Autora: Sereia Laranja e Jaden Forest
    Beta: Rachel Hemmin
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Última atualização: 28/09/2021








Meus dedos passavam em meus cachos muito bem arrumados, o chá estava sendo servido. Delphine e Deborah estavam sentadas à minha frente. Ambas queriam rir da minha face de tolo, mas eu apenas degustava um dos bolinhos de caramelo. Meus olhos verdes foram para minha mãe que adentrou o local soltando fogo, metaforicamente, de fato.
— Você está encrencado — Del sussurrou, sendo precisamente maldosa comigo.
Estreitei meus olhos em sua direção. Depois me levantei e curvei meu tronco para frente em um cumprimento para minha mamãe.
— Sente-se, — ordenou de forma severa que me fizesse engolir a seco.
Fui pegar o chá e ela deu um tapa em minha mão, a olhei com os olhos arregalados de imediato.
— Como ousa voltar de Oxford e nos envergonhar dessa forma? Como ousa manchar o nome de sua família? Não pensou nas suas irmãs? Delphine está debutando, e ela é uma das jovens mais cobiçadas na sociedade, . Como ousa?
Encolhi meus ombros e quis me esconder embaixo da mesa.
— E-eu... Eu... E-eu — pigarreei, ouvindo minhas irmãs tossirem o que pareceu ser uma risada. — Apenas perdi o equilíbrio e caí no lago. Foi apenas isso. Estava com muito calor, envergonhado e sem saber o que fazer... Não fora minha intenção, eu juro! — tentei gaguejar as desculpas, mas levei um tapa no ombro.
— Você derrubou a donzela de Shaperfield no lago, ! Não entende a gravidade? Você é o assunto de toda a corte. O desajeitado jovem que quase afogou a donzela no cortejo. O que ele faria com ela no casamento?
Soltou com mais ódio ainda. Engoli a seco e abaixei a cabeça, deixando meus cachos caírem no meu rosto e o esconderem. Estava muito envergonhado.
— Trate de dar um jeito nessa situação. Imediatamente, ! Quero casamentos na minha mesa até o final do mês! — Balancei a cabeça imediatamente, lambendo meus lábios com precisão. — Vá se arrumar para receber os pretendentes, Delphine.
Minha irmã sorriu graciosamente e então se levantou.
— Desapareça daqui, .
Assenti novamente e levantei rapidamente. Sai apressado da mansão e pedi uma carruagem para me levar à residência dos Steinfeld. Precisava urgentemente conversar com meus fiéis e sábios amigos. Claramente que já estavam sabendo do escândalo da minha volta à cidade. Como sempre eu arranjando esses problemas porque não tenho a mínima noção de como conversar normalmente com uma donzela interessada. Como eu pude derrubar a Lady no lago? Céus! Agradeço o cocheiro com um sorriso e me encaminhei ao hall de entrada. Um dos empregados me atendeu com um sorriso saudoso.
— Jovem , quanto tempo que não o vemos!
Sorri de volta.
— É ótimo estar de volta. O se encontra? — perguntei, olhando em volta e vendo que nada tinha mudado.
— Vou chamá-lo.
Então fez uma reverência e seguiu para as escadarias. Minha mão voltou a coçar de puro nervosismo. Retorci levemente meus lábios e coloquei uma mecha de cabelo atrás da orelha, meus olhos verdes passeavam por aquele lugar absolutamente familiar. Sorri de forma retraída com as lembranças de anos atrás quando sempre fugia de casa para vir até a casa de . Tantas vezes que corremos por esse hall fugindo dos empregados, de sua avó e da minha mãe também. Éramos terríveis, quer dizer, eu só queria fugir das surras porque eu sempre derrubava alguma coisa onde não deveria.
A verdade era que eu não funcionava nada bem sob pressão e todos os eventos que tínhamos que ir era sempre com muitas pessoas prestando atenção em nós. Sentia falta dos meninos também, da minha vida e tinha receio do que tinha perdido nesse tempo longe. A minha sorte foi que adorava escrever para mim, ao contrário dos outros meninos que só me enviaram no máximo duas cartas e nada mais. Mas tudo bem, não os culpava por isso. Meu rosto se virou rapidamente ao ver Ella aparecer na minha frente primeiro e sorri cortez para a própria, fazendo uma breve reverência para a mesma.
— Como você cresceu, senhorita Steinfeld.
Fiquei um pouco sem graça e sem saber para que lado ir quando ela meio que quase me abraçou, até me senti um pouco tonto. Por Deus, ! Não conseguia nem cumprimentar alguém direito mais?
— Já está bom, Ella. Ele já deve ter notado seus seios exorbitantes.
Respirei fundo e soltei o ar quando ouvi a voz familiar e adorável de atrás dela e meus olhos foram até os dele. Seu cabelo também estava um pouco maior, mas eu estava mais alto no momento e eu zombaria disso mais tarde. Então não aguentei e ri nasalado do que comentou, mas neguei com a cabeça rapidamente. Sua prima o olhou furiosa.
— Certas coisas nunca mudam mesmo — comentei baixinho sobre suas implicâncias com sua prima. — E é sempre no sorriso que rapazes olham primeiro, senhorita Ella.
Sorri gentil para ela ficar despreocupada e parar de olhar seu primo daquela forma. Senti medo dela atacá-lo ou algo do tipo, mas não antes que eu pudesse dar um abraço no meu melhor amigo.
— Não a iluda mais do que já é, . Todos sabemos que nossos olhos sempre focam nos peitos primeiros. Quem não aprecia belos seios fartos? Ella teve essa sorte, mas é uma pena que seja a minha prima. — Fez uma careta esboçando uma certa repulsa.
Arregalei meus olhos com o comentário de e tossi um pouco, negando com a cabeça e sem querer descendo meus olhos para os seios de sua prima. Os fechei rapidamente e neguei de novo com a cabeça.
— Você está sendo importuno, . Não devemos falar sobre isso com damas. — Estreitei meus olhos na direção dele, mas logo o sorriso tomou meus lábios pelos velhos tempos.
— Não estou vendo nenhuma dama no recinto. — Colocou suas mãos para trás e olhou para os lados como se procurasse alto.
Abri mais ainda meus olhos com o que comentou e soltei um riso nasalado porque não consegui me segurar, porém, tampei minha boca para abafar qualquer tipo de som.
— Continue caçoando de mim que um dia você irá acordar sem esse precioso cabelo. — Apontou para sua cabeça o fazendo erguer as sobrancelhas em tamanho abuso.
Fiz uma careta ao ouvir a ameaça de sua prima para ele e o olhei segurando o riso, esperando por sua resposta que eu sabia que viria.
— Posso dizer a mesma coisa para você, priminha. Não acho que nenhum homem irá querer se casar contigo se tiver apenas um tufo de cabelo nessa sua enorme cabeça.
Ri um pouco mais de lambendo seus lábios daquele jeito como se estivesse escorrendo algo e eu bem sabia que era a maldade por trás dos seus comentários. Não existia ninguém como ele. O admirava demais, sempre fora a pessoa que eu mais admirei em toda minha vida. Lembro -me até de quando eu tinha tinha treze anos e lhe disse que adoraria ser como ele um dia. Bonito, inteligente, astuto e esperto.
— Deus do céu! Vamos deixar o cabelo de ambos em paz — decidi comentar com minha voz calma e pacífica.
— Acho ótima ideia. Não toque nunca no meu cabelo — falou com sua prima passando os dedos em seus fios negros e lisos, os empurrando para o lado, mostrando para ela.
Sorri dele para sua prima com ele dizendo para ela nunca tocar no cabelo dele.
— Nunca no cabelo. — Repeti mais baixo, sorrindo de canto.
Ella o olhou com raiva, mas ele apenas lhe deu um sorrisinho antes que ela saísse do aposento irritada rosnando fazendo o som dos seus saltos ecoarem pela casa de tão forte que estava pisando. fez um pequeno bico e riu quando ela não estava mais presente. No entanto, ri um pouco alto com Ella rosnando.
— Um dia ela vai te morder e arrancar um pedaço da sua canela. — o alertei, balançando o indicador no ar com um sorriso divertido nos lábios.
— Eu irei rir se ela tentar. Bem a cara dela mesmo fazer uma façanha dessas — riu negando com a cabeça.
— Sei bem que vai rir mesmo. Você é perfeitamente terrível! — neguei com a cabeça, sem conseguir tirar o sorriso extremamente largo dos meus lábios.
gargalhou. Acabei rindo prontamente feliz em poder ouvir a gargalhada que meu amigo soltou, deixando aquele sentimento bom e nostálgico me tomar. Então ele sorriu abertamente vindo em minha direção, e me puxou um abraço apertado. Abri o meu sorriso para ele e também fui até ele o encontrando no meio do caminho, devolvendo seu abraço apertado. Dei alguns tapinhas em suas costas e o apertei em meus braços.
— Senti sua falta. — Foi a primeira coisa que declarou sem me soltar.
— Senti sua falta também — declarei da mesma forma, o segurando naquele abraço por mais alguns segundos. Senti suas mãos apertando meus ombros.
Naquele momento eu me senti realmente de volta ao meu lar. Agora era sim eu me sentia de volta e não como fui recebido ontem. Sentia falta dele demais mesmo. De todos seus comentários sinceros e até levemente debochados, terrivelmente venenosos também. Mas eu adorava até eles. Céus, como foi difícil ficar longe dele todo esse tempo. Sorri mais abertamente com seu aperto em meu ombro, então o apertei mais um pouquinho naquele abraço saudoso. Senti que sentiu realmente minha falta naquele abraço e também o agradeci ali de forma muda por ser um grande amigo. Ter mantido a amizade mesmo com nossa distância. Seria sempre grato por todas suas cartas que alegravam meus dias. Torcia sempre por suas cartas porque eram os motivos dos meus sorrisos e gargalhadas. Era como se ele estivesse lá comigo me contando tudo pessoalmente.
— Peço perdão por não ter avisado antes que iria voltar, minha intenção era chegar de surpresa mesmo. Mas para o meu azar… Cheguei bem à tempo para uma tarde no chá da tarde, um dos primeiros eventos da temporada de cortejos. Obviamente que fui obrigado a ir e acredito que você já deve saber o que aconteceu. — Fiz um biquinho, então toquei seu ombro. — Como você está?
Seus olhos encararam meu sorriso, e então subiram se encontrando com meus olhos. Fiquei olhando seus olhos castanhos e senti tudo ficar bem com aquele castanho levemente dourado, os olhos dele eram muito únicos e eu os adorava.
— Então você queria fazer uma surpresa? — perguntou entusiasmado com aquilo, sorrindo mais ainda. — Sim, Ella acabou de me contar que você deixou a sebosa da Victoria parecendo um gato escaldado. Pena que não pude ir nesse chá da tarde, teria me divertido bastante vendo aquela mulher inteiramente ensopada. Me conte como foi, por favor — pediu tomando um pouco de ar agora e secando levemente o canto dos seus olhos.
Ri um pouco mais daquele comentário que somente ele poderia fazer para me tirar um riso mais alto.
— Estou melhor agora que você retornou — informou, e sorriu suavemente agora enquanto me olhava. — E você, como está? — perguntou, se afastando e caminhando até a sala de estar para nos sentarmos.
— Sim! Queria te visitar bem de surpresa e também queria que você fosse o primeiro a saber da minha volta além da minha família. Por Deus! Como senti sua falta mesmo. — O abracei de novo, mas só que mais rapidamente e então me afastei. — Simplesmente fui empurrado para cima dela que logo adorou a ideia. Ela é... Bem, você sabe. Não conseguia pensar com clareza enquanto ela tagarelava sobre sua vida inteira e o quanto iríamos ser o casal mais comentado e talvez até pela rainha. Comentou sobre nossos filhos, . Filhos? Como ela pensou em filhos já?
Levei uma mão até a testa e continuei meu descontentamento:
“Quando vi estava tonto, tentei fazer uma fuga e então perdi o equilíbrio com ela segurando meu rosto e nos levei direto ao lago. Mamãe disse que eu nunca vou me casar e vou trazer vergonha a minha família e as minhas irmãs.”
Contei a última parte mais baixo. Era mesmo vergonhoso. Então respirei fundo para responder sua pergunta depois de tagarelar. ficou me olhando e rindo com a situação toda.
— Muito melhor agora que posso rir contigo também. É realmente muito bom estar de volta, . Muito bom mesmo te ver! Melhor ainda por estar mais alto que você! — Apontei para ele e soltei uma risada alta, finalmente indo me sentar com ele no sofá.
