As luzes da cidade começaram a clarear o anoitecer e mantinha ajeitou a boina que insistia em cair por causa do vento gélido e forte que passava por Seul naquela época do ano.
Ela continuou andando com os cadernos e o notebook na pasta que carregava religiosamente consigo todos os dias da semana — de domingo a domingo. Adentrou a cafeteria de sempre e recebeu um sorriso caloroso de mantinha .
Os atendentes da cafeteria já a conheciam de longa data, e alguns, como mantinha , eram seus amigos já, de tão frequente eram suas visitas.
— O de mantinha noona? — mantinha perguntou ao se aproximar.
mantinha suspirou resignada e então bateu os olhos no cardápio. E se hoje as coisas fossem diferentes? E se hoje ela optasse por sair de sua zona de conforto já que estava frustrada pela falta de retorno dos amigos e pela falta de apoio da editora que a havia recém contratado?
mantinha olhou para o cardápio com uma indecisão que não combinava com o seu hábito de sempre pedir a mesma coisa. Ela podia ver o olhar curioso de mantinha , mas ignorou, mantendo o foco na lista de bebidas. "Talvez algo diferente, algo que me tire desse bloqueio mental...", pensou.
— Hoje vou querer um cappuccino com caramelo — disse, surpreendendo mantinha , que ergueu as sobrancelhas e deu um sorriso brincalhão.
— Está se aventurando hoje, noona? — ele brincou, anotando o pedido.
— Algo assim. — mantinha deu um sorriso cansado. — Às vezes, mudar é necessário.
mantinha fez um sinal afirmativo e foi preparar a bebida enquanto ela caminhava até a sua mesa habitual, no canto, perto da janela. Tirou os cadernos e o notebook da pasta, organizando tudo de forma metódica, como sempre fazia. Entretanto, mesmo com tudo pronto, não conseguiu abrir o notebook imediatamente. Em vez disso, ficou olhando para o fluxo de pessoas passando lá fora, perdendo-se nos pensamentos.
O bloqueio criativo havia se tornado seu pior inimigo nos últimos dias. As críticas eram poucas e os comentários dos amigos, raros. Eles estavam atolados em seus próprios mundos, e ela não podia culpá-los por isso, mas também não conseguia evitar a frustração crescente. E a editora? Não tinha mais tempo para apostar em incertezas. Precisava de algo sólido, um trabalho de sucesso para garantir sua posição.
— Aqui está o seu cappuccino. — A voz de mantinha a tirou de seus devaneios. Ele colocou a bebida sobre a mesa com um sorriso gentil. — E relaxa, noona, você vai dar conta. Eu confio em você.
mantinha deu um sorriso agradecido, mas por dentro a insegurança ainda pairava. Tomou um gole do cappuccino quente, apreciando a doçura que misturava o amargor do café. Talvez essa pequena mudança ajudasse a clarear sua mente.
Respirou fundo, abriu o notebook e começou a reler os trechos que tinha escrito. A história parecia boa quando começou, mas agora tudo parecia sem vida, como se algo estivesse faltando. Personagens que antes pareciam vivos e cativantes estavam agora apagados e previsíveis. Ela se perguntava se era culpa do bloqueio ou se sua história simplesmente não era tão boa quanto pensava.
O som da porta da cafeteria se abrindo chamou sua atenção. Um grupo de jovens entrou, rindo e conversando alto, e logo atrás deles, um rapaz entrou sozinho. Ele carregava um livro grosso nas mãos e parecia perdido nos próprios pensamentos, franzindo o cenho como se estivesse imerso em alguma discussão interna.
Por algum motivo, mantinha não conseguiu tirar os olhos dele. Ele parecia estranhamente familiar, mas ela não conseguia lembrar de onde. O rapaz pediu um café e se sentou em uma mesa perto da dela. A capa do livro que ele carregava brilhou à luz da cafeteria. mantinha imediatamente reconheceu o título.
Era o mesmo livro que havia gerado tanta discussão entre ela e um colega tempos atrás. Seu colega adorava o protagonista, mas ela havia afirmado que ele era mal construído e irrealista. Um debate caloroso se seguiu e, desde então, ela sempre se lembrava daquela crítica toda vez que via o livro.
A curiosidade tomou conta. Quem ainda lia aquele livro? Ela respirou fundo, tentando reunir coragem para falar, e antes que percebesse, as palavras escaparam:
— Eu adoro esse livro, mas o protagonista é uma bagunça, não acha?
