Nota de autora inicial: Essa é uma fanfic escrita em 2012 por mim, postada em outros sites anteriormente, agora, a história está entrando no Fanfic Connection sob nova revisão e edição. Para quem leu antes, há mudança de narrador e algumas cenas.
Quando era um pouco mais jovem e adolescente, sua melhor amiga, Bella partiu da cidade de Phoenix. Foi morar com seu pai, em uma cidade que a própria detestava. sempre otimista, muitas vezes dizia à melhor amiga, que mudanças são importantes. Mudanças podem ser muitas vezes, salvadoras. Mas, para a atual, após alguns anos de experiências não tão felizes com mudanças de planos, — as quais, não planejadas — esta visão otimista que ela outrora deu à sua amiga, podia ser na verdade uma maneira de se enganar.
, agora estava encarando um destino irreconhecível. Via-se no lugar de sua amiga, só que mais velha, formada, e com expectativas saudosistas de encontrar Bella. Mudanças sejam elas salvadoras ou desastrosas deveriam ser encaradas, e por isso não se apavorou com a grande diferença de cenário ao qual estava adentrando.
Forks. Uma cidadezinha terrível, se comparada à Phoenix. Até mesmo para Isabella Marie Swan, que nunca fora fã do entusiasmo natural de Phoenix. , ao se deparar com o condado, jamais havia imaginado lugar tão monocromático.
Há três semanas ela havia chegado à cidade e conhecido Erick, quando o policial lhe ofereceu ajuda com a mudança ao passar em frente à sua nova casa. Erick não poderia evitar aproximação ao notar que alguém finalmente havia se mudado para Forks, e menos ainda ao notar que esta pessoa escolhera o pior bairro de toda a cidade.
As poucas semanas de convívio e “boa vizinhança”, por parte do policial, foram o suficiente para que os dois se tornassem amigos. Ou um pouco mais do que isso. Estavam terminando de ajeitar a mudança de , e Erick sempre cortês e gentil com ela, pediu licença para atender a um chamado de seu chefe.
Quando recebia as poucas notícias de Bella por e-mail, ela sempre citava a monotonia de Forks de uma forma exagerada. Talvez, até fosse, mas o fato é que em cidades pequenas novos moradores tornam-se uma atração e isso incomodava Bella. E não incomodaria à , afinal, a mulher tinha uma maneira despojada de lidar com este tipo de atenção. Em algum momento distinto, dos anos passados em que Bella trocava mensagens com , ela lhe citou poucas vezes um lugar chamado La Push. Lugar tal, que parecia à ter deixado sua amiga muito à vontade. Foram estas mensagens, e esta fascinante curiosidade de que a levou a ir conhecer Forks. Por fim, acabou mudando-se para aquela cidade por eventualidades da vida, mas não se esqueceu da tal praia de La Push e da tão falada Reserva Quileute que, aliás, estava ansiosa para conhecer.
Naqueles dias recém-chegada, Erick contou para que a reserva indígena Quileute, era muito antiga, talvez até mais antiga do que o próprio condado de Forks. Notícia essa que fazia imaginar que motivos teriam, para que Bella houvesse suportado ou gostado daquele lugar, uma vez que era difícil pensar nela feliz ali. E na verdade, não conseguia assimilar nada que pudesse atrair Bella para uma reserva indígena.
Apesar da tarde fria de sábado, Erick não trabalharia e havia combinado com de saírem juntos, se não fosse um chamado de emergência do seu chefe, Charlie Swan. Só depois que Erick desligou sua ligação e contou à o nome do seu chefe, que a garota percebeu tratar-se do pai de sua melhor amiga antiga. Queria conhecê-lo, mas julgava que a iniciativa para isso deveria vir da própria Bella. Por isso, quando Erick despediu-se em sua varanda, retornou à sua sala e pegou as chaves do seu carro e dirigiu até o endereço da casa do delegado Swan. Embora não tivesse o endereço, o próprio Erick lhe explicou onde ficava quando lhe informou que Charlie era seu único vizinho, alguns metros de estrada à frente.
estava ansiosa para reencontrar Bella, e ao chegar frente ao quintal da casa simples seguiu cautelosamente a bisbilhotar. Subiu as escadas da varanda, bateu à porta de entrada. Bateu uma vez, duas vezes, três vezes, mas ninguém lhe atendia. espreitou às janelas fechadas, assim como às cortinas igualmente fechadas tentando observar o interior do imóvel. A casa dos Swan, apesar de organizada — não como se ali existisse uma família grande, e sim, organizada como se fosse inabitada — de fato, estava vazia. estranhou, por não sentir resquício de uma presença viva ali, mas retornou para o seu carro e sem ter muito, o que fazer, afinal, ela não conhecia nada por ali e ninguém, a mulher dirigiu seguindo a estrada. Encontrou poucos transeuntes em seu caminho, e pediu-lhes indicações de como chegar à praia de La Push.
O lugar apesar de inóspito e descolorido, apresentava um ar paradisíaco e sombrio. Algumas rochas grandes próximas ao mar, fincadas à areia da praia chamaram a atenção da jovem visitante, que decidiu ir até lá. Caminhando distraída, trombou em algo que mais do que a vista do mar, lhe chamou maior atenção. Um homem alto com peitoral largo, pele incendiada tanto na cor quanto temperatura, cabelos curtos escuros lhe encarava surpreso a segurar os braços dela. Não seria surpresa que o rapaz não tivesse a percebido aproximar-se, pois ele realmente era enorme comparado à ela. ficou encarando de volta ao peitoral à sua frente — que a mesma julgou atraente — e, hipnotizada. Ao notar a surpresa da mulher, o homem deu uma risada abafada e discreta, o que deixou suficientemente embaraçada ao ponto que não conseguir formular uma frase que fizesse sentido.
— Desculpe! Distraída com o mar, é lindo aqui... Não vi à frente.
Ela disse tudo muito rápido, sem ponto ou vírgula e denotando transparente seu constrangimento.
— Como? — o homem a olhou confuso, e lhe perguntou indiferente no olhar, mas sem parecer hostil e soltou-a.
— Ah... Eu estava distraída com a beleza do mar e não o vi se aproximando, me desculpe.
sentiu-se sufocada por sua vergonha, mas respirou fundo sem encarar diretamente o olhar à sua frente ao explicar-se.
— Claro... La Push é realmente linda.
A voz dele trovejante, mas também melodiosa soou e então o sorriu.
— Não se preocupe, na verdade a culpa é minha. Eu deveria olhar para baixo, você é relativamente pequena.
Por mais que sua voz não demonstrasse ofensa, sentiu-se insultada. Estava na defensiva e ainda que não costumasse ser grosseira, foi bem direta em sua resposta.
— Não te passa pela cabeça que você seja grande demais? Tipo, acima da média?
O homem não mentia ao chamá-la de pequena, e compreendeu que a garota à sua frente e que ele julgava estar vermelha por raiva, e não mais vergonha, havia se ofendido. Sem sorrir ou demonstrar a menor simpatia, ele a olhou desculpando-se.
— Tem razão, me desculpe.
— Tudo bem... Me desculpe também. — ela respondeu, com um fraco sorriso.
Os dois, como se analisassem um ao outro, se mantiveram conectados aos olhos um do outro. Ele, que antes estava sério pela defensiva da mulher, suavizou a sua expressão e viu a chance de apresentar-se devidamente.
— Eu me chamo . — estendeu a sua mão em direção a ele.
— Jacob Black. — ele limitou-se a responder apertando a mão dela sem sorrisos extensos.
O nome dele não soava estranho aos ouvidos dela.
— Jacob Black?
— Sim. Você me conhece?
encarava Jacob, duvidosa e tentando se recordar ao motivo pelo qual, o nome dele era tão familiar a ela. E ele, por mais contido que se demonstrasse havia ficado curioso com a maneira como a garota parecia o conhecer. Para Jacob, absolutamente, nunca houvera se deparado com olhos castanhos tão intensos e atrativos.
— Não diretamente, mas sinto já tê-lo escutado. — ela o respondeu.
— Bom... Deve tê-lo escutado por aí, todos nos conhecemos aqui em La Push. — ele respondeu displicente.
— Não. Não foi aqui. Eu acabei de chegar à cidade e é a primeira vez que eu venho à este lugar, e até então, não esbarrei em ninguém além de você. — respondeu sorrindo tímida com as mãos aos bolsos da própria calça.
Jacob observou os trejeitos curiosos e tímidos da mulher, e respirou fundo. Um silêncio torturante se estendeu e novamente o clima tenso se estabeleceu entre eles. Por mais que pudesse julgar que a razão para tal estivesse sob o frio local, e o clima ainda mais denso das nuvens misturadas ao ar e maresia, não o era. O clima constrangedor se dava à presença forte e máscula de Jacob, que assim como , sentia-se constrangido pela presença extrovertida e atraente da mulher. E tratando-se de “frio”, a falta de agasalhos em Jacob não passou despercebida por . Enquanto ela estava abarrotada de blusas grossas e quentes, ele estava sem camisa. E por mais que fosse pouquíssimo, acostumada às baixas temperaturas, acreditou não ser normal, que mesmo um nativo não estaria incomodado com a crescente rajada gelada de vento àquela praia. Sendo assim, julgou Jacob à primeira vista, peculiar. Por sua vez, ela também se autojulgava dessa forma.
— Bem, de qualquer forma seja bem-vinda à La Push, .
Jacob respondeu rompendo o silêncio, e virou-se saindo de perto de em despedida e sem nenhuma formalidade. Apesar de ter sido educado, para , Jacob parecia apresentar uma personalidade rígida e antissocial. Com isso, ela começava a assimilar a razão pela qual Bella gostou tanto daquele lugar. Se as pessoas locais fossem antissociais como Jacob lhe pareceu, Bella que era a pessoa mais antissocial que conhecia, certamente esteve confortável. E como um estalo, um rompante de memória acometeu . Foi Bella quem falou do Jacob para ela, e observando boquiaberta ao homem que se afastava devagar, deu alguns passos à frente e lhe gritou:
— Bella!
Rapidamente Jacob se virou e com uma expressão de certa raiva, e desconforto. Sem receio, se aproximou um pouco mais à medida que ele a encarava.
— Isabella Swan me falou sobre você! Eu sabia que o seu nome era familiar!
— Argh! Há quanto tempo ela falou sobre mim?
O resmungo ou rosnado de Jacob fizera estranhar sua reação, e ele se aproximou ainda mais. Estava desconfortável, curioso pela resposta, ansioso e seu corpo tremia um pouco. Entendendo que não foi bem recebido o nome de sua amiga, limitou-se a empolgar-se menos e ser mais clara nas justificativas.
— Há alguns anos. Dois ou três... Não nos falamos há muito tempo, mas...
Antes que ela pudesse terminar de conta-lo sua relação com a antiga Swan, Jacob saiu apressado na direção dos pequenos rochedos atrás dela, e aos poucos correu adentrando a mata que parecia ser a mesma que margeava a estrada por onde dirigiu.
não compreendeu nada do que havia acabado de acontecer, mas deu de ombros e retomou o caminho às rochas que pretendia escalar para sentar-se e observar o mar. E assim o fez até que adormeceu involuntariamente ali. Quando a noite já se fazia apresentar, foi acordada educadamente por outro rapaz. Ele era alto e bonito, assim como Jacob e bastante parecido fisicamente. O frio gélido do mar chicoteava a face de numa brisa pesada, e os sussurros do vento e das ondas uivavam o princípio da noite. num rompante sentou-se assustada, e sonolenta teve dificuldade de abrir os olhos. Sentia-se cansada e exausta ainda, devido ao trabalho daquela manhã em sua casa. Desde que se mudara não havia descansado direito. O rapaz que a encontrara levemente a sacudia pelos ombros e a chamando.
— Ei moça! Você está bem?
Com certa dificuldade e preguiça abriu os olhos e pôde ver nitidamente o rosto dele, após algumas piscadelas. Um belo rosto com olhar profundo.
— Sim. Estou bem.
— O que faz aí há essa hora?
— Eu estava andando pela praia e me sentei nas rochas por um momento, mas não me percebi adormecendo... Quais as horas, por favor?
— É um pouco tarde. Beirando sete horas da noite.
— Certo! Preciso ir embora agora mesmo! — alarmada notou a escuridão e a lua fraca refletindo-se no mar — Droga! Como vou encontrar o meu carro nessa escuridão?!
O rapaz percebendo-a assustada preparou-se para ajudá-la a retornar.
— Se acalme. Eu vou te ajudar. Primeiro temos que descer. Venha!
Ele estendeu a ela sua mão e guiou por entre as rochas. Quando os dois já pisavam na areia firme, ele a encarou perguntando:
— Consegue ter alguma ideia de onde deixou o seu carro, moça?
— Não andei muito longe. Estava há uns dez metros das rochas quando encontrei Jacob, então logo à frente perto da estrada...
— Jacob? Você o conhece?
— Não exatamente. Trombamos aqui e acabamos nos conhecendo.
— Certo... Vamos logo. — o rapaz sorriu e pegou a sua mão pondo-se a puxar .
Ela não enxergava nada e não sabia como o rapaz podia ter um senso de direção tão bom. Logo, os dois chegaram ao lado do carro dela e respirou aliviada.
— Este é o seu carro? — ele a perguntou.
— Sim. Mas como...? Enfim, obrigada!
Por mais confusa que estivesse, estava mais com frio e pressa de se aconchegar ao carro em segurança. Desistiu de ficar parada ali conversando e explorando perguntas ao estranho, já era tarde para ela estar naquela situação sendo uma completa novata na região. E ainda que o homem lhe tenha sido simpático e prestativo, precisava ir logo para casa.
— Consegue encontrar o seu caminho de volta? — ele a perguntou quando a viu remexer sua bolsa atrás da chave do carro.
Ela então olhou à sua volta, a estrada reta, mas percebeu-se com incerteza sobre o caminho de volta. Ela havia chegado ali por indicações, e se estivesse mais claro talvez reconhecesse o lugar melhor.
— Sem querer abusar, eu ficaria grata se pudesse me explicar de verdade. — ela sorriu e o rapaz riu da situação inusitada.
— Tudo bem... Se não se importar, eu posso te levar de volta dirigindo.
Poderia ser perigoso, afinal ela não o conhecia. Mas, não tinha muitas opções, mal sabia explicar seu endereço direito ainda. Ou aceitava a ajuda, ou corria o risco de se perder na estrada e passar a noite dentro do próprio carro no meio do nada. A segunda opção lhe apavorava muito mais, e por mais errado que fosse, aceitou a ajuda.
— Claro que não importo, na verdade eu fico muito grata.
Ele sorriu tranquilamente e ela lhe entregou sua chave, o homem abriu o carro e os dois adentraram. A luz do automóvel deixou as características físicas do estranho, ainda mais evidentes. Era tentador, não tanto quanto Jacob, mas perdia por décimos para ele. Para piorar a situação dela, o rapaz também estava sem camisa. franziu o cenho, e de soslaio observou o rosto do homem se perguntando, silenciosamente, se as pessoas de La Push não teriam roupas. Ou se elas realmente não sentiam o frio absurdo do local. E aquele momento de surpresa por um corpo tão exposto, trouxe novamente a hipnose que ela experimentou ao se deparar com Jacob. Ao notar que a mulher estava muito calada, e aparentemente assustada, o homem rapidamente estendeu sua mão na direção dela e se apresentou:
— É um prazer conhecê-la. Meu nome é Embry Call.
Indiscutivelmente simpático e bonito, com dentes brancos e afiados como de cães em um sorriso descolado, o rapaz deixou mais confortável a se apresentar.
— , muito obrigada pela sua ajuda. — ela respondeu sorrindo simpática e um pouco sem graça.
— Não há de quê. Nota-se que você é nova na cidade. Lembra-se ao menos, do seu endereço?
