Engraçado como a vida dá voltas e você acaba parando em lugares onde jamais imaginou estar. Hoje eu realizei tudo o que mais almejei profissionalmente na vida. Sou assessora de um grande, quem dirás o maior, youtuber deste país e eu estou muito feliz por isso. Me chamo , sou filha de um pai espanhol e uma mãe brasileira. Tenho 28 anos e como disse antes, sou assessora de um grande youtuber. Seu nome? . É, sou assessora dele há cinco anos desde que cheguei aqui no Rio de Janeiro para trabalhar com ele, por indicação de sua antiga assessora que teve que deixa-lo. Durante esse tempo eu desenvolvi habilidades muito boas de comunicação, sem contar que conheci pessoas maravilhosas. Hoje posso dizer que o é meu amigo e ele diz o mesmo em relação a mim. é um cara meio ranzinza. Ok, ele é bastante mal-humorado. Porém, ele tem um lado que poucos conhecem, ele só o demonstra para poucos. Esse lado: é o lado humano, gentil e até mesmo engraçado. Sim, quando ele quer, pode ser bastante engraçado.
Eu não tenho um namorado e muito menos um paquera. Me dedico total e unicamente à assessoria do . Os outros brincam que nós somos quase casados e que eu conheço mais dele do que a Bruna, atual namorada dele. Aliás, a história deles é bem intensa e verdadeira. Eles formam um casal bacana, apesar de eu querer estar no lugar dela. Ninguém faz ideia dos meus sentimentos e, se depender de mim, nunca farão. Apesar de eu, às vezes, tratar o diferente dos outros. Estou dando muita bandeira em relação a isso. Preciso me controlar...
Todos aqui no local onde gravamos os vídeos, me chamam de , incluindo o . Aliás, foi ele quem começou a me chamar assim. Ah, que vida...
— ! ! — Ouvi a voz do ecoar lá do escritório dele. — Vem aqui! Preciso falar com você! — Gritou e eu fui prontamente atender ao chefe. No meio do caminho, , grande amigo e praticamente sócio dele no canal (está mais para produtor mesmo), me abordou.
— ! Antes de ir falar com o rabugento — rabugento é pouco... — preciso falar com você.
— Estou atrasada , fala logo. — Eu disse segurando meu tablet e olhando para o visor do celular. Ele piscava uma ligação do , uma das inúmeras que ele fez desde que acordou hoje. — Aí oh — mostrei o visor para ele —, nosso chefe requisita minha presença no escritório dele. Não podemos falar depois?
— Não, precisa ser agora! — Ele disse taxativo. Mas que raio de conversa é essa que não pode esperar um pouco?
— Está bem, , fala. — Respondi derrotada. tinha desligado aquela ligação e feito outra.
— Vem cá... — ele disse olhando para os lados para ver se mais ninguém estava ouvindo. — Me responda uma coisa, sinceramente. — Eu disse que sim com a cabeça e o encarei confusa. — Você gosta do ? — Oi? Parece que minhas tentativas de esconder meus sentimentos pelo foram por água abaixo.
— Oi? — Repeti a pergunta que fiz mentalmente e arqueei a sobrancelha. — Claro, ele é meu amigo afinal. — Respondi como se não fosse nada.
— Não falo disso. Quero saber se você gosta dele como homem. De verdade, entende? Você entendeu . Pode se abrir comigo, você sabe que somos amigos. — É , mas você também é amigo dela.
— Que ideia — eu disse e comecei a andar na direção das escadas —, eu gosto do como meu amigo, meu chefe, a pessoa que me ajudou quando eu mais precisei. Só isso. — Em nenhum momento olhei para ele. Apenas encarava os degraus enquanto subia, me seguia. — De onde tirou isso? Comentou com mais alguém? — Questionei preocupada. Se isso chega nos ouvidos da Bruna...
— Não, é uma desconfiança minha. ... — Ele disse e me parou no meio do corredor.
— !! — Ao fundo podíamos ouvir os gritos de . Nossa, não sabe esperar esse homem.
— Espera. — me segurou pelo braço, pois eu já ia escapando e indo para o sótão, que é onde fica o escritório do . — Confia em mim. Eu percebo o jeito como você olha para ele e como você fala dele. Você gosta do . É notório isso minha amiga. — Pisquei várias vezes, nervosa. Meu coração acelerou. Será que estou sendo tão óbvia assim?
— , não fala isso para ninguém, por favor. — Falei me entregando. Boa, , agora ele tem certeza do que você sente pelo . Parabéns.
— Então, eu estou certo... não se preocupe, não contarei para ninguém. — Ele me disse com um olhar solidário. Sei que posso contar com a discrição do . Ele me ajudou bastante assim que cheguei no Rio para trabalhar aqui. Mesmo assim eu fico receosa da Bruna descobrir este detalhe da minha amizade com o .
— !!! PORRA, CADÊ ESSA MULHER?! — estava furioso chamando por mim. Me chamou pelo nome? É, ele está BEM PUTO.
— É melhor você ir antes que ele desça. — Falou rindo. — Não se preocupa, ok? Conta comigo sempre. Se quiser conversar... sabe onde me encontrar. — Assenti com a cabeça sorrindo e subi até o escritório do chefe.
Chegando lá, encontrei um irritado. Furioso, diria. Andando de um lado para o outro.
— Porra, aleluia! A casa não é tão grande assim! Que demora foi essa, ?! – Ele disse assim que viu meu semblante terminando de subir as escadas em espiral que davam acesso ao escritório.
não xinga mais no canal, por questões de reformulação de conteúdo mesmo, mas, em casa com os amigos, ele xinga bastante. É o mesmo de sempre. Gosto dele assim, do jeito que ele é.
— Desculpa, , o me parou no meio do caminho para resolver um assunto. — Não deixa de ser verdade, né?
— Tá, tá... — ele abanou as mãos no ar e prosseguiu — Preciso que você resolva uma coisa pra mim. — Claro, querido, estou aqui para isso, né?
— Fala. — Eu disse e já abri a agenda eletrônica do tablet para anotar o que ele iria falar.
— Eu tenho um compromisso às 15h, segundo a agenda que me passou ontem. — Eu afirmava que sim com a cabeça. — E tenho outro às 15h30 que é do outro lado da cidade. Como acha que vou chegar lá a tempo? — Ele me olhou como se eu fosse burra. E eu deveria ser mesmo, pois fui eu quem confirmou os dois compromissos.
— É... — Comecei a falar, mas ele me interrompeu.
— Esse das 15h30 pode adiar para mais tarde. Umas 16h30, pois às 17h30 eu tenho gravação marcada. Tenho que gravar cinco vídeos ainda hoje após esse horário. Disso você deve saber, né? — Mais uma vez ele me olhava e falava comigo como se eu fosse alguma ameba acéfala ou algo que o valha. Eu odeio quando ele faz isso.
— Tu-tudo bem, . Vou ligar para lá e avisar. — Eu disse e alterei o horário do compromisso das 15h30 para às 16h30 na minha agenda. Já separei o telefone para ligar.
— Antes de você ir... — ele disse de supetão e brecou minha caminhada para a escada. Voltei e olhei para ele, ajeitando meus óculos no rosto. — O que está acontecendo, ? — Ele perguntou e se apoiou na mesa próxima a mim e me encarou com esses olhos lindos que ele tem.
— Como assim? — Dizem que é idiotice responder uma pergunta com outra pergunta. Pois então, acha o mesmo, então ele me olhou com cara de morte e suspirou irritado.
— Você entendeu. — Disse simplesmente e completou. — Você está distraída esses dias. Está marcando compromissos um em cima do outro, sem checar os horários, a localização... , você não é disso. Está acontecendo alguma coisa? Eu posso ajudar? — Pode sim, deixando de ser tão fofo assim e me deixando em paz. Quase tudo que ele faz, quando não está cuspindo marimbondos de raiva, eu gosto e me encanta. Preciso de tratamento contra este mal chamado .
— Desculpa, . Não é nada, já vai passar. — Falei gaguejando. Ele continuou me encarando. — Bom, eu vou remarcar o compromisso.
Ele não disse mais nada. Apenas acenou com a mão e caminhou até o PC. São exatamente 10h36 da manhã. Estranhei ter acordado tão cedo, desde às 9h que ele me liga desesperado. Costumeiramente ele acorda após às 12h e todos sabem disso. Acho que foram meus erros na agenda que o fizeram perder o sono. sonolento é um extremamente rabugento. Tentei ligar para o local onde marquei o compromisso errado, mas ninguém atendia. Aff, logo agora?! No meio do caminho, até onde deixo meu notebook instalado, lá na sala, encontrei novamente. E ele veio abordando novamente o mesmo assunto.
— Você pretende contar para ele? — Disse sentando-se ao meu lado. Ah , me deixa trabalhar senão o me mata.
— ! — Repreendi ele, que falou demasiado alto sobre isso. — Se alguém te ouve! Por favor, para de falar disso. Deixa isso para lá! — Falei novamente para ver se ele se tocava. — Preciso resolver os horários dos eventos da tarde, me deixa trabalhar !
— Ok, eu deixo sim. Mas, antes me responda uma coisa. — Como é insistente este homem, Deus!
— Diga, — Falei revirando os olhos entediada.
— Desde quando você gosta dele? — Perguntou curioso. Eu respirei fundo e respondi calmamente.
— Desde antes de vir para cá. — Fui sincera. Eu já gosto dele bem antes de começar a trabalhar aqui. Na verdade, eu insisti para que a ex assessora dele me indicasse. Ela o fez por eu ser competente, claro, mas também porque eu pedi bastante. — Eu gosto muito dele, . — Me rendi e declarei o que eu sinto. me olhou com um olhar de pena. Está aí um dos motivos por eu não ter dito nada até então: evitar o olhar de pena alheio. “Nossa, você não tem chances porque ele é louco pela Bruna!”. É, disso eu tenho plena certeza. Sempre tive.
— Nossa, , sinto muito. — Ele disse com um olhar triste.
— Não sinta. Deixa para lá. — Falei e voltei a olhar para o notebook. De repente, uma voz não tão grave ecoa pela sala. Uma voz que eu conheço bem.
— Você gosta de mim, ? — Não pode ser. Não, não, não, não, não, NÃO! Por quê? Por que ele tinha que ouvir?! Ah, eu e minha boca grande...
— ! — Eu disse espantada com a presença dele ali parado próximo à mesa de jantar que usamos como mesa de trabalho. — Eu, eu...
Eu nem sabia o que eu queria falar e nem como eu ia falar. Ah, eu só quero sumir! E foi o que eu tentei fazer. Levantei de supetão, peguei meu celular e as chaves da minha moto. Eu tenho uma moto, sem ela eu não conseguiria chegar aqui na Barra tão rápido já que eu moro, literalmente, do outro lado da cidade.
— Espera! ! — Eu saí correndo, desesperada. Eu não conseguia olhar para cara dele. Eu não podia fazer isso com ele, com a Bruna que sempre foi tão legal comigo, com ninguém. Eu não podia. — ! Para de correr e fala comigo, caramba!
— Eu vou resolver aquele problema , dos horários. Eu já volto, não se preocupe. — Eu falei, ainda correndo, sem olhar para trás. Nem sei como consegui correr mais rápido que ele, mas logo eu alcancei a porta de saída e subi na moto, coloquei o capacete e disparei pelas ruas do condomínio.
— ! Droga! — Ele gritou irritado, eu já havia dobrado a esquina. veio para fora da casa. — Você já sabia disso, ? — Perguntou ofegante pela corrida que eu o fiz fazer.
— Soube hoje. Na verdade, eu já desconfiava. — Ele disse e completou — Não briga com ela , nem demite ela, por favor. — Suplicou . Verdade, se quiser ele pode me demitir. O erro de hoje seria um bom motivo para isso. Mas, creio que ele não fará isso.
— Eu não vou fazer isso, você sabe que não. — Ele o encarou com cara de morte, ainda bastante irritado e meio ofendido com a desconfiança do amigo. Ele passou a mão do cabelo e bagunçou um pouco — Tenta ligar para ela. Ela saiu muito apressada, tenho medo que se machuque. — Eu sou uma excelente piloto, mas realmente eu estou muito nervosa para pilotar.
e tentaram ligar para mim, mas eu não atendi. Continuei minha peregrinação para lugar algum, eu só queria sair dali e não olhar para cara do pelo menos não hoje. A quem eu estava enganando, né? Vou ter que voltar pela tarde para os eventos que marquei para ele, eu tenho que ir com ele. Antes de chegar até a portaria, bem na virada da rua, eu sofri um acidente. Assim que aquele carro bateu na minha moto eu senti uma dor imensa, mas nada se compara a dor que estou sentindo dentro de mim, só de pensar na possibilidade de não ver mais o . Então, eu desmaiei.
Não acredito que a escondeu, durante todo esse tempo, que gosta de mim. Como eu não percebi isso antes? Sou muito distraído mesmo. Droga, ela não atende a desgraça do telefone! Estou preocupado. Ela saiu daqui muito afobada, nervosa, tenho medo que ela se machuque. está tentando falar com ela também, mas nada. De repente, um dos funcionários, que tomam conta da casa quando não estamos aqui, aparece correndo.
— Senhor ! — Ele disse, ainda de longe, correndo em nossa direção.
— O que foi? — Respondi meio sem paciência. Agora não é hora de me falar problemas da casa!
— Ligaram da portaria, parece que a senhorita sofreu um acidente de moto ali perto da portaria. — Meu corpo inteiro gelou. Inteiro.
— Como é que é? — e eu dissemos quase que ao mesmo tempo. – Onde ela está? — Perguntei angustiado.
— Na portaria, parece que ela está desmaiada. Já chamaram a ambulância.
Nem quis mais ouvir o resto da história. Saí correndo até meu carro e fui até a portaria. Eu sei dirigir, só não tenho muita paciência para isso. Cheguei até a portaria num instante. veio comigo.
— Meu Deus, ! — Falei ao vê-la caída no chão, desacordada.
— Melhor não mexer nela, . — me alertou. Verdade, melhor deixa-la imóvel até o socorro chegar. Ela ainda está de capacete. Espero que não esteja machucada, nada muito grave. É culpa minha. Tudo culpa minha!
— Foi culpa minha! — Externei a minha culpa e meus olhos se encheram d’água.
— Não é sua culpa, ! Calma, cara! — tentou me consolar, mas eu estou num estágio de nervos que não consigo me acalmar tão facilmente. — A ambulância chegou. — Alertou-me ele.
Os paramédicos saíram da ambulância e foram rapidamente socorrer a . Tiraram, com cuidado, o capacete dela e logo imobilizaram seu pescoço. Ela tem escoriações pelo corpo e parece que seu tornozelo está quebrado, pois está um pouco inchado vendo de longe.
— Alguém da família ou amigo para ir com ela na ambulância? — Perguntou um dos médicos.
— Eu, eu sou amigo dela. Nós somos. — Eu disse prontamente apontando para mim e para o que estava atrás de mim, tão angustiado quanto eu.
— Só pode um. — Eu fui com a na ambulância e foi com meu carro até o hospital.
Chegamos rapidamente lá e ela foi direto para tomografia, já que sofreu um acidente de moto e bateu a cabeça. Mesmo estando de capacete, é procedimento padrão. Fiquei aguardando na sala de espera junto com o . A cada minuto que passava eu me sentia mais e mais culpado. avisou a todos lá em casa sobre o que aconteceu e pediu para cancelarem os eventos que eu tinha mais tarde, incluindo as gravações dos vídeos. Sem condições de eu gravar alguma coisa hoje, não com a no hospital. Poucas horas depois, o médico apareceu com notícias dela.
— Ela apenas fraturou o tornozelo. Uma fratura não muito grave, na certa quando caiu o peso do seu corpo pressionou o tornozelo entre o chão e a moto fraturando, assim, o osso. Vai ter que fazer fisioterapia quando tirar o gesso e, talvez, precise de cirurgia. — Explicou ele. Explicou também que ela não precisaria de uma cirurgia agora, tentaria consertar o ferimento com o gesso, e caso não desse certo ele fará a cirurgia. Espero que não precise de nenhum procedimento cirúrgico.
— Podemos vê-la? — Perguntei ansioso.
— Claro, me acompanhem. — Ele falou prontamente e caminhou até um longo corredor. Nós o seguimos. No caminho, ele passou a receita dos remédios que ela terá que tomar e as recomendações a respeito do tornozelo quebrado. — Fiquem à vontade, qualquer coisa, podem me chamar. — Ele disse assim que entramos no quarto dela e saiu.
— Oi... — ela disse assim que nos viu entrando no quarto. Uma enfermeira que ali estava saiu e nos deixou sozinhos. Ela estava corada, na certa com vergonha de tudo que aconteceu.
— Você está bem? — Eu disse preocupado.
— Nos deu um puta susto, ! Não faz mais isso, por favor. — Falou e deu um sorriso. Ela o acompanhou e abriu um sorriso cansado no rosto.
— Desculpa, gente, eu logo vou sair daqui. O médico disse que hoje mesmo terei alta. — Ela falou ainda sorrindo.
— Você mora aonde? — Perguntou curioso. Até hoje eu não sei onde a mora, só sei que é bastante longe da Barra. Ela disse o bairro e espantou-se. — Caraca! Não me admira você chegar lá atrasada às vezes, literalmente é do outro lado do Rio!
— É tão longe assim? — Perguntei desentendido.
— Bastante. — disse. — É por isso que você manda mensagem às 7h da manhã no grupo, né? — Ele disse rindo.
— Sim — ela riu também —, é o horário que eu saio de casa, passo no posto, abasteço e vou para lá. Bem longe. — Ela disse com um ar cansado. — , e os compromissos de mais tarde? Você vai, né? Eu consegui falar com o pessoal daquele evento... — antes dela terminar de falar eu a interrompi.
— Esquece, , eu já pedi para cancelarem toda agenda da tarde. — Ela me olhou com uma cara de espanto.
— Mas, , pelo amor de Deus! Você tem que ir nesse evento, é importante... — a interrompi novamente.
— Isso não está em discussão, . Desiste. Já cancelei tudo, vou cuidar de você. — Falei com o cenho franzido, sério.
— Ah, ... — ela suspirou derrotada. Ela sabe que não ganha uma discussão comigo e nunca irá ganhar. Passaram-se duas horas, mais ou menos, e então o médico deu alta para ela. — Chama um Uber para mim, . Meu celular descarregou. — Disse ela olhando para que empurrava a cadeira de rodas dela. Ela está com um gesso que vem do pé até abaixo do joelho.
— Não precisa, . — Eu disse taxativo e ambos me olharam espantados — vai lá para casa. — Ela me olhou com os olhos arregalados.
— , não precisa! Eu tenho que ir para casa, meu gato está sozinho lá. Não posso deixá-lo sozinho! — Ela disse quase em um suplico.
— Você tem um gato? — Eu também não sabia disso. Parece que eu não sei muita coisa sobre ela...
— Tenho. Ele é tão fofo, não posso deixa-lo sozinho, ele vai ficar miando de noite. Vão me expulsar de lá!
— Calma! — Tentei acalmar ela. — Vamos fazer assim: você leva a gente para casa e eu vou ligar para o Walter — meu motorista — para ele ir na sua casa e buscar o seu gato e suas coisas, ok? — Ela me olhou confusa.
— Não faz sentido eu ficar na sua casa . E os cachorros? Vão querer atacar meu Tom! — Suponho que esse seja o nome do gato dela.
— Calma, criatura! — Falei e riu. — Caraca, você vai ficar na casa onde gravamos. Lá tem uma suíte que não usamos, você fica lá. Tem cama, TV e tudo mais. Você fica lá até se recuperar. Depois vemos o que faremos, está bem? — Ela me olhou, parecia incomodada. — O que foi? Está com medo de ficar sozinha lá naquela enorme casa? — Olhei para ela e já comecei a rir. Ela bateu na minha perna.
— Cala a boca, ! Não tenho medo, pode ser assim então. — Respondeu com o nariz empinado.
— Ah tá, que bom, porque isso também não está em discussão.
Por fim, fizemos o que combinamos: Walter foi até a casa da e buscou seu gato, Tom, e uma mala com roupas para ela e as coisas do Tom também, claro. terá que ficar lá, contando todo o tratamento e a possível cirurgia (que o médico já me adiantou que provavelmente não precisará fazer): dois meses, mais ou menos. Pedi para avisarem para Iara, minha empregada, para comprar comida para dispensa de lá e para fazer um jantar para comer mais tarde. Pedi também para limparem a suíte e expliquei toda situação para ela. Iara adora a e vice-versa, então não terá problemas. Chegamos e fomos recepcionados pelo Alex.
— Caraca, ! Você está bem? — Ele disse preocupado com ela.
— Eu estou sim, obrigada, Alex. — Ela sorriu enquanto eu empurrava a cadeira de rodas. Tentava, né...
— Sai da frente Ninguém Liga, estou passando! — Chamamos ele assim, mas é com amor. Empurrei, ou tentei empurrar, a cadeira dela pela grama, mas estava um pouco complicado. — Caraca, que droga de grama, está empatando de a roda rodar!
— Quem está ganhando, ? Você ou a grama? — Brincou . Alex e também riam da minha cara.
— Rá-Rá, engraçados vocês. – Falei irritado. — Foda-se! — Parei de empurrar e carreguei no colo. — Bem melhor agora, vamos. — Ela ficou constrangida por eu ter feito isso, ainda mais depois de hoje mais cedo. Enfim, não quero falar disso com ela agora. Na verdade, eu não sei direito se quero tocar nesse assunto em algum momento. Enfim... — Pronto, chegamos! Bem-vinda ao seu novo lar, !