O rapaz ergueu os olhos, surpreso por um momento, e depois deu um sorriso torto.
— Eu acho que ele é mal compreendido. — Ele respondeu calmamente, colocando o livro sobre a mesa. — Talvez as pessoas só não saibam olhar mais fundo.
O tom dele era desafiador, mas havia uma simpatia nas palavras que a intrigou. mantinha ergueu uma sobrancelha, curiosa:
— Sério? Você acha que ele é mais profundo do que parece? Porque, para mim, ele parece só confuso.
— Às vezes, a confusão é um reflexo do que as pessoas realmente estão sentindo — o rapaz respondeu, inclinando-se um pouco mais perto, como se o debate fosse algo natural para ele. — Ele está perdido, mas isso não o torna menos humano. Talvez a vida real seja assim.
mantinha ficou em silêncio por um momento, considerando as palavras. Estava tão acostumada a pensar no livro de uma maneira, que não tinha realmente dado espaço para outras perspectivas. E agora, esse estranho estava abrindo uma nova visão para algo que ela achava já entender completamente.
— Talvez você tenha razão. — Ela deu um leve sorriso, interessada. — Eu sou mantinha mantinha .
— Park Jimin. — Ele retribuiu o sorriso. — E parece que temos mais em comum do que eu imaginava.
mantinha arregalou os olhos, surpresa com a declaração de Jimin. Ela tentou responder, mas as palavras ficaram presas em sua garganta, e tudo o que conseguiu fazer foi rir. Uma risada nervosa, alta e descompassada, que fez suas bochechas corarem imediatamente. Ela levou a mão ao rosto, tentando disfarçar o nervosismo enquanto ainda gargalhava sem controle.
— Como assim do que você imaginava? — Ela perguntou entre risos, tentando recuperar a compostura.
Jimin riu junto, mas de forma suave, sem parecer se incomodar com o nervosismo dela.
— Bom, eu frequento essa cafeteria e a livraria ao lado há um bom tempo, e já notei que você vem aqui quase todo dia — ele disse, dando de ombros casualmente. — A gente nunca conversou, mas, de certa forma, já estou acostumado a te ver por aqui.
mantinha sentiu seu rosto esquentar ainda mais, o que só aumentou sua confusão interna. Ele a tinha notado todo esse tempo, e ela nem havia percebido. Tentando controlar a vergonha, ela tomou um gole longo do cappuccino, apenas para dar tempo ao seu cérebro de pensar em uma resposta.
— Ah, que… coincidência — respondeu, com uma risada mais contida, ainda tentando se acalmar. — Eu sou meio... viciada nesse lugar.
Jimin a observava com um sorriso leve, como se achasse divertida a maneira como ela reagia.
— É um bom lugar para escritores, não acha? Tem uma atmosfera inspiradora, e eu já percebi que você escreve muito. — Ele inclinou a cabeça, curioso. — O que você está trabalhando agora?
mantinha , ainda um pouco vermelha, olhou para o caderno e o notebook em cima da mesa. Ela se perguntou se deveria contar a verdade para ele, afinal, acabara de conhecê-lo, mas algo na forma descontraída com que ele falava a fez sentir-se mais à vontade.
— Estou tentando terminar um livro, mas estou meio travada... — disse com um sorriso sem graça. — E ninguém com quem costumo compartilhar minhas ideias tem tido tempo para ler o que eu escrevo ultimamente.
Jimin assentiu lentamente, como se refletisse sobre o que ela disse.
— Bem, se você quiser uma opinião imparcial, eu adoraria ajudar.
mantinha piscou algumas vezes, surpresa com a oferta. “Ele mal me conhece e já quer ler o que eu escrevo?” A voz interna dela estava a mil, e ela imediatamente pensou em mil maneiras de isso dar errado.
— Espera... você tá falando sério? — ela perguntou, estreitando os olhos, com a expressão desconfiada. — Eu nem te conheço, e você quer ler o meu livro? Não é uma dessas coisas onde você lê e depois some com a ideia, né? Tipo, roubo literário?
Jimin soltou uma gargalhada tão alta que fez algumas pessoas olharem em direção a eles.
— Uau! Isso foi... criativo, mantinha — ele disse entre risos, enxugando uma lágrima de tanto que riu. — Agora fiquei com medo. Você sempre acha que as pessoas estão tramando algum plano maligno? Ou é só comigo?
Ela revirou os olhos, mas não conseguiu conter um leve sorriso.
— Talvez eu só tenha uma mente afiada. Nunca se sabe, Jimin, o mundo tá cheio de gente maluca.
