O Som do Verão



Última atualização em: 08/04/2025
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observou a intensa movimentação da casa ao lado com dois grandes SUVs parados na porta da mesma enquanto pegava suas malas em seu carro. Aquilo era normal, afinal de contas as casas viviam sendo alugadas por turistas, mas aquela movimentação em específico havia chamado sua atenção.
Depois de alguns instantes retirando suas bagagens, ela pegou o molho de chaves de dentro da grande bolsa de praia que ela levava no ombro e abriu o portão de serviço, chamando por .
Assim que a governanta e ex-babá apareceu, as duas sorriram uma para a outra e se abraçaram. e se conheciam literalmente desde que ela havia nascido, já que ela trabalhava para os pais de há algum tempo. Para , era muito mais do que uma funcionária — ela era família. O carinho que sentia por ela ia além da gratidão; era um amor genuíno, construído ao longo dos anos, como se fosse uma segunda mãe.

— Você demorou, querida! Tudo bem? — segurou-a pelos ombros com um olhar preocupado denunciando seu afeto.

sorriu de leve, sem mostrar os dentes, apreciando o cuidado da governanta. Assentiu antes de responder, a voz suave, mas firme:

— Sim ! Eu só vim mais devagar um pouco, parei para almoçar e acabei demorando no posto, só isso! Como estão as coisas por aqui?
— Está tudo nos conformes, meu bem. Vem, vamos terminar de entrar! — segurou a alça retrátil de uma das malas de e a puxou com facilidade, como sempre fazia questão de ajudar.

Segurando a outra mala, a acompanhou para dentro da garagem e fechou o portão atrás de si, segurando o molho de chaves com cuidado. As duas caminharam para dentro da casa e passou os olhos pela sala, sentindo o cheiro familiar de madeira e maresia.
O ambiente era amplo e arejado, com grandes janelas que deixavam a luz dourada do fim de tarde entrar sem esforço. O teto de madeira branca dava um toque rústico e acolhedor, enquanto o sofá de linho claro, repleto de almofadas em tons de azul e areia, convidava ao descanso. Tapetes de fibra natural cobriam parte do piso frio, e uma estante baixa exibia conchas, fotografias antigas e pequenas lembranças de verões passados. A brisa do mar balançava suavemente as cortinas leves, trazendo consigo o som distante das ondas quebrando na areia.
seguiu pelo corredor que levava até os quartos e ao banheiro e então adentrou o quarto que sempre fora reservado para ela na casa, desde pequenina. É claro que o aspecto do quarto e a decoração foram mudando conforme ela crescia.
As paredes agora estavam pintadas em um tom suave de azul, lembrando o céu nos dias mais tranquilos. A cama, de madeira clara, ficava encostada na parede oposta à janela, coberta com uma colcha branca delicadamente bordada e almofadas em tons de bege e azul. No canto, uma poltrona de vime servia de refúgio para as tardes preguiçosas de leitura, ao lado de uma mesinha com um abajur de cúpula rústica.
Prateleiras flutuantes exibiam conchas e pedras que havia coletado ao longo dos anos, além de alguns livros já amarelados pelo tempo. A grande janela, vestida com cortinas leves, deixava a brisa marinha entrar, carregando consigo o cheiro salgado do oceano. Sobre a cômoda, um porta-retratos exibia uma foto antiga dela com os pais e , sorrindo ao lado do mar.
Apesar das mudanças ao longo dos anos, aquele quarto ainda era um refúgio — um pedaço de paz em meio ao caos da cidade e de todo o agito que a vida cotidiana representava.

— Vou deixar você se acomodar bem, qualquer coisa estou na cozinha ok? — a voz de soou suave aos ouvidos de que lhe depositou um beijo rápido na bochecha antes de entrar completamente no quarto.

Assim que ela saiu, se sentou na beirada da cama, espreguiçando com os braços erguidos e fechando os olhos pesadamente. Normalmente ela não dirigia, a família tinha um motorista para isso, portanto estava um pouco cansada da viagem, já que ela mesma havia dirigido durante uma hora e meia ou mais de São Paulo até o litoral.
Encarou a janela mais uma vez sentindo o frescor do vento que entrava por lá e sentiu outra vez o cheiro da maresia. Era Carnaval e ela estava ali para mais uma vez fugir. Fugir do caos ensurdecedor que tomava conta de São Paulo nessa época do ano, das ruas abarrotadas de foliões, da música alta ecoando a cada esquina. Mas, acima de tudo, fugir daquilo que pesava sobre seus ombros — um fardo que não queria encarar.
Naquele refúgio à beira-mar, ela podia fingir que tudo estava bem. Que as ruas apinhadas de gente não a sufocavam. Que o segredo que carregava não ameaçava virar sua vida de cabeça para baixo.

⛱️⛱️⛱️


Quando chegou até a cozinha, encontrou sentada lá separando feijões. Sentou-se ao lado da mais velha e então pôs-se a ajudá-la com a tarefa — mais como uma tentativa de ocupar as mãos e distrair a mente dos pensamentos inquietantes que insistiam em rondá-la do que pela necessidade real de ajudar.

— E como o Diogo tem estado? Há muito tempo que não falo com ele, está tudo bem?

ergueu os olhos da tarefa para encarar e então sorriu para ela, antes de suspirar:

— Ah o Diogo! — ela suspirou pesadamente, parecendo melancólica — Ele não para em casa, né? Vive de galho em galho, de balada em balada…
— Ainda ? — ergueu a sobrancelha — Achei que ele estivesse começando a sossegar. Achei até que ele fosse se mudar para Nova Iorque depois da viagem que ele fez para lá, ele voltou tão empolgado com a possibilidade de uma vida por lá. O que houve?

encarou os feijões dispostos sobre a mesa e soltou outro suspiro.
Diogo sempre fora um espírito livre, o tipo de pessoa que não conseguia ficar muito tempo no mesmo lugar ou preso a uma rotina. Desde adolescente, já demonstrava um gosto por aventuras, festas e tudo que envolvesse novidade e excitação. Era inquieto, impulsivo e um verdadeiro amante da liberdade, características que o tornavam uma presença vibrante, mas também imprevisível.
Apesar de seu carisma inegável, Diogo nunca se apegava a nada por muito tempo — fosse uma cidade, um trabalho ou até mesmo relacionamentos. Ele se jogava de cabeça em suas paixões momentâneas, mas tão rápido quanto se envolvia, perdia o interesse e seguia em frente, sempre em busca da próxima experiência que o fizesse sentir-se vivo.
A viagem para Nova Iorque parecia ter sido uma dessas fases. Ele voltara entusiasmado, cheio de planos, mas, ao que tudo indicava, a empolgação inicial já havia passado, dando lugar à sua natureza volátil de sempre.

— Sabe, filha, eu sempre achei que vocês dois iam se casar um dia! — soltou um suspiro, um tanto quanto melancólico, enquanto seus dedos experientes deslizavam entre os grãos de feijão. — Vocês sempre foram tão próximos, tão grudados… Quando crianças, pareciam inseparáveis. E mesmo depois de adultos, sempre havia essa conexão entre vocês, como se fossem feitos um para o outro.

Ela fez uma pausa, levantando os olhos para com um sorriso terno, mas carregado de nostalgia.