estreitou os olhos em minha direção e me jogou uma almofada por ter falado de sua altura.
— Teria sido ótimo ser pego de surpresa pela sua presença. Eu teria gostado bastante, mas isso não diminui em nada o tamanho da felicidade que me toma por poder te ver novamente. E é claro que sentiu minha falta! Duvido que na sua faculdade tivesse alguém tão impertinente quanto eu. Por quanto tempo iremos ter a sua graça? — Deu um sorriso enorme. — Bom, e sobre a Victoria ela é mesmo irritante, inoportuna e exagerada. Além de estar extremamente emocionada. Você teve sorte que ela não pensou nos nomes dos netos.
brincou dando uma risada um pouco alta que ecoou pelo hall da casa de sua avó. Não consegui segurar a risada que saiu alta com seu comentário e concordei veemente.
— Espera, ela tentou te beijar em um cortejo? No primeiro cortejo? — perguntou totalmente surpreso por aquilo. — Sua mãe tem que parar de ser tão dramática. Não seria o fim do mundo caso você não se casasse. Vergonha na família seria ter Victoria ao seu lado, isso sim. Além do mais, suas irmãs são lindas, vão ser muito cortejadas ainda. Duvido que por causa do que lhe aconteceu isso faria com que não as desejassem. — Olhou tranquilamente em minha direção.
— Tinha ficado preocupado com alguém chegando e roubando meu posto na sua vida. Acho que seria obrigado a chamar o indivíduo para um duelo, você sabia disso, não é? Iria duelar por sua amizade. E sabemos que por mim poderia ser para sempre. No entanto, pela minha mãe… Ela quer que eu me case e leve a moça para morar na mansão que temos em Bournemouth. Mas caso eu não consiga me casar ela disse que vai me despachar para Oxford novamente. Jamais terá alguém que possa te substituir, caro . Jamais!
Aquilo sempre me deixava triste porque era a mais pura verdade e eu não queria ficar longe do novamente. Não tinha sido nada bom ficar longe do meu melhor amigo. Então dei um suspiro e continuei:
— Sim, ela tentou me beijar. Pelo menos pareceu que sim. Por que ela iria segurar meu rosto com tamanho desespero? Seria um escândalo ainda maior se ela tivesse sucesso. Queria dizer que gosto de como você me tranquiliza até mesmo sobre minha mãe. Que dom, ! E ter Victória de noiva seria meu maior desgosto mesmo. Concordo sobre minhas irmãs também, elas estão adoráveis mesmo. Delphine está sendo bastante comentada, acho que meu maior dever é protegê-la dos péssimos partidos, os quais sabemos que existem de monte.
concordou com a cabeça.
— Você poderia dar um tiro em minha cabeça se eu fizesse, porque com toda certeza eu estaria beirando a loucura por te trocar — falou bem sério. — Mas Bournemouth é longe. Para que ir para um lugar tão distante assim? — perguntou não fazendo uma cara nada feliz. — É mais distante que Oxford. — Dessa vez as palavras saíram quase totalmente silenciosas de seus lábios, que se retraíram em seguida. — Prefiro que você esteja na faculdade do que… — Ele não quis terminar a frase. — Recomendo que fique longe dessa encalhada desesperada. Ou tomarei minhas providência diante a isso. — Voltou ao assunto de Victoria parecendo que queria disfarçar algo, fez um pequeno bico e ergueu as sobrancelhas. — Com toda certeza estariam organizando o casamento de vocês para o final de semana por ter violado a honra dela. Se bem que acho que ela não tem honra já faz muito tempo. — Fez uma careta e riu de forma maldosa em seguida. — Fiquei sabendo sobre Delphine. Todos os homens que conheço estão desesperados para quem consegue fazer o maior cortejo para lhe chamar a devida atenção. Posso te ajudar quanto a isso se desejar — ofereceu de forma gentil.
— Não conseguiria te dar um tiro. Nem mesmo se seu juízo estivesse perdido e você estivesse me trocando.
— Então você trataria da minha loucura? — Seu olhar me encarava com atenção.
— Trataria e ficaria ao seu lado para sempre. Não deixaria de ser o seu velho e amigo — disse com bastante seriedade, olhando da mesma forma.
Dei uns tapinhas carinhosos em seu ombro com aquele absurdo. Sabia que nunca me trocaria, mesmo que eu tivesse medo disso enquanto estivesse longe. O elo que eu tinha com aquele rapaz moreno de olhos castanhos levemente dourados era forte. Nossa amizade era especial, eu sabia muito bem disso. Não nos separamos em momento algum a não ser quando minha mãe me mandou para Oxford e mesmo assim me escreveu sempre e eu escrevia de volta. Então imaginava que teria ele na minha vida para todo sempre.
— Concordo de que é de fato longe. Mas sou o único filho homem da família para cuidar das terras de Bournemouth. Não fique triste, . Ninguém vai querer casar comigo.
Sorri para ele e afaguei seu braço. Odiava ver meu amigo cabisbaixo, já foi doloroso ter que partir para Oxford e o deixar aqui da última vez e odiaria outra partida. Não queria viver longe de . Continuei o carinho em seu braço e franzi o cenho com sua frase não terminada.
— Do que casado em Bournemouth, não é? — conclui sua frase com o que achei que fosse. — Também não é o meu maior sonho. Não vamos pensar nisso agora. — Apertei meus dedos em sua mão e então trouxe minha mão de volta, deixando ela ficar atrás do meu tronco. Adorava quando ele sorria com a língua entre os dentes, sempre me dava vontade de sorrir mais. — E sem duelos, por favor. Você é único, sabe bem disso. Senti falta dessa proteção que você tem por mim. Mas vou me manter bem longe dela sim, afinal, acredito que nem ela queira mais ficar perto de mim. Aliás, será mesmo que ela já não tem mais honra alguma? Quem foi o pobre coitado? Deus do céu, alguns minutos com você e eu já estou destilando veneno — zombei e então voltei a sorrir com sua ajuda sendo oferecida. — Ah , o que seria de mim sem você? Eu adoraria que me ajudasse a escolher a dedo os pretendentes certos para Delphine.
— As mulheres de Londres seriam loucas se não quisessem casar contigo. — Rebateu rapidamente. — Sim. Me desculpe por isso — pediu logo em seguida voltando a me olhar, realmente lamentando seu comportamento. — Mas ainda é um sonho — sussurrou, mal pude ouvir sua voz. — Ótimo saber que sou o único. — Sorriu de volta realmente feliz. — Será a melhor coisa a se fazer nesta temporada. Logo Victoria encontra um desesperado para se casar. Mas não sei quem foi o coitado que lhe tirou a honra, mas certamente fugiu. — Torceu o nariz e riu em seguida. — Espera, o que é isso?
Se aproximou, e passou seu polegar levemente no canto de meus lábios e o levou até os seus, como se provasse algo. Abri ainda mais meus olhos, vendo ele se aproximar e passar seu dedo no canto da minha boca. Será que eu estava mesmo sujo? Era bem do meu feitio vir com a boca toda suja. Já não seria a primeira vez não. Olhei para ele atentamente quando o mesmo provou seu dedo logo em seguida e ergui a sobrancelha, soltando o ar sem nem perceber que eu tinha o segurado.
— Sabia, é veneno — comentou bem sério, mas acabou rindo por aquilo mordendo seu polegar e me olhando. — Acho que meu veneno é altamente contagioso. — Piscou para mim com um sorrisinho travesso de lado. — Lhe ajudaria com prazer. — assenti com a cabeça.
Jamais iria deixar de ser amigo dele. Mesmo que a vida me mandasse para longe dele, eu arranjaria uma forma de vir visitá-lo sempre ou até mesmo tentar arrastá-lo comigo. Esse tempo em Oxford longe dele não foi nada bom, não consegui me enturmar com ninguém, ser amigo de ninguém… Não da mesma forma como eu era dele. Confiava absolutamente todos os meus segredos a . Fiquei ainda cabisbaixo pelo seu suspiro triste porque sabia que estava pensando que logo mais estaremos longe um do outro, mas não queria pensar naquilo. Ainda era cedo para pensar em separações logo quando eu tinha acabado de chegar.
— Seriam loucas de querer casar comigo, isso sim. Não sei cortejar ninguém, não sou um bom… Hm, sedutor. Não consigo manter um diálogo com nenhuma mulher e francamente não estou nem um pouco ansioso para essa temporada de cortejos. E eu também queria que fosse como antes onde eu pudesse apenas assistir vocês nesses cortejos, depois nos encontraríamos escondidos nesses eventos entediantes para beber e rir das vergonhas alheias. Não queria cortejar ninguém. Queria ficar com você e com nossos amigos. E não se desculpe, por favor. Está tudo bem, . — O apertei de leve no abraço antes de soltá-lo. Meu amigo ficou calado e apenas concordou com a cabeça. — Por favor, não vamos pensar nisso. Tenho absoluta certeza que não será nessa temporada que vão conseguir me enlaçar. E eu já desejo meus pêsames ao desafortunado que casará com Victória. — Dei um tapa em seu ombro de leve. Um bico se formou em seus lábios e ele não falou mais nada sobre aquele assunto. — Achei que meu rosto estava sujo mesmo, seu bobo. — Deixei meu tom sair como uma bronca, mas estava rindo junto com ele também, encarando seus lábios quando ele mordeu seu polegar. Isso o fez gargalhar alto, se divertindo às minhas custas. — E qual é o sabor do meu veneno então? E eu nunca tive dúvidas do contágio. — Sorri de um jeito engraçado ao ver ele sorrindo travesso para mim e isso me fez negar com a cabeça. — Seria esses cavaleiros sem graça. — O corrigi, porque ele dava graça à minha vida. Não conseguia ver um sem o , essa era a pura verdade. — Você é o melhor! — sorri abertamente com ele aceitando me ajudar com os pretendentes de Delphine.
— Tem gosto de pureza — implicou, mostrando a língua para mim, respondendo sobre o meu veneno. — É difícil achar cavaleiros a nossa altura, caro . — Sorriu de lado como se estivesse cortejando, e eu concordei com veemência, rindo em seguida. — Claro que sou — riu mais uma vez. — O melhor dos melhores.
— Que bom porque é o que eu sou mesmo. Bem purinho! — Fiz minha melhor expressão de menino puro. — Não discordo, você é o melhor dos melhores sem sombras de dúvidas.
— Eu sei — ele riu mais alto ainda. — Falando nisso, me diga. Você cortejou muitas mulheres na faculdade? — Mexeu suas sobrancelhas dando um sorrisinho de lado.
Olhei em volta rapidamente ao ouvir aquela pergunta de e então ri baixinho, sentindo minhas bochechas corarem.
— Não cortejei nenhuma moça porque… Enfim, você me conhece. — Ele sabia que eu não tinha a menor ideia de como cortejar alguém. — Mas teve umas noites que me levaram a alguns teatros e uma das cantoras gostou bastante de mim. Ela me beijou. — Cocei minha bochecha e respirei fundo. — Nem somente nos lábios. — Movimentei apenas meus lábios para apenas ele entender, sem deixar minha voz sair.
Seus olhos ficaram ainda mais curiosos com o que estava lhe contando, então sua boca se abriu bem surpreso.
— Seria impossível não gostar de você. — Sorriu abertamente. — Olha que danadinho! — Mordeu a ponta da sua língua fazendo uma cara travessa, soltando rindo depois. — E você gostou?
— Não diga bobeiras. É bem fácil não gostar de mim. — Afinal eu era um atrapalhado de mão cheia. — ! — chamei sua atenção com o que me chamou. Não era danadinho nada! Meu amigo gargalhou. — Não sei dizer... Foi diferente. Mas fiquei com tanta vergonha, tenta vergonha mesmo. Fiquei me sentindo exposto com aquela mulher me beijando ali porque sei que é algo tão íntimo. — Torci meus lábios e encostei meu queixo na minha mão. ponderou com a cabeça. — Sou um tolo por sentir vergonha disso, não é? Sei que é algo normal para vocês.
— Você está dizendo barbaridades! — retrucou bem sério e eu o olhei da mesma forma, discordando totalmente. — O que? Não. Claro que não. É o seu jeito, não quer dizer que é um tolo por isso — falou rapidamente. — Nós só estamos acostumados, é diferente. E também nos falta um pouco de vergonha na cara — riu daquilo, negando com a cabeça com um sorriso nos lábios. — Com o tempo talvez você não se envergonhe, mas não precisa falar também se isso te incomoda apenas para se enturmar. Você não precisa disso, sabe. Mas não sentiu vontade de continuar? — perguntou, me olhando de relance.