Ele balançou a cabeça, ainda sorrindo, claramente se divertindo com o sarcasmo dela.
— Não se preocupe, eu sou do tipo de maluco que prefere criar os próprios personagens malucos. Não tenho interesse em roubar os seus. — Ele apoiou o cotovelo na mesa, inclinando-se na direção dela com um brilho brincalhão nos olhos. — Além disso, se você realmente acha que alguém quer roubar sua história... ela deve ser muito boa. Talvez eu deva começar a me preocupar?
mantinha cruzou os braços e o encarou por um momento, tentando manter uma expressão séria, mas a leveza na voz dele era contagiante.
— Ou talvez eu só tenha medo de você descobrir que é um lixo e que eu sou uma fraude, quem sabe? — ela disse com um sorriso irônico, mas logo mordeu o lábio ao perceber o quanto sua insegurança transparecia.
— Ah, uma daquelas, hein? — Jimin deu uma risada leve, relaxando na cadeira. — Eu conheço bem esse sentimento. Eu também vivo achando que vou ser desmascarado como o pior ser humano do planeta a qualquer momento.
mantinha arqueou uma sobrancelha, surpresa com a sinceridade repentina.
— Sério? E você lida com isso... como? Fingindo que tá tudo bem?
— Basicamente! — Ele deu de ombros e abriu um sorriso largo. — Mas sabe o que mais ajuda? Rir de si mesmo. E, de vez em quando, deixar outras pessoas rirem com você. Porque, né, ninguém tem tempo pra ser sério o tempo todo.
mantinha soltou uma risada curta, mas logo voltou a sua expressão cética.
— Isso é fácil de dizer quando você é engraçado, mas eu sou mais do time "tragédia". Rir de mim mesma? Eu já vivo uma comédia de erros.
— Ah, não se subestime, mantinha . Você já me fez rir mais em dez minutos do que a maioria das pessoas em um mês — Jimin respondeu, ainda sorrindo de orelha a orelha. — Talvez você só precise de um público mais... exigente. Tipo eu, um crítico literário freelancer.
Ela estreitou os olhos de novo, mas dessa vez, não por desconfiança, e sim por achar a ideia boa demais para ser verdade.
— Pera aí... você tá me dizendo que eu deveria te pagar pra fazer piada do meu trabalho? — mantinha falou com uma voz carregada de ironia, enquanto cruzava os braços. — Porque essa é uma ideia brilhante. O auge da minha carreira de escritora: contratar um comediante.
— Eu não disse "pagar"! — Jimin levantou as mãos em um gesto defensivo, fingindo ofensa. — Eu sou um comediante gratuito. Só aceito cappuccinos como pagamento, no máximo.
Ela balançou a cabeça, rindo da proposta ridícula.
— Certo... então, você vai me ajudar a criticar o meu trabalho em troca de café? Não sei o que é mais improvável: eu aceitar isso ou você achar que vou aceitar.
— E quem disse que não pode funcionar? — Ele piscou para ela, inclinando-se um pouco mais. — Olha só, você escreve um livro, eu dou minhas críticas engraçadas e profundas, e juntos a gente faz história. Quer coisa melhor?
mantinha o encarou por alguns segundos, lutando contra a vontade de rir novamente. Ela podia ser paranoica, sarcástica e cheia de inseguranças, mas algo no jeito divertido e despreocupado de Jimin estava começando a quebrar suas barreiras. E, para ser honesta consigo mesma, ela realmente precisava de uma nova perspectiva, nem que fosse só para se sentir menos sozinha em sua frustração.
— Certo, Park Jimin, você ganhou. — Ela soltou um suspiro dramático. — Mas se você sumir com a minha história e virar um best-seller, vou pessoalmente atrás de você e vou te processar até você não ter nem mais dinheiro para cappuccinos.
Jimin soltou outra gargalhada.
— Fechado! Mas eu aviso logo: se eu ficar famoso com sua história, te dou crédito na primeira página. Justo, né?
Ela riu, dessa vez com menos nervosismo e mais relaxada.
— Vou lembrar disso. Agora, vamos ver se você é realmente tão bom crítico assim.
E, com um sorriso discreto nos lábios, mantinha passou para a mesa onde ele estava sentado e abriu o caderno na frente dele.
O momento foi interrompido pela chegada de mantinha , que colocou a xícara de cappuccino de Jimin na mesa com um sorriso simpático.
— Cappuccino duplo, como você pediu — ele disse, lançando um olhar curioso para os dois.