— Mas acho que algumas pessoas nasceram para voar sozinhas, não é? E o Diogo… bom, ele nunca soube pousar em lugar nenhum.

também suspirou pesadamente enquanto deixava sua mente vagar de volta ao passado. Ela também achou um dia, enquanto eram adolescentes, ele havia sido o primeiro homem dela em tudo e claro que tudo isso havia contribuído para alimentar os sonhos de uma adolescente apaixonada, ela acreditou que aquilo significava algo maior, que o sentimento deles era forte o suficiente para durar para sempre.
Mas o tempo, implacável como sempre, mostrou que nem toda história de juventude termina como nos contos de fadas. Os sonhos de adolescente foram se desfazendo à medida que Diogo se mostrava incapaz de permanecer, sempre seguindo em frente, sempre em busca de algo mais. percebeu, talvez tarde demais, que amor, por si só, não era suficiente para segurar alguém que nunca soube onde queria estar. E com o tempo os dois acabaram transformando tudo aquilo numa bela amizade, que mesmo com a distância e com toda a inconstância de Diogo, permanecia no coração de ambos.

— Vou conversar com ele, . Acho que ele precisa de uns conselhos, mesmo que não vá segui-los, ou mesmo que eu não seja a pessoa ideal…

As palavras escaparam antes que pudesse refletir sobre elas, e só então se deu conta do que havia dito. Franziu ligeiramente a testa e desviou o olhar para as mãos, sentindo um aperto no peito. Desde quando ela havia perdido a confiança de que poderia ajudá-lo?
Quando ergueu os olhos novamente, encontrou a feição confusa de , que a observava com atenção, como se tentasse decifrar o verdadeiro significado por trás daquela súbita insegurança.

— Como assim, querida? É claro que você é a pessoa ideal, porque não seria? Não entendi. — soltou uma risada divertida, mas manteve o olhar atento sobre .

forçou um sorriso, tentando desfazer qualquer suspeita antes que começasse a fazer mais perguntas.

— Ah, , você sabe como o Diogo é teimoso… — ela disse, dando de ombros, fingindo leveza. — Mesmo que eu fale alguma coisa, ele só vai rir, dar aquele jeitinho dele de desconversar e continuar fazendo tudo do jeito dele.

estreitou os olhos, como se tentasse enxergar além da resposta, mas rapidamente desviou o olhar, voltando sua atenção para os feijões sobre a mesa. — Mas não custa tentar, né? — acrescentou, pegando um punhado de grãos e torcendo para que deixasse o assunto de lado.

⛱️⛱️⛱️


Mark se jogou no grande sofá da sala, exausto, tanto pela viagem de horas da Coreia até o Brasil, quanto pelo trajeto de São Paulo ao litoral, com isso, o simples fato de descarregarem as malas fez com que ele sentisse um cansaço absurdo tomar conta do próprio corpo.
Jungwoo se sentou ao lado dele, dando-lhe um leve tapa na coxa, fazendo com que Mark abrisse os olhos, sobressaltando-se no assento com o impacto do tapa deixado pelo amigo.

— Não vai me dizer que você veio para esse paraíso, para dormir Mark? — A mão de Jungwoo ainda pousada sobre a perna dele lhe apertou levemente o lugar.
— Eu vim para relaxar hyung! Você, eu sei que não, porque você nunca consegue fazer isso. Além do mais, estou cansado, não mentirei. Só isso!

Mark devolve o tapa e então Jungwoo gargalha, retirando enfim a mão da coxa do amigo, encarando-o com preocupação.

— Mas nós vamos curtir a praia, não é? Você sabe que estamos no Carnaval aqui no Brasil? — Jungwoo pronunciou a palavra de forma arrastada e carregada de sotaque, quase como Carrr-náu-vau, fazendo uma pausa dramática enquanto erguia as sobrancelhas e abria um sorriso animado.

Mark sorriu achando fofo o sotaque do amigo para pronunciar a palavra e assentiu para ele positivamente enquanto levava as mãos até os cabelos, passando-os para trás, com o semblante ainda cansado.

— Eu sei hyung! E nós vamos à praia, eu prometo! Mas você sabe que tem os garotos também, né?

Jungwoo armou um bico e cruzou os braços abaixo do peito, como uma grande criança mimada e emburrada por não conseguir o que queria, e Mark gargalhou, divertido.

— Você precisa dar um jeito Mark Lee! Nós estamos preocupados com você, sabia?

Jhonny se aproximou lentamente, arrastando os pés nos grandes chinelos e se jogou do outro lado de Mark no sofá.

— O Jungwoo tem razão Mark. Nós sentimos falta daquele Mark apaixonado, daquele Mark entusiasmado com a música, que pegava o violão do nada e começava a compor como se o mundo ao redor nem existisse.

Johnny apoiou a cabeça no encosto do sofá e suspirou, lançando um olhar preocupado para o amigo.

— Parece que você só quer se esconder ultimamente… E isso não é coisa sua.

Jungwoo assentiu de imediato, cruzando os braços outra vez.

— Exato! Você não pode deixar que essa fase ruim te prenda, cara. Você ama a música, lembra? Não dá pra simplesmente fugir dela.

Mark, exasperado, voltou a passar as mãos pelos cabelos, bagunçando-os.

— Eu agradeço a preocupação de vocês, de verdade. Mas não é assim de uma hora para outra, caras! Eu preciso de tempo, preciso colocar minha cabeça no lugar, preciso de novas inspirações, preciso de novos lugares, sei lá. Eu espero de verdade que vocês me entendam.

Yuta entrou na sala com os braços cruzados também, encarando os amigos, especificamente Mark. Ele percebeu a tensão crescente no ar e decidiu intervir antes que aquilo se tornasse uma discussão desgastante.

— Calma aí, pessoal — disse ele, soltando um suspiro e se apoiando no batente da porta. — Ninguém aqui está contra você, Mark. A gente só quer te ver bem.

Ele descruzou os braços e caminhou até o sofá, sentando-se na mesa de centro à frente deles.

— Se você precisa de tempo, então beleza, cara. Estamos aqui para isso. Sem pressão, sem cobranças — Yuta deu um meio sorriso. — Mas sabe… às vezes, novas inspirações surgem quando você menos espera. E, quem sabe, esse lugar não acaba sendo exatamente o que você precisa?

Mark o encarou por alguns segundos, absorvendo suas palavras, enquanto Johnny e Jungwoo também pareciam considerar o que Yuta havia dito. A tensão no ar diminuiu um pouco, mas a preocupação nos olhares dos amigos ainda permanecia.
Mark se levantou abruptamente do sofá e encarou os amigos uma última vez antes de sair da sala, deixando os três lá, se encarando. Ele caminhou pelo corredor até o quarto que dividiria com Jaehyun e Haechan, sentindo o peso da conversa ainda sobre seus ombros. Ao entrar, encontrou o cômodo vazio — por sorte, os dois ainda deviam estar explorando a casa ou resolvendo algo lá fora.
Soltou um suspiro aliviado e fechou a porta atrás de si, finalmente se permitindo relaxar um pouco. O quarto era espaçoso, com uma decoração simples, mas aconchegante, típico de uma casa de praia. As paredes tinham um tom claro, contrastando com a madeira rústica dos móveis. Havia três camas de solteiro, cada uma com roupas de cama em tons pasteis, e uma janela grande, por onde entrava a brisa salgada do mar.
Mark jogou-se na cama mais próxima, fitando o teto enquanto sua mente trabalhava a mil por hora.
Ele sabia que os amigos só queriam o seu bem, mas não era tão simples quanto eles pensavam. Sua cabeça estava uma bagunça, seu coração ainda mais. A viagem ao Brasil deveria ser uma oportunidade de espairecer, se desconectar daquilo que o atormentava. Mas e se tudo o que ele estivesse fazendo fosse apenas fugir?
Passou as mãos pelo rosto, sentindo o cansaço pesar sobre ele. As palavras de Yuta ecoavam em sua mente: Novas inspirações surgem quando você menos espera.
Será que era verdade? Será que aquele lugar poderia, de alguma forma, ajudá-lo a encontrar um rumo?
Ele fechou os olhos por um instante, tentando se convencer de que, pelo menos por agora, ele só precisava respirar fundo e deixar que o tempo fizesse sua parte.

