Ao terminar de ajustar o foco de sua câmera, o homem conclui que está tudo pronto para o início da sessão de fotos. Agora são 14h37 e ele aguarda a chegada de seus clientes, mais um casal para fotos românticas, ele já havia perdido a conta de quantos casais já fotografou dessa forma. Ansioso, olha para o relógio e se incomoda com o atraso deles que já deveriam ter chegado há meia hora. Porém, ao longe ele escuta vozes exaltadas que parecem estar no meio de uma discussão fervorosa e eles estão cada vez mais perto.
— ... você nunca pode nada, Yamato! — diz a mulher que vem se aproximando de onde está com seu equipamento. — Pelo menos hoje, por favor, não seja um babaca!
— Você sempre inventa essas coisas e não me avisa, sabe que eu odeio — brada o rapaz dando um tapa, que passa raspando, na mão da mulher. arqueia a sobrancelha encarando a cena.
— Se eu falasse, você não viria. Aliás, você nunca faz nada que eu peço — reclama ela, agora o casal já está bem perto de .
— Chata... — resmunga Yamato e pigarreia para chamar a atenção deles.
— Ah, oi — diz a moça para . — Você deve ser , o fotógrafo, certo? — ele sorri.
— Sim — responde , ajustando o pedestal de sua câmera.
— Nos perdoe pelo atraso... — inicia a mulher, mostrando-se realmente arrependida, mas é interrompida pelo namorado.
— Nem era para eu ter vindo — reclama e recebe um olhar irritado da mulher.
— Bom, vamos começar?
acha melhor desconversar e tentar começar logo o ensaio. O casal parece concordar e se posicionam na frente da câmera, no local indicado por ele. É inverno na cidade e todos estão agasalhados, nota que a mulher usa um gorro em sua cabeça com um pompom no topo, ele sempre achou que mulheres ficam fofas quando estão usando gorros. Não é diferente dessa vez.
O fotógrafo registra algumas fotos e nota certo desconforto por parte de ambos. Ele pede para que façam poses comuns entre casais, mas parece que com esse em específico é difícil executar tais poses. Em dado momento, cinco minutos após o início do ensaio, o Yamato parece se irritar com algo e empurra a namorada.
— Oh! — espanta-se , pronto para se meter na briga.
— Não me empurra, Yamato! — briga ela. — Se não quer ficar, vá embora, então! — ela grita com a voz embargada.
— Pois é o que eu farei — ele diz, simplesmente e, antes de sair definitivamente, conclui dizendo: — A propósito, estou terminando com você. Adeus.
— Hã?!
A mulher vê o rapaz deixar o local marchando para longe, a expressão entristecida dela transparece em forma de lágrimas, ela leva às mãos ao rosto. Sem saber direito o que fazer, se aproxima dela bastante receoso.
— Ah... senhorita... ah... — hesita ele.
— Hã? — ela ergue o rosto para encará-lo e nota os olhos vermelhos dela, a expressão de choro estampada.
— Como se chama? — hesita em perguntar, por medo dela se ofender, mas ela apenas responde:
— Me chame de , por favor — coçando os olhos, ofegante.
— Não fique assim, eu sei que pode ser difícil, mas...
— Está tudo bem — interrompe ela. — Eu sabia que essa relação não duraria muito — completa ela, convicta, mas ainda assim chorosa.
— Oh, eu sinto muito — diz com sinceridade. — Bom, como não teve ensaio eu posso devolver o dinheiro, não tem problema.
— Oh, não, é o seu trabalho , eu vou te pagar. Inclusive... — ela caminha, enxugando as lágrimas, até a bolsa que havia deixado perto da mochila de e procura seu celular. Ao achá-lo, ela diz: — Eu vou transferir o restante para você — conclui e digita a senha do aplicativo do banco, pronta para enviar o restante do combinado pelo ensaio, mas segura a mão dela.
— Não precisa, senhorita ... — eles param por alguns instantes e se encaram, a mão de segurando a mão dela, apesar de ambos estarem de luvas, eles sentem arrepios e não é por conta do frio. — Desculpa — pede ele, soltando a mão de .