— Valeu, cara. — Jimin acenou com a cabeça em agradecimento, pegando a xícara com entusiasmo. — Esse aqui vai ser o combustível da minha crítica literária.
mantinha revirou os olhos, rindo levemente.
— Tá levando essa história de crítico bem a sério, hein? — disse, antes de voltar a encarar o cardápio, ainda pensando se devia ou não se aventurar fora da sua zona de conforto habitual. Ela olhou para mantinha . — Acho que vou pedir algo pra comer também. O que você sugere pra alguém que está tentando superar uma crise existencial e ainda sobreviver até o final do dia?
mantinha riu, já acostumado com o humor sarcástico de mantinha .
— Hum... bem, você pode ir com a torta de maçã, que é reconfortante e doce, ou apostar no nosso bolo de chocolate, que é perfeito pra afogar as mágoas.
mantinha apoiou o queixo na mão e considerou as opções por um segundo.
— Torta de maçã soa reconfortante... Vamos de torta de maçã então. E mais um café preto pra acompanhar. — Ela fechou o cardápio, entregando-o de volta a mantinha . — Porque nada diz "estou lidando com meus problemas" como cafeína e torta.
— Tá anotado. — mantinha riu de novo e se afastou para preparar o pedido.
Jimin a observava com um sorriso divertido enquanto tomava um gole do seu cappuccino.
— Então, é assim que você supera crises existenciais? Torta de maçã e café preto? — ele provocou. — Não que eu esteja julgando... parece bem eficaz.
mantinha deu de ombros, mantendo o tom sarcástico.
— Funciona melhor do que terapia. E sai mais barato também, sem contar que a torta nunca vai me dizer que meus problemas são "autossabotagem". — Ela fez aspas com os dedos, imitando o que algum terapeuta poderia dizer.
Jimin soltou uma gargalhada, quase engasgando com o cappuccino.
— Nossa, acho que eu poderia aprender umas lições com você. Torta como substituto para autoconhecimento... revolucionário!
Ela estreitou os olhos para ele, sem conseguir conter o sorriso.
— Cuidado, Park Jimin. Primeiro você vira meu crítico literário, depois pode acabar precisando de torta também pra lidar com os estragos. Eu não me responsabilizo pelos efeitos colaterais.
— Ah, eu topo o risco! — Ele disse, ainda rindo. — Se minha vida desandar, pelo menos eu desando comendo bem.
Ela riu com ele, sentindo-se um pouco mais à vontade na presença dele. Talvez, só talvez, isso poderia funcionar. Afinal, era só crítica literária com um toque de sarcasmo e humor, certo? Nada de mais.
***
mantinha respirou fundo, observando Jimin enquanto ele terminava de beber seu cappuccino. Ela mordeu o lábio, ainda indecisa sobre como exatamente começar a explicar sua história. Ele parecia relaxado, mas ela sabia que, por trás daquela atitude despreocupada, ele estava realmente interessado. Talvez até mais do que qualquer pessoa a quem ela já tivesse mostrado seu trabalho.
— Tá bom, aqui vai — ela começou, entrelaçando os dedos sobre a mesa. — É uma história meio… introspectiva. O personagem principal é alguém que tá perdido na própria vida, sabe? Sem rumo, sem saber quem ele realmente é. Ele meio que vive numa bolha, achando que tudo vai dar errado e que ele não merece as coisas boas. E… — Ela parou, procurando as palavras certas, sua mente cheia de inseguranças. — Bom, tem uma reviravolta lá pro meio, mas basicamente ele precisa enfrentar o próprio passado pra conseguir avançar.
Jimin a olhou com atenção, inclinando-se para frente.
— Parece interessante. Mas, olha, eu preciso mesmo ler isso. Não quero só ouvir o resumo. Preciso ver como você escreve, entender o que tá acontecendo com ele, sabe? — Ele fez uma pausa, olhando diretamente para ela. — Se você quiser, claro.
mantinha ficou em silêncio por um momento, sentindo uma mistura de nervosismo e expectativa crescer dentro dela. Era uma coisa estranha, entregar seu trabalho nas mãos de alguém que ela acabara de conhecer. Mas, ao mesmo tempo, a ideia de receber uma opinião nova, honesta e, quem sabe, até divertida, parecia mais atraente do que continuar se afogando nas mesmas inseguranças.
— Certo. — Ela soltou um suspiro longo, resignada. — Vamos fazer isso. Vou te mostrar o que eu tenho.