— Não falaria isso para ninguém apenas para me enturmar. Estou te contando porque você é meu melhor amigo e a pessoa em quem eu mais confio de toda minha vida. — disse mais sério, mas sorrindo gentilmente para ele. — Continuar… Você quer dizer, hm, fazer absolutamente tudo? — perguntei baixinho, e ele assentiu. — Não senti não, . Já fiquei me sentindo extremamente envergonhado naquela situação, quando ela terminou eu só pensei em sair correndo, tampar o meu corpo e também para me esconder em qualquer canto — contei a verdade. Tinha sido sim prazeroso, mas a vergonha fora maior. Meu amigo apenas ficou me ouvindo. — Como é sentir essa vontade? — prendi meu lábio inferior entre meus incisivos e o encarei curioso.
— Fico feliz que confiou em mim para me contar algo que te fez sentir assim — falou mais baixo e eu sorri carinhosamente. — Mesmo depois que você tenha… Hm, gozado. Ainda quer continuar. Desejar sentir o corpo da outra pessoa suado deslizando pelo seu, enquanto ambos queimam de prazer — contou no mesmo tom de antes enquanto olhava dentro dos meus olhos.
Umedeci meus lábios que estavam secos. Talvez fosse sede ou vontade de beber chá.
— Deus, ! Não, claro que não. Nunca senti isso não, aliás eu morro de vergonha de imaginar que outra pessoa vai me ver sem roupa. Nos despir para outra pessoa é algo tão íntimo, só de pensar… Céus! Que vergonha! — Tampei meu rosto rapidamente sentindo como estava vermelho.
— Desculpe, você perguntou… Desculpe, , por favor, mil perdões — pediu e se levantou do sofá, ouvi seus passos ficando distantes.
Uni minhas sobrancelhas e abri meus olhos, tirando minhas mãos do meu rosto para procurar pelo meu amigo. A culpa era toda minha, inteira minha. Não tinha nada a ver com ele, afinal ele podia me contar absolutamente tudo.
? — chamei. — Está tudo bem.
— Tudo bem, . Eu sei que sou um pervertido depravado — falou levantando os ombros enquanto olhava pela janela da sala. — Por isso que não irei me casar.
— Não se chame assim, por favor — pedi triste. — Já ouvi histórias piores do que as que você me contava. Há mais pervertidos. Não tem problema se é solteiro e queira se divertir assim, todos fazem, por isso que eu sei que o problema é comigo e não com as pessoas.
— Isso não diminui o fato do que eu sou. De qualquer forma, vamos esquecer sobre isso — disse em uma voz tão baixa que quase não ouvi. — Você não tem problema nenhum, .
— Vamos dar uma volta então? Que tal um chá naquela lanchonete que tanto adorávamos? — sugeri abrindo um enorme sorriso.
— Vamos — aceitou e se virou dando um pequeno sorriso.
Desde quando voltei aquela tarde tinha sido a melhor de todas, sempre conseguia fazer com que eu esquecesse de todos os meus problemas. Era como se nenhum deles realmente existisse, até o maior deles, que sempre seria a minha mãe e sua determinação em casar todos os seus filhos, principalmente a mim. O que para ela era um sonho, para mim sempre seria um pesadelo. Não conseguia me imaginar casado, estava muito feliz solteiro e poderia trabalhar e continuar dando lucro a família sem ser em um casamento vantajoso.
No entanto, estar com o meu melhor amigo fez com que eu esquecesse dessas responsabilidades completamente. Poderia continuar com ele, a vida seria mais fácil com ao meu lado. Sem casamentos. Sem donzelas. Sem ter que cortejar ninguém e muito menos mudar tudo que sou para conquistar alguém. Mas todo o meu dia perfeito ao lado do meu amigo foi por água abaixo quando tive que voltar para casa. Tive que me despedir de e já foi bem triste mesmo que tivesse prometido a ele que nos veríamos amanhã novamente.
Pior foi quando entrei em casa e os gritos de minha mãe ecoavam por todos os cômodos, mesmo a mulher estando no terceiro andar. Por Deus, eu iria enlouquecer com minha mãe! Eu sabia bem disso. Então Daphne apareceu aos prantos na minha frente, chorando e soluçando como se alguém tivesse acabado de falecer. Segurei minha irmã quando se jogou em meus braços, berrando toda sua desgraça ainda mais alto que mamãe.
— Quem morreu? — perguntei baixinho.
— Deborah arranjou um homem antes de mim! — ela respondeu aos berros.
— Oras, mas isso não é bom?
Recebi um belo de um tapa no ombro da minha irmã.
— Você é louco, ? Eu sou a irmã mais velha, deveria ter sido eu a me casar primeiro! Nem você é casado porque ninguém te quer, agora a minha irmã mais nova arranjou um homem. Estou arruinada pela eternidade! — chorou ainda mais e eu encolhi meus ombros.
— Não precisa ser cruel comigo — reclamei.
— Cruel? — Mamãe esbravejou da escada. — Trate de trazer sua irmã de volta, ! Ou eu assino o contrato de casamento com a Victória e você agora mesmo!
Arregalei meus olhos no mesmo instante, sentindo meu coração quase parar de bater e eu poderia muito bem ter um infarto ali naquele momento que seria uma benção. Não me casaria com aquela maluca! Jamais!
— Como assim trazer minha irmã de volta? Ela está aonde?
— Ela fugiu com um homem chamado Igor Bancroft — anunciou extremamente raivosa. — Ninguém deverá saber sobre essa fuga, ! Se a sociedade souber, você deverá obrigar o homem a se casar com Deborah ou estamos arruinados para todo sempre!
Engoli a seco.
— Como eu vou obrigar alguém a se casar se nem eu quero isso para mim mesmo? — questionei.
Fui burro de ter falado aquilo em voz alta porque levei uma sapatada da minha mãe e da minha irmã nos minutos seguintes.
— Já chega! Já entendi! — implorei para que elas parassem com aquilo. — Ela vai voltar casada. Eu prometo! Bem casada, extremamente casada! Todos os jornais ficarão sabendo do casamento de ouro que ela teve.
— Ai de você se isso não acontecer, peste petulante! O que eu fiz para merecer um filho como esse? E Deborah? O que estava na cabeça? — Choramingou alto.
Respirei fundo e pedi aos empregados para arrumar minha mala e já colocarem na carruagem. Sabia que não conseguiria sozinho fazer aquilo, também sabia que não podia envolver ninguém em assuntos de família, mas eu simplesmente precisava de ajuda. Então saí de casa e voltei para o mesmo lugar que estava mais cedo. A casa do meu melhor amigo.
Fui tão desesperado atrás de que não demorei nada para chegar na porta de sua mansão. Bati novamente na porta e a mesma empregada me atendeu, franzindo seu cenho e depois sorrindo de novo para mim com extrema gentileza.
— É urgente. Preciso falar com o — pedi de forma ofegante.
A mesma assentiu e me deixou entrar novamente, indo para as escadas para poder chamar meu amigo mais uma vez. Ele desceu segundos depois parecendo meio atordoado, seu cabelo estava bagunçado. me olhou e uniu as sobrancelhas.
— O que houve? Quem morreu? — questionou levemente ofegante e me olhou por inteiro.
— Vai ser eu — respondi ainda tentando respirar. Ele ficou ainda mais confuso. — Preciso da sua ajuda, na verdade, imploro por ela. Não sei por onde começar… — gaguejei e ofeguei, levando minha mão até meu peito. — Tem água?
— Não me diga que a Victoria te beijou e agora você está fugindo dela — falou com certo desespero. — Tem, na cozinha. — Seu olhar estava preocupado sobre o meu, e ele saiu andando na frente.
— Eca, não! Não! — Fiz uma careta horrenda. — Minha irmã Deborah fugiu, ! Simplesmente arranjou um homem e fugiu. Pensei que mamãe ficaria feliz com isso, mas aparentemente ela fugir, irá arruinar tudo e minha irmã Daphne nunca mais se casará. E se eu não trazer Deborah casada de volta daí eu terei que me casar com a Victória. Acredita?
— Você sabe que sua mãe só está sendo exagerada de novo, não é? — questionou estalando a língua no céu da boca, e parou no corredor. — Ela não vai te obrigar a casar com ninguém, ou vai ter mais um filho fugido. Ai eu quero ver a Daphne realmente se casar — avisou e torceu seus lábios, então se aproximou. — Fique calmo, . — me abraçou.
, ela vai sim! Você conhece minha mãe, ela está com o contrato que a família da Victoria fez pela minha mão. Não quero me casar com ela — murmurei desesperado. — Mesmo se eu fugir, para onde iria? E se elas ficassem na miséria por minha causa? Oh, Deus, jamais me perdoaria. Não sei o que fazer, . Não sei. — Abracei ele de volta com extrema força.
— Você está sendo exagerado que nem a sua mãe! Para com isso! Ninguém vai cair em miséria, sua família é rica, ! Pelo amor de Deus! — disse contrariado e me apertou contra seu corpo. — Você poderia fugir comigo se quisesse.
— Meu pai já faleceu, . Minhas irmãs e mães adoram vestidos caros e comidas caras, ninguém trabalha e bem só eu poderia trabalhar mesmo de lá. Você não acha que uma hora a fonte iria secar? — perguntei bem baixinho. — Eu fugiria contigo.
— Se a sua mãe quer tão um casamento, que ela se case novamente! Oras! Arranje um marido novo para administrar os negócios da família. Está cheio de homens por aí que se casariam com sua mãe. Se quiser eu posso declarar isso a ela agora mesmo. — estava furioso. — Olha para mim, — pediu segurando minha cabeça e a levantando. — Eu vou contigo achar a sua irmã, mas quando voltarmos, não vamos ficar aqui — avisou falando bem sério.
— Não brigue com ela agora, por favor. Ela está nervosa que sua caçula desapareceu — pedi com extrema tristeza. — E para onde vamos? — Abri mais os meus olhos.
— Está bem, mas na volta se ela falar alguma coisa para você na minha frente, não irei me segurar. — não estava brincando, e eu sabia que ele falaria mesmo. Aquilo me fez balançar a cabeça em concordância. — Qualquer lugar, menos aqui.
— Você me ajudaria a arranjar um emprego? Porque daí poderia ajudar minha mãe mesmo de longe — comentei torcendo meus lábios de leve.
— Sua mãe que se vire! — Arregalou os olhos. — Você vai precisar do dinheiro, não é para ficar mandando para ela. — Fechou ainda mais a cara.
— Não sei se conseguiria fazer isso com ela — falei a verdade. — Meu coração é de manteiga, .
— Não pense nisso agora — sussurrou e respirou fundo em meu pescoço. — Você é uma pessoa bondosa, .
— Não sou bondoso, só sou bobinho, eu sei disso. Não consigo simplesmente não me preocupar com o bem-estar das pessoas. — Suspirei cansado.
— Você é a pessoa com o coração mais puro que conheço — contou baixinho, e tinha ternura na sua voz. — E eu não aceito que ninguém se aproveite disso.
— Ah, … — fiquei extremamente emocionado com o que tinha me falado. — Você é a melhor que já conheci e sou grato por tê-la em minha vida todos os dias. Não vou aceitar ficar longe de ti nunca mais.
— Não vai ficar mais longe, nem que eu tenha que ir até o fim do mundo para estar ao seu lado — respondeu baixinho e beijou meu ombro.
— Podemos ir para bem longe juntos — sussurrei soltando um longo suspiro.
— Nós vamos — afirmou e me soltou. — Agora venha. Vou pedir para a senhora Satya preparar um chá para você. E amanhã logo cedo iremos partir para encontrar Deborah. — Então se afastou apenas para se encaminhar até a cozinha.
— Certo. Eu pedi para prepararem a carruagem com as minhas coisas, posso depois mandar um recado para ela vir para cá? — Segui ele até a cozinha.
— Claro. Fale com o meu cocheiro para ir até lá pegar a sua carruagem. — Deu um pequeno sorriso para mim e se virou para a senhora Satya, pedindo um chá.
Assenti e me afastei, voltando até lá fora para conversar com seu cocheiro. O mesmo sorriu para mim e me disse que era muito bom me ver de novo. Amava os funcionários da casa de que sempre me trataram muito bem e com muito amor e carinho. Sentia-me acolhido. Então quando voltei para dentro da casa de , aquele assunto da minha irmã não estava mais me incomodando tanto assim. Era aquele efeito bom que ele sempre me trazia, uma calmaria de que tudo poderia dar certo ao lado dele.
Sentei de frente para ele e o olhei por alguns segundos enquanto estava distraído. Senti meu sorriso ficar um pouco maior e tudo dentro de mim ficar realmente em paz como as pessoas deveriam se sentir quando chegassem em suas casas.