Já estava tudo arrumado. Incluindo o gato dela. Tom é um gatinho carinhoso, foi logo subindo na cama, onde eu deixei a , para pedir carinho para dona. Ele é um gato preto e branco, mais preto do que branco, bastante carinhoso, como eu disse. ficou toda agradecida pelo que eu fiz. Na verdade, foi meio que obrigação minha fazer, já que me sinto culpado pelo acidente dela. Como disse, eu não sei bem se eu quero conversar com ela sobre os sentimentos dela por mim. Não sei se me sentiria confortável com essa conversa. Na verdade, isso me deixou um pouco confuso.
— Amor!
Bruna disse ao entrar no meu quarto. Eu já estava na minha casa, deixei a instalada lá na outra casa de gravações e a Iara deixou comida pronta para ela. Eu disse para que qualquer coisa poderia me ligar e desde então eu não tiro os olhos do visor do celular, com a conversa da aberta no WhatsApp.
—Vamos ver um filme hoje? — Bruna disse e se jogou na cama ao meu lado. Ela tem uma voz infantil, como dizem, e gosta de fazer manha imitando a voz de uma criança. Confesso que isso, às vezes, me tira do sério, um pouco.
— Pode ser, amor. — Respondi meio desanimado.
— Nossa, amorzão! — Ela falou com um bico enorme e se jogou em cima de mim. Gemi um pouco. — O que houve? Está assim por causa da ? — É, não deixa de ser verdade.
— É, ela saiu toda apressada para resolver um problema para mim e acabou se acidentando. Me sinto culpado. — Falei sinceramente. Bruna me fitou com um olhar confuso e manteve seu bico nos lábios.
— Ah, deixa para lá, amor. A já está bem, né? — Afirmei com a cabeça e ela prosseguiu — Então nada de fazer essa cara carrancuda! Vamos assistir um filme para animar o astral!
Bruna sempre foi uma menina alegre, divertida e brincalhona. Me rendi a felicidade dela e coloquei um filme para vermos. Logo ela adormeceu, como sempre, e eu fiquei vendo o filme sem prestar atenção na história. Meus pensamentos estão voltados para o que ouvi a falar. “Eu gosto muito dele, .”, as palavras dela estão ecoando em minha mente. Adormeci pensando nisso. Não tinha outra coisa para pensar, afinal.
Em sonho...
Estou deitado numa cama enorme. Parece que todo esse lugar é feito de um enorme colchão. Mas, na verdade, é o meu quarto. Olhei em torno do quarto e a mulher que está deitada ao meu lado não é a de sempre, é a . O que ela faz aqui? Sacudi ela devagar e ela despertou de seu sono profundo. Me viu e sorriu feliz. Se ajeitou na cama e deitou-se em meu colo. Não soube bem como reagir de imediato, mas institivamente eu comecei a afagar seus cabelos. Ela falava que me amava e fazia carinho em minha coxa. Só agora percebi que ambos estamos nus. Mas, que raio de sonho é esse? Eu tenho plena certeza de que é um sonho, mas queria que fosse real. Será que é real? Não, não é real. se virou para mim e selou nossos lábios num beijo tão quente e gostoso. Ao separar ela chamou por mim.
— ! ! – Ela falava, mas não saía a voz da , mas sim da Bruna. Bruna? — Amor, acorda! — Acordar?
Fim do sonho...
Bruna me sacudia para que eu acordasse. Na certa eu estava delirando e falando enquanto dormia. Espero que eu não tenha dito o nome da ... despertei finalmente do meu sonho e vi que Bruna me encarava com cara de espanto. Perguntou se eu estava bem e eu disse que sim. Foi só um sonho. Ela me disse que eu murmurava coisas aleatórias e que me debatia muito na cama, por isso ela acordou. Ainda bem que não falei o nome da . Isso seria difícil de explicar. Ela dormiu novamente e eu continuei pensando. Olhei para o visor do celular e vi que eram quase 2h da manhã. O que será que a está fazendo agora?
Eu odeio ficar sozinha. Tudo bem, eu morava sozinha naquela casa, mas eu tinha a companhia do Tom e de uma amiga que sempre ia lá me ver. A Lia foi a pessoa que me acolheu, antes do , quando eu ainda nem conhecia ele. A casa onde gravamos os vídeos é enorme. Que mansão maravilhosa! Mas, ainda fico pensando em como o aguenta morar numa casa parecida com essa. Nossa, não sei se me acostumaria com isso. O quarto que estou é o último do corredor, uma suíte onde guardávamos as tralhas que vamos usar ou que já usamos no canal. Toda hora eu me levanto, com toda dificuldade do mundo, e saltito até a porta para ver se ela está realmente trancada. Sim, eu tenho um tic muito chato [n/a: e eu de fato tenho esse tic de ficar “conferindo” as coisas que eu faço quase que compulsivamente. Esta fic, por exemplo, já foi revisada umas 15 vezes, no mínimo, e cada hora eu mudo uma coisa, rs=)]. Tenho medo de alguém invadir a casa e me matar. É, sou um tanto medrosa com isso. Confesso.
São quase 3h da manhã e eu ainda não consegui dormir, estou vendo algo na Netflix, mas nada de sono até agora. O Tom já está do décimo soninho dele, todo manhoso se espreguiçando. Amo esse gato! Nhaw! PÁ!!!
[n/a: “pá”? Sério Li? Yaughsdysduhasudhasudhud mds onomatopeia horrível, eu sei. Sorry!]
Que porra de barulho foi esse? Oh, Gosh, alguém está invadindo a casa. Estou perdida! Saltei, literalmente, da cama e fui saltitando até a porta. Para minha surpresa, a fechadura se movia e ouvi um barulho de chave. A maçaneta rodava, como se alguém estivesse tentando abrir. Eu não estou vendo coisas, alguém está tentando entrar no quarto. E agora? Vou morrer, é oficial, chegou a minha hora. TUM! TUM! TUM!
[n/a: outra onomatopeia maravilhosa da tia Li! Uahsduhasdusahd]
A pessoa do outro lado bateu com força na porta e eu me assustei. Tom acordou e começou a miar. Ele faz isso quando não me encontra na cama. Meu gatinho desceu e veio ao meu encontro. Eu estou parada atrás da porta com um taco de beisebol que esqueceram aqui. Na certa, é do ou do Alex, uma vez ele me disse que comprou um e deixou aqui para algumas experiências para o canal. A maçaneta girou e a porta foi se abrindo devagar. Fechei os olhos com força, ergui o taco e girei ele contra a pessoa. Ouvi apenas o seu gemido e um xingamento bem peculiar. Oh Gosh, o que eu fiz?!
— ! — Gritei assustada ao ver o hematoma enorme que se formava na testa dele, e um pouco de sangue também. — Meu Deus, o que você faz aqui? E como entrou no quarto? — Óbvio que ele tem a chave, né, ?
— Eu tenho as chaves daqui, é óbvio! — Ele falou irritado, para variar, e gemeu de dor. — Au! Porra, , você bateu forte! — Reclamou e eu o ajudei a se levantar. Conduzi ele até a cama.
— Desculpa, ! Perdão, eu achei que fosse alguém invadindo a casa. Desculpa! — Expliquei-me e ele se sentou na cama. — Vou pegar o kit de primeiros socorros. — Falei e fui saltitando até a porta de saída, mas ele logo me barrou.
— Pode parar de pular, saci. — Ele disse e riu da própria piada. Eu me mantive séria. — Deixa que eu pego. — Falou e foi até a cozinha pegar o kit. Quando voltou eu estava sentada na cama com a cara emburrada. — Para que esse bico aí? — Perguntou e eu respondi de uma forma que me arrependi no mesmo instante.
— Para chupar! — Instantaneamente meu rosto corou e arregalou os olhos e riu.
— Nossa, que atrevida você! — Brincou e sorriu de canto de boca. Ai, que vergonha! — Me ajuda aqui. — Falou me entregando o kit e pediu para que eu limpasse o ferimento que provoquei. — Ai, isso dói! Que mão pesada, ! — Sempre me acusaram de ser meio bruta. E eu sempre tive vergonha quando me acusavam disso.
— Desculpa. — Falei e recuei a mão, envergonhada com minha brutalidade. Ele segurou a mesma e sorriu serenamente.
— Continua. — Apertei levemente, controlando minha força para não o machucar mais. Ele me fitava com um olhar sereno e amoroso, diria. — Você gosta de mim, ? — Ah, , não me pergunta isso...
— Claro, você é meu amigo. — Disfarcei pessimamente. Ele revirou os olhos, entediado com minha enrolação.
— ... — Ele me fez parar de colocar remédio em sua testa e segurou minhas mãos. — Pensei no que eu ouvi da sua conversa com o e pensei também em tudo que nós vivemos juntos nesse tempo que nos conhecemos e em como você me fez mudar. — O olhei confusa.
— Eu te fiz mudar? — Ele sorriu de canto de boca.
— Sou uma pessoa bem mais bem-humorada agora que te conheço, . Sério. Minha vida ganhou um novo sentido. Sua amizade foi importante nesse sentido. — Ah, amizade. Sei.
— Entendo. — Respondi cabisbaixa. Mas, a quem eu quero enganar? Eu não quero ser só amiga do . — Deixa eu continuar, pode infeccionar. — Continuei colocando remédio em sua testa e ele voltou a ficar pensativo. Odeio o pensativo. Não consigo prever o que ele fará nem como agirá em relação às coisas.
Terminei o curativo na testa dele e o mesmo agradeceu pelo gesto. Perguntei para ele o que fazia aqui às 3h da manhã. Ele disse que teve um sonho comigo e veio ver como eu estava, já que eu não respondi as mensagens dele. Eu estava tão preocupada em ficar alerta caso alguém invadisse a casa que nem reparei que meu celular vibrou com as mensagens. Tranquilizei ele dizendo que estava tudo bem, mas ele percebeu que eu estava com medo de alguma invasão e de algo a mais também...
— Tem medo de ficar sozinha, ? — Ele perguntou enquanto sentava na cama ao meu lado, após ter ajeitado o travesseiro embaixo da minha perna imobilizada.
— Nã-não, imagina. — Gaguejei e com isso ele riu da minha cara. Vai rindo , isso é porque não é contigo.
— Deixa de ser boba, , aqui é bastante seguro. Não se preocupe, ninguém te fará mal. — Ele sorriu. Um sorriso reconfortante. — De qualquer forma eu vou ficar aqui hoje, só para garantir que ninguém entrará aqui.
— Nã-não precisa, . Que isso, amanhã você tem gravação cedo para compensar as faltas de hoje. Já basta você não ter gravado hoje por minha causa. — Falei e ele deu de ombros.
— Bobagem. Eu vou ficar. — Falou taxativo e completou: — E isso não está em discussão, .
Detesto quando me chamam pelo sobrenome. Parece que estou de volta ao colégio. O lugar aonde adquiri parte dos meus traumas de infância. Qualquer dia desses eu conto, mas, por hoje, ficaremos com a companhia do .
Coloquei o notebook conectado à TV de 50’ que tem aqui, deixei passando a série que eu estava vendo antes de ser surpreendida pelo . Desliguei as luzes e me encolhi no canto da cama. Tom estava deitado entre nós dois. Já vi que as horas irão passar se arrastando. São apenas 3h15 da manhã, ainda.
dormiu após a segunda cena do episódio. Como pode dormir tão rápido assim? Também não a culpo, deve estar dopada de remédios para dor. Ela reclamou bastante que seu tornozelo estava doendo, latejando. Tadinha. Cochilei por minutos e logo fui acordado pela que estava se debatendo. Nossa, que mal dormir – olha só quem fala, né?! – Me ajeitei na cama, sentando na mesma, e chamei por ela, mas nada dela acordar. Pelo reflexo da luz que entrava no quarto, a luz de algum refletor certamente, pude ver que ela estava suando. Encostei minha mão em sua testa e realmente ela está suando e está com febre também. Mas, de onde surgiu essa febre? O médico disse que isso seria possível, mas, pouco provável. Parece que as coisas pouco prováveis acontecem com ela. E comigo também, né?
Peguei algumas toalhas e uma bacia de água fria para jogar na cara dela. Mentira, eu não joguei a água fria nela, apenas peguei as toalhas, as molhei e coloquei em sua testa. Certa hora da madrugada, lá pelas 4h30, ela acordou ainda um pouco febril.
— ? Ainda está aqui... achei que estava sonhando de novo — De novo? Então, a senhorita anda sonhando comigo? Hm... — O que houve? — Perguntou ao me ver sentado ao lado dela com uma toalha nas mãos.
— Você está com febre. — Falei e conferi para ver se a febre havia passado. – Estava com febre, parece que finalmente abaixou a temperatura do seu corpo. — Me corrigi e ela deu um sorrisinho.
— Que horas são? — Disse e se sentou na cama encostando-se na parede atrás de si.
— 4h32 da madrugada. — Respondi olhando para ela, que suspirou. — Dorme mais, eu vou preparar um lanche, você quer? — Ela me olhou com uma cara de fome.
— Claro! — Respondeu animada. Está aí uma coisa sobre ela que eu sei bem: nunca recusa comida. Ela foi se levantando e eu a encarei com a sobrancelha arqueada.
— Vai aonde? Deixa que eu faço a comida. — Falei taxativo. — Nem pense em me seguir saltitando pela casa. — Ela revirou os olhos e voltou a encostar-se na parede.
— Chato. — Resmungou baixinho, mas suficientemente alto para eu ouvir. Balancei a cabeça e saí do quarto rindo.
Já na cozinha, preparei um lanche bem gostoso para nós. Voltei para o quarto e comemos. comeu como se não comesse nada há dias. Nisso ela se parece bastante comigo: comilona. Aliás, temos muito em comum, mais do que imaginei que um dia fosse compatível assim com uma pessoa. Não sei bem se isso existe, mas parece que nossas almas já se conheciam de outras vidas. Ela sabe o que eu gosto e como eu gosto das coisas. Ela é perfeita. Mas, não entendam isso como uma declaração ou algo do tipo. É apenas uma constatação do quão perfeita a é para mim. Estou muito feliz ao lado da Bruna e creio que ela seja a mulher da minha vida. Bom, se é que isso existe de fato.
Já amanheceu e já recebi inúmeras ligações da Bruna, não atendi nenhuma delas. Deixei que caíssem na caixa postal. Dormi a manhã quase toda, dormiria mais se não fosse pela interrupção do batendo na porta do quarto.
— !? está acordada? — Gritou do outro lado da porta que estava trancada justamente para que ninguém entrasse aqui de surpresa. — !! Acorda, mulher! — Ele ria do outro lado e eu queria mata-lo por ter me acordado. Me virei resmungando e cobri o rosto com o edredom.
— Já vai, ! Calma! — gritou levantando-se da cama. Antes, ela bateu nas minhas costas e sussurrou. — Vai mesmo ficar aí, ? — Ela disse num tom preocupado.
— Hm... mais tarde eu levanto, , tá cedo ainda. — Resmunguei. Eram 9h da manhã. De madrugada para mim.
— A gravação é de manhã hoje, esqueceu? — Ah, , você tinha que me lembrar disso.
— ! — gritou novamente e deu um murro na porta.
— Já chega! Vou matar esse idiota! — Levantei de supetão e fui andando até a porta, peguei o taco que a usou para me acertar ontem.
— Espera, , não! — tentou me impedir, mas eu corri mais rápido. Tenho a vantagem de não estar com a perna imobilizada.
— ?! — Espantou-se ao me ver de calção, sem camisa e, o mais importante, no quarto da . — O que você está fazendo aqui? A Bruna está louca atrás de você cara! — Arregalou os olhos.
— Entra logo! — Ordenei e ele entrou fechando a porta atrás de si. Larguei o taco no chão, com raiva, e voltei para cama.
— , não pode dormir de novo. A gravação! — falou novamente.
— Eu sei, ! Eu sei! — Resmunguei novamente. — Vou pegar o celular para ligar pra Bruna. — Falei, sentando-me na cama, passei as mãos nos cabelos e peguei o celular para mandar mensagem para Bruna. Tinha umas quinze mensagens dela, fora as ligações. — Pronto, vou tomar um banho. — Falei e fui até o banheiro tomar banho.
— Aqui? — perguntou.
— Onde mais eu tomaria? Na piscina? — Falei, sem paciência. e me encaravam desacreditados na minha naturalidade diante da situação.
— ! — disse de supetão.
— O que é, ? — Falei sem paciência ainda e me virei para olhar para ele.
— Você passou a noite com a ? — Encarei ele como se tivesse encarando um inimigo de Estado. Que pergunta é essa, ?
— ! Não é isso que está pensando... — ela tentou se explicar, mas eu interrompi e respondi.
— Passei sim, tive um sonho com ela, vim ver como ela estava e acabei dormindo aqui. Ela passou a noite com febre, mas agora está melhor. — Falei rapidamente ainda encarando — Quer saber mais alguma coisa, ? — Perguntei com o cenho franzido. As perguntas do quase sempre me deixam irritado. Ele balançou a cabeça dizendo que não e então eu me virei para que estava com os olhos esbugalhados — , não precisa se explicar para o . Esquece ele. Não fizemos nada de errado. — Tentei tranquilizar ela, mas parece que não deu certo.
Deixei os dois lá no quarto e entrei no banheiro. Tom estava lá dentro fazendo suas necessidades de gato. Tomei banho e vesti a mesma roupa. Pedi para o pegar uma roupa que sempre deixo aqui para eu usar. Me troquei e fomos para o estúdio. Falei para ele pedir algo para gente comer, foi tomar banho e se arrumar. Logo, ela estava no estúdio conosco. Começamos as gravações. Solicitei que a cancelasse os compromissos da tarde, pois as gravações atrasadas irão ocupar todo o meu dia.
Eu inventei uma desculpa para Bruna, disse que saí cedo para gravar. Não deixa de ser verdade, né? Ela nem ligou e disse para eu me cuidar, pois não havia dormido bem. Pelo contrário, querida, eu dormi bem demais até. Enfim...
Foi um dia intenso de gravações, praticamente não saímos do estúdio. Fora as gravações previstas para o dia, tivemos que gravar os vídeos que gravaríamos ontem. Então, passamos horas no estúdio, minha equipe e eu. Durante esse tempo pedimos comida pelo app e comemos alguma besteira durante as pausas de 15 minutos que a deixou a gente ter, ela que coordenava as gravações, incluindo os intervalos entre um take e outro. Além de também auxiliar nos roteiros, só auxilia mesmo, pois o tempo que ela tem é quase todo dedicado a mim. E eu agradeço imensamente a ela por isso. Não sei o que seria de mim sem a , literalmente: ela cuida da minha vida. Meses mais tarde...
O fim do ano está chegando e estamos planejando uma grande festa aqui na minha casa. , meu irmão, está ajudando a planejar a festa. Já contratamos buffet e um DJ para animar a festa. Ah, o pessoal da decoração também já está contratado. Vamos fazer um amigo secreto no Natal junto com um jantar e no Ano Novo uma grande festa.
Ainda bem que não precisou de cirurgia no tornozelo, fez algumas sessões de fisioterapia e está bem melhor. Agora ela já consegue correr pela casa atrás do Tom, que às vezes escapa do quarto dela. Resolvemos que ela vai morar aqui, na casa onde gravamos, fica mais fácil para todos e ela topou depois de eu insistir muito. À princípio, ela queria pagar aluguel ou que eu descontasse algo do salário dela. Jamais faria isso, não há o menor cabimento!
e eu estamos mais próximos. Não falamos mais sobre os sentimentos dela sobre a minha pessoa. Ela fica desconfortável toda vez que toco no assunto, então prometi que não falaria mais a respeito. está insistindo, achando que eu e ela nos beijamos ou que já transamos. é uma ameba às vezes. E mesmo se já tivesse acontecido, eu jamais falaria para ele, pelo simples fato dele ser amigo da Bruna.
— ?! — bateu na porta do meu escritório. Eu tranquei, pois, o toda hora vinha aqui para me dizer futilidades. Estava de saco cheio, então estabeleci a regra de: só entra no meu escritório a Samanta, a ou a Bruna. — Posso entrar? — Ela perguntou, olhando pelo vidro. Eu acenei que sim com a cabeça e ela entrou com um caderno, eu acho, e seu tablet nas mãos.
— Quer falar comigo? — Perguntei sem tirar os olhos do PC. Eu estava irritado e preocupado com um e-mail que meus advogados mandaram hoje cedo.
— Sim, . Eu tenho algumas propostas de trabalho comercial que chegaram ontem para você. Olha só, eu estava conversando com a Samanta e ela achou a ideia maravilhosa. Vai ser ótimo para você e para o canal, então preparamos este material aqui para que você dê uma olhada e nos diga se aprova ou não. À princípio o contratante quer que... — falava e falava e eu não estava prestando muita atenção. Ainda mantinha meus olhos fixados na tela do PC. Ela notou minha dispersão e bateu nas minhas costas com o tablet. Com o T-A-B-L-E-T! — ! Poxa! Estou aqui falando e você nem prestou atenção. — Ela disse irritada. Levar um tablet nas costas me fez virar para dar atenção a ela.
— Desculpa, , estou preocupado com uma coisa.
