o microfone na minha direção mas eu neguei com a cabeça.
- Bom, procuro um date, acabei de sair de um relacionamento de muitos anos. – ouvi três bexigas sendo estouradas.
- Hm, querem falar o porquê estouraram? – Gustavo perguntou enquanto o ajudante ia até uma delas.
- Ah, ele acabou de sair de um relacionamento, não quero dor de cabeça. – as outras duas concordaram com o que a moça havia falado.
- Alguém quer fazer alguma pergunta?
- Eu. – uma moça ao meu lado levantou a mão. – Por que terminou o relacionamento? Foi de uma forma amigável?
- Bom, já não estava mais dando certo e sim, foi de uma forma amigável e confortável para nós dois e para nossos dois filhos. – Matt respondeu sorrindo deixando aquelas covinhas que me levam a loucura a mostra.
- Mais alguma pergunta?
- Eu tenho. – a moça do outro lado da sala falou. – Bom, você é o que na banda e qual o gênero dela? Faz quanto tempo que tem a banda? E claro, quantos anos tem?
- Sou vocalista, montamos a banda de rock heavy metal em noventa e nove, desde então estamos juntos, passamos pela perda do nosso baterista e foi uma fase bem complicada para nós todos, sobre a idade, tenho trinta e nove.

Ouvi algumas bexigas sendo estouradas, eu estava tão presa olhando para ele que nem notei que só faltava a minha e a de mais uma moça, minha mente estava vagando pensando que talvez eu tivesse um date com um dos meus ídolos e, ironicamente, um date armado por um programa de youtube.

- Então temos ainda duas bexigas! – Gustavo falou me tirando dos meus pensamentos. – Alguma de vocês duas tem mais alguma pergunta?
- Eu tenho. – a moça loira do outro lado da sala falou. – Você poderia tirar os óculos escuros? – Matt concordou e tirou os óculos pendurando eles em seguida na gola da camiseta, deixando a mostra aqueles olhos verdes maravilhosos.
- Agora é com você Matt, sua vez de fazer perguntas e estourar a bexiga delas.
- Na verdade, Gustavo, não tenho perguntas. – ele respondeu olhando para a moça loira, sinceramente ela me lembrava muito a ex dele. – Mas já tenho a minha escolha. – ele falou encarando muito ela, eu desviei o olhar para o chão.
- Nesse caso, fique a vontade. – Gustavo entregou um palito para o Matt que foi direto na moça loira e estourou a bexiga, quando ouvi o barulho olhei novamente para o Matt.
- Ah, sério? – ela falou inconformada.
- Desculpa, você me lembra muito a minha ex. – ele se virou e caminhou em minha direção, parou na minha frente e estendeu a mão, rapidamente eu apoiei minha mão na dele e senti uma espécie de choque passando por mim. – Aceita sair comigo?
- Claro! – respondi tentando conter a empolgação e caminhei ao lado dele até o Gustavo.
- Quem diria que finalmente você não iria estourar a bexiga assim que ele passasse pela porta. – Gustavo riu e olhou para o Matt – Bom, antes de ir tenho que te pedir uma palinha de alguma música!
- Claro! – Matt sorriu e pegou o microfone. - You should have known the price of evil, And it hurts to know that you belong here, yeah No one to call, everybody to fear, Your tragic fate is looking so clear, yeah... Ooooh, it's your fucking nightmare! - Ele devolveu o microfone para o Gustavo e agradeceu os aplausos.
- E você, , tem algo a falar ou perguntar para ele? Última chance!
- You had my heart, at least for the most part – cantei no ritmo de A Little Piece of Heaven e o Matt me olhou surpreso.
- Então por isso não estourou a bexiga! – Gustavo falou rindo. – Já conhecia!
- Já – dei risada meio sem graça. – Assim que entrou eu reconheci, também sofri com a perda do baterista da banda em dois mil e nove, mas sofri como fã.
- Então realmente conhece minha banda? – Matt arqueou a sobrancelha.
- Você canta diariamente em meus fones de ouvido há anos. – sorri para ele.
- Que cantada brega. – Gustavo riu. – Bom, temos um match?
- Claro! – eu e o Matt respondemos juntos.

Saímos de lá e ele me levou para um restaurante indicado pelo programa, assim que entramos fomos direcionados a uma mesa onde do lado vi que estavam o último casal que saiu do programa, me sentei de frente para o Matt, fizemos nossos pedidos e ficamos em silêncio.