— Tudo bem, eu... bom, como eu não pagaria pelo trabalho, ? Você veio até aqui para isso, eu tenho que te pagar mesmo que não tenha tido um ensaio de fato — ela ri sem humor ao fim da frase.
— Vamos fazer assim: eu irei tirar fotos suas e ficamos quites, que tal? — sugere o rapaz.
— É, acho que podemos fazer assim, mas não estou mais no clima para fotos — lamenta-se . — Eu preciso voltar para casa... — ela abaixa o braço que segura o celular, de repente, e sente o corpo amolecer. segura a moça antes que caia.
— Está tudo bem?
— Está... — ela diz com a voz baixa e respira fundo. — Podemos marcar outro dia para as fotos? Prometo que te pago a mais por elas — pede e sorri.
— Podemos sim, mas não precisa pagar extra — responde o fotógrafo e completa: — Você mora muito longe daqui?
— Não, são quinze minutos caminhando — explica .
— Eu vou te acompanhar até em casa.
— Oh, não precisa, !
— Não vai me incomodar — determina. — Você não está bem e eu não posso te deixar sair daqui assim, voltando sozinha para casa — completa e segura a pelo braço. — Se precisar se apoie em mim. Só preciso arrumar minhas coisas, você espera?
— Claro...
caminha ao lado dela e senta-se no banco enquanto observa o rapaz arrumar seus equipamentos. Ao concluir, ele a moça ajuda a se levantar e eles caminham até a rua que dá direto onde mora. leva em um dos ombros sua mochila e segurando no mesmo lado a bolsa dos equipamentos fotográficos; em seu outro ombro, ele apoia o corpo da jovem que ainda está com dificuldades de respirar e sentindo-se tonta. A rua tranquila onde mora remete um ar familiar ao rapaz, a tranquilidade de ver crianças brincando na rua sem medo, a brisa fria de inverno batendo em sua pele fazendo-o se encolher dentro de seu casaco.
Eles chegam até uma casa simples, porém bastante simpática. abre a porta e convida a entrar um pouco para tomar um chá, em forma de agradecimento pela ajuda e uma recompensa pelo serviço de fotografia que ele não conseguiu realizar no dia contratado. deixa seus sapatos no hall de entrada juntamente com sua mochila e a bolsa com seus materiais de trabalho.
— Fique à vontade, por favor, — avisa enquanto deixa suas coisas numa cadeira na sala e adentra mais à casa.
O rapaz senta-se no sofá e começa a observar o ambiente. À primeira vista de uma pessoa distraída, dá para julgar que mora sozinha, porém, alguns papéis com desenhos abstratos espalhados pelo chão, brinquedos em cima do sofá e das cadeiras, além claro de ter uma mesinha com muitos lápis de cor e mais papéis rabiscados na sala, indica que há uma criança ali. E ela não tarda a aparecer.
— Mamãe!!! — diz uma voz infantil, gritando, enquanto o seu dono corre na direção da cozinha, agarrando as pernas da mãe.
— Hero — diz e passa a mão pela cabeça do pequeno. — Diga oi para o , filho — avisa ela e o garotinho vira para sala, vendo sentado no sofá com uma expressão assustada na face.
— Oi, tio ! — o garotinho caminha até a sala acenando para que apenas acena de volta, sem dizer nada. — A tia Ayumi disse que precisava ir logo, mas que ia ligar pra você mamãe!
— Obrigada, meu amor. Depois falo com ela.
está curioso em perguntar se Hero é filho de Yamato, mas conclui mentalmente que não é uma boa pergunta a se fazer ainda mais com as circunstâncias que antecederam a ida dele até a casa de . Além do mais, esse garoto não se parece com Yamato, já com a , ah, ele se parece e muito. Tem os mesmos olhos grandes e marcantes da mãe e a meiguice também é notável.
O garotinho senta na pequena cadeira em frente a mesinha onde estão seus lápis de cor e pega uma das folhas em branco e o lápis cor da cor verde, ele começa a rabiscar na folha. O fotógrafo observa o pequeno desenhar e fica tentado a ajudar o garotinho, pois ele tenta contornar a própria mão para desenhar uma em tamanho real no papel. Porém, ele não consegue riscar tudo, sempre falta um pedaço e, mesmo assim, os traços saem bastante tortos. O olhar de observa a de costas para a sala enquanto mexe na chaleira, preparando o chá, também alguns bolinhos que ele consegue ver de longe em cima de uma bandeja.