era o meu lar. Para sempre seria.

Meu amigo virou o rosto e me encarou, dando um sorriso pequeno. Então esticou sua mão por cima da mesa em minha direção, com sua palma virada para cima. Mordi o canto da minha boca e deixei meu sorriso aumentar um tiquinho, esticando a minha e segurando a sua mão com extrema segurança. Ele apertou a minha de volta.
— Sempre estarei contigo — sussurrou para mim, praticamente li os seus lábios.

Can I please come down? 'Cause I'm tired of drifting round and round Steinfeld



Café, eu sabia que deveria ter pedido para a senhora Satya fazendo um café bem forte para aquela viagem. Eu estava sentado ao lado do meu amigo morrendo de sono. Às vezes até cochilava e acordava com a minha cabeça batendo na madeira da carruagem. Eu deveria ter dormido a noite, mas estava ansioso demais para a viagem.
— Como vamos achar a Deborah? Você pelo menos tem alguma pista para onde ela foi? — perguntei bocejando.
— Igor era um ex militar — respondeu preocupado. — Está devendo para dois comerciantes em Bath.
— Então estamos indo para lá? Você sabe quais são esses comerciantes? — Esfreguei meus olhos tentando espantar meu sono.
— Sim, Bath. Tenho os nomes das lojas — comentou. — Eu acho que são lojas.
— Perfeito. — Sorri abertamente para . Ele era esperto. — Acha? — Aquilo me fez rir.
— Umas chamam “Bar do Tadeu” e a outra “Quintal da Dona Emmanuelle”. — Fez um bico.
Fiquei uns segundos olhando para , até meu sono me permitir ter algum tipo de reação, então comecei a rir alto.
— Você vai entrar no quintal da Dona Emmanuelle! — falei gargalhando alto, já imaginando o puteiro que deveria ser.
— Por que você está rindo? — perguntou confuso e de olhos arregalados. — O que tem no quintal dela, ? — gargalhei ainda mais.
era inocente, e isso o deixava extremamente adorável.
— Aposto que tem um pé de pêssego, outro de laranjas, e que deve até mesmo ter uma parreira de uvas — falei tentando soar sério, mas acabei rindo ainda mais. — Aposto que ele ia lá para comprar muitas frutas. Deve ser uma pessoa saudável.
— Sério? Você conhece então? — abriu a boca. Eu ri ainda mais, minha barriga estava até doendo. — Bom, menos mal. Deborah deve tá comendo muitas frutas. Ela adora morango. — Sorriu carinhoso.
, por favor! — Soltei em meio das risadas. — Deve ser um puteiro!
— O que? — Arregalou seus olhos na mesma hora. — Não diga isso! Por que seria um puteiro? Deus! Deborah! Um puteiro?
— Porque tem nome de puteiro! — respondi secando o canto dos meus olhos, parando de rir um pouco. — Homens vão em puteiros, oras.
— Mas ele fugiu com a minha irmã, ! — bufou. — Por que tá indo em puteiros? Estou ficando nervoso. Quero vomitar.
, isso é normal. — Tentei tranquilizar ele. — Eu?
— Você, ele, minha irmã! — começou ofegar. — Aqui tá calor? Tá quente! — Pegou um lenço e começou a secar sua testa.
— Ela com certeza não vai. Agora nós vamos para transar, oras. O que se faz em um puteiro? Tomar chá? — perguntei voltando a rir. — Calma, você só está nervoso. — Abri a janela da carruagem para o vento entrar.
— Nunca fui em um puteiro, ! Estou preocupado com minha irmã e o suposto marido dela está devendo uma fortuna no puteiro. — Esfregou o lenço no rosto. Aquilo era preocupante.
— Pensei que soubesse o que era. Mas se esse sujeito está devendo o puteiro, não acho que seja um bom homem para Deborah. — Ponderei com a cabeça.
— Não, claramente não é. Um homem sério iria pedir a mão dela, não fugir. — Suspirou forte. — Ah, Deus. Minhas irmãs sempre foram muito assanhadas mesmo. Não podem ver um homem! Como Deborah me foge com esse sujeito sem mais nem menos? Um homem que vai no puteiro e com bastante frequência ainda!
— Teremos sorte se ele não tirou a honra dela — comentei mais baixo sabendo que iria pirar.
, se ele tirou… — retraiu seus lábios. — Vamos ter que obrigá-lo a se casar com ela. E como faremos isso?
— Posso duelar com ele. Aí a gente traz ela de volta e Deborah que fique calada quanto a honra dela. Porque se esse sujeito se casar com ela, aí sim deverá se preocupar — o alertei.
— De jeito nenhum, ! Não vai duelar nada! — falou realmente sério comigo. — Ele era um ex militar e deve lutar muito bem. Não quero que se machuque por mim, quem deve fazer isso sou eu.
— Claro que não! De jeito nenhum que você vai duelar com ele. Ficou louco? — perguntei com meus olhos arregalados e sentindo meu peito se apertar só com a ideia de se ferir.
— Eu sou o irmão dela, ! Não tem cabimento você se ferir. E se você morrer? Jamais!
— Não vou morrer! — O segurei pelos ombros com força. — E não vou deixar você se machucar.
— Posso dar dinheiro a ele para se casar com ela, — sussurrou me encarando com medo. — Ela quis fugir com um delinquente, então ela que se case com ele agora.
— Céus, . Não! Ele não pode se casar com ela, vai falir a sua família, trair a sua irmã, vai torná-la infeliz. Sei que para fugir quer dizer que está apaixonada, mas certamente não está vendo as coisas como realmente são. Não a culpe, não a torne infeliz — pedi olhando em seus olhos. Seria uma vida cruel, e eu não desejava aquilo para ninguém, a não ser Victória.
— Mas eu não posso deixar que você se machuque por causa dela. Ela é minha irmã, — murmurou com extremo pesar. — É o meu dever proteger minha família. Que honra eu teria se não posso fazer nem isso? O que eu me torno? Um verme inútil, só pode.
— Não estou me machucando por ela, estou me machucando por você — falei rapidamente e puxei meu ar com força. Eu faria qualquer coisa por . — Não. Eu sei que você não teria coragem de puxar o gatilho, e não posso deixar isso acontecer.
— Não vou permitir, . Me perdoe, mas não vou permitir que faça isso. Vamos pensar em outra maneira de trazê-la de volta. Eu me recuso a ver você se machucando por mim, nunca mais viverei em paz, nunca mais. — Vi seus olhos verdes ficarem lustrosos, cheios d’água.
Segurei seu rosto com as duas mãos e respirei fundo.
— Não chora, por favor — supliquei e olhei dentro dos seus olhos. — Vamos dar um jeito nisso. Vamos trazer Deborah de volta, mas fica calmo.
— Sem que você se machuque. Por favor, , por favor — implorou e encostou sua testa na minha.
Fechei meus olhos e soltei o ar de forma longa.
— Vamos ficar bem. Iremos voltar e eu vou embora contigo — falei calmamente agora alisando seu rosto com meus polegares.
— Promete? — perguntou com a voz mais baixinha.
— Eu juro — sussurrei, e abri meus olhos.
Tentei não olhar para seus lábios, os mesmos que sempre senti vontade de provar. Então me afastei, sem tirar os olhos do meu melhor amigo. Acariciei mais uma vez seu rosto antes de soltá-lo. manteve seus olhos nos meus e um sorriso singelo apareceu em seus lábios enquanto ainda me olhava, até suspirar e olhar pela janela da carruagem.
Encostei minha cabeça na madeira e fiquei olhando para suas linhas, tão lindas e perfeitas. Como um homem poderia ser tão lindo como ? Chegava a parecer impossível que alguém com a sua beleza pudesse ser real. Depois de um certo tempo, meu amigo voltou a me olhar, me encarando como se quisesse falar algo. Conhecia ele bem o suficiente para saber que estava mordendo a língua para dizer alguma coisa.
— Fale — pedi de forma gentil, e sorri suavemente.
— Você não tem mesmo ninguém? — perguntou curioso, mordendo seu lábio inferior.
— Não, mas não quer dizer que eu não goste de ninguém — contei de forma discreta.
— Oh! — exclamou surpreso. — E por que você não corteja essa donzela?
— Porque não posso cortejar essa pessoa — declarei, fazendo um pequeno bico.
— Por que não? — continha preocupação no seu tom agora.
— Se eu te contar uma coisa, você jura que nunca vai contar isso para ninguém? — perguntei, o encarando seriamente.
— É claro, , nunca vou contar nada nosso para ninguém. Confio você a minha vida e você pode fazer o mesmo — falou com extrema sinceridade deixando seus olhos transbordarem a mesma coisa.
— Obrigado. — Sorri fraco para ele. — Eu não posso cortejar essa pessoa, porque é um rapaz — contei desviando o olhar.
ficou um tempo calado, imaginei que estivesse surpreso e processando aquela informação. Não consegui olhá-lo naquele momento, sentia vergonha.
— E-ele sabe? — gaguejou.
— Não, e provavelmente nunca contarei. — Isso me fez fechar os olhos e suspirar de forma pesada.
— Você acha que ele não entenderia? — perguntou da mesma forma de antes.
— Acho que ele se assustaria, e provavelmente não falaria mais comigo — lamentei, e olhei pela janela da carruagem.
— Ele seria um tolo se fizesse isso. — Ouvi ele bufar. — Ter a honra de ter seus sentimentos e fazer isso contigo, não é o certo.
— E se fosse por você que eu tivesse sentimentos? — perguntei e voltei a olhá-lo para ver qual seria a sua reação.
Notei suas bochechas ficarem mais avermelhadas, mas ele não desviou seus olhos dos meus. Permaneci o encarando sem respirar e sentindo meu coração ganhar um novo compasso.
— Não seria motivo para que eu me afastasse de você. Jamais! — falou bem determinado. — E eu me sentiria lisonjeado por ter sua atenção dessa forma quando você é a pessoa mais extraordinária que já conheci.
Naquele momento eu perdi o meu ar, então virei meu rosto, tentando respirar profundamente enquanto meu coração batia de uma forma brutal em meu peito.
— Isso não te assusta? — quis saber, e fechei meus olhos.
Um homem desejando o outro não era nada normal.
— Não assusta, é novo, completamente novo, e eu sei que na sociedade que vivemos não é aceitável. Mas nada que venha de você me assusta, eu confio em você e não vejo nada de errado — falou mais baixo.
— Obrigado — agradeci por confiar em mim naquela maneira e me apoiar.
— De nada, — sussurrou. — Caso esse rapaz demonstre interesse, o que acontecerá?
— Ele não fará isso. Ele é um tipo de pessoa centrada, nunca sentiria a mesma coisa por mim. — Fechei meus olhos e encostei a cabeça no vidro. — Assim como sei que você também não sentiria.
— Não acho que seja impossível. Existem mais rapazes que gostam de outros. Em Oxford eu conheci alguns — contou baixinho. — Oras, não seria difícil, . Você é muito bonito, gentil, gosta de mim e me respeita. Tudo que as damas não fazem comigo.
— E você já sentiu interesse por algum rapaz? — Voltei a olhá-lo, mas não sabendo se queria aquela resposta.
— Acredito que não. Na verdade, nem por damas também. Eu sou diferente, , acho que tem algo de errado comigo — falou tristonho.
— Desculpe, eu não queria que você se sentisse assim — pedi retraindo meus lábios.
— Não fique assim. Não se preocupe — disse rapidamente. — Se esse rapaz sentir o mesmo por você, eu deixo ele dormir no porão da nossa nova casa — riu fraquinho.
— Se ele sentir o mesmo por mim estará dentro da nossa casa — contei, o olhando fixamente.

Porque esse rapaz era o próprio .