Ultimamente venho me confessando, se é que podemos colocar assim, mais para a sobre minha vida pessoal. Sobre minhas preocupações internas. Coisa que eu não faço e nunca fiz com a Bruna, até por que ela não parece se importar muito com esses assuntos que me incomodam, assuntos de trabalho, como ela mesma diz. Já a é uma excelente ouvinte e me dá bons conselhos quase sempre.
— O que houve? — Questionou ela, colocando o tablet na mesa e se aproximando de mim. — Algo grave?
— Um processo. Mais um, na verdade. — Outro processo judicial de pais dizendo que estou influenciando crianças a comprar coisas. Não sei lidar muito bem com isso então deixo nas mãos da minha equipe de advogados. — Está tudo nas mãos do Tiago — o advogado chefe — e de sua equipe, mas não deixa de me preocupar. — Cocei os olhos e joguei a cabeça para trás.
— Calma, , vai dar tudo certo. — Ela levantou e me virou com a cadeira me deixando de costas para ela. — Você está tenso, precisa relaxar. — Ela começou a fazer massagem no meu ombro. Isso começou a me relaxar.
— Ah , que maravilha... — comecei a gemer por que a massagem dela me gerava dores, mas dores gostosas, sabe? Pois é, eu comecei a me empolgar nos gemidos. — Ah , isso... continua, isso, ! Ai que delícia, caraca! — Qualquer desavisado acharia que estava rolando alguma putaria ali. Mas não estava, juro.
— Estou atrapalhando algo? — A voz do ecoou como um soco no meu saco. Estraga prazeres.
— O que quer, ? Eu não disse para você não entrar aqui sem bater?! Caraca, que teimoso velho! — Falei reclamando da atitude dele. Ouvi seus passos se aproximando de nós.
— Estou fazendo massagem no . Ele está bem tenso. Outro processo, sabe. — Explicou ainda fazendo massagem nas minhas costas, às vezes ela pressionava os dedinhos em minha nuca (foi a melhor parte, sem dúvidas). Naquela altura eu já estava envergado, quase deitado no meu próprio colo.
— Não explica, , deixa ele entender o que quiser. — Falei meio embolado, pois minha boca estava prensada no meu joelho. — Ah que maravilha, ... — Ainda gemia do prazer que estava sentindo com a massagem dela.
— Trouxe um café para você, . Iara quem mandou. — Falou e eu acenei para ele colocar o café em cima da mesa. Fiz sinal de positivo com o polegar e então saiu do escritório.
— Fecha a porta! — Gritei e o mesmo riu e fechou a porta, deixando e eu à sós novamente. — Ah , que mãozinhas mágicas as suas. Adorei! — Ela riu e falou.
— Se soubesse disso teria pedido para eu fazer massagem em você antes, né? — Falou brincando.
— Com certeza, meu bem. — Tomei a liberdade de chamá-la assim, mais intimamente. Ela pareceu não se incomodar, mas parou de fazer massagem, de repente e se afastou um pouco da minha cadeira e ficou me olhando. — O que foi, ? — Perguntei, já de pé, olhando para ela. — Desculpa ter te chamado de ‘meu bem’. Te incomodou, né? — Fui logo me desculpando por qualquer coisa que eu tenha dito.
— Não foi isso, , eu gostei. — Ela respondeu e encarou o chão. Sua respiração estava ofegante. Me aproximei e segurei se rosto.
— O que houve, meu bem? — Falei mais uma vez e segurei seu rosto perto do meu. Ela fechou os olhos e abriu um pouco a boca, respirando por ela. — Eu quero te beijar, . — falei, também de olhos fechados e ofegante. — Mas não sei se você também quer. Só farei isso se você também quiser. — Ela não respondeu nada. Apenas se aproximou mais e encostou seus lábios nos meus. Suave. Um beijo suave que depois deu passagem para minha língua e depois a dela, transformando-o num beijo quente, apaixonado, intenso.
— Desculpa! Desculpa, . A Bruna, eu... eu já vou. — falou, pegou suas coisas e foi saindo do escritório deixando apenas os papéis que ela havia preparado junto com a Samanta.
Não falei com ela durante o resto do dia. Eu não tive mais compromissos com a equipe, então não falei com ela. E ela também não me respondeu no WhatsApp e nem a ligação que fiz para tentar conversar. Passei o restante do dia pensando no beijo e na Bruna. Meu Deus, eu nunca havia beijado outra pessoa estando com ela. Estou arrependido. Mas por outro lado tem a e sua perfeição comigo. Somos almas afins. Estou me apaixonando por ela, isso eu não posso negar.
Desde aquele beijo, no escritório do , que eu e ele não conversamos mais à sós. Estou evitando ficar sozinha com ele, não pelo fato de achar que ele vai me agarrar ou algo assim, mas sim, porque eu não sei se resistiria ficar sozinha com ele sem tocá-lo, sem beijar seus lábios novamente. Alguns dias se passaram desde aquele dia. Chegou finalmente o Natal e a festa que e prepararam. Quer dizer mais nós da equipe do que preparamos, mas enfim o ajudou também dando algumas dicas. Meu amigo secreto é o Pedro, o Ninguém Liga 2, como o chamamos aqui. Ele é rico, literalmente, bastante rico mesmo. Então tentei comprar algo que fosse bom, mas que ele ainda não tivesse. Confesso que foi um pouco difícil, mas a Samanta me ajudou. Tive que contar para ela que eu havia tirado o Pedro para que me ajudasse a escolher o presente. Ela, coincidentemente, tirou o . Então eu a ajudei a escolher algo para ele. Na verdade, eu fiz o presente por ela. Desenhei os escudos das quatro Casas que compõem Hogwarts, em Harry Potter. Ela também, assim como e eu, é bastante fã da saga, mas não tem tanta habilidade no desenho. Ela queria me pagar, mas eu não aceitei. É para o afinal, faço com amor.
Já é Natal! Oh! Oh! Oh!
Estou aqui no casarão me arrumando ainda, a recuperação do meu tornozelo já está 100%. Finalmente! É bom, pois agora parou de me chamar de saci o tempo todo. Engraçadinho esse meu chefe/amigo/amor secreto. Confesso que eu gostaria de ter tirado o , até propus para Samanta de trocarmos, mas ela não quis. Bom, é até melhor. Pois falaria horrores, já até imagino as piadinhas.
Quem será que me tirou? Espero que não tenha sido o , pois aí sim teriam pano para manga nessa história. Ninguém mais, além do , sabe dos meus sentimentos por ele. E ninguém sabe do beijo que demos. Eu penso nesse beijo todo dia...
Já estou aqui na casa do . Está tudo muito lindo e iluminado. Todos já chegaram para festa, muito bem vestidos, falei com todos e peguei uma bebida para mim. Sentei ao lado de Samanta e agradeci ao Pedro por ele ter colocado meu presente junto com os outros. Após fazer isso, ele sentou-se junto conosco e ficamos conversando. ainda não desceu, nem a Bruna.
— está demorando, né? — Comentou Samanta e deu um gole em seu suco. Ela é vegana e também não bebe álcool. Queria ter essa parte em minha vida também, mas não consigo não comer carne e nem parar de beber álcool. Enfim...
— Verdade, deve ter se perdido no closet imenso dele. — Falei brincalhona e todos riram.
— Você está linda hoje, . — Pedro disse com um sorrisinho nos lábios.
— Só hoje? Nossa... — falei me fingindo de ofendida.
— A está linda sempre, cara. Qual foi!? — Alex falou em protesto ao comentário dele.
— Obrigada, Alex! — Soltei um beijinho para ele que ficou todo sem graça e pimpão. Conversamos mais um pouco e meu celular vibrou. Olhei para o visor e era mensagem do : “Vem aqui no quarto, agora. Preciso de você!”
— Aconteceu alguma coisa, ? — Alex perguntou ao ver que minha expressão mudou rapidamente para uma cara de preocupação. Mas o que será que aconteceu?
— Não, nada. Eu já volto. — Falei e levantei do sofá.
— Posso ir com você? — Pedro perguntou, também se levantando.
— Eu vou ao banheiro. Já volto. — Sorri e saí dali. Ele voltou a se sentar. Despistei a todos e subi as escadas, fingindo estar no telefone falando com alguém.
Tem um banheiro perto da sala, mas o quarto do é na parte de cima, então... dei uma volta em todos, o que não adiantou nada, pois senti que todos me olhavam subir as escadas. Resolvi ignorar e ir ver o que ele quer. No caminho, encontrei a Bruna saindo do quarto dele bastante apressada e com uma cara emburrada. veio logo atrás e passou por mim como um furacão. Acho que ele esqueceu que havia mandado a mensagem para mim. Ignorei e voltei para sala. Me sentei no sofá e voltei a conversar com o pessoal. Ele e Bruna saíram para conversar na piscina, ela parecia nervosa e ele também. Gesticulava bastante. Fiquei curiosa, todos ficamos, mas não perguntamos nada quando vimos um irritado – o normal de sempre – entrando na casa e uma Bruna nervosa – o que não era de seu feitio – vindo atrás dele.
Começou o jantar, comemos e após começamos o amigo secreto. foi o primeiro, por ser o mais velho na equipe e o amigo mais antigo do ali, juntamente com o Otávio. Foi seguindo o trâmite do amigo secreto e finalmente chegou na Samanta que tirou o .
— Espero que você goste, . — Disse Samanta entregando o presente para ele. Eu fiz os escudos das Casas de Hogwarts quase entrelaçados um no outro numa folha A3 e Samanta pediu para emoldurarem. Ficou bem bonito o resultado final.
— Wow! Que lindo, Samanta! — Ele disse animado e encantado pelo presente. — Obrigado! Caraca, velho, que lindo! — Ele parecia uma criança quando ganha algo que gosta.
— Dando os devidos créditos: foi a quem desenhou. Eu pedi para ela. — Tínhamos combinado que ela não falaria para ele que fui eu quem desenhou. Porra Samanta! Olhei para ela com um olhar de reprovação. Ela deu de ombros e sorriu.
— Sério, ? — Senti o peso dos olhares de todos sobre mim. Apenas balancei que sim com a cabeça e dei um sorriso sem graça. — Ficou maravilhoso! Nossa, vou pendurar no meu quarto. Nem vai para o estúdio por que é lindo demais. Quero olhar só eu para ele todo dia! Obrigado as duas! De verdade! — Ele agradeceu e Bruna retorceu a boca ao ouvir ele me elogiar. Será que ela desconfia de algo? Ah , o que você falou ou fez para Bruna me olhar assim? Será que foi por isso que estavam brigando? — Bom, minha vez. — Ele começou a falar sobre o amigo secreto dele. — Meu amigo secreto é uma pessoa que eu não gostava assim que começou a trabalhar comigo, mas que depois essa pessoa foi melhorando no trabalho, foi se sobressaindo, se destacando e eu vi nessa pessoa alguém em quem eu podia e posso confiar. — Todos ouviam atentamente à fala dele. As únicas opções que sobravam eram o Alex, o Pedro (que todos sabemos que fui eu quem o tirou), o e eu. — Hoje, eu posso dizer que essa pessoa é uma grande amiga e que eu a amo muito, de coração! Eu não seria nada sem ela... — ele disse e todos olharam para mim.
— Só pode ser a ! — Disse Otávio sorrindo. — ama essa mulher! — Todos riram, menos a Bruna que ainda estava de cara amarrada e com os braços cruzados. E eu? Bom, eu estava morrendo de vergonha. Morrendo!
— É você, ! — Disse animado. Eu mal pude acreditar. Só por que eu não queria que ele me tirasse, ele me tirou. Maldição! — Vem, mulher! — Me chamou novamente. Levantei, sem graça, e caminhei devagar até ele. me abraçou e deu um beijo em meu pescoço. Imediatamente meu corpo se arrepiou; involuntariamente meu rosto ruborizou. Sorri e peguei o presente. — Abre, espero que você goste. — Abri o pacote que revelou uma coleira linda para o Tom.
— Ah, ! Que lindo! É para o Tom! — Ele sabe que eu amo meu gato e faço de tudo por ele. Realmente é uma coleira linda. Tem um medalhão com o nome dele gravado e do outro lado tem meu nome e meu número, caso ele se perca (o que nunca aconteceu, ainda bem).
— Você ama tanto seu gatinho, então resolvi te dar algo que te lembrasse dele sempre também. Olha dentro do pacote que tem mais uma coisinha para você. — Ele disse e eu olhei no pacote, tinha um bilhete escrito: “Olha embaixo da árvore de Natal que tem um pacotinho te esperando, meu bem. Com amor, ” olhei para ele confusa.
— Vai lá. — Ele sorriu e eu fui até a árvore. Todos ficaram se perguntando o porquê. Voltei de lá com uma caixinha vermelha. — Abre. — Ele tinha um sorriso enorme de satisfação no rosto. Abri a caixinha e dentro dela tem uma gargantilha de prata com um pingente com uma foto do Tom em formato de coração. Finalmente eu consegui sorrir, sem tensão em meu sorriso, e olhei emocionada para ele.
— ! — Exclamei emocionada.
— Gostou? — Ele sorriu e eu o abracei muito forte. — Sabia que ia gostar, ! — Todos aplaudiram em volta, menos a Bruna. — É de prata porque sei que tem alergia a ouro. — Realmente eu tenho alergia a ouro. É demasiada linda essa gargantilha. — Quer que eu ponha em você? — Perguntou e eu não respondi nada. Ele pegou de minha mão, abriu e colocou no meu pescoço. — Nunca mais tire, senão ficarei ofendido! — Falou e eu sorri.
— Nunca vou tirar. — Respondi ainda emocionada.
— Legal! — A voz estridente e super aguda de Bruna ecoou pela sala e todos se voltaram para ela. — Sua vez, , fala aí quem você tirou. — Me chamou pelo nome, wow, realmente aconteceu algo. Depois preciso conversar com o sobre isso. Sério! Fiquei sem graça e peguei meu presente.
— Bom, meu amigo secreto é alguém muito legal... — comecei falando e logo perceberam que era o Pedro. — É, é você Pedro! — Exclamei e ele deu um sorriso maroto. Levantou e veio me abraçar.
— Obrigado, querida ! — Me deu um beijo no rosto. Abriu o presente e agradeceu novamente.
Terminada a troca de presentes, nós voltamos a conversar e comer uns petiscos. Toda hora eu alisava o presente do e não desgrudei da coleira que ele deu para o Tom. Assim que chegar em casa eu vou colocar no Tom. Ele nem liga para as coisas que eu penduro nele. Tadinho, deve querer me matar por isso às vezes, mas ele só demonstra amor, então acho que ele gosta. Em dado momento, já era madrugada, Pedro me chamou para conversar lá fora na área da piscina. Fui com ele e vi que o olhar de nos seguiu. Lá fora, Pedro veio com uma conversa esquisita...
— Você é muito linda, . Nunca havia notado direito. — Começou falando. Eu estava encostada na parede, minhas costas doem, o salto que coloquei começou a incomodar, então estou descalça agora. — Você está solteira, né? — Perguntou segurando meu queixo.
— Sim. — Respondi e tirei a mão dele do meu rosto. — Melhor entrarmos, está frio aqui fora. — Falei disfarçando. Realmente fazia um friozinho até que gostoso nesta noite de Natal. Ele sorriu e apoiou o braço na altura do meu rosto.
— Posso te beijar? Estou louco por isso... — falou e começou a roçar o rosto dele no meu. Eu apenas me desviava.
— Eu não quero, Pedro, para. — Falei e empurrei ele de leve. Mas ele insistiu. — Para, Pedro... — falei novamente e ele ignorou.
— Vem cá! — Ele pegou em minha nuca e me puxou para ele me beijando. Empurrei ele, mas não consegui empurrar suficientemente forte para me livrar de seu beijo. Ele me prensou na parede e começou a beijar meu pescoço.
— Eu vou gritar, Pedro, para com isso senão eu grito! — Falei, já com lágrimas nos olhos. Eu não quero o mal para ele, não quero que briguem com ele e essa festa vire uma grande confusão. Mas eu não posso ficar calada em relação a isso. Preciso contar para alguém. — Para, me solta! Está machucando... — os chupões que ele me deu estavam doendo. Ele já estava bastante bêbado, o que não justifica em nada sua atitude. De repente, uma voz rebateu em meus ouvidos. A voz salvadora.
— Solta ela, Pedro! — disse e puxou Pedro pelo ombro. — O que você está fazendo?! — Falou irritado. Pedro bateu na mão do , que revidou dando um soco na cara dele.
— , não! Não precisa disso... — falei desesperada e segurei o braço dele.
— Sai daqui, Pedro! Pega suas coisas e sai daqui antes que eu chame os seguranças. Anda! Sai daqui!
estava possesso de raiva. Pedro limpou o sangue de sua boca e saiu pelos fundos sem se despedir de ninguém.
— Você está bem, ? — Ele perguntou segurando meus braços. Eu não consegui falar nada. Caí no choro. Ele me abraçou e segurou minha cabeça, afagando meus cabelos. — Está tudo bem, calma, está tudo bem agora, meu bem. — Eu adoro tanto quando ele me chama de ‘meu bem’. Me sinto segura, mas sei que isso não é para mim. Sei que eu não posso me sentir assim por ele, porque ele tem outra. — Vem, vamos aqui. — Conduziu-me até o quartinho onde era o antigo estúdio dele, antes de comprar a outra mansão. Aliás, o antigo estúdio é bem menor que o atual.
Eu estava com hematomas roxos pelo pescoço, culpa do Pedro e de sua loucura de me agarrar à força. disse que ficou preocupado com nossa demora e foi ver o que estava acontecendo. Perguntei para ele sobre a Bruna e o porquê de sua irritação. Ele disse que ela leu a mensagem que ele mandou para mim. Leu toda nossa conversa anterior onde mencionava, às vezes, o beijo que demos. Falou também que Bruna já tinha ciúmes de mim há algum tempo. Essa mensagem foi apenas a gota que faltava para tudo transbordar. Será que eles vão se separar? Eu não quero isso, sinceramente não quero. Porém, se acontecer, não sei se me sinto culpada ou feliz por ter a oportunidade de ficar com o .
Ele cuidou de mim, fez uma maquiagem com o pó compacto que tem no antigo estúdio, que ele deixou lá na mudança. Disfarçou meus hematomas. disse que precisávamos conversar depois, que ele me diria o melhor momento. Conversar sobre nós dois, sobre o beijo que demos e nossos sentimentos. Sim, ele me disse que tem um sentimento muito forte por mim e que ele não está sabendo lidar com a controvérsia de amar a Bruna e se apaixonar por mim. Tudo muito confuso...
Dias depois, tivemos a grande festa de Ano Novo.
Até agora não tive a tal conversa com o e parece que não terei, pois ele se acertou com a Bruna. Pelo menos é o que aparenta. Ela voltou a sorrir ao lado dele, mas continua sem olhar na minha cara. Ignoro este fato e sigo minha vida. Pedro ficou esses dias todos sem aparecer aqui. A festa de Ano Novo está rolando aqui. resolveu não demitir ele, conversaram e resolveram tudo. Pedro me pediu perdão pelo que fez e disse que se afastaria e não tentaria mais nada comigo. Perdoei ele, mas avisei que se tentasse novamente dessa vez eu não seguraria o . Deixaria que lhe quebrasse a cara. Isso se eu mesma não o fizesse. Essa festa de Ano Novo será um porre. Tô até vendo...
Ano Novo! Vida nova! Bruna descobriu meu envolvimento com a e terminou comigo, mas acabamos que nos resolvemos e ela voltou atrás no término. Eu não ligo para a idade da Bruna, ela é quase dez anos mais nova que eu, mas é em momentos como estes que a idade fala mais alto. A gente vê nas brigas a diferença de idade berrar, é inevitável não pensar nela, apesar de eu sempre tentar ignorá-la, já que o amor sempre falou mais alto.
está tão linda hoje, assim como nos outros dias também, mas hoje ela está maravilhosa neste vestido vermelho e curto. Está usando uma sandália rasteira e os cabelos soltos na altura dos ombros. Ela usa o presente que eu dei para ela, aliás ela nunca tira, para nada. Tom também já está usando a coleira dele. Gracinha de gato. Ele sempre mia e vem se esfregar nas minhas pernas quando me vê. Eu sempre gostei mais de cães, mas o Tom conquistou o meu amor e admiração. Pedro veio na festa. Aquele babaca pediu desculpas para e para mim também pela cena que deu e por ter agarrado a contra sua vontade. Eu relevei, mas não esqueci. Não me esqueço fácil de coisas assim. De qualquer forma, estou de olho nele.
Durante a festa meu irmão, , veio falar comigo.
— Mano, você tem certeza disso? Tem certeza de que isso é o melhor para você? — Falou ele se referindo ao fato de eu ter voltado para Bruna. Contei toda a história para ele, inclusive do beijo que dei na . — Acho que você está fazendo errado, cara.
— Pode até ser , mas eu amo a Bruna e... bom, eu não sei. — Falei pensativo. — Por outro lado, eu...
— Você gosta da ! — Ele disse de repente e deu um tapinha em minhas costas. Olhei para ele e depois olhei na direção de onde estava. Ela ria junto com os outros da equipe. A casa estava cheia de amigos meus. — Isso é nítido, mano. Não pode negar.
— Eu sei, cara... eu realmente gosto muito dela. — Ele me olhou com a cara confusa.
— E por que não fica com ela, então? — Ela fala como se fosse a decisão mais fácil do mundo.
— As pessoas têm sentimentos , não posso simplesmente largar a Bruna para ficar com a . Não é assim. — Ele balançou a cabeça em reprovação ao que eu disse.