O rapaz se levanta e vai até o hall, pega a bolsa com sua câmera e retira o objeto de lá, ligando-o. volta para perto de Hero, ajustando o foco do equipamento e começa a tirar algumas fotos do pequeno.
— Posso? — pergunta o mais velho para o pequeno garoto que ergue o olhar meigo para o homem. aponta para a cadeira vazia à frente de Hero.
— Acho que o senhor não cabe, tio — brinca o pequeno e o rapaz ri.
— Você tem razão, Hero, mas eu posso sentar no chão perto de você?
— Pode — responde Hero e volta a rabiscar no papel.
— Está tentando desenhar a sua mão? — indaga e Hero volta a encarar ele.
— Eu não sou bom, ‘tá torto — ele faz um biquinho fofo e sorri.
— Posso? — o mais velho aponta para o lápis vermelho solto em cima da mesinha. Hero balança a cabeça indicando que sim e o fotógrafo pega o lápis e uma folha em branco. — Veja bem… — avisa ele, pondo a mão direita em cima da folha e com a esquerda ele segura o lápis de cor, riscando-o em volta da mão. Para concluir a volta em sua mão, ele entorta um pouco o braço e, fazendo o sentido contrário, risca o restante. Esse gesto faz Hero abrir a boca, surpreso.
— Oh, tio , que legal! — diz Hero, animado e logo tenta fazer o mesmo.
— Você consegue, Hero! — incentiva o mais velho.
Ele não vê, mas observa a cena encostada no portal da cozinha da sala, um sorriso estampando seu rosto. Após algumas tentativas frustradas, o pequeno Hero finalmente consegue desenhar a própria mão. Ele levanta da cadeira e abraça , de repente.
— Obrigado, tio ! — diz o garotinho. surpreende-se com o abraço, mas acaba retribuindo segundos depois.
— Por nada, Hero — diz o homem também sorrindo.
— O lanche está pronto — anuncia trazendo consigo uma bandeja com uma travessa de bolinhos, a chaleira e um copo enfeitado com o personagem favorito do Hero que contém leite morno dentro.
— Obaaaa! — comemora Hero, soltando e tentando pegar os bolinhos da bandeja.
— Vai lavar as mãos, Hero — diz a mulher tirando a mãozinha do filho de cima da bandeja. Ele faz uma cara emburrada e sai correndo na direção do corredor, rumo ao banheiro.
— Vou lavar as mãos também — avisa levantando-se e, antes de sair, é barrado por .
— Obrigada por brincar com ele — diz a mulher com um sorriso meigo.
— Por nada — responde o homem também sorrindo.
vai para o banheiro e, no caminho, vê Hero correr de volta para a sala. Após lavar as mãos, ele retorna à sala também e volta a sentar-se no sofá, com sua câmera ao seu lado.
— O chá está uma delícia, , obrigado — diz ele bebericando mais um pouco do chá, apoiando a xícara de volta no pires em suas mãos.
— Que bom que gostou, — ela sorri e completa: — Hero, coma devagar — alerta a mulher e o garotinho diminui as mordidas do bolinho em sua mão. — Beba o leite ou vai acabar engasgando — conclui e o filho a obedece, dando um gole em seu leite morno.
— Ele tem quantos anos? — questiona e o encara.
— Vai fazer 5 anos em breve — responde a mulher, sorrindo.
— Ele é muito fofo e esperto — elogia .
— Obrigada, — diz . — É difícil criar ele sozinha, mas eu consigo me virar bem — a resposta dela acende em a curiosidade sobre a paternidade de Hero.
— O pai dele é o…
— Não, não é o Yamato — apressa-se ela. — O nome do pai do Hero é Hiroshi, mas não me pergunte onde ele está, pois eu também não sei. E, sinceramente, eu não quero saber — diz a moça. — Não precisamos dele — conclui a mulher, encarando sua xícara de chá.
— Me desculpe por falar nisso, vejo que te incomoda, perdão — desculpa-se e dá mais um gole em seu chá.