— Estará? Como… como assim? — sua voz saiu mais fraca e suas bochechas ficaram mais vermelhas.
— Esquece, — pedi, voltando a olhar pela janela.
— Não, por favor, me fala. — Senti ele segurar minha mão.
— Não tenho mais nada a dizer, . O que mais quer saber? — Segurei sua mão de volta e meus olhos encararam seus orbes verdes.
— É por mim? Sério? — perguntou baixinho, apertando minha mão em seus dedos.
Uni as sobrancelhas com a sua conclusão, e meu coração disparou. Virei o rosto e olhei para fora, ficando calado.
— Conversa comigo, por favor — pediu um pouco triste.
— Desculpe por isso. — Suspirei fraco encostando minha cabeça na janela, mas sem soltar sua mão.
— Pelo o quê? — segurou minha mão com as suas duas agora. — Você não me fez nada para estar se desculpando.
— Você entendeu, — declarei retraindo meus lábios.
— Desde quando? — questionou ainda apertando minha mão.
— Há bastante tempo — respondi ainda sem coragem para olhá-lo.
— Antes de Oxford? — seus dedos alisavam minha mão agora.
— Sim, bem antes. — Minha voz saia em um tom baixo, envergonhado.
— Você me perdoa por nunca ter percebido?
levou minha mão até seus lábios e a beijou carinhosamente, aquilo fez meus dedos apertarem os seus e minha pele se esquentar.
— Eu nunca demonstrei, eu acho — contei mantendo o mesmo tom de antes.
— É verdade, mas acho que mesmo se demonstrasse talvez eu não perceberia, você me conhece — comentou baixinho com um tom bem leve.
— Bem, provavelmente que não. — Virei meu rosto para voltar a olhar para meu amigo. — Isso não vai mudar o que existe, não é? — perguntei preocupado.
— Vamos embora juntos depois de levar minha irmã de volta. — Seus tons verdes também eram determinados assim como sua voz. — Nada vai mudar. Nada. Eu não vivo sem você, . — Ouvir aquilo me fez dar um pequeno sorriso fechado.
— Também não consigo viver sem você. — Trouxe sua mão até meus lábios e beijei seu dorso.
— E eu estou mesmo lisonjeado, de verdade. Não me acho digno dos seus sentimentos, sou um completo estabanado, sem experiências alguma, atrapalhado e desajeitado. Provavelmente um falido também por causa da minha mãe e sua síndrome de grandeza. Nunca teria nada a lhe oferecer. — Fez um bico triste e seu rosto se abaixou, assim como seus ombros caíram.
Toquei de leve a ponta de seu queixo para que pudesse me olhar.
— Você tem seus sorrisos, suas risadas, suas palavras lindas, sua bondade. Sem tirar que você é lindo, companheiro, sempre esteve comigo, se tornou minha família. Você tem tudo, . Eu gosto do seu jeito estabanado, não me importo se tem experiência ou não, muito menos se tem dinheiro. Eu gosto de quem você é, exatamente desse jeito. — Deixei minha voz sair com calma enquanto olhava dentro de seus olhos.
Ele abriu um sorriso extremamente bonito enquanto me olhava com aquele mesmo carinho em seus olhos verdes que estavam brilhando. levou minha mão até seus lábios de novo e a beijou mais apertado. Aquilo me acalmou um pouco, me fez até mesmo sorrir.
— Você é a melhor pessoa que há na minha vida, . Jamais quero te perder, jamais! — falou baixinho, mas com sinceridade.
— Nunca irá me perder, . Nunca. — O puxei para perto e lhe dei um abraço apertado.
— Obrigado por confiar em mim e me contar. — Senti ele me apertar bem fortinho em seus braços.
— Obrigado por não me odiar por isso — agradeci de coração.
— Não teria motivos para te odiar, — falou mais baixo, sem me soltar.
Aquilo me fez apertá-lo ainda mais, sorrindo de forma aliviada por saber que isso não diminuía em nada a nossa amizade.

...
Pela noite chegamos em Bath. A viagem tinha sido cansativa, não iríamos sair por aí procurando pelo sujeito assim, então decidimos ficar em uma pensão no centro. Chegamos ao balcão e uma senhorita veio nos atender perguntando qual tipo de quarto iríamos querer. Olhei para , porque para mim qualquer um estaria ótimo.
— Quer dividir ou prefere ficar sozinho? — perguntei, o olhando, esperando qual seria a sua escolha.
— Podemos dividir. Sem problemas, — respondeu gentilmente, sorrindo para a senhorita em seguida. — Por acaso, você conhece onde fica esse lugar?
Apontou para o nome que tinha com ele, sem ser o do puteiro. A moça assentiu com a cabeça e escreveu exatamente o endereço em um pedaço de pergaminho, entregando a ele logo em seguida. Olhei para contente com aquilo. Já tínhamos onde ir amanhã pela manhã.
— Um quarto para duas pessoas, por favor — pedi a senhorita.
Ela sorriu e assentiu com a cabeça, se virando, pegando uma chave. Assinamos o livro de hospedagem, e pagamos por uma noite. A senhorita saiu de trás do balcão e foi caminhando na nossa frente para nos mostrar onde iríamos passar a noite. Peguei minha mala e a segui, subindo as escadas e andando até o final do corredor. Então ela abriu o quarto e me entregou a chave, apontando onde era o banheiro. Agradecemos e entramos. Fechei a porta, e coloquei minha mala em uma cadeira.
— Qual cama que você quer? — Virei para ao questioná-lo.
— Pode ser aquela do canto — disse apontando qual era. Assenti. — Estou aflito, . — Torceu os lábios.
— Vamos sair para comer algo, então. — Sorri de leve para ele, achando adorável a careta que tinha feito.
— Hm, você me conhece tão bem. Certamente que é fome — falou dando um pequeno riso.
— Claro que é. — Pisquei um olho para ele e acenei com a cabeça, para podermos sair. me deu um sorriso adorável e me empurrou de leve com seu ombro ao passar por
mim para sairmos da pensão. Acabei rindo daquilo. A garota nos indicou um dos melhores lugares que era na outra quadra, dizendo que serviam os melhores caldos. Agradecemos e seguimos até lá.
— Será que Deborah está por aqui? — Divaguei olhando para os lados um tanto quanto curioso.
— Tomara que sim. Porque se não estiver não saberei por onde mais procurar — respondeu preocupado.
— Já pensou no que vai dizer a ela para poder voltar conosco? — O olhei enquanto caminhávamos lado a lado.
— Nem que eu puxe ela pelo cabelo, — respondeu emburrado. — Onde já se viu se entregar dessa forma ao primeiro homem que apareceu.
— Ela está apaixonada, . Não seja tão duro — pedi com calma. — Levá-la a força só fará com que tente fugir novamente.
— O que te falei, , nossa última opção será fazê-los se casar de uma vez — falou da mesma forma, contendo raiva em sua voz.
Suspirei longamente, e neguei de leve com a cabeça.
— Se ele quisesse fazer isso já teria feito. Ele não é um homem bom. Acredito que não seja esse tipo que queria para sua irmã. Temos que fazê-la desistir dessa ideia. — Fiz um pequeno bico pensativo.
— E se ela… — engoliu a seco. — Se entregou a ele, ? O que faremos?
— Ninguém vai precisar saber. Simples assim. Deborah é esperta, sabe que vai ter que ficar calada. — Aleguei e voltei a olhar para frente. — Podemos mostrar a ela que ele não é uma boa pessoa.
— Espero que ela não tenha feito isso, espero de verdade. Ela pode engravidar e daí seria muito mais difícil esconder qualquer coisa — murmurou. — Podemos tentar.
— Se ela engravidar, podemos levá-la para morar com a gente por um tempo, alegando que voltará na próxima temporada, para poder abafar o escândalo. Assim ela terá paz por um tempo pelo menos. E pelo amor de Deus, sua mãe não pode nem ao menos sonhar com essa ideia — disse rapidamente e respirei fundo. As coisas poderiam ficar piores do que pareciam.
— Deus! — exclamou soltando o ar. — O problema será ele, . Por que ele fugiria com a minha irmã? Não deve ser só sexo que ele queira.
— A não ser que queira dinheiro. — Ergui uma sobrancelha encarando meu amigo. — Aposto que se a gente oferecer algo para ele, o sujeito vai embora e deixa Deborah.
— Isso que estou pensando. Deve ser o objetivo dele por ter roubado uma moça de família que sabe que está maluca para se casar logo. Ele está devendo, lembra? Faria todo sentido a família dela pagar por ela para ele ficar de bico fechado. — Grunhiu de ódio. — Maldito!
— Faria todo sentido — concordei com ele, e respirei fundo. — Precisamos encontrá-lo antes de falar com a Deborah.
— Quanto será que ele vai pedir? Ah, ! — suspirou pesado. — Não vejo menos do que dez mil libras.
— O que ele pedir iremos negociar. Ou… — abri um sorriso largo. — Se Deborah nos ouvisse negociando com ele, e visse que tudo o que quer dela é o seu dinheiro e não seu doce coração, isso a faria voltar.
— Mesmo assim ele tem cartas nas mangas. Pode espalhar boatos que tirou a pureza da minha irmã e ela nunca mais se casará.
— Podemos levá-la embora para onde ele não saiba. Em um lugar que não a conheçam, não saberiam de nada. — Virei meu corpo andando de lado. — Ou a gente só enterra o cara vivo. — Brinquei, dando um riso.
— Se ela aceitar, podemos sim fazer isso. — Balançou a cabeça rindo fraco. — Queria matar esse… Verme.
— Queria nada, você não mata nem uma formiga. — Impliquei, lhe dando língua.
— Não mesmo, mas a formiga é fofinha — respondeu fazendo um biquinho.
Acabei rindo alto do que disse, e achei adorável o bico que ele tinha feito.
— Você é ótimo, . — Neguei com a cabeça de leve.
— Você que é — rebateu rindo de um jeito fofo.
Sorri o olhando rindo. Aquelas covinhas afundadas em suas bochechas era a coisa mais adorável do mundo. Mordi de leve meu lábio inferior e olhei para frente. Vendo o restaurante que a senhorita tinha nos indicado.
Adentramos o lugar e nos sentamos em uma mesa no canto do lugar. Olhei ao redor.
— Por acaso você sabe como o sujeito que fugiu com a Deborah é? — perguntei rindo daquilo. Porque me toquei que não tínhamos ideia de quem era.
— Eu não faço a mínima ideia! — respondeu rindo de nervoso.
Aquilo me fez rir ainda mais. Estávamos lascados demais para achar esse cara. Deus!
— Teremos que nos virar — falei rindo mais um pouco.
— Podemos pedir a descrição dele para as pessoas que ele deve — sugeriu.
— É uma ótima ideia. — Apoiei meus cotovelos na mesa e meu queixo em minhas mãos enquanto olhava para . — Aposto que deve ser feio ainda.
— Será que é feio? — perguntou dando outra risada. — Deborah tem péssimo gosto se for.
— Tomara que seja, vai facilitar o trabalho — ri mais, e neguei com a cabeça.
— Eu penso que no mínimo tem que ter algum atributo para que minha irmã possa ter perdido a cabeça e eu espero de verdade que não seja o que ele tenha dentro das calças — falou esboçando uma careta cômica.
— Então… — ergui minhas sobrancelhas fazendo um bico. — Pode ser até os dois. — Eu queria rir, mas sabia que isso deixaria mais nervoso.
— Deus! O que eu fiz para merecer duas irmãs com tanto fogo nas roupas debaixo? — suspirou frustrado. — Acho que todo o fogo que eu deveria ter foi para elas, sabia?
Não aguentei e acabei gargalhando, jogando meu corpo para trás, e colocando as mãos na barriga. era perfeito exatamente daquele jeito. Não existia mais ninguém que conseguisse me fazer rir daquela maneira. As coisas que falavam eram sempre tão sinceras e isso deixava tudo mais engraçado.
— Olha, não posso concordar, nunca estive intimamente com elas — falei rindo mais ainda.
— Graças a Deus, não é mesmo? — ergueu suas sobrancelhas.
— Talvez. — Ri ponderando com a cabeça em brincadeira.
— Oras, não me faça jogar esse pedaço de pão em você aqui mesmo — ameaçou estreitando seus olhos na minha direção.
Pisquei um olho para .
— Seria impossível me interessar por alguma delas quando meu coração já está ocupado — declarei em um tom mais baixo, e olhei ao redor esperando alguém trazer as sopas.
— E o seu destino é aturar o dono do seu coração para sempre — falou baixinho.
Franzi o cenho e virei meu rosto, o encarando por alguns segundos, até que sorri fraco.
— Será um enorme prazer aturar ele para sempre — contei encarando seus belos olhos verdes que me faziam querer suspirar.
deixou um sorriso tímido se desenhar em seus lábios e pude ver suas bochechas ficarem em um tom mais avermelhado. Em seguida, o próprio colocou seu cabelo atrás de sua orelha e pigarreou. Ele era extremamente adorável, e eu poderia ficar olhando para ele daquele jeito sentado ali a noite toda, e nada tiraria a minha atenção.
— Deveremos ir ao… Bem, você sabe — disse no mesmo tom baixo de antes. — Nunca entrei em um antes.
— Hm, quer ir lá depois que comermos? Se preferir podemos ir amanhã à noite. — Desviei o olhar e encarei novamente o salão.
— Acho que podemos ir hoje mesmo. Vai que encontramos o ordinário lá — comentou crispando seus lábios.
— Está bem. Vamos comer e iremos até lá — concordei com ele.

...


