Uncharted Feelings




Última atualização: 12/04/2025.
01





— Eu não sei Jaehyun! — apertou as bochechas dele entre as mãos, tentando não parecer impaciente — É a quarta vez que você me pergunta isso, e eu sigo sem saber a resposta.
— Mas como você não sabe ? Ela não é sua amiga?

Jaehyun achava que todas as garotas da faculdade eram amigas íntimas de , e isso a irritava na mesma proporção que ela achava engraçado. Aquela era realmente a quarta vez que ele perguntava se Dayeon tinha ou não tinha namorado. E só tinha a visto duas vezes durante todos esse ano letivo, que já estava para acabar.

— Ela é minha conhecida, é diferente, Jaehyun. Ela é amiga de uma amiga, de uma amiga. Entendeu?
— E isso não torna ela automaticamente sua amiga? Porque vocês mulheres complicam tanto as coisas? Meu Deus!
— Jaehyun, porque você descobre por conta própria? Eu estou cansada de ter que investigar a vida de todas as garotas que você se apaixona.
— Paixão é uma palavra muito forte, sabia?

Jaehyun encostou no travesseiro ao lado dela em sua cama e lhe olhou pelo canto dos olhos.

— E é o que então?

Jaehyun suspirou, olhando para o teto como se tentasse encontrar a resposta certa ali.

— Sei lá… Interesse momentâneo?

riu, revirando os olhos.

— Ah, ótimo. Você se apaixona por uma garota nova a cada três semanas, mas chama de "interesse momentâneo" só pra não parecer um galinha.
— Ei! — Ele se virou para ela, fingindo indignação. — Eu não sou um galinha, só... perco o interesse rápido.
— O que é praticamente a mesma coisa.
— Não é, não. — Ele apontou para ela, tentando defender seu ponto. — Eu realmente gosto das garotas quando começo a sair com elas, só que aí... sei lá, depois de um tempo, simplesmente não dá mais aquele clique, entende?

o encarou por alguns segundos antes de bufar.

— Você é viciado na fase da empolgação, só isso. Quando passa, você pula fora.

Jaehyun fez uma careta, pensativo.

— Talvez... — Ele coçou a nuca. — Mas e se, um dia, o clique continuar?

arqueou uma sobrancelha, cruzando os braços.

— Nesse dia, eu faço questão de guardar esse momento e esfregar na sua cara depois.
— Nossa, que amiga maravilhosa.
— Eu sei, sou incrível.

Os dois riram, e por um breve instante, Jaehyun pareceu realmente pensar naquilo. Mas logo soltou um longo suspiro e fechou os olhos.

— Mas voltando ao que importa... você tem certeza de que não sabe nada sobre o status de relacionamento da Dayeon?
— Ah, pelo amor de Deus, Jaehyun!

👾👾👾

— O que nós vamos comer hoje? Pensou em pedir alguma coisa, ou nós vamos cozinhar? — apareceu na cozinha e soltou uma gargalhada ao ver que tinha assustado Jaehyun.
— Você quer me matar? Só pode!
— Desculpa, não sabia que você estava tão concentrado… vai cozinhar né?

Jaehyun a chamou com o dedo e deu a volta no balcão, entrando na cozinha.

— Você corta os legumes enquanto eu faço a carne?
— Sim senhor! — ela bateu continência e Jaehyun bagunçou seus cabelos em protesto.

riu e afastou a mão dele, pegando o elástico que sempre carregava no pulso para prender os cabelos. Fez um rabo de cavalo baixo e ajeitou algumas mechas soltas, já se preparando para ajudar no jantar.
Era engraçado pensar como havia parado ali.
O apartamento era de Jaehyun, presente dos pais quando ele passou na faculdade — um luxo que nunca teria, mas que ele carregava com uma certa despreocupação. No início, viver sozinho parecia uma ótima ideia para ele, mas logo as despesas começaram a pesar. Mesmo trabalhando meio período, manter um apartamento sozinho enquanto estudava se tornou um desafio.
Foi então que ele resolveu alugar o segundo quarto.
apareceu como uma solução perfeita. Precisava desesperadamente de um lugar para morar depois que sua antiga colega de quarto decidiu largar a faculdade e voltar para a cidade natal. O aluguel era justo, a localização ótima, e, na época, Jaehyun não parecia uma péssima companhia.
E, bem… ele realmente não era.
Dividir o apartamento com ele acabou sendo melhor do que o esperado. Eles se davam bem, tinham um senso de humor parecido e, apesar de algumas manias irritantes — como Jaehyun nunca colocar a tampa na pasta de dente —, a convivência fluía sem grandes problemas.

— Ei, não fica viajando! — Jaehyun estalou os dedos na frente do rosto dela, arrancando-a dos pensamentos. — A cebola não vai se cortar sozinha.

bufou, pegando a faca.

— Tá, tá. Mas se eu chorar cortando isso aqui, você vai ter que me compensar de alguma forma.
— Eu deixo você pegar a última fatia da pizza na próxima vez.

Ela fingiu pesar a proposta antes de dar de ombros.

— Fechado.

E assim, entre brincadeiras e panelas esquentando no fogão, os dois seguiram com a noite, como sempre faziam.
picava os legumes com precisão enquanto Jaehyun temperava a carne, o cheiro de alho e especiarias já começando a tomar conta do ambiente.

— Você tem noção do quanto minha mãe ficaria orgulhosa de me ver cozinhando agora? — Jaehyun comentou, mexendo a carne na frigideira com uma colher de pau.
— Sua mãe não acha que você sobrevive à base de delivery? — zombou, empilhando os pedaços de cenoura recém-cortados em um pratinho.
— Exatamente. Se eu contar que estou fazendo janta, ela vai achar que foi você quem me obrigou.

riu e pegou um pedaço de pimentão, jogando em direção a ele. Jaehyun tentou desviar, mas o pedaço acertou seu ombro antes de cair no chão.

— Isso foi muito maduro da sua parte, .
— Eu sei. — Ela sorriu, satisfeita, e continuou cortando os ingredientes.

Jaehyun soltou um suspiro dramático e voltou a mexer a carne.

— Falando em comida, sabia que Dayeon gosta de comida apimentada?

parou por um momento, semicerrando os olhos.

— Jaehyun…
— O quê? Só estou dizendo. Vai que um dia eu preciso impressioná-la.
— Você nem sabe se ela está solteira! — exclamou, jogando um pedaço de cebola na frigideira para provocar um chiado alto.
— Detalhes.

Ela revirou os olhos, terminando de cortar os legumes e os colocando em uma tigela.

— Quer saber? Se um dia você realmente gostar de alguém de verdade, eu mesma vou te ensinar a cozinhar o prato favorito dela.

Jaehyun arqueou uma sobrancelha.

— Então quer dizer que não confia nas minhas habilidades culinárias?

cruzou os braços, fingindo um ar sério.

— Eu confio. Mas também sei que a sua ideia de cozinhar é jogar molho pronto no macarrão e chamar de gourmet.

Ele riu, pegando uma pitada de sal e jogando na panela.

— Você me conhece bem demais, . Isso é preocupante.
— Alguém tem que te manter vivo.

Eles trocaram um sorriso antes de voltarem a se concentrar na comida. A rotina dos dois sempre fora assim: piadas, provocações e uma cumplicidade que fazia parecer que nada poderia mudar entre eles.

👾👾👾

jogou a mochila no sofá ao lado de Jaehyun que mexia no telefone e foi para a cozinha pronta para preparar o café preto que ambos gostavam de tomar antes de irem para a faculdade. Aquela era outra coisa que já fazia parte da rotina deles desde que começou a morar com ele.

— Adivinha quem conseguiu o número da Dayeon? — Jaehyun ergueu as sobrancelhas na direção de .
— E você já descobriu se ela tá com alguém ou isso realmente não importa para você?

Jaehyun deu de ombros, um sorriso despreocupado surgindo em seu rosto.

— Ainda não, mas detalhes, . Detalhes.

bufou, pegando duas canecas no armário.

— Você realmente não aprende, né?

Ele se esticou no sofá, cruzando os braços atrás da cabeça.

— Eu aprendo, só que algumas coisas são mais emocionantes quando você não sabe todas as respostas de cara.

Ela revirou os olhos, despejando o café quente nas canecas.

— Isso é só um jeito bonito de dizer que você não se importa se ela tem namorado.
— Não é isso. — Jaehyun riu, pegando a caneca que ela lhe entregou. — Se ela estiver com alguém, eu recuo. Mas até lá, não vejo problema em tentar.

o observou por um momento antes de dar um gole no café.

— Você realmente não sabe gostar de alguém de verdade, né?

Jaehyun franziu a testa, surpreso com a seriedade dela.

— O que isso quer dizer?

Ela deu de ombros, desviando o olhar.

— Nada. Só uma observação.
— Você fala como se eu fosse um caso perdido.
— E não é?

Os dois riram, voltando à rotina matinal como se aquela conversa não tivesse plantado algo no fundo da mente de Jaehyun. Algo que ele ainda não entendia, mas que, cedo ou tarde, teria que enfrentar.

👾👾👾

Caminhando lado a lado para ir para a faculdade, Jaehyun deixou que ficasse do lado mais protegido da calçada, ele sempre fazia aquilo com ela, o que a fazia achá-lo um fofo. E então os dois se olharam enquanto caminhavam.

— Quantas aulas você tem de manhã? — Jaehyun perguntou enquanto ajeitava a alça da mochila nos ombros.
— Três, e você? — Sujin desviou o olhar e depois o repreendeu — Coloque as duas alças da mochila nas costas, Jaehyun! Quantas vezes vou te falar que você vai ficar torto antes dos trinta anos?

Jaehyun obedeceu a amiga no mesmo instante colocando a outra alça da grande mochila no outro ombro e bateu uma continência para ela, fazendo gracinha com o tom autoritário que a mesma havia demonstrado, o que fez com que ela lhe acertasse um tapa de leve no peito.

Au! — ele levou a mão ao local que o tapa lhe atingira — Você está malhando e eu não sei? Tenho duas aulas agora pela manhã, depois vou direto para o trabalho. Vamos nos ver só na hora da festa.

assentiu, enquanto segurava as pontas da alça da mochila.

— Certo. Só não se atrase.

Jaehyun riu, enfiando as mãos nos bolsos do casaco enquanto continuavam caminhando.

— Você fala como se eu fosse o irresponsável aqui.
— E não é?
— Justo. — Ele sorriu de lado.

O restante do caminho foi tranquilo, com conversas sobre professores chatos, provas que estavam por vir e pequenas provocações sobre a festa da noite. Jaehyun insistia que bebia pouco demais, e ela retrucava dizendo que ele bebia o suficiente pelos dois.
Quando finalmente chegaram à faculdade, o fluxo de alunos aumentou ao redor deles, e ambos diminuíram o passo.

— Então nos vemos mais tarde? — Jaehyun perguntou, parando em frente ao prédio onde teria a primeira aula.
— Sim. Mas por favor, não me faça te procurar pela festa inteira se você desaparecer.
— Eu sou um cara fácil de achar, . Só seguir o som da minha risada e pronto.

Ela revirou os olhos com um sorriso antes de erguer a mão para um toque rápido contra a dele.

— Até mais, Jaehyun.
— Até mais. Tenta não sentir minha falta.

balançou a cabeça e se afastou, enquanto Jaehyun seguiu para o próprio prédio, já preparada para enfrentar as aulas.



— Você tomou banho de perfume Jaehyun. Pelo amor de Deus! — Sujin passou pelo corredor abanando a mão pelo nariz para afastar o cheiro doce que saia do quarto de Jaehyun.
— Eu preciso estar cheiroso ! — ele gritou de dentro do quarto — Você sabe que a Dayeon vai estar lá e eu preciso impressionar.
— Mas de uma maneira positiva, né? Seu cheiro vai chegar primeiro que você. Já descobriu sobre o namorado? — sacudiu a embalagem do delineador e falou de dentro do banheiro.
— Vou descobrir na festa.Nós conversamos bastante de ontem para hoje, acho que se ela tivesse namorado, teria me cortado. — Jaehyun caminhou até a porta do banheiro — Eu já estou pronto, mas preciso da sua aprovação. Vai demorar aí?

levou o aplicador até um dos olhos e antes de passar o líquido preto pelo olho ela balançou a cabeça que não.

— Pode me esperar que só falta o delineado e o batom. Prefiro passar esses dois aqui no banheiro porque a luz aqui é mais clara.

Jaehyun se encostou na porta do banheiro, os braços cruzados, observando enquanto se concentrava no delineado. A luz do banheiro realmente destacava cada detalhe do rosto dela, e ele não pôde deixar de reparar na precisão com que ela desenhava as linhas finas nos olhos.
Ela tinha uma habilidade impressionante, como se o gesto fosse natural para ela, e Jaehyun sentiu uma onda de admiração sem saber muito bem de onde vinha. A forma como ela aplicava o delineador com tanta confiança e cuidado fazia com que ele esquecesse por um momento o motivo de estar tão nervoso para a noite.
O jeito que ela fechava ligeiramente os olhos enquanto passava o produto, como se estivesse em seu próprio mundo, deixava Jaehyun fascinado. Ele nunca havia reparado tanto nela dessa maneira, não com esse olhar…
Ela, completamente absorvida no que estava fazendo, não parecia notar sua atenção. Jaehyun não desviava os olhos e, por um instante, a ideia de ficar ali observando-a o fez perder a noção do tempo. Ele se pegou pensando que, por mais que eles fossem amigos, havia algo inusitado em vê-la assim, em se permitir notar os pequenos detalhes que normalmente passavam despercebidos.

— Tá bom já? — perguntou, finalmente quebrando o silêncio e virando-se para ele com um sorriso satisfeito no rosto.

Jaehyun rapidamente se recompos, corando ligeiramente.

— Claro! Você ficou... incrível. Como sempre.

Ela riu, jogando o aplicador de volta na embalagem e saindo do banheiro.