— Está tudo bem, . Não tinha como você saber.
— Eu não quis ser indelicado, a gente mal se conhece…
— Mas podemos nos conhecer — interrompe e a encara com os olhos muito abertos. — Se você quiser, claro — apressa-se ela e dá um gole em seu chá.
— Claro, claro que podemos nos conhecer — ele diz e sorri sem jeito, pegando mais um bolinho. — Estão muito bons — elogia e dá uma mordida.
— Obrigada — ela também sorri sem jeito.
Ambos agora estão pensando na próxima frase a ser dita, qual o próximo assunto a ser inserido na conversa, mas nenhuma ideia normal lhes vem à mente. Isso porque quer perguntar como que ela consegue sorrir e enxergar direito já que os olhos da mulher se espremem tanto quando está sorrindo. E a mente de só quer perguntar a se ele quer ficar para jantar e dormir com ela essa noite.
— Sobre as fotos... eu já as fiz, ok? — ele diz, quebrando o silêncio.
— Como assim?
— Mais cedo, o Hero estava brincando e... bom, a cena rendeu boas fotos. E tirei algumas suas também… — ele sorri e cora ao saber que ele tirou fotos dela sem ela saber. — Me desculpe, eu posso apagar as fotos...
— Não, não apaga! — ela diz. — Edita e me mostra depois, confio no seu trabalho.
Ele sorri, vaidoso, e sente o rosto corar, concorda com um gesto de cabeça. O assunto das fotos parece ter engatilhado outros pensamentos menos loucos na mente de ambos, que engatam uma conversa que dura toda a tarde.
[...]
Algumas semanas se passam.
e se encontram quase todos os dias. Ou a moça vai ao encontro dele ou ele a encontra em sua casa. Hero também participa da maior parte das vezes, ele se apega muito a e até está interessado em fotografia. Fez a mãe comprar uma pequena câmera fotográfica infantil, como seu presente de aniversário, para ele que tira fotos reais, apesar de ser um brinquedo. Hero registra todos os momentos que pode, principalmente fotos do seu tio que não curte muito ser fotografado, mas, quando o assunto é o pequeno amiguinho, ele deixa a timidez de lado e faz poses para o pequeno fotógrafo.
Hoje faz um lindo dia de primavera e sente o frescor do vento bagunçar seus cabelos e balançar sua camisa. Ele caminha de mãos dadas com Hero enquanto caminha ao seu lado, ambos com sorrisos bobos na face. Eles vieram em um parque após muita argumentação por parte do rapaz que finalmente convence a a realizar um ensaio fotográfico com ele. Dessa vez, ele não cobra nada pelo serviço, segundo ele, a jovem tem jeito e é bastante fotogênica, principalmente quando está distraída. Quando vê o parquinho infantil que há na praça central do grande parque arborizado, Hero solta a mão de e sai correndo para brincar.
— Devagar, filho! — alerta e vê o garotinho saltar diretamente no gira-gira.
— Ele adora parques, né? — comenta e volta a segurar sua câmera, que está pendurada em seu pescoço, com ambas as mãos.
— Muito — responde e se vira para o amigo. — Então, por onde começamos? — ela joga as mãos para trás do próprio corpo e sorri para .
— Eu já comecei — diz ele, ajustando alguns elementos da câmera. — Agora, você pode começar, já deveria ter começado, né?
— O que devo fazer? — pergunta , confusa.
— Vai andando e interagindo com as coisas ao seu redor. Eu já vou fotografar você — avisa ele sem tirar os olhos da telinha da câmera.
— Só isso? Ok.
começa a andar aleatoriamente pela praça enquanto observa as flores nas árvores, a beleza da estação sempre foi algo que deixa a moça feliz e sorridente. Ela se aproxima de uma das árvores floridas e pega uma flor, cheirando-a em seguida. Sua visão periférica indica a lente de voltada para ela, o que a deixa imediatamente nervosa.
— — chama ele, olhando agora diretamente para ela. — Apenas aja naturalmente.
— Estou agindo naturalmente — rebate ela, erguendo o corpo de maneira esquisita e fazendo poses nada naturais.