Quando acabamos o jantar, fomos procurar o tal do Quintal da Dona Emmanuelle. E como esperado era mesmo um prostíbulo. Estava cheio de damas na porta chamando os homens para entrarem. Sorrindo e acenando, seduzindo quem passava. Ri daquilo e olhei para . Ele iria ficar incomodado ali dentro, mas eu infelizmente já estava acostumado, sempre ia com nossos amigos para eles não desconfiarem de nada sobre mim.
— Quer me esperar aqui? — ofereci o olhando com carinho.
Ele olhou em volta um pouco incerto e confuso, em seguida coçou sua bochecha sendo o que eu conhecia bem, estava com medo de ficar ali fora também.
— Eu consigo fazer isso — falou tentando soar determinado. — São só… são só mulheres nuas tentando nos agarrar. Dou conta disso. — Então ajeitou seu casaco como se fosse encontrar sua coragem ali dentro.
— Elas vão passar a mão em você — avisei erguendo uma sobrancelha.
— Como assim? Passar a mão onde? — Arregalou seus olhos.
— Seus braços, suas costas, seu peito. Vão segurar a sua mão e colocar nos seios delas e apertar… — dei um pequeno exemplo, porque era isso para pior.
— Céus! — esboçou uma careta. — Acho melhor você entrar sozinho então. Porque capaz que eu cause um caos lá dentro, não sei, jogando alguma numa fonte ou até mesmo me jogando na pia. Vai saber…
— Seria divertido. Mas se você quiser, tem a parte dos rapazes também… — mordi a ponta da minha língua querendo rir.
! — ele bateu de leve em meu ombro. Acabei rindo. — Quer que eu leve um soco?
— Mas os rapazes eles vão bater outra coisa — ri daquilo. — Se você quiser apanhar, eles fazem também. — Brinquei, rindo mais.
— Por Deus, . Por que eu ia querer apanhar? — seus olhos se abriram mais.
— Porque é gostoso — sussurrei para ele.
— Apanhar é gostoso? — levou suas mãos até seu rosto. — O mundo é estranho ou sou só eu mesmo que não o acompanho? Cada uma que eu escuto!
— É porque você nunca provou. — Pisquei um olho para ele e me virei, entrando no lugar.
— Você é tão experiente — comentou respirando fundo e fazendo um bico. — Queria ter a sua coragem.
Encarei e fiz um pequeno bico também, então me aproximei dele.
— Não tenho experiência nenhuma. Falo o que os caras ficam contando. Eu só transei uma vez, foi com uma mulher e odiei — confessei baixinho em seu ouvido. — Você vai ficar mesmo aqui ou vai entrar?
me olhou extremamente surpreso, ainda parecendo processar o que eu tinha acabado de lhe contar. Então olhou em volta novamente e gaguejou um pouco antes de formar uma resposta:
— Quer saber? Eu vou entrar — falou agora extremamente determinado e passou por mim em direção ao lugar.
Não falei nada, apenas o segui. Entramos nos prostíbulo, e foi mais ou menos como eu tinha dito. As mulheres passavam as mãos pelos nossos corpos, nos puxando ou tentando nos levar para algum canto. Peguei uma e segurei sua mão, a girando e colando suas costas contra o meu peito, e fui andando com ela segurando suas mãos para não ficar me tocando.
— Se você me contar uma coisa, posso te pagar o que seria uma noite toda comigo — sussurrei em seu ouvido com a voz lenta e rouca.
— Hmmm, mas nada que eu lhe contar seria mais gostoso do que a noite comigo — respondeu dando um riso safado. Gemi fraco em seu ouvido para provocá-la.
— Tem razão, seria delicioso passar a noite com você, mas não vou conseguir fazer isso — falei passando os lábios pela sua orelha e soltando meu ar quente. — Você conhece algum Igor? Ex-militar. Soube que vinha muito aqui. — Beijei seu pescoço lentamente.
— Para falar de algum cliente eu cobro duas noites, docinho — contou, me olhando por cima de seu ombro, o qual desci meus lábios e dei uma mordidinha. — A Dona Emmanuelle não gosta que demos informações de seus clientes.
— Então ele realmente era cliente de vocês — constatei, e beijei sua pele. — Emma não vai saber que você me contou nada — falei como se conhecesse a dona bem intimamente. Apertei mais seu corpo contra o meu. — Você lembra como ele estava na última vez que veio aqui? Corte do cabelo, cor…
— Sim, eu me lembro — respondeu e foi virando seu corpo para ficar de frente para mim, olhou em volta disfarçadamente e depois trouxe seus lábios até o meu ouvido. — Boa tentativa, docinho.
Então se afastou, piscando um olho para mim e seu rosto se virou quando outra mulher apareceu ao seu lado. Rolei meus olhos. Ela poderia ter ganhado duas noites fáceis.
— Se quer saber de clientes é comigo que tem que falar — a mulher falou. — Dona Emmanuelle ao seu dispor. Se quer saber sobre o queridinho Igor, terá que pagar a dívida dele, a qual não é barata.
Fiz um bico e passei meus olhos pelo lugar procurando por , mas não o achei. Esperava que estivesse bem. Então me aproximei da mulher.
— Não quero saber de muita coisa — comentei dando de ombros. — Podemos conversar apenas nós dois? — pedi e encarei a mulher que tinha me entregado, esperando que ela saísse.
A garota sorriu de lado e se afastou, me deixando a sós com a dona do lugar.
— Não gosto de pessoas que não me pagam, rapaz. E se você for outra pessoa que o tal dito cujo está devendo, sinto lhe informar que a fila é grande. — A mesma pegou um cigarro, o acendendo e tragando fortemente.
— O cretino roubou algo meu, mas não consegui ver seu rosto. Apenas o nome e o que ele era; ex militar e um pilantra que está devendo a senhorita e aparentemente o Tadeu — contei colocando as mãos no bolso e soltando o ar de uma forma pesada enquanto olhava para a dona Emmanuele.
— Para a mercearia da esquina também se quer saber mais um que ele está devendo — contou dando um riso nasalado. — Posso te dar o nome de quem ele sempre vinha procurar serviços. Mas como eu te disse, quero a dívida dele paga — falou mais baixo.
— Que beleza. Ele morava aqui? — perguntei unindo as sobrancelhas de leve. — Era uma mulher fixa?
apareceu ao meu lado naquele momento, seu rosto estava mais pálido que o normal, assim como sua expressão não estava nada boa também. O olhei por inteiro vendo se suas roupas estavam intactas, vai que alguma das mulheres o pegou...
— Igor não era ex-militar, ele era um dos rapazes dela — contou com a voz baixa. — Ele te roubou, não está devendo noites com uma pessoa. Como ele roubou uma identidade de um militar? — Meu amigo questionou a mulher que rolou seus olhos.
Eu não queria saber como ele conseguiu descobrir isso, não mesmo!
— Quero o que ele me roubou! — ela falou estendendo sua mão para nós dois. Então a peguei e balancei no ar como um comprimento.
— Ótimo, eu também quero. Boa sorte em conseguir — respondi e a soltei, pegando a mão de e o puxando dali.
— Você acha uma boa ideia irmos no quartel do exército perguntar sobre o verdadeiro Igor? — perguntou baixinho ao me acompanhar para fora daquele lugar.
— Provavelmente que esteja morto, . Não se mete nisso. Temos que achar a Deborah e dar o fora desse lugar — murmurei para ele apertando mais a sua mão.
— Mas e se o exército nos ajudar? É um deles morto por um garoto de… — olhou para trás para indicar o lugar.
— Eles não vão nos ajudar. Você descobriu qual o nome verdadeiro dele? E se ele trabalhava aqui, provavelmente não gosta nem de mulheres — contei prendendo meus lábios em uma linha reta. — O que seria ótimo, porque então ele não se deitou com a Deborah.
… — ele parou na minha frente arregalando seus olhos. O encarei sem entender o que estava acontecendo. — E se o plano for esse? Arrancar dinheiro da família dela para fugir com o amado? O militar pode nem estar morto nada!
— Pior ainda! — Travei meu maxilar com aquilo e apertei mais a mão de .
— O nome verdadeiro dele é Lucas — contou baixo. — Ele é loiro, mais ou menos de 1,85 de altura. Tem uma cicatriz em seu lábio inferior.
— Como conseguiu essas informações? — tive que perguntar, porque não estava mais aguentando de curiosidade.
— Ah, eu não tenho orgulho do que fiz — lamentou soltando um suspiro envergonhado. Fiquei encarando seu rosto com certa preocupação. — Enganei uma garota, subimos para um dos quartos… — retraiu seus lábios.
— O que você fez? — perguntei, chegando mais perto dele e apertando meus dedos em sua mão.
— Chorei para ela — falou ainda envergonhado.
— Ah, … — soltei rindo um pouco e levei minha outra mão até seu rosto. — Você é perfeito — ri mais um pouco por não estar conseguindo segurar. — Estou orgulhoso de você. Mas o que houve para você chegar aqui embaixo pálido assim?
— Fiquei com medo das coisas que a Beatrice me contou. Ela teve uma vida difícil, , pobre garota. Mas em meio as nossas lágrimas, ela me contou sobre o tal de Lucas. — Fez um biquinho triste.
Respirei fundo sentindo uma vontade enorme de beijá-lo naquele momento, então apenas me afastei não falando mais nada, e o puxei para sairmos logo daquele lugar que fedia a sexo.

Now I lie awake and scream in a zero gravity
And it's starting to weigh down on me
Let's abort this mission now
Can I please come down?