— Sim, e os seus sentimentos não contam também?
— Claro que sim.
— Então... você não está mais feliz com a Bruna. Eu sei disso. E você também sabe disso, mas não quer admitir. — Não que seja assim, não que eu não esteja mais feliz com a Bruna, mas... ah, eu não sei mais o que é. Só sei o que estou sentindo pela é forte demais para ignorar.
Fiquei o resto da festa pensando no que o meu irmão me disse sobre essa história toda. Minha cabeça estava longe dali, fiquei disperso – mais que o normal –, concentrado em meus pensamentos. Praticamente repensei toda a minha vida com a Bruna e toda minha vida com a . Pensei no sentimento que sinto por cada uma. Sim, pois obviamente que o amor que tenho pela Bruna não se acabou. Não se acaba assim. Mas a ... ah, ... Feliz Ano Novo! Finalmente é 2020!
Sei que coisas boas estão reservadas para minha vida nesse novo ano. Sei disso e estou lutando por isso. No fim do mês é meu aniversário e dessa vez eu estou animado. Farei 32 anos. É, estou ficando velho, mas me sinto cada vez mais renovado. A cada dia. O canal está indo de vento em polpa e eu não posso reclamar. Tirando os processos judiciais, mas isso é outra história. Irrelevante no momento. Dias depois...
Depois de amanhã é meu aniversário. O pessoal da equipe está preparando uma surpresa para mim, eles pensam que me enganam, mas eu já saquei tudo. Por coincidência, o aniversário da é perto do meu. Em fevereiro, logo no início. Estou pensando em fazer uma surpresa para ela, mas uma surpresa só minha, sabem? Ela trabalha tanto, merece um descanso e um mimo. “Ah , mas seus outros funcionários também trabalham para caralho!”, é, eu sei, mas a é especial. Estou apaixonado, não me julguem.
Eu estou namorando a Bruna ainda. Sim, ainda, porque estamos brigando muito e não é só por causa da . Ela anda estranha. Bruna sempre foi de sair com as amigas, ir para baladas e tudo mais. Isso nunca me incomodou, de verdade, mas ela também nunca mentiu para mim. E por duas vezes, durante esses meses finais do ano passado, ela mentiu para mim. Mentiras essas que nem valem a pena retomar agora, mas que me magoaram muito. Mas eu relevei e perdoei ela. Só não sei por quanto tempo mais eu vou resistir em ficar longe da . Que aliás está me evitando e muito. Ah , não fuja de mim... Parabéns para mim! Parabéns para mim! (Trecho de Harry Potter, Câmara Secreta, onde Harry comemora sozinho seu 12º aniversário, achando ele que ninguém havia se lembrado. Gosto dessas referências.)
Hoje é meu aniversário, ae!!
Bruna passou a noite aqui em casa, comigo, e ainda está dormindo ao meu lado. Levantei, tomei um banho e quando saí do banheiro Bruna estava acordada me esperando na cama com vários balões de Feliz Aniversário. Fora a bandeja com o café da manhã. Sorri de leve e selei nossos lábios sem muita emoção. Na noite anterior nós brigamos e fomos dormir sem falar um com o outro. Tomamos café e eu desci para ir para a outra casa gravar. É, vida de youtuber é assim mesmo: trabalha até no próprio aniversário. Cheguei no estúdio e todos já estavam me esperando para a surpresa que prepararam. Me disseram que mais tarde terá uma festa para mim e que não aceitariam ‘não’ como resposta minha. Eu não gosto muito de festas de aniversário. Nisso sou bem parecido com a . Na verdade, ela é comigo, né? Enfim, gravei os vídeos que tinha que gravar. me disse que daqui a dois dias eu tenho um compromisso importante num shopping aqui do Rio, no qual não posso faltar. Um encontro com fãs numa loja que está patrocinando o canal. Combinei tudo com ela e tentei prolongar a conversa, em vão, pois ela logo se levantou da cadeira do escritório e saiu. Ela me deu um presente. Um desenho dos meus cachorros. A coisa mais linda! Ela desenha muito bem, não é um traço profissional, mas é incrível porque ela desenha só de olhar para o objeto ou para pessoa. Não fica um traço incrivelmente perfeito, mas a graça e a beleza da coisa estão justamente aí. É lindo e ela faz de coração. Vou mandar emoldurar para pendurar junto com o presente que a Samanta me deu, que foi a quem fez né. Então considero os dois como sendo dela. Fiquei admirando o desenho dela por mais alguns minutos antes de voltar para o estúdio para mais uma gravação.
Ao fim da tarde, eu voltei para casa e todos foram juntos para festa. Pediram comida e ajudaram a Iara a arrumar a sala para receber os amigos mais chegados. Não chamaram muita gente, pois sabem que eu odiaria. Agradeço por isso, amigos! Subi as escadas e fui para quarto me arrumar. A porta estava encostada e de lá de dentro pude ouvir a voz da Bruna alterada. Ela conversava com alguém ao telefone. Me encostei na porta e ouvi a conversa. Logo eu preferi não ter feito isso.
— Não! Eu não posso fazer isso com ele... — ela falava ao telefone e andava de um lado para outro. Nem notou que eu abri um pouco a porta para ver e ouvir melhor. — ... hoje é aniversário dele, não posso simplesmente chegar e falar uma coisa dessas. Tenta entender! — Definitivamente ela está falando de mim. Mas, com quem? E, por quê? - ... sim, eu te amo — oi? — Te amo muito! Não quero te perder, mas... é, eu sei que agora não adianta mais voltar atrás... ok, eu vou falar com ele, mas me dá mais tempo... — ela respondia as frases vindas do outro lado da linha, claro que eu não consegui ouvir quais eram, mas pelo contexto das respostas eu imagino quais sejam. Não estou gostando do rumo dessa conversa... —... são, você é bem melhor sim. Eu sei disso e você me faz tão feliz... sim, melhor até na cama... — Como é que é?! Naquela altura da conversa, meu coração já estava quase em minha garganta e eu comecei a me sentir enjoado e tonto. Não aguentei e invadi o quarto. — ?! — Ela disse, em um sussurro, ao me ver entrar no quarto bufando de raiva. — Depois falo com você. — Ela falou com a pessoa do outro lado da linha e desligou — Achei que fosse vir mais tarde, amor. — Falou tentando disfarçar. Mas já era tarde demais para isso.
— Não precisa disso... para! — Falei irritado e bati a porta com força, o que assustou Bruna que deu um saltinho com os ombros e largou o celular na cama. — Eu ouvi a conversa Bruna... — Meus olhos marejados a encararam. — Até quando ia manter essa farsa? Pretendia revelar tudo hoje durante a festa? Na frente de todos? – Falei cínico e ela nada me respondeu. — Responde! — Gritei irritado e derrubei o abajur que tem ao lado de minha cama.
— Amor, me desculpa, eu... — ela começou a falar, mas eu estourei novamente.
— Não me chama de ‘amor’! Não seja cínica, Bruna! Me conta a verdade, agora! — Esbravejei e então ela começou a chorar. — Para de chorar e me fala de uma vez, anda! — Gritei novamente, o que só fez piorar o choro dela. Não posso ver nenhuma mulher chorando, ainda mais quando o provocador de seu choro sou eu. — Fala Bruna... eu mereço saber. — Falei com a voz mais calma. Ela sentou-se na cama e começou a falar...
— Eu amo outra pessoa. — Aquilo caiu como uma bomba em cima de mim. Não esperava por isso justamente hoje... — Eu... eu estou com ele há alguns meses...
— Meses? — Falei interrompendo sua fala. Passei a mão pelos cabelos e puxei alguns fios ao final. Suspirei profundamente. — Você está com outro há MESES? Sério? — Falei incrédulo sem nem conseguir olhar na cara dela. Jamais esperaria isso dela. Não dela.
— Eu não queria te magoar , eu...
— Mas magoou. E muito. Você me traiu Bruna! Me traiu e está me traindo há meses... caraca! — Falei indignado. — Não precisa falar nada, eu entendi que você e seu... — não consegui falar a palavra, apenas fiz alguns gestos aleatórios com as mãos e suspirei irritado. —... sei que quer terminar comigo, né? Então ok, está tudo acabado. Vou te poupar de toda explicação. — Falei e me levantei da cama. Ela me acompanhou, aflita. — E não se preocupe que vou pedir para alguém levar suas coisas para seu apartamento, ok? — Ela não disse nada, mas queria falar. Eu não deixei. — Por favor, vai embora daqui e me deixa sozinho.
— , eu... — ela falou entre soluços e ainda chorando muito.
— Bruna. — Eu disse agoniado e com um nó em meu peito. Dói tanto... — Sai daqui, Bruna, por favor. Não me faça gritar.
— ...
— SAI DAQUI, BRUNA! VAI EMBORA E ME DEIXA EM PAZ, PORRA!
Esbravejei e berrei com ela. Bruna apenas pegou seu celular e saiu do meu quarto. Eu me joguei na cama e comecei a chorar. Muito. Por isso eu odeio aniversários...
— O que houve, Bruna? — falou quando viu ela passar por todos na sala correndo, sem falar com ninguém. — Você está chorando? — Percebeu o desespero dela e a segurou para que não saísse daquela forma.
— Acabou tudo, . Eu terminei com o ! — Ela revelou. Todos ficaram se olhando e perguntaram o que aconteceu. Ela não disse e apenas foi embora. a acompanhou até a saída e depois voltou para sala.
— Caraca, o que será que houve? — Perguntou e todos se faziam a mesma pergunta. — Vai falar com ele, . — Ele disse do nada. Todos olharam para ela, arregalou os olhos e tossiu.
— E-Eu? Não, é melhor deixar ele sozinho.
— Não, , vai falar com ele. Meu irmão deve estar precisando de você agora. Do seu apoio — disse e todos o olharam confusos. Apenas e ele sabiam de toda a minha história com a . — Vai lá, por favor, fica com ele. — Ah , está dando uma de cupido num momento desses? Sério cara? ficou bastante sem graça, mas atendeu ao pedido do meu irmão.
— Ok, eu vou lá.
Ela disse e subiu as escadas até o meu quarto. Aproximou-se da porta, que estava aberta, e me viu sentado no chão com as mãos na cabeça.
— ? Posso entrar? — Ela disse e eu apenas chorei mais. Ela entrou no quarto e sentou-se ao meu lado. Eu joguei meu corpo em cima de seus ombros, ela se assustou, mas me abraçou. — Eu estou aqui, . Está tudo bem agora... — ela disse numa voz reconfortante. Acariciou meus cabelos e beijou minha cabeça. Ficamos ali um tempo, não sei quanto, mas foi uma eternidade para mim. E eu adorei estar com ela.
Nem sei o que está rolando lá embaixo. Será que os convidados chegaram para a festa? Não estou no clima para comemorar nada. Estou destruído porque ao contrário das outras traições que sofri, a da Bruna foi pior pelo simples fato de eu realmente não esperar isso dela. Já as outras... após dormir nos braços da , literalmente falando, eu acordei e ela dormia toda torta encostada na cama. Sorri de leve e levantei devagar para não acordar ela. Fui ao banheiro e tomei um banho quente; a água quente, quase fervendo, foi um alento para os músculos cansados do meu corpo. Tirar este cochilo fez bem para mim, acordei renovado, porém isso não foi o suficiente para me fazer esquecer, o mínimo que fosse, do que houve mais cedo. Acho que vai ficar marcado, assim como as outras marcas de traições que tenho no coração.
Saí do banho, enxugando os cabelos com uma enorme toalha branca. Por um momento me esqueci que a ainda poderia estar no meu quarto e saí do banheiro com outra toalha enrolada no corpo, da cintura para baixo. Ao chegar no quarto, encontro uma sentada na cama com os olhos arregalados e vermelha de vergonha ao me ver de toalha e sem camisa. Sem contar que eu estou todo molhado ainda...
— ! — Eu falei parando de andar e de enxugar meus cabelos. — Desculpa, achei que já tivesse saído. Demorei tanto no banho... — Ri de leve e ela virou o rosto.
— Eu que peço desculpas, . — Ela disse e levantou-se rapidamente da cama. — Eu... eu vou voltar lá para baixo e avisar a todos que você não vai descer. — Falou pigarreando e começou a andar na direção da porta de saída.
— Espera! — Falei e segurei seu braço. Fiz um movimento muito rápido. Não deveria ter feito isso, pois a toalha que estava enrolada em mim... bem, ela logo estava no chão. No movimento que fiz a foi puxada para perto de mim. Ela logo fechou os olhos ao perceber que eu estava pelado.
— ! Ai, meu Deus... — Falou apertando os olhos com força para não me ver pelado.
— Desculpa... — Eu falei rindo, gargalhando, na verdade; peguei a toalha e me cobri novamente. — Pode olhar agora, . Já botei a toalha. — Então ela abriu os olhos e levantou o rosto para me olhar. — Melhor? — Ela me encarou brava e balançou a cabeça positivamente. — Não precisa dizer para todos que não vou descer porque eu vou descer. — Ela me fitou confusa.
— Vai? — Questionou intrigada.
— Sim. — Falei simplesmente e caminhei até o closet — Me ajuda aqui, . — Chamei-a que logo entrou no closet comigo. — O que acha dessa roupa aqui? — Falei estendendo uma camisa cor vinho com o símbolo de Hogwarts e uma bermuda preta.
— Está linda, . Vai ficar ótimo em você. — Falou sorrindo. Pigarreou e coçou a nuca ainda confusa. — Você está bem, ? — É a primeira vez, em cinco anos, que ela me chama de ‘’. Parei o que estava fazendo e olhei para ela com a sobrancelha arqueada.
— ? — Sorri de canto e ela logo se corrigiu.
— , desculpa.
— Pode me chamar de , . Somos amigos. Para de cerimônia. Aliás, eu odeio quando me chama de . Parece que está me dando bronca. Parece até a minha mãe... — eu disse brincalhão e logo ela deu risada também.
— Tudo bem... — ela disse sorrindo e voltou a questionar. — Não me respondeu, .
— Eu não estou bem, . Não mesmo... — Falei suspirando e completei: — Porém, vocês montaram essa reunião com os amigos e eu não posso deixar de ir, afinal, hoje é meu aniversário. — Eu sorri e ela me acompanhou.
— Estarei sempre com você, ok? — Ela disse e segurou minha mão.
— Eu sei. — Eu dei um beijo na mão dela e então eu fui me arrumar.
Terminei de me arrumar e então descemos, e eu, para a sala. Estavam todos lá conversando, provavelmente sobre o ocorrido de mais cedo. foi o primeiro a me ver descendo as escadas com a vindo logo atrás de mim. Ele sorriu ao ver que eu segurava a mão dela. Obviamente não estava confortável e quando viu que o percebeu nossas mãos dadas, logo tratou de se livrar da minha mão. Todos estranharam a minha presença ali, acharam que eu ficaria no quarto chorando e me lamentando o dia todo. Ou até mesmo que eu fosse atrás da Bruna para tentar uma volta. Mas claro que não farei isso. Primeiro, que o que ela fez não tem perdão, não para mim. Já passei por muita coisa nessa vida e não quero cair no mesmíssimo erro de perdoar e levar um chute no saco logo em seguida. Segundo, nas outras vezes que passei por isso, eu não tinha a para me amparar. Agradeço muito a ida dela até meu quarto para ficar comigo. O apoio dela. O ombro amigo. Adoro a companhia dela e não a dispenso por nada. Nadinha mesmo. Nem mesmo um jogo do Botafogo... bom, ela pode ir comigo também, né? Ela ama futebol, igualzinha a mim.
Dois dias depois e lá vamos nós para a tarde de autógrafos no shopping. disse que vai comigo, a princípio ela não iria, mas eu insisti para que viesse. Gosto da companhia dela, que aliás está me ajudando muito a não pensar naquilo que aconteceu... enfim...
Faz uma hora que chegamos na loja, foi meio difícil nossa passagem da entrada do shopping até o segundo piso do mesmo, onde fica a loja. Muita gente já aguardava minha chegada e o tumulto foi grande ao verem meu carro estacionando lá na frente. Se soubéssemos teríamos vindo pelos fundos, no estacionamento interno. Mas foi divertido ver a ser engolida pela multidão e gritar por socorro com os braços para cima. Ok, fiquei com pena dela, mas foi uma cena engraçada de se presenciar.
— !! Ai que bom te ver! — Disse uma fã ao se aproximar da mesa onde estou para receber os demais fãs para a tarde de autógrafos. — Autografa para mim?! — Ela estendeu uma camisa e um dos meus livros.
— Qual seu nome? — Perguntei educado e estiquei a camisa na mesa.
— Samantha, com H. — Falou e riu. Na certa pelo fato da Samanta, a Vegana, ser sem H e nós sempre enfatizarmos isso nos vídeos do canal e fazermos piada a respeito. Soltei uma risada e assinei a camisa e depois o livro.
— Prontinho!
— Obrigada, ! — Ela disse e pegou os objetos de minha mão e saiu contente.
Vieram mais umas trinta pessoas depois dela, antes de aparecer uma pessoa que eu preferiria que não tivesse nem tocado neste assunto.
— Você terminou mesmo com a Bruna? Mas, por que ? — Perguntou uma menina. Menina sim, pois se ela tiver 15 anos, é muito. — Ela é perfeita, por que fez isso? Não é justo! — Ela prosseguiu com sua indignação.
— Olha... — Eu suspirei, já irritado, mas controlando a minha raiva. estava sentada um pouco atrás de mim e me observava a todo o momento. — Minha vida pessoal não tem nada a ver com ninguém, ok? Só diz respeito a mim. E meu relacionamento com a Bruna terminou sim, mas isso também só nos diz respeito, ok? Então, por favor, não fala sobre isso.
— Aposto que tem outra mulher no meio! — Ela continuou e pareceu ignorar o que eu acabei de dizer. Suspirei mais uma vez irritado.
— Você ouviu o que eu disse há cinco segundos? — Falei com a voz firme. levantou-se e segurou meu braço.
— , calma! — Sussurrou e eu me contive. — Você quer um autógrafo, minha querida? — Disse sorrindo e dirigindo-se à garota.
— Quero sim, quero muito! — Ela disse animada, parecendo ter uma leve amnésia da minha grosseria de segundos atrás e estendeu o livro que havia acabado de comprar. Isso porque estava dentro de uma sacola de livraria e tinha até a nota fiscal dentro. — Não me conformo com esse término, , vocês dois combinavam tanto.
Continuou seus lamentos recobrando-se de sua leve amnésia. É, eu também achava que Bruna combinava muito comigo, apesar de sermos diferentes em personalidade nós temos, ou melhor, tínhamos uma química muito forte. Mas parece que não foi o suficiente para ela não querer outras pessoas nesse meio tempo, né?
— Aqui seu livro, querida! Obrigada! — falou antes que eu dissesse algum desaforo ou sei lá o que, e entregou o livro para a garota que agradeceu e saiu. Enquanto outra pessoa se aproximava e eu assinava outro livro e outra camisa, sussurrou para mim. — Calma , não pode dar patada em todo mundo que falar do seu término com a Bruna. Calma!
— Está difícil, . Está bem difícil. — Sussurrei de volta e voltei a sorrir para a pessoa a minha frente.
— Eu estou aqui...
— Eu queria estar em outro lugar. — Falei baixinho e passei a mão no rosto coçando os olhos.
— “Vou estar no meu quarto, sem fazer nenhum barulho, fingindo que eu não estou em casa.” — disse de repente me fazendo olhar para ela com um sorriso nos lábios.
— Você acabou de citar a fala do Harry no início do livro “Câmara Secreta”? — Falei sorrindo para ela que me sorriu de volta, vitoriosa.
— Que bom que entendeu, ... — ela disse e voltou a cruzar os braços.
— Você é incrível, só você para me fazer sorrir agora. E ainda citar Harry Potter! — Falei admirado e ela corou o rosto.
— Quero ver esse sorriso sempre! — Falou e fez um sinal para que eu atendesse o próximo fã, ainda sem graça pelo elogio que fiz. Realmente ela é incrível! Me virei e continuei com os autógrafos. Mantive meu sorriso feliz o resto da tarde.
Terminada a tarde de autógrafos, e eu voltamos para o carro. Do caminho todo até em casa, ela ficou mexendo no celular, respondia algumas mensagens de propostas de job para nós e resolvia outros problemas com minha agenda. Passei o caminho todo pensando no modo como ela me faz sorrir e como ela conseguiu em poucos segundos me fez esquecer um pouco daquele aborrecimento todo. Queria poder fazer algo em troca. Hm, o aniversário dela é domingo, hoje é quinta-feira. Quem sabe eu pense em algo legal daqui para lá, né? Bota a cabeça para funcionar !
[...]
Já preparei toda a surpresa de aniversário da . Combinei com o , que só vai contar para o resto da equipe o que vai acontecer depois que eu já estiver longe. Planejei em levar a para viajar. Ela sempre me fala que quer conhecer a Europa. Não posso passar muito tempo longe por causa do canal, então planejei em ir para lá no sábado à noite, passar o domingo, que é o aniversário da , na Europa e depois, no domingo mesmo, voltar para o Brasil. Vou leva-la para Londres. Ela sempre diz que se ela um dia for à Europa a primeira cidade será Londres, Inglaterra. Então, vamos para Londres!