Ela abriu a pasta que carregava e tirou o notebook, colocando-o sobre a mesa. Enquanto ligava o aparelho, sentiu seu coração disparar. Era como se estivesse se expondo completamente para ele, permitindo que Jimin entrasse em um pedaço muito pessoal de sua vida.
— Eu vou te mostrar desde o começo, tá? — Ela disse, mais para si mesma do que para ele. — Quero que você entenda o contexto e veja se tudo faz sentido.
Jimin acenou com a cabeça, um sorriso leve nos lábios.
— Ótimo. Vou ser o crítico mais brutal e honesto que você já teve, pode apostar.
Ela sorriu nervosamente, ainda mexendo no notebook até encontrar o arquivo certo. Depois de alguns segundos, ela virou a tela para ele.
— Tá... aí está. O capítulo um. — Ela falou, tentando parecer mais confiante do que realmente estava. — Boa sorte.
Jimin olhou para ela antes de se inclinar para a frente, começando a ler. mantinha observava cada movimento dele, as expressões mudando conforme ele avançava nas primeiras linhas. Ela se remexia na cadeira, ansiosa, enquanto ele se concentrava no texto.
Os segundos pareciam horas, e mantinha lutava contra a vontade de perguntar o que ele estava achando. “Respira. Dá um tempo. Ele ainda nem terminou a primeira página”, pensou, tentando se acalmar.
Ela esperou em silêncio, seu café intocado, enquanto Jimin seguia na leitura, seus olhos movendo-se de um lado para o outro na tela.
mantinha tentava manter a calma enquanto Jimin seguia lendo, mas seu estômago revirava de ansiedade. “E se ele não gostar? E se ele achar tudo horrível?” Ela já estava se preparando mentalmente para o pior quando mantinha voltou com a torta de maçã, depositando o prato na mesa com o mesmo sorriso simpático de sempre.
— Sua torta, mantinha noona — disse ele, mas logo desviou o olhar para Jimin, que ainda estava concentrado na tela do notebook. — O que tá rolando aqui? — mantinha perguntou, seus olhos curiosos indo da torta para o notebook. — Ele tá lendo o seu livro? Finalmente encontrou alguém corajoso o suficiente?
mantinha , que já estava um pouco vermelha de nervosismo, soltou uma risada nervosa.
— É... algo assim. — Ela pegou o garfo e espetou um pedaço da torta, tentando parecer casual. — Eu contratei esse crítico literário... ele disse que vai ser brutal.
mantinha deu uma risadinha e balançou a cabeça.
— Uau, isso é sério. Bom, Park Jimin, espero que você tenha estômago forte. A mantinha é bem intensa com esses textos. — Ele lançou um olhar provocador para ela, que apenas revirou os olhos, ainda mordendo a torta.
— Já tô percebendo isso — Jimin respondeu sem tirar os olhos da tela, mas com um sorriso brincalhão surgindo no canto da boca. — Ela escreveu umas coisas aqui que estão mexendo com a minha cabeça já.
mantinha arregalou os olhos, surpresa e ao mesmo tempo em pânico.
— Como assim? Que coisas? — Ela se inclinou um pouco, querendo saber exatamente o que ele tinha achado até agora.
— Calma, calma — ele disse, erguendo a mão como se estivesse acalmando um animal selvagem. — Tô só no começo ainda. Prometo que vou fazer um relatório completo quando terminar.
— Ah, um relatório, claro. Que emocionante — mantinha respondeu, com uma ironia carregada. Ela deu mais uma garfada na torta, tentando disfarçar a crescente ansiedade.
mantinha riu, olhando para os dois antes de voltar para o balcão.
— Boa sorte aí, Jimin. E, mantinha , se precisar de um reforço emocional, tô por aqui com mais torta.
mantinha apenas suspirou, acenando em agradecimento, antes de voltar sua atenção para Jimin, que continuava a ler, agora com uma expressão mais séria.
Jimin passou mais alguns minutos concentrado, os olhos deslizando pelas palavras na tela. mantinha , enquanto isso, se ocupava com sua torta, tentando disfarçar o nervosismo. A cada nova página que ele lia, seu coração batia mais forte. Ela só queria saber o que ele estava pensando, mas tinha medo de perguntar.
Quando Jimin finalmente ergueu o olhar do notebook, ele fechou a tampa lentamente, como se processasse o que havia acabado de ler. mantinha ficou imóvel, esperando pela avalanche de críticas ou elogios, não sabia o que viria.