Embry riu divertido e brevemente desculpou-se pela piada. riu também, afinal, era inusitado que uma pessoa não soubesse voltar para casa.
— Então Embry... Eu moro em um lugar bem inóspito aqui de Forks. Sabe a estrada Sul saindo da cidade?
— Sim, estamos nela. — o encarou, confusa, e ele abafou uma risada divertida concentrando-se em ligar o motor, finalmente enquanto a explicava: — Esta é a estrada Sul, nós estamos a oitenta quilômetros da saída da cidade. É uma estrada única.
— Sim, eu sei disso... — ela disfarçou tentando parecer-se menos, ridícula — Eu só queria te dizer para pegar a direção norte da estrada Sul.
E ao se dar conta da confusão que quase fazia para indicar sua casa, revirou os olhos sentindo-se patética.
— Você é engraçada... — ele sorriu fofo para ela e manobrou em direção à estrada.
— Acho que estou mais para patética. — ao ouvi-la, Embry lançou à um olhar de reprovação pelo que ela havia dito, mas ela não se importou e continuou: — Então... Sabe onde é a casa do delegado Swan?
— Você mora perto?
— Não muito na verdade. Uns quinze quilômetros da casa dele.
— Eu sei onde é. Você mora no antigo bairro Kalil. — ele a olhou curioso e espontaneamente perguntou: — O que te fez comprar uma casa em um lugar abandonado? Não sei se você sabe, mas é a única moradora de lá.
— É, eu percebi isso desde que cheguei. Infelizmente, foi o único bairro onde eu pude comprar uma casa. O fato de não ter habitação me fez pagar uma mixaria por ela. Mas, porque o bairro é tão desabitado?
— Bem... Forks tem muitas lendas. Logo você saberá. — ele respondeu tranquilo e mudou o assunto: — Então , há quanto tempo chegou?
— Comprei a casa há quatro semanas, mas somente há três, me mudei.
— E você mora sozinha?
ficou receosa em respondê-lo. Pensou ela, que talvez não fosse adequado já que ele era um desconhecido, mesmo que já não lhe fosse tão estranho. Pelo menos ela sabia o seu nome e por onde poderia, supostamente, encontrá-lo. Ela por fim, chegou à conclusão de que, se fosse para ele lhe fazer algo ruim aquela informação seria ridícula já que ele estava a levando à própria casa. Uma atitude muito irresponsável da parte dela, mas não sentia que Embry era alguém do qual ela devesse correr. Este sentimento de estranheza e fuga, ela havia sentido brevemente por Jacob.
— Sim, mas Erick me faz companhia e estou providenciando um bom cão de guarda. — ela respondeu-o.
— Eu sou um ótimo cão de guarda.
Ela não compreendeu e se assustou ao ver que o rapaz ria alto.
— Piada interna... — justificou-se Embry e ficando sério falou: — Um dia, quem sabe, eu te explico?
— O que me denunciou?
A pergunta súbita de foi recebida com confusão e desconfiança por parte de Embry.
— Como?
— Quando você disse “nota-se que é nova na cidade”, o que me denunciou? Quero dizer... Foi só pelo fato de eu não saber onde estou, para onde vim ou vou? — ela riu discreta e Embry a sorriu com ternura.
— Seria o suficiente. Mas na verdade quando eu disse isso, ainda não tínhamos descoberto que você está completamente perdida. Eu percebi pelo fato de nunca antes tê-la visto em La Push ou dentro da reserva. Eu, com certeza, não deixaria você me passar em branco.
O rosto de corou a fazendo perceber aquilo e estranhar, por ser algo muito incomum a ela.
— E eu percebi ainda mais, na verdade primeiramente, pela sua pele.
— Como assim?
— Com exceção de nós, os quileutes, os habitantes de Forks não são muito bronzeados.
— Ah... Isso é porque a reserva de vocês tem, privilegiadamente, uma praia em seus territórios?
— Hm... Não. — ele murmurou sorridente — Não sei se já percebeu, mas Forks não é um lugar muito quente e o Sol se esconde daqui.
— Mas ainda estamos no inverno. — ela falou convincente.
— Ele se esconde. Você verá.
Os dois sorriram e logo, Embry animou-se mais para conhecer . Ela também, aos poucos, se sentia mais tranquila para conversar abertamente com ele.
— De onde você vem, ? É bem diferente das garotas daqui, e vai perceber logo isso.
— Posso considerar isso um elogio?
— Com certeza. Os rapazes confirmarão o que eu digo. — ele brincou.
— Eu venho de Phoenix. — ela respondeu risonha.
— Hm... De onde disse conhecer Jacob?
— Da praia mesmo, eu não o conheço de fato. Uma amiga que me falou dele.
Embry deslumbrou-se com a novidade e sustentou um olhar sacana ao pensar, de que amiga, se tratava.
— Uma amiga, é?
Antes que ele pudesse perguntar mais coisas à , ela espontânea, adiantou-se nas perguntas.
— Você e ele são parentes?
— Hm... Na Reserva, a maioria de nós, somos.
— São irmãos?
— Praticamente.
— Praticamente? Isso não soa muito afirmativo.
— Tem razão! — ele riu — Sim! Somos irmãos.
Embry falou mais convicto, e percebeu que arqueava a sobrancelha em tom de dúvida, mas ele não deu muita importância àquilo. Ele apenas sorriu para ela, e fez a pergunta que coçava em sua língua.
— Esta sua amiga... Qual o nome dela? Talvez eu a conheça.
— Com certeza deve conhecer! Pelos e-mails que ela me mandava, parecia que a Bella estava quase se tornando uma moradora da Reserva!
respondeu animada e não notou quando Embry arregalou os olhos e empalideceu.
— Como disse que ela se chama?
— Isabella Swan. Ela é a filha do delegado Swan... Charlie, não é?
Embry se posicionou mais contido, e desconfiado observando às reações de a respondendo:
— Eu a conheci sim... Veio à Forks por causa dela?
— Quase isso. Talvez eu possa dizer que, “praticamente” isso. Nosso último contato foi há uns três anos se não me falha a memória, e por e-mail. Desde que Bella se mudou para cá eu não a vi mais. Só nos comunicamos poucas vezes pela internet, ela deu uma sumida, sabe? Então, eu mandava e-mails para ver se havia acontecido algo, e vez ou outra ela passou a me responder e enviar e-mails também. Muito raramente. Como terminei a minha faculdade no ano passado, eu já estava curiosa para conhecer a cidade que sequestrara Bella, e vim aqui num rápido passeio. Conheci uma senhora simpática, que após algumas conversas me falou das oportunidades de emprego aqui para o meu cargo... Eu achei que mudar poderia ser uma boa coisa dessa vez, então juntei tudo o que eu tinha, e aqui estou. Quero rever a Bella, mas fui à sua casa e não a encontrei. Sabe onde posso encontra-la?
— Não. Bella se mudou e há algum tempo ninguém mais a vê ou tem notícias dela na cidade.
— Nem mesmo o Charlie? — perguntou estranhando aquilo.
— Ele não gosta nem de falar sobre ela.
— Ela voltou a morar com a Renée?
— ... A Bella se casou. Foi embora da cidade com a família do noivo. É como se ela nunca estivera em Forks.
As últimas palavras de Embry... “Como se ela nunca estivera em Forks”, trouxeram um arrepio frio à espinha de , que sobressaltada engoliu a saliva seca em sua boca.
— Jacob não pareceu confortável quando me ouviu falar o nome dela...
— Bem, é melhor você não falar mais nela. Pelo menos não com ele, é doloroso.
— Acho que seja sim, ele saiu correndo e rosnando.
— Rosnando? — Embry manteve o olhar fixo à estrada, mas estava intrigado com o que ouviu.
— Resmungando, é lógico. Mas... — começou a rir discreta — Parecia mais um rosnado de lobo.
Com aquilo, Embry tornou-se constrangido e preocupado, mas sorriu para a fim de disfarçar que por pouco ela não havia descoberto o que não devesse. À medida que ia contando tudo, Embry empalidecia um pouco mais, e ela até percebeu tendo ponderado algumas vezes se deveria ou não continuar o assunto.
— Hã, como posso dizer... — ela notou as sobrancelhas de Embry unindo-se como se ele estivesse pronto para ouvir algo reprovador, e com isso, ela ficou mais temerosa a falar: — Esquece!
— Fala! Pode falar, ele o quê? Ele fez algo?
— Não exatamente...
— E então? — Embry a interrompeu subitamente, deixando evidente o seu olhar aflito à mulher.
analisava-o preocupada sobre o quê, ele imaginava que ela iria dizer. O que Jacob poderia ter feito para deixar o garoto naquela apreensão?
— Me desculpe afinal ele é o seu irmão, mas Jacob me parece ser antissocial e arrogante.
Embry aliviou-se por completo, suas mãos soltaram levemente o volante que apertavam, e seus braços enrijecidos aos poucos relaxaram.
— , Jacob é amargurado quando o assunto é a Bella. Ele foi apaixonado por ela, mas então, as coisas tomaram rumos diferentes... Ela deve ter comentado algo sobre isso com você, não?
— Não comentou, e nem comentaria. Bella nunca foi o tipo de garota que falava em namorados ou paixões. Mesmo com a sua única amiga.
— Única? — ele perguntou surpreso ao encarar a .
— Bella é bem antissocial, e por isso eu achei que ela tivesse se sentido tão atraída por La Push. Foi a impressão que tive das pessoas do lugar, assim que esbarrei em seu irmão.
— Acho que não conheci a mesma Isabella que você. Ela era quieta, mas sociável do jeito dela.
— Com certeza a mudança para Forks transformou a personalidade da minha amiga. E La Push deve tê-la feito muito mais feliz do que o costume, eu presumo.
— Sim... Bella mudou muito por aqui, mas não acho que a Reserva a fez feliz. Eu diria talvez, apenas confortável...
e Embry sorriram um para o outro, tímidos e por fim haviam chegado à casa dela. Com a conversa amena, mal perceberam o tempo passando. Embry estacionou ao lado externo da casa, paralelo no que seria a garagem e assim que desligou o motor, ele abriu a porta e desceu. Rápido surgiu à porta de impedindo-a de descer sem sua ajuda. Seu cavalheirismo foi notado por ela, e a fez sorrir. esqueceu-se de manter as luzes da varanda acesas ao sair, pois de fato não imaginou que voltaria àquela hora. Embry olhou em volta aos arredores da casa dela, e como se estivesse esperando algo acontecer, ele passou o próprio braço à frente do corpo de pedindo-a para esperar antes de entrar.
— É melhor eu ir à frente, se não se importa. Está muito escuro. E bem... você sabe que estamos a sós, ou pelo menos devíamos estar.
Embry a encarou de uma forma que não dava a ela opções de negar, como uma ordem, e , não o contestou.
— Pode me dar a chave da sua casa?
— Um momento... — ela procurou em sua bolsa o chaveiro de cãezinhos e assim que encontrou, o entregou ao rapaz, um pouco nervosa: — Aqui está.
— Desculpe , parece que eu estou assustando você, mas eu só quero mesmo verificar se não há perigo para você. — ele segurou as mãos dela de forma reconfortante — Fique dentro do carro, está bem? Eu vou na frente, acendo as luzes da varanda e volto para te acompanhar.
— Certo...
Embry avançou cauteloso e o observou, até perceber que o rapaz aspirava o ar profundamente, como se buscasse farejar algo. E óbvio, achou aquilo deveras esquisito. Embry mantinha-se respirando fundo e contraído da cabeça até os pés, como em posição de guarda. Ele subiu os degraus da varanda, abriu a porta e entrou. Logo as luzes foram acesas pela casa, em todos os cômodos. notou que ele olhava realmente, se a casa estava vazia e aquilo lhe deixou mais preocupada. Ddepois de poucos minutos, Embry retornou até ela e novamente abriu a porta do carro acompanhando-a até sua sala.
— Está tudo certo! Nem cheiro de... Quero dizer, nem sinal de perigo.
— Você aceita um café?
— Aceito, mas em outra ocasião. Agora eu preciso ir.
— É verdade, está ficando tarde... Espera, mas como você vai voltar?
— Isto não é problema! — ele sorriu a ela despreocupado — Eu sou bem rápido e conheço bem a região.
Como se desse conta de que faltava algo, Embry ergueu as sobrancelhas e fitou , por um instante e duvidoso a perguntou:
— Onde está o tal Erick? Seu namorado... Você não disse que ele a fazia companhia?
— Ah, é! Bem ele deve estar na delegacia. Talvez em casa... Ou talvez haja algum recado no meu telefone... Ele me faz companhia de vez em quando.
desconfiou que, insinuar que Erick era seu namorado, foi uma estratégia de Embry para sanar a própria dúvida, então ela deixou clara a situação.
— Nós não somos namorados, só amigos.
— Se você quiser eu posso ficar aqui. Claro, não quero que pense mal...
— Tudo bem, eu agradeço! Mas não é preciso, é melhor você ir... Pode ser arriscado, então volte com o meu carro, amanhã você traz de volta!
— Não precisa . Eu agradeço.
— Tem certeza? Eu não vou precisar dele por hoje, e acho que não tem táxi aqui a esta hora e...
— , fique tranquila, eu tenho certeza. Não precisa se incomodar.
— Sendo assim eu te acompanho até lá fora.
— Sendo assim, você me acompanha até a porta da sala e tranca a casa toda, e descanse! Vou deixar meu telefone com você pode ser?
— Claro!
correu até o balcão que separava a sala e a cozinha, e pegou uma caneta e agenda ao lado do telefone. Embry então anotou o seu número, e os dois trocaram sorrisos e olhares.
— Caso precise, pode me ligar a qualquer hora. E eu falo sério! Fico um pouco... Preocupado com você, aqui sozinha... É muita loucura para quem acabou de te conhecer?
— De forma alguma, até porque se for, estamos ambos loucos.
Os dois ficaram se olhando sorridentes, até que Embry beijou a testa de suave. Passou uma das suas mãos pelo braço dela, e afastou-se devagar. Ela o acompanhou até a porta, apenas e verificou todas as trancas da casa. A garota não queria admitir a ele, mas tinha medo de ficar sozinha ali desde que notou que seu bairro, era realmente deserto. O bairro Kalil era um cenário ideal para um crime silencioso, e isso a fazia se arrepender aos poucos. recordou-se de Embry dizer-lhe que Forks tinha muitas lendas, e decidida descobriria cada uma.
Enquanto se preparava para dormir, pensou em Bella e nas coisas que havia descoberto sobre a antiga amiga. Ela queria procura-la, mas talvez fosse melhor não. Se Isabella havia feito questão de sumir sem dar explicações, pensou que talvez ela não fosse tão importante para sua amiga quanto pensou.
Aquilo de certa forma a magoava, mesmo após tanto tempo. Mas sabia que precisava pensar em sua nova vida em Forks. Organizar seus planos referentes a vaga de emprego que pretendia preencher pelo início da semana, como esperançava.
Com dificuldade, tentou dormir. Ficou observando o teto de seu quarto por muito tempo enquanto, recordava o dia mais bacana que tivera ali desde sua chegada. Não sabia se pela linda praia da Reserva Quileute, ou por sua — aparentemente — nova amizade com Embry. Ficou decidindo se deveria telefonar para saber se ele havia chegado bem, mas concluiu que era melhor fazê-lo ao dia seguinte pela manhã cedo. Sem dúvidas, Embry era cativante e começava a achar que seria difícil andar distante dele. E aquilo significava muitas visitas à La Push.
Um tempo apegada bastante à praia. Bella tinha razão. Coisas maravilhosas estavam escondidas por lá.