— Isso não é agir naturalmente — ri da maneira caricata que ela age.
— Ah, você diz isso porque apenas tira as fotos! Quero ver estar no meu lugar — brada a moça, ficando irritada com a risada dele.
— Só? Acha que é fácil fotografar? — indaga e arreia sua câmera no peito, pendurada pela correia.
— Tenho certeza — ela diz, dando de ombros. ri novamente.
— Pois então eu te desafio a passar um dia fazendo o meu trabalho. Aliás, vou facilitar pra você: tire fotos minhas agora. Quantas quiser — desafia e arqueia a sobrancelha.
— Desafia? Ah, pois eu aceito!
Ela estende a mão, pedindo a câmera para ele, sorri e tira o objeto do pescoço, entregando-o para a moça. O primeiro contato com a câmera profissional de é difícil, pois, para começar, ela é bastante pesada para a falta de costume de . Sem mexer nas configurações da câmera, ela simplesmente aponta a lente na direção de e aperta o botão para registrar a foto. Imediatamente ela vê pelo visor que a foto sai borrada, mas não esboça reação para não dar o braço a torcer. tira mais fotos aleatórias de e do ambiente, ao fim da sessão, ela devolve o objeto para o dono que, ao ver a primeira foto no visor, solta uma gargalhada muito alta.
— ! — exclama , irritada com a reação exagerada dele.
— Desculpe, , eu não resisti — ele diz, ainda rindo. — Mas, meu Deus, olha só essa foto… — ele ri mais abertamente, não conseguindo completar a frase. encara o rapaz com os olhos semicerrados e a feição emburrada.
— Idiota — diz ela cruzando os braços sobre o busto.
— Ah, me desculpe, — pede novamente, controlando sua risada, e envolve o braço nos ombros dela. — O que posso fazer para você sorrir de novo? — ela o encara de canto.
— Sorvete — propõe a moça, já sorrindo discretamente.
— É para já!
ri e vai até a barraquinha de sorvete que há ali perto, fica ainda no parquinho observando o filho brincar. Quando volta com os sorvetes, ela chama o pequeno para aproveitar a iguaria também. O garotinho senta no banco, com a ajuda de , ao lado da mãe e começa a comer seu sorvete com muita ânsia.
— Vai engasgar, Hero — alerta em tom preocupado.
— Desculpa, tio — diz o garotinho e come mais devagar.
— Vai sorrir para mim agora, senhorita? — diz em tom zombeteiro e ri.
— Não resisto ao sorvete — responde a moça. — E nem ao seu charme, .
— Oh! — espanta-se ele, mas sente o rosto corar com o elogio. — Sou charmoso? Eu não me vejo assim — ele diz, simplesmente e leva a colher cheia de sorvete à boca.
— Pois você é e bastante — faz o mesmo, porém de maneira mais, digamos, provocativa. engole em seco.
— É…
— Mamãe! — Hero interrompe a fala de e ambos os adultos encaram o pequeno. — Posso terminar depois? — ele estende o pote de sorvete, com metade de seu conteúdo ainda ali, e faz uma cara de quem não quer mais comer.
— Pode — responde e pega o potinho da mão do filho que logo sai correndo de volta para o parquinho.
— … — inicia , assim que volta a ficar sozinho com a moça, mas ela o interrompe.
— , posso te fazer um convite?
— Po-pode — ele gagueja levemente e a observa se aproximar mais dele sentando-se bem ao seu lado.
— Janta comigo hoje? — pede ela e o rapaz engole em seco.
— Janto — responde e completa: — Eu queria te…
— Não precisa dizer — ela o interrompe novamente. — Está nos seus olhos o que quer me dizer.
A jovem coloca o pote de sorte dela e do filho do lado oposto ao seu corpo, faz o mesmo com o pote que está na mão de , surpreendendo o rapaz. Assim que tem as mãos livres, repousa sua mão esquerda no rosto de , puxando-o para mais perto de si mesma. O fotógrafo sente a respiração pesar e arrepios percorrem seu corpo assim que os lábios de encostam nos dele, iniciando assim um beijo. Um beijo gelado pelo sorvete, mas quente pela troca de sentimentos ali.