⛱️⛱️⛱️





remexeu delicadamente a mala procurando por uma saída de praia que combinasse o com o biquíni marrom escuro que havia escolhido. Seus dedos deslizaram pelo tecido leve até encontrarem o que procurava: uma saída de praia longa, feita de crochê bege, com padrões vazados que revelavam sutilmente a pele por baixo. A peça possuía mangas largas e fluidas, dando um ar sofisticado e despretensioso ao mesmo tempo. O decote em V deixava o colo levemente à mostra, enquanto a fenda lateral trazia um toque de sensualidade sem exageros.
Saiu do quarto com a bolsa de praia pendurada em seu ombro e com o grande chapéu em mãos e chamou por , que respondeu estar do lado de fora.

— Eu vou dar uma relaxada na praia, afinal de contas foi por isso que eu vim, não é ?

A mais velha soltou uma risada gostosa que fez sorrir de volta para ela.

— Como você cresceu! Meu Deus, olha só para você , já é uma mulher feita. E dá gosto de ver, viu?

sentiu os olhos começarem a marejar com as palavras de e então o coração apertou outra vez. Se soubesse a verdade, toda a verdade sobre quem ela havia de fato se tornado, aquelas belas palavras certamente seriam diferentes.
Ela desviou o olhar por um instante, engolindo em seco, tentando afastar os pensamentos incômodos que insistiam em rondar sua mente. O carinho e a admiração nos olhos de eram como uma lâmina afiada cortando sua consciência. A mulher que enxergava nela era forte, determinada, alguém que havia seguido o caminho certo, que trilhava uma vida honrada. Mas sabia que aquela imagem era uma ilusão.
Se a nobre senhora soubesse o que ela escondia, o que fazia longe dali, provavelmente não a olharia mais com tanto orgulho. Talvez, no lugar daquele brilho afetuoso nos olhos, houvesse decepção, incredulidade… quem sabe até repulsa.
Ela odiava pensar nisso, mas era inevitável. O segredo que carregava pesava sobre seus ombros, tornando cada elogio um lembrete cruel de que ela não era quem acreditava que fosse.
Depositou um beijo na bochecha da funcionária que tanto gostava e então terminou de se despedir, voltando a atravessar a cozinha e a sala da casa em direção ao portão de saída da casa. O coração ainda murcho no peito, batia até mais devagar.
Ao sair da casa, batendo o portão branco atrás de si, ela voltou a olhar os SUVs parados na porta da casa ao lado com curiosidade. Ela não sabia exatamente o porque, mas aqueles carros imponentes haviam despertado sua curiosidade imensamente.
Balançou a cabeça tentando afastar os pensamentos de lá e como a praia ficava pertinho do condomínio, ela resolveu ir caminhando. olhava a orla com alguns turistas passeando, fazendo suas corridas matinais e até alguns poucos foliões. Isso se devia ao fato de aquela região ser um pouco mais nobre, um refúgio para aqueles que buscavam um Carnaval mais tranquilo, longe do tumulto das grandes festas e blocos que tomavam conta das praias mais populares. Embora ainda houvesse turistas aproveitando a brisa fresca da manhã e alguns poucos foliões vestidos com adereços coloridos, o clima ali era bem diferente do agito frenético que tomava conta do restante do litoral.
gostava daquela atmosfera. O Carnaval sempre transformava São Paulo em um caos vibrante e barulhento, e fugir para um lugar como aquele, onde a folia existia, mas de forma discreta, era exatamente o que ela precisava. Aquele pequeno paraíso era um respiro, um esconderijo onde poderia tentar esquecer, ainda que por algumas horas, tudo o que deixara para trás.
Os dez curtos minutos de caminhada terminaram quando ela avistou a praia ao horizonte, e um suspiro profundo escapou de seus lábios, como se, finalmente, seu corpo se permitisse relaxar.
A areia dourada se estendia à sua frente, macia e quase intocada, com apenas algumas pegadas dispersas denunciando a presença de outros visitantes mais cedo. O mar, de um azul profundo que se misturava ao céu límpido, balançava em ondas preguiçosas, embalando a paisagem com seu som ritmado e reconfortante. O cheiro da maresia se intensificava conforme ela se aproximava, misturando-se ao calor do sol que já começava a aquecer sua pele.
Ela tirou as sandálias e afundou os pés na areia morna, sentindo a textura fina deslizar entre os dedos. A brisa salgada bagunçou seus cabelos, mas apenas fechou os olhos por um instante, deixando-se envolver por aquela sensação de liberdade e paz. Ali, diante do mar infinito, seu coração pareceu pesar um pouco menos. Como se, por alguns momentos, o passado e o segredo que escondia pudessem ser levados pelas ondas.
Abriu a bolsa que trazia consigo e retirou sua canga de lá esticando a mesma pela areia, e depois se sentou sobre o tecido de cor também marrom e voltou a encarar a imensidão do mar. O som das ondas quebrando na areia misturava-se ao canto das gaivotas ao longe, e, sem perceber, ela permitiu que sua mente a levasse de volta para tempos mais simples, quando sua única preocupação era correr pela praia até ficar sem fôlego.
Lembrou-se das manhãs ensolaradas em que acordava cedo, ansiosa para sentir a água fria tocar seus pés. Da risada gostosa de ao chamá-la para não se afastar tanto, dos castelos de areia que construía e que eram destruídos impiedosamente pela maré antes do fim do dia. Dos verões intermináveis em que acreditava que aquele pedaço de paraíso sempre seria seu refúgio seguro.
Por um momento, um sorriso leve brincou em seus lábios, mas logo a realidade voltou a pesar sobre seus ombros. Aquela sensação de segurança que tinha na infância parecia tão distante agora. Ela já não era mais a garotinha que corria despreocupada pela areia. Era uma mulher com segredos pesados demais para confessar, até mesmo para .
Soltou um suspiro longo, passando as mãos pela areia ao seu redor, sentindo os grãos finos escorrerem por entre seus dedos. Como seria bom se pudesse voltar no tempo, voltar a ser aquela menina que não carregava culpa, que não precisava fugir. Mas sabia que isso era impossível. O passado estava feito, e agora ela precisava lidar com as consequências.
Logo seus pensamentos foram interrompidos por um grupo um tanto quanto barulhento se reunindo ao seu lado: eles falavam em um idioma que ela não conhecia, mas pensou ser algo entre japonês ou chinês, já que todos eles tinham os olhos um tanto quanto puxados, mostrando um pouco de suas ancestralidades. Carregavam grandes embalagens térmicas, algumas bolsas de praia coloridas e toalhas enroladas nos braços. As garrafas térmicas tilintavam com o gelo dentro, e os pacotes de salgadinhos amassavam entre as mãos, denunciando um típico piquenique à beira-mar. Eles riam alto, empolgados, trocando frases rápidas e animadas enquanto se acomodavam na areia sem muita cerimônia, a poucos metros de .
Ela observou de canto de olho quando um deles, um rapaz alto e de cabelos escuros, puxou uma grande canga e a estendeu na areia, enquanto outro já começava a abrir um isopor cheio de bebidas. A conversa seguia animada, as vozes se misturando ao barulho das ondas e do vento. O grupo parecia não se importar em chamar a atenção, completamente imersos na energia contagiante que compartilhavam.
Observando-os um pouco mais, logo seus olhos se cruzaram com um deles. Ele era não muito alto, provavelmente da mesma altura que ela, seus cabelos loiros estavam marcados de gel e penteados para trás, deixando sua testa à mostra, ele colocou os óculos escuros dentro do bolso e observou o rosto dele: seus traços eram bem definidos, com maçãs do rosto levemente salientes e um maxilar marcado, que se contraía sutilmente enquanto ele sorria de canto para os amigos. Os olhos, mesmo sem os óculos escuros, ainda eram difíceis de decifrar àquela distância, mas notou que tinham um brilho curioso, como se analisassem tudo ao redor com atenção.
O nariz reto e proporcional dava equilíbrio ao rosto, enquanto os lábios, bem desenhados, tinham um leve tom rosado. A pele era lisa e bronzeada, como se o sol já tivesse beijado sua face algumas vezes desde que chegara ao Brasil. O que mais chamou sua atenção, no entanto, foi o ar despreocupado que ele transmitia, como se carregasse uma leveza natural. Vestia apenas uma bermuda leve e uma regata branca, que evidenciava os braços definidos, nada exagerados, mas esculpidos o suficiente para mostrar que ele cuidava do corpo.
Quando percebeu que o encarava, Mark ergueu levemente uma sobrancelha, umedecendo os lábios antes de desviar o olhar e rir de algo que um de seus amigos disse. Mas, por um breve momento, ela teve a impressão de que ele também havia notado sua presença.