Na manhã seguinte, acordou bastante descansada. Devia isso ao cochilo nas rochas, que lhe aliviou um pouco a tensão daquelas semanas. Ela desligou o seu despertador do celular, e após ir ao banheiro realizar sua higiene, retornou ao seu quarto e arrumou a sua cama grande. Abriu a janela de seu quarto, no segundo andar, para ventilar o ambiente e foi até a cozinha preparar seu café da manhã. Enquanto a água fervia em sua chaleira, pegou a agenda e discou o número de telefone de Embry. Estava quase desistindo quando uma voz trovejante atendeu a chamada.
— Alô? Bom dia, o Embry se encontra?
Perguntou com a voz tímida e só ali percebeu que o relógio da cozinha marcava o horário das sete da manhã. Para ela já não era tão cedo, mas não sabia dizer se para a voz que lhe atendeu era igual. Uma pequena sensação de estar sendo inconveniente lhe surgiu.
— Ele está dormindo. Quem deseja falar com ele? — a voz trovejante respondeu.
— Hã... Desculpe-me por incomodar, mesmo! Eu não percebi o horário. Meu nome é , e só estou ligando para saber se ele chegou bem em casa, ontem à noite. Fiquei preocupada.
O rapaz do outro lado da ligação ouvia atentamente às palavras de enquanto era observado por um grupo de garotos à mesa do café. Ao notar que se tratava de uma garota procurando por Embry, ele segurou uma risadinha abafada, o que fez com que os demais ficassem curiosos.
— ? Ele chegou bem sim, pode ficar tranquila. E não há problema em ligar a esta hora, nós acordamos bem cedo aqui. O Embry é que deve estar exausto pela noite de vocês, por isso ainda não acordou.
A indireta quase indiscreta do rapaz, ao mencionar o que e Embry teriam feito não passou despercebida por ela, assim como os burburinhos abafados do outro lado da chamada também não. A voz trovejante tornara-se um sussurro que pedia “Shh! Fiquem quietos, parem com isso”. percebeu que o homem não estava sozinho, e agora mais pessoas tentavam descobrir ou faziam piadas em relação a ela e Embry. não entendia muito bem, o que ela era para Embry, ao ponto de gerar aquele pequeno tumulto, bem como não compreendia a razão para tanto alarde, mas sentiu-se ligeiramente envergonhada pela situação.
— Bem, de qualquer forma desculpe-me o incômodo. Com quem eu falo? — decidiu despedir-se logo.
— Sam Uley.
— Certo Sam. Poderia dizer ao Embry que a amiga dele o telefonou?
— Claro ! Mais algum recado?
— Não, não. Obrigada.
Assim que o rapaz despediu-se lhe dando bom dia, encerrara a ligação. Do outro lado da cidade, na Reserva Quileute, onde Sam e outros garotos tomavam café a mesa, o assunto após aquela chamada não poderia ser outro: quem era e que ligação ela tinha com o descontraído Embry?
sorriu para o telefone à sua frente, e seguiu até o fogão onde a água para coar seu café, já estava fervilhando. Sam era educado, ela pôde perceber. Mas, indagava-se se ele era outro irmão de Embry. A voz de Sam era forte, quase como a de Jacob, mas ele lhe parecia mais velho do que Embry e Jacob. Talvez, Sam fosse o pai deles? E claro, havia outros garotos! Ela notou imediatamente ao sentir que sua presença causou surpresa e leves sussurros debochados, e com isso, certamente deveriam ser adolescentes.
Enquanto fechava a garrafa térmica com café recém-coado, e pegava uma xícara em seu armário para se servir, o celular de tocou estridente do outro lado do balcão da cozinha. Ela caminhou apressada pela sala seguindo o som até encontrá-lo jogado ao sofá. Erick estava a telefonando.
— Bom dia Lu! Como você está? — sua voz animada se fez ouvir logo que ela deslizou o ícone verde de chamada na tela.
— Bom dia Erick. Estou ótima! Como foi a sua tarde ontem? — igualmente animada e sorridente ela respondeu.
— Argh! Eu poderia tê-la passado com você, seria muito mais divertido! Só papéis e mais papéis! — o tom de voz contrariado era nítido no rapaz, bem como o arrependimento: — Desculpe por isso... Sei que havíamos combinado...
— Não tem que se desculpar. Foi um chamado de última hora, está tudo bem! Mas, me diga como você está?
— Bem, bem... E você, o que fez ontem?
Imediatamente, animou-se para contar ao Erick a aventura de ir até a casa de Charlie e em seguida à reserva. Sentou-se ao banquinho alto de sua ilha simples na cozinha, e colocou a chamada à viva voz. Passou geleia em algumas torradas, embora não fosse muito de comer pela manhã, e narrou com voz nítida e animada suas novidades:
— Ah Erick, foi ótimo! Você nem pode imaginar! Eu dirigi até a casa do senhor Swan, mas não encontrei Bella por lá. Com isso, já que não tinha muito o que fazer, eu fui à praia de La Push. É realmente um lugar lindo, apesar da paisagem mórbida causada pelo frio. Acabei passando horas observando a paisagem, e até tirei uma soneca nas pedras! Pense bem! — ela riu — Ah! E eu conheci um rapaz da Reserva Quileute, chamado Embry Call. Você conhece?
— Conheço. — respondeu menos animado do que — Hm... Legal, o seu passeio por Forks... E você e Embry se divertiram?
A falta de interesse, e o resquício de desapontamento na voz do policial deixavam claro para , que Erick não havia curtido muito a ideia da jovem ter conhecido alguém da reserva. Ou, que talvez, Erick tivesse algum problema pessoal com o rapaz Call.
— Foi bem rápido, na verdade. Eu até que gostaria de ter passado mais tempo com ele, me pareceu uma ótima pessoa.
acreditava de fato, que Embry fosse alguém bacana de se estabelecer laços, mas disse aquilo para instigar Erick a dizer algo contrário, assim teria certeza se o policial desaprovava a ideia de Embry ser seu amigo.
— Olha , eu tenho que desligar agora... — a resposta, a fez erguer as sobrancelhas surpresa — Mas antes, eu quero te fazer um convite. Charlie Swan me convidou para uma pescaria, e mesmo que eu ache que não vá te agradar muito, não custa perguntar. Gostaria de nos acompanhar? Com direito a molinetes e anzóis?
Erick, mais do que certo de que ela aceitaria, falou diretamente e deu uma risadinha sem graça. havia notado que ele a chamou pelo seu nome todo, e desde que se conheceram e vinham se encontrando, o rapaz apenas a chamava de Lu. Era uma maneira com a qual os dois iam ganhando mais intimidade e se aproximando, e ao perceber que Erick estava desconfortável com a ideia de Embry e se conhecendo, e confirmando que ele havia dado um suposto passo para trás, na intimidade com ela, achou que aquela atitude teria algum significado.
— Seria quando? — ela perguntou referente à pescaria.
— Hoje.
— Desculpe Erick, mas eu vou recusar. Quem sabe outro dia? Tenho outros planos para hoje.
— Irá novamente à Reserva Quileute? — a reposta dele, como ela imaginava, confirmava que ele não gostava da reserva ou do que fosse relacionado ao lugar.
— Talvez, mas a minha urgência é outra. Bem... Eu tenho que ir, até mais Erick.
— Até mais... Beijo... — ele despediu-se desanimado.
A mulher desligou a chamada e deu uma mordida grande em sua torrada. Estava realmente desconfiada pela reação do homem, e pensou que seria apropriado conversar com Erick em outro momento sobre a impressão que ela teve. Gostaria de entender os motivos por ele supostamente desaprovar La Push, ou seus moradores.
Terminou o seu café da manhã, e lavou a pouca louça que sujou e não demorou a subir aos aposentos, para se arrumar e sair pela cidade. Ela precisava, e queria encontrar Sue. Por isso buscaria informações sobre a mulher que lhe indicou o emprego na cidade. Infelizmente, não recordava o sobrenome daquela senhora, mas tinha uma ligeira certeza de não ser um nome muito comum. Acreditava que não havia muitas “Sues” em Forks, e menos ainda, outra com traços físicos como o da senhora que ela conheceu.
Abrindo o velho guarda-roupa de madeira embutido à parede do quarto, escolheu vestir uma calça jeans surrada, no estilo boyfriend, uma camiseta branca simples e não se esqueceu da jaqueta jeans e o cachecol. O Sol estava dando sinais de luminosidade no céu, mas o clima “ameno” de Forks não comparava-se nada com o que seria, o clima “ameno” de Phoenix.
Descia as escadas de forma apressada, pegou os seus itens pessoais espalhados na casa, como a carteira, os documentos, o celular e alguns drops de bala e jogou-os em sua bolsa que já estava à sua mão. As chaves do carro estavam penduradas ao lado da porta da sala, e as chaves da porta enfiadas à tranca, logo foram retiradas por ela e colocadas na tranca anterior. caminhou até o seu carro dando uma observada aos arredores de sua, sempre solitária, casa e não demorou a entrar no automóvel. Jogou a bolsa para o banco do carona, afivelou os cintos e ligou o rádio sintonizando numa rádio local qualquer. E depois de manobrar pela saída de sua garagem aberta alcançando a estrada dirigia cantarolando os acordes iniciais de uma música do Beatles, que acabara de ser anunciada.
O Sol batia fraco no para-brisa e o reflexo nos olhos dela atrapalhavam um pouco. buscou vagamente, seus óculos de Sol, no painel do carro e não os encontrou. Olhou para o banco do carona e puxou a sua bolsa, cantarolando e tateando no meio de suas coisas bagunçadas, se a caixinha dos óculos estava ali. Até que recordou-se de deixá-la no porta-luvas, e se esticou para alcançar o botão de abertura do mesmo. Entre uma espiada e outra à estrada, desviou a sua atenção na busca pela caixinha entre a bagunça de papéis. Assim que os encontrou, com dificuldade abriu-a e puxou seu Chilli Beans os vestindo ao rosto. De repente, houve um estrondo antecedido de uma freada brusca e de duzentas batidas a mais, aceleradas ao coração dela e que foi possível que a própria escutasse.
ergueu a cabeça devagar olhando à frente, as duas mãos coladas ao volante, a boca aberta em susto e os malditos óculos a poucos milímetros da ponta do seu nariz. Soltou o peso do corpo à poltrona e jogou a cabeça ao encosto do banco à medida que seus músculos relaxavam, e ela retomava a consciência do que havia acontecido. A garota praguejou alto, irritada e aliviada por estar bem e saber que o pequeno acidente havia sido puramente, irresponsabilidade dela. Ela abriu a porta do carro, soltou-se do cinto e desceu desesperada observando o que havia acontecido ao seu automóvel. E como em cenas de filme americano, chutava o para-choque e gritava consigo mesma.
Poucos metros atrás, na estrada pelo caminho recém-percorrido por ela, vagarosamente um Rabbit vermelho se aproximava à cena do acidente. O carro foi estacionado atrás do carro de , com certa distância segura. A mulher bufava e foi até o interior de seu veículo batido para pegar a própria bolsa puxando as chaves da ignição, e procurou seu celular, quando notou a presença de outra pessoa perto de si. Para sua surpresa o homem que desceu do Rabbit parecia-lhe muito familiar, e de fato o era. Jacob Black se aproximou devagar parando à frente dela e com as mãos à cintura observou o estrago feito.
— Tomando umas rasteiras da estrada?
Ele perguntou olhando-a de lado, sem sorrir. E sua pequena frase irritou . Era para ser uma piada? Caso fosse, não deu certo. A mulher estava estressada e entendeu a aproximação dele como uma afronta, já que o homem não lhe sorria solidário e ao menos a olhou, ou perguntou se estava bem. Parecia mais reprová-la pelo acidente do que qualquer coisa.
— Na verdade não. Desvie a atenção enquanto dirigia.
Ainda olhando os estragos do próprio carro e decidindo não se importa com Jacob, o respondeu. Mordeu os lábios, pensativa e retornou ao interior do veículo tentando ligar o motor. O ronco não estava como de costume e logo se constatou que o estrago era grande. O carro até poderia aguentar chegar à cidade, mas pensava se era melhor tentar levá-lo de volta para sua casa já que havia dirigido aproximadamente uns 10 metros. Recostou a cabeça desanimada ao volante, e escutou a voz trovejante de Jacob lhe perguntar:
— Por que fez isso?
levantou o olhar para ele, e o homem caminhou ainda sem a encarar abaixando-se um pouco próximo ao carro para analisar melhor os amassados. Ela puxou a chave de novo da ignição e saiu de dentro do carro, encarando Jacob que lhe aguardava resposta.
— Ah sei lá... Estava a fim de bater o carro numa árvore. Sabe como é, né? Tédio. — ela respondeu revirando os olhos.
Jacob então desviou o olhar para ela, confuso e pensando um pouco respondeu:
— Vou supor que está sendo irônica.
Ele se levantou e caminhou para próximo de sem demonstrar expressão alguma em sua face.
— Tanto faz. — a mulher respondeu enquanto discava o número de Erick em seu celular.
— Posso perguntar para quem está telefonando?
— Para um amigo, ele deve conhecer algum reboque ou mecânico.
— Abre o capô. — Jacob ordenou puxando o aparelho celular da orelha de , desligou a chamada e em seguida o devolveu à dona.
— Você é mecânico?
Ela perguntou sem se importar com o que ele havia feito, e puxou a trava do capô perto da porta do carro, Jacob observava o interior da “máquina” e fazia umas caras e bocas das quais, podia imaginar que não seria boa coisa.
— Praticamente.
“Praticamente. Ótimo, um amador!” pensou ao ouvi-lo.
— Olha... Seu carro não vai mais a lugar nenhum sem alguns pequenos reparos.
— Tem certeza?
— Tenho.
— Dá para eu, pelo menos empurrá-lo de volta para casa? Fica há...
— Vou rebocá-lo até lá para você. — ele disse a interrompendo — Entra aí.
Jacob deu as costas para e correu em direção ao seu Rabbit. Seguiu os procedimentos para engatar o reboque de um carro no outro e quando já ia de fato, seguir para a direção do seu veículo, que observava a tudo incrédula lhe perguntou:
— Você vai me deixar explicar onde eu moro?
Havia caminhado até a frente do corpo de Jacob parando-se ali, séria e irritada, de braços cruzados. Não sabia dizer por que, mas Jacob a estava irritando com sua postura tão autônoma e desinteressada à presença ou ajuda dela.
— Há uns dez metros. No casarão abandonado. — ele respondeu com um sorriso ladino e uma sobrancelha arqueada em tom convencido.
virou-se de costas e afastava-se dele, olhando-o por sobre o ombro com expressão raivosa, enquanto caminhava em direção à porta do próprio carro. Abriu-a bruscamente e entrou no veículo emburrada. Jacob sorria vitorioso observando a cena da mulher contrariada que se afastava, e viu seu sorriso sarcástico pelo retrovisor.
Enquanto Jacob guiava o próprio carro arrastando o de , a mulher ao seu volante controlava a direção de seu automóvel atrás do Rabbit. Ao chegarem à casa de , ela estacionou como pôde, o seu carro em sua garagem — que na verdade não era uma garagem propriamente, mas sim um galpão lateral.
As casas de Forks eram bem diferentes das casas de Phoenix. Em Phoenix tudo é muito colorido, em Forks monocromático, as casas de lá tem garagens anexadas às laterais da entrada, já em Forks poucas casas tem garagem. Depois que Jacob estacionou o carro dele de modo a auxiliar a estacionar o dela, ela saiu do carro e ele também. Jacob recostou-se à porta do seu Rabbit, e a mulher com as mãos nos bolsos traseiros da calça e sua bolsa atravessada ao corpo, se aproximou dele mais calma e agradecida.
— Deixe-me adivinhar... Táxi aqui, é só em televisão não é? — ela o perguntou em tom de desânimo.
— Você pode esperar um ônibus. — ele respondeu a observando, e sorriu irônico ao vê-la se animar: — Claro que... Não é muito comum passar algum por aqui.