Durante essas semanas onde se viam quase todo dia, os dois trocaram muito mais que horas de conversas sobre a vida, eles desenvolveram uma grande amizade que contribuiu para a atração física que já sentiam. A iniciativa sempre partiu de que, quando viu se dar tão bem com o Hero e o filho retribuir de maneira muito positiva, se encantou pelo fotógrafo. Sem contar o fato de ser bastante bonito e atraente, de fato.
Horas depois…
Todos já estão na casa de novamente. Eles acabaram de jantar um delicioso ensopado de polvo preparado por junto com a sobremesa que foi pudim com calda. dá banho no filho e põe o pijama nele, porém o pequeno Hero não sente nenhum sono e está bastante agitado, tirando fotos da mãe e de .
— Olha, tio , ficou boa? — indaga o pequeno mostrando a pequena câmera para o rapaz.
— Muito bom, garotão! Está cada vez melhor, parabéns! — diz analisando as fotos tiradas por Hero.
— Obrigado, tio — ele abre um largo sorriso para o rapaz.
— Filho, está na hora de ir para cama — avisa . — Já passou da hora, na verdade — corrige-se ela e levanta do sofá.
— Mas mamãe… — inicia Hero a sua argumentação, mas a mãe o encara de maneira incisiva.
— Hero! — alerta e o pequeno relaxa o corpo de maneira entristecida.
— ‘Tá bom, mamãe, boa noite — ele diz com um biquinho nos lábios. — Boa noite, tio — o garotinho dá um abraço no rapaz que o retribui.
— Boa noite, garotão.
— Escova os dentes, ok? — alerta e ele balança a cabeça positivamente.
Após a saída de Hero, os adultos da casa se encaram, senta-se novamente no sofá, ao lado de e passa a mão pela coxa dele. O rapaz se retrai, instintivamente, mas logo apoia sua perna no sofá, consertando sua posição e ficando de lado. faz o mesmo, porém mantém suas pernas retas apoiadas no chão. Ao contrário de mais cedo, inicia o beijo, segurando a cintura de com uma mão e sua nuca com a outra. O rapaz tira a mão da cintura de e desce até a virilha dela, provocando um suspiro e um leve afastamento dela, mas ele a puxa de volta e estica a perna para conseguir encaixar o corpo da mulher mais perto de seu corpo. Sua mão volta a alisar a virilha de que volta a suspirar. O beijo ficando cada vez mais intenso, mais efervescente, mais inevitável que…
Um grito interrompe o casal.
— Acabei mamãããe!! — avisa o pequeno Hero, a voz vinda de seu quarto que é ao lado do banheiro.
empurra , ofegante, e olha para os lados achando que o filho está ali.
— Vai lá, eu não vou sair daqui — diz com um sorriso e também ofegante.
— Já volto — avisa a mulher e se levanta do sofá, ajeitando a própria roupa.
A moça caminha até o quarto do filho que, para sua – não – surpresa, está pulando em cima da cama. Ela o segura, carregando-o, e distribuindo beijinhos no pescoço dele que gargalha sentindo cócegas. o põe de volta na cama, o cobrindo com o edredom e lhe dá um beijo na testa. O garotinho abraça a mãe e depois abraça seu brinquedo favorito, uma pelúcia de seu personagem favorito, e fecha os olhinhos. Sorrindo, a moça levanta-se da cama, desligando a luz em seguida e fecha a porta do quarto.
Ao voltar para a sala, encontra de pé, passando a mão pela nuca como se estivesse pensando. Ela acha que ele deve estar confuso pelos beijos que deram e talvez arrependido, o discurso de que estaria tudo bem caso ele não queira prosseguir com a relação já se forma na mente de , mas, quando sente a presença dela na sala virando-se para encará-la, a formação do discurso é interrompida pelo puxão que o rapaz dá em , beijando-a com fervor em seguida. As mãos dele apertando a bunda da mulher e depois subindo até sua cintura também apertando o local. Ela interrompe o beijo e o puxa consigo caminhando até o corredor. No meio do caminho, a agarra pelas costas, passando as mãos pelos seios e por cima da virilha dela, trilhando beijos no pescoço de , o que provoca suspiros baixinhos. Eles passam pelo quarto de Hero e vão diretamente para a suíte de , trancando a porta assim que entram.