— Só porque você precisa de minha aprovação. Mas, sério, você tá parecendo o próprio galã com esse perfume todo. Vamos logo, antes que a festa comece sem a gente.
— Mas você nem disse se eu estou bonito ou não. — ele fez um bico e revirou os olhos.

não resistiu e, com um sorriso divertido, se aproximou de Jaehyun, apertando suas bochechas com as duas mãos, como se ele fosse uma criança mimada.

— Você é um idiota, sabia? Já disse que tá bonitão, galã da festa, e mesmo assim fica fazendo bico. — Ela o soltou, empurrando-o levemente em direção à porta. — Agora, vamos logo, antes que você vire um desses caras que ficam mais tempo se olhando no espelho do que realmente curtindo a festa.

Jaehyun fez uma careta, tocando o rosto onde ela apertara suas bochechas, e deu uma risada.

— Ok, ok, tá bem, . Eu sou bonito, já entendi. Só estava esperando a confirmação.

Ela rolou os olhos novamente e foi até a mesa, pegando a bolsa e a carteira. Jaehyun fez o mesmo, pegando rapidamente as chaves e jogando as coisas na pequena bolsa que ele levaria também, pronto para sair.

— Vamos nessa, ou a Dayeon vai encontrar outra pessoa mais interessante na festa. — provocou, passando pela porta à frente dele.

Jaehyun a seguiu, o sorriso de sempre nos lábios, embora, em algum lugar profundo em sua mente, um leve aperto começasse a crescer. Ele ainda não sabia que, em breve, seria a amizade entre eles que realmente precisaria de uma confirmação…

👾👾👾

Quando chegaram à festa, foram recebidos pelo grupo de amigos que tinham em comum, o som na casa estava alto, mas não o suficiente para que as pessoas tivessem que gritar nos ouvidos uns dos outros.
Jaehyun logo foi indo até a cozinha para pegar uma cerveja na caixa onde as mesmas estavam, e aproveitou para pegar uma para . Na volta ele deu uma olhada pelo lugar, procurando por Dayeon, mas ela parecia não ter chegado ainda.
Quando voltou para o grupo de amigos, ele ergueu a cerveja na direção de . Ela olhou a cerveja com um leve receio antes de pegá-la. sempre teve uma relação complicada com bebidas alcoólicas — bebia com moderação, pois sabia que, se exagerasse, logo ficaria totalmente fora de controle, e isso não era algo que ela gostava. Ela gostava de manter o controle de tudo, suas ações, suas palavras. Nunca foi fã de perder a compostura em situações como aquela, e sempre que bebia mais do que o necessário, acabava se arrependendo depois.
Jaehyun a observou por um momento e levantou uma sobrancelha, como se percebesse a hesitação dela, mas não disse nada. Ele sabia bem que não gostava de beber em excesso. Ela preferia ficar sóbria o suficiente para estar sempre alerta, para poder se divertir sem se preocupar com o que acontecia depois. Ela sorria, aceitando a cerveja, mas era evidente que ainda pensava se deveria ou não realmente tomar aquele gole.

— Você sabe que pode tomar só um pouquinho, né? Não precisa beber tudo. — Jaehyun comentou, como se lesse sua mente, e deu um sorriso travesso.

olhou para ele, rindo levemente, e deu um pequeno gole na bebida, ainda com a expressão pensativa.

— Só um pouquinho, tá? — ela respondeu, e ele apenas assentiu, levando a sua própria cerveja aos lábios.

O ambiente ao redor deles estava agitado, com risadas e conversas fluindo naturalmente entre os amigos, e , embora cuidadosa com sua bebida, ainda conseguia curtir a noite, sentindo a energia da festa começar a se infiltrar em seu corpo. Mesmo que a cerveja não fosse sua bebida favorita, ela apreciava o momento e as companhias.

— Você sabe que a Dayeon tá namorando né cara? Apesar de ter respondido suas mensagens por ser muito educada, ela tá com o Sunghoon!
— Tá falando sério Haechan? — Jaheyun mudou o semblante e abaixou a cerveja quando a garrafa estava quase chegando em seus lábios.

observou os ombros dele tensionar e quis dar uma risada, mas segurou.

— Tô cara! Você vai ver os dois se agarrando por aí.
— Mas é um namoro sério mesmo? Ela não pode dar nem uma escapulida?
— Jaehyun! — chamou enquanto erguia as sobrancelhas e fechava a cara — Você precisa parar, cara!

Jaehyun segurou uma das mãos de , levantando-a até seu próprio peito, com um olhar dramático e exagerado, como se estivesse no meio de uma cena de filme.

— Tá sentindo? — Ele perguntou com a voz rouca, fazendo uma expressão de dor — É o meu coração quebrando, . Isso é mais doloroso do que qualquer coisa que eu já senti.

riu, mas não pôde deixar de notar a leveza que ele estava tentando trazer à situação. Mesmo que estivesse brincando, ela percebeu que o comentário de Haechan realmente o atingira de alguma forma. Jaehyun não costumava demonstrar ser tão... vulnerável, mas, naquele momento, parecia realmente surpreso e até um pouco chateado com a revelação. Ela, então, colocou a outra mão sobre a dele, que ainda estava no seu peito, tentando suavizar um pouco a situação.

— Vai ficar tudo bem, ok? — Ela disse, tentando esconder o sorriso. — A Dayeon nunca foi realmente seu tipo.

Jaehyun a olhou com um sorriso torto, tentando disfarçar a leveza do momento.

— É, talvez você esteja certa. Ela tem esse jeitinho... demais.

ainda estava segurando sua mão, mas agora com um toque mais firme, como se estivesse tentando aliviar a leveza do clima.

— Então, o que você vai fazer agora? Vai sair por aí chorando, ou vai se juntar a nós e aproveitar a festa? — Ela perguntou, tentando mudar de assunto, sabendo que Jaehyun não era de ficar se lamentando por muito tempo.

Jaehyun sorriu de volta, ainda mantendo a mão dela na sua, e deu um leve suspiro.

— Acho que vou precisar de mais uma cerveja, . Vamos lá.
— Não, Jaehyun. Você não acabou nem essa, ela ainda está na metade. Tome-a primeiro e depois você pega outra.
— É cara, a tem razão! — Minah concorcou — E outra coisa, tem várias mulheres na festa disponíveis para você, sem ficar na fossa por causa da Dayeon.

Minah piscou na direção dele e quis rir outra vez. Tanto ela quanto Jaehyun sabiam exatamente o que Minah estava tentando fazer. Ela sempre teve uma queda por Jaehyun, e, embora fosse bastante direta em suas investidas, ele nunca demonstrou interesse. Era como um jogo que ambos jogavam, mas sem maiores consequências. Jaehyun gostava de Minah como amiga, mas nunca a viu de outra maneira. Ele tinha essa habilidade de ser extremamente amigável e simpático, mas de deixar claro, sem palavras, que não queria algo além disso. E Minah, bem, sempre se apaixonava por ele de novo a cada vez que ele a ignorava de maneira educada, mas sem chance de algo mais sério.
Sabia que Minah estava jogando seu charme — algo que ela fazia com frequência — mas ela nunca acreditou que Jaehyun fosse ceder. Ele sempre foi fiel a seus próprios princípios, e não parecia ser o tipo que se envolvia facilmente com garotas da festa, especialmente com alguém tão conhecida como Minah.
Ela olhou para Jaehyun, que, como sempre, estava sorrindo e respondendo com aquele jeito descontraído dele, mas podia ver que ele estava apenas tentando ser educado, sem realmente dar abertura. Era engraçado porque Minah, com todo seu charme e ousadia, nunca parecia se dar conta de que Jaehyun não estava sequer pensando nela dessa maneira.

— Vamos, . Não fica rindo da Minah — Jaehyun disse no ouvido dela, com um leve sorriso no rosto, antes de beber o restante da sua cerveja.

apenas deu de ombros e desviou o olhar para a festa, sem querer alimentar ainda mais o clima. Sabia que Minah continuaria a insistir, mas, no fundo, acreditava que ela estava apenas tentando disfarçar o fato de que, talvez, fosse ela mesma que ainda não tivesse se superado.

— Desculpa! — olhou para ele — Eu na verdade fico com pena… acho que ela nunca vai desistir.
— Será que se eu fosse bem direto, ela entenderia?

soltou uma risada suave e balançou a cabeça, como se estivesse pensando na situação.

— Eu acho que você já foi direto, mas ela simplesmente escolhe ignorar. Acho que ela precisa de um pouco mais de... clareza. Talvez se você fosse mais sincero e sem rodeios, ela entenderia. Mas, honestamente, Jaehyun, eu acho que ela vai continuar tentando até você realmente dizer algo que a faça parar. Ela é do tipo persistente.

Ela deu de ombros, dando a entender que a situação era mais complicada do que Jaehyun imaginava, mas que, no fundo, a resposta dele precisava ser mais definitiva.
olhou ao redor, distraída pela conversa, e seus olhos logo pousaram em algumas garotas de sua sala que estavam reunidas em um canto da festa. Elas não eram exatamente suas amigas íntimas, mas conheciam o suficiente para trocar alguns sorrisos e conversas casuais entre uma aula e outra. Era engraçado como a festa se tornava um espaço onde todo mundo parecia se reunir de novo, deixando de lado as tensões e os pequenos dramas do dia a dia.
Ela percebeu que duas delas estavam com um grupo de amigos, e, ao se aproximar, notou que elas estavam se divertindo. Uma delas, Sora, lhe acenou com entusiasmo, e não pôde deixar de sorrir em resposta. Ela já sabia que Sora e Hana haviam tido algumas experiências com Jaehyun no passado — nada muito sério, mas o suficiente para gerar um burburinho nas aulas — e provavelmente eram as últimas pessoas com quem ele gostaria de ser visto naquela festa.

— Vou lá falar com elas — disse para Jaehyun, com um sorriso travesso. — Você fica com o pessoal, se quiser, que eu já volto.

Jaehyun assentiu distraidamente, já pegando outro drink, que alguns alunos passavam carregando em bandejas, para se distrair enquanto ela se afastava.
caminhou até as meninas e, ao chegar perto, sentiu um pouco de alívio ao estar longe do ambiente tenso. Como sempre, elas estavam rindo de algo, trocando piadas sobre a faculdade e fofocas.

— E aí, ! Como está a noite? — Sora perguntou, puxando-a para mais perto do grupo.
— Só o básico, né? Festa, música, gente e mais gente. Vocês sabem como é — respondeu , se acomodando ao lado delas. Ela sabia que logo Jaehyun ficaria ocupado por um tempo com alguma garota qualquer e, por isso, gostava de ter a chance de conversar com outras pessoas e relaxar um pouco.

👾👾👾

Jaehyun e Haechan acharam melhor dar uma volta pela casa, enquanto observavam quem estava presente na festa e Haechan aproveitou para conversar com Jaehyun sobre um assunto que ele vinha evitando há meses:

— E a , hein? — Haechan pigareerou — Eu nunca vejo ela com ninguém… ela tem alguém Jaehyun?

Jaehyun franziu o cenho ao ouvir a pergunta de Haechan, sentindo um desconforto inexplicável surgir no peito. Ele olhou para o amigo, aparentemente tentando processar a pergunta.

— Não, pelo que eu sei, ela não tem ninguém — Jaehyun respondeu, ajeitando a bolsa no ombro enquanto olhava ao redor, como se procurasse algo para desviar o foco. — Ela é muito focada nos estudos e... você sabe, sempre está correndo atrás de grana, trabalho e essas coisas. Não parece se interessar por ninguém.

Ele deu de ombros, como se o assunto não tivesse mais importância, mas no fundo, havia uma pontada de algo que ele não queria reconhecer. Haechan, por outro lado, não pareceu convencido.

— Mas vocês são bem próximos, né? — Haechan insistiu, olhando para ele com uma expressão curiosa. — Não estou dizendo que ela tem que estar com alguém ou que tem que fazer parte da sua vida de alguma forma, mas... já reparou que ela fica muito tempo sozinha, não?

Jaehyun respirou fundo, tentando controlar o desconforto crescente.

— Não é isso, Haechan — ele disse, tentando se manter calmo. — A é independente. Ela tem um monte de coisas para se preocupar, sabe? Não tem tempo para esses outros dramas. Não acho que ela precise de alguém agora. E... sinceramente, eu acho que ela gosta de manter as coisas assim, desse jeito.
— Mas eu posso ter a sua autorização? — Haechan respirou fundo depois de perguntar.

Jaehyun estreitou os olhos para Haechan, sentindo um incômodo imediato sem nem saber exatamente o porquê.

— Autorização? — Ele repetiu, cruzando os braços e parando de andar.

Haechan abriu um sorriso divertido, mas seu olhar era sincero.

— É, para tentar algo com ela… é gata, inteligente e gente boa pra caramba. Nunca vi ela com ninguém, então pensei… por que não?

Jaehyun sentiu um nó estranho se formar no estômago. O incômodo cresceu, mas ele forçou uma risada leve, tentando disfarçar.

— E desde quando você precisa da minha permissão pra ficar com alguém? — Ele rebateu, desviando o olhar e levando a cerveja aos lábios, mesmo sem vontade de beber.
— Não preciso, né? É que vocês são grudados, moram juntos… Só achei que poderia ser meio estranho.

Jaehyun apertou a garrafa entre os dedos, sentindo uma irritação irracional crescer dentro de si. Ele abriu a boca para responder, mas nada saiu de imediato. Então, ele apenas deu de ombros.

— Faz o que quiser, cara.

Haechan ergueu uma sobrancelha, parecendo perceber algo no tom dele, mas decidiu não comentar. Apenas deu um gole na própria cerveja e sorriu.

— Beleza. Veremos.

Jaehyun voltou a dar de ombros.

— Eu não sou pai da . Só não quebre o coração dela, ou aí sim você terá problemas comigo, entendeu?

O semblante de Jaehyun ficou sério, seu olhar fixo em Haechan, como se o analisasse minuciosamente. Seus ombros, antes relaxados, agora estavam tensos, e a maneira como segurava a garrafa de cerveja denunciava um certo incômodo.
Haechan levantou as mãos em um gesto defensivo, rindo de leve.