⛱️⛱️⛱️


Mark ficou em pé, observando o mar enquanto deixava sua mente se desligar dos problemas que ele vinha enfrentando, e logo Doyoung apoiou uma das mãos em seus ombros, o abraçando de lado, também observando o mar.

— Até o mar daqui parece diferente quando comparado com os outros, você não acha? — Doyoung direcionou o olhar para Mark.
— Tem razão… parece que ele é mais cristalino, é como um reflexo do céu.
— Vai entrar? — Doyoung sorriu e Mark encarou ele de volta, sorrindo também.
— Pretendo, mas não vou ser o primeiro. Aposto que será o Yuta…
— Acho que será o Jhonny. Se eu estiver certo, você entra logo em seguida e me deixa gravar!
— Para que você quer um vídeo meu no mar? — Mark gargalhou genuinamente desde que haviam decidido aquela viagem, e Doyoung alargou o sorriso, vitorioso.
— Preciso de conteúdo para o seu aniversário! — ele piscou divertido.

Mark balançou a cabeça, ponderando.

— E se eu estiver certo? O que eu ganho?
— Um vídeo meu entrando no mar, ora essa! Vamos jogar de igual para igual, Mark Lee.

Os dois riram e então Mark estendeu a mão.

— Aceito! — Doyoung e ele apertaram as mãos, selando a aposta.

Mark virou-se de frente para os amigos e gritou:

— Yuta, tá na hora de um banho de mar!

O grupo encarou os dois amigos, surpresos com a frase repentina de Mark e Doyoung cruzou os braços abaixo do peito, ofendido:

— Ei! Temos que jogar limpo, você não pode fazer isso.

Os amigos riram percebendo o que estava acontecendo, e acabou deixando um sorriso escapar mesmo sem entender o que eles falavam.
Os olhos de Mark pousaram sobre por puro acaso, mas, no instante em que a viu, ele não conseguiu desviar tão rápido quanto deveria.
Sentada sobre a canga marrom que contrastava com o tom dourado da areia, ela parecia perfeitamente encaixada na paisagem, como se fizesse parte do cenário. Seus cabelos loiros, soltos e levemente bagunçados pelo vento, dançavam suavemente, algumas mechas insistindo em roçar sua pele. O sol iluminava seu rosto, destacando os contornos delicados e a expressão tranquila, mas seus olhos – mesmo à distância – carregavam algo que Mark não soube decifrar de imediato.
A pele dela tinha um brilho dourado sob a luz natural, e a saída de praia esvoaçante deixava entrever partes do biquíni escuro que moldava seu corpo. Havia algo nela que o fez prender a respiração por um breve instante, talvez fosse a postura relaxada, ou o modo como seu olhar se perdia no mar, como se estivesse tão distante dali quanto ele próprio tentava estar.
Quando percebeu o olhar dele sobre si, seus olhos se encontraram, e Mark, ao invés de desviar como seria o mais lógico, sustentou o contato por um momento a mais do que o necessário.
Então, com um pequeno sorriso ainda brincando nos lábios, ele piscou devagar, num gesto quase imperceptível, antes de se virar de volta para Doyoung e o restante do grupo.
Mark observou Jungwoo chamando-o para se sentar ao lado dele no grande tecido que eles também haviam jogado sobre a areia e assim o fez, empurrando o amigo com o ombro levemente, enquanto sorria, ainda encarando o mar.
Jungwoo ergueu uma latinha de cerveja na direção do amigo que aceitou a mesma e eles brindaram. Logo os olhos dele se voltaram outra vez para , sentada ali bem perto dele.
Ela agora admirava o horizonte enquanto tinha nas mãos a embalagem de um protetor solar. Mark se pôs a pensar no que ela estaria fazendo ali sozinha… Ela parecia completamente imersa na própria bolha, deslizando os dedos sobre a embalagem do protetor solar enquanto encarava o horizonte com uma expressão distante.
Ele se perguntou se ela morava ali ou se era apenas mais uma turista aproveitando o feriado, como eles. Seu jeito tranquilo, sem a pressa ou a animação exagerada de quem estava conhecendo um novo lugar, sugeria que talvez fosse uma local. Ou não... Talvez ela já tivesse vindo tantas vezes que se sentia em casa.
Mark notou que ela não carregava adereços chamativos, nem parecia interessada no agito do Carnaval. Isso o fez pensar se ela gostava daquele clima ou se, assim como ele, só queria um pouco de paz, longe do barulho e da multidão.
Ele desviou o olhar por um momento, mas, sem perceber, voltou a encará-la logo em seguida. Talvez fosse apenas curiosidade, talvez fosse o modo como ela parecia absorver o ambiente sem precisar de mais ninguém ao redor.
Ele apoiou os braços sobre os joelhos e tomou mais um gole da cerveja, sentindo a brisa morna bagunçar seus cabelos. Ainda sem perceber, ele soltou um pequeno sorriso, como se sua mente tivesse acabado de decidir que, mais cedo ou mais tarde, ele descobriria o que estava fazendo ali sozinha.

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suspirou pesadamente antes de se levantar da areia e num movimento rápido, se livrou da saída de praia, deixando que a mesma caísse ao lado de seu corpo sobre o tecido da canga e então com gestos lentos e precisos, despejou uma quantidade generosa do creme branco na palma da mão, esfregando-o entre os dedos antes de começar a espalhá-lo pelos ombros nus. Suas mãos deslizaram pela pele dourada pelo sol, subindo pelo colo e descendo pelos braços em movimentos cuidadosos.
Quando começou a aplicar o protetor nas pernas, inclinando-se para alcançar as coxas, os olhares ao redor pareceram gravitar para ela, como se a naturalidade de seus gestos exercesse um magnetismo próprio. Mark, que até então estava distraído, parou de fingir que prestava atenção na conversa ao lado e desviou os olhos para a cena à sua frente. Ele engoliu em seco, acompanhando o deslizar das mãos dela com um interesse que tentava disfarçar, mas que se tornava evidente pelo brilho sutil em seu olhar.
, alheia ou talvez perfeitamente consciente do efeito que causava, inclinou a cabeça levemente ao levantar uma perna, apoiando o pé na canga para alcançar melhor a parte de trás da coxa. O sol realçava os contornos do seu corpo, e a forma como ela distribuía o creme com paciência e dedicação parecia transformar um gesto banal em algo quase hipnótico.
O calor do dia já era intenso, mas para Mark, a temperatura parecia ter subido alguns graus a mais…

— Porque não se oferece para passar nas costas dela? — Jungwoo cutucou Mark e então gargalhou alto — Você tá babando aí!