Ofegantes e sedentos um pelo outro, o casal se deita na cama ainda se beijando. A confusão de suas mãos que se tocam em partes estratégicas do corpo do outro, vista de fora, parece um balé mal ensaiado, mas para eles está tudo conforme à música. retira sua camisa e calça enquanto observa ficar de joelhos na cama retirando sua blusa de maneira sensual, ela morde os lábios e retira seu sutiã revelando seus seios. os segura com ambas as mãos, juntando-os e sente um arrepio lhe percorrer, retorcendo o próprio corpo que clama pelo contato com o corpo nu da mulher.
Ansioso demais para terminar de retirar sua cueca, o rapaz se joga na cama e toma os seios de para si. Quando os lábios do rapaz encostam em seu seio direito, sente todas as suas preocupações se esvair e apenas aproveita o momento ali com o homem. O tesão apenas aumentando gradativamente e uma vontade imensa que aquilo não termine nunca.
[...]
Gemidos baixinhos são dados ao pé do ouvido de enquanto quica com força no membro dele, as mãos do rapaz apertando o quadril dela no intuito de fazer mais pressão contra si. Eles tentam não fazer tanto barulho, já que Hero dorme no quarto próximo. O fotógrafo ergue um pouco o corpo de para que possa ter os seios dela novamente em sua boca. A moça apoia os braços na cama e continua quicando nele, depois desse tempo todo convivendo com e criando uma amizade muito interessante e divertida com ele, estar transando com o rapaz agora é um belo update dessa relação.
Já para o sentimento é parecido. Para ele, além de ganhar uma bela amizade com , ele ganha o Hero. É inacreditável como ele conseguiu se comunicar com uma criança, sendo que ele não nunca teve convívio com nenhuma antes de conhecer essa moça dos seios macios e apetitosos.
O rapaz ergue seu quadril e começa a movimentá-lo. O prazer crescente faz o fotógrafo gemer também, soltando a respiração profundamente. Se pudesse, ele eternizaria esse momento em uma imagem.
No dia seguinte...
Os primeiros raios do dia invadem o quarto de através da janela, imediatamente ela sente o corpo quente de abraçado ao seu e sorri abobada e surpresa. Na última vez que dormiu com alguém, acordou sozinha no dia seguinte e, semanas depois, descobriu que teria o Hero. A diferença é que com o pai de Hero, que a moça prefere nem mais mencionar o nome, ela tinha uma relação de noivado, eles de fato se casariam. Com o lindo e caloroso fotógrafo com quem está abraçada é diferente, além de só conhecê-lo a alguns meses, eles não namoram. Bom, pelo menos ainda não, mas poderiam, já que ambos desenvolveram uma paixão grande e mútua.
O rapaz se mexe na cama, soltando a respiração, e alisa as costas de com seus dedos aconchegando-a em seu corpo. Ele deposita um beijo no topo da cabeça dela e a moça faz o mesmo no peito de . Sorrateiro, ele se afasta um pouco, soltando-se do abraço, e desce o corpo pela cama parando seu rosto na direção dos seios de . Ela apenas observa o movimento dele e o vê brincar com o bico de seus seios. Inicialmente, é uma cena engraçada e até gera algumas risadas nela, porém, quando ele começa a lamber todo o redor do local, a história muda e o prazer matinal começa. Os estímulos que sente a língua de fazer nela, fazem soltar suspiros e envolver suas mãos por entre os fios do cabelo dele, contorcendo o corpo para mais próximo do rapaz que a abraça com urgência apertando sua bunda.
— … — sussurra ela não conseguindo controlar o tesão sentido. — Ah, , por favor — ele para e a encara.
— O que foi? — indaga ele, ofegante.
— Me chupa…
A aparição do sorriso em é quase imediata à fala dela. Sem precisar que ela peça novamente, o homem desce mais seu corpo, beijando o caminho até a intimidade dela e começa a chupá-la fervorosamente. solta um gemido alto que logo é controlado, o contorcer na cama agora é mais intenso assim como o prazer sentido por ela. A moça começa a erguer o quadril, rebolando na boca de , tal ato atiça o prazer sentido e acelera o processo de orgasmo, que logo chega, fazendo-a relaxar na cama à exaustão.