— Calma aí, cara. Eu não sou esse tipo de babaca. Não pretendo quebrar o coração dela, nem nada do tipo. Só quero conhecê-la melhor.

Jaehyun manteve o olhar firme por mais alguns segundos antes de finalmente desviar, soltando um suspiro pesado.

— Ótimo. Porque se fizer alguma merda, eu vou saber.

Haechan riu novamente, dando um tapa de leve no ombro dele.

— Relaxa, cara. Parece até que é você quem gosta dela.

Jaehyun franziu o cenho, sentindo algo estranho revirar dentro de si, mas apenas revirou os olhos e levou a cerveja à boca, sem responder de imediato.

— Ela é minha melhor amiga, cara, o que você quer? Que eu não me importe com ela? Eu me importo o suficiente para querer o coração dela inteiro, só isso! — Jaehyun suspirou outra vez — Vamos tomar um ar lá fora? Acho que lá fora o ambiente pode estar mais propício.

Jaehyun e Haechan atravessaram a casa, desviando de grupos espalhados pelos corredores, até alcançarem a varanda. O ar ali fora estava ligeiramente mais fresco, embora ainda carregado pelo cheiro de cigarro e a mistura de perfumes e álcool.
Algumas pessoas estavam sentadas nos degraus, rindo alto e bebendo, enquanto outras dançavam próximas à piscina, onde um grupo animado já se jogava na água, sem se importar com roupas encharcadas. Mais afastados, alguns estavam encostados no muro, tragando cigarros e conversando em tons mais baixos.
Jaehyun apoiou os antebraços na grade da varanda, passando os olhos pelo ambiente sem muita pressa, até que seu olhar parou em uma cena específica.
Lá estava Dayeon.
E ao lado dela, segurando sua cintura de forma possessiva, estava Sunghoon.
Jaehyun sentiu a mandíbula travar enquanto observava os dois conversarem com um pequeno grupo. Eles pareciam confortáveis, íntimos.
Sem perceber, apertou a garrafa de cerveja em sua mão.
Haechan percebeu o amigo ficando tenso e resolveu não tocar no assunto. Mas Jaehyun o fez:

— Você não mentiu. — Os olhos dele ainda estavam fixos no casal.
— Não, não menti. Mas é um namoro recente Jaehyun, pode ser que nem vá para frente. E você e a Minah?
— Não existe eu e a Minah, Haechan! Eu nunca me senti atraído por ela, nem fisicamente, nem intelectualmente. Nunca vai rolar.
— Tem muitas garotas bonitas aqui hoje.
— Sim. — ele respondeu distraidamente, mas sem tirar os olhos de Dayeon — Mas a Dayeon…

O celular dele tocou na bolsa, interrompendo seu pensamentos. Era , provavelmente procurando por ele.
“Estou na varanda com o Haechan, vem para cá!” — ele falou assim que atendeu — “O Haechan precisa falar com você, inclusive.”
Jaehyun sentiu o estômago vibrar de forma estranha ao ouvir a voz de do outro lado da linha, mas ignorou a sensação quase que instantaneamente. Era só sua melhor amiga, não tinha motivo para sentir nada esquisito.
Assim que encerrou a ligação, virou-se para Haechan, que o encarava com os braços cruzados e um olhar de pura reprovação.

— Sério, cara? — Haechan bufou, balançando a cabeça. — Você me joga no meio dessa assim, sem aviso?
— O que foi? Você não queria falar com ela? Tá aí a sua chance. — Jaehyun deu de ombros, levando a cerveja à boca para disfarçar a expressão satisfeita ao ver o amigo se contorcendo de nervoso.
— Mas não precisava me expor desse jeito, tipo, “o Haechan precisa falar com você”! Parece até que eu vou confessar meu amor ou pedir ela em casamento.

Jaehyun riu.

— Você vai confessar seu amor?

Haechan revirou os olhos.

— Idiota.

Jaehyun voltou a fixar seus olhos em Dayeon e Sunghoon, e aí os olhos dele se cruzaram com os dela. Ele sorriu sem mostrar os dentes e viu Daeyon, tímida, sorrir de volta.
Logo Sunghoon também olhava para ele, erguendo sua cerveja em cumprimento. Jaehyun, mesmo sério, devolveu o cumprimento e Haechan fez o mesmo. E aí ele soltou a cintura de Doyeon e sussurrou algo no ouvido da namorada, antes de se afastar.
Quando ele já estava longe das vistas de Jaehyun, o moreno andou cuidadosamente até Dayeon e às amigas, Haechan tentou chamá-lo de volta, mas sem sucesso.
Jaehyun parou diante de Dayeon, mantendo uma expressão neutra, mas seus olhos diziam muito mais do que ele gostaria.

— Tarde demais para eu ter uma chance, não é? — Ele soltou, sem rodeios, com um sorriso pequeno e resignado nos lábios.

Dayeon piscou algumas vezes, surpresa com a abordagem direta, e apertou levemente a garrafa de cerveja em suas mãos. Suas amigas, percebendo o clima que se instalou, trocaram olhares e começaram a se afastar discretamente, dando espaço para os dois.

— Jaehyun… — Ela começou, um pouco hesitante.
— Não precisa dizer nada, eu já sei. — Ele riu sem humor, desviando o olhar por um breve instante antes de encará-la novamente. — Só queria confirmar.

Dayeon suspirou, parecendo culpada, e mordeu o lábio inferior.

— Eu nunca quis te iludir…
— Eu sei. Você só foi educada demais comigo. E eu confundi as coisas. — Jaehyun deu um passo para trás, tentando parecer tranquilo. — Eu espero que ele te faça feliz.

Dayeon abriu a boca para responder, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, Jaehyun já estava se virando, afastando-se sem olhar para trás.
Haechan o observava de longe, balançando a cabeça em um misto de pena e exasperação.

— Você é um idiota, cara. — Haechan murmurou quando Jaehyun se aproximou.
— Eu sei. — Ele respondeu, soltando um suspiro pesado. — Mas pelo menos agora eu posso seguir em frente. E onde diabos se meteu a que até agora não chegou aqui até agora?

Haechan suspirou e colocou uma mão sobre o ombro dele.

—Acho que você precisa de mais cerveja, não é? — Jaehyun olhou para o amigo — Vou pegar para nós dois. Não saia daqui, e não faça mais nenhuma besteira.

colocou as mãos na cintura assim que os alcançou e encarou Jaehyun.

— Que besteira você fez agora? — fez uma cara de descrença quando viu o sorriso mecânico brotar nos lábios de Jaehyun.

Haechan saiu, deixando os dois sozinhos, para conversarem.

— Eu só fui me certificar que não tinha nenhuma chance mesmo, se é que me entende. — ele deu de ombros, desviando os olhos dela.

Os olhos de passearam pela varanda e ela encontrou Dayeon conversando com as amigas.

— Ué, ela está sozinha… cadê o Sunghoon? Você foi até lá, não foi?

Jaehyun suspirou e passou a mão pelos cabelos, apoiando o peso do corpo no parapeito da varanda.

— Ele saiu antes de eu chegar. Mas não fiz nada de mais, só... perguntei se ainda tinha alguma chance.

ergueu as sobrancelhas, cruzando os braços.

— E?
— E ela não precisou nem responder. O olhar dela já disse tudo.

ficou em silêncio por alguns segundos, apenas o observando. Ele estava tentando parecer tranquilo, mas a forma como apertava a mandíbula e desviava o olhar denunciava o contrário.

— Você é muito burro, Jaehyun.

Ele riu pelo nariz, finalmente encarando-a.

— Você já me disse isso antes.
— E eu vou continuar dizendo até você enfiar na cabeça que não precisa correr atrás de quem não te quer.

Ele abriu um sorriso cansado, balançando a cabeça.

— Valeu pela motivação, . Você realmente sabe como animar um homem.
— Não estou aqui para massagear seu ego. — Ela o cutucou no braço. — Eu só não quero te ver se jogando no fundo do poço por causa disso.

Jaehyun suspirou e, antes que pudesse responder, Haechan voltou com duas cervejas.

— E aí, vocês brigaram ou ela já conseguiu enfiar juízo na sua cabeça?
— Ainda não. — revirou os olhos, pegando a cerveja que Haechan lhe oferecia. — Mas eu chego lá.

Jaehyun deu uma risada leve, aceitando a bebida do amigo.

— Boa sorte com isso. Aliás, vou dar uma volta por aí.

Jaehyun olhou diretamente nos olhos de Haechan como se estivesse lhe dando um novo aviso e então começou a caminhar.
acompanhou o amigo com os olhos e depois voltou sua atenção para Haechan.

— O Jaehyun disse que você queria falar comigo… — se virou, ficando de frente para o mais velho.

Haechan sentiu as bochechas enrubescer, e tomou um longo gole da cerveja. Depois ele olhou para , reparando ainda mais no rosto bonito dela. Ergueu a cerveja para ela, que pegou a garrafa das mãos dele e deu um gole tão longo quanto o do próprio.
Ela já estava levemente desconfiada do que poderia ser. Já havia notado os olhares que Haechan vinha distribuindo para ela todas as vezes que estavam todos juntos, ele vinha sendo prestativo até demais e ria das piadas sem graça que ela fazia.
Haechan coçou a nuca, desviando o olhar por um segundo antes de voltar a encará-la.

— Então… — Ele pigarreou. — Eu queria saber… se você…

arqueou uma sobrancelha, escondendo um sorriso divertido.

— Se eu o quê?

Ele suspirou e balançou a cabeça, meio rindo de si mesmo.

— Poxa, , facilita, tá difícil aqui!

Ela soltou uma risada baixa, cruzando os braços.

— Eu tô facilitando, Haechan. Você que tá complicando.

Ele a observou por um momento, mordendo o lábio inferior antes de finalmente soltar de uma vez:

— Se você toparia sair comigo um dia desses.

piscou, fingindo surpresa, mesmo já esperando algo do tipo.

— Tipo… um encontro?

Haechan passou a língua pelos lábios, nervoso.

— É… algo assim.

Ela riu, balançando a cabeça, achando graça do jeito hesitante dele.

— Você tá nervoso, Haechan?
— Eu? Nervoso? — Ele riu, forçando uma expressão relaxada. — Imagina!

riu mais alto, achando aquilo inesperadamente fofo.

— Se eu soubesse que você ficava assim todo tímido, já teria te zoado antes.

Haechan revirou os olhos, mas sorriu.

— Então? Qual é a resposta?

tomou mais um gole da cerveja antes de responder:

— Se você me pagar um milkshake de morango, quem sabe.

Os olhos dele brilharam.

— Fechado!
— Vamos ver se você merece primeiro. — Ela piscou, divertida.

Haechan soltou um suspiro exagerado, mas estava sorrindo de orelha a orelha.

— Vem! Vamos atrás do Jaehyun, antes que ele faça mais besteiras.

segurou a mão dele, entrelaçando os dedos dos dois, deixando surpreso e sem reação, e saiu o puxando pela varanda.



De mãos dadas os dois procuraram por Jaehyun pela varanda, mas nem sinal dele e começou a sentir o coração acelerar, com uma leve preocupação.
Os dois entraram dentro da casa de novo, que agora estava consideravelmente mais cheia e Haechan e ela cumprimentavam um conhecido aqui, outro ali, até que encontraram Jaehyun com Mirae, Suki e Jongho. Ele ria de alguma coisa, mas quando bateu os olhos em e Haechan de mãos dadas, caminhando em direção á eles, ele endureceu de novo. Os ombros tensos, o sorriso cedendo e indo embora aos poucos. E ele não entendeu, porque aquela visão fez seus músculos tensionar. “Mas que Droga Jaehyun!” ele murmurou baixinho para si mesmo.

— Ufa! Eu já estava achando que você tinha se metido em outra confusão.

soltou a mão de Haechan que se colocou ao lado do amigo, se escorando na parede também.

— Vocês mal se beijaram e já estavam de mãos dadas?

Jaehyun soltou um resmungo quando sentiu o tapa na nuca dado por Haechan.

— Ai, caramba! O que foi isso?!
— Você merece — Haechan resmungou, ainda vermelho.

Mirae e Suki trocaram olhares curiosos antes de olharem para .

— O quê? Como assim? — Suki franziu o cenho, interessada.
— Vocês dois se beijaram? — Jongho perguntou, olhando de Haechan para com uma sobrancelha erguida.

soltou um suspiro exagerado e deu um tapa leve no peito de Jaehyun, que fingiu sentir dor.

— Não teve beijo nenhum, Jaehyun, por favor! — Ela revirou os olhos. — Você já tá inventando coisa!

Jaehyun ergueu as mãos em rendição, um sorriso provocador nos lábios.

— Só pareceu bem íntimo, só isso…

Haechan fechou os olhos e suspirou fundo, ainda vermelho.

— Cara, pelo amor de Deus, para de falar besteira!
— O que está acontecendo aqui? — Mirae riu, se divertindo com a cena.
— Nada! — respondeu, rápido demais.
— Absolutamente nada! — Haechan reforçou, coçando a nuca.

Jaehyun cruzou os braços, ainda olhando para os dois com uma expressão difícil de decifrar.

— Certo… se vocês dizem. Tá de mãos vazias por que, ? Você tá flertando tão bem que nem buscou uma bebida para ela. Aish Haechan!

Foi a vez de Jaehyun segurar uma das mãos de e sair arrastando-a pela casa.

— Jaehyun! Me solta, caramba! — protestou, tentando se desvencilhar da mão firme dele enquanto era arrastada pela casa. — Eu sei andar sozinha!
— É, mas parece que você anda ocupada demais segurando outras mãos por aí — Jaehyun retrucou sem olhar para trás, continuando a conduzi-la até a cozinha.
— Você está sendo ridículo!
— E você tá com sede.

Eles chegaram à cozinha, onde algumas pessoas conversavam encostadas nos balcões e na geladeira. Jaehyun soltou a mão dela, abriu a geladeira e pegou uma cerveja, estendendo-a para .

— Toma.

Ela cruzou os braços.

— Não quero.

Ele bufou e chacoalhou a garrafa na direção dela.