E com a expressão de tristeza que não conseguiu segurar, Jacob riu abertamente em deboche a ela. Era a primeira vez que o via rir, ou sorrir. Não conseguia definir muito bem, porque era como se o rosto dele fosse travado. Como alguém que desaprendeu como se faz para alargar um sorriso bonito.
— Certo... Como vocês fazem por aqui? — perguntou curiosa.
— A maioria dos moradores de Forks tem seus próprios carros e quando eles não têm como ir à cidade, é comum pegarem carona. Sabe como é, todo mundo se conhece e uma mão lava a outra.
assentiu silenciosa num meneio de cabeça e sorriu para Jacob. Eles ficaram em silêncio se olhando até ela desviar o olhar para o chão e Jacob suspirar profundamente a encarando e dizendo:
— Eu poderia te dar uma carona já que estou indo à cidade. Mas...
— Mas?
— Você não está sendo muito gentil com alguém que estava tentando te ajudar. Então você poderia reverter essa situação, não é?
— Não estou sendo gentil? Olha quem fala!
riu da petulância de Jacob, revirou os olhos e levando suas mãos à cintura encarou o chão. Como se estivesse se preparando para ir contra seu próprio orgulho, ergueu a cabeça para o céu de olhos fechados, bufou fracamente e disse:
— Hm... Está certo! Senhor Jacob Black, poderia, por favor, me dar uma carona até a cidade? Eu ficaria muito grata. — sorriu ela sem graça.
— Senhor Jacob Black? Muita formalidade, não?
— Certo, então, que tal... Jake?
O pequeno sorriso ladino que Jacob apresentava se desfez em uma linha rígida de desconforto.
— Então vamos. Não posso demorar e acredito que você esteja atrasada. — ele respondeu voltando a ser rude e antissocial com ela.
Abriu a porta em que segundos antes estava parado, e posicionou-se ao volante esperando dar a volta ao carro e posicionar-se ao lado dele. Ela adentrou ao carro, e estava surpresa pela postura dele e permaneceu calada enquanto analisava a atitude dele. Pensava ela se, seria transtorno de bipolaridade ou Jacob apenas não gostou do apelido que ela lhe dera. A mulher julgava que a maioria das pessoas apenas responderia que não gostaram, mas ele fora totalmente outro. Enluvando novamente uma atmosfera de constrangimento entre os dois. Mas, o que não poderia saber é que para Jacob, ouvir aquela garota o chamar de “Jake” lhe trazia à mente lembranças não tão doces.
Calados permaneceram por um bom trajeto, até que desviou o olhar da estrada pelo vidro de sua janela e encarou a face rígida e séria do homem ao seu lado, que pensativo, porém tranquilo, não tirava os olhos das listras marcadas ao asfalto à frente.
— Jacob, por acaso você conhece alguma senhora chamada Sue? — ela perguntou quebrando o silêncio.
— Talvez. Por quê?
— Nada importante. Preciso agradecê-la, porém não consigo me recordar do sobrenome dela.
— Como ela é?
— Uma senhora morena de cabelos longos e escuros, muito simpática. Tem um sorriso acolhedor também.
— Muito esclarecedor. — ele sorriu sarcástico olhando-a de modo desafiador.
— Ah, qual é!? Não devem ter muitas “Sues” por aqui!
— Sue Clearwater. — Jacob respondeu sorrindo para ela — Seria essa?
— Sim! — animada exclamou o fazendo assustar — Desculpe, mas é ela mesma! Onde eu posso encontrá-la?
— Na Reserva. Desculpe a pergunta, mas... Pelo quê quer agradecê-la?
— Graças a ela eu fui admitida no meu novo emprego.
— Sue é muito generosa. Você vai gostar de conhecê-la melhor.
— Tenho certeza disso.
Os dois sorriram um para o outro e notou novamente, como Jacob era lindo. De uma beleza bruta, altamente atraente e máscula. Jacob também não era cego, e por mais que jamais fosse confessar aquilo, à primeira vez que se deparou com foi impossível não sentir seu estômago estremecer e a garganta embargar. Ela era linda, com seus cabelos longos ondulados e escuros, e com sua pele tão parecida com a dele na cor, mas fria como somente um morador normal de Forks poderia ser.
Ao retornar sua atenção para a paisagem do trajeto, tinha um turbilhão de pensamentos à cabeça, sendo a maior dúvida dela: o que Bella teria feito ao Jacob para deixá-lo tão amargurado. Embry já havia lhe dito aquilo e a cada instante perto de Black, a garota podia notar ser verdade. A personalidade até então contraditória dele, para ela soava até engraçado. Ora Jacob era simpático, descontraído, lançando-a piadas, de humor fraco que até, a agradavam. Ora, ele emburrava a face e se fechava como se ela não estivesse presente. De alguma forma, Jacob havia posto uma barreira entre eles. Uma barreira invisível que não os impedia de se ouvirem e conversarem um com o outro, mas impedia-lhes de se aproximarem. sentia-se incomodada com aquela inconstância, até mais do que ela poderia explicar.
O estridente som da campainha do celular dela se fez ouvir, e puxando o aparelho de sua bolsa, viu o nome de Erick ao visor. Atendeu à chamada despreocupada com a presença de Jacob, que disfarçadamente espreitava o assunto. Erick perguntou onde ela estava, a mulher respondeu que seguia a caminho da cidade na companhia de Jacob Black, e que em seguida iria até a reserva falar com Sue Clearwater. Ela poderia dar-lhe explicações maiores e mais detalhadas do que ocorreu, mas não era de ficar prestando satisfações às pessoas. E após ouvir o tom desgostoso de Erick ao se despedir dela e encerrar o assunto, ficou irritada por ter tido a chamada encerrada rudemente por ele.
— Que grosseiro! — reclamou encarando o próprio celular.
— Aconteceu alguma coisa?
— Erick Jones. Isso que aconteceu! — sua voz era realmente irritadiça.
— Espera... Ele? Você namora o Erick Jones?
Jacob também não lhe pareceu muito satisfeito com a notícia e frisou bem o nome do policial ao qual falavam.
— Por que pergunta?
— Embry não disse que você namorava, e muito menos com ele.
— Embry falou de mim, é? Quando?
— Esta manhã, quando Sam o contou que você ligou. Foi impossível fugir às perguntas, eu estava por perto e acabei escutando o seu nome.
— Hm... Bem, Embry não poderia dizer nada já que eu não namoro mesmo, e muito menos o Erick. Ele é só um amigo.
— Ah... — Jacob murmurou desconfiado.
— Escuta... Vocês tem algum problema com o Erick?
— Digamos que ele tem um problema conosco.
— Hm... Posso saber qual é?
— Pergunte a ele. E se descobrir, me conte. — ele falou dando os ombros e a informando: — Já chegamos à cidade.
— Parece que demorou, não é?
— Um pouco. — ele sorriu abertamente.
Sim, novamente o sorriso de alguém que desaprendeu a sorrir e que fazia ter vontade de desvendar a vida de Jacob.
— Você vai fazer o quê aqui? Sem querer ser intrometido.
— Compras para minha casa, e algo imediato, para preparar de almoço.
— Bem, o mercado da família Carter é o mais barato e tem de tudo. Aconselho você a ir lá.
— Bem, obrigada Jacob. Mesmo. Pelo carro, a carona e... — ela paralisou observando os olhos escuros, semicerrados e atentos de Jacob a ela — Pelas conversas.
Havia uma expressão de dúvida no rosto de , porque eles não conversaram exatamente. Apenas tiveram breves diálogos, era o que ela diria. Mas, sua expressão facial e certo desconcerto em agradecê-lo, provavelmente soaram com graça para Jacob, que não segurou uma risada farta. Riu mesmo, divertido. E ao se deparar com tão genuína atitude dele, corou admirada.
— Você acha que demora aí? — ele perguntou para ela e apontou o mercado.
— Não sei. Talvez uns vinte minutos se não houver fila...
— Se eu estiver por aqui te dou uma carona de volta. Pode ser?
sorriu satisfeita. Queria passar mais tempo com aquele Jacob tranquilo, e até não se importaria com um pouco do emburrado, amargurado e antissocial Jacob, se eles pudessem ter uma oportunidade de se conhecerem.
— Eu vou adorar. — ela respondeu simpática e antes de sair pela porta, sorriu para ele despedindo-se: — Até mais.
Fechou a porta do carro dele após descer, e acenou com a mão pelo vidro da janela. Ao dar as costas a ele caminhando em direção ao mercado, sentiu que sua face estava corada, e sorrindo simpática ela olhava para trás por sobre o ombro de vez em quando. Quando viu que Jacob havia descido e se encostado à porta de seu Rabbit e não deixou de observá-la, a garota acenou novamente.
Entrou no mercado atenta às pessoas simpáticas, que sorriam para ela como quem lhe dava boas-vindas. O mercado dos Carter, a julgar pelo pensamento de era um mercado grande para Forks. Enquanto ela comprava as coisas necessárias, também pensava na risada de Jacob minutos antes. Ali pela primeira vez ele demonstrou a gargalhada mais sonora e linda que já havia escutado. Os olhos dele se apertavam miudinhos e sua boca alargava-se mostrando seus dentes brancos e belos. Ele era como um sol escondido por nuvens. Todo o "bate-papo" entre eles passou pela mente de em flashbacks. Os momentos que ele travava, como se lembrasse da barreira invisível que ele mesmo pusera entre eles, e em outros, tão displicente entregando suas minúcias sutis e encantadoras. Tudo compunha um cenário de memórias fotográficas recentes, e que faziam sorrir sozinha entre uma estante ou outra do mercado.
Quando chegou ao caixa de pagamento, percebeu que as pessoas a encaravam tanto que ela sentiu-se obrigada a cumprimentá-las. Muito felizes, responderam de volta e conversavam com ela. Diziam-lhe o quanto ela iria adorar Forks, elogiavam como ela era bela e, claro, tocavam elogios à cor de pele linda que tinha. Uma senhora a perguntou:
— Você é a namorada do jovem Erick Jones?
Respondeu que não, que eles eram apenas amigos e que, Erick lhe ajudou muito nas primeiras semanas de mudança. E a senhora respondeu:
— Erick é um excelente rapaz!
não evitou rir discreta da situação, pois pareceu que a senhora queria "promover" o rapaz. Quando a vez de na fila de pagamento chegou, um senhor aproximou-se se apresentando:
— Seja bem vinda senhorita. Sou Junior Carter. Dono do mercado e patriarca da família.
Ele também a apresentou sua esposa, que era a senhora da pergunta sobre Erick, e os filhos Scott e Peter.
— Pode contar conosco para o que precisar aqui na cidade.
— Muito obrigada Senhor Carter. É muita gentileza de todos vocês, meu nome é .
— Desculpe-me ... Você é por acaso parente de algum quileute?
— Não senhor, mas... Por que perguntas?
— Você é bem bronzeada. — disse Peter, o filho mais novo, olhando admirado para .
Embry estava certo quando disse "É bem diferente das garotas daqui, vai perceber logo isso (...). Os rapazes vão confirmar o que eu digo”. O irmão mais velho de Peter, Scott, chamou-lhe atenção dizendo que ele estava sendo indelicado e Peter desculpou-se com .
— Tudo bem Peter. Eu sou bronzeada mesmo, mas é porque eu venho da ensolarada Phoenix. Espero não perder essa característica, adoro o tom da minha pele. Acho de um dourado lindo.
— E é querida. — falou a senhora Eva Carter, mãe dos meninos.
— Com certeza, você é linda . — Scott se pronunciou e fez corar com o elogio tão direto.
Ao perceber que seus filhos não iriam mais falar nada, o Senhor Carter continuou sondando já que Peter interrompeu-o.
— Bem , pergunto por que de fato você se parece uma quileute. Mas se não é parente de nenhum ainda, logo será. Estou enganado?
Ele sorria apontando para a porta e olhando de modo curioso para a jovem mulher. Jacob andava de um lado a outro na porta do mercado esperando ela. Até que ele olhou para dentro e viu que todos o observavam. Acenou sem graça e se direcionou a entrada do estabelecimento. Enquanto isso, se explicava:
— Jacob me deu uma carona apenas. Meu carro quebrou na estrada e nos conhecemos hoje. — sorriu sem graça em resposta.
— Algo me diz que tem alguma coisa na reserva quileute esperando você . Pode não ser Jacob, mas há algo ou alguém lá a sua espera.
Jacob que acabara de se aproximar, ouviu toda a “premonição" de Carter, calado e sorrindo torto. Havia chegado e pegava as compras de enquanto o velho Sr. Carter falava. A resposta do senhor Carter ficou no ar, sem resposta. Após pegar todas as sacolas pesadas e com uma agilidade incrível, ele sorriu para a família do mercado, e cumprimentou-os.
— Bom dia Carter’s.
Todos o responderam, Scott e Peter eram amigos de Jacob e deram um soco cúmplices em cada ombro dele.
— Sr. Carter, tem mesmo alguém esperando na reserva. — ele disse sorrindo e despedindo-se de todos.
— Foi um prazer. Espero revê-los brevemente. — disse e saiu seguindo Jacob.
Já no lado de fora do mercado, olhava discretamente para o vidro da vitrine com as mãos no bolso da sua jaqueta e todos ainda estavam os observando juntos. Jacob guardava as sacolas no banco traseiro do seu Rabbit e virando-se para ela, parou na sua frente, sorriu e perguntou-lhe:
— Você quer ver Sue ainda hoje?
— Não sei se vai dar... Tenho que ir para casa. Ainda tenho que preparar o almoço e até chegar à reserva...
— Sue já te espera para o almoço. — Jacob disse sorrindo e abrindo a porta de seu carro para entrar: — Vamos?
— Jacob... Eu não sei. Eu realmente pretendo falar com ela, mas tenho tanta coisa para organizar em casa...
— Seu namorado está te esperando para o almoço? — ele falava olhando para o lado como quem foge ao olhar nos olhos da mulher, e ainda segurando a porta.
— Eu já disse que Erick não é meu namorado. E não, ele não está me esperando para nada. — então com sua resposta, Jacob encarou apontando com os olhos para o banco do carro, e ela logo aceitou ao convite: — Tudo bem! Mas eu não posso demorar!
— É... Estou sabendo.
Jacob bateu a porta ao fechá-la, fazendo se assustar levemente e pelo retrovisor ver que ele dava a volta no carro sacudindo a cabeça e sorrindo para o chão. Ele acenou para os Carter que ainda os espiavam.
— Cidades pequenas! — ele disse entrando no carro e sorrindo para .
— Sou a atração. Acontece muito por aqui?
— Já tem algum tempo desde a última grande atração. — Jacob pigarreou e ficou sério.
A barreira estava erguida novamente. Jacob não era de escutar músicas enquanto dirigia, e apesar de todo aquele silêncio incomodar muito a , ela não se atreveu a pedi-lo que ligasse o rádio. O caminho seguiu silencioso. Algumas vezes eles se olhavam e sorriam sem graça.
apreciou a paisagem durante todo o percurso e ao passar pela sua casa, Jacob perguntou se ela gostaria de parar para guardar suas compras. Ela concordou e ele estacionou na entrada. Jacob agiu da mesma forma que Embry, na noite em que a trouxe em casa. Quando perguntou o que ele estava fazendo, respondeu-lhe: “Apenas verificando”. Tudo estava normal, como imaginava que estaria.
Mas a verdade é que, algo havia de estranho. Jacob sabia, e Embry também. abriu a porta de sua casa convidando o homem a entrar, e ambos carregavam algumas sacolas. Ela colocou as compras dela sobre o balcão ilha da cozinha, e indicou Jacob a fazer o mesmo. Assim que ele fez o que a mulher pediu, retornou ao carro para buscar o restante enquanto procurava as compras que eram de geladeira. E ao retornar, ele elogiou sua casa e foi a empurrando de volta para o carro assim que viu a mulher terminar de guardar os itens perecíveis.
— Céus, qual o seu problema?