Mark sentiu as bochechas esquentarem instantaneamente com os comentários de Jungwoo e então deu outro empurrão nele.

— Sem gracinhas! Eu hein… eu nem estava prestando atenção.
— Aham! — Jungwoon voltou a rir — Ela é muito bonita mesmo.

Os olhos de Mark seguiram automaticamente os passos dela. se levantou devagar, sacudindo levemente a areia que grudara em suas pernas antes de ajustar a alça fina do biquini sobre o ombro.
Ela deu alguns passos pela areia fofa, os pés afundando a cada movimento antes de alcançar a parte mais compacta, onde a maré já havia passado. O som das ondas preenchia o ambiente, misturando-se ao riso de alguns turistas que se divertiam mais adiante.
caminhava sem pressa, como se aquele fosse um ritual já conhecido. Quando chegou à beira da água, hesitou por um segundo, permitindo que a espuma branca lambesse seus pés. Mark percebeu o instante em que ela fechou os olhos, inclinando levemente o rosto para o céu, como se estivesse absorvendo o calor do sol e a brisa salgada ao mesmo tempo.
Ele se pegou prendendo a respiração por um momento. Havia algo quase hipnotizante nela, na forma tranquila como se movia, como se fosse uma extensão do próprio mar que se estendia à sua frente.

— Cara… Você realmente tá babando. — Jungwoo zombou outra vez, quebrando o encanto.

Mark revirou os olhos, soltando um riso discreto antes de desviar o olhar.

— Cala a boca. — Murmurou, mas o sorriso que brincava em seus lábios denunciava que, por mais que tentasse, já havia capturado sua atenção.

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deixou que as ondas tocassem primeiro seus pés e depois foi caminhando mar adentro, aos poucos. A água estava morna, um contraste agradável com o calor do sol escaldante sobre sua pele. sentiu a espuma macia envolvendo seus tornozelos antes de continuar avançando, sentindo a leve resistência das ondas contra seu corpo.
Cada passo era como um reencontro com algo que sempre fez parte dela. O cheiro salgado do mar, o balanço ritmado das marés, a forma como a água envolvia sua pele como um abraço familiar. Ela fechou os olhos por um instante, permitindo-se apenas sentir.
Quando a água já alcançava sua cintura, inclinou o corpo para trás e mergulhou, deixando-se ser envolvida completamente pelo oceano. O mundo ao seu redor ficou silencioso por alguns segundos, abafado pela imensidão azul. Ela abriu os olhos debaixo d’água e observou os raios de sol filtrando-se através da superfície, criando feixes dourados que pareciam dançar no fundo do mar.
Ao emergir, jogou os cabelos para trás, respirando fundo e sentindo a refrescância da água escorrendo por sua pele. Ela passou as mãos pelo rosto, afastando algumas gotículas que insistiam em escorrer sobre seus olhos, e então olhou ao redor.
Foi nesse momento que seus olhos se encontraram com os de Mark outra vez. Ele ainda estava sentado na areia, a latinha de cerveja esquecida na mão, enquanto a observava com um olhar atento.
sentiu um leve arrepio percorrer sua espinha, mas não desviou o olhar. Pelo contrário, sustentou o contato visual por um segundo a mais do que deveria, um pequeno sorriso brincando em seus lábios antes de virar-se para o horizonte e deixar-se levar pelas ondas outra vez.

Ela estava flertando com um estranho? Era isso mesmo que estava acontecendo?

Há quanto tempo não permitia a si mesma esse tipo de coisa? O simples ato de trocar olhares, de sentir o coração dar aquele pequeno salto inesperado, de brincar com a tensão sutil de um momento que poderia ou não significar algo.

Fazia tempo. Tempo demais.

sempre fora do tipo que se jogava de cabeça quando sentia algo, mas a última vez que fez isso... bem, não terminou da melhor forma. O gosto amargo da decepção ainda era uma lembrança viva, e com o tempo, ela simplesmente parou de tentar. Parou de dar abertura para qualquer coisa que parecesse passageira. Relacionamentos sérios? Fora de cogitação. Flertes casuais? Nem lembrava quando havia sido o último…
Talvez tivesse sido uma escolha inconsciente, uma forma de se proteger da imprevisibilidade dos sentimentos. Ou talvez apenas tivesse se convencido de que não precisava disso, que estava bem sozinha, que seu mundo já era suficientemente completo sem os altos e baixos de uma conexão romântica.
Mas agora, ali, diante do mar, sob o sol dourado do fim da manhã, sentia algo diferente. Algo quase infantil. Como se aquele breve olhar trocado com um desconhecido fosse o suficiente para lembrá-la de que ainda existia uma parte dela que gostava disso. Da emoção, da novidade, da possibilidade.
E talvez, só talvez, ela não quisesse mais ignorar essa parte.

⛱️⛱️⛱️


Jhonny logo já estava se livrando da camiseta branca que usava e ajustando a bermuda nos quadris, fazendo Mark trocar um olhar com Doyoung, que claro, sorriu vitorioso.

— Eu disse! Yes! — ele bradou vitorioso, erguendo os braços para cima e os balançando — Já pode ir tirando a roupa aí para entrar com ele. Aproveita que a garota bonita ainda tá no mar, porque todo mundo viu você babando por ela.

Mark revirou os olhos e bufou, mas não conseguiu evitar o riso ao ver Doyoung comemorando como se tivesse acabado de ganhar na loteria.

— Tá exagerando, cara… — ele resmungou, fingindo desinteresse enquanto dava mais um gole na cerveja.
— Exagerando? — Jungwoo entrou na conversa, rindo. — Se sua cara de idiota olhando pra ela fosse um pouco mais óbvia, você já estaria na areia desenhando corações.

Mark franziu a testa e jogou um punhado de areia na direção dos dois amigos, que se desviaram entre risadas.

— Vocês são muito infantis, sabia? — Ele resmungou, mas a verdade era que seu olhar já estava voltando para o mar, onde ainda se banhava.

A água reluzia ao redor dela, os movimentos do corpo desenhando silhuetas sutis conforme as ondas a envolviam. Mark percebeu que ela passou as mãos molhadas pelo rosto, afastando os fios escuros que grudavam na pele. Havia algo naquilo que ele não conseguia ignorar.
Droga. Talvez Doyoung e Jungwoo estivessem certos.
Mas antes que pudesse se perder mais nesses pensamentos, Doyoung deu um tapa leve nas suas costas.

— Bora, Mark! Você perdeu a aposta, então se joga no mar.

Mark soltou um longo suspiro antes de finalmente se levantar.

— Tá bom, tá bom… Mas eu vou entrar porque eu quero, não por causa da aposta.
— Aham. — Jungwoo piscou para ele, segurando o riso. — E também não é por causa da garota bonita, né?

Mark apenas mostrou o dedo do meio para os amigos antes de puxar a camisa pela cabeça e ir em direção ao mar, ignorando as risadas atrás de si.
Enquanto caminhava pela areia, Mark não conseguia tirar os olhos de . Ela agora se concentrava apenas nas ondas, desviando habilmente das mais fortes, deixando-se levar pelas mais suaves. Seu corpo se movia com naturalidade, como se pertencesse ao mar, e por um instante, ele se perguntou se ela estava acostumada com aquele cenário ou se, assim como ele, era apenas uma visitante encantada pela imensidão azul.
Quando a água gelada tocou seus pés, Mark fez uma careta instintivamente, mas logo ouviu a voz de Doyoung atrás de si:

— Vira para cá! Não quero filmar só as suas costas, sei que você tem mais para mostrar, e as Nctzens também, não esconda o ouro delas Mark.
— Fala baixo, Doyoung! — Mark falou entre os dentes enquanto via se aproximar, já pronta para provavelmente sair do mar.