— Para de frescura e pega logo.

o encarou, hesitou por um momento, mas então pegou a cerveja. Abriu a garrafa e deu um gole, sentindo os olhos de Jaehyun sobre ela o tempo todo. Quando abaixou a garrafa, encontrou o olhar intenso dele, como se estivesse analisando cada mínima reação sua.

— Tá afim do Haechan também?

A pergunta veio do nada, e piscou, surpresa.

— O quê?
— Você ouviu. — Jaehyun inclinou a cabeça levemente, os olhos presos nos dela. — Tá afim dele?
— Porque essa pergunta? — inclinou levemente a cabeça para o lado, analisando as expressões no rosto de Jaehyun.
— Porque não quero nenhum de vocês dois com o coração quebrado, vocês são meus melhores amigos

Jaehyun sustentava o olhar dela, e pela primeira vez naquela noite, não havia zombaria ou sarcasmo em sua expressão. Apenas preocupação genuína.
percebeu isso no instante em que ele falou. Ele realmente se importava, e não era só ciúme bobo ou implicância. Era diferente.
Porque, no fim das contas, Jaehyun sempre foi assim com ela e com Haechan. Desde que se conheceram, ele os protegia à sua maneira, fosse com palavras duras, fosse bancando o irmão mais velho irritante, ou apenas ficando por perto quando precisavam.
sabia que, para Jaehyun, amizade não era algo trivial. Ele não se apegava facilmente, mas quando o fazia, era para valer.
Ele estava sendo sincero.
Ela suspirou e encostou-se no balcão, tomando mais um gole da cerveja antes de responder:

— Eu sei que somos seus melhores amigos, Jaehyun. E eu entendo sua preocupação, de verdade. Mas, para sua informação, ninguém aqui tem intenção de quebrar o coração de ninguém.

Jaehyun a observou por um momento, analisando cada palavra.

— Espero que esteja certa — ele disse, por fim, desviando o olhar e passando a mão pelos cabelos, ainda com uma sombra de tensão no rosto.
— Ele contou para você que pretendia me chamar para um encontro? Por isso, você disse que ele precisava falar comigo?

Jaehyun passou a mão livre pelos cabelos, bagunçando-os levemente e levou a cerveja aos lábios.

— Ele veio me sondar, pedir minha autorização, acredita?

Jaehyun gargalhou e viu sorrir antes de beber mais de sua cerveja também.

— Que fofo. Apesar de não precisar da sua autorização. Você disse isso a ele, não foi?

Jaehyun revirou os olhos, balançando a cabeça em um assentimento preguiçoso.

— Claro que disse. Como se eu fosse seu dono.

riu e o cutucou de leve no braço.

— Bom saber que pelo menos isso você entende. Agora vamos, antes que os outros comecem a achar que a gente fugiu da festa.

Jaehyun apenas murmurou algo inaudível e começou a segui-la de volta para onde estavam os amigos. No entanto, mal haviam atravessado a porta da cozinha quando foram interceptados por Sunghoon.
O namorado de Dayeon parou bem na frente de Jaehyun, o semblante sério e a mandíbula travada.

— Podemos conversar?

Jaehyun ergueu uma sobrancelha e cruzou os braços.

— Parece que já estamos conversando.

Sunghoon soltou uma risada seca e olhou rapidamente para antes de voltar os olhos para Jaehyun.

— Em particular.

franziu o cenho e olhou para Jaehyun, esperando alguma reação, mas o amigo apenas suspirou, terminando sua cerveja em um gole antes de assentir.

— Beleza. Vamos lá.

Ele lançou um último olhar para , como se dissesse "vai na frente", e então acompanhou Sunghoon para um canto mais afastado da casa.

👾👾👾

Jaehyun encostou-se à parede com os braços cruzados, observando Sunghoon com tédio aparente. O outro, no entanto, estava visivelmente irritado, a expressão carregada e os punhos cerrados ao lado do corpo.

— O que você queria com a minha namorada? — Sunghoon foi direto ao ponto, sem rodeios.

Jaehyun arqueou uma sobrancelha.

— Conversar.
— Conversar? — Sunghoon riu sem humor. — E achou que era uma boa ideia fazer isso justo quando eu não estava perto?
— Olha, cara, eu não sabia que você ia se afastar, e mesmo que soubesse… qual o problema? Eu e a Dayeon somos amigos.

Sunghoon deu um passo à frente, estreitando os olhos.

— Amigos? Você realmente espera que eu acredite nisso?

Jaehyun sustentou o olhar do outro sem demonstrar hesitação.

— Você pode acreditar no que quiser, mas eu não faltei com respeito com a sua namorada.

Sunghoon riu outra vez, mas dessa vez havia algo perigoso no tom de sua voz.

— Eu vi a maneira como você olhava para ela. Não precisa bancar o inocente.

Jaehyun manteve-se impassível, mas internamente sentiu um incômodo crescer.

— E o que você quer que eu diga? Que eu acho a sua namorada incrível? Que eu já tive sentimentos por ela? Tá bem, eu digo. Mas sabe o que mais? Eu nunca tentei nada, nunca desrespeitei ela, e nem você. Então, se tem alguém inseguro aqui, não sou eu.

Sunghoon cerrou ainda mais os punhos, mas antes que pudesse reagir, a voz de soou próxima.

— O que tá acontecendo aqui?

Os dois olharam para o lado e viram parada com os braços cruzados, o olhar alternando entre os dois. Jaehyun suspirou, passando uma mão pelos cabelos.

— Nada demais. Sunghoon só queria esclarecer umas coisas.

lançou um olhar desconfiado para o namorado de Dayeon, depois voltou-se para Jaehyun.

— Certo… Então, podemos voltar para a festa agora?

Jaehyun deu de ombros, lançando um último olhar para Sunghoon antes de se afastar.

— Espero que tenha ficado satisfeito — murmurou antes de sair, sentindo o olhar pesado do outro em suas costas.

Jaehyun sentiu o aperto firme no ombro antes mesmo de ser virado à força para encarar Sunghoon outra vez. O impacto do puxão quase o fez tropeçar, mas ele se recuperou rápido, apenas para sentir o outro agarrar seu colarinho com força.
A conversa que antes era apenas entre eles dois rapidamente atraiu a atenção das pessoas ao redor. O burburinho na festa diminuiu à medida que alguns curiosos paravam para observar a tensão entre os dois.

— Procura outra garota, Jaehyun — Sunghoon disse entre dentes, o maxilar travado e os olhos brilhando de raiva. — Deixa a minha namorada em paz, ou as coisas não vão ficar boas para você.

Jaehyun sentiu a onda de adrenalina subir pelo corpo, mas manteve o olhar frio, sem se mover. Não ergueu as mãos para afastá-lo, não demonstrou fraqueza, apenas sorriu de canto.

— Você tá me ameaçando, Sunghoon? — perguntou, a voz baixa, quase desafiadora.

Sunghoon apertou ainda mais o colarinho, aproximando o rosto do dele.

— Tô te avisando.

As pessoas ao redor começaram a murmurar, algumas já pegando o celular para gravar, outras esperando para ver se aquilo ia terminar em briga.
Foi quando interveio, empurrando o peito de Sunghoon com as duas mãos.

— Solta ele agora, Sunghoon!

Haechan apareceu ao lado dela, já pronto para separar os dois se fosse necessário. Sunghoon hesitou por um segundo, mas soltou Jaehyun com um empurrão, fazendo-o dar um passo para trás.
Jaehyun ajeitou o colarinho da camisa, ainda mantendo o olhar fixo no outro, mas sem reagir. Ele não precisava de uma briga, ainda mais por algo que sabia que não tinha feito.

— Tô avisado então, né? — disse com ironia.

Sunghoon ainda parecia tenso, mas não avançou de novo.

— Espero que tenha entendido.

Jaehyun soltou um riso nasalado, pegando a cerveja que tinha deixado sobre a bancada e bebendo um gole, antes de sair dali sem olhar para trás.
e Haechan logo foram atrás dele, que caminhou em passos rápidos em direção à garagem da casa, os dois trocaram um olhar rápido e preocupado e então tocou uma das mãos de Jaehyun, para fazê-lo parar de andar, mas isso só aconteceu quando ele chegou à parte de fora da casa.
Alguns estudantes estavam reunidos lá também e ele gentilmente pediu um cigarro á um deles, que prontamente deu um á Jaehyun, acendendo-o logo em seguida.

— Jaehyun! — chamou depois de alcançá-lo — Porque você tinha que ter ido atrás dela, hein?
— Eu já disse ! Eu precisava falar com ela para tirar de uma vez por todas essa atração incontrolável que surgiu em mim por ela. O Sunghoon que é um babaca e todo mundo sabe disso, não consigo entender porque ela foi se interessar logo por ele.

Haechan cruzou os braços, encarando Jaehyun com um misto de exasperação e descrença.

— Cara, você escuta o que tá falando? Você foi atrás da garota que namora outro cara, um cara ciumento e briguento, numa festa cheia de gente! O que você achou que ia acontecer?

Jaehyun soltou a fumaça do cigarro lentamente, desviando o olhar para a rua, como se estivesse tentando se acalmar.

— Eu não fiz nada de errado. Só queria falar com ela, tirar isso da cabeça.

bufou e passou as mãos pelos cabelos.

— E você acha que essa é a melhor forma? Se aproximando dela em público, do nada? Jaehyun, você não pode resolver tudo na base do impulso!
— Além disso — Haechan completou —, esse papo de "atração incontrolável" tá parecendo desculpa pra você bancar o idiota. Se você tá sentindo isso, o problema é seu, não da Dayeon. Ela escolheu o Sunghoon.

Jaehyun virou o rosto para Haechan, os olhos faiscando.

— Você acha que eu não sei disso? Eu sei, droga! — Ele jogou o cigarro no chão e pisou nele com força. — Eu só não consigo entender.

suspirou e colocou uma mão no ombro dele, desta vez num gesto mais leve, tentando fazê-lo olhar para ela.

— Não é pra você entender, Jaehyun. As pessoas se apaixonam por quem querem, não por quem faz mais sentido. Você precisa aceitar isso.

Ele fechou os olhos por um instante, como se quisesse absorver aquelas palavras, mas a tensão ainda estava ali, visível no seu maxilar travado e nos ombros rígidos.

— Você precisa seguir em frente, cara — Haechan insistiu. — Porque se continuar assim, só vai acabar piorando tudo.

Jaehyun suspirou, passou a mão pelos cabelos e, por fim, assentiu devagar.

— Eu sei… Eu sei.

Mas, no fundo, eles sabiam que ele ainda não tinha superado nada.

👾👾👾

Quando voltaram para dentro da casa, Jaehyun sentiu os olhares sobre ele por onde quer que eles passavam, e por alguns instantes aquilo começou a irritá-lo.

— O babaca do Sunghoon conseguiu o que queria… — ele sussurrou alto o suficiente para que algumas pessoas o ouvissem.

Haechan colocou a mão sobre o ombro de Jaehyun, apertando o lugar tentando acalmar o amigo.
Jaehyun sentiu o aperto firme no ombro e, por um instante, toda a irritação que estava fervendo dentro dele pareceu diminuir um pouco. Ele olhou para Haechan de canto de olho, sem precisar dizer nada, mas deixando claro seu agradecimento silencioso. Haechan apenas assentiu sutilmente, como se dissesse “tô com você”.
Sem pensar duas vezes, Jaehyun levou a garrafa de cerveja aos lábios e deu um longo gole, esvaziando-a de uma vez só. Quando terminou, passou a língua pelos lábios, girou a garrafa vazia entre os dedos e a deixou na mesa ao lado.

— Preciso de mais uma. — Murmurou, já se afastando para buscar outra.

o observou por um instante e, sem hesitar, ergueu a própria garrafa, imitando o amigo.

— Quer saber? Eu também.

Haechan soltou um riso anasalado ao ver a cena. Ele conhecia bem e sabia que esse era o jeito dela de dizer que estava ao lado de Jaehyun, que queria aproveitar a noite com ele sem mais drama.
Quando Jaehyun voltou da cozinha com duas cervejas, pegou uma delas sem cerimônia, ergueu no ar e abriu um sorriso travesso.

— Vamos aproveitar a festa, ou vamos continuar dando atenção pra idiotas?

Jaehyun riu pelo nariz e ergueu a garrafa dela antes de baterem levemente uma na outra.

— Tá certa. Que se dane.

E então, ele deu um gole longo, ignorando todos os olhares ao redor.
Jaehyun, e Haechan decidiram deixar as tensões para trás e se juntar ao resto da festa. Com novas garrafas de cerveja em mãos, eles foram puxados por alguns amigos para o centro da sala, onde uma pista de dança improvisada havia se formado.
As luzes piscavam em tons coloridos, e a música vibrante preenchia o ambiente. O álcool já fazia efeito, deixando tudo mais leve e despreocupado. foi a primeira a se soltar, jogando os braços para cima e se deixando levar pela batida. Haechan, sempre animado, não demorou a acompanhar, rindo e puxando Jaehyun para o meio da roda.

— Anda, cara, para de pagar de bad boy e vem dançar! — Haechan gritou para Jaehyun, que revirou os olhos, mas não resistiu ao incentivo e entrou na brincadeira.