— Você não vai querer perder as melhores partes não é? — ele sorriu novamente aquele sorriso solar e tímido.
Ao chegarem à reserva, muitas pessoas, muitas mesmo, estavam conversando alto e sorrindo uma para as outras. Os quileutes, para , lhe pareciam pessoas muito felizes. Ela avistou Sue colocando travessas em uma mesa enorme de madeira, esculpida a mão e que se encontrava ali no meio do que seria, uma espécie de "pátio", abaixo de um enorme carvalho. Era como um piquenique no meio da floresta.
adorava as cenas e lamentava apenas não estar com a sua câmera profissional, aquele cenário merecia registro. Seriam fotografias lindas. E até poderia sacar a câmera do smartphone e fotografar, mas acreditou ser invasivo, ofensivo e até estranho fazê-lo. Enquanto olhava-os de dentro do carro, aos poucos eles iam percebendo a presença do Rabbit vermelho estacionado, e de duas pessoas dentro dele. Jacob então tocou o braço dela, como se quisesse a acordar de um sonambulismo.
— Você está bem?
— Ótima. É tudo tão perfeito aqui. — ele sorria.
Todos do lado de fora ainda observavam curiosos, calados e sorridentes. Aquela recepção toda era para ou eles eram assim mesmo?
— Eu não trocaria esse lugar por nenhum outro no mundo. — Jacob disse também admirando todos à sua frente
— Certo, vamos! Já estamos parecendo dois loucos.
Jacob abriu a porta para ela descer, assim que ele se pôs ao lado de fora. Ao descer, avistou ao Embry vindo em sua direção de braços abertos e sorriso contagiante. Como um urso, ele a abraçava forte arrancando dela, gargalhadas.
— Ei, Embry! Não me envergonhe. Tem muitas pessoas aqui!
— Relaxa. Eles estão acostumados com a minha espontaneidade.
sorriu para Embry dando um soco fraquinho no seu ombro. As pessoas começaram a se aproximar e a se apresentar. Sue sempre muito simpática e sorridente abraçou à garota e a parabenizou pelo trabalho conquistado. , retribuiu o gesto carinhoso.
— Eu quem devo agradecê-la, se não fosse por você eu não teria o emprego e nem estaria aqui!
— Nesse caso, viva a Sue! — Embry dizia alegre fazendo corar.
— Está apavorando-a Embry. — a mesma voz trovejante que falara com ela ao telefone se pronunciou.
— Seja bem-vinda . Sou o Sam Uley. Já nos falamos, lembra?
— Sim, foi nessa manhã. É um prazer conhecê-lo.
— Olá , eu sou Billy Black. Venha, deve estar com fome.
observou ao Billy por um tempo enquanto o acompanhava. Percebeu que se tratava do pai de Jacob a supor pela idade e interação entre eles, porém, ela não observou nenhuma característica comum entre eles. Talvez tivessem alguma, mas de fato naquele momento a mulher não conseguiria perceber. Jacob estava sentado em um toco um pouco afastado da grande mesa, ao lado do carvalho gigantesco. Ele estava de costas para a mesa absurdamente grande e magnificamente esculpida à mão.
— Ei , Jacob comportou-se direitinho com você? — Embry perguntou e todos riam, menos Jacob que o olhou de soslaio.
— Bem, ele se comportou como deveria eu acho. — respondeu tímida sorrindo fraco.
— Tudo bem querida esses meninos gostam de piadinhas, mas não acreditam quando dizem a eles que eles não têm a menor graça. — disse Sue sendo abraçada em seguida por Jacob que havia se levantado. Ele disse a ela: "É por isso que eu te adoro Sue".
Black a olhou e sorriu sem graça; Sue olhou para ele e para a visitante discretamente.
— Posso ajudá-la? — ofereceu.
— Tudo bem querida, Emily e as meninas já me ajudaram bastante. Fique à vontade. — sorriu.
— Ok. — se sentiu inútil e paparicada, e odiava se sentir assim.
— Ei ! — Embry gritava. — Vem cá! Tem uns bobões querendo conhecê-la!
— Você está transformando a garota em uma atração Embry. — disse Emily, sendo acompanhada pelas risadas de todos.
— Embry é muito animado. Não se preocupem, e depois, não pode ser pior do que foi no mercado dos Carter’s. — ela atestou a fim de não ser o centro das atenções.
— Você é muito gentil. — dizia Emily.
Emily tinha uma cicatriz bem grande no rosto e evitava falar com olhando-a totalmente de frente. Talvez, por receio de alguma atitude da outra, contudo, fingiu não perceber as marcas.
— Obrigada Emily, você também é. — soltou uma risada divertida e isso deixou Emily mais à vontade.
Abraçando Embry de lado, a nova amiga do rapaz resolveu se soltar um pouco mais:
— E então, onde estão os bobões Embry Call?
Todos riam. Embry apresentou-lhe mais alguns garotos da reserva incluindo Quil Ateara, outro irmão. Em seguida foram almoçar assim que Billy os chamou e ajudou a organizar tudo depois da comilança. A mulher surpreendeu-se ao notar que os quileutes tinham mesmo um apetite e tanto.
Depois de um tempo, Embry convidou para descerem à praia. Naquela hora, Jacob surgiu ao lado dele e sussurrou: "Pode não ser uma boa ideia". Então Embry disse em sussurro que não teriam problemas. Foram descendo em uma trilha escorregadia e com algumas pedras até a praia. caiu algumas vezes e a cada tombo, os dois se acabavam de rir. Como ela estava muito estabanada, ao chegarem à parte mais pedregosa Embry parou.
— O que houve? — Ela perguntou.
— Como você está? — arguiu Embry a encarando de cima a baixo.
— Apenas alguns hematomas. Nada grave, por quê? O que houve?
— Nesse caso peço-lhe desculpas e licença, mas eu preciso fazer isto. — dizendo aquilo, ele tomou-a em seu colo.
Com o susto agarrou-lhe o pescoço. Ele olhou para ela e a expressão de seu rosto era cômica, Embry começou a rir do semblante assustado e constrangido da mulher, até que ela começou a rir junto.
O quileute era muito rápido e ágil, conseguia andar sobre as pedras como se os seus pés já tivessem as medidas certas das duras figuras. Entre um pulo e outro o casal conversava, embora sentisse um pouco de constrangimento com aquela situação.
— Está confortável? — Ele dizia zombeteiro.
— Bastante. — E ela respondia sorrindo e encarando seu peitoral. — Obrigada pela carona. Você me livrou de alguns hematomas mais sérios e um longo tempo sem poder me sentar. — Embry gargalhava.
— Ah não. — Ele disse após parar de rir.
— O que foi? — perguntou olhando para frente.
— Já chegamos. Infelizmente! — Embry a olhava atrevido e ela ainda não entendia a razão por ele lamentar o fim da trilha até a praia, até que ele explanou: — Estava me sentindo muito bem em carregá-la.
— Bem, pode fazer isso mais vezes se você quiser.
— Certo, então eu acho que eu deveria continuar, afinal nós vamos subir nas rochas para nos sentar e como você mesma disse, melhor evitar hematomas mais sérios.
sorriu, mas ficou apreensiva. Pensou que poderia não ser uma boa ideia já que, carrega-la enquanto escalavam as rochas lhe parecia muito arriscado. Indagou se era a respeito das impetuosas ideias de Embry, que Jacob falava antes dos dois descerem. Achou melhor afastar aqueles pensamentos e se concentrar em cair o mais seguramente possível. Embry conseguiu subir com ela nos braços sem o menor esforço. E atenta a ele, tinha algumas perturbações em mente: Como ele conseguia ser tão ágil daquela forma? E por que ele estava tão quente? Aliás, desde a noite anterior, ela notara que a pele do rapaz parecia incendiada.
Ao sentir a brisa fresca do mar tocar-lhe a pele, ficou ainda mais curiosa em quais as circunstâncias genéticas daquele povo, permitia-lhes não estarem cobertos com suéteres. Forks não era quente apesar de estarem também, em uma praia, e absolutamente todos os rapazes indígenas ali, estavam descamisados.
Embry colocou-a sentada sobre as rochas mencionadas e logo se juntou a ela, sentando ao seu lado e beijando sua face.
— Você parece sentir frio. — mencionou o rapaz ao sentir a pele gelada do rosto dela.
— Vamos confessar que está de fato, frio. Vou fingir que você se veste de vez em quando.
— Eu me visto. Estou de calças, não é o suficiente? — olhou-a travesso e rindo.
— Sério? Ok! Então me diga que todos na reserva não estão vestidos apenas por minha causa!
— É complicado... Basicamente nosso metabolismo deixa a nossa temperatura corporal acima da média. — Embry falava como se fosse a coisa mais comum do mundo.
poderia começar a congelar a qualquer momento, tamanho era o frio que sentia e ele lá com aquela vibe: “Eu sou hot baby”. O problema seria com ela? Embry percebeu que não era uma situação muito comum para a mulher deparar-se com aquela desculpa. Na verdade, nos últimos tempos, ele vinha sentindo-se aquecer mais do que os demais irmãos. Na tentativa de inventar desculpas mais conviventes, ele continuou suas explicações sobre o fenômeno, sem que entregasse o seu segredo:
— Claro que nós sentimos frio e nos agasalhamos, mas também vivemos a vida inteira em Forks. Nós nos acostumamos ao clima ameno daqui. Provavelmente, você está estranhando as baixas temperaturas para alguém que veio de Phoenix, como se estivesse no próprio Alasca!
Olhou-a de soslaio com um sorriso de canto zombeteiro. sorriu, e olhando para as pedrinhas abaixo de seus pés fingiu acreditar enquanto seus pensamentos o contradiziam: “Sim, claro, eu e toda a cidade que viemos de Phoenix...”.
— Está com frio? — Por fim, perguntou a ela de modo amigável.
— Sim, e parece que o tempo está virando ainda mais. — respondeu brincando com algumas conchinhas na rocha e contou-o: — Eu lhe telefonei, mais cedo.
— Eu soube.
— Seus amigos estão enganados a nosso respeito.
— É eu sei. — justificou-se rindo. — Não ligue para eles tá?
Embry abraçou a mulher aninhando-a em seu peito. Em seguida, pediu desculpas e perguntou se podia fazer aquilo, alegando que o abraço era apenas para que ela se esquentasse um pouco. Lógico que não recusaria, assentiu calada e colocou suas mãos nos bolsos da própria jaqueta. Um silêncio absurdo pousou naquela praia sendo desafiado pelo rumor das ondas furiosas.
— ?
— Sim?
— Por que você disse lá em cima que nossas reações não poderiam ser piores do que foram no mercado Carter?
Ela ergueu a cabeça à altura do queixo de Embry para espiá-lo. O garoto fitava o horizonte com olhar enrugado, aquele olhar que molda rugas na testa.
— Não foi nada de mais, por quê? Eu ofendi o pessoal?
— Não. Só que... Eu falava sério quando perguntei se o Jacob havia se comportado. Ele é bem instável sabe? Eu não fui o único a ficar apreensivo com o quê ele poderia dizer a você, quando soubemos que ele socorreu-a em seu carro e te traria para cá.
— O que ele poderia dizer ou fazer comigo para tanta preocupação? — perguntou curiosa.
— Não é nada ruim, mas é que... Jacob pode ser bem rude quando quer. E você é amiga da Bella...
— É eu já percebi. Não que ele tenha sido rude, mas Jacob é um mistério. Ao mesmo tempo em que ele se aproxima, ele se afasta. Não sei se não gosta de mim, se tem medo das pessoas ou os dois.
falava voltando a olhar ao mar e ainda abraçada com Embry. Ela não o soltaria por dois motivos: aquela situação era deliciosa e estava aconchegante e quente.
— Não acho que seja possível não gostar de você. — Embry falou acariciando os cabelos dela. — Jacob vai se soltar assim que te conhecer melhor. Não se preocupe.
— Certo. — E se lembrando da pergunta, que parecia que ela tentava evitar, respondeu notando que começava a chuviscar: — Respondendo a sua pergunta... É que lá no mercado dos Carter, insinuaram que o Jacob e eu tivéssemos algum tipo de relacionamento parentesco.
— Como assim?
— O Sr. Carter perguntou se eu era uma quileute, pois, parecia muito pelo tom da minha pele. Quando eu esclareci tudo, ele viu o Jacob me esperando na porta do mercado e insinuou que se eu não era parente de alguém da reserva em breve eu me tornaria. Então quando eu esclareci as coisas novamente, ele meio que... — parou de contar e começou a rir lembrando-se: — Profetizou que havia alguém me esperando aqui na reserva, ainda que não fosse o Jacob.
— Você deveria levar um pouco mais a sério as "premonições" do Sr. Carter. É só um conselho. Costumam funcionar.
A chuva tornava-se levemente maior e mais grossa.
— Sério?
— Bem, de fato esperávamos você aqui não é? — novamente Embry gargalhava divertido. O humor dele era contagiante!
— Seu bobo! Você entendeu! O Sr. Carter falou como se tivesse algum tipo de namorado para mim por aqui.
A mulher disse voltando a erguer seu rosto para o queixo dele e falou de maneira óbvia.
— Talvez tenha. — Embry devolveu baixando o rosto dele a ponto de olhá-la nos olhos.
Suas faces estavam muito perto e a chuva começava a lhes encharcar. Embry pousou sua mão quente ao queixo arredondado dela e os dois se beijaram. Um beijo calmo, tranquilo e harmonioso. A forma como Embry a prendia contra seu corpo era delicada, se sentia confortável para tocá-lo e abandonar-se nos braços musculosos e fortes dele. Ambos pararam o beijo e começaram a rir pela cena adolescente, de um casal aos beijos tomando chuva. Ele, novamente colocou-a em seu colo, e ela o agarrou mais uma vez, dando risadas divertidas enquanto Embry fazia caretas fingindo não aguentar o peso dela.
— Ei mocinha, esse beijo te engordou. — disse piscando saliente.
— Esse beijo te enfraqueceu você quis dizer! — sorria cada vez mais largo.
— É... Ou isso. — concordou fazendo uma cara engraçada — Agora vamos, já estamos muito molhados.
Subiram a mesma trilha pedregosa e ao chegar ao topo, ainda na mata e um pouco afastados do acampamento quileute, Embry a colocou no chão. Jacob estava ali ofegante e observava-os. Ao perceberem ele, desenrolou seus braços do pescoço de Embry.
— E aí Jake? Aconteceu alguma coisa?
percebeu que a reação de Jacob ao ouvir Embry pronunciar aquele apelido foi bem diferente da forma como ele reagiu com ela. Era como se ele não ligasse, como se fosse indiferente ouvir aquele nome sendo dito por Call.
— Não. Eu só estava indo atrás de vocês. Parece que vem uma tempestade por aí.
— Tudo bem, nós estamos bem. — Embry disse. — Vamos, a vai precisar se trocar.
Ela sorriu para Embry como se fossem duas crianças que haviam feito travessuras. Jacob deu-lhes as costas e saiu, enquanto o casalzinho o seguia. Já no grande pátio da reserva, saídos da mata, Jacob foi direto para a casa de Billy que estava sentado na varanda. Seu pai estranhou que o humor do filho parecia afetado e lhe direcionou palavras, mas Jake não ouviu. Apenas entrou molhado e sendo seguido por Billy.
Sue e Emily estavam deitadas em umas redes na varanda da casa de Sam e a maioria das pessoas que estavam na reserva já haviam ido embora. Junto com as senhoras, sentados na varanda estavam Quil e Sam.
— Para onde foram todos? — perguntou ao Embry enquanto se aproximavam dos novos amigos.
— Acredito que, para suas casas. — Embry apontou para o norte da mata da reserva: — Outras cabanas afastadas um pouco mais a frente.