Combinei com o que ele vai dizer para que um empresário quer financiar uma ida minha para um país europeu para gravar um vídeo especial lá. Só que para isso alguém teria que ir até o aeroporto para tirar as passagens pessoalmente. Hoje é sábado, são exatamente 10h35 da manhã e eu já pedi para o avisar para que ela tem que ir ao aeroporto agora. Ao chegar lá ela vai dar de cara comigo e assim vamos partir para Londres. E as malas dela? Bom, eu já comprei algumas roupas que ela precisará lá. Nessa época do ano faz frio, então comprei bastante roupa quente para ela. Assim como eu, ela adora frio, então nem vai se importar muito com o frio europeu.
— ! — Gritou do andar de baixo da casa para que estava em seu quarto. Eu estava em meu escritório resolvendo os últimos detalhes da viagem. — Vem aqui rapidão! — Gritou de volta após gritar perguntando o que ele quer dela. Ela desceu as escadas, com o Tom a tira colo que escapou da porta de seu quarto, sorte que os cachorros não estão aqui. E nem mesmo um dos cachorros do .
— Oi, ! — Ela disse ainda correndo atrás do Tom que escapou de seu braço quando ela descia a escada. Assim que pegou o gatinho no colo novamente, ela se virou para ele. — Diga. — Disse sorridente.
— Preciso de um favor enorme! — Começou falando e explicou a situação para ela. Eu tinha dito para que ela estaria liberada após as gravações da manhã, por causa do aniversário dela amanhã. — Eu sei que você já está de folga, mas é que eu estou atolado de coisa para fazer aqui e o Alex também. A Samanta já foi e o Clayson foi para casa também porque não estava muito bem. Aí só sobrou você, , e o empresário disse que só pode tirar as passagens no guichê da companhia no aeroporto. — o olhava com uma cara de cansada. Realmente ela não parou para descansar muito esses dias. Trabalhou intensamente. Ela sorriu de leve, ainda com um ar cansado, acariciando Tom que miava, pois queria descer.
— Tudo bem, . O que é para fazer lá? — Falou suspirando.
— Basta apresentar sua identidade e retirar as passagens. Estão no nome do , mas eu avisei que é você quem vai buscá-las. — Ela arqueou a sobrancelha estranhando porque ela tinha que dar a identidade dela. Mas em nenhum momento desconfiou de nada.
— Ok. — Falou pegando o papel com o nome da companhia aérea e o nome da moça que ela deveria procurar ao chegar lá. — Deixa só eu trocar de roupa e colocar o Tom lá em cima.
— Beleza.
Ela subiu e foi colocar o Tom em seu quarto. Assim que ela fechou a porta eu desci e fui para sala. Nosso voo está marcado para decolar às 16h, temos que chegar no mínimo umas 3h antes no aeroporto para voos internacionais. Está perto das 12h agora, então acho que tá bom, né? É o tempo que chega lá. Agora, deixa eu me apressar, senão ela vai chegar primeiro que eu.
Aff, o tinha que inventar esse trabalhinho extra justo agora que eu ia tomar meu banho e relaxar na cama. Quando digo relaxar, eu quero dizer dormir até não poder mais. Virei a noite junto com a equipe gravando vídeos e arrumando tudo para as férias do . Ele não quer, mas precisa tirar férias. Programei para mês que vem, final de março. Então já estamos antecipando a gravação de alguns vídeos dessa época. Vídeos que não precisem se apegar a datas, sabe? Pois então, ontem começamos a maratona de gravações.
Troquei de roupa rápido e coloquei comida para o Tom. Normalmente daqui até o aeroporto não demora tanto, mas uma coisa que aprendi desde que cheguei ao Rio é que o engarrafamento não tem hora nem dia para acontecer. Do nada está tudo engarrafado. Então, fui logo para voltar logo para casa para descansar. Me despedi do e do Alex e fui para o aeroporto. Cheguei até rápido, ainda bem. Me dirigi até o balcão da companhia aérea e perguntei pela tal de Lívia que devia procurar. Logo uma mulher muito bem vestida, com os longos cabelos negros soltos na altura dos seios, um vestido curto colado ao corpo que tinha a logo da companhia aérea bordada nele, usava um salto que a deixava mais alta que eu. Detesto usar saltos altos, nem baixos rsrs, uso sempre tênis, sapatilhas, rasteirinhas, coisas assim. Não levo o menor jeito para usar salto. Fico parecendo um gato de roupinha: bem desengonçado.
— Olá! Boa tarde, você deve ser a senhorita Fernandéz, acertei? — Falou a tal Lívia toda sorridente me estendendo a mão num gesto gentil.
— Sim, sou eu. — Falei cordialmente e apertei a mão dela.
— Sou Lívia Cunha, representante comercial da companhia. Meu chefe me disse que você viria hoje. — Na certa é daí que ela sabe meu nome, né? — Me acompanhe, por favor. — Disse Lívia e fez sinal para que eu fosse com ela. Andamos por um longo corredor, o ar condicionado sempre forte e gélido, do jeito que eu gosto. — Sente-se aqui, já volto com as passagens.
Passagens? Achei que só o fosse nessa viagem. Bom, na certa ele vai pedir para o ir com ele ou o Alex. Dei minha identidade para Lívia, que prontamente a pegou e foi buscar as passagens. Fiquei sentada num sofá bastante confortável aguardando sua volta.
— Ah, que cansaço... — resmunguei para mim mesma. Eu mal dormi esta manhã, viramos a noite acordados gravando e revisando alguns roteiros futuros. — Que demora... — Resmunguei para mim mesma, mais uma vez, em voz alta. Já se passaram quinze minutos e nada da Lívia voltar. — Foi fabricar o diabo do papel da passagem, querida? — Debochei para mim mesma e ri da minha própria piada.
— Vai ficar reclamando o tempo todo, ? — A voz de rebateu bem próxima ao meu ouvido. Me virei rapidamente, assustada e me deparei com o semblante sorridente dele que tinha a cabeça perto da minha. — Oi. — Falou ainda sorrindo.
— Que susto, ! — Falei com as mãos no meu peito e fechei os olhos respirando fundo. — O que diabos você faz aqui? Aff, me fez vir até aqui para nada?! Se eu soubesse que você viria pessoalmente eu nem... — logo ele me interrompeu rindo.
— Não briga com ele, eu que pedi para que falasse para você vir aqui me representando. — Falou ele e sentou-se ao meu lado. Agora que reparei que ele carregava consigo uma pequena mala de rodinhas, que estacionou ao lado do sofá, e dois papéis nas mãos. Olhei para ele desconfiada.
— Para que essa mala aí? Não me diga que viajará hoje? — Perguntei com a sobrancelha arqueada e com um ar de desconfiança. Ele sorriu e estendeu os papéis para mim. — O que é? — Peguei os papéis e abri os mesmos. Um deles continha o nome do , é uma passagem de avião de ida e volta para Londres com viagem marcada para decolar hoje às 16h22, com volta prevista para acontecer amanhã pela noite. — Você vai hoje para Londres? — Perguntei com um ar quase trágico e tristonho, mais do que eu gostaria de ter transparecido. Nossa, não esperava que já fosse ficar longe dele assim tão rápido.
— Olha a outra passagem, . — falou ele simplesmente ignorando minha pergunta.
Eu li a outra passagem e também era de hoje com decolagem às 16h22 com destino à Londres. Só que o lugar do nome do dono da passagem tem meu nome completo escrito. Fernandéz. De imediato levantei a cabeça e o olhei sem entender.
— O que significa isso? — Perguntei um pouco ofegante e surpresa.
— Significa que você vai para Londres comigo hoje. Voltaremos amanhã à noite. É seu presente de aniversário, ! — Ele disse e eu comecei a tremer as mãos. Devolvi as passagens para ele e tirei meus óculos para coçar os olhos.
— Mas... , por quê? Eu... e o Tom? Não posso deixá-lo só muito tempo, você sabe disso . Ah, caraca véi, eu... , por quê? — Disparei a perguntar e ele apenas sorriu e se aproximou mais de mim segurando minhas mãos trêmulas.
— Calma... — falou com a voz mansa e prosseguiu — É meu presente de aniversário para você, . Quero que se divirta em Londres, mas vejo que o fato de eu ir junto te incomoda — não , incomoda não! Só estou realmente surpresa... — Se quiser você pode ir sozinha, eu já preparei tudo: o hotel está reservado, comprei roupas para você, a mala já deve ter sido despachada uma hora dessas e eu deixo com você meu cartão para você comprar algo que queira, se alimentar por lá, enfim... — ele disparou a falar enquanto eu o olhava com os olhos arregalados e admirando-o. E como assim deixar seu cartão comigo? Caraca, não sabia que ele confiava tanto em mim assim. Nem com o ele deixa o cartão dele, com medo do estourar o altíssimo limite. Caraca, que presente...
— Não, ! — Falei e interrompi ele que me fitou confuso. — Claro que você pode ir comigo, imagina. Eu só... só fiquei surpresa pelo presente. Eu adorei... obrigada! Nem sei como te agradecer! Nem como retribuir... — falei e ele suspirou aliviado.
— Não precisa me agradecer, , faço com amor e carinho. — Ele disse e deu um beijo em minha mão. — Bom, a parte das roupas e do hotel são verdade. Já deixei tudo organizado e agora é só aguardar o embarque. — Ele sorriu ao fim da frase e eu sorri também.
— Caraca, parece mentira isso tudo! Eu não mereço isso tudo ! — Falei empolgada, mas logo me lembrei do meu bebê — E o Tom? — Perguntei com a voz manhosa demais. Te aquieta ...
— Todos vão cuidar dele, não se preocupe. Já falei com , Alex e Samanta e eles prometeram se revezar para cuidar dele. Só são dois dias, , calma. — Ele riu do meu quase desespero ao saber que ficarei longe do meu companheirinho de todas as horas.
— Ah, tem que dar comida para ele e trocar a água. Ah, tem um remédio que ele tem que tomar hoje, de verme, então tem que ficar trocando a areia dele e ver se ele não vai ter alguma reação adversa, sei lá. Está guardado no armário do banheiro o saco da areia nova, caso precise... — falei disparando informações para cima do que revirou os olhos e me interrompeu.
— Ok, , ok. Já falei tudo isso para eles. Samanta sabe cuidar de gatos, então ela cuidará direitinho do Tom, ok? — Dessa vez quem revirou os olhos fui eu.
— Fala isso porque não é com você. — Falei e fiz um bico com os lábios. — Se fosse com os seus pets você faria o mesmo. — E faria pior.
Ele riu e nós fomos comer algo. Troquei de roupa para uma mais quente. Ele me comprou roupas de frio e eu experimentei logo um sobretudo preto maravilhoso que tinha na malinha que ele trouxe consigo naquela hora mais cedo. Na hora marcada embarcamos no voo com destino à Londres. É tudo muito novo para mim. Nunca viajei tanto tempo assim, o máximo foram 3h que passei para ir de Salvador até Fortaleza, no passado. Falando assim até parece que vivo viajando, né? Pois minhas únicas viagens de avião foram a de Fortaleza e quando eu vim para o Rio há seis anos para ser assessora do . Enfim... passei metade da viagem dormindo e a outra metade vendo qualquer coisa na internet e mandando mil mensagens para o , Alex e Samanta para saber notícias do meu Tom. Ele nunca ficou tanto tempo assim longe de mim. Adotei ele quando vim para o Rio para me fazer companhia e desde então ele jamais se desgrudou de mim. Está sendo difícil ficar longe dele...
Algumas horas depois, nós desembarcamos no aeroporto de Londres. Está um frio do caralho aqui! Meu Deus! Estou usando até luvas e uma bota grossa que troquei quando ainda estava no avião. ria toda vez que olhava a minha cara de idiota ao olhar para os lugares ao redor de nós. Estou deslumbrada com tudo isso. Caraca, eu estou em Londres! Deve ser um sonho, só pode!
Chegamos no hotel e fez o check-in, enquanto eu olhava os detalhes da arquitetura do saguão do hotel. Estou me sentindo uma caipira quando chega na cidade grande e que quer tocar em tudo, mexer em tudo, saber tudo. Mas não posso evitar meu deslumbre pela cidade. É realmente linda e do jeito que eu imaginei que fosse. Sempre foi meu sonho vir para cá e hoje estou realizando graças ao .
Falando nisso, ele está no quarto no mesmo corredor que o meu, que é um quarto enorme, diga-se de passagem. Tem uma enorme cama de casal que cabe seguramente quatro pessoas deitadas com folga. Sem contar um pequeno sofá que toma a extensão do pé da cama que é onde depositei minha mala. Larguei o sobretudo na cadeira ao lado, escolhi uma roupa e fui tomar um banho quente. disse que me encontra em 1h no saguão para jantarmos.
Estou esperando a aqui no saguão faz meia hora. Puta que pariu! Que demora! Odeio demora, odeio esperar e odeio mais ainda esperar para jantar. Estou com fome, não como nada, literalmente, desde que saímos do Rio.
Minutos depois do meu ataque mental sobre a demora da , ela apontou na porta do elevador que leva aos quartos. Valeu a pena esperar esse tempo todo... está incrivelmente bonita usando o vestido verde-escuro que comprei para ela e o sobretudo preto por cima do vestido. Olhei para seus pés e confirmei minhas suspeitas: ela usa um tênis preto com algum brilho. Soltei uma risada nasal quando vi os tênis em seus pés. Ela sempre odiou usar salto alto e ela se sente bem assim. Está tudo bem, então.
— Hm... está linda, ! — Falei assim que ela se aproximou de mim. Ela me fitava envergonhada. — Que foi? — Ela me olhou de cima abaixo e sorriu.
— Você está lindo, ! — Estou vestido com uma calça escura, uma bota que está por debaixo da calça, uma camisa escura e um casaco preto que me deixa quentinho só para eu me esquecer um pouco que lá fora está fazendo 4°C. E está ventando.
— Obrigado, ! — Sorri de volta e segurei sua mão. – Vamos? – Ela acenou que sim e fomos até o lado de fora pegar um táxi para ir ao restaurante.
Durante todo o jantar, ficou calada. Parecia constrangida, pensativa, confesso que eu também estou um pouco. Terminamos de jantar, estava maravilhosa a comida, comemos a sobremesa e após, ficamos tomando um vinho e tentando conversar. Tentando, pois toda hora eu ficava disperso, involuntariamente, e se calava. Na certa ela acha que eu não queira estar aqui. Não é isso, é que...
— Melhor voltarmos para o hotel, , já está tarde. — Pigarreou e falou olhando para tela do celular dela que marcava 21h38 no horário de Londres. Espantei meus pensamentos e olhei para ela.
— Não está gostando do passeio, ? — Questionei dando um gole do vinho contido na taça à minha direita. Ela fitava a taça dela e tinha um biquinho nos lábios. — Algo de errado? — Ela olhou para mim de imediato e falou.
— Não, , não há nada de errado! Estou amando o passeio, a viagem, tudo. Muito obrigada, novamente, por ter feito tudo isso por mim! — Explicou-se rapidamente se desculpando. — É que... — sua expressão tornou-se triste novamente. —... você está distante. Creio que gostaria de estar no Rio agora, com a Bruna. Está tudo tão recente, né? — Disse e me olhou com a testa franzida. Arqueei a sobrancelha e balancei a cabeça negativamente.
— Não queria, está realmente recente sim, o término e tudo mais. Porém, eu não vou ficar lamentando algo que já estava fadado ao fim. — Suspirei amargurado — Você não sabe, , pois não contei para ninguém sobre isso, mas o meu namoro com ela já estava frio e eu já desconfiava que havia algo errado. Só não imaginei que fosse aquilo... — soltei uma risada de nervoso ao fim da última frase e bebi mais um gole. — Estou adorando estar aqui com você, poder proporcionar este presente de aniversário para você é o que me faz seguir em frente no momento. Eu te adoro, sua chata! — Ergui minha taça e ela sorriu, ainda um pouco constrangida, ergueu sua taça e brindamos – A você! A nós! À Londres! — Brindamos e conversamos mais um pouco.
Já no hotel, cada um foi para seu quarto. Já passava das 23h. Daqui a pouco é aniversário da , pelo menos aqui na Inglaterra, né? São 3h a mais em relação ao horário de Brasília. Preparei um longo passeio pela cidade amanhã, já que hoje já chegamos à noite. Tomei um banho e deitei na cama quentíssima do hotel. Facilmente compraria uma cama dessas para colocar no meu quarto. Deu meia-noite e eu mandei uma mensagem para de feliz aniversário. Eu realmente estou adorando essa viagem para Londres ao lado dela.
“Feliz aniversário ! 29 anos, hein! Daqui a pouco estará na mesma idade que eu (e isso não muda o fato de ainda ser mais velho, aff). Quero que saiba, apesar de eu já ter dito algumas vezes para você, que você é importante para mim. De verdade, eu gosto muito da sua companhia, dos seus conselhos e até mesmo quando você me dá bronca porque cheguei atrasado em algum compromisso. Desculpa, não faço por mal! Rsrs
Você é tão especial para mim que eu quero que tenha o melhor aniversário que possa ter na vida! E não quero que você fale de Você-Sabe-Quem durante nosso passeio, ok? (referências de HP, você sacou, né? Senão, eu cancelo a viagem agora! Kkkk)
Saiba que és uma pessoa maravilhosa e importante demais para eu te perder, então nem pense em assessorar outro youtuber! E muito menos ter outro amigo! Te adoro, sua chata!
Com amor, <3”
Após enviar a mensagem, bloqueei o celular e o coloquei do lado vazio da cama. Deitei na cama e apertei os olhos, suspirei fundo e tentei adormecer, mas as lembranças são muito intensas. Flashes da briga que tive que Bruna, há poucos dias, veem a minha memória a todo momento. Adormeci e tive aquele mesmo sonho com a deitada em meu colo, nós dois nus e ela dizendo que me ama, enquanto eu acariciava seus cabelos. Acordei no meio da noite, meu celular tocava loucamente e eu desejei a morte da pessoa que me ligava. Porém, logo eu não desejei mais, pois o nome que aparecia na tela do celular era o da . Ela me ligou quinze, QUINZE VEZES e tem mais de cinquenta mensagens dela. Mas que diabos aconteceu? Liguei para ela, em desespero, mas a mesma não atendeu. Mandei uma mensagem e então ela respondeu.
“O que houve, ? Quantas ligações!! To preocupado...”
“, vem aqui no meu quarto, por favor!”
“Mas o que aconteceu? Você caiu? Invadiram seu quarto? O que houve?”
“Não, eu só quero... por favor ...”
“Fala o que aconteceu !”
Áudio da entre soluços “, vem aqui, eu tô com medo, vem aqui. Não to conseguindo dormir! Me ajuda...”
“Tô indo!”
Saltei da cama e corri para o quarto dela, antes eu vesti um roupão que o hotel deixa no quarto dos hóspedes, já que estou só de cueca. Bati freneticamente na porta do quarto dela e mandei uma mensagem dizendo que era eu, para que abrisse. Aqui no corredor faz frio, preciso entrar logo! Ela abriu a porta, enrolada no edredom, e me puxou para dentro do quarto trancando a porta assim que entrei.
— O que aconteceu, ? — Perguntei com a voz impaciente. Ela notou minha falta de paciência e logo abaixou a cabeça envergonhada.
— Desculpa, po-pode voltar para o seu quarto. — Falou entre soluços – Eu já devia ter superado, mas é difícil... Desculpa. — Destrancou a porta e abriu a mesma, mas eu a fechei novamente.
— Me desculpa! Desculpa, ... — Fechei a porta e abracei ela. A me disse que tem medo de ficar sozinha em casa, aliás foi por isso que ela adotou o Tom, para lhe fazer companhia. — Eu fui insensível, me desculpa. — Conduzi ela até a cama e ela se deitou.
— Fica aqui até eu dormir, por favor? — As luzes do quarto estavam acesas.
— Fico sim, mas eu posso desligar as luzes? Me incomoda essa claridade toda... — Perguntei e ela me olhou manhosa por debaixo das cobertas.
— Po-pode... — gaguejou e fechou os olhos com força. Desliguei as luzes e envolvi ela em meus braços, ela se aconchegou.
— ? — Chamei por ela, minutos depois, ela ainda não estava dormindo. Ela resmungou e eu prossegui — Posso te perguntar uma coisa? Se não quiser responder, está tudo bem, ok? — Eu disse e fez-se silêncio no quarto por alguns segundos.
— Fala... — Respondeu com a voz fraca e abafada por estar com a cara enfiada no meu peito.
— Aconteceu algo, no passado, para que você tenha esse medo todo de ficar sozinha no escuro? — Perguntei, não esperando por uma resposta, é algo muito pessoal e eu entenderia se ela não me respondesse. Para minha surpresa, ela respondeu.
— Meu pai morreu quando eu tinha 7 anos, foi uma perda muito grande para mim, sinto falta dele até hoje, acho que sentirei para sempre. A questão é que pouco tempo depois de sua morte, minha mãe começou a se relacionar com outra cara, à princípio ele era gentil comigo, pelo menos na frente de minha mãe. Com o tempo ele foi ficando agressivo e começou a me ameaçar caso eu contasse algo para minha mãe do que ele fazia. — Tive medo de perguntar, mas eu perguntei a primeira coisa que me veio em mente.
— Ele abusava de você, ? — Minha garganta tinha um enorme nó. Ela falou sem pestanejar.