Entre goles generosos de cerveja e risadas soltas, os três se misturaram à multidão, dançando, brincando e se deixando levar pelo momento. A energia da festa era contagiante, e por algumas horas, nenhum deles pensou em brigas, problemas ou frustrações. Apenas curtiam a noite, como se nada mais importasse.
No meio da pista de dança improvisada, e Haechan se aproximaram naturalmente, os corpos seguindo a batida da música em perfeita sintonia. Os olhares trocados entre os dois carregavam um flerte evidente, um jogo silencioso que se intensificava a cada risada e toque sutil.
Haechan deslizou as mãos até a cintura de em um movimento espontâneo, e ela não se afastou, apenas ergueu uma sobrancelha divertida, como se estivesse provocando. O jeito como ela mordia o lábio enquanto dançava deixava claro que estava gostando daquela interação.
Jaehyun, parado a poucos passos de distância, observava a cena com a expressão impassível, mas seu maxilar travado entregava sua irritação crescente. Ele levou a garrafa de cerveja aos lábios e tomou um gole longo, quase vazio.
O riso suave de ecoou no meio da música quando Haechan inclinou a cabeça para sussurrar algo em seu ouvido. O sorriso dela se alargou, e ela tocou o peito dele de leve, como se repreendesse a ousadia, mas sem afastá-lo.
Jaehyun apertou os dedos ao redor da garrafa e terminou o resto da bebida de uma vez só, sentindo o líquido gelado descer queimando sua garganta. Sem dizer nada, virou nos calcanhares e foi até a mesa pegar mais uma. Ele precisava de mais álcool.
Jaehyun pegou outra cerveja e abriu a garrafa com facilidade, levando-a imediatamente aos lábios. Ele não desviava os olhos de e Haechan, que continuavam dançando juntos, sorrindo um para o outro de um jeito que o irritava mais do que deveria.
Ele soltou um suspiro pesado, recostando-se contra a parede. Era óbvio que sentiria algum tipo de ciúme. Ele e moravam juntos há quase quatro anos. Dividiam as contas, as responsabilidades e, mais do que isso, a vida. Não era como se ele quisesse algo a mais, claro que não. Mas vê-la ali, tão à vontade nos braços de Haechan, mexia com ele de um jeito que não fazia sentido.
Ele tomou outro gole longo, franzindo a testa enquanto tentava encontrar uma explicação lógica para aquele incômodo. Talvez fosse apego. Afinal, sempre foram próximos, sempre estiveram lá um para o outro. Ele se acostumou a tê-la por perto, a compartilhar as pequenas coisas do dia a dia, a vê-la pela manhã com os cabelos bagunçados, a ouvir sua risada ecoando pelo apartamento.
Então, não era estranho que aquilo lhe causasse uma sensação esquisita no peito. Era?
Jaehyun tentou ignorar o aperto desconfortável que surgiu em sua garganta, virando mais um pouco da cerveja, como se o álcool pudesse dissipar aquela confusão na sua cabeça. Ele só precisava relaxar. era sua melhor amiga. Ele não tinha o direito de sentir ciúmes, certo?
Então, por que ele simplesmente não conseguia tirar os olhos dela?



Minah apareceu, tirando Jaehyun de seus conflitos internos e o segurando pelo colarinho da camisa. Ela parecia estar levemente bêbada e Jaehyun posicionou uma de suas mãos no meio das costas dela, para impedir que ela fosse de encontro ao chão.

— Opa! Cuidado Minah. Você ia se machucar, sabia?
— Mas você me salvou… — ela traçou círculos no lábio inferior dele com a ponta do dedo indicador.

Jaehyun se entregou ao momento. O toque suave de Minah em seus lábios fez um arrepio percorrer sua espinha, e ele sentiu o calor do momento se apoderar de si. Seus olhos se fecharam lentamente, absorvendo cada nuance daquele toque delicado e embriagante.
Minah sorriu de canto ao perceber a reação dele. Seus dedos continuaram explorando a pele sensível de Jaehyun, traçando desenhos invisíveis enquanto a respiração dela se misturava à dele. O perfume adocicado e levemente intoxicante que a envolvia fazia sua cabeça girar.
Ele sabia que deveria recuar. Que aquilo era perigoso. Mas, naquele instante, nada parecia importar além da sensação dos dedos de Minah em sua pele e da forma como o corpo dela se apoiava no dele.
Seus lábios se entreabriram em um suspiro baixo, e, sem pensar, ele deslizou a mão pela cintura dela, puxando-a para mais perto. Minah riu baixinho, o olhar malicioso brilhando sob a luz difusa do ambiente.

— Você não vai fugir de mim, vai? — ela sussurrou contra seus lábios.

Jaehyun sentiu seu coração acelerar. Fugir? Nem se quisesse.
Jaehyun lançou um último olhar para e Haechan. Os dois estavam completamente à vontade um com o outro, rindo, conversando como se ele nem estivesse ali. Como se sua presença não importasse.
Um nó apertou seu peito.
Ele não sabia dizer exatamente o que sentia — ciúme? Frustração? Decepção? Talvez tudo ao mesmo tempo. Era ridículo, mas a bebida já estava subindo, e seus pensamentos se embaralhavam. Ele pensou em Sunghoon, em Dayeon, no caos que sua vida parecia estar se tornando. Nada fazia sentido.
Mas Minah estava ali.
Perto o suficiente para que ele sentisse o cheiro adocicado dela, perto o suficiente para que seus dedos ainda traçassem seu rosto com uma provocação silenciosa. O olhar dela era um convite, e naquele momento ele não queria pensar.
Sem aviso, Jaehyun deslizou a mão até a nuca de Minah e a puxou para si, capturando seus lábios num beijo intenso.
Não era um beijo suave. Era apressado, carregado de todos os sentimentos que ele não conseguia nomear. O gosto levemente amargo da bebida misturava-se ao sabor quente dos lábios dela, e por um instante, tudo o que ele sentia era o calor daquele momento.
Sem aviso, Jaehyun deslizou a mão até a nuca de Minah e a puxou para si, capturando seus lábios num beijo intenso.
Não era um beijo suave. Era apressado, carregado de todos os sentimentos que ele não conseguia nomear. O gosto levemente amargo da bebida misturava-se ao sabor quente dos lábios dela, e por um instante, tudo o que ele sentia era o calor daquele momento.
Minah sorriu contra seus lábios antes de aprofundar o beijo, seus dedos se fechando no tecido da camisa dele. E Jaehyun se deixou levar.
Porque, pelo menos naquele instante, ele só queria esquecer.

👾👾👾

Sua cabeça girava um pouco enquanto ele sentava-se no sofá, mas o drink — que ele nem sabia o que tinha na composição, não deixava sua mão.
Depois do primeiro beijo trocado com Minah, ele não soube exatamente o que aconteceu. Tudo parecia ser só um borrão, ele sabia que havia trocado mais beijos com ela durante a noite, e que ouviu alguns amigos caçoarem pelo ocorrido, mas ele não se lembrava com clareza das palavras.
Ali, sentando no sofá entremeio a alguns casais que também se beijavam sem pudor algum, ele se lembrou de Haechan e , e se deu conta que havia perdido os dois… Os olhos de Jaehyun se arregalaram em um sobressalto.
Haechan e .
Ele os perdeu.

O pânico subiu rápido, cortando o torpor da bebida como uma lâmina afiada. Sua respiração ficou pesada, e o coração disparou em um ritmo frenético. Como ele pôde se distrair tanto? Como pôde simplesmente esquecê-los no meio daquela bagunça de sentimentos, álcool e beijos trocados com Minah?
Sem pensar duas vezes, ele levou o copo aos lábios e virou o drink de uma só vez. O líquido desceu queimando sua garganta, mas ele mal registrou o gosto. Tudo o que conseguia pensar era que precisava encontrar Haechan e .
Forçou-se a levantar do sofá, mas assim que ficou de pé, sua cabeça girou ainda mais. Merda. Ele estava mais bêbado do que pensava.
Mas não tinha tempo pra isso.
Cambaleando entre os corpos quentes que se moviam ao ritmo da música, Jaehyun começou a andar pela festa, o olhar varrendo o ambiente com urgência.

— Haechan? ? — chamou, mas sua voz soou fraca no meio da confusão.

Eles estavam ali há pouco tempo. Onde diabos tinham ido? E, mais importante… por que ele sentia esse aperto sufocante no peito ao perceber que não estavam mais ali?

👾👾👾

Meio cambaleando, ele passou por Minah que tentou segurá-lo e aproximar os lábios dos dele mais uma vez, mas dessa vez ele recusou e depositou apenas um beijo desajeitado na testa dela antes de afastá-la.
Precisava encontar e Haechan.
Será que os dois haviam ido embora da festa juntos?
A ideia fez sua garganta secar, e um frio incômodo percorreu sua espinha. Ele não sabia por que aquilo o afetava tanto, mas sabia que afetava.
Seu olhar varreu a festa novamente, agora com mais desespero. As luzes coloridas piscavam ao seu redor, a música alta parecia martelar em sua cabeça, e o álcool só deixava tudo ainda mais confuso.
Ele tentou afastar os pensamentos que insistiam em se formar em sua mente. Haechan e rindo juntos no caminho para casa. Haechan segurando a mão dela. Haechan beijando .
Não.
Jaehyun passou uma das mãos pelos cabelos, sentindo o peito apertar. Ele precisava encontrá-los. Precisava saber que estavam bem. Ou talvez… precisava confirmar que não estavam juntos da forma que ele começava a temer.
Com passos apressados – e ainda um pouco vacilantes –, ele saiu da sala, ignorando completamente Minah chamando seu nome. O que antes parecia uma noite de diversão agora se transformava em um turbilhão de emoções que ele não sabia como lidar.
Jaehyun empurrou a porta de vidro com força e saiu para a varanda, a brisa noturna batendo em seu rosto quente. O ar fresco ajudou a clarear um pouco sua mente, mas seu coração ainda martelava contra o peito. Ele varreu o olhar pelo espaço externo, e foi então que os viu.
Lá embaixo, na piscina iluminada por luzes azuladas, estavam Haechan e .
De roupas e tudo.
Molhados, rindo, tão próximos que o mundo ao redor parecia não existir para eles.
Jaehyun prendeu a respiração quando viu erguer uma das mãos, afastando uma mecha de cabelo molhado do rosto de Haechan. Ele sorriu para ela, daquele jeito que fazia o estômago de qualquer um revirar. O olhar de suavizou, e por um segundo, Jaehyun soube.
Eles iam se beijar.
O peito dele se apertou, um misto de pânico, confusão e algo que ele se recusava a nomear o invadindo de uma vez. O que diabos estava acontecendo? Como assim Haechan e ? Como assim eles dois?
Ele não pensou. Nem por um segundo.
Antes que se desse conta, seu corpo já se movia sozinho. Um passo para frente. Dois. E então, emA água fria o engoliu em segundos. O impacto fez um arrepio percorrer sua pele, e ele emergiu com um suspiro alto, sentindo o coração ainda martelando no peito.
O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor.
Haechan e o encaravam, os olhos arregalados em pura descrença.

Jaehyun?! foi a primeira a reagir, sua voz uma mistura de choque e indignação.

Ele piscou algumas vezes, a mente ainda girando. O que diabos eu acabei de fazer?
Haechan passou a mão pelo rosto, afastando a água dos olhos, e soltou uma risada curta e incrédula.

— Cara… o que foi isso?

Jaehyun abriu a boca para responder, mas não encontrou palavras. Ele simplesmente ficou ali, boiando na piscina, sentindo o olhar dos dois queimando sobre ele.
Definitivamente, ele tinha ferrado tudo.

👾👾👾

— Ué, eu também queria me refrescar! Vocês dois, hein?
— Você estava ocupado… — Haechan soltou um sorriso malicioso na direção de Jaehyun.
— É! Mas eu entendo, você e a Minah quase engoliram um ao outro, você deve estar com calor mesmo.

Jaehyun deu de ombros, forçando um sorriso despreocupado.

— Ah, não exagera, foi só uns beijinhos.

Haechan arqueou a sobrancelha, e cruzou os braços, claramente duvidando.

— Uns beijinhos? — Haechan zombou. — Você e Minah estavam praticamente fundindo em uma pessoa só.
— Verdade — concordou, inclinando a cabeça de lado. — Achei que vocês iam precisar de um quarto.

Jaehyun riu, ignorando o calor que subiu para seu rosto. Em vez de responder, ele deu um passo mais perto dos dois, a água balançando ao redor de seus corpos.

— Mas falando nisso… — Ele lançou um olhar sugestivo para as mãos de Haechan, que ainda repousavam na cintura de . — E vocês dois, hein? Nem para me chamar para essa festinha na piscina?

Antes que alguém pudesse responder, Jaehyun abriu os braços de repente e puxou os dois para um abraço inesperado.

— Ei, Jaehyun! — protestou, rindo, mas já tarde demais.

Com um movimento rápido, Jaehyun os puxou com força para baixo, fazendo ambos afundarem junto com ele.
Haechan emergiu primeiro, tossindo um pouco e afastando a água dos olhos.

— Mas que porra foi essa?!
— Ué, só quis equilibrar o jogo. Você estava segurando a cintura dela há tempo demais — Jaehyun retrucou com um sorriso travesso.

jogou um jato de água no rosto dele.

— Seu idiota!

Jaehyun riu alto, balançando a cabeça.

— Ah, vai, não fiquem assim. Agora estamos todos molhados, então está tudo justo.

Haechan o encarou por um segundo antes de rir, balançando a cabeça em descrença.

— Você é inacreditável, cara.

suspirou, mas um pequeno sorriso brincava em seus lábios.

— E totalmente impulsivo.

Jaehyun deu de ombros novamente, sentindo-se um pouco mais leve.

— O que seria da vida sem um pouco de diversão, né?

Ele só esperava que, no meio daquela brincadeira, conseguisse esconder o turbilhão de sentimentos que o estavam consumindo por dentro.