Quando notaram os dois se aproximando, Quil e Sam se olharam e riram discretos entre si. Pela expressão do irmão, voltaria mais vezes à tribo. Sue, toda preocupada, entrou para pegar uma toalha e Emily puxou para dentro da casa também.
— Emily eu vou molhar todo o assoalho. — A visitante reclamou ao entrar.
— O assoalho seca! Já uma gripe... São litros e litros do chá caseiro da Sue, que apesar de ser uma ótima cozinheira e muito boa pessoa... Bem, é melhor você evitar aquele chá. — ela disse sorrindo. — Vamos! Empresto algumas roupas a você.
— Obrigada. Você mora aqui então? — Sue apareceu entregando uma toalha à moça e sorrindo, em seguida foi à cozinha.
— Desde que Sam e eu nos casamos.
— Ora! Eu não sabia que vocês eram casados. Bem, formam um casal lindo de verdade! — mostrou-se simpática entrando no quarto, embora ainda cautelosa.
— Obrigada. — Emily já se sentia muito mais confortável com e olhando para trás, notou-a na porta estática evitando entrar. — Ora vamos! Entre. Não precisa se preocupar com o chão. — voltou a olhar seu guarda-roupa enquanto entrava tímida. Namorou um vestido e erguendo-o perguntou: — Esse está bom para você?
— Está mais do que ótimo!
— Não, é sério! Tenho outros, pode escolher se não te agradar.
— Esse é lindo, Emily. Está muito bom. — A mulher afirmou com o vestido em mãos.
— Bom, então o banheiro é ali, pode trocar-se. Caso não lhe sirva, deixarei outros aqui na cama para você escolher. Vou descer e volto já.
— Certo. Obrigada.
A casa de Emily e Sam era acolhedora e linda. O tipo de casa que agradava muito à : cabaninha rústica, simples, feminina e alegre. A sua nova casa não estava assim tão perfeita. Precisava de algumas pinturas e reformas, e logo a recém-moradora conseguiria deixá-la totalmente ao seu gosto. Porém, o que fazia a cabana de Emily perfeita, na opinião de , era a sua localização. se encantou pela reserva, pela praia de La Push e irrevogavelmente pela vizinhança. Se o seu casebre fosse ali, com certeza seria perfeito!
O vestido caiu-lhe como uma luva. Um pouco justo pelo tipo de tecido, mas nada vulgar. sabia que sentiria frio, mas não recusaria uma gentileza e faria exigências!
Dobrou suas roupas molhadas e pegou seus sapatos, e ao entrar novamente no dormitório da quileute, os vestidos estavam lá como Emily dissera. Não encontrando a dona das roupas ali, decidiu chama-la para guarda-los. Abriu a porta do quarto e topou de cara com Embry. Ele enxugava os cabelos desgrenhados — tal como os cabelos de — e ainda estava sem camisa, com "a roupa" molhada.
— Uau! Alguém deveria dizer à Emily que esse vestido cai muito melhor em você do que nela.
— Obrigada. — agradeceu encarando o chão visivelmente sem graça.
Emily apareceu atrás de Embry, mas não foi percebida pelos dois que ficaram se olhando.
— Vai se trocar Embry! Antes que a Sue te veja ainda molhado e corra para preparar o chá. — Embry piscou para e saiu esfregando os cabelos em direção a outro quarto.
— Eu já ia te chamar. Pode guardar seus vestidos e muito obrigada, Emily! Acho que ficou bom, não é? — deu uma voltinha para ela.
— Sim ficou ótimo! — Emily disse animada puxando-a de volta para o quarto: — E se disserem o contrário é só você olhar para o rosto do Embry e ficará certa disso! Vocês também formam um casal lindo. Fico muito contente por vocês. — A mulher soltou de uma vez suas teorias e abraçou à deixando a outra confusa.
— Hãm... Eu agradeço Emily, mas somos apenas amigos.
— Arrãm! Mais alguns beijos e tudo ficará certo! — A morena arregalou os olhos e a quileute gargalhou, explicando: — Ele não disse nada, eu só percebi que vocês voltaram diferentes. Me desculpe ! Nem nos conhecemos direito, mas, por favor, me conte! — Emily dizia enquanto puxava para se sentar na cama dela.
— Ah tudo bem. Vai ser bom ter uma boa amiga para contar segredos! — revelou e Emily batia as palmas como uma adolescente. — Foi só um beijo, um pouco antes de subirmos. Mas foi ótimo. Embry é... Como dizer... Hãm...
— Delicioso? — Emily falou e a olhou surpresa. — Bem, Sam é delicioso. Eu só dei um palpite.
— Acho que eu poderia dizer isso, mas não é a palavra certa... Só sei que eu me senti muito confortável com ele.
— Isso é lindo! — Emily disse sorrindo. — Olhe, desça com sua roupa. Sue vai colocá-la na secadora.
— Não é preciso, eu já vou embora. Antes que a tempestade me pegue.
— De forma alguma! Ficará aqui mais um pouco. Embry ou Jacob levam você para casa. Enquanto eu arrumo aqui vai descendo, o café de Sue já está cheirando! Sente?
assentiu num meneio de cabeça. Abriu a porta do quarto e novamente esbarrou em Call. Ele a cobriu com um enorme casaco dele.
— É claro que ninguém vai se ligar que você é uma friorenta até começar a ficar roxa.
— Eu pensei a mesma coisa. Tenho sorte de você ser esperto não é?
— É eu sou esperto.
— Tenho sorte também de você estar por perto, certo?
— Você eu não sei, mas eu tenho muita sorte de tê-la aqui. — Embry segurou em seu queixo e novamente, a garota perdeu o ar se imobilizando. Os dois beijaram-se mais uma vez, e foram interrompidos pela porta que se abriu, revelando Emily que fez uma careta engraçada por ter atrapalhado.
— Ah não! — Ela disse quando viu que eles se afastavam: — Continuem! Por favor, eu nem estou aqui! — piscou e saiu rumo ao andar debaixo.
Desceram atrás dela, entregou as roupas a Sue e pegou uma bandeja e, depois de muito implorar para parecer útil, conseguiu convencê-la a deixar que servisse a todos.
Ao chegar à varanda, avistou que Jacob estava lá. Todos pegaram suas canecas e quando chegou a vez de Jacob, ele colocou a mão na sua, e sem retirá-la da bandeja começou a encarar os trajes que a garota vestia. Ergueu a sobrancelha em dúvida para o ela, a respeito do casaco. Quil fez uma piada sobre “o defunto ser maior” e eles riram, então explicou que o moletom era de Embry. Sam zombou divertido: “Hummm... Já estão dividindo as roupas? Quanto até chegarem às escovas de dente?”. Embry não gostou muito da piada e jogou uma almofada nele mandando-o se calar, ao passo que apenas sorria bem pouco constrangida.
Ela passou o fim de tarde ali conversando com eles. Os meninos contando piadas e eu na maioria das vezes rindo. Vez ou outra era instigada a contar alguma também e fazia certo sucesso. Até o Jacob estava se divertindo. Começou a chover mais forte e sentia ainda mais frio. Embry ao perceber, a abraçou e aquilo gerou uma confirmação geral de que "algo" estava rolando. Nem ele e nem ela confirmaram nada de fato, porque não tinha nada a confirmar. Então, se pronunciou a eles sobre ter que ir embora, pois já era tarde.
Antes de obter qualquer resposta, Billy apareceu na porta da casa de Sam e chamou os garotos com certa urgência; Sue e Emily se olharam cúmplices. Ninguém notou que tinha uma atenção apurada ao que lhe rodeava, e tal como estavam ela sentiu a todos, apreensivos. Embry aproximou-se e disse a ela que precisaria sair com os rapazes, pois havia uma matilha de lobos solta na mata e eles deveriam afastá-los.
— Mas como vocês vão fazer isso? — perguntou um pouco preocupada.
— Tudo bem, nós estamos acostumados, eles sempre aparecem. Nós não os matamos porque é contra nossas tradições e regras quileutes. Todos ficarão bem. Relaxe. — Ele disse sorrindo. — Jake levará você de volta tudo bem?
— Claro! — E ela sorriu de volta.
— Nos vemos depois? — Embry dizia um pouco desconcertado.
— Se você não ligar, eu ligo. — falou convincente.
— Eu vou ligar. — disse e a beijou.
Aquilo foi suficiente para que os rapazes soltassem gritinhos de aprovação e zombaria.
Eles partiram mata adentro e Billy se aproximou da visitante do dia. Disse para não se preocupar, e que todos ficariam bem. Sue trouxe as roupas dela, secas, em uma sacola. Despediu-se de Emily e Sue, agradeceu imensamente pelo dia maravilhoso e Jacob acompanhou até o seu carro, abrindo a porta para ela. Os dois seguiram em silêncio durante todo o percurso, a menos por um pequeno diálogo.
— Esses lobos... — E antes que ela terminasse a pergunta, Jacob a interrompeu:
— Ficarão todos bem. Principalmente Embry, ele é sagaz. — E soou rude como Embry havia lhe dito.
percebeu que ele estava áspero, com cenho vincado em preocupação e se encolheu no banco do automóvel tamanho era o desconforto que sentiu. A voz de Jacob soava muito mais trovejante e bravia.
— Não se preocupe . — Black a encarou, acuada, e pôs-se a parecer mais educado tentando amenizar o clima, porém, ofendida, nem mesmo olhou para ele.
A mulher continuou observando a mata à sua janela. No caminho eles se depararam com o carro de Charlie Swan. A viatura parou e Jacob estacionou no acostamento, ele desceu do carro e foi falar com Charlie. Conversaram uns pequenos instantes e logo voltaram aos seus cursos. Jacob não contou para a mulher o que havia sido dito e ela também preferiu não perguntar.
Ao chegar em sua casa a tempestade estava alta com muitos relâmpagos e trovões. não parava de pensar nos rapazes no meio da floresta e do risco que corriam com os lobos e o mau tempo. Jacob seguiu aquele mesmo ritual de "verificar se tudo está bem" antes de permitir que ela descesse do carro; um ritual para ela desnecessário e assustador. Era como se, quando faziam aquilo, demonstravam que ela corria sérios perigos. sentia medo, tudo parecia horrendo com o cenário do seu casebre isolado e a tempestade. As luzes fracas dos postes da rua se apagaram e ela abriu a porta de sua casa, tentando acender as luzes.
— Ótimo. Faltou energia. — resmungou.
Jacob já havia notado e com delicadeza, a instigou a entrar logo; em seguida, ele fechou e trancou a porta. Apesar de desconfortável, ela não o expulsaria de sua casa sem mais nem menos, o avisou que tinha algumas lanternas na cozinha enquanto ele ficava parado na sala. Depois que pegou e acendeu as lanternas, retornou para o cômodo onde ele estava o entregando um objeto, e então, eles ouviram um estrondo no telhado.
Jacob correu até as janelas e ficou imóvel e cauteloso observando do lado de fora. Enquanto procurava a caixa de interruptores ouviu um rosnado alto e próximo, depois um silêncio. A garota correu em direção à sala, onde Jacob estava e perguntou o que era aquilo. Ele falou que era um lobo na porta, mas que já havia ido embora. Black se ofereceu para ficar com ela aquela noite, pois; sem energia e com lobos à solta, uma casa isolada e aparentemente inabitada poderia ser perigoso que ela ficasse só. , de fato estava apavorada e não pensou em recusar por nenhum momento. Levou Black ao quarto de hóspedes para que soubesse onde ficava e o entregou algumas roupas de cama.
Depois eles desceram, e Jacob se ofereceu para olhar a instalação elétrica. O interruptor geral ficava na cozinha, Black analisava-o com a lanterna e espalhou algumas velas acesas pela casa. Com um pouco de dificuldade ela começou a guardar as compras, que estavam sob sua bancada e ele a impedira de guardar mais cedo. "Deixa isso, eu te impedi de guardar mais cedo então te ajudo assim que acabar por aqui", Black disse. Então deixou tudo de lado e preparou um café rápido. Sentou-se na banqueta do balcão com a sua xícara de café, e pousando a xícara dele ao lado da sua.
— Tudo bem Jacob, acho que o problema foi geral. Senta aqui, seu café vai esfriar. — mordiscava uns biscoitos que conseguiu servir apesar do escuro.
— Você está certa. O problema não é na sua instalação, porém ela precisa de uma revisão.
Ele disse fechando a caixa e dirigindo-se para o banquinho ao lado da mulher, sentou-se de modo que os dois ficaram de frente um para o outro.
— Café a luz de velas. — Jacob ergueu a xícara para um brinde e sorriu sem graça, brindando de forma bem humorada com ele:
— Ao escuro. — Ela disse.
— Ao escuro? — Black ria confuso.
— Você consegue pensar em algo melhor para brindarmos? — Ela bebericou seu café amargo e o olhando por cima da xícara, de uma forma travessa.
— À minha companhia, é lógico!
— Sua companhia? O que o faz pensar que isso é algo do qual eu deva brindar?
— Não gosta de ficar perto de mim?
— Eu? Imagine! Não sou o tipo de mulher que se retrai pelos outros. Pelo contrário, você é que não gosta muito de pessoas.
— Tudo bem, se você diz. — Jacob sorria e continuava bebendo e comendo.
Continuaram conversando aleatoriamente coisas sem nexo. Para , qualquer coisa que ela conversasse com Jacob; seria sem nexo. Ela o sentia tão distante, tão perto, tão igual, a ela apesar de ver o contrário! Ele a confundia e isso não era nada, absolutamente nada bom, tratando-se de um ser meticulosamente curioso como . Então a garota observou uma tatuagem no braço dele e ficou olhando-a silenciosamente.
— É coisa de irmãos e clã. — Black respondeu olhando para ela, de um modo frio.
— Ah... — disse envergonhada: — É muito bonita.
Ela estava sendo sincera, mas Jacob riu entre as narinas e abaixou a cabeça a fitar o chão. Levantou novamente a visão para o rosto da mulher à sua frente, de modo direto, enquanto fingia observar qualquer objeto na sala para escapar à encarada dele.
— Você é muito curiosa. — ele dizia fazendo com que voltasse a olhá-lo.
— É? Como sabe?
— Percebo as coisas. Isso eu percebi no dia em que nos conhecemos em La Push.
— Como?
— Só percebi.
Inteiramente enigmático. Um tipo intrigante de pessoa que toca em um assunto para depois distanciá-lo. Após beber duas xícaras de café conversando em quase silêncio com o galante Black, ela decidiu guardar as compras ou pelo menos aliviar o número de sacolas espalhadas na cozinha.
Levantou-se retirando as xícaras e levando-as à pia para lavar, porém Jacob interviu segurando em seu braço e dizendo amistoso : "Eu faço isso". o respondeu com um sorriso e foi às sacolas; logo ele se pôs a ajudar.
Black estava completamente perdido na cozinha da casa dela, o que fez com que não contivesse uma boa risada ao vê-lo andar atrás de si com as coisas na mão pronto para entregá-las; batendo nos armários e esbarrando nas banquetas. Alguns itens ficavam em um armário alto, ela abriu a porta dele e com a lanterna buscou algo em que pudesse subir a fim de alcançar as prateleiras. Entretanto, Jacob se ofereceu para guardá-los dizendo que seria bom que ela evitasse acidentes, já que ele percebera que a garota tinha um declínio para tombos e fazia o tipo, desajeitada.
Ouvindo aquilo, ela sorriu enviesada e decidiu não negar, virava-se para pegar algumas coisas sobre o balcão abaixo do armário alto e iria entregá-lo, mas a mão de Jacob foi mais rápida do que a dela. Ele estava atrás de e com sua agilidade surpreendente colocou os itens no armário. A mulher ficou meio presa entre ele e o balcão do armário, sentindo a proximidade dos seus corpos lhe causando um novo desconforto. Quando ele havia terminado de guardar, pôde olhá-lo novamente, sem graça, estavam mesmo muito perto. Jacob se aproximou mais, ao ponto de sentir a sua respiração que começaria a se alterar a qualquer momento. Ela até pensou que ele a beijaria, porém, o rapaz apenas esticou o corpo para pegar uma última lata de conserva que estava mais distante sobre o balcão. permaneceu olhando para baixo quando ele a pegou e guardou e fechando as portas se distanciou dela.