— Não. — Fiquei aliviado em saber, mas o restante da história só fez com que o nó retornasse à minha garganta. — Mas ele tentou algumas vezes, ao longo da minha adolescência. Até o dia em que eu não aguentei as ameaças dele e fui morar sozinha. Isso foi aos 16 anos, foi quando tive coragem. Fui morar com uns amigos numa república, aí depois aluguei uma casa para mim, dividia o aluguel com uma amiga, isso até ela se mudar para São Paulo e pouco tempo depois eu vim para o Rio para assessorar você. — Senti que ela sorriu ao fim dessa última frase.
— Mas, isso não responde minha pergunta diretamente...
— Verdade... — ela soltou uma risadinha e logo voltou a ficar séria. Sentou-se na cama e olhou para mim, ajeitando o cobertor. – O meu ex padrasto, que depois descobri que terminou com minha mãe (graças a Deus!), para se vingar porque eu não o deixava abusar de mim, me trancava no quarto com tudo desligado. Ele tirou as lâmpadas do meu quarto, então quando anoitecia ficava tudo um breu, a iluminação da rua não era o suficiente e tinha vezes que nem tinha isso. Eu nunca tive medo do escuro, meu pai sempre me dizia que o escuro é como se fosse um bicho que você não conhece. À princípio pode ser assustador, mas com o tempo você se acostuma com ele. Claro, que isso não se aplica a tudo na vida, mas era reconfortante ouvir aquilo dele com todo seu sotaque portunhol. – Ela sorriu saudosista e continuou engolindo em seco – Depois que ele se foi eu fiquei muito sozinha e minha mãe se dedicava mais ao marido novo do que a mim. Fora o fato dela não acreditar quando eu falava o que ele fazia comigo. Bom, ela foi cega, mas depois que se separou dele ela percebeu que eu nunca menti a respeito. Enfim... é isso. — Ela sorriu sem graça e eu fiquei sem ter o que falar por alguns segundos.
— ... — Logo eu quebrei o silêncio – Desculpa por te fazer contar tudo isso, eu não fazia ideia.
— Relaxa, ! — Ela sorriu e me deu um beijo no rosto. Fechei os olhos com o toque de seus lábios na minha pele. — Está tudo bem.
— Agora entendo o porquê de tanto medo de ficar sozinha, no escuro...
— Fora os pesadelos que tenho com aquela época, mas eu estou superando. Eu estou muito melhor agora, acredite. As crises de pânico são menos frequentes do que antes.
— Entendi...
Ficamos conversando por mais algum tempo, sobre outras coisas, percebi o óbvio que este assunto incomoda a . A deixa desconfortável. Ela me disse, antes de mudarmos de assunto, que não sabe onde seu ex padrasto se meteu depois que ele e a mãe dela se separaram há seis anos. E é bom assim, que se mantenha distante dela. Nem o conheço e já sinto um asco enorme por ele. Nem sei o que faria se o encontrasse, depois do que fez para a . Enfim...
Já passava das 3h da manhã e percebi que no Brasil ainda era meia-noite, então teoricamente o aniversário da começa agora. Dei os parabéns novamente e dei um longo abraço nela. Nossos corpos colados, quentes, aspirei seu cheiro. Ela está tão cheirosa, sinto que ela faz o mesmo comigo. Dei um beijo em seu pescoço e vi que sua pele arrepiou-se. Continuei a sequência de beijos e a pele dela arrepiava-se ainda mais. Ela soltou alguns gemidos quando eu a apertei contra mim e mordisquei sua orelha.
— ... para... — resmungou ela ainda em meus braços. Eu não disse nada, ignorei seu pedido e continuei beijando seu pescoço. — , é melhor não... — agora ela se calou, pois eu estou beijando sua boca. E que beijo. Melhor do que o nosso primeiro beijo naquele dia... — é melhor parar... a Bruna... — parei de beijar seu pescoço e a fitei com a testa franzida.
— Eu falei o que sobre não falar sobre Você-Sabe-Quem durante o passeio, ? — perguntei e ela soltou uma risadinha.
— ...
— Não, nada de ... deixa rolar , por favor, deixa rolar... — supliquei e encostei meus lábios nos dela, que fechou os olhos e se rendeu a mim.
As coisas foram esquentando ainda mais. Deitei ela na cama e joguei meu peso sobre ela, enquanto nos beijávamos. Ela arranhava minhas costas e subia as mãos para puxar meus cabelos. Tirei seu pijama e logo depois ela tirou minha cueca – eu já havia tirado o roupão há tempos. Sorri ao ver o lindo corpo nu dela deitada na cama. Ela se mantinha envergonhada.
— Se não quiser, eu entendo. A gente deixa para depois... ou não faz. — Falei ao perceber a vergonha que ela demonstrava quando estava ali diante de mim, chefe e amigo dela, pelado.
— Eu quero isso mais do que você possa imaginar, Lipe. — Ela falou acariciando meu rosto. Eu me mantive apoiado num só braço enquanto o outro acariciava o braço dela. — Eu gosto de você, muito. — Declarou-se ela.
— Não pense que estou fazendo isso para esquecer de Você-Sabe-Quem... eu...
— Shiu, não fala nada, ok? Deixa rolar, ...
Depois de repousar o indicador em meus lábios, calando-me, sorriu de uma maneira que nunca vi antes: safadamente. Mordeu o lábio inferior e me puxou para ela me beijando em seguida. As carícias ficaram cada vez mais ousadas e incisivas. Ela demonstrava uma ânsia e uma alegria em cada toque que me dava, em cada beijo, em cada apertão e arranhada que ela dava em minhas costas. Me demonstrou querer aquilo há tempos e de fato era isso. Pelo que entendi, a gosta de mim muito antes de vir trabalhar para mim. E ela gosta de verdade. Eu sinto isso e não duvido de seus sentimentos. Quando penetrei nela eu senti um arrepio intenso irradiar por todo meu corpo. Soltei um suspiro excitado e fiz movimentos repetitivos de entra e sai enquanto ela arranhava minhas costas. Encarei sua feição e ela estava sorrindo, sorri de volta e chegamos à uma conclusão daquele sexo juntos. E foi o primeiro de mais três que fizemos dali para frente.
Logo amanheceu e eu acordei com ela deitada em meu peito, aninhada nele. Dormia tão serenamente que eu mal me mexi para não a acordar. Estava respirando tranquila e tinha uma felicidade estampada no semblante, o que me fez sorrir. Fiquei pensando na noite anterior e no que ela me dissera. “Eu gosto de você, muito”, pensei também nos sentimentos que despertaram em mim não só durante o sexo, mas também durante todo esse tempo que a conheço. Eu realmente estou apaixonado por ela e eu nunca notei tal fato. Talvez por estar amando a Bruna, por ter lutado tanto tempo pelo amor dela e quando finalmente tive, preferi me fechar para o resto do mundo. Por isso eu estava cego para a paixão que crescia mais e mais dentro de mim e que transbordou naquele primeiro beijo que demos. Aí eu não pude mais esconder nem de mim mesmo todo esse sentimento que, agora, está mais forte. E eu tenho certeza de que ela sente o mesmo por mim. Eu sinto.
Ela acordou, finalmente, e se espreguiçou manhosamente ao meu lado, ainda deitada em meu peito. Inclinou a cabeça para trás, para me ver melhor, e sorriu. Dei-lhe um beijo na ponta do nariz e mordisquei o mesmo. Ela gemeu manhosa.
— Bom dia, minha querida! — Falei com um sorriso enorme no rosto. Eu estou me sentindo tão bem, acho que nada estragará essa felicidade para mim.
— Bom dia, ! — Ela respondeu com um sorriso tão lindo e largo. Transbordava amor e felicidade no olhar. — Pareceu até que eu estava sonhando... — deu um suspiro longo e enterrou a cabeça de volta em meu peito.
— Está tudo bem? — Perguntei já com receio da resposta. Imagino até o que ela vá dizer...
— É tudo muito recente e intenso, . Preciso de um tempo para processar tudo...
— Não me peça para desistir de você. — Falei de imediato e um pouco angustiado.
— Não pediria isso, mas é que eu sou sua assessora ainda! — Lamentou-se e voltou a me encarar. Agora seu olhar passava certa agonia.
— E daí? Se quiser, eu te demito aí podemos ficar juntos. — Falei e ela soltou uma risada. Aproveitei a descontração e continuei — Sério, , se está pensando que possa ser muito cedo, ou algo assim, para nós nos relacionarmos, eu acho que não. Está no tempo que achamos seguro e correto para nós. — Olhei para ela que me transmitia mais confiança em seu olhar. — Você me ama? — Ela me pareceu surpresa com a pergunta, deu um saltinho com os ombros, respirou fundo e respondeu.
— Mais do que imagina, . — Respondeu e sorriu ao fim da frase. Sorri de volta.
— Estou apaixonado por você, . Muito apaixonado... — confessei meu sentimento. Acho que nossa noite de ontem já deva ter sido o suficiente para ela sentir um pouco dessa paixão minha por ela, mas sua expressão pareceu adorar ouvir de minha boca. — Vamos deixar rolar, ok? — sorri fraco e acariciei seu rosto.
— Ok. — Respondeu com a voz fraca — Mas o que os outros vão falar? E a Br... Você-Sabe-Quem? — Ela já ia falando o nome da Bruna, mas logo voltou atrás e riu em seguida. Eu ri junto balançando a cabeça. Ah, essa ...
— Não pense nisso, porque eu não estou pensando. Pouco me importa o que os outros vão dizer. Me importa é o que sentimos um pelo outro. Só. E, além do mais, estamos solteiros. — Parei e encarei ela — Você está solteira, né? — Ela soltou uma risadinha.
— Estou sim, . — Riu e bateu de leve em meu peito.
Ela se convenceu em tentar. Não nos custa nada tentar esquecer o passado e focar no nosso presente, juntos. Deixar rolar mesmo. Decidimos que não falaríamos sobre isso naquele momento. Hoje é aniversário da e quero que seja especial e inesquecível. Bom, acho que depois da noite que tivemos juntos, tenho certeza de que não irá se esquecer. E foi especial para ambos. Fomos tomar um banho quente e então eu voltei para meu quarto para me arrumar. Nos encontramos no saguão do hotel para irmos para a primeira parada do nosso passeio, após o café da manhã servido no restaurante do hotel. Fomos passear no parque que fica no coração de Londres. Um lugar belíssimo. Caminhamos e vimos uma fina camada de neve cobrir algumas árvores. Sinal de que nevou pouco à noite ou hoje bem cedo. Algumas horas depois fomos almoçar e depois demos um passeio num shopping ali perto. Compramos algumas coisas para nós e dei mais um presente para ela. uma vez me contou uma história de quando ela era mais nova, mais precisamente quando ela tinha 5 anos, antes de seu pai falecer. O pai dela comprou um bichinho de pelúcia em formato de tigre para ela, era bem pequeno e ela andava para cima e para baixo com o tal bichinho. Após o falecimento do pai, quando a mãe dela casou novamente, o padrasto resolveu que seria bom para ela jogar toda a lembrança do pai que ela tinha fora. Então pegou os presentes dados por ele e jogou fora. ficou bastante triste, logicamente, com isso e nunca se esquecera que foi daí um dos motivos para ela odiar ficar sozinha ainda mais no escuro. Ter o bichinho de pelúcia em formato de tigre era como se fosse a companhia do pai dela, mesmo que isso fosse irreal, para ela era um substituto que fazia ela nunca se esquecer do quão o pai a amava. E que estava sempre com ela.
Chegamos numa loja enorme onde vende vários brinquedos, dentre eles: pelúcias enormes. Fomos lá, pois eu já tinha pesquisado antes sobre sua existência e já havia encomendado uma versão do bicho de pelúcia só que maior, em tamanho real de um tigre.
— Mentira?! — Ela ficou admirada quando o rapaz da loja veio trazendo o presente que encomendei. — É um tigrão! AAAAAAA AMEI! — Gritou de felicidade e nem esperou o rapaz desembrulhar. Foi logo voando no pescoço do tigre de pelúcia que era quase do tamanho dela. Ela tinha um sorriso imenso no rosto e parecia uma criança que reencontrara o bichinho perdido.
— Gostou, né? — Perguntei a ela, enquanto ela esfregava o rosto por todo o bicho. E eu não estou exagerando. — Que pergunta idiota. — Falei rindo da reação inesperada dela. — Não é o seu bichinho que tiraram de você quando criança, mas é uma forma de te dizer que eu gosto muito de você, . E que eu sempre estarei contigo para tudo. — Finalmente ela se virou para mim e deu um sorriso ainda maior.
— Ah, ... — ela levantou-se, mas antes deixou o bichão em cima do balcão da loja, e me deu um abraço apertado. — Eu te adoro tanto, te amo tanto! Obrigada! — Declarou-se agradecida e eu me senti realmente amado por ela.
Após selar nossos lábios num beijo apaixonado, voltou a agarrar o bicho de pelúcia que estava esquecido por pouco tempo em cima do balcão. Todos em volta sorriam com a felicidade dela. Parecia uma criança, minha menina-mulher! E que mulher!
Voltamos para o hotel para arrumar nossas coisas, voltamos hoje mesmo para o Rio. Enquanto arrumava a mala, fiquei pensando nesse fim de semana louco que estou vivendo ao lado dela. Caraca, minha cabeça deu um nó. Eu não tenho dúvidas do que sinto por ela: é forte, intenso e verdadeiro. Eu realmente adoro a . Acredito que algum dia esse adorar, essa paixão possa se tornar amor, facilmente. O caso é que eu não queria começar essa relação, com ela já tendo um sentimento tão grande por mim, um amor tão sincero e intenso, como eu sinto que é o sentimento dela por mim, e eu com minha paixão boba. Se bem que, se analisarmos a maioria das relações amorosas por aí, começam assim: um dos dois está mais apaixonado do que o outro. Acho que é regra. Sei que não é, mas parece que é assim, pelo menos na maioria dos casos. Enfim, não quero pensar demais. Quero apenas viver essa paixão e possível amor pela . Intensamente.
Mal possa acreditar nesse fim de semana de aniversário que tive ao lado do . Ele é maravilhoso! Não só por ter me trazido até Londres, mas também por ter me dado um presente lindo desses. E não estou falando da nossa noite juntos, porque isso é uma outra história. O presente que mais adorei mesmo foi o bichão de pelúcia em formato de tigre! Ah, isso me lembrou tanto meu querido pai. Meu querido Iker Fernandéz, meu pai faleceu tão novo, só tinha 38 anos quando se foi. Minha mãe não gosta muito de falar sobre ele, mas eu me lembro das coisas que vivi ao lado dele, mesmo só tendo 7 anos, eu me lembro bem de tudo com nitidez.
Por outro lado, a nossa noite juntos, minha e do , foi perfeita também. O segundo melhor presente de aniversário que pude receber. Ainda penso se isso tudo pode ser ou não um sonho bom. Não quero acordar nunca mais. Mas eu quero que seja real, e é real... muito real!
e eu já estamos no avião de volta para o Rio. Ele está aqui do meu lado dormindo, para variar. Sua cabeça repousada em meu ombro, enquanto eu mando mensagem para o avisando da nossa volta. Ainda não contamos a ninguém sobre nós dois, não me pediu em namoro nem nada. Acho que está cedo para pensarmos nisso, mas eu sinto que ele gosta de mim e não foi só porque dormimos juntos naquela noite... sinto receio em contar para as pessoas que amo o e que podemos ficar juntos, tenho medo do julgamento delas. Eu sei que é a minha vida, é a nossa vida e mais ninguém tem o direito de se meter, porém vai dizer isso para o meu coração abobado e meu cérebro paranoico?! É difícil!
Finalmente chegamos ao Rio, eu mal consegui descansar durante a viagem longa que fizemos. dormiu metade do caminho e a outra metade ficou cochilando entre uma cena e outra do filme que teríamos que ter visto juntos, mas que só eu assisti. Ele está com um bico enorme, pois diz ele que está com sono. Porra, você dormiu a viagem quase toda cara?! Como assim sono? São exatamente 23h22 de domingo e estamos no Uber de volta para a Barra, diretamente para o condomínio. Logo chegamos ao destino, mas ao invés de passarmos na casa onde estou para me deixar lá e dali ele seguir viagem para casa dele, pediu para o cara do Uber nos deixar direto na casa dele. Reclamei com ele, pois estou morrendo de saudades do Tom e quero abraça-lo até ele miar pedindo para eu parar – o que seria em menos de dois minutos, vide experiências passadas. Ele me ignorou completamente e me arrastou quase que literalmente até dentro da casa. Na sala estavam , e suas respectivas namoradas. Todos nos olharam com cara de “Hm, vocês tão se pegando, né?!”, nossa, eu quero morrer!
— Boa noite! — Disse animado. Ué, ele não estava de mau-humor há meia hora? Que bom-humor todo é esse ? — Chegamos!
— Finalmente! — Disse e levantou para me dar um abraço. — Saudades, ! Como foram de viagem? E feliz aniversário de novo!!!! — Ele disse animado e começou a dar saltinhos ainda abraçado comigo.
— Foi ótima, . — Respondi rindo e pulando junto com ele. De relance eu vi cumprimentar o irmão e dizer algo em seu ouvido.
— ... namorando é? ... ter coragem para isso! ... orgulhoso de você irmão! – Foram as únicas coisas que consegui ouvir e ler nos lábios dele. — !! — Falou animado e se levantou para me dar um abraço também. — Feliz aniversário! — Ele me deu um abraço forte e um beijo no rosto, antes de me soltar ele sussurrou em meu ouvido — Bem-vinda a família! Estou feliz por vocês! — Falou e saiu antes mesmo que eu pensasse em dizer algo.
— O que vocês tão fazendo? — Perguntou após ter cumprimentado todos.
— Na verdade a gente pediu uma pizza, mas ainda não chegou. — Falou a namorada do e nesse mesmo instante a campainha toca. — Caraca!
— Joga na Mega Sena agora! Que boca abençoada! — Falei brincando e todos riram, inclusive ela.
— Boca abençoada mesmo! — Falou malicioso e deu um beijão em sua namorada. Todos fizeram “HMMM!”, eles ficaram vermelhos de vergonha. logo voltou com duas caixas de pizza família e dois refrigerantes. Nem havia reparado, mas está descansando um dos braços em meus ombros.
— Chegamos na hora certa, ! — Falou ele e me deu um beijo na bochecha.
Comemos pizza com todos, rimos, bebemos e conversamos bastante sobre a viagem, sem contar a parte que nos beijamos e passamos a noite juntos, claro, apesar de estar meio que implícito; a quem eu quero enganar, né?
— Vamos? — Disse se levantando e estendendo a mão para mim. Olhei para ele sem entender. — Vamos, ! Vamos descansar da viagem, você deve estar moída, porque as minhas costas estão, de dormir naquela cadeira de avião. — Ele não está errado, realmente as minhas costas doem e eu estou cansada da viagem. O que eu quero entender é onde eu irei dormir? — Vem logo!
Ele puxou meu braço, nos despedimos – na verdade, ele se despediu sozinho porque eu mal consegui abrir a boca para falar nada. Eu pareço uma ameba sem cérebro que não consegue emitir nenhum comando efetivo para o resto do meu corpo – e subimos até o andar dos quartos. Fomos direto para o quarto dele. Acho que a pergunta que eu devo me fazer é: “com quem eu vou dormir?!”, e eu já sei a resposta.
— ?! — Chamei a atenção dele e parei na porta do quarto. Ele se virou para me encarar.
— O que foi, ? Está com vergonha? — Ele me encarava como se eu fosse uma burra desmiolada. Já disse que odeio quando ele me olha assim? Pois é, odeio! — Entra, ... — Disse calmamente e sorriu para mim.
— Tem certeza de que isso é o melhor a se fazer? — Perguntei esperando que ele se arrependesse de ter ficado com a mera assessora dele. Ele riu pelo nariz e balançou a cabeça negativamente. Passou as mãos nos cabelos e voltou a me encarar.
— Tenho sim... — Falou pausadamente — mais certeza do que isso, impossível. Olha só — segurou minhas mãos e sorriu o sorriso que eu mais amo: o sorriso sincero —, eu gosto de você e eu quero tentar construir uma relação legal com você, de verdade. Eu não estou ligando para comentários contrários dos outros, se é isso que te incomoda — é isso sim e outras coisinhas... — Vamos deixar as coisas acontecerem, ok? Eu sei que você me ama e você sabe que eu te adoro muito e sinto que esse sentimento possa um dia se tornar amor. Porque eu já te amo como assessora, você sabe, né!? — Eu ri do que ele disse, a última frase, ele sempre me falava que me ama muito porque sou a melhor assessora que ele teve na vida. — O que me diz? Vamos deixar rolar, minha querida. — Aff, pare de me chamar assim porque eu não resisto. Chato.
— Eu te amo, , te amo muito! — Declarei-me novamente. Agora eu não consigo mais esconder dele o meu sentimento, então me sinto à vontade de externa-lo.
Nos beijamos e entramos no quarto dele. Ele trancou a porta e ligou o ar. Os pets dele estão lá embaixo então temos o quarto só para nós dois. Tomamos banho juntos e acabou acontecendo o melhor sexo que tive na vida até então. Caraca, como nossa química é boa transando! Incrível. Pelo menos isso não podemos negar: nossa sintonia na cama. Duas vezes que dormimos juntos e duas transas maravilhosas. Parece que ele sabe como me agradar na cama, ele sabe exatamente onde mexer, onde tocar, onde eu gosto e onde eu sinto prazer. Deitamos na cama e fizemos novamente. Um sexo melhor do que o outro. Não é só carnal, há sentimento envolvido. E neste caso o sentimento só ajuda a deixar as coisas mais gostosas. Pelo menos no nosso caso, né? Dormimos e acordamos de madrugada, na verdade eu acordei primeiro. Recebi uma mensagem de um número desconhecido. Quem será? Pensei que fosse algum cliente querendo contratar o , então resolvi responder essa mensagem.