As coisas que Beatrice tinha me contado ainda me atormentavam, ela tinha me contado sua história de vida, era a pior de todas que já tinha escutado. Aquilo apertava meu peito, porque ela poderia ser minha irmã. Suspirei triste quando estava deitado na cama que havia escolhido mais cedo. Deslizei minha mão para baixo do travesseiro e meus olhos foram para que estava deitado na outra cama. Ele parecia distraído, olhando o teto do quarto e eu olhava para ele com atenção agora.
gostava de mim. Ainda era bem difícil de assimilar aquela informação, porque para mim era bem impossível alguém como ele se atrair por mim. Muitos momentos do dia eu tive que me beliscar disfarçadamente para ver se eu não estava em algum dos meus sonhos malucos. Todavia, não podia negar que aquilo aquecia meu peito de um jeito divino. era lindo, sempre ouvi o quanto ele era um dos rapazes mais belos de Londres e hoje havia me dito que eu era o dono do seu coração. Senti um sorriso se formar em meus lábios ao me lembrar disso e então suspirei baixinho de novo.
— Está pensando em quê? — decidi perguntar.
— Ia te fazer a mesma pergunta agora por ter suspirado desse jeito. — Se virou e sorriu de leve para mim.
— Ah… — senti minhas bochechas esquentarem demais. — Por que sempre mentiu sobre suas experiências? — mudei de assunto.
— Para você não achar que eu era um bobo. — Fez uma careta e puxou mais a coberta até embaixo do seu queixo.
— Eu? — ri fraquinho. — , quem sou eu para achar alguém bobo? Eu chorei em um puteiro. Quem faz isso? — ele riu baixinho.
— Acho que a ideia de que você sempre me ver como a pessoa que sabia de tudo, eu não queria parecer que não sabia das coisas, queria poder falar sobre qualquer coisa que você não soubesse para poder te acalmar. E o que contar para os nossos amigos também. Não queria parecer deslocado — confessou fazendo um pequeno bico e fechou os olhos dando um suspiro.
— Está tudo bem, eu te entendo por mentir — falei baixinho. — Quando fui para Oxford também não fui sincero sobre como eu realmente era. Quis ser popular lá, entende? Ser o rapaz que todos queriam ser amigo. Mas eu odiei, não é algo bom criar máscaras para que as outras pessoas gostem de você. Eu percebi que era bem mais feliz em Londres contigo, sendo eu mesmo. Quero que você saiba que pode ser quem é de verdade comigo, não vou me importar nunca se você tem ou não experiências. Não são por causa delas que somos amigos. — Isso fez com que ele abrisse os olhos e ficasse me encarando por um longo tempo.
— Sempre fui eu mesmo com você, só as histórias que conto para os meninos que são mentiras, eu não te falei muito delas por saber que não gosta. Então você é a pessoa que eu fui mais verdadeiro a minha vida toda. — estendeu a mão em minha direção pelo espaço que tinha entre as camas, a qual segurei sem hesitar.
— Fico feliz em ouvir isso — disse com mais alívio e alegria, apertando sua mão, vendo um sorriso pequeno vir em seus lábios. — Eu que tenho sorte em não ter sido desprezado por você em momento algum, mesmo quando éramos crianças, você sempre me tratou muito bem, sendo o melhor de todos.
— Seria impossível desprezar a pessoa mais doce e adorável que conheço — contou dando um sorriso maior e apertou mais os meus dedos.
— Atrapalhado também, confessa — falei em tom de humor e balancei nossas mãos.
— É adorável até quando é atrapalhado. — Levantou um ombro de leve, rindo fraco.
— Você que é adorável — rebati dando um sorriso maior.
— Shiiiiu. — Soltou e riu um pouco mais.
— Não faz “shiu” para mim! — joguei um dos meus travesseiros nele, rindo.
! A vela! — avisou, rindo um pouco e soltou minha mão, se sentando na cama.
— Perdoe-me, senhorita vela — falei com ela dando outra risada.
gargalhou e jogou o travesseiro em minha cara.
— Senhorita vela, peço sua licença para arrebentar esse abusado no travesseiro de novo! — falei estreitando meus olhos nos seus e joguei o travesseiro novamente nele com mais força.
Meu amigo o segurou e tirou da minha mão com brutalidade, rindo e se levantou da cama começando a me bater com o travesseiro. Gargalhei e tentei puxá-lo de sua mão com uma das minhas mãos e com a outra apertei sua barriga em cócegas para tentar vencê-lo naquilo.
— Não, você não vai fazer isso! — alertou e bateu com o travesseiro em minha cabeça de novo, rindo mais ainda.
! Não bate na minha cabeça, abusado! — apertei sua costela em mais cócegas e puxei com mais força o travesseiro da sua mão.
— Eu bato sim! — Gargalhou ainda mais e caiu de costas na minha cama totalmente desarmado agora. — Ok, ok! Eu me rendo! — Levantou as mãos.
— Se rende? Fala de novo que eu não ouvi! — pedi dando uma risada mais alta e fazendo mais cócegas em sua costela.
— Eu me rendo — repetiu rindo mais ainda e se encolhendo.
— Sua rendição foi aceita, senhor. — Sorri abertamente para ele e me deitei ao seu lado, assistindo seus traços muito bonitos principalmente por estar rindo daquela forma tão contagiante.
— Acho bom! — ele me empurrou de leve ainda rindo, então fechou seus olhos respirando fundo.
— Resposta errada, era para ser: Obrigado, senhor , por seu coração nobre e piedoso — corrigi, dando mais risada.
me empurrou de novo rindo mais um pouco e abriu os olhos, se virando de lado e mostrando a língua.
— Vai fazer o que comigo, então? — questionou bem afrontoso.
— Nada porque eu sou muito bondoso e piedoso, você tem tanta sorte! — provoquei, mostrando a língua de volta.
— Tão bondoso o nome — debochou chegando mais perto. — Coloca essa língua para fora de novo, seu abusado — mandou em um sussurro, e beliscou minha barriga.
— Se eu colocar vai fazer o que? Está me ameaçando? — ergui as sobrancelhas e apertei a ponta de seu nariz.
— Não afronta, … — beliscou minha barriga de novo.
— Ah, eu afronto! — provoquei, rindo fraco e apertando seu nariz de novo.
… — sussurrou e chegou mais perto, e sua mão apertou minhas costelas agora.
— sussurrei de volta e meus olhos ficaram presos nos seus.
Meu amigo respirou fundo olhando dentro dos meus olhos e chegou mais perto, dando um beijo doce em minha bochecha. Fechei meus olhos e sorri de leve, segurando seu ombro com delicadeza e então voltei a olhá-lo, fazendo a mesma coisa que ele, dando um beijo lento e suave em sua bochecha. Ouvi suspirar e seus dedos pressionaram minhas costelas. Meus olhos desceram por todo o seu rosto, desenhando cada detalhe dele como se estivesse gravando em mim.
— Você é mesmo o homem mais belo de toda a Inglaterra — falei extremamente baixo.
me olhou e sorriu de leve.
— Não me iluda, — pediu baixinho.
— Jamais iria fazer isso contigo — afirmei com sinceridade. — Só estou dizendo a mais pura verdade.
Ele fechou os olhos e concordou com a cabeça, chegando mais perto e me abraçando, escondendo seu rosto contra o meu peito. O abracei de volta, encostando meu queixo em sua cabeça, deixando meus dedos alisarem de levinho suas costas. respirou fundo e me apertou de leve, deixando sua mão acariciar meu ombro por trás. Sorri um pouco mais, dando um suspiro e fechando meus olhos, deixando aquele abraço mais apertado.
— Nós vamos achar Deborah — falou em tom de promessa, mas não me soltou.
— Confio em você — declarei em um tom firme. — Plenamente.
— Ela vai ficar com o coração partido quando souber da verdade — lamentou e me apertou um pouco mais, se acolhendo contra o meu corpo.
— Isso me entristece, mas é melhor ter um coração partido agora do que se casar com alguém que nem queira tocar nela por nem achá-la bonita ou desejá-la. Ela ia ser infeliz para sempre — murmurei com extrema tristeza.
— Sim, seria realmente infeliz. — Seus ombros se encolheram. — Tem ideia de para onde eles devem ter ido?
— Sinto que devem estar aqui mesmo nessa cidade. Lucas parece ter negócios inacabados aqui, afinal, deixou que eu soubesse de suas dívidas. Não parece alguém que está mesmo querendo ser achado? Ele vai querer dinheiro. Tenho plena certeza disso. — Fiz um biquinho.
— Espero que esteja por aqui mesmo. — Passou seu rosto de leve em meu peito. — Pelo menos não vamos precisar duelar e nem nada do tipo.
— Sim, mas teremos que lhe dar dinheiro mesmo — falei o que já imaginava. — E se for muito? Não devemos ter algo contra ele?
— Nós temos. Ele não vai levar nenhum dinheiro. Sabemos agora quem é, e o que quer, e não é o amor de Deborah. — Afastou seu rosto e me olhou, estávamos perto.
— Espero que seja fácil assim, . Espero de verdade — desejei de coração, levando meus dedos até seu maxilar, onde fiz um carinho sutil.
Ele sorriu de leve e fechou seus olhos de novo.
— Gosto do seu carinho — sussurrou e seus dedos acariciaram minhas costelas.
— Sério? — perguntei abrindo mesmo o meu sorriso por estar contente em ouvir aquilo.
— Uhum. O jeito que seus dedos tocam a minha pele me deixa calmo — contou ainda com seus olhos fechados.
— Posso continuar, se desejar. — Mordi meu lábio inferior ainda deslizando as costas dos meus dedos em seu maxilar.
— Se não te incomodar… — sussurrou e suspirou com aquele toque.
— Gosto de fazer tudo com você.
Meu tom saiu mais baixo e eu fechei meus olhos, deixando meu corpo mais de lado e de frente para ele, até minha testa se encostar na sua. Respirei fundo e deslizei meu polegar em sua barba em um carinho lento. soltou o ar de uma forma pesada e sua mão soltou minhas costelas, indo até meu maxilar e passando meus dedos por ele bem devagarinho. A ponta do seu nariz passou pelo meu, fazendo seu rosto ficar mais perto.
— Ninguém nunca me tocou assim — confessei com a voz extremamente baixa, apertando de leve meu dedo em seu maxilar.
— Você acha ruim? — perguntou com cautela e seus dedos pararam por um momento, esperando a minha resposta.
— Não — respondi prontamente. — É melhor do que imaginei, é gostoso. — Sorri um pouco tímido, sentindo como fiquei vermelho porque minhas bochechas queimaram.
— Imaginou alguém fazendo isso? — Quis saber voltando a fazer seu carinho e seu nariz passou novamente pelo meu.
— Não em específico. Só pensei em como seria ter alguém que fosse querer me tocar assim — contei dando um suspiro com seu carinho e passei a ponta do meu nariz pelo seu também. — Com carinho.
— Fico bem em saber que você está gostando. — chegou mais perto e beijou minha bochecha de novo, mas agora no canto dos meus lábios.
— chamei, sorrindo ainda tímido e mordendo meu lábio inferior. — Você quer me beijar?
— Quero — respondeu baixinho e respirou fundo. Senti seus dedos pressionando de leve meu maxilar.
Então puxei o ar com certa força e lentamente me aproximei mais, deixando os meus lábios tocarem os seus com suavidade, sutileza também como se estivesse fazendo um carinho, mas logo me afastei e lambi os meus lábios. suspirou.
— Eu nunca beijei nenhum garoto antes, . Nem beijei direito meninas — confessei com certo medo.
— Se você estiver com medo, não precisa fazer isso só porque eu quero — disse baixinho e seus dedos fizeram um carinho em meu rosto. — Mas lábios são lábios independente se são garotos ou garotas.
— Sinto medo de tudo, — confessei baixo e abri meus olhos encarando aqueles lábios tão bonitos que ele tinha. — Quero sentir o gosto dos seus lábios, .
chegou mais perto e tocou meus lábios com os seus de forma suave, dando um longo suspiro. Seus dedos alisaram minha bochecha em um carinho doce. Soltei o ar de forma lenta contra os seus lábios e forcei os meus nos seus, abrindo-os de forma trêmula até eles ficarem intercalados nos seus. Deslizei meus dedos até sua nuca e fiz um carinho em seus fios negros e lisos.
Ele beijou meu lábio inferior com calma o sugando de leve, mas não parou com o carinho. Sabia que estava tentando me acalmar. Suspirei fraco e fiz meu lábio deslizar dos seus, fazendo-o escapar deles até que fiz a mesma coisa com o seu, o sugando de leve e depois passando os meus lábios debaixo para cima, sentindo meu coração acelerado demais.
O ouvi suspirar e seus dedos deslizaram para meu cabelo, segurando de forma suave meus cachos. Seus lábios se abriram e sua língua passou pelo meu superior lentamente. Soltei um gemido rouco e deixei a minha língua tocar a sua de forma rápida, por baixo, a lembendo rapidamente antes de recuar e apertar nossos lábios com mais força, sentindo como os seus eram extremamente macios e me faziam querer continuar tocando-os daquela forma. Nunca tinha sido beijado daquele jeito. Era tão bom.
sorriu contra meus lábios e os apertou com os seus, beijando eles lentamente, os esfregando pelos meus de cima para baixo, os fechando e até mesmo sugando de leve. Seus dedos afagaram meus cachos e soltou mais um suspiro, dando uma pequena lambida em meu lábio inferior. Ri fraquinho daquilo e o imitei, lambendo o seu de levinho e depois o beijando de novo mais apertado.
— Seus lábios são tão macios — contei ainda apertando os meus nos seus.
— Gostou? — perguntou sorrindo e beijou meus lábios de volta. — Os seus também são. — Uhum. Dá vontade de ficar fazendo isso — falei e apertei os meus nos seus em um
selinho bem apertadinho.
— Pode fazer isso quando você quiser — sussurrou e beijou meus lábios de volta repetidas vezes, sorrindo de leve.
— Vamos morar juntos, . Vou ser um abusado te pedindo beijos — contei beijando seus lábios de volta, fazendo meu nariz passar pelo seu em seguida.
— Vou adorar você ser um abusado e me pedindo beijos. — Sorriu contra meus lábios e passou seu nariz de volta no meu. — O medo passou?
— Uhum. Você sempre consegue me acalmar — falei com a voz suave e beijei o seu lábio inferior, puxando ele com os meus.
gemeu baixinho e franziu o cenho.
— Fico feliz que tenha conseguido — sussurrou e beijou meus lábios de um jeito suave. — Não está com sono?
— Um pouco sim e você? — sorri contra os seus lábios.
— Também. — Sorriu de volta e passou a ponta do seu nariz pelo meu. — O problema é ter que ir para a outra cama.
Acabei dando um riso fraco também, mordendo meu lábio inferior e olhando para a cama dele depois para ele.
— Você quer dormir aqui? — perguntei em um tom baixo e tímido.
— Tem certeza? Você nunca dormiu do lado de alguém — falou baixinho, de forma preocupada, passando seus dedos pelos meus rosto.
— Nunca tinha beijado um garoto antes também. — Ergui meu ombro. — Não vejo motivos para não dormir contigo.
— Então eu durmo. — Sorriu pequeno e beijou meus lábios novamente.
Aumentei um pouco mais o meu sorriso e dei outro selinho nele. Então me ajeitei melhor na cama, não sabendo como fazer aquilo, como deitaria de uma forma que o deixasse confortável também e acabei rindo por só me mexer e ficar confuso em qual posição ficar.
— Preciso de ajuda — assumi rindo baixo.
riu enquanto me olhava perdido. Então se sentou e deitou na cama, arrumando o travesseiro e me puxou para me deitar ao lado dele.
— Esqueceu como se deita? — perguntou divertido.
— Não sei como ficar para te deixar confortável — assumi fazendo um pequeno bico. Meu amigo riu mais. — Como devemos ficar?
— Vê se assim fica confortável para você — sugeriu.
Então se virou de costas e encaixou seu corpo no meu, ficando um pouco mais baixo, e pegou minha mão, passando-a por sua cintura. Fui um pouco para mais perto e me ajeitei melhor atrás dele, dando um beijinho em seu ombro.
— Você é quentinho — sussurrei.
— Sou? — Olhou por cima do ombro, dando um sorriso.
— É sim — respondi dando outro beijo agora em sua bochecha. — Gostei de deitar assim.
— Que bom que você gostou. — Levou minha mão até seus lábios e deu um beijo. — Boa noite, .
— Boa noite, .