— Bom dia — o rapaz engatinha por cima dela, deixando seu rosto na mesma direção do de e a beija rapidamente.
— Que bom dia gostoso — eles riem com o comentário dela e passa os dedos pelas bochechas de .
— Posso te dar esse bom dia quando quiser — ele diz, sorrindo malicioso.
— Vou querer, com certeza — eles voltam a rir e completa: — Vamos tomar café.
concorda com um gesto de cabeça e eles se levantam da cama. Antes de irem para a sala, ambos tomam banho e se vestem. segue para a cozinha e começa a preparar o café. passa no quarto de Hero e o garotinho ainda dorme, ela o sacode levemente e diz que já está na hora de levantar, mas ele apenas se vira de costas para a mãe e volta a dormir profundamente. A moça deixa o filho dormir mais e vai até a cozinha para ajudar . Com o café pronto, os dois degustam-no na sala aos risos enquanto conversam.
— Você é um bobo, — comenta , rindo.
— Um bobo que você adora beijar, confesse — gaba-se ele.
— Ah, mas é um convencido esse fotógrafo! — ela dá um tapa de leve no braço do rapaz e o beija. É para ser um beijo rápido, mas o rapaz se empolga e segura o rosto dela, intensificando o beijo.
— Você é incrível — ele diz após o beijo e ouve uma risadinha ao longe. Curioso ele olha na direção do som e vê o pequeno Hero atrás da parede do corredor, espiando os dois. — — ele começa sussurrando —, acho que temos um espectador — a moça vira o rosto para o corredor e vê o filho se esconder dela.
— Hero! — chama ela e a figura risonha do garoto aparece na sala.
— Oi mamãe! — ele diz, inocente.
— Venha aqui, seu malandrinho — o chama e Hero se aproxima deles, subindo no sofá entre os dois.
— O tio será meu papai agora? — indaga o garoto, de repente, fazendo ambos os adultos ruborizarem rapidamente.
— Você quer que ele seja seu papai? — questiona e desvia o olhar do filho para que tem um sorriso no rosto.
— Quero! — responde Hero, animado e encara o fotógrafo. — Você quer ser meu papai, tio ? — pergunta o garotinho.
— Será um enorme prazer, garotão!
é abraçado por Hero e o abraça de volta, puxando consigo e lhe dando um beijo apaixonado nos lábios. Suas duas certezas no momento são que ele está apaixonado por e que ele quer sim ser o pai do Hero. Será um enorme prazer para ele.
2 anos depois…
Hero, agora com quase 7 anos, pula pela sala na tentativa de fazer o seu irmãozinho parar de chorar. Desde o nascimento de Fuyuki, há um ano, que ele foi promovido a irmão mais velho e exerce o papel com maestria. e casaram-se oficialmente há um ano, quando ainda estava grávida e deu à luz duas semanas depois do casamento. Eles vivem uma vida feliz e harmônica na casa que antes era dividida apenas por mãe e filho.
chega à sala e encontra os filhos juntos, o desespero do mais velho o faz rir.
— Papai, me ajuda aqui! — pede Hero. — O Fufu não quer parar de chorar!
— Fique calmo, filho, eu te ajudo — diz o mais velho, pegando o pequeno Fuyuki no colo.
Chamar de pai foi um processo natural e rápido para Hero e, ser chamado de pai por uma criança que ele ama tanto, é algo maravilhoso para o mais velho.
Ele lembra com saudosismo no dia em que atendeu aquele casal que só discutia e que terminaram minutos depois. Ele não imaginava que hoje, anos depois, estaria casado com a moça e que teria dois lindos filhos com ela.
está feliz. Ele só quer viver um momento de cada vez.
Fim
Encontrou algum erro de script na história? Me mande um e-mail ou entre em contato com o CAA.
Nota da autora: Kohshi fotógrafo é um plot que eu já tinha há meses, bom que ele virou um hot gostosinho. Obrigada a quem leu e deixa um comentário do que achou <3 Vou adorar ler!