👾👾👾

escorou-se em Haechan, assim que eles saíram da piscina, sentindo os efeitos do álcool fazerem efeito. Ela odiava ficar daquele jeito, havia perdido o controle e agora só restava aceitar que havia bebido demais.
Jaehyun logo surgiu entre os dois, segurando um dos ombros de que lançou um sorriso torto para ele, e logo começou a gargalhar. Jaehyun, também bêbado, gargalhou junto com ela.
O mundo parecia girar ao seu redor como se estivesse presa em um carrossel descontrolado. O chão sob seus pés era inconsistente, como se estivesse pisando em nuvens traiçoeiras. se apoiou um pouco mais em Haechan, sentindo seu próprio corpo mais leve do que o normal, como se estivesse flutuando, mas ao mesmo tempo, cada movimento parecia exigir um esforço maior do que o necessário.
O calor da bebida espalhava-se por seu peito e rosto, deixando suas bochechas quentes e seu sorriso fácil demais. Ela piscava devagar, tentando focar nos rostos à sua frente, mas as luzes ao redor estavam borradas, dançando entre si.
Seu próprio riso ecoava como se estivesse longe, e o som era tão engraçado que fez seu peito vibrar de novo, levando-a a rir ainda mais.
Ela sentia uma estranha mistura de liberdade e vulnerabilidade, como se pudesse fazer qualquer coisa, mas ao mesmo tempo, como se precisasse urgentemente de um ponto fixo para não se perder naquele oceano de tontura.
— Vocês dois não estão nada bem. Vamos achar um lugar para vocês dois se sentarem enquanto eu vou atrás de algo doce para vocês comerem e água.
Haechan, ajeitou os cabelos molhandos, jogando-os para trás antes de encarar .
Jaehyun, com uma certa possessividade, abraçou pela cintura, encostando as laterais dos corpos dele e dela e então assentiu para Haechan, meio sem compreender com clareza o que ele dizia.
Enquanto o amigo saía, ele e n, cambalearam entre os estudantes, se sentando no chão mesmo, próximo à piscina e escorando as costas na parede. O braço de Jaehyun permaneceu envolto na cintura de Sujin que escorou a cabeça na parede fechando os olhos com força, em busca de algum alívio da tontura provocada pela bebida.
Ela só se deu conta do quão próximo Jaehyun estava quando ele começou a fazer movimentos circulares com o dedo em sua cintura. Ela sentiu primeiro como um leve roçar contra o tecido fino de sua roupa, quase imperceptível, mas conforme Jaehyun desenhava círculos preguiçosos em sua cintura, a sensação se tornou mais intensa. A ponta dos dedos dele deslizava suavemente sobre sua pele, quente e firme, enviando um arrepio pelo seu corpo.
abriu os olhos devagar, confusa entre a névoa do álcool e o calor inesperado que se espalhava por sua pele. Cada movimento que Jaehyun fazia era hipnotizante, como se estivesse traçando um caminho invisível que queimava sutilmente, deixando uma eletricidade pulsante por onde passava.
Ela mordeu o lábio sem perceber, sentindo seu corpo reagir de forma involuntária. Os toques eram lentos, quase distraídos, como se Jaehyun nem estivesse totalmente ciente do que fazia—ou estivesse aproveitando cada segundo daquele contato.
queria dizer algo, mas as palavras pareciam ter sumido junto com sua lucidez. O calor do corpo dele tão próximo ao seu, a maneira como seus dedos deslizavam sem pressa, como se a explorassem sem pressa alguma… tudo fazia sua cabeça girar por um motivo que parecia ser completamente diferente do álcool.
Ela engoliu em seco, sem saber se era por causa da bebida ou por causa dele.

👾👾👾

— Vamos embora? — sugeriu, enquanto tentava se livrar sutilmente do toque de Jaehyun — Acho que preciso me secar, tô começando a me sentir incomodada.
— Vocês se beijaram? — Jaehyun virou o rosto, encarando os olhos de .

sentiu o coração dar um leve tropeço quando os olhos de Jaehyun encontraram os seus.
Os dele estavam mais escuros do que o normal, talvez por causa da bebida ou pela pouca luz ao redor, mas havia algo neles que a fez prender a respiração por um segundo. A pergunta ecoou em sua mente, mas sua atenção se desviou para os detalhes do rosto dele—coisas que, até aquele momento, nunca tinha realmente parado para observar.
A forma como os cílios longos lançavam sombras suaves sobre sua pele, o traço firme da mandíbula, os lábios entreabertos como se ele estivesse esperando uma resposta. Mesmo bêbado, havia algo nele que exalava uma presença intensa, algo que nunca tinha percebido antes.
Ela piscou algumas vezes, tentando afastar os pensamentos estranhos que começaram a surgir. Jaehyun era apenas Jaehyun. O amigo de sempre. Ela nunca havia o enxergado de outra forma. Então por que, agora, seu olhar parecia mais demorado do que deveria?
Antes que pudesse responder, o som de passos apressados a fez desviar os olhos.

— Trouxe água e alguns doces. — A voz animada de Haechan quebrou a tensão entre os dois, e soltou um suspiro discreto de alívio.

Ele se abaixou ao lado deles, estendendo uma garrafa d’água e algumas balas coloridas, além de um pirulito, que balançou no ar como se estivesse oferecendo uma recompensa infantil.

— Vamos ver se isso ajuda vocês a voltarem ao normal. — Ele sorriu, mas seu olhar passou brevemente por Jaehyun antes de se fixar em .

aceitou a água rapidamente, ignorando o calor persistente que ainda sentia no corpo. Talvez fosse apenas o álcool. Ou talvez não.
Jaehyun esperou pacientemente que ela bebesse a água da garrafa e então os dois trocaram mais um olhar quando lhe estendeu a garrafa. Jaehyun pegou a mesma, ele ainda sentia o calor e a suavidade da pele de na ponta de seus dedos, mesmo que a tivesse acariciado apenas sob o tecido molhado de sua blusa.
Jaehyun fechou os olhos assim que sentiu a água gelada descer por sua garganta e tentou ritmar o coração, que batia forte e rápido no peito. O que diabos estava acontecendo com ele?
pegou duas das balas trazidas por Haechan e as colocou na boca, sentiu o contraste imediato entre o gosto adocicado e o amargor persistente do álcool em sua língua. O açúcar deveria ajudar, mas, em vez disso, a mistura despertou um desconforto estranho, uma sensação enjoativa que revirou seu estômago.
Ela fechou os olhos por um instante, tentando engolir a saliva densa que se formou em sua boca, mas a náusea só piorou. O mundo ao redor girava levemente, e o calor acumulado em seu corpo parecia sufocante, como se sua pele estivesse presa sob camadas invisíveis de peso.

— Eu… — Sua voz saiu mais fraca do que pretendia. respirou fundo, buscando clareza em meio à tontura. — Eu quero ir embora

respirou fundo, tentando acalmar o enjoo, mas a sensação de instabilidade só aumentava. Com um suspiro frustrado, ela se inclinou para o lado e estendeu a mão para Haechan, buscando apoio.
Ele entendeu o recado na hora. Com um movimento firme, Haechan segurou sua mão e deslizou um braço ao redor da sua cintura, ajudando-a a se erguer. O mundo balançou sob seus pés, e ela se agarrou instintivamente aos ombros dele, apertando os dedos no tecido ainda úmido de sua camisa.

— Devagar, — ele murmurou, sustentando seu peso sem esforço.

Ela soltou um riso baixo e cansado, sentindo as pernas vacilarem por um instante antes de encontrar equilíbrio. Seu corpo ainda parecia pesado, como se a tontura e o álcool estivessem puxando-a para baixo, mas com Haechan segurando firme ao seu lado, ela pelo menos conseguia ficar de pé.
Jaehyun permaneceu sentado, observando a cena com um olhar silencioso e difícil de decifrar.

— Vou levar você para casa. — Haechan passou o polegar sobre uma das bochechas dela.
— Não precisa! Eu vou com ela, afinal de contas, nós dois moramos juntos. Eu vou cuidar dela.

Jaehyun apoiou as duas mãos no chão e se levantou com um giro, se desequilibrando logo em seguida, sendo amparado por Haechan. Ele soltou uma gargalhada alta assim que sentiu o mundo girar ao seu redor. Ele tentou firmar os pés no chão, mas a tontura o fez cambalear, e se não fosse por Haechan segurando seu braço, ele teria caído de volta.

— Caramba… — Jaehyun riu de novo, piscando algumas vezes para afastar o turbilhão em sua cabeça. — Eu definitivamente bebi demais.
— Eu percebi. — Haechan revirou os olhos, ainda segurando com um braço e Jaehyun com o outro. — Vou levar vocês dois pra casa. Não adianta discutir.

Jaehyun balançou a cabeça, determinado, mesmo que isso só piorasse a tontura.

— A gente dá conta. — Ele insistiu, endireitando a postura com um esforço visível. — Eu cuido dela.
— Você mal tá se segurando em pé, Jaehyun. — Haechan estreitou os olhos, descrente.
— É sério! — Jaehyun sorriu, tentando parecer convincente, mas o jeito meio desajeitado e o olhar levemente perdido não ajudavam. — Eu e moramos juntos há quatro anos Haechan, a gente sempre se vira.

resmungou alguma coisa incompreensível contra o ombro de Haechan, e ele soltou um suspiro longo, olhando de um para o outro.

— Eu vou pelo menos chamar um carro pra vocês. — Ele decretou.

Jaehyun abriu a boca para protestar, mas dessa vez, só conseguiu soltar uma risada baixa ao perceber que realmente não estava em condições de argumentar.

👾👾👾

Já dentro do carro, , sem conseguir sustentar muito o peso do próprio corpo, apoiou a cabeça em um dos ombros de Jaehyun. Quando ele sentiu o impacto da cabeça da amiga, desviou os olhos para ela.
Jaehyun piscou lentamente, sentindo o próprio coração desacelerar conforme observava tão de perto. A respiração dela era tranquila, fazendo o peito subir e descer suavemente sob o tecido da roupa ainda úmida. Algumas gotas de água escorriam dos fios de cabelo, grudando na pele exposta do pescoço e nos ombros.
Ele nunca tinha parado para reparar nela assim. Ou talvez nunca tivesse se permitido.
Os cílios longos e escuros contrastavam com a pele clara, e a maquiagem surpreendentemente intacta só realçava a delicadeza de seus traços. O batom nude parecia se misturar à cor natural dos lábios, que estavam levemente entreabertos, como se ela estivesse prestes a murmurar algo a qualquer momento.
Jaehyun engoliu em seco, desviando o olhar por um instante, como se isso pudesse dissipar o peso daquela proximidade. Mas, contra sua própria vontade, seus olhos voltaram a deslizar pelo rosto de , percorrendo cada detalhe — a linha suave do nariz, a curva sutil da mandíbula, a pequena pinta perto do canto da boca que ele nunca tinha notado antes.
Uma mecha de cabelo grudou na bochecha dela, e antes que percebesse o que estava fazendo, Jaehyun esticou os dedos, afastando-a delicadamente. O toque foi tão leve que ele mal sentiu a pele dela, mas o suficiente para que seu peito apertasse de uma forma estranha.
Ele nunca tinha pensado em dessa maneira.
Jaehyun piscou algumas vezes, afastando os pensamentos e respirando fundo. Devia ser o álcool. Só podia ser o álcool.

👾👾👾

Quando eles chegaram na portaria do prédio onde moravam, Jaehyun sacudiu levemente um dos braços de para acordá-la e ela abriu os olhos lentamente, olhando ao redor em seguida.
Seus olhos ainda não reconheciam onde estavam, então ela encarou Jaehyun.

— Chegamos em casa, vem! — ele abriu a porta do passageiro que estava do seu lado e saiu primeiro.

Jaehyun saiu do carro com um movimento um pouco desajeitado, sentindo o mundo girar por um breve instante assim que colocou os pés no chão. Ele respirou fundo, piscando algumas vezes para tentar recuperar o equilíbrio antes de se virar para , que ainda estava meio adormecida no banco do passageiro.
Com um toque leve em seu braço, ele a chamou novamente:

— Vamos, . — Sua voz soou rouca, misturando o cansaço e os resquícios da bebedeira.

Ela piscou devagar, os olhos ainda enevoados pelo sono e pelo álcool, mas aos poucos pareceu entender onde estavam. Com um suspiro pesado, tentou se erguer do assento, mas suas pernas não colaboraram. Jaehyun, percebendo a dificuldade, inclinou-se e segurou sua mão, guiando-a para fora do carro.

— Segura em mim — ele murmurou, enroscando um braço ao redor da cintura dela enquanto ela se apoiava nele.

Juntos, começaram a caminhar em direção à entrada do prédio, os passos hesitantes, como se estivessem pisando em areia movediça. Jaehyun sentia o corpo de pesar contra o seu, e a cada passo incerto, os dois cambaleavam ligeiramente, tentando se equilibrar um no outro.
Quando finalmente entraram no elevador, Jaehyun encostou a cabeça na parede fria de metal e fechou os olhos por um momento, sentindo tudo girar levemente. soltou um riso abafado ao seu lado.

— Estamos péssimos… — ela murmurou, as palavras arrastadas.

Jaehyun abriu um dos olhos e a encarou de soslaio antes de soltar uma risada baixa.

— Totalmente destruídos.

O elevador finalmente chegou ao andar do apartamento, e os dois saíram com certa dificuldade. Jaehyun ainda segurava pela cintura, sentindo-a se apoiar nele a cada passo vacilante pelo corredor.

— Só mais um pouco — ele encorajou, forçando-se a manter o foco enquanto tateava os bolsos em busca da chave.

Finalmente, diante da porta do apartamento, ele respirou fundo, tentando encaixar a chave na fechadura sem errar o alvo. encostou a testa em seu ombro, rindo baixinho.

— Você tá tremendo?

Jaehyun bufou, frustrado.

— Cala a boca, .

Ela riu mais alto, e ele apenas revirou os olhos antes de finalmente destrancar a porta e ajudá-la a entrar.
Assim que Jaehyun abriu a porta, ambos entraram ainda apoiados um no outro, os passos trôpegos e descoordenados. tropeçou no tapete da entrada, puxando Jaehyun junto consigo.

— Opa! — Ele tentou segurá-la, mas o equilíbrio já estava perdido.

Em um segundo, os dois desabaram sobre o sofá da sala, com Jaehyun caindo por cima dela. O impacto fez soltar um pequeno gemido surpreso, e Jaehyun soltou um riso abafado, apoiando as mãos no estofado ao lado do rosto dela.

— Você me derrubou. — Ele murmurou, a voz carregada de diversão e cansaço.
— Foi você quem não me segurou direito… — rebateu, mas sua voz perdeu força conforme seus olhos encontraram os dele, agora muito mais próximos.