— Acho que acabaram. Não vejo mais nenhuma sacola. — ele olhava em volta. — Se bem que, nessa iluminação...
— Sim, sim. Já guardamos tudo. — ficaram se olhando em silêncio, as luzes da vela iluminavam suas faces de um modo terrorista, e quase em sussurro, perguntou: — Você quer mais alguma coisa Black?
— Não obrigada, estou bem. E você quer alguma coisa? — O rapaz respondeu sentindo a mesma aura palpável de tensão.
— Não... — ela disse absorta a olhá-lo, até recuperar os sentidos de vez: — Tá. Eu vou subir... Tomar um banho e descansar, mas fique a vontade!
— Eu também prefiro me recolher se você não se importa.
— Certo... — ela ainda estava desconcertada, mas não conseguiu assimilar uma razão para aquilo.
Instantes antes estavam os dois falando como duas pessoas comuns e à vontade; e no outro, novamente se tratavam como se pisassem em ovos. Era culpa da barreira talvez, a tal barreira que sentia que Jacob impunha entre eles e não a deixava esquecer.
— Pegue uma lanterna então. Apagamos as velas e se no meio da noite você quiser descer...
— Tudo bem. — Black disse pegando o objeto e apagando as velas da cozinha de repente, deixando a ambos totalmente no escuro.
— Hã... Jacob eu não enxergo. — ao dizer isso, sentiu uma respiração muito próxima à sua. Ele estava em sua frente e muito, muito perto.
— Desculpe. — pegou a mão dela, e acendeu a lanterna sob seus rostos.
sentiu certo medo, naquele momento ele parecia um psicopata, mas ao mesmo tempo — de forma contraditória— ela se sentia bem com ele. Jacob a guiou pelo caminho, ela pegou a própria lanterna e foram apagando as velas espalhadas nos outros cômodos. Subiram as escadas e ao chegar à porta do quarto da garota, os dois pararam.
— Bem, você conhece o caminho. — Ela apontou ao quarto em que ele ficaria.
— Boa noite . Durma bem. — E pela primeira vez, ele pareceu gentil.
— Você também. — sorria alegre. Ele deu-lhe as costas, mas ela voltou a chama-lo permitindo a ele, encará-la de novo — Obrigada pela companhia e pelas compras... — disse fazendo uma das suas caretas ridículas.
E mais uma vez, ao notar como ela mesclava-se entre a desconfiança e a ingenuidade, Jacob Black lhe direcionou o sorriso travesso de quem não sabe sorrir. Lamentavelmente, começava a se apegar àquele sorriso.
— Não tem que agradecer por nada. — falou voltando-se ao quarto.
Quando entrou em seu quarto, preparou-se para tomar banho pegando seus pertences e direcionando-se ao banheiro que ficava do outro lado do corredor. Não demorou naquela tarefa básica. No corredor, na parede de frente a ele, lateral à porta do banheiro havia uma janela pequena coberta com uma cortininha caipira. Ao sair do banho, distraída, deu de cara com uma figura alta e gritou assustada. Os reflexos dos relâmpagos que incidiam pela janelinha, iluminaram o rosto à sua frente. Era Jacob, e ele segurava a sua mão tentando a acalmar.
— Tudo bem , sou eu. Só vim ao banheiro. — falava a olhando assustado e aflito.
— Isso está parecendo um filme de terror! — a mulher resmungou, por fim, disse ofegante.
— Você está bem? — Jacob a analisava de cima a baixo.
— Sim. Agora sim.
— Certo, então eu posso entrar?
— Claro.
Desajeitada e ansiosos, os dois se esbarravam tentando passar um pelo outro até que Jacob parou, permitindo que a mulher assustada saísse primeiro. olhou para trás e ele já tinha entrado. Jacob ainda estava sem camisa, e novamente ela indagou-se da capacidade que os quileutes tinham em não sentir frio.
Tentou dormir com certa dificuldade, em seus pensamentos não saíam a sensação e memórias recentes dos beijos e momentos com Embry. Pensou também naqueles rapazes lá fora, atrás de lobos. Pensou no tal lobo, que horas antes Jacob dissera estar na porta da sua casa. Pensou em Jacob e ela na cozinha, com as compras, com as velas, e finalmente na porta do banheiro. Tantos pensamentos a impediam de dormir; então desceu a fim de beber um copo de água e se acalmar.
Chegando à cozinha, a mulher viu um vulto passar pela janela do lado de fora, e decidiu se aproximar de forma imprudente e automática. Com passos leves e tímidos foi andando até a janela, até que um homem apareceu por trás de si, prendendo-lhe pela cintura e com outra mão silenciando-a. Era Jacob, de novo.
— Sobe! Eu vou lá ver. — sussurrou.
Parecia nervoso e agitado, tinha uma feição enojada. teimou com ele, mas Black a convenceu. A morena subiu meia escada, então ele olhou na sua direção e apontou para que ela subisse de vez, e contrariada ela o fez. No topo da escada espionou-o. Jacob saiu, ouviu um rosnado forte por alguns minutos e depois silêncio. Quando decidiu descer para checar se Black estava bem, o quileute apareceu na sala. Trancou a porta, conferiu todos os trincos, foi à cozinha e demorou uns minutos. Quando iria atrás dele, Black apareceu com uma jarra de água e um copo. Pediu a ela que subisse e ela o obedeceu sem saber por quê. Jacob a seguiu até que pararam novamente no corredor.
— Jacob! — chamou-o como alguém que exige explicações.
Jacob abriu a porta do quarto dela entrando, e a mulher seguiu-o um tanto confusa e surpresa, o homem deixou em sua mesinha de cabeceira o copo e a jarra com água e os dois voltaram a se encarar. Ela, incrédula e curiosa.
— Os lobos estão agitados esta noite. E estão por perto, não sei bem por quê. Não se preocupe que ao cair do sol eles somem.
— Lobos? — fez uma pausa, desconfiada e afirmou: — Escuta, o que eu vi foi um vulto humano.
— Bom, realmente era um lobo. Você deve ter se confundido.
— Jura?
— Você não o ouviu rosnar para mim? — Jacob a perguntou, de modo esnobe.
— É... Eu ouvi. Como se livrou dele? — A mulher continuava duvidosa.
— Tinha uma vassoura perto da porta. Não será problema se não vier em bando. De qualquer modo, aqui dentro estamos seguros, ele não vai assoprar sua casinha como fez com os três porquinhos. — Black ironizou bem humorado.
— Tudo bem.
Apesar de concordar com ele, fingia acreditar. Estava muito certa de que era um humano, o dono daquela sombra e não um lobo. Jacob saiu do seu quarto fechando a porta sorrindo e depois de tudo aquilo, a garota fechou os olhos para dormir. E com sucesso não conseguiu mais acordar, pelo menos, até o sol da manhã queimar o seu rosto.
Amanheceu. escovou os dentes, sentiu o cheiro do café e desceu, Jacob estava na cozinha mexendo na geladeira e a garota encostou-se à bancada da cozinha sorrindo.
— Bom dia Black. — O indígena virou-se para ela e sorriu.
— Bom dia. Belo penteado.
— Desculpe te decepcionar, não sou como as donzelas de filme que acordam belas, maquiadas e penteadas. — Ela disse em um tom divertido pegando uma xícara e se servindo daquela bebida quentinha e cheirosa.
Jacob fechando a geladeira e pousando o queijo no balcão olhava para , quase que admirado; com um olhar indecifrável e um sorriso de canto tímido e ainda assim, ousado.
— Corrigindo. Você só não acorda penteada e maquiada. A outra parte é verdade. —falou pegando uma xícara.
Ela sorriu pelo elogio gentil que ele lhe dera e percebeu que Jacob tinha olheiras fortes, observou por sobre o ombro dele notando a camiseta que estava no sofá.
— Não dormiu ou dormiu no sofá?
— Dormi um pouco. Na cama, mas acordo cedo. — falou preparando um sanduíche. — A propósito, perdoe-me por invadir sua cozinha e mexer em suas coisas.
— Ai fala sério. Não tem que se desculpar. — revirou os olhos e abanou as mãos ao respondê-lo.
— Bom apetite. — Jacob a entregou um sanduíche aparentemente apetitoso.
— Obrigada Black, mas eu não sou de comer de manhã. Fique à vontade.
— Por isso está assim, um graveto.
— Acha mesmo que estou magricela? — perguntou desencostando seus cotovelos da bancada e dando uma volta para ficar ao lado dele.
— Se quiser ser forte como eu, trate de comer e não me fazer essa desfeita.
— Tudo bem, eu não quero ficar forte como você. — A garota zombou dos grandes e extensos músculos dele.
Passaram os primeiros instantes do café da manhã comendo e conversando e combinaram de que Jacob levaria o carro batido de , para a reserva e faria os consertos necessários por um preço camarada. Black também se ofereceu para ajudar com a reforma da casa dela. Após arrumarem a bagunça do café, ele prendeu o Munstang preto ao Rabbit vermelho dele e pegou sua camiseta e chaves. Na porta de casa, os dois se despediam quando outro carro chegou: uma viatura da delegacia. Erick desceu aproximando-se muito contrariado. pôde perceber que Jacob revirou os olhos ao vê-lo e tratou-o com desdém.
— Estou atrapalhando? — disse Erick com seu humor um pouco alterado.
— De forma alguma, eu já fiz tudo o que eu vim fazer. — disse Jacob para ele piscando para em seguida, claramente provocando ao Erick. — Eu já estava de saída.
— Então tenha um bom dia. — Erick dissera grosseiramente.
— Erick!? Qual o seu problema? — advertiu pela falta de educação.
Ele ignorou subindo os degraus da varanda indo até ela e parando ao seu lado.
— , se precisar pode me ligar. Deixei meu telefone no seu quarto. — Erick se exaltou ao ouvi-lo e puxou a mulher para entrarem, mas se soltou e olhou reprovadora ao policial.
— Vou analisar melhor seu carro e qualquer coisa eu te aviso.
— Certo, também pode me ligar quando quiser. Depois combinamos a reforma pode ser?
— Com certeza! — Jacob disse animado.
Erick estava parado atrás da garota de braços cruzados observando a tudo muito contrariado. Black subiu os degraus se aproximando, parou à frente dela encarando-a; passou as mãos em seu rosto e deixou extremamente confusa com o gesto. Até que ele sorriu travesso e a mulher percebeu que ele pretendia irritar ainda mais ao Erick. Então, segurando o seu queixo, Jacob beijou a face dela de um jeito demorado, em seguida a abraçou carinhosamente e piscou caminhando ao seu carro.
Depois daquela cena, o policial entrou a casa pisando fundo e bufando. não gostando da atitude dele, revirou os olhos e acenava para Jacob em despedida. Esperou que o carro se distanciasse para entrar e ao passar pela porta, se lembrou do que Jacob dissera sobre o lobo na noite anterior. “Havia uma vassoura ao lado da porta...”, ele dissera. percorreu o local com o olhar e não enxergou vassoura alguma. Não havia nada com o que ele pudesse defender-se de um lobo.
Erick estava na cozinha e distanciou a mulher de seus pensamentos com uma série de perguntas:
— O que ele fazia aqui? Ele dormiu aqui, não é? Tomaram café juntos? Fala ! Explique-se! — dizia percebendo a recém-arrumação de um café da manhã a dois na cozinha.
— Em primeiro lugar, não devo explicações da minha vida a você. — Ela disse enraivecida com a arrogância de Jones.
— Ah não? E o que nós temos? — Erick perguntou se aproximando.
— Não temos compromisso algum um com o outro Erick! Você é um amigo.
— Vai negar que existem sentimentos entre nós?
— De forma alguma. Mas eu não considero um ou mais beijos um compromisso. Pelo menos não sem um diálogo que nos leve a essa conclusão. Eu sempre deixei muito claro isso Jones, que nós somos amigos.
— Considero isso o quê? Um intimato de que você e esse quileute esnobe estão juntos?
— Não estamos juntos! E não fale dele e de nenhum outro quileute assim na minha frente! — esbravejou ofendida pelo tom utilizado pelo homem, tentando se acalmar explicou: — Jacob dormiu aqui sim. A energia acabou, estava escuro e a casa circundada por lobos!
— Lobos? Billy Black esteve na delegacia ontem à noite dizendo que haviam espantado novamente os lobos das proximidades de Forks!
— Sim, mas havia lobos aqui.
— Está vendo? Sempre tem alguma coisa errada! Os quileutes estão sempre atrapalhando com as tradições estúpidas deles! Atrapalha o serviço de todo o regimento e nada resolvem. Ninguém vai tirar da minha cabeça que eles são os causadores de todos os ataques que vêm acontecendo! Entende agora porque eu não gosto da ideia de você metida com eles? Eles não são boa gente !
— Para! Para! Espere! Que história é essa? Que tradições? Que ataques?
— Esquece! Eu fiz plantão a noite toda e vim passar o dia com você, mas eu entendi que não significo nada, não é? Melhor eu ir para casa.
— Erick pare com isso! — interpelou segurando as mãos dele. — Suba, tome um banho. Pode ir dormir um pouco se quiser. Eu preparo algo para você comer. Sem drama, ok? Somos amigos e não namorados. Você sempre soube disso.
— Está interessada em outra pessoa? Jacob? Outro cara de La Push?
Ela sabia que precisava ser sincera com ele. Em momento algum pretendia magoá-lo. Agiu errado não deixando as coisas totalmente claras, talvez. Erick e estavam ficando, desde uma semana depois da sua chegada à cidade. Ela o adorava e queria muito tê-lo sempre por perto, mas as coisas estavam seguindo intensas e rapidamente. O beijo com Embry também a deixara, muito confusa. Seu coração estava revirado, sua mente confusa e sua alma parecia ter fugido para outro lugar distante do seu corpo. Nada obedecia e a situação tornava-se sufocante.
— Erick... Tem outra pessoa da reserva sim.
— É! Depois de vê-lo sair daqui, não era de se assustar! — ele bufava.
— Não é o Jacob!
— Isso ajuda muito! — Erick vociferou irônico com mágoa nos olhos e saindo violentamente.
Passaram-se três semanas e Erick não telefonava para ela, não mandava notícia nenhuma. Os Carter a perguntavam sobre ele, mas sempre inventava alguma desculpa. Scott Carter demonstrava interesse na garota e ela estava incomodada com aquilo. Ficou amiga tanto de Peter quanto de Scott. A rotina estava tranquila e as coisas seguiam em busca de um eixo. Embry e não estávamos namorando, mas continuavam se curtindo. Apesar de gostar muito dele e de saber que era recíproco, ela sentia que faltava algo, e Embry também não demonstrava qualquer necessidade de firmarem algum relacionamento sério.
Sobre a reforma da casa dela, Jacob e Embry apareciam em sua casa duas vezes na semana, eles se empenharam mesmo em ajudar com a obra. E Charlie Swan passava em frente à casa de todos os dias na volta do trabalho, mas eles não se falavam até então, embora o delegado da cidade, sempre a acenasse, educado. Algumas vezes, os garotos quileutes estavam lá e eles iam até Charlie para conversar. servia um café, mas não passavam dos cumprimentos "leis" da boa ética.
O Munstang ainda estava na reserva, nas mãos do instável, Jacob Black. tivera que ir ao mercado pela semana e o único jeito era ir a pé e tentar encontrar uma carona para a volta, ou por força da raridade, um táxi. Então, saiu cedo de casa com um carrinho de feira. Andava tranquilamente na estradinha não muito fria mais, já que se aproximava o verão. Ela escutou um som baixo de carro e um "bip" de sirene. Olhando para trás viu que era uma viatura, imaginando ser Erick, mas pelo caminho que fazia a probabilidade maior era de ser Charlie. E era. Ele foi diminuindo a velocidade, e ela diminuindo os passos.