Boa madrugada! Está aí?
Oi, boa noite, rs. Quem é?
Você não sabe quem é, minha filha?
Não, não sei. Por favor, quem é? Se identifique. Aqui não aparece sua foto
Eu já estava sem paciência para joguinhos. Ainda mais às 2h36 da manhã.
Nossa filhinha... não achei que não reconheceria seu próprio pai! Estou ofendido agora, ...
Quê?
Meu coração acelerou e comecei a ventilar pelo nariz, ofegante, nervosa... sinto que terei um treco a qualquer minuto.
Como conseguiu meu número?
Ah, minha filha... eu tenho meus contatos... sei que está se dando bem agora...
Como assim?
Sei que está ganhando dinheiro com um cara rico e que está no Rio de Janeiro.
Está me vigiando? Me deixa em paz!
Como é o nome dele mesmo? Ah... , né? Rapaz bonito...
Fica longe do! Fica longe de mim!
Comecei a digitar muito rápido e minhas mãos tremiam de nervoso. Aposto que esse idiota viu minha foto com o que tiramos lá em Londres. Não resisti em registrar e postar a foto. Até porque ele já tinha feito isso antes e postou uma legenda tão fofa.
Uma foto nossa em frente ao Big Bang, famoso relógio e ponto turístico de Londres, abraçados e sorridentes com a seguinte legenda: “Estar com esta mulher é a melhor coisa que me aconteceu nos últimos dias. Obrigado por existir em minha vida, minha ! <3 #Londres #NiverDa #29anos #love”
A foto que eu postei é mais discreta, é uma foto minha e dele, só que ele está um pouco afastado de mim, sentado na mesa comendo, com a legenda: “Depois sou eu quem dou prejuízo no rodízio, né senhor? #comepracaralho #Londres #melhoraniversário #29anos”
dormia ao meu lado feito pedra, nem as batidas da minha unha batendo na tela do celular enquanto eu digitava acordaram ele. Meu padrasto encontrou meu número e agora está me pressionando, me ameaçando e coagindo como sempre fez comigo. Bloqueei o número do WhatsApp e na linha também, caso ele resolva ficar me ligando. Preciso conseguir outro número, porque agora estou com medo de atender qualquer ligação achando que é um cliente e na verdade ser ele novamente. Resolvi que não irei contar nada ao , ele não precisa saber esses detalhes da minha vida que eu quero esquecer, mas que vivem me atormentando quase que constantemente.
Na manhã seguinte eu acordei cedo. São 8h e já estou desperta. O número não me ligou mais e nem nenhum outro, só números conhecidos. De qualquer forma eu irei conseguir outro número, por precaução. Levantei e fui tomar banho, vesti uma das roupas da minha mala e desci até a sala. ainda dorme. Deixei uma mensagem para ele no celular, dizendo que iria até o shopping resolver um problema. Ele ficará irritado, mas foda-se. Eu preciso comprar outro chip para mim e aproveito para passar no escritório de um cliente que só faz pagamento em dinheiro vivo para pegar o pagamento de um evento que o fez, há duas semanas, atrasado né... e ainda tenho que ir ao banco depositar...
Acordei às 11h virando para o lado e não encontrando a . Abri os olhos resmungando e catei o celular que estava embaixo do travesseiro e havia uma mensagem dela. Disse que vai resolver umas coisas no shopping e já volta. Vou encontrar com ela no estúdio para gravar. Ela deve estar morrendo de saudades do Tom, ontem nem fomos lá para ver ele. Entendo ela. Passamos uma noite tão maravilhosa juntos, tão maravilhosa e gostosa que eu até acordei de excelente humor e nem estou ligando porque ela saiu sem se despedir de mim. Tomei banho e fui na cozinha pegar um café. Iara deixou o copo para viagem preparado e eu fui logo pegando ele e indo para o estúdio junto com o que já estava lá me esperando. Hoje temos dez gravações e uma live que faremos às 19h, maratona...
Já gravei três vídeos e só agora que a chegou. São quase 14h. Que demora!
— ! — Disse Samanta ao ver entrando no estúdio. Estamos no meio da gravação, mas beleza. Ela pôs a mão na boca e pediu desculpas sem emitir som.
— Ah, tudo bem, Samanta, agora você já invadiu o som do vídeo... — falei olhando para ela e depois para a lente da câmera — Gente, essa animação toda da Samanta foi porque minha querida assessora, a , chegou aqui agora no estúdio. Está atrasada, hein, filha?! — A última frase falei me dirigindo à .
— Eu estava no shopping resolvendo alguns pepinos. — Ela disse e sentou-se ao lado do Vinha, um dos meus roteiristas e amigo. — Fui ver o Tom também. — Falou baixinho e deu um sorrisinho.
— Awn, o Tom! — Alex zoou ela e fez uma imitação horrível de gato.
— Isso era para ser um gato, cara? — Falei olhando para ele com a sobrancelha arqueada. — Ficou horrível, você sabe, né? Gente, é porque a , minha assessora, tem um gatinho chamado Tom e ele fica aqui na casa junto com ela, como ontem ela não pôde ficar com o Tom aí ela foi lá ver o gatinho dela. Aí o Alex fez uma imitação horrorosa de um gato que felizmente vocês não puderam ver. — Expliquei para a câmera o que houve e todos riram ao fim. — Bom, enfim... , depois preciso falar contigo, hein! — Ela sacudiu a cabeça que sim e continuamos a gravação.
Terminada a gravação, nós nos reunimos para discutir alguns detalhes da live de mais tarde. toda hora olhava para o celular e desligava algumas ligações que recebia. Cochichava algo com a Samanta, que a fitava com um ar preocupado. Depois da reunião gravamos mais um vídeo que será lançado amanhã cedo e eu fui para meu escritório me preparar para a live.
— ... — Chamei a atenção dela que ainda conversava com o Bruno, eles estão se falando desde a metade da reunião. Ela levantou a cabeça para me olhar. — Vamos comigo até o escritório, por favor. — Pedi e ela sorriu de leve, levantando-se e caminhando atrás de mim. Eu fui andando na frente. Fizemos o caminho todo em silêncio e quando ela entrou no escritório, depois de mim, fechou a porta atrás de si e pigarreou intrigada.
— Aconteceu algo, ? Está parecendo preocupado... — perguntou ela demonstrando certa agonia em saber logo o que eu queria com essa conversa.
— Senta. — Apontei para cadeira à minha frente. Eu já estou sentado e com as pernas cruzadas. Ela se sentou e me fitou com as sobrancelhas suspensas que iam se misturando nos seus lindos cabelos escuros. — ... eu sei que está acontecendo alguma coisa que possa ser grave. Alguma coisa com você que está te deixando irritada, nervosa e apreensiva. Não adianta mentir para mim, pois irei descobrir, você sabe que eu sempre descubro. Você quer me contar o que está acontecendo, por favor!? — Agora sim as sobrancelhas dela estão tão próximas do início dos seus cabelos do que eu estou dela agora. se ajeitou na cadeira e respirou fundo encarando as coxas. — ... — Segurei o queixo dela que olhou para mim com os olhos úmidos e trêmulos.
— Desculpa, ... desculpa... — ela disse, quase chorando. — Lembra do... lembra do meu padrasto? Ex padrasto... – questionou e eu afirmei com a cabeça. O tal padrasto que maltratava ela. — Ele me mandou uma mensagem ontem, não sei como conseguiu meu número, só sei que ele está me ameaçando... eu... ah, ... — suspirou ao fim da frase e deixou o corpo relaxar na cadeira. Levantei e puxei ela comigo dando-lhe um abraço forte.
— Vamos resolver, ok? Não fica assim... eu estou aqui com você e sempre estarei.
me contou e me mostrou as mensagens que o padrasto mandou para ela. O canalha teve a audácia de me ameaçar também. Na certa ele quer dinheiro, pois agora namora um “cara famoso”. Que imbecil! Senti uma raiva tão grande quando li as mensagens que agora quem está nervoso sou eu. olhou para o relógio e disse que já são 18h35. Quase na hora da live. Fiz ela me prometer que não cometeria nenhuma loucura até a gente conversar sobre o que fará em relação ao ex padrasto dela. Peguei meu celular e catei a para que descêssemos até o estúdio novamente. Quando entrei primeiro, mal havia aberto a porta, todos reclamaram da nossa demora, da minha demora para ser mais preciso. Dei de ombros e fui até o meu lugar para colocar a lapela. A live começou e terminou num piscar de olhos. Mal senti o tempo passar.
São quase 21h, e eu voltamos para minha casa, Tom está no meu quarto. Resolvi que seria melhor trazer o Tom para cá, já que agora vai frequentar mais a minha casa. Passávamos muito tempo juntos mesmo, confesso que as poucas diferenças que existem agora são que nós transamos e nos beijamos. Só. Coloquei a caixa de areia do Tom na varanda e deixei a porta entreaberta para que ele possa passar quando quiser usá-la. Num canto do quarto coloquei os brinquedos dele e comprei mais um, uma espécie de trepa-trepa para gatos muito legal onde ele fica arranhando o dia todo e escalando o mesmo. Tom adorou. Sempre que venho aqui ele está pendurado no trepa-trepa felino e vira assustado quando vê a porta do quarto se abrir. Os meus cachorros ficam soltos pela casa e Tom preso no quarto. Não há perigo de todos se encontrarem, mas estamos aos poucos socializando todo mundo. Alguns meses se passaram...
e eu agora estamos namorando oficialmente. Pedi ela em namoro na frente de todos os nossos amigos, num jantar que preparei exclusivamente para isso. Ela quase morreu de vergonha, mas aceitou meu pedido. Eu já tinha falado e apresentado ela à minha mãe na semana anterior ao jantar. ficou nervosa, não sabia como minha mãe reagiria. Isso porque eu contei para ela que minha mãe não gostou que eu terminei com a Bruna, na verdade ela ficou bastante surpresa quando eu contei o motivo do término e mal acreditou. Porém, ela tratou a muito bem, conversaram bastante e riram juntas. Isso é bom. E mesmo se fosse o contrário, se minha mãe por acaso não gostasse da , quem decide quem eu vou namorar sou eu. Ela pode me aconselhar, mas nunca me obrigar a nada. Sei que ela jamais faria isso, ela nunca se meteu nos meus namoros e não seria agora que ela começaria a fazê-lo.
Um ano de namoro.
Nossa, como o tempo voa! Hoje completamos um ano de namoro e eu posso dizer uma coisa: a me faz muito feliz! E ela está muito feliz com nosso relacionamento. Quase não brigamos… a não ser que o meu time jogue contra o dela, aí ficamos nos zoando durante todo o jogo, se bobear durante a semana toda. Já que hoje é um dia especial, resolvemos fazer um churrasco para os amigos e familiares aqui em casa. Reservei este dia para que não tivesse compromissos, então hoje não tem gravação nem evento nem live nem nada que remeta trabalho. Claro, vamos gravar algumas coisas para registro e talvez os editores publiquem no canal, mas nada com roteiro. Bem livre.
Todos os nossos amigos estão aqui já. Minha mãe veio também. Até a Bruna tá aqui. É, a Bruna veio e eu nem sei quem convidou ela, mas enfim. Estou evitando falar com ela que veio acompanhada de um cara. Aposto que é o tal homem com quem ela me traía. Ela ficou todo o tempo ao lado dele e conversava com minha mãe e , que de vez em quando ia lá falar com ela. Ele é um possível candidato a ter convidado ela.
foi ao banheiro e ainda não voltou. Bruna e minha mãe também sumiram. Está todo mundo sumindo hoje. Suspirei irritado e bebi mais um gole do meu suco de uva – juro que não é vinho.
Vim aqui no quarto ver como o Tom está. Esses dias ele anda meio molinho, levei ele no veterinário, mas o mesmo disse que Tom estava bem, que não havia nada errado. Será que Tom está triste? Eu ando meio preocupada ultimamente, ele deve ter percebido isso também. Vim fazer companhia para ele um pouquinho. Depois de sair do quarto eu fui andando pelo corredor, mas duas vozes me fizeram parar. Identifiquei logo a voz da mãe do e a voz da Bruna. Elas estão conversando e parece que o assunto é o .
— Será que é isso mesmo, Bruna? — Perguntou a mãe do com um tom desconfiado.
— Claro que é. Aposto como daqui a pouco ela inventa que está grávida só para conseguir casar com o e arrancar dinheiro dele. — É, parece que me enganei em relação ao assunto da conversa.
— Creio que se ela quisesse isso realmente, já teria feito logo no início. Acho que isso é ciúmes seu, Bruna. — Essa criatura está tentando ludibriar minha sogra. Eu mereço...
— Ah, mas é verdade! Essa tal de — falou meu nome como se fosse o nome de uma doença contagiosa e incurável – não ama seu filho. Vai por mim, é golpe. — Uma raiva tremenda percorreu meu corpo e eu queria muito invadir aquele espaço e dar um belo soco na cara da Bruna. Porém, me mantive escondida ouvindo a conversa.
— Ah minha querida, eu gosto muito de você, mas eu não acredito nisso. Eu sei que a ama muito meu filho e ele a ama muito também. — Disso eu tenho plena certeza, sogrinha!
— Depois não diga que eu não avisei. — Disse Bruna e saiu batendo os pés. A mãe do seguiu atrás dela.
Uma raiva imensa ainda circulava pelo meu corpo. Antes mesmo da Bruna voltar para a piscina, onde estava rolando o churrasco, eu a abordei para tirar satisfação.
— Ai, meu braço! — Reclamou assim que eu puxei com força o braço dela. — Ah, é você. — Disse com desdém e me encarou de cima abaixo.
— O que você quer inventando aquelas mentiras para a minha sogra, hein? — Falei sem rodeios e ela soltou uma risada abafada.
— Então você ouviu tudo? Hm... — Deu um suspiro debochado e continuou — Não gostou de eu revelar a verdade para ela? Hm, então a carapuça lhe serviu bem, né golpista?!
— Vê lá como fala comigo, sua idiota mimada! — Empurrei ela irritada — Não ouse inventar mentiras com meu nome, eu não sou golpista, eu amo o ! — Ela soltou outra risada debochada e me empurrou de volta.
— Me poupe, pode me falar... eu sei que você planejou tudo para me separar do . Admita! — Sibilou com os lábios estreitos.
— Ah tá, agora fui eu quem obrigou você a dormir com aquele cara durante meses só para ficar com o no final? Acha que eu seria capaz de fazer algo nesse nível, magoar ele desse jeito? Oh querida, eu não sou você! — Enfatizei bem as palavras e ela me fitou com um ódio imenso. Esse ódio todo explodiu no empurrão que ela me deu. Eu estava próxima à escada, mas não o suficiente para cair dela. — Me solta, sua louca! — Ela estava me agarrando pelos braços e eu tentava me livrar dela que tentava me empurrar para mais perto da escada.
— Você me paga! — Ela disse e deu investidas mais firmes.
Não consegui me equilibrar da maneira que queria. Logo eu estava rolando pela escada abaixo. A última coisa que me lembro de ter visto foi o rosto enraivado da Bruna me encarando com um sorriso maligno no canto da boca. E a voz da Samanta berrando meu nome. Depois não me lembro de mais nada.
Acho que se passaram horas. Acordei com frio, estou num quarto de hospital, o mesmo hospital que vim quando tive o acidente de moto há algum tempo. Rolei os olhos para o lado e vi uma pessoa sentada na poltrona dos visitantes. Logo reconheci Samanta sentada ali, ela mexia no celular.
— Samanta… — falei baixinho, quase sem voz, ela levantou a cabeça e sorriu ao ver que eu tinha acordado.
— ! — Suspirou aliviada e veio até a cama — Que bom que acordou, como você está se sentindo? — Perguntou ela sorrindo.
— Bem. Com uma dorzinha nas costas, mas isso já estava sentindo antes. — Soltei uma risadinha e ela riu também. — Cadê o ? — Perguntei ao ver que ele não estava ali. Tinha uma pitada de mágoa em minha voz pelo fato dele não estar lá para me ver.
— Precisaram que tirar ele do quarto. Ele estava tão irritado e gritava, você sabe como ele é, né? — É, eu sei bem como ele é.
— Por que ele estava tão irritado? — Perguntei sem entender.
— Ele viu que foi a Bruna quem te empurrou da escada. Eu também vi, . O que houve? — Senti meu coração quase parar de bater dentro de mim. Engoli em seco e encarei a Samanta. Contei tudo o que havia acontecido. — Meu Deus! Sério? Caramba... , ela é doida! Inventar uma coisa dessas e ainda te empurrar da escada. Caraca! — Falou ela espantada com o que eu contei para ela.
— O viu mesmo quando aconteceu? — Voltei a questionar preocupada com a reação dele.
— Sim, ele estava entrando para me ajudar a trazer mais comida para fora. Aí eu vi primeiro e corri para te ajudar e ele veio logo em seguida desesperado. Vimos exatamente a hora em que a Bruna te empurrou e ficou ali parada olhando você cair. , você caiu de maneira estranha, bateu a cabeça no degrau, desmaiou e veio deslizando até metade da escada. Foi uma cena horrível. — Dessa parte eu obviamente não sabia. Engoli em seco novamente e apertei os olhos. — ... — Samanta de repente ficou apreensiva, parecia que escondia algo e que queria contar antes que explodisse — o sabe?
— Sobre o que? — Perguntei com a mesma apreensão. Do que ela está falando?
— Que você está grávida... — oi?
— Grávida?! — Arregalei os olhos e puxei o ar para os pulmões, quase sem sucesso. Acabei engasgando e tossi nervosa. — Ela está atrasada, mas meu ciclo sempre foi incerto e nós sempre usamos camisinha. Bom... teve uma vez que não usamos, mas foi só uma vez e faz um tempinho já.
— O médico veio aqui quando você estava dormindo ainda e confirmou que você está grávida. Que foi um milagre você não ter perdido o bebê por conta da queda da escada. — Joguei a cabeça para atrás várias vezes, irritada e frustrada. Grávida?! Ah meu Deus... justo agora que minha vida começou a se ajeitar de verdade.
Samanta disse que chamaria o e achou melhor eu contar para ele sobre a gravidez. Bem, ele saberá de qualquer forma em algum momento. Eu vou contar para ele sim. Queria tanto que não fosse hoje que eu soubesse disso. Porque aquela mentira da Bruna pode influenciar a mãe do , ainda mais depois que ela souber da gravidez. Ela pode achar que eu estou realmente dando um golpe no . Ai, que inferno! Eu já me livrei do meu ex padrasto, que naquela época fugiu sem me pedir nada. Achei estranho e pressionei o para falar, ele confessou que fez um acordo com ele, ofereceu dinheiro, pouco dinheiro, mas o mais importante: ele ameaçou denunciar meu ex padrasto para a polícia por extorsão, abuso de menor – pelas coisas que ele fazia quando eu era criança – e calúnia – porque ele disse que falaria coisas horríveis sobre o na mídia e pediu mais dinheiro por causa disso, mas depois da ameaça do , ele voltou atrás nas ameaças dele. Logo ele estava dentro do quarto. Samanta o deixou entrar sozinho para que tenhamos privacidade. Estou quase enfartando. O bom é que eu já estou no hospital, né?
Ah Bruna! Que raiva que estou sentindo dela, nunca imaginei que uma raiva maior do que aquela que senti quando soube de sua traição fosse surgir dentro de mim. está deitada na cama e me fita com um ar preocupado. Será que aconteceu algo com ela por causa da queda? Me aproximei, apreensivo, da cama e segurei sua mão.
— Oi, amor... — falei com a voz um pouco embargada e rouca. — Você está bem?
— Sim, estou bem sim. — Ela me encarou e falou de uma vez só — Eu preciso te contar algo.
— Fala... — segurei sua mão firmemente. Ela começou a contar sobre o motivo da Bruna ter empurrado ela da escada. Da conversa que ouviu ela e minha mãe terem e das mentiras que a Bruna contou. E contou também mais uma coisinha...
— ... amor, eu juro para você que eu não sabia disso, eu soube faz pouquíssimo tempo quando o médico contou para Samanta e eu confirmei com ele antes de você entrar se realmente era verdade... — ela disparou a falar sem ao menos parar um segundo para puxar ar para os pulmões —... acredite em mim, por favor. Eu amo você! De verdade!
— Li! — Falei de repente, fazendo ela parar de tagarelar e ser direta ao ponto — Calma! Me diz o que aconteceu? O que o médico disse? — Eu disse calmamente e dei um beijo em sua mão. Ela pareceu mais calma, respirou fundo e depois de alguns segundos ela falou finalmente.
— Estou grávida, ... — arregalei meus olhos num movimento involuntário. Grávida?
— Grávida? — Externei minha indagação e pisquei os olhos depressa ainda tentando assimilar a informação. — Eu te amo... muito! — Tinha dificuldade de respirar, falei ofegante e ela me fitou confusa.
— Você está bem? — Questionou preocupada.