A risada coletiva que explodiu atrás dele, fez com que Mark se virasse e encarasse todos os amigos o observando com sorrisos divertidos no rosto, e logo as palavras de incentivo começaram:

— Vai lá, Mark! Não perde essa chance! — Jungwoo gritou, balançando os braços animado.
— Se você não for, eu vou! — Haechan provocou, jogando água em Johnny, que já estava no mar rindo da situação.
— Deixa o cara respirar, ele tá todo vermelho já! — Yuta debochou, cruzando os braços e dando um sorriso de canto.
— Mas é agora ou nunca! — Jaehyun acrescentou, lançando um olhar sugestivo para Mark.
— Eu confio em você, Mark Lee! — Doyoung incentivou, ainda segurando o celular e gravando tudo.

Mark revirou os olhos e tentou ignorar a pressão dos amigos, mas quando olhou para frente novamente, viu emergindo do mar, a pele brilhando sob o sol, as gotas d’água escorrendo preguiçosamente por seu corpo. Ela sacudiu os cabelos levemente, afastando algumas mechas do rosto, e então ergueu o olhar, encontrando o dele.

Droga. Não tinha mais saída.

Mark respirou fundo, e sem dar mais ouvidos aos amigos, caminhou mar adentro. A água fria lhe causou um leve arrepio, ela vinha na direção oposta, com passos lentos e despreocupados, os cabelos molhados grudando em sua pele bronzeada.
Quando estavam a poucos passos um do outro, uma onda mais forte se formou atrás dela, avançando rápido. nem teve tempo de reagir. A força da água atingiu suas costas, fazendo-a perder o equilíbrio, um pequeno grito escapando de seus lábios.
Antes que pudesse cair, mãos firmes seguraram sua cintura. Mark a amparou no instante certo, puxando-a levemente contra si para evitar que fosse derrubada pelo mar.
Os olhos dela se arregalaram por um segundo ao perceber quem a segurava. As mãos foram parar no peito dele, sentindo a pele quente em contraste com a água gelada. O toque foi o suficiente para fazer Mark engolir em seco.

— Você está bem? — ele perguntou, a voz um pouco mais rouca do que pretendia.

piscou algumas vezes, sentindo o coração disparado.

— Sim… só fui pega de surpresa.

Nenhum dos dois se afastou imediatamente. O som das ondas parecia ter ficado distante, e por um momento, tudo o que existia era a proximidade entre os dois, o toque inesperado, o olhar intenso que compartilhavam.
Até que uma nova onda veio, dessa vez mais suave, mas o suficiente para despertá-los do transe. riu, um riso leve e espontâneo.

— Acho que o mar não quer que eu vá embora tão cedo.

Mark sorriu de canto, ainda sem soltá-la completamente.

— Parece que não.
— Eu sou , prazer. E obrigada, é claro, se não fosse você eu teria passado a maior vergonha.
— Mark! Prazer, — ele testou o nome dela nos lábios, como se quisesse saborear cada letra — Imagina, mas me deve um drink. Que tal?

riu outra vez, jogando a cabeça levemente para trás, e Mark sentiu algo estranho e viciante naquela risada. Era leve, genuína, quase contagiante. Sem perceber, seus dedos apertaram suavemente a cintura dela, como se quisesse gravar aquele momento na pele.
Ela sentiu o toque sutil e baixou o olhar para ele, um sorriso ainda presente nos lábios.

— Um drink? — repetiu, arqueando uma sobrancelha de forma divertida. — Quer dizer que salvar alguém de um tombo vale uma rodada de bebida?

Mark deu de ombros, mantendo o olhar preso ao dela.

— Não faço nada de graça.

mordeu o lábio, fingindo ponderar, mas o brilho travesso em seus olhos denunciava que ela já tinha uma resposta.

— Tudo bem, Mark. Um drink por salvar minha dignidade.

Ele sorriu satisfeito, sentindo-se estranhamente animado com a promessa.

— Ótimo. Mas nada de tentar fugir, hein?

Ela balançou a cabeça, rindo de novo.

— Acho que já está claro que não sou muito boa em fugas, né?

Mark acompanhou a risada dela, ainda sem soltá-la completamente. O mar os envolvia, mas naquele instante, parecia que nada ao redor realmente importava.

⛱️⛱️⛱️





Mark soltou lentamente, sentindo a água se mover ao redor deles. O toque se desfez, mas a sensação da pele dela sob seus dedos ainda permanecia.
Ela ajeitou os cabelos molhados para trás e sorriu de leve.

— Bom… acho que agora você pode aproveitar seu banho de mar sem precisar salvar ninguém — brincou, dando um passo para trás, deixando que a água cobrisse um pouco mais seu corpo.

Mark riu baixo, balançando a cabeça.

— Vou tentar, mas se precisar de resgate de novo, já sabe a quem chamar.

ergueu as mãos, rendida.

— Prometo não me afogar. Mas estarei ali na areia, te esperando…

O jeito como ela disse aquilo fez algo no peito de Mark se agitar de um jeito diferente. Ela não precisava esperar por ele, mas escolheu dizer aquilo. E ele gostou da ideia.

— Certo — respondeu, tentando soar casual, mas o sorriso que ainda permanecia em seus lábios entregava que ele estava gostando daquele jogo.

lançou um último olhar antes de virar-se e caminhar de volta para a areia. Mark ficou parado por alguns segundos, observando-a sair da água com naturalidade, o sol refletindo no corpo ainda úmido.
Ele respirou fundo antes de mergulhar de uma vez, tentando acalmar a onda de pensamentos que havia despertado nele.
sentiu a areia úmida sob seus pés quando finalmente saiu da água, apertando os braços ao redor do próprio corpo para conter um arrepio causado pela brisa leve.
Ela ergueu o olhar e notou o grupo de amigos de Mark observando-a, alguns com sorrisos calorosos e outros com expressões divertidas. Jhonny, que ainda estava no mar, acenou para ela com uma piscadela brincalhona. Yuta, sentado na areia com uma latinha de cerveja na mão, deu um meio sorriso de canto, enquanto Jungwoo e Haechan trocavam olhares cúmplices entre si.
Jaehyun foi o primeiro a abrir um sorriso mais largo e dizer algo em um tom amigável, embora ela não compreendesse exatamente as palavras. Pelo tom e pela expressão acolhedora, parecia uma brincadeira leve, e ela achou fofo o sotaque dele.
se abaixou o suficiente para pegar uma toalha branca felpuda de dentro da bolsa e quando o fez, começou a se enxugar preguiçosamente, ainda sentindo os olhares dos amigos de Mark sobre ela, sentiu o rosto esquentar, mas não de vergonha — e sim pelo clima agradável que o grupo emanava. Ela retribuiu o sorriso, acenando de leve para eles antes de estender a toalha sobre sua canga.
Sentou-se, sentindo os grãos mornos grudarem um pouco em sua pele úmida, e olhou mais uma vez para o mar. Mark ainda estava dentro d’água, mas agora com o olhar preso nela.
Ela desviou o olhar com um pequeno sorriso, sentindo o coração bater um pouco mais forte.