- Então, você realmente é fã?
- Sim. – respondi meio sem jeito.
- Engraçado, não achava que minha banda ainda tinha fãs no brasil.
- Ah Matt, a fanbase de vocês aqui é bem grande, dá fácil para lotar um estádio.
- Sério? Da última vez que viemos não tivemos uma boa experiência.
- Também, os organizadores do evento que trouxe vocês não souberam organizar o line up, colocaram vocês para tocar antes de uma banda que a fanbase é um bando de tiozão que não aceita bandas novas.
- Olha, você tem um bom ponto.
- Fora que vocês estavam com o Arin na bateria, convenhamos... – ele deu uma gargalhada gostosa de ouvir.
- É, você realmente é fã. – ele sorriu e agradeceu ao garçon que estava colocando nossos pratos na mesa. – Bom, você é daqui?
- Daqui... São Paulo?
- Sim.
- Sim, sou, nascida e crescida aqui. – sorri pegando o garfo e olhando para o prato.
- Tem alguma idéia de onde podemos ir?
- Bom, como está de noite, a maioria dos lugares que seriam legais de ir por causa da vista estão fechados. – falei pensativa.
- Ah, o hotel que eu estou tem uma parte no andar do meu quarto que tem um bar e uma vista bacana.
- Interessante, qual hotel você está?
- Renaissance.
- Um belo hotel
- Sim, foi caro mas acho que vale a pena pelo que ele oferece.
- Desculpe a curiosidade, quanto está a diária lá?
- Seicentos dólares, não achei tão caro. – assim que ele falou o valor eu fiquei completamente chocada – Enfim, quer ir para o bar de lá?
- Claro!

Nós terminamos de comer, agradecemos a produção do programa que estava lá nos acompanhando de longe e fomos em direção ao uber que o Matt já havia chamado, durante o percurso de carro fomos conversando, notei o motorista bem interessado no assunto, quando chegamos o motorista pediu uma foto com o Matt e foi embora, entrei com ele no hotel e fomos juntos até o bar onde ele havia falado, nos sentamos em uma espécie de bancada de frente para a janela que era de frente para a avenida Paulista, pedimos nossos drinks e ficamos um tempo admirando a vista.

- Bom, me conta, por que resolveu participar de um programa de YouTube?
- Ah, as vezes poderia me trazer algo novo, experiências novas, também foi meio no impulso. – ele admitiu e riu.
- Então temos os mesmos pontos. – dei risada junto. – Eu fico tão presa dentro de casa trabalhando que esqueço como é sair de casa um pouco.
- Você trabalha com o que?
- Sou designer gráfico – sorri para ele.
- Então trabalha em casa, deve ser muito bom.
- Olha, é relativo. – dei risada. – Tem vezes que é ótimo, afinal lidar com pessoas é algo realmente complicado, tem vezes que é péssimo por que acabo nunca saindo e por consequencia não conheço gente nova.
- Entendo bem. – ele sorriu e apoiou a mão na minha perna, quando notou que não demonstrei incomodo nenhum, se aproximou e selou nossos lábios dando inicio a um beijo intenso, eu senti um arrepio subindo pela minha coluna e me entreguei ao momento, apoiei a mão na nuca dele e o puxei para mais perto. – Acho que aqui não é o local ideal. – ele sussurrou ao pé do meu ouvido. – O que acha de irmos para um lugar mais privado?
- Eu topo. – falei sentindo minha voz falhar.

Nos levantamos e eu fui guiada por ele até o quarto onde ele estava hospedado, quando chegamos no quarto ele abriu a porta e me puxou pela cintura selando nossos lábios, eu me entreguei novamente ao momento, estávamos em perfeita sincronia, as peças de roupas foram deixadas pelo caminho em direção à cama, ele me deitou gentilmente na cama e com certa agilidade pegou a camisinha em sua carteira e a colocou, ali eu realizei o meu sonho de estar com ele, depois de tudo eu acabei adormecendo ali na cama junto com ele.
Acordei na manhã seguinte achando que tudo tinha sido um sonho, quando olhei para o lado e o vi ali, não me contive e sorri enquanto observava ele dormindo, ele acordou e sorriu de volta.

- Good morning sunshine. – aquela voz rouca soou pelo quarto como música para meus ouvidos.
- Bom dia. – sorri.
- Bom, meu voo de volta para o estados unidos é hoje.
- Ah...
- Mas eu prometo que vou voltar, ou se você quiser, pode ir me visitar também.
- Nesse caso eu aceito as duas idéias. – dei risada e deitei me aninhando em seu peitoral.
- Quando quiser ir, é só falar.
- E você quando quiser vir para cá, saiba que tem onde ficar.

Os meses foram se passando e a gente revezava quem ia para casa de quem, até que ele me pediu para ficar de vez por lá, e claro, eu aceitei a idéia, afinal quem iria recusar o convite de morar junto com seu ídolo?
Ele me pediu em namoro pouco tempo depois, seria mais para termos o que responder quando perguntavam sobre o que nós eramos, por que na verdade já estávamos levando uma vida de casados morando juntos, ele conseguiu para mim o visto de trabalho, onde eu tinha direito a morar nos estados unidos, o que facilitou demais minha mudança, realmente eu estava vivendo um sonho e não pretendo acordar desse sonho tão cedo.



Continua...



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Nota da autora: Sem nota.








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