— Uau... — ele começou, esfregando a nuca. — Sabe, eu não esperava me sentir tão... conectado com o personagem assim tão rápido.
mantinha piscou, surpresa com a resposta.
— Conectado? — Ela repetiu, tentando não demonstrar o alívio imediato que sentiu. — Não tá só tentando ser legal?
Ele riu, inclinando-se na cadeira.
— Olha, se eu fosse ser brutal como prometi, te diria. Mas, sério, me pegou de jeito. Esse lance de se sentir meio perdido, de ter a impressão de que todo mundo tá indo pra algum lugar menos você... é bem real. — Ele fez uma pausa, olhando diretamente para ela. — Acho que você capturou bem isso.
mantinha sentiu suas bochechas esquentarem, mas rapidamente disfarçou, mexendo no garfo que estava na mesa.
— Bom, que bom que não foi uma perda de tempo então — ela murmurou, tentando parecer indiferente, mas por dentro, estava radiante. Saber que ele havia se identificado com o personagem era um alívio imenso.
Foi então que Jimin olhou para o prato e franziu a testa.
— Ei, você não terminou a torta. Tava tão ruim assim? — Ele brincou, mas seus olhos brilharam de curiosidade.
mantinha olhou para o prato com um pequeno sorriso.
— Ah, deixei um pedaço pra você. Você tá ajudando a salvar minha vida literária, então achei justo.
Ele olhou para ela surpreso, mas com um sorriso satisfeito no rosto.
— Isso sim é um pagamento justo — disse ele, pegando o garfo e espetando o pedaço restante da torta. — Se todas as críticas literárias viessem com torta, eu virava profissional.
mantinha soltou uma risada leve, ainda tentando processar o fato de que ele havia gostado da história. Ao menos, do primeiro capítulo.
— Vou anotar isso. Quem sabe não te pago com bolo na próxima? — ela disse, em tom sarcástico.
Jimin sorriu enquanto saboreava a torta.
— Feito. Mas só se o próximo capítulo for tão bom quanto o primeiro.
Jimin terminou de saborear o último pedaço da torta, e mantinha ficou observando, ainda um pouco ansiosa pela reação dele sobre a história. Ele parecia relaxado, satisfeito, até que olhou rapidamente para o relógio e franziu a testa.
— Caramba, já tá tarde — ele disse, parecendo meio surpreso. — Eu realmente preciso ir agora.
mantinha , que estava começando a relaxar, sentiu um pequeno desconforto.
— Ah, sério? — Ela arqueou uma sobrancelha, tentando disfarçar a decepção. — Bem, tudo bem. Você leu até mais do que eu esperava.
Ele riu, levantando-se da cadeira e pegando a jaqueta.
— Sim, mas eu quero ler o resto. A história me pegou — Jimin admitiu com um sorriso genuíno, o que fez mantinha sentir uma mistura de alívio e nervosismo outra vez.
— Bom saber que não foi uma tortura, então... — Ela murmurou, remexendo no garfo da torta.
— De jeito nenhum! — Ele respondeu com entusiasmo, antes de começar a procurar algo no bolso. — Aqui, pega meu número. Me manda uma mensagem quando você tiver os próximos capítulos prontos, e eu dou uma olhada.
Ele puxou um pequeno pedaço de papel e uma caneta, rabiscando os números antes de estender para ela com um sorriso.
mantinha pegou o papel, olhando para ele um pouco surpresa.
— Sério? Não vai demorar pra você responder como meus amigos?
Jimin soltou uma risada leve e balançou a cabeça.
— Não, prometo que vou ser mais rápido. Só depende de você me mandar o que tem — disse ele, piscando de leve enquanto colocava a jaqueta.
Ela revirou os olhos com uma pequena risada, guardando o papel no bolso.
— Ok, combinado. Só espero que esteja preparado pra mais drama e sarcasmo — ela brincou, sentindo um pequeno alívio pela leveza da conversa.
Jimin riu de novo enquanto se dirigia à porta.
— Estou sempre pronto. E, sério, a história é boa. Vou esperar a próxima parte.
mantinha observou enquanto ele saía da cafeteria, e, quando ele desapareceu pela rua, ela olhou para o papel com o número, sentindo um misto de ansiedade e empolgação.
“Bom, acho que agora tenho alguém pra me ajudar a continuar isso…”
Continua...
Encontrou algum erro de script na história? Me mande um e-mail ou entre em contato com o CAA.
Nota da autora: Não se esqueça de me dizer o que achou desse início hein?