⛱️⛱️⛱️


Sentada sobre a canga, passou as mãos pelos braços, afastando as gotículas de água que ainda restavam, enquanto seu olhar era naturalmente atraído de volta ao mar.
Ela viu quando Jaehyun e Yuta correram para dentro da água, se juntando a Mark com entusiasmo. Jhonny já estava lá e, sem aviso, jogou um jato d’água em Mark, que protestou rindo antes de revidar, criando uma pequena guerra de respingos.
Jungwoo e Haechan chegaram logo depois, com Haechan pulando nas costas de Mark, que quase perdeu o equilíbrio, mas se segurou, gargalhando. Jungwoo aproveitou a distração para empurrar Jaehyun de leve, fazendo-o cambalear antes de se recuperar e rir.
A energia entre eles era leve, descontraída, cheia de brincadeiras e risadas que ecoavam até onde estava. Ela se pegou sorrindo enquanto observava, sentindo-se parte daquele momento de alguma forma, como se tivesse sido bem-vinda sem nem precisar de um convite formal.
Mark parecia completamente à vontade, molhando o rosto e passando as mãos pelos cabelos antes de lançar um olhar rápido para a areia. Quando seus olhos encontraram os dela, notou a forma como seu sorriso suavizou por um instante, antes dele desviar, voltando à brincadeira com os amigos.
Ela suspirou, deixando o calor do sol secar sua pele, mas sabendo que o arrepio em seus braços não tinha nada a ver com a brisa do mar.
Os meninos continuavam brincando no mar, jogando água uns nos outros e tentando se empurrar contra as ondas. Jhonny foi o primeiro a falar, passando as mãos pelos cabelos molhados e rindo.

— Mark, por que você ainda está aqui com a gente? — Ele arqueou uma sobrancelha. — Tem uma garota bonita te esperando ali na areia.

Mark revirou os olhos, tentando ignorar o olhar malicioso dos amigos.

— Eu acabei de entrar na água, me deixem em paz.

Haechan, sempre provocador, nadou até ele e apoiou os braços em seus ombros.

— Mas você nem precisava ter entrado, né? Só veio porque perdeu a aposta. Ou será que a aposta foi só uma desculpa pra impressionar a garota?

Mark empurrou Haechan para longe, fazendo o mais novo se afundar na água por um segundo antes de voltar à superfície tossindo.

— Vocês são insuportáveis, sério.

Jaehyun riu, cruzando os braços enquanto encarava Mark.

— Mas ela realmente está esperando você ali. Acho que você passou uma boa primeira impressão.
— Ah, que fofo, nosso Mark Lee virando um galanteador! — Yuta zombou, jogando água na direção dele.

Mark bufou, mas não conseguiu evitar um sorriso ao lembrar da forma como riu ao lado dele.
Doyoung, que apenas observava até então, sorriu de canto.

— Não me diga que está interessado nela…

Mark balançou a cabeça, mas não respondeu de imediato. Os amigos perceberam e começaram a gritar em coro:

— Oooohhhhhh! Ele está sim!

Mark passou as mãos pelo rosto, exasperado, e se afastou nadando.

— Eu não vou dar esse gostinho pra vocês.

Mas, no fundo, ele sabia que talvez já fosse tarde demais.
Mark nadou um pouco mais antes de finalmente decidir sair da água. Ele sentia os olhares dos amigos ainda sobre ele, principalmente de Doyoung e Haechan, que pareciam se divertir com a situação.
Respirando fundo, ele começou a caminhar de volta para a areia, espremendo levemente a barra da bermuda molhada contra o corpo para tirar o excesso de água. Seus olhos, por instinto, procuraram .
Ela ainda estava ali, sentada na areia com as pernas dobradas e os braços apoiados nos joelhos. Mas assim que notou Mark vindo em sua direção, desviou rapidamente o olhar, fingindo estar interessada nas ondas quebrando na beira da praia.
Mark sorriu de lado, achando graça na tentativa dela de parecer desinteressada. No entanto, ele próprio não estava muito melhor.
Ele tentou focar nos grãos de areia grudando em seus pés molhados, no barulho das risadas dos amigos que ainda brincavam no mar, até mesmo no céu, onde algumas poucas nuvens começavam a se formar. Mas a verdade era que seus olhos insistiam em voltar para ela, como se tivessem vontade própria.
, por sua vez, arriscou um olhar rápido quando percebeu que ele estava mais perto. Mas, no instante em que os olhares se encontraram, ela desviou de novo, mordendo o lábio e fingindo mexer no cabelo molhado.
Era quase um jogo silencioso entre os dois. Um tentando não encarar o outro por muito tempo, mas falhando miseravelmente.
Mark já estava quase ao lado dela quando, sem querer, chutou um pouco de areia para frente. olhou para baixo por reflexo e riu baixinho ao ver o movimento desajeitado dele.

— Eu juro que não foi proposital. — Ele disse, parando ao lado dela.

Ela ergueu o olhar, desta vez sem desviar.

— Sei... — respondeu, arqueando uma sobrancelha.

Mark soltou um riso abafado, passando a mão pela nuca.

— Talvez eu tenha ficado um pouco nervoso, esperando pelo drink que você me deve, daí acabei tropeçando. — Mark deu de ombros, arrancando outra risada dela.
— Já provou caipirinha? É uma bebida típica aqui do Brasil.

Mark arqueou uma sobrancelha, interessado.

Caipirinha? Já ouvi falar, mas nunca provei. É boa?

sorriu e bateu levemente a mão na areia ao lado dela, convidando-o a se sentar.

— Depende... — ela disse, observando enquanto ele aceitava o convite e se acomodava ao lado dela. — Se for bem feita, é deliciosa. Mas se errar a mão na cachaça, pode acabar forte demais.

Mark riu, apoiando os braços sobre os joelhos.

— Então quer dizer que vou confiar em você para escolher uma boa?
— Exatamente. — inclinou levemente a cabeça, divertida. — E já que você nunca tomou, acho que mereço um bônus pelo privilégio de te apresentar à melhor bebida brasileira.
— Ah, é? E o que você quer em troca?

Ela fingiu pensar por um instante, encarando o horizonte.

— Ainda não sei... Mas vou guardar esse crédito para mais tarde.

Mark sorriu de lado, achando graça na confiança dela.

— Fechado. Vou ficar te devendo uma.

O silêncio que se seguiu não foi desconfortável. Pelo contrário. Eles apenas observaram a paisagem por alguns segundos, sentindo a brisa salgada e ouvindo as risadas dos amigos ao fundo.

— Você é daqui? — Mark perguntou, finalmente quebrando o silêncio.

negou com a cabeça.

— Não exatamente... Meus pais tem uma casa aqui. E vocês?
— Estamos viajando de férias. Decidimos conhecer o Brasil e aproveitar a praia. — Ele sorriu. — Acho que fizemos uma boa escolha.

o olhou de canto de olho e sorriu também.

— Acho que sim...

E assim, a conversa fluiu. Eles começaram a trocar histórias, falando sobre lugares, experiências e pequenas curiosidades, enquanto o sol ia esfriando lentamente no horizonte.

⛱️⛱️⛱️


passou as mãos pela areia para limpar os grãos que grudaram em sua pele e então se levantou, esticando os braços para espreguiçar-se levemente. Abaixou-se pegando a bolsa e retirou de lá o celular e um cartão.

— Espera aqui — ela disse, ajeitando a alça do biquíni no ombro. — Vou buscar sua caipirinha.

Mark ergueu o olhar para ela, sorrindo.

— Já? Achei que ia me enrolar um pouco mais antes de pagar a dívida.

Ela riu, inclinando-se ligeiramente para ele.

— Se eu enrolar, você pode mudar de ideia. Melhor garantir logo.

Mark riu também, balançando a cabeça.

— Justo. Vou ficar aqui esperando. Não demore, senão vou achar que fugiu com meu crédito.

lançou-lhe um olhar brincalhão antes de se virar e caminhar pela areia em direção ao quiosque mais próximo. Mark a observou ir, percebendo como ela parecia completamente à vontade ali, os cabelos ainda úmidos caindo sobre as costas enquanto a brisa bagunçava algumas mechas.
Ele soltou um suspiro baixo, desviando o olhar rapidamente para o mar, tentando disfarçar o sorriso que insistia em surgir em seus lábios.
caminhou tranquilamente pela areia até alcançar um dos quiosques mais próximos. O aroma cítrico das frutas misturava-se com o cheiro de água salgada e protetor solar, criando uma atmosfera tipicamente praiana.
Ela se aproximou do balcão de madeira, apoiando-se com um dos braços enquanto observava o menu simples pendurado acima da cabeça do atendente.