No outro dia, e eu amanhecemos já aos sorrisos. Estava me sentindo bem e leve, estava feliz de uma forma diferente de qualquer outra. Meu coração palpitava de um jeito gostosinho quando pensava nos nossos beijos. O que acabou se repetindo antes de levantarmos. Seus beijos eram doces como rosquinha de açúcar, porém muito melhores que qualquer doce existente. Nenhum deles tinha os ingredientes de , ele era único em toda sua essência.
era perfeito. A noite tinha sido a mais perfeita de todas e eu estava mesmo desejando ter mais noites como aquela. Nunca tinha dormido tão bem. Acordei sentindo o cheiro bom que ele tinha e a melhor parte foi ver seu sorriso antes mesmo de ver o sol. Meu coração estava fazendo um coquetel dentro do meu peito.
Então nos levantamos, nos arrumamos e fomos tomar café. Não demoramos muito nisso porque íamos atrás de minha irmã hoje. Fomos até um dos bares que o tal Igor ou Lucas devia, lá descobrimos que em qual pensão ele costumava ficar. Fomos até lá sem hesitar, mas antes de chegarmos lá fazendo perguntas, resolvemos mentir e fingir que estávamos alugando um quarto. foi muito esperto em dizer que a indicação tinha vindo de Igor que era um grande amigo nosso.
— Que ótimo! A esposa dele está hospedada aqui — a mulher comentou e o meu coração gelou.
— Esposa? — perguntei baixo engolindo a seco.
— Sim, meu querido. Casaram faz pouco tempo — contou sorrindo.
Senti que ia desmaiar ali mesmo. segurou minha mão disfarçadamente, então sorriu para a moça.
— Não te contei que tinham se casado? Foi uma cerimônia pequena, mas linda. Pareciam mesmo felizes — disse com uma empolgação tão genuína que parecia mesmo verdade. — Seria ótimo falar com eles.
— O Igor não está, mas a linda esposa está sentada ali no jardim tomando chá — contou e indicou onde era o jardim.
— Podemos ficar com o quarto oito então. — Prontifiquei-me.
Então paguei a diária, conseguinte e eu caminhamos até a direção do jardim. Sentia o nervosismo me tomar porque se Déborah havia se casado… Oh, Deus! Podia jurar que minha pressão estava caindo e eu estava ficando tonto.
Avistei minha irmã com seu chá, pelo menos aparentava estar muito bem. Radiante, na verdade. Tinha um sorriso bonito nos lábios enquanto bebia chá e olhava as flores.
— Vamos partir o coração dela — sussurrei para com extremo pesar.
— Não mais do que o Igor — disse mais baixo e me olhou.
— Tem razão — concordei.
Assim que Déborah nos viu, arregalou seus olhos verdes e viu que não tinha como fugir. Contrariada, colocou o chá na mesa ao lado e bufou ao me encarar. Sendo a mimada que eu conhecia.
— Não vou embora, — declarou teimosa. — Não tenho medo do também se foi por isso que o trouxe.
— Ele me trouxe para jogar água na cara dele caso desmaiasse caso visse o absurdo que você fez — disse rapidamente dando um sorriso fechado.
— Absurdo? Oras, eu só me casei — respondeu simplesmente.
— Como assim se casou? O que tem na cabeça? Está morando em uma pensão, Déborah! Você está louca? — me exaltei.
Senti a mão de tocar de leve o meio das minhas costas tentando me acalmar.
— Tire ele daqui, — pediu ela com ódio.
— Você sabe que o Igor… ou Lucas. Como é mesmo o nome do sujeito? Não faz diferença. — Abanou a mão no ar em deboche. — É um prostituto? Ele não gosta nem de mulheres, e fugiu com o dinheiro da Dona da casa onde trabalhava.
Déborah primeiro arregalou seus olhos, abrindo a boca inúmeras vezes, mas logo voltou a uma expressão de desdém e riu desdenhando, mostrando que não acreditava.
está falando a verdade. Fomos lá ontem, ele não se chama Igor, se chama Lucas. Igor é seu amante. — Respirei fundo. — Ele não te ama. Sinto muito, Debby. Mas você tem uma família que te ama demais. Sei que não sou o melhor irmão do mundo, mas eu te amo muito, quero que você seja feliz. Quero um rapaz que te ame, não precisa ser rico, mas que tenha a decência de ir até nossa casa, pedir a sua mão e dizer o quanto te ama. Ele teria nossa benção. Não alguém que a fizesse fugir das pessoas que só querem te proteger e te amar.
Déborah reprimiu os lábios e desviou seus olhos dos meus.
— Nós não nos casamos — confessou baixinho. — Ele disse que faria você pagar por ele.
Então olhei para e respirei fundo. Meu amigo sustentou meu olhar e olhou para Déborah.
— Volte conosco, Debby. Por favor, ele não pode te fazer mal — insisti.
— Ninguém vai casar mais comigo, — murmurou.
— Duvido que não. Você é jovem, é a mais nova de todos nós. Algum rapaz vai se apaixonar por quem você é. — Sorri gentilmente para ela.
— Nem você consegue casar e só nos envergonha, ! Quem dirá eu? — rolou os olhos.
— Não seja cruel comigo! Eu só quero te ajudar! — rebati.
— Já basta! — falou irritado. — Estamos aqui tentando te ajudar! Pare de tratar assim! Se você quer ser uma garotinha amargurada casada com um homem que nunca irá te amar, pode ficar. Caso queira tentar encontrar alguém, pode voltar conosco — sugeriu e respirou fundo. — Iremos nos mudar, caso volte e queira ir conosco, será bem-vinda. Poderá escolher com quem vai casar e não quem a sua mãe quiser. Pode se apaixonar de verdade por alguém que gosta de você de verdade.
— Vocês vão embora mesmo? — abriu os seus olhos. — A mamãe sabe disso, ? Você iria mesmo nos deixar?
acabou de te convidar para ir conosco. Eu não quero me casar com quem eu não amo. Não quero me casar por dinheiro. Quero ser feliz, Debby. Você merece também ser feliz, e estamos te estendendo a mão para isso. — Então foi o que fiz, lhe estendi minha mão direita.
Ela mesmo surpresa, olhou em volta, respirou fundo. Conseguinte segurou a minha mão e se levantou, segurando a saia de seu vestido.
— Quero ser feliz, — respondeu um pouco triste. — Pensei que ele me amasse. — Vi seus olhos se encherem d’água.
— Mas eu amo. Eles estão mentindo! — ouvimos a voz de um homem atrás de nós e quando me virei vi o tal Lucas parado com a espada na mão. — Vem, Deborah. Não confie no seu irmão. Já conversamos sobre as mentiras que ele iria lhe dizer.
— Acho que a Dona Emmanuele iria adorar te ver, Lucas. Ela mandou lembranças. — disse dando um sorrisinho e se voltou para minha irmã. — Não temos motivo para mentir para você. Sabe muito bem que é péssimo mentiroso, e que ele te ama de verdade. E eu posso ser idiota as vezes, mas tenho palavra. Se voltar, irá embora conosco e poderá ser livre.
— Quem é Dona Emmanuelle, Lucas? — questionou cruzamos os braços. — Quem é Igor? Você é um mentiroso! — Deborah veio para o meio de e de mim.
— Não interessa! Ela terá que casar comigo, afinal ela já é uma moça sem decência alguma. Nenhum rapaz vai querer uma mulher usada. — O homem riu maldosamente.
— Mentira! , ele está mentindo! Não me entreguei a ele. Disse que esperaria até nos casarmos — Deborah se defendeu, começando a chorar desesperadamente. Então a abraçou.
— Ninguém vai acreditar nas palavras de um homem que está devendo para a cidade inteira — respondeu friamente. — Todos naquele puteiro te conhecem. Temos depoimentos da dona, das moças e até de clientes. Você roubou a identificação de alguém, se falar algo da minha irmã, você irá pagar na justiça todos os seus crimes. Sabe que a punição de ladrão é ou a forca ou perder suas mãos.
Então olhei para para sairmos dali com Deborah. Meu amigo sorriu de leve e assentiu com a cabeça, pegando na mão da minha irmã e a puxou para sairmos dali, passando o braço ao redor do ombro dela, como se estivesse protegendo ela. Sorri disso e segui com eles, ouvindo o rapaz nos xingando, mas realmente não podendo fazer mais nada a respeito. Ele sabia que eu tinha razão.
nos guiou para fora daquele lugar e fomos para a pensão que estávamos ficando. Pedimos um quarto para Deborah e levamos ela até o quarto.
— Eu sinto muito, Déborah — disse a olhando de um jeito triste. — Eu sei como se sente. Amar alguém e achar que nunca vai ser amada de volta, mas acredite, alguém um dia vai te amar. — Sorriu fraco para minha irmã.
tem razão. Às vezes pensamos que ninguém vai gostar de nós do jeito que somos, mas existe. Sempre há alguém que vai gostar até mesmo dos nossos defeitos. Essa desilusão vai servir de aprendizado a você, minha irmã, que ainda é jovem e tem muito o que viver. Sei que a vida está reservando alguém muito especial para ti — falei com extremo carinho e olhei para sorrindo para ele em seguida. Ele sorriu pequeno para mim e assentiu.
— Obrigada, . Você é um bom amigo e meu irmão tem sorte em te ter — agradeceu gentilmente ao meu amigo. — Eu te amo, . Peço perdão por ter sido tão cruel contigo incontáveis vezes. Você é doce, gentil e tem um coração enorme, sei que será mais feliz vivendo com o do que com qualquer outra dessas moças interesseiras que só querem seu dinheiro.
Sorri mais abertamente e a abracei em seguida, sentindo os meus olhos ficarem marejados por suas palavras terem realmente me tocado.
— Vocês não vão me fazer chorar. Já está bom, podem se soltar agora — disse dando um pequeno riso. — Mas se você for cruel com o de novo, eu vou encher a sua cama de esterco — contou de forma travessa e rindo mais um pouco.
Ri daquilo e me soltei de Deborah.
— Confio em suas palavras, — ela respondeu fazendo uma careta. — Quero agradecer aos dois pelo convite. Só que eu vou ficar com a mamãe, ela não vai suportar perder dois filhos de uma vez. Vou ajudá-la a achar alguém para Delphine e quando for minha vez farei a coisa certa dessa vez.
— Tudo bem, mas quando quiser nos visitar ou passar as férias conosco, pode ficar à vontade — a convidou e apertou a ponta do nariz dela.
Déborah riu e agradeceu mais uma vez, dizendo que iria sim nos visitar. Então a deixamos sozinha e eu sabia que ela precisava. Também imaginava que ela fosse chorar porque apesar de estar tentando esconder sua tristeza, era nítido que ela estava extremamente magoada e envergonhada. Não tirava sua razão. Quando voltamos ao nosso quarto, me sentei na minha cama e passei a mão em meus cachos, jogando-os para o lado. se aproximou e segurou o meu rosto com as duas mãos, o erguendo e fazendo um carinho nas maçãs do meu rosto com seus polegares. Então inclinou seu tronco e deu um beijo em minha testa, depois passou a ponta do seu nariz na minha pele. — Vai ficar tudo bem — sussurrou de um jeito doce.
— Eu sei que vai. Acredito firmemente em suas palavras e no que eu disse a minha irmã. Você me fez acreditar — confessei olhando em seus lindos olhos amendoados. — Se alguém tão especial, importante, inteligente, bondoso e extremamente bonito se apaixonou por mim, sei que a vida será bondosa com ela.
— É impossível não se apaixonar por você, — disse em um tom baixo e sorriu. — E tenho certeza que alguém vai se apaixonar por Déborah exatamente como ela é. Vai amá-la e respeitá-la, terá orgulho de tê-la ao lado como esposa.
— Assim como eu tenho orgulho de te ter — falei com sinceridade ainda o olhando profundamente.
— Em me ter? — perguntou, afastando um pouco seu rosto e me olhando.
— Não quero me casar com ninguém, . Quero ter mais noites como a de ontem — declarei com o tom baixo, porém firme. Ele deu um pequeno sorriso. — Quero também sentir mais dos seus lábios. Ter seu carinho, seu apoio, realmente te ter ao meu lado.
— Eu quero ter mais noites contigo, te dar carinho, apoio e ficar ao seu lado, hoje e sempre — disse e sorriu mais, beijando meus lábios com carinho.
— Perfeito — sussurrei, o beijando de volta.
Não sabia o que estava nos esperando quando fôssemos voltar. Não imaginava como seria a reação da minha mãe ao me ver indo embora com . Ela iria ficar devastada e extremamente decepcionada. Mas a vida era minha e a nossa vida quem deveria viver sempre seria nós mesmos. Minha mãe não podia viver por mim. A vida que eu queria para mim era ao lado daquele rapaz que sempre esteve ao meu lado e gostou de mim. Se apaixonou mesmo sabendo que a sociedade o puniria se descobrisse isso. Todavia, tinha decidido que se fosse punido por gostar de alguém, eu seria punido junto com ele.
No entanto, não queria pensar no que iria nos acontecer. O que seria do nosso futuro, afinal tudo era incerto demais, a vida sempre colocaria caminhos, pedras, buracos e armadilhas, caberia a nós saber qual seguir e aceitar as consequências que viria. Naquele instante eu havia escolhido o meu. Esse caminho tinha um sorriso lindo, levemente travesso que sempre me fazia sorrir junto, era um caminho de cabelos escuros como a noite e olhos castanhos amendoados com um pouco de café. Meu caminho era lindo. O mais lindo de todos os outros.

O meu caminho era .

Fim.



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Nota da autora: Sem nota.






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