— Claro! Estou feliz demais, , amor... vamos ter um filho juntos! Caraca! — eu disse emocionado e ela transpareceu estar aliviada com a minha reação — Claro que eu e você não planejamos nada, nunca falamos sobre isso, mas já que aconteceu, vamos cuidar do nosso bebê. — Disse e completei, aproximando-me mais do rosto dela – Eu amo você! E jamais acreditaria nas mentiras que a outra lá inventou sobre você. Eu te conheço muito bem , sei do seu caráter e sei do seu amor por mim. Ah, eu te amo tanto, ! — Nos beijamos e eu a abracei em seguida. Ela relaxou no meu abraço, pareceu retirar um peso enorme dos ombros e suspirou aliviada. Até chorou... —... o médico disse se aconteceu algo com o nosso filho? — Perguntei angustiado, pois acabei de me lembrar que estávamos num hospital por conta de uma queda que a sofreu. Na verdade, podemos contar isso como uma tentativa de homicídio, né? Duplo homicídio...
— Está tudo bem com a gente, . — Ela disse e alisou a própria barriga. – Mais tarde devo receber alta, já.
— Ah, que alívio... — suspirei e dei-lhe mais um beijo.
À noite, e eu voltamos para casa. Ela recebera alta e eu tive todo o cuidado do mundo, agora que ela está grávida, preciso cuidar dela e do nosso bebê. Na próxima semana vamos começar o pré-natal para acompanhar a gravidez. Ela se queixa de dores de cabeça e nas costas, às vezes. Se bem que, ela já sentia dores nas costas antes, mas enfim, isso não diminui minha preocupação. fala que eu a trato como se ela fosse de vidro e fosse quebrar ao mínimo toque descuidado de alguém. Me chama de dramático e chato, mas eu sei que ela terá o mesmo cuidado quando nosso filho nascer. Da mesma maneira que ela é com o Tom, tenho certeza de que será com nosso baby. Outro dia conversamos sobre nomes. Não há preferências de ser menina ou menino, mas temos nomes para ambos. Se for menino, se chamará Lucas e se for menina se chamará Alice. O importante é que seja feliz e saudável, de resto será lucro.
Minha mãe está mais feliz do que eu e juntos com a chegada do nosso bebê. Todo dia ela liga para mim ou para ou senão vem aqui em casa para ver como ela está, se precisa de algo, enfim. Mais babona que eu... ela me contou sobre o que a Bruna havia dito para ela, todo aquele lance da querer me dar um golpe, mas claro que ela não acreditou em nada e achou que Bruna está com ciúmes e por isso inventou tudo aquilo. O que não deixa de ser verdade, né? Mas o problema é dela, que fique com o ciúme só para ela e nos deixe ser feliz em paz.
Meses depois...
já está com quase 8 meses de gestação e, caramba, como a barriga dela tá enorme! Também, são gêmeos! Sim, teremos um casal de gêmeos: o Lucas e a Alice. Já amo meus meninos antes mesmo de nascerem. A única coisa que mudou nesses meses para cá foi o fato de e eu apenas conversarmos sobre nossos filhos. É, infelizmente nós nos afastamos. Brigamos por uma enorme besteira: pedi ela em casamento, mas ela diz que não quer casar e acabamos brigando porque ela achou que eu só pedi por causa da gravidez dela. O que é uma grande bobagem. Pior que, nós dois, somos tempestivos e quando achamos que estamos com a razão, nada nos faz voltar atrás.
Hoje farei uma festa com karaokê aqui em casa, para descontrair. Está muito calor, então faremos isso na área externa, na piscina, juntamente com um belo churrasco. ainda mora aqui em casa, mas em um outro quarto. Estamos há dois meses afastados, vamos dizer assim, pois na teoria ninguém terminou com ninguém. E eu nem pretendo isso. Creio que ela também não, senão já o teria feito. Terminei de me arrumar e desci até a piscina. No caminho encontrei meu irmão, , conversando com a Iara, nossa cozinheira maravilhosa.
— E aí, tudo pronto? — Perguntei ao me aproximar dos dois.
— Sim, tudo pronto, . — Respondeu Iara e me fitou como se eu fosse uma criança de cinco anos que fez merda — Quando é que você e a vão se acertar hein garoto? Já passou da hora hein. Estão perdendo tempo, daqui a pouco os bebês nascem e aí vai ser o Deus nos acuda! — Falou Iara e saiu rindo. também ria, eu apenas sorri sem graça. Eu também quero saber quando que isso vai acontecer. A nem quer tocar no assunto comigo...
— Iara está certa irmão — falou apoiando o braço nos meus ombros —, quando que vocês vão se acertar? Meus sobrinhos já, já nascem...
— Ela está irredutível, — falei e suspirei frustrado — Você sabe que eu a amo e...
— ... ela te ama mais ainda — completou ele e me olhou como se a solução fosse a mais óbvia e fácil possível. E realmente é...
— Eu sei... vamos nos resolver. Vou tentar mais uma vez falar com ela hoje. — Sorri ainda com uma pitada de frustação no olhar e um toque de esperança.
Já lá fora, na piscina, encontrei meus amigos mais próximos e a , que usa um biquíni com um shortinho. Ela diz que está parecendo uma rolha de poço com essa barrigona, mas eu acho que ela está ainda mais linda (se é que é possível) estando grávida. Ela não falou comigo, para variar. Apenas sorriu ao me ver e disse “Oi, ”; quando eu perguntei como ela estava “Bem, estamos bem”, apenas isso.
Nosso karaokê é bem eclético, na verdade nós arrumamos um microfone e uma caixa de som e vamos apenas cantar. Tem um dos meus amigos que toca violão, a pessoa escolhe uma música, ele toca e a pessoa canta. Bem simples. Vários dos meus amigos já cantaram, eu ainda não e nem a . Finalmente ela levantou da cadeira (que não fosse para pegar algo para comer ou ir ao banheiro) e foi até onde o Marco, o cara do violão, estava posicionado. Ela sussurrou algo no ouvido dele, algo longo suficiente para não ser apenas o nome da música. Ele sorriu e se ajeitou na cadeira. pigarreou e todos voltaram a atenção para ela.
— Olá, pessoas! — Ela disse e fez um charminho com a perna. Todos riram e falaram Oi de volta. — Quero dedicar esta canção para alguém que eu... bom, vocês vão entender. — Falou e completou em seguida, respirando fundo e falando com o Marco — Pode começar.
Ele deu os primeiros acordes da música e até então ninguém conhecia.
WE DANCE LIKE IDIOTS – BEESHOP
We dance like idiots (Nós dançamos como idiotas) 3X
Eu entendo bem inglês, tenho curso avançado, aliás a maioria dos meus amigos têm e entenderam bem o que a letra quis dizer...
If you wanna challenge me (Se você quer me desafiar)
Know you’re gonna fight alone (Saiba que você vai lutar sozinho)
If you wanna be with me (Se você quer ficar comigo)
Know you’re gonna have some fun (Saiba que nós vamos nos divertir um pouco)
“Saiba que nós vamos nos divertir um pouco”... hm... tô gostando do rumo dessa música.
I wish I could Take your hand tonight (it’s alright) (Eu gostaria de poder segurar a sua mão esta noite (isso é certo))
I wish I could dance with you tonight (Eu gostaria de poder dançar com você esta noite)
E eu gostaria de amar você esta noite e sempre, ...
We don’t care (about) what people say (Nós não ligamos para o que as pessoas dizem)
We just care about each onig (Nós só nos preocupamos um com o outro)
I know there are so many doubts (Eu sei que há tantas dúvidas)
But right now we don’t bother (Mas agora nós não nos importamos)
I wish I could Take your hand tonight (it’s alright) (Eu gostaria de poder segurar a sua mão esta noite (isso é certo))
I wish I could dance with you tonight (Eu gostaria de poder dançar com você esta noite)
They see onig the dance floor (Eles nos veem na pista de dança)
And all oni want to say for us now (E tudo que eles querem nos dizer agora)
They dance like idiots (Eles dançam como idiotas)
Yeah, oni dance like morons (Eles dançam como imbecis)
Like there’s nobody out here (Como se não houvesse ninguém aqui)
Like we’re in love (Como se estivéssemos apaixonados)
Yes, we’re completely in love (Sim, estamos completamente apaixonados)
We just don’t know (Nós simplesmente não sabemos)
No, we don’t know (Não, nós não sabemos)
Ok, esta música é para mim. Definitivamente. Será que é um pedido de desculpas?
I just want to Take your hand onight (Eu só quero segurar sua mão essa noite)
I just want to be with you onight (Eu só quero estar com você esta noite)
We’re so dumb (Nós somos tão bobos)
Esta última frase ela cantou e olhou diretamente para mim, coisa que ela não fez durante toda a música. Engoli em seco e todos já estavam gritando e pedindo bis. canta muito bem, não é profissional, mas também não é algo terrível de ouvir. A voz dela é bem afinada. Maravilhosa em tudo que faz essa mulher...
Depois de insistirem muito para que ela voltasse a cantar, resolveu cantar mais uma música e desta vez eu conhecia a letra e a banda, é claro. É uma música do Muse, Invicible. Aliás, que música maravilhosa! Ouçam depois! Quero muito ouvi-la na voz da .
INVICIBLE – MUSE
Follow through (Siga em frente)
Make your dreams come true (Faça nossos sonhos se realizarem)
Don’t give up the fight (Não desista da luta)
You will be alright (Você ficará bem)
‘Cause there’s no one like you (Porque não há ninguém como você)
In the universe (No universo)
Nessa música, ela cantou olhando para mim, sem piscar nem uma vez...
Don’t be afraid (Não tenha medo)
Of what you’re mind conceals (Do que a sua mente esconde)
You should make a stand (Você deveria resistir)
Stand up for what you believe (Resistir pelo que você acredita)
And tonigh we can truly say (E essa noite nós poderemos verdadeiramente dizer)
Together we’re invicible (Que juntos, somos invencíveis)
Apontando para mim, ela sorria e dançava levemente enquanto cantava. Emanava felicidade...
And during the struggle (E durante a batalha)
They will pull us down (Eles irão nos rebaixar)
But please, please let’s use this chance to (Mas por favor, por favor, vamos usar essa chance para)
Turn things around (Reverter as coisas)
And tonigh we can truly say (E essa noite nós poderemos verdadeiramente dizer)
Together we’re invicible (Que juntos, somos invencíveis)
Do it on you own (Faça isso por si mesmo)
It makes no difference to me (Não faz diferença para mim)
What you leave behind (O que você deixa para trás)
And what you choose to be (O que você escolhe ser)
And whatever they say (E qualquer coisa que disserem)
Your soul’s unbreakable (Sua alma é inquebrável)
And during the struggle (E durante a batalha)
They will pull us down (Eles irão nos rebaixar)
But please, please let’s use this chance to (Mas por favor, por favor, vamos usar essa chance para)
Turn things around (Reverter as coisas)
And tonigh we can truly say (E essa noite nós poderemos verdadeiramente dizer)
Together we’re invicible (Que juntos, somos invencíveis) 2X
Quando terminou de cantar, ela se emocionou e todos gritaram aplaudindo. me deu um cutucam no estômago e apontou com a cabeça para que eu fosse até ela. Me levantei, apreensivo, e me aproximei dela. Todos começaram a gritar e falavam coisas como “agora vai” ou “voltem de uma vez e parem de frescura!”. Amigos lindos nós temos.
— Oi... — eu disse, ofegante, ao chegar perto dela — você cantou muito bem, ...
Sorri ao fim da frase e ela segurou minha mão e fez um leve gesto com a cabeça apontando para dentro de casa. Não dissemos mais nada, apenas caminhamos até o meu quarto. Ninguém se opôs ou interrompeu nossa ida. Ao chegarmos no quarto, sentou-se na cama e me fitou. Um leve nervosismo ecoou junto com sua voz quando ela começou a falar.
— , eu... — finalmente ela voltou a me chamar de “ ”, sorri involuntariamente ao ouvir ela me chamar assim novamente —– me perdoa por ser tão idiota, por pensar aquilo de você, eu não podia ter feito aquilo conosco dois, depois de tudo que enfrentamos para ficar juntos. Do amor que construímos e que gerou frutos —– ela alisou a própria barriga e parece que as crianças estão ouvindo, pois elas acabaram de mexer. Eu já estava com a mão em cima da barriga dela e sorri com o movimento dos bebês. Ela sorriu também e continuou falando. —... eu te amo tanto! Eu quero que me perdoe , eu te amo demais para ficar longe de você... — Antes que eu pudesse falar algo, antes mesmo de eu formular uma frase em minha mente, ela prosseguiu — Quer casar comigo? — Ok, por essa eu não esperava! Ela sacou uma caixinha no bolso do short e abriu a mesma. Dentro há duas alianças de noivado.
— ... — Eu encarei as alianças e depois voltei meu olhar para o rosto dela. Seus olhos brilham de emoção. Creio que os meus também. Sem mais demora, eu finalmente falei — É claro que eu aceito, sua boba! E não tem nada para perdoar... eu te amo, minha chata!
Ela riu e nos beijamos. O melhor beijo: o da reconciliação. Ela pôs uma das alianças em meu dedo e eu fiz o mesmo com a outra aliança no dedo dela. Logo contamos as novidades para nossos amigos. Aquele churrasco virou um churrasco de comemoração pelo nosso noivado.
Não demorou muito e nos casamos.
ainda tinha nossos bebês no ventre. Uma cerimônia simples, aqui em casa mesmo. Chamamos um juiz de paz para celebrar nosso casamento. Foi tudo demasiado lindo. Hoje, estamos aqui no hospital, teve contrações durante a gravação de um dos vídeos para o canal. Interrompemos tudo e corremos para cá. Agora ela está na sala junto comigo. Resolvi acompanhar o nascimento dos nossos gêmeos.
Algumas horas depois e nossos lindos filhos já estavam no mundo. Lucas e Alice nasceram super saudáveis e com cara de joelho. Sim, todo bebê nasce com a mesma cara que se mantém assim até o terceiro mês de vida, mais ou menos. Porém, em nossos filhos eu conseguimos ver uma beleza que só eu a enxergamos. Nossa vida mudou totalmente depois do nascimento deles.
Dez meses depois...
Minha rotina de gravações continua a mesma: corrida e intensa. Porém, agora eu concilio com a vida de pai. Os gêmeos estão com quase um ano e agora sim eu digo com toda convicção: eles são lindos! Alice é uma princesinha linda do papai. Tem os olhos da e os cabelos pretos como carvão e ondulados. Já o Lucas é uma miniatura de mim quando era pequeno: bochechudo e loiro. O cabelo dele é bem clarinho, mas creio que, assim como aconteceu comigo, quando ele crescer o cabelo vai escurecer e ficar igual ao da Alice.
— Luuuuucas!
Gritou , que é padrinho dos dois (aliás, tenho que contar aqui, antes de mais nada: ele chorou MUITO quando eu o convidei para ser padrinho dos meninos. Nossa, foi uma cena realmente cômica e emocionante ao mesmo tempo. Eu deveria ter filmado, sério. Mas infelizmente eu perdi a oportunidade), ao ver o Lucas andando sua direção. Estamos todos no intervalo, sentados na sala de convivência da nova sede de gravações. Resolvemos nos mudar, agora temos parceria com uma grande produtora – na qual eu sou sócio.
— Vem cá!
— Não grita ! — Reclamei com ele — Vai estourar os tímpanos do meu filho! — Ele fez uma cara de deboche e deu de ombros. — Cadê a ? — Alice estava comigo em meu colo e a havia ido até seu escritório, mas não voltou até agora.
— Está no escritório dela, — comentou Samanta, ainda mexendo no celular, sem olhar para mim.
— Ainda? Nossa, está demorando. Ela disse que voltava rápido.
— Já viu o tamanho desse lugar? — Falou Alex — É enorme! Ela deve ter se perdido! — Todos riram. Realmente, o lugar novo é imenso.
— Dá uma olhada na Alice para mim, Samanta. — Eu disse e entreguei a Alice nos braços da Samanta. — Já volto.
Alice ficou bem quietinha nos braços da tia Samanta enquanto eu ia atrás da . Ela realmente está demorando. Cheguei ao escritório dela, que é do outro lado da nova sede, longe do meu, e bati na porta.
— ? Amor, tá demorando, acho que a Alice tá com... — antes De eu terminar a frase e avisar que a Alice poderia estar com fome, meus olhos encontraram a caída no chão ao lado da mesa dela. — Amor! — Corri até seu encontro e sacudi ela de leve. — Amor, acorda... ... — Ela estava gelada e suava um pouco. Além de estar respirando bem devagar. — Amor... — Dei um beijo em sua testa e ela, aos poucos, foi acordando.
— ... — ela disse com a voz fraquinha — Que houve? Nossa, estou tonta. — Levou a mão à testa e fechou os olhos com força.
— Você estava demorando, então vim ver se estava tudo bem e encontrei você desmaiada. O que houve? Se sentiu mal antes de desmaiar? Fala para mim... — ela me fitou confusa.
— Ahhh, eu me senti tonta, então vim sentar na cadeira, depois não me lembro de mais nada. Acho que devo ter desmaiado aí... me ajuda a levantar, amor. — Ajudei ela a sentar-se na cadeira.
— Quer que eu chame um médico? — Questionei enquanto colocava água num copo para ela beber.
— Quero. Me leva para o hospital... os gêmeos! Eles estão bem? — Perguntou ela de sobressalto.
— Calma, eles estão com o e a Samanta. — Falei e completei enquanto ajudava ela a levantar. — No caminho, eu aviso para eles o que aconteceu e peço para eles cuidarem dos gêmeos. — Ela concordou e eu peguei as chaves do carro dela.
— Você vai dirigir? — Perguntou com a sobrancelha arqueada e parou de andar para me olhar.
— Vou. É uma emergência, amor... e para de me olhar com essa cara de deboche, Fernandéz. Sua chata. — Falei e ela riu.
— E para de me chamar pelo sobrenome, . — Ignorei e ela continuou rindo.
No caminho, eu avisei para o Bruno o que houve e desci direto para o estacionamento. Falei para ele dar a comida, que tinha na vasilha na bolsa dos gêmeos, para a Alice. Ela realmente estava com fome. Ao chegar no hospital foi logo atendida. Não demorou para a médica me dar notícias dela.
— Grávida?! — Eu disse com os olhos saltados assim que a médica me deu a notícia. Eu estava ao lado da que também tinha os olhos sobressaltados. — Grávida... — minha expressão de espantou deu lugar para uma de felicidade. Olhei para ela que tinha os olhos marejados.
— Outro bebê! — Ela falou e apertou de leve minha mão e sorriu.
Esse sorriso despertou em mim algo bom. Uma sensação de que ficaria tudo bem mesmo que agora tivéssemos três filhos para cuidar. Dinheiro não é problema. Amor também não é problema, temos de sobra. Então, nada será problema com a chegada desse outro filho. Que venha com saúde, então! E venha logo.
Anos depois...
Está uma correria de louco aqui nessa casa. Resolvemos fazer uma festa de aniversário para o Gustavo, nosso mais novo está fazendo três anos hoje. Os gêmeos têm quatro anos e ficaram com ciúmes, então estamos meio que fazendo uma festa para os três ao mesmo tempo. Crianças! Enquanto Bruno e Alex correm feito loucos atrás dos meninos, e eu estamos organizando as últimas coisas. Tudo pronto, festa começou! As crianças estão se divertindo e e eu estamos administrando, ou tentando, as brigas que de vez em quando estouram entre os meninos. Gustavo e Lucas brigam para ver quem vai andar primeiro na bicicleta nova que compramos para o Gustavo (Lucas e Alice já têm as deles), e Alice estava meio alheia à situação e só queria saber de pular na piscina de bolinhas ao lado do tio , meu irmão que mais parece uma criança velha e grande.
Dias depois, combinei com o pessoal e com minha mãe, de cuidarem das crianças para nós, pois planejei uma viagem para mim e para . Faz anos que não fazemos isso, que não tiramos um tempo só para nós dois. Estamos precisando, realmente.
Chegamos ao hotel, aqui em Fortaleza, e fomos diretamente fazer o check-in. Deixamos as malas no quarto e descemos para praia que fica em frente ao hotel. Nadamos um pouco e fomos passear na areia.
— Esse lugar é lindo, né ? — Ela disse enquanto caminhávamos de mãos dadas pela areia quase branca da praia.
— Maravilhoso... — falei e dei-lhe um beijo na boca – mas não tanto quanto a mulher linda que está ao meu lado agora! – Disse e ela sorriu sem graça. Até hoje ela não se acostumou à elogios. Ela fica muito sem graça e sem saber o que dizer.
— Você que é maravilhoso, amor! O melhor marido, melhor pai que eu poderia pedir aos nossos filhos e o melhor amigo que eu tenho. — Sorriu e me deu um beijo — Te amo, meu amor!
— E eu te amo ainda mais! — Abracei ela e joguei seu corpo para trás depositando um beijo estalado em sua linda boca.
Minha história com a não poderia ser de outro jeito. Apesar dos pesares que a vida colocou em nosso caminho, nosso amor perseverou a tudo e a todos e estamos felizes e plenos com nossa relação. Nossa amizade, nosso amor, nossos filhos que são a coisa mais preciosa que pôde sair desse amor todo. E esse amor tem tudo para perdurar por anos à fio.
E assim espero que seja.
Fim!
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Nota da autora: E esse surto com o Fefo?!??!?! Essa fic está escrita e finalizada desde 2019, fiz ela em menos de 2 meses. Sim, eu estava bem aficcionada no Felipe naquela época (não que eu não esteja hoje, né?). Assisto os vídeos dele desde 2010 (NETOSSAURA) e continuo acompanhando até hoje <3 fielmente hahaha
Espero que gostem dessa história <3