— Oi! Pode me ver uma caipirinha de limão, por favor? — pediu com um sorriso educado.

O atendente, um homem de meia-idade com pele bronzeada e um avental já manchado de bebidas preparadas ao longo do dia, assentiu e começou a cortar os limões com destreza.
Enquanto esperava, ergueu o celular em direção ao seu próprio rosto, apenas para checar as horas. No entanto, antes que pudesse realmente se concentrar na tela, um calafrio percorreu sua espinha.
Ela franziu ligeiramente as sobrancelhas. Uma estranha sensação de estar sendo observada tomou conta de si, como se um olhar fixo queimasse contra sua pele.
Disfarçadamente, ergueu os olhos e os desviou ao redor. Havia algumas pessoas espalhadas pelo quiosque—turistas conversando animadamente, um casal dividindo um coco gelado, e um pequeno grupo de rapazes encostados mais ao canto, rindo de algo entre si.
Nada parecia fora do comum. Ainda assim, a sensação persistia.
Ela respirou fundo, voltando a atenção para a bebida que o atendente começava a preparar, mas agora sentia seus sentidos em alerta, como se estivesse esperando por algo.
Depois de alguns minutos lá estava ela voltando com a caipirinha em mãos, os ombros ainda estavam tensos, assim como seu caminhar. Era como se ela ainda sentisse que estava sendo vigiada, e aquela sensação fazia com que seu coração saltasse dentro do peito descompassado, tal qual uma escola de samba.
Avistou Mark conversando com alguns amigos que já haviam saído do mar e estavam sentados ao redor dele. Algo dentro dela pareceu se acalmar quando os olhares se cruzaram e ele sorriu para ela, mas não sem notar que ela parecia um pouco mais pálida agora.

— Seja educado e divida com seus amigos. Ah, e de nada! — ela deu de ombros tentando soar engraçada, mas Mark reparou que o semblante dela estava diferente.

Mark pegou a caipirinha das mãos dela com um sorriso largo, sentindo o calor da bebida em suas palmas.

— Muito obrigado, ! — ele disse com um sorriso cúmplice, dando um gole na bebida e soltando um "Ahh" satisfeito. — Isso sim é vida! Vou até dividir com o pessoal, porque, né, sou generoso... mas só um golinho, hein! Não se preocupe, vou manter o resto pra mim.

Ele riu baixo, tentando aliviar a tensão visível nos ombros dela, mas logo reparou que algo parecia diferente nela. estava mais quieta, com um olhar distante que ele não havia notado antes.

— E aí, o que aconteceu? Você parecia super tranquila antes de ir ao quiosque, mas agora... — ele fez uma pausa, observando-a com atenção. — Tem alguma coisa me escapando ou o mar de fato te deixou meio tensa?

Ele ergueu uma sobrancelha, tentando descontrair a situação, mas com o olhar fixo nela, agora mais preocupado. Jhonny foi o primeiro a pegar o copo das mãos do amigo e se ajeitou outra vez ao lado dele, sentando-se.

— Não! — balançou a cabeça — O mar me deixa mais calma na verdade. Acho que minha pressão pode ter baixado, só isso! Preciso almoçar.

tentou sorrir, mas era visível que a tentativa não tinha sido convincente. Ela evitou o olhar de Mark por um momento, focando em ajustar sua canga na areia. Ele a observou atentamente, ainda com a sobrancelha erguida, mas tentou não pressionar mais, decidindo fingir que acreditava no que ela dissera.

— Ah, claro, pressão baixa, quem nunca, né? — Mark respondeu com um sorriso descontraído, dando de ombros, embora ainda estivesse um pouco cético.

Jhonny, que já estava saboreando a caipirinha, fez uma careta de prazer e comentou, quase como se fosse uma revelação para todos ali:

— Cara, essa bebida é boa demais! Eu definitivamente preciso de uma dessas.

Os outros meninos começaram a rir e se juntar à conversa, e um a um eles foram elogiando a bebida e dizendo que queriam tomar também.
Yuta, ainda com a água escorrendo pelo corpo, se aproximou e pegou o copo das mãos de Jhonny, que ia dar outro gole e entregou-o de volta para Mark, dizendo:

— Vamos lá, Mark, seja um cavaleiro, né? Ofereça para a nossa guia turística também, afinal é graças a ela que descobrimos essa delícia!

Mark olhou para os amigos, riu e então virou-se para , oferecendo-lhe o copo.

— O que acha, ? Um golinho de caipirinha, para aliviar essa pressão aí?

Ele sorriu, de forma mais suave, tentando quebrar o clima tenso que ela ainda parecia carregar, enquanto os amigos de Mark brincavam ao fundo.
Ela segurou o copo em uma das mãos e então deu um gole rápido da bebida sentindo o álcool descer queimando a garganta. Deu mais uma olhada na praia e devolveu o copo para Mark. A sensação ainda a atormentava, mesmo que ela não visse nada suspeito.
Era hora de ir embora. Não podia colocar Mark e seus amigos em perigo, caso essa sensação não fosse apenas uma paranoia da sua cabeça.

— Bom, Mark, foi um prazer conhecer você e seus amigos. Eu já vou indo, preciso almoçar antes que eu desmaie ou algo do tipo. A gente se vê por aí, bom Carnaval e boas férias. — Com isso ela se levantou, fazendo Mark levantar-se com ela, surpreso.

Ela recolheu a toalha, e se vestiu com sua saída de praia, recolhendo a toalha e a canga com pressa e jogando as mesmas de qualquer jeito dentro da bolsa, se esquecendo do chapéu.
Sem dar nenhuma chance para Mark ou para os amigos, ela lhes deu às costas, começando a caminhar, um tanto quanto sem rumo.
Mark ficou parado por um instante, observando se afastar. Ele tinha percebido a tensão nela, o jeito apressado e a forma como ela parecia estar tentando esconder algo. A reação dela o deixou confuso, e um impulso de se aproximar e perguntar o que estava acontecendo cresceu dentro dele. Mas antes que ele pudesse agir, ela já estava se afastando, sem dar espaço para mais palavras ou gestos de despedida.
Os amigos de Mark, percebendo a mudança no clima, começaram a rir entre si, descontraindo a situação. No entanto, Mark não podia deixar de se preocupar. O que teria causado aquela reação nela? Ele olhou para a caipirinha, depois para o local onde ela havia ido embora, sentindo um leve aperto no peito, algo que não podia simplesmente ignorar.

— Ei, Mark, vai atrás dela? — Doyoung perguntou, dando uma risadinha, mas vendo a seriedade no rosto de Mark.

Mark balançou a cabeça, ainda indeciso.

— Acho que ela só estava cansada ou algo assim... mas não pareceu bem, né? — Mark murmurou, dando um suspiro e começando a caminhar em direção à toalha que ele deixara espalhada na areia. Não podia negar que o comportamento de o tinha afetado.

Enquanto isso, os outros amigos continuaram com a conversa descontraída, mas Mark estava distante, tentando entender o que realmente estava acontecendo. Ele ainda podia sentir o gostinho da caipirinha em sua boca e a imagem de , apressada e sem olhar para trás, estava gravada em sua mente.
Será que eles se veriam de novo? Ele desejou que sim.

⛱️⛱️⛱️




Continua...



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Nota da autora: A querida Sial me viciou no NCT's e claro que eu tinha que fazer uma fanfic. Espero que tenham gostado do nosso casal e se quiser deixar um comentário fique à vontade.








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