O riso de Jaehyun sumiu aos poucos quando ele percebeu a pouca distância entre seus rostos. O calor do corpo de sob o seu, a respiração dela misturando-se à dele, o perfume suave e ainda úmido da piscina… Tudo aquilo o envolveu de uma forma inesperada.
sentiu o peito subir e descer mais devagar, como se seu corpo tivesse entendido a súbita mudança de atmosfera antes mesmo que sua mente captasse. Seu olhar deslizou pelo rosto de Jaehyun — os olhos escuros, a linha forte da mandíbula, os lábios entreabertos como se ele estivesse prestes a dizer algo, mas sem conseguir.
E então, no meio daquela tensão densa, quebrou o silêncio:

— Você beijou a Minah…

Jaehyun piscou lentamente, assimilando as palavras, antes de responder, num tom baixo e quase provocativo:

— E você o Haechan.

negou devagar com a cabeça, sem desviar os olhos dos dele. O peso daquele momento aumentou quando o olhar dela desceu, parando diretamente nos lábios de Jaehyun.
Jaehyun percebeu. Ele sentiu o estômago apertar, o coração acelerar, a boca secar. Seu olhar também caiu para os lábios dela, e, antes que qualquer um dos dois pudesse pensar, ele fechou a distância entre eles.
O beijo aconteceu de forma lenta, mas intensa. Os lábios de Jaehyun roçaram os de primeiro, hesitantes, como se ambos ainda estivessem testando os próprios limites. Mas, no instante seguinte, a hesitação desapareceu, e ele a beijou de verdade, como se tivesse esperado por isso sem nem ao menos saber.
gemeu baixinho contra os lábios dele, enroscando os dedos na camisa molhada que ele vestia, puxando-o para mais perto. A embriaguez tornava tudo ainda mais sensorial, mais quente, mais inevitável.
Naquele momento, não existiam Minah, Haechan, a festa ou qualquer outra coisa. Apenas os dois.
O toque dos lábios de Jaehyun era um toque suave, quase uma provocação, mas foi o suficiente para um arrepio subir pela espinha dela. sentiu o coração pulsar forte contra as costelas, a respiração presa no peito enquanto o calor do corpo dele a envolvia.
Então, Jaehyun aprofundou o beijo.
Os lábios se encaixaram de forma lenta, como se estivessem descobrindo um ao outro pela primeira vez. O gosto doce da bala misturado ao leve amargor do álcool fazia tudo parecer ainda mais intenso, um contraste que a fazia se perder na sensação. Os movimentos eram experimentais no início, como se nenhum dos dois quisesse apressar o momento, mas logo o desejo tomou conta.
As mãos de Jaehyun, antes apoiadas no sofá para não esmagá-la, começaram a se mover por instinto. Uma deslizou pela lateral do corpo de , sentindo o tecido molhado da blusa colado à pele quente. Seus dedos pressionaram levemente a curva da cintura dela, e ele sentiu quando estremeceu sob seu toque.
, por outro lado, estava perdida na sensação dos lábios de Jaehyun contra os seus. O beijo não era apressado, mas tinha um peso que a fazia arder por dentro. Quando a língua dele roçou suavemente na dela, uma onda de calor subiu de seu estômago até a ponta dos dedos. Ela sentiu um arrepio no couro cabeludo, como se cada célula do seu corpo estivesse despertando para algo novo.
As mãos dela subiram para os ombros de Jaehyun, os dedos trêmulos deslizando pela pele quente de sua nuca antes de se enroscarem nos cabelos ainda úmidos. Ela o puxou para mais perto, e isso foi como um gatilho para ele. Jaehyun soltou um suspiro contra os lábios dela, os dedos apertando sua cintura com mais firmeza antes de subirem lentamente pelas costas, sentindo a pele quente sob o tecido fino.
O beijo foi se tornando mais profundo, mais urgente. O mundo ao redor parecia ter desaparecido. Só existiam eles dois ali, os corpos se moldando instintivamente, as respirações descompassadas misturadas. sentiu os pulmões arderem pela falta de ar, mas não queria se afastar.
Jaehyun, no entanto, foi o primeiro a interromper o beijo, afastando-se apenas o suficiente para encará-la de perto. O olhar dele estava turvo, os olhos baixos observando os lábios dela, agora avermelhados e um pouco inchados.
engoliu em seco, sentindo o ar rarefeito entre eles.
Ela nunca tinha olhado para Jaehyun dessa forma antes. Mas agora… agora era impossível não vê-lo.



— Eu não sei o que foi isso… — Jaehyun balbuciou tentando se sentar, mas parecia preso ali, sobre ela — Eu…

continuou encarando os olhos escuros dele e então foi a vez dela cortar a distância entre os dois, beijando-o mais uma vez.
Jaehyun sequer teve tempo de processar as palavras que saíam da própria boca quando sentiu os lábios de voltarem a tocar os seus. Dessa vez, não houve hesitação. O segundo beijo veio urgente, intenso, carregado de algo que nenhum dos dois queria nomear naquele momento.
agarrou a nuca de Jaehyun, puxando-o ainda mais para si, como se quisesse ter certeza de que aquilo era real. Ele, por sua vez, gemeu contra os lábios dela, uma reação involuntária ao sentir a maciez da boca dela se mover sobre a sua. O beijo era quente, molhado e lento no início, mas logo ganhou intensidade, os lábios se encaixando e se moldando de um jeito quase desesperado.
As mãos de Jaehyun se moveram por instinto, deslizando pelos braços de até a curva de sua cintura, onde apertaram levemente, como se quisessem gravar a sensação da pele dela sob seus dedos. O corpo de arqueou sutilmente ao sentir o toque dele, e isso apenas o fez aprofundar ainda mais o beijo.
Dessa vez, a língua dele buscou a dela sem qualquer receio, e o choque das temperaturas, o gosto agridoce do álcool ainda presente, tudo parecia amplificar a conexão entre eles. O coração de martelava no peito, cada batida uma resposta ao que Jaehyun fazia com ela. Suas mãos, trêmulas, deslizaram pelos braços dele, sentindo os músculos tensionados, antes de subirem e se enterrarem nos cabelos úmidos dele.
Jaehyun inclinou levemente a cabeça para o lado, tornando o beijo ainda mais profundo, suas respirações se misturando, o calor crescendo entre os corpos. O sofá parecia pequeno demais para conter tudo o que eles estavam sentindo naquele momento. O mundo fora dali havia desaparecido, existiam apenas os toques, os suspiros e a forma como seus corpos pareciam se encaixar de um jeito perigoso demais para ser ignorado.
Foi quem quebrou o beijo dessa vez, ofegante, os lábios ainda entreabertos, tentando recuperar o ar que havia se perdido entre os beijos. Ela piscou algumas vezes, como se estivesse processando o que acabara de acontecer. Jaehyun permaneceu ali, o rosto tão perto do dela que ela conseguia sentir a respiração quente dele contra sua pele.

— Isso… não deveria ter acontecido. — Ela murmurou, mas sua voz não tinha convicção alguma.

Jaehyun a encarou, os olhos escuros brilhando de algo que ela não conseguia decifrar. O polegar dele roçou distraidamente o canto dos lábios dela, como se estivesse tentando memorizar cada detalhe.

— Mas aconteceu… — ele respondeu, a voz rouca, carregada de algo que fez um arrepio subir pela espinha de .

E naquele instante, ambos sabiam que aquilo não era um erro tão simples de se apagar.

👾👾👾

O dia havia amanhecido incrivelmente chuvoso e foram as gotas da chuva batendo contra a janela do quarto de Jaehyun que fizeram ele abrir os olhos de uma vez. O corpo involuntariamente deu um sobressalto e ele se sentou em sua cama, ainda coberto pelos cobertores, ele estava nu do peito para cima e percebeu que estava um pouco suado.
A cabeça latejou intensamente, e por sorte o quarto ainda estava um tanto quanto escuro, ou certamente a dor de cabeça da claridade seria ainda mais intensa. Quando fechou os olhos tudo veio á sua mente com força, em lembranças tão cristalinas quanto água.
O calor dos lábios de nos seus, a forma como suas bocas se encaixaram com uma urgência desconhecida. Ele se lembrava da suavidade da pele dela sob seus dedos, do arrepio que percorreu seu corpo quando suas mãos deslizaram pela cintura dela.
A lembrança do primeiro beijo já era intensa o suficiente, mas foi o segundo que fez seu coração dar um salto dentro do peito. o puxando para perto, seus dedos se entrelaçando em seus cabelos úmidos, o corpo dela se moldando ao seu como se pertencessem um ao outro. O sabor dela ainda parecia presente em seus lábios, misturado ao gosto doce das balas e ao amargor do álcool.
Ele engoliu em seco ao recordar o modo como ela suspirou contra sua boca, como seu corpo respondeu ao toque dele, como se tudo aquilo fosse inevitável. O calor que subiu por sua espinha naquela noite retornou com força, mesmo agora, apenas em lembrança. O coração martelava forte contra as costelas, e a respiração ficou um pouco mais pesada.
Mas então, o peso da realidade caiu sobre ele como um balde de água fria.
Ele e .
Jaehyun esfregou o rosto com as mãos, tentando afastar o turbilhão de sensações que ainda pareciam vivas em seu corpo. O que diabos eles haviam feito?
Jaehyun afastou os cobertores do corpo e decidiu que precisava de um banho, e não só pelo suor que estava impregnado em seu corpo… caminhou até a cadeira gamer que estava um pouco afastada de sua mesa e pegou a toalha que estava sobre ela, caminhando em direção ao armário para pegar uma roupa limpa.
Assim que o fez, ele jogou as peças sobre a cama e a toalha sobre o ombro direito. Encarou a porta fechada do próprio quarto enquanto a chuva ainda caía pesadamente do lado de fora do quarto.
E se a porta do quarto dela estivesse aberta? Quase sempre estava, nisso eles eram o oposto: ele sempre fechava e ela quase sempre deixava aberta…
A porta era apenas um detalhe, mas, no fundo, dizia muito sobre os dois.
Jaehyun sempre fechava a dele. Não gostava de invasões, de surpresas, de permitir que qualquer um tivesse acesso ao que se passava ali dentro — fosse seu quarto ou sua própria mente. Ele era assim, reservado, mantendo uma barreira invisível entre ele e o mundo. Mesmo com as pessoas mais próximas, ele escolhia o que revelar e quando revelar.
, por outro lado, quase sempre deixava a porta aberta. Ela não se importava que alguém esbarrasse em seu espaço, que olhassem para dentro, que soubessem um pouco mais dela. Era aberta para experiências, para o novo, para o imprevisível. Não que fosse descuidada com seus sentimentos, mas não construía muros ao redor deles como Jaehyun fazia quase sempre.
E agora, ali, de pé diante de sua própria porta fechada, ele se perguntou se a dela continuava aberta. Se ele apenas a empurrasse levemente, será que encontraria do outro lado, esperando como se nada tivesse acontecido? Ou será que, pela primeira vez, ela também a havia fechado?

👾👾👾

Jaehyun respirou fundo antes de finalmente sair do quarto. O corredor estava silencioso, apenas o som abafado da chuva contra as janelas preenchia o ambiente. Cada passo que ele dava parecia ecoar mais alto do que deveria, e seu coração batia forte, inquieto.
Ao se aproximar do quarto de , seus olhos logo se fixaram na porta.
Ela estava como sempre. Apenas escorada, entreaberta, sem nunca estar completamente fechada, nem escancarada.
Um alívio discreto percorreu seu corpo.
Se estivesse fechada, talvez significasse que algo entre eles havia mudado de um jeito irreversível. Mas ali, do jeito que sempre esteve, quase como um convite silencioso para entrar, significava que, talvez, ainda houvesse espaço para tudo continuar como antes.
Ou… talvez não.
Porque agora, ao encarar aquela fresta, Jaehyun não sabia mais se queria apenas passar reto…
Jaehyun engoliu seco, sentindo a garganta fechar por um instante. Ele sabia que deveria apenas seguir para o banheiro, tomar um banho e esquecer tudo aquilo… Mas seus pés pareciam agir por conta própria, como se um fio invisível o puxasse para mais perto.
Antes que pudesse raciocinar, sua mão já estava na porta, empurrando-a lentamente para dentro.
O quarto de estava mergulhado em uma penumbra suave, cortada apenas pela luz acinzentada que atravessava a janela parcialmente coberta pela cortina. O som da chuva parecia ainda mais próximo ali, criando um ambiente sereno e quase intocado.
E lá estava ela.
dormia de bruços, uma perna dobrada sobre o colchão e o rosto virado para o lado. Os cabelos bagunçados se espalhavam sobre o travesseiro, algumas mechas caindo sobre os olhos fechados. A respiração era lenta e profunda, o corpo parcialmente coberto pelo cobertor de pelagem preta que revelava a curva suave de suas costas.
Jaehyun ficou parado na porta, observando-a.
Aquela imagem, tão tranquila e natural, contrastava fortemente com as lembranças intensas da noite passada. Os beijos. Os toques. A maneira como seu corpo reagiu ao dela.
Seu peito subiu e desceu em um suspiro silencioso.
Ele deveria sair.
Mas algo o impedia de se mover.
Jaehyun avançou mais alguns passos, como se estivesse pisando em território proibido. O coração martelava contra o peito, mas ele não conseguia se afastar.
Aproximou-se da cama, os olhos escaneando cada detalhe do rosto de . As sobrancelhas suavemente arqueadas, os cílios longos descansando contra a pele, a respiração ritmada. O tom natural de seus lábios contrastava levemente com a suavidade da pele, e Jaehyun lembrou-se do gosto deles contra os seus.
Ele engoliu em seco, hesitante.
O que estava fazendo?
Mesmo assim, antes que pudesse se controlar, seus dedos já estavam em movimento. Com delicadeza, ele afastou uma mecha de cabelo que caía sobre a bochecha dela. O toque foi suave, quase inexistente, mas fez sua pele arrepiar.
Os olhos de tremeram levemente, como se estivesse prestes a acordar.
Jaehyun prendeu a respiração.
se remexeu sob os lençois, soltando um resmungo quase inaudível. Seu nariz franziu levemente, como se estivesse incomodada com algo no sono, mas logo relaxou outra vez.
Jaehyun manteve-se parado ao lado da cama, observando cada pequeno movimento dela. O peito subia e descia em um ritmo lento, e ele quase podia sentir o calor que emanava de seu corpo.
Se fechasse os olhos, poderia jurar que ainda sentia os lábios dela nos seus. O gosto adocicado misturado ao álcool, o deslizar suave das bocas se descobrindo, os toques hesitantes que logo se tornaram mais firmes.
Foi diferente de qualquer outra vez.
Dessa vez, houve algo a mais. Algo que ele ainda não sabia nomear, mas que queimava dentro dele como brasas incandescentes.
Os dedos dele roçaram o tecido do lençol, mas ele recuou no mesmo instante.
O que estava fazendo ali?
Mas então, o olhar dele voltou para ela, e a resposta veio clara como o dia:
Ele não queria se afastar.
Jaehyun, sem nem perceber, se sentou na beirada da cama, próximo ao corpo adormecido de . O colchão afundou levemente com seu peso, mas ela apenas soltou um suspiro e virou o rosto para o outro lado.
Ele passou os dedos devagar pelo rosto dela, a ponta roçando a pele macia da bochecha. Seu coração trovejou no peito quando o polegar desceu pela linha do maxilar dela, quase como se tentasse memorizar cada detalhe.
Foi nesse momento que a toalha pendurada em seu ombro escorregou, caindo no chão com um som abafado. Jaehyun praguejou baixinho e desviou o olhar para o pano amontoado aos seus pés.

— Droga. O que eu estou fazendo aqui ainda?

Sentindo o peso da realidade o puxar de volta, ele se inclinou para pegar a toalha, mas hesitou. Seus olhos recaíram sobre mais uma vez. Ela continuava dormindo, alheia à tempestade que ele sentia dentro de si.
Jaehyun soltou um suspiro pesado e, enfim, decidiu sair dali antes que fizesse algo ainda mais estúpido.
Pegou a toalha do chão e levantou-se, afastando-se da cama com passos silenciosos. Quando chegou à porta, lançou um último olhar para ela antes de sair e fechá-la com cuidado atrás de si.
Jaehyun deixou o quarto de para trás e caminhou direto para o banheiro. Fechou a porta e apoiou as mãos na pia, encarando seu próprio reflexo no espelho embaçado. Sua cabeça ainda latejava, mas não era só por causa da ressaca.
Ele ligou o chuveiro e entrou debaixo da água quente, deixando que ela escorresse por sua pele, como se pudesse lavar os pensamentos que se agitavam dentro dele. Tentou se concentrar em qualquer outra coisa: no jogo que precisava terminar, nos relatórios que havia deixado para depois, até no almoço que deveriam pedir mais tarde. Mas nada disso parecia ter força suficiente para arrancá-lo do torpor em que se encontrava.
Toda vez que fechava os olhos, só conseguia ver .
O gosto dela, o toque dela, a forma como os lábios se encaixavam nos dele como se sempre tivessem pertencido um ao outro.

Merda — murmurou, passando as mãos pelo rosto.

Depois de longos minutos tentando domar os pensamentos, Jaehyun desligou o chuveiro e pegou a toalha, enrolando-a na cintura antes de sair do banheiro.
Mas, assim que abriu a porta, ele parou abruptamente.
estava ali, parada na porta do próprio quarto, pronta para sair.
Os olhos dela encontraram os dele, e os dois ficaram estáticos.
O choque inicial durou pouco, mas a tensão permaneceu. Jaehyun sentiu o corpo enrijecer ao notar a forma como o observava — os cabelos molhados grudados na testa, a pele úmida e apenas a toalha cobrindo-o.
Ela piscou algumas vezes, como se tentasse reorganizar os pensamentos que, sem dúvida, estavam tão caóticos quanto os dele.
também tinha passado a manhã tentando pensar em qualquer outra coisa. Tentando ignorar a lembrança da noite anterior, a forma como o corpo de Jaehyun tinha se encaixado no dela no sofá, como os beijos pareciam intensos demais, reais demais.
E agora ele estava ali, a centímetros de distância, e tudo o que ela queria era se perder novamente naquilo.
Os olhos dela desceram de forma involuntária até os lábios dele.
E Jaehyun percebeu.
O coração de Jaehyun pareceu parar por um segundo antes de disparar com força contra o peito. Ele viu quando os olhos de desceram até seus lábios, e, por um instante, tudo o que conseguia pensar era na sensação daqueles mesmos lábios contra os seus.
umedeceu a boca, desviando o olhar para o chão logo em seguida, como se tivesse sido pega em flagrante. Mas não adiantava. Ele já tinha visto. Já tinha sentido aquela tensão sufocante que preenchia o espaço entre os dois.
Jaehyun segurou mais firme a toalha ao redor da cintura e pigarreou, tentando se recompor.

— Você… dormiu bem? — perguntou, a voz um pouco mais rouca do que o normal.

ainda não o olhou diretamente. Inspirou fundo e soltou o ar devagar antes de responder:

— Mais ou menos… e você?

Ele hesitou. Não queria mentir.

— Também mais ou menos.

O silêncio se instalou entre eles novamente. A chuva lá fora continuava a cair, preenchendo o ambiente com seu som constante e abafado.
Jaehyun queria dizer algo mais, mas as palavras pareciam se perder antes mesmo de alcançarem sua boca. , por outro lado, continuava imóvel na porta do quarto, como se estivesse lutando contra algo dentro de si.
Até que, enfim, ela voltou a encará-lo.
E Jaehyun soube que eles estavam no limite. Um passo a mais, uma palavra errada, e tudo desmoronaria.
Ou talvez fosse tarde demais para evitar a queda.
Os olhos de passearam pelo corpo de Jaehyun, uma cena que deveria ser normal, como aquela: vê-lo sair do banheiro enrolado apenas na toalha, parecia sufocá-la agora. Aquilo fazia parte da rotina normal dos dois, não fazia? Mas, desta vez, parecia diferente. Ela sentia o peito apertado, os pensamentos embaralhados, e uma parte de si não queria desviar o olhar.
O cabelo molhado grudava um pouco na testa dele, algumas gotas de água ainda escorriam pelos ombros largos, e a toalha frouxamente presa na cintura o deixava perigosamente à mercê do acaso.
engoliu seco, sentindo uma onda de calor subir por sua pele.

— Posso usar o banheiro? — Sua voz soou baixa, quase incerta.

Jaehyun piscou algumas vezes antes de assentir, desviando o olhar e apontando com a cabeça na direção do banheiro.

— Claro.

Ela se moveu, passando por ele sem pressa, e entrou no banheiro, fechando a porta atrás de si.
Jaehyun soltou o ar que nem percebeu estar prendendo e correu uma mão pelos cabelos molhados antes de voltar para o quarto, sentindo-se ainda mais confuso do que antes.

👾👾👾

apoiou as mãos na pia, observando seu reflexo no espelho enquanto tentava organizar os próprios pensamentos. Seu coração ainda batia acelerado, e a imagem de Jaehyun parado na porta do quarto, só de toalha, parecia gravada em sua mente. Ela já o vira daquela forma inúmeras vezes, mas agora… agora tudo era diferente.
Ela fechou os olhos com força antes de abrir a torneira e molhar a escova de dentes. Enquanto escovava, sua mente não lhe dava trégua, repetindo cada detalhe da noite passada, os beijos trocados, os toques… e a forma como o corpo dela respondeu a tudo aquilo de maneira tão intensa.
Depois de enxaguar a boca, se apoiou na pia por mais alguns segundos antes de decidir que um banho talvez ajudasse a clarear sua mente.
Entrou no box e deixou a água quente escorrer por seu corpo, fechando os olhos ao sentir o vapor envolver o ambiente. Mas, em vez de relaxar, as lembranças a invadiram ainda mais.
O gosto do beijo. A sensação das mãos dele em sua pele. O jeito como seus corpos se encaixaram, como se aquilo sempre tivesse sido inevitável.
suspirou pesadamente, esfregando o rosto com as mãos molhadas.
O que diabos ela estava fazendo?

👾👾👾

saiu do banheiro, agora vestida com um simples conjunto de roupas confortáveis. Seus passos eram discretos, quase cautelosos, enquanto ela se dirigia à sala. Ao entrar, viu Jaehyun no sofá, com o olhar fixo na televisão, passando os canais sem realmente prestar atenção. Ele parecia estar tão imerso em seus próprios pensamentos quanto ela. Aquele silêncio entre eles pairava pesado no ar, como se algo não dito pairasse, mas nenhum dos dois queria quebrá-lo.
Ela parou por um momento, observando-o ali, tentando parecer natural. A cena era quase rotineira: Jaehyun relaxando no sofá enquanto ela se preparava para sair. Mas, naquela manhã, tudo parecia diferente, e ela não sabia bem como lidar com isso.
Decidiu, então, agir como se nada tivesse acontecido, como se tudo estivesse exatamente igual. De forma casual, tentou desviar a atenção do que acontecera entre eles.

— Que tal sairmos para almoçar? — Ela disse com um sorriso forçado, querendo apenas um pouco de normalidade.

Jaehyun, sem tirar os olhos da televisão, demorou alguns segundos para responder. Quando finalmente a olhou, seus olhos pareciam distantes, e ele deu um leve sorriso, quase imperceptível, como se tivesse recebido o convite mais por cortesia do que por vontade.

— Pode ser… — respondeu, mas sua voz carregava um tom de indiferença, como se estivesse lutando com algo dentro de si, assim como ela.

se afastou para pegar a bolsa, mas o desconforto ainda estava ali, pairando entre eles, como uma sombra. Ela não sabia se estava tentando se enganar ou se ele também estava fazendo o mesmo.
Ao saírem do prédio, a rua estava mais vazia do que o usual, e o som de seus passos ecoava suavemente pelo chão molhado da calçada. O céu ainda estava carregado de nuvens escuras, e o clima fresco daquela manhã trazia uma sensação de calma, apesar da tensão silenciosa entre eles.
caminhava ao lado de Jaehyun, os olhos vagando por algumas lojas fechadas e as ruas tranquilas, tentando deixar a mente mais leve. Ela olhou para ele e, sem pensar muito, perguntou:

— Pode ser no lugar de sempre?

Jaehyun, sem hesitar, respondeu de forma simples, como se fosse um pedido de rotina:

— Claro.

Era engraçado como, mesmo após tudo o que aconteceu, eles ainda mantinham aquelas pequenas rotinas, aqueles gestos automáticos, como se o mundo ainda estivesse no mesmo lugar. sentiu um leve alívio, como se isso fosse, de alguma forma, uma tentativa de manter a normalidade.
Como sempre, Jaehyun a deixou caminhar à frente, posicionando-se ao seu lado, mas sem ultrapassá-la, como se fosse uma cortesia sutil, um reflexo da maneira como ele sempre a tratava. Ela sabia que ele faria isso, mas mesmo assim, o gesto a fez sentir algo diferente. Algo que ela não conseguia exatamente nomear, mas que estava ali, visível entre os dois.
Eles caminharam lado a lado, mas o silêncio era denso. Não havia pressa, nem conversas fáceis, apenas o som da rua e os pensamentos distantes de ambos. O olhar de Jaehyun se perdeu por alguns momentos no horizonte, e , por mais que tentasse manter sua mente ocupada, se viu refletindo sobre o que acontecera entre eles e o que aquilo significava agora.
O caminho até o lugar de sempre era curto, mas parecia ter durado uma eternidade, como se o tempo estivesse desacelerando, aguardando o momento em que ambos se permitiriam enfrentar o que estavam evitando.

👾👾👾

Quando chegaram ao restaurante, o lugar ainda estava tranquilo, com poucas mesas ocupadas. O cheiro familiar de café e comida aconchegante encheu o ar, e o ambiente parecia uma espécie de santuário silencioso onde ambos poderiam se refugiar, sem questionamentos. Não havia a pressão das palavras não ditas, apenas uma paz temporária que se estendia entre os dois, como sempre.
Eles se sentaram à mesa que costumavam ocupar, perto da janela, de onde podiam ver a rua. O cardápio foi aberto quase mecanicamente, como se as escolhas já estivessem feitas de antemão, e, de fato, estavam. olhou para Jaehyun com um sorriso discreto e pediu:

— O de sempre?

Jaehyun assentiu, um pequeno sorriso no rosto também, como se fosse um acordo silencioso. Ele pediu exatamente o que sempre pedia: o prato favorito de ambos, que nunca mudava, como uma tradição que ninguém ousaria quebrar.
Após fazerem seus pedidos, ficaram em silêncio por um momento, observando o movimento da rua através da janela. O peso da última noite ainda pairava no ar, mas, por um breve momento, parecia que o mundo ao redor deles continuava, indiferente às suas próprias turbulências.
Finalmente, Jaehyun olhou para , com um sorriso torto no rosto, tentando quebrar o silêncio pesado.

— Se a gente fosse pagar as contas do restaurante com os olhares que você me lançou hoje mais cedo, eu estaria frito — ele disse, brincando, tentando trazer de volta a leveza entre os dois. — Acho que o garçom me expulsaria antes que a comida chegasse.

olhou para ele, surpresa pela tentativa de piada. Mas algo nela se suavizou, e ela não pôde deixar de soltar uma risada baixa. A tensão no ar, que parecia quase palpável, foi suavizada um pouco, graças ao esforço de Jaehyun para fazer as coisas voltarem ao normal.

— Você realmente acha que eu sou tão cruel? — ela brincou de volta, a leveza em sua voz retornando, mesmo que de forma sutil.

Jaehyun deu de ombros, ainda com o sorriso travesso.

— Talvez um pouquinho, mas é isso que eu gosto em você.

O clima ficou um pouco mais leve, ainda que a conversa não tenha sido sobre o que realmente importava. Mas naquele momento, com a comida a caminho e a rotina reconquistada, parecia o suficiente.



Continua...



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Nota da autora: Sei que o Jaehyun é o bias de quase toda fã do NCT, então demorou mais veio aí uma fic com ele. Agradeçam a Laís (vulgo Sial) <3








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