— Bom dia senhorita. Quer uma carona?
— Sr. Swan, eu não vou recusar. Poupará muito meu tempo.
Ele desceu do carro, pegou o carrinho de compras da garota guardando-o no porta-malas; abriu a porta do carona para que ela entrasse e seguiram parte do trajeto em silêncio. Ambos estavam desconfortáveis, até que Charlie iniciou um diálogo inesperado:
— Erick me falou que você era amiga da Bella. — E olhou apreensivo para .
— Sim. Há algum tempo. Estudamos juntas em Phoenix, mas depois que ela veio para Forks, nunca mais nos vimos e pouquíssimas vezes nos falamos.
— Já deve saber que ela não está mais aqui, não é?
— Sim, eu sei. — Muitas coisas, gostaria de perguntar, mas evidentemente se calou: — Erick... Como ele está?
— Vocês não tem se falado?
— Briga boba. — Ela sorriu sem graça e desviou o olhar.
— É por causa dos rapazes da reserva certo?
— Erick não aprova a minha convivência com os quileutes. — Ela explicou vazia olhando a mata pela janela concluindo: — E nem tem um motivo decente para isso.
— Ele é um bom rapaz . A birra dele com os quileutes está além de ciúmes. Erick é um policial muito dedicado e desconfia até da própria sombra.
— Sim, eu sei disso, mas isso não implica em ele desrespeitar as minhas escolhas.
— Ele só quer protegê-la. Ainda que não tenha percebido que o pessoal da reserva não é inimigo. — ele fez uma pausa. — Você e Bella... Qual era o grau de amizade?
sorriu e vagueou por sua mente buscando na memória indícios daquela amizade antiga, surda, e aparentemente escondida já que aparentava que, Bella nunca falara sobre ela com ninguém. Ninguém sabia da sua existência como amiga, única, aliás, de Isabella Swan.
— Bella não era o tipo de garota que sabia lidar com pessoas. Ela sempre foi muito reservada. Um dia eu a defendi de alguns garotos que a paqueravam... Não sei se o senhor sabia, mas ela sempre foi péssima em lidar com paqueras. Enfim, ficamos amigas. Melhores amigas. Eu cuidava de Bella o tempo todo e gostávamos da companhia uma da outra. Depois que ela se foi... Bem, a vida às vezes nos joga por rumos diferentes não é? — disse com mágoa.
amava Bella como uma irmã e sofreu por não encontrá-la, sofreu pelo afastamento repentino dela. Ao sentir a mágoa de em sua voz, Charlie ficou emocionado, olhando para a jovem de forma paternal. sorriu em agradecimento, por notar a empatia de Charlie com seus sentimentos, ele a encarava com extrema ternura.
Ao chegarem à cidade, os dois desceram do carro e ele entregou a ela o seu carrinho de compras.
— Obrigado. Muito obrigado pela companhia, .
— Imagine, eu quem o agradeço.
— Espero que vá me visitar. — Charlie pediu ternamente e ela, sorrindo sem graça acenou afirmativa em um meneio de cabeça. — Sue me falou muito sobre você.
— Sue Clearwater? Não sabia que eram amigos...
— Somos noivos. — ele disse feliz e envergonhado.
— Bem, de qualquer forma não haveria como eu saber ainda. Mas fico feliz, Sue é uma pessoa maravilhosa e o senhor com certeza também é. Vou querer acompanhar essa felicidade de perto! — a jovem recém-chegada falou amigável.
— E nós vamos querê-la por perto também. E, por favor, não precisa me chamar de senhor.
— Tudo bem, Charlie! — disse engraçada e os dois esboçaram um quase riso.
— Eu espero mesmo que você possa me visitar. Eu adoraria conhecer uma amiga de minha filha que... — Charlie suspirou deixando as palavras morrerem sem conclusão — Enfim, estou ansioso para conhecê-la!
— Irei visitá-lo com certeza!
Ao entrar no mercado, Eva Carter e seus filhos, Peter e Scott cumprimentaram , como sempre muito sorridentes. Ela seguiu em direção às suas compras parando em frente à prateleira de enlatados. Scott estava atrás dela e a surpreendeu:
— Posso ajudar senhorita?
— Olá! Muito obrigada Scott, mas eu não vou atrapalhar o seu serviço. Já estou familiarizada com o mercado. — disse simpática, porém, na hora de pegar uma das latas da prateleira acabou derrubando mais algumas.
— Eu acabei de arrumar isso aí. — Scott disse de olhos fechados, brincalhão e desviando-se de observar a bagunça no chão. Não era grande, mas ainda assim, havia derrubado algumas latas e era uma situação muito chata.
— Eu disse que não atrapalharia seu serviço? Que mentirosa! — Ela zombou se abaixando junto com ele para pegar os itens caídos. — Me desculpe.
— Tudo bem pode deixar. Peter me ajuda com isso. — Scott sorriu se levantando e a fazendo levantar-se também.
continuou se desculpando e Scott sorria achando graça pelo constrangimento dela, até que outra mulher aproximou-se analisando aos dois, e soando soberba diante :
— Olá Scott. — sorria para ele e olhava a outra, de esguelha.
— Olá! , essa é Daniela Parker. Dani, essa é . — Scott falou apresentando as duas.
estendeu-lhe a mão e Daniela cumprimentou-a indiferente.
— Sei quem ela é. É a namoradinha do "nosso" Erick Jones. — Ela enfatizou a palavra "nosso" e olhou para Scott convencida.
— Está enganada. Eu não sou namorada de ninguém.
— Hm... Nesse caso, é bem pior. — Daniela mencionou como uma ofensa e olhando grosseiramente para que deu uma risadinha cínica em resposta.
— Foi um prazer conhecê-la queridinha. — zombou , sem passar mais tempo diante da tal Daniela. Ela deu um "soquinho" no ombro de Scott e sorrindo se despediu: — Até depois Scott, mais uma vez me desculpe aí pela bagunça na sua prateleira organizada.
Daniela Parker na verdade, não gostou muito de associar ao Erick, ou até mesmo a Scott. Ela tinha sentimentos pelo policial e apesar disso, era uma estranha que recém chegava ao condado, chamando atenção demais. A Parker, não gostava nada de perder os holofotes. Igualmente a ela, também não gostou nada da forma como ela lhe tratou.
Se aproximando do caixa, viu que Peter organizava as latas que ela derrubou. E apesar do trabalho, ele cantarolava todo alegre. Peter tinha 20 anos e era muito engraçado. Scott conferia alguns preços das prateleiras em sua tabela de mão e aparentemente ignorava à Daniela que não parava de segui-lo. Eva Carter sorriu e iniciou um diálogo com .
— Como está ?
— Muito bem, obrigada. E por aqui senhora Eva?
— Tudo como sempre! Junior falou que você está atendendo na farmácia agora!
— Sim, mas só de vez em quando. Continuo com os trabalhos de pesquisa no laboratório.
— E está gostando de trabalhar para os irmãos Vincent?
— Sim, o emprego é ótimo! Já saí do período de experiência e agora sou contratada. Estou muito feliz.
— Parabéns! Eles quase não aparecem por aqui, mas são ótimas pessoas.
— Sim! Sim! Muito simpáticos.
— Olha, não pude deixar de perceber o que houve ali. — Eva disse apontando para o corredor onde derrubou as latas: — Não ligue para a senhorita Parker.
— Ah, imagina! Eu costumo ignorar essas coisas. — falou sorrindo.
— Me desculpe por entrar nesse assunto, mas... Meu Scott está bastante encantado com você. — A senhora a olhou como se esperasse alguma resposta que a jovem provavelmente não daria.
sentiu-se como se estivesse naqueles comerciais de festa surpresa, onde os balões estão suspensos esperando a hora de serem jogados em cima da vítima com muitos aplausos depois.
— Eu gosto muito do Scott, ele é muito divertido e solícito. Um grande amigo! —disse sorrindo sem encarar Eva, mas então olhou para a mulher, sem ação. Eva ainda a encarava aguardando algo mais. — Bem, eu nem sei o que dizer senhora Carter... Eu só posso agradecer o carinho.
— , você tem sido o assunto de muitos rapazes na cidade. É comum por ser nova por aqui. Eu temo que Scott se apegue muito a você, e apesar de saber que você não faz nada para que ele crie esperanças, eu gostaria que deixasse claro o que sente por meu filho. Já falei para ele que você tem muito apreço pelos quileutes.
Parecia um crime ser amiga ou gostar dos quileutes. se incomodava com o fato de que aquilo sempre vinha à tona, com um peso maior do que a ela realmente havia.
— Hã... Senhora Eva, eu realmente não permiti que o Scott criasse expectativas. Porém, eu deixarei mais claro para ele sobre a nossa amizade. Não quero magoá-lo e adoro muito estar com ele. Prezo nossa amizade. Assim como também prezo pela minha amizade com os quileutes.
— Não precisa se explicar querida, apenas estou dizendo isso para que esteja preparada, quando ele decidir falar de sentimentos com você.
despediu-se dela pegando suas compras e ainda pensando no motivo ilógico pelo qual a senhora Eva dissera aquelas coisas. Proteger o filho de desilusões? Poderia ser, mas ainda assim, não havia necessidade daquela abordagem naquele momento. Chegando à porta de saída do mercado, a moto de Jacob estava estacionada beirando a calçada na frente dela. olhou para os lados o buscando, mas avistou Seth Clearwater distraído.
— Seth?
— Ei ! — ele veio andando na sua direção. Seth só tinha 20 anos de idade, mas era tão lindo quanto seus irmãos de tribo. — Te ajudo com as sacolas!
— É a moto de Jacob? — Ela perguntou admirando aquela bela motocicleta, um pouco velha, mas admiravelmente conservada.
— É sim! Estive na sua casa, mas como estava tudo fechado imaginei que você estivesse aqui na cidade. Embry me falou uma vez que, você costuma fazer compras as quartas e eu associei as datas. — Seth sorria muito alegre. Como sempre.
— Jake me pediu para te buscar e deixou que eu viesse no "bebê" dele.
— Pilotando na moto do Black? Que honra hein! — piscou fazendo, aos dois rirem, e pela confiança de Jacob nele, Seth soriru orgulhoso. — Mas, o que ele quer comigo?
— Seu carro está pronto.
— Já? Que rápido. Tem o quê... — Ela parou de falar, pensativa, contando o tempo mentalmente e espantada proferiu: — Umas quatro semanas que eu o bati?
— Jake tem esse hobby e ele andou se empenhando no seu carro dia e noite. Na verdade ele tem se empenhado com seu carro, sua casa... Há tempos não o víamos assim. — Seth olhou para ela com ternura.
— Hm... Bom eu vou, mas e as compras?
Scott apareceu para pegar umas caixas que estavam na porta do mercado, e ao ver Seth foi cumprimentá-lo.
— Rapaz! Você não para de crescer? — ele disse olhando-o e rindo para os amigos que conversavam na porta do mercado.
Aqueles dois se conheciam desde muito novos, Scott estudou com os meninos da reserva com a mesma faixa etária de Jacob. Peter e Seth estudaram juntos também, sendo os mais novos.
— Nem de crescer, nem de ser lindo. — Seth respondeu e sorriu zombeteiro.
— Ei Scott, vocês fazem entregas? — perguntou.
— Sim, mas hoje estamos sem moto e não dá para eu ir fazer as entregas. Peter também não, afinal, é um risco, ele pode não chegar vivo ou inteiro. — fez uma pausa rindo descrente — Por que perguntou?
— Preciso ir à reserva com Seth, mas de moto e com essas compras não dá. Eu posso deixá-las aí e pegar depois?
— De jeito nenhum. Eu te dou uma carona até sua casa, de lá você segue com o Seth.
— Mas você disse que não poderia fazer entregas... — Seth tirou as palavras da boca de .
— Sim, entregas, no plural. Uma saída rápida não tem problema. Vou pegar o meu carro. Esperem aqui. — ele disse sorrindo e saiu.
— Ora, ora... Scott Carter tão solícito para a "nova diva da cidade" . — Seth falou fazendo a mulher rir.
Eles seguiram conforme combinado deixando as compras de em casa; ela despediu-se de Scott brevemente e o agradeceu, e partiu com Seth rumo à reserva. Sue foi a primeira a ser cumprimentada pela , assim que chegaram à reserva. Ao seu lado estava uma mulher morena de cabelos curtos, e com um semblante nada amigável.
— Esta é Leah minha filha mais velha, . Ela está fazendo faculdade de medicina um pouco distante e nos visita quando pode. — disse Sue muito feliz.
Leah cumprimentou a de maneira discreta, arredia. A garota começou a achar que havia algo errado com ela, já que era a segunda mulher no dia que a tratava com desdém. Sempre escutou que tinha uma beleza única, invejável, mas nunca fora tratada com tamanha indiferença – ousaria dizer até, rivalidade – por outras mulheres. As pessoas em Forks eram assim tão desconfiadas?
— Jacob já voltou, mãe? — Seth a perguntou.
— Não, nem Paul e nem Sam. Vamos entrar, ! Seth, guarde a moto!
Leah entrou à cabana de sua família, e Sue puxou educadamente para a sua casa e as duas puderam conversar sobre a carona que Charlie havia dado à . A senhora Clearwater ficou feliz por saber que Charlie e encontraram-se e conversaram, ela sabia da relação de com Bella; e também sentiu-se vaidosa ao saber que ele havia mencionado o noivado com ela. Contou à que iniciaram um relacionamento sete anos atrás, após o falecimento do pai de Seth e Leah. Que inclusive, tal como Billy, era um grande amigo do Charlie. Sue explicou que inicialmente foi uma situação difícil, que ela sentia culpa pela memória do esposo, mas com o apoio de Seth ela conseguiu lidar com as dificuldades impostas também por Leah.
Leah não cogitava a ideia desse casamento e nem apoiava, pois imaginava que ela e Bella deveriam se tornar mais próximas com isso. E a quileute, não gostava nada, nada, de Isabella Swan. Para era um tanto estranho ouvir o modo como as pessoas falavam da sua antiga amiga, alguns com tanto remorso e decepção; outros como um tabu. E desde que chegara a Forks, para ela, falar de Bella também se tornava um feito incômodo. Quase como se... O passado estivesse se apagando aos poucos...
As duas permaneceram conversando, até que Jacob apareceu aparecer ao lado de Paul, Sam e Billy.
— Ora, ora! está de volta! — disse Paul sorridente.
— Olá rapazes.
— Estou incluído no "rapazes"? — Billy perguntou também surgindo à varanda da casa de Sue.
— Claro que sim! — sorriu largo fazendo os meninos e Sue também sorrirem, e Leah ainda estava distante e séria.
— Fico lisonjeado. — Billy respondeu simpático. — Hora do meu chá. Usarei sua cozinha, Sue! — A mulher assentiu risonha e Billy empurrava sua cadeira para dentro da cabana, com uma lata de ervas no colo, antes de entrar totalmente, ofereceu: — Aceita uma xícara ?
— Sim, claro.
A mulher não notou que antes de dar sua resposta ao Billy; Seth, Quil, Paul, Sam e inclusive Jacob; acenavam reprovadores para ela e quando a garota aceitou a bebida todos eles abaixaram a cabeça fazendo cara feia. Jacob cruzou os braços e olhou para numa troca de olhares rápida, e sorriu. Poderia jurar, apesar de conhecê-la há algumas semanas, que ela não se incomodaria com o paladar singular de seu pai. Aquela era a primeira vez que Black sorria para ela, tão espontaneamente.
Uma das preocupações de era o sumiço de Embry que não lhe telefonava ou visitava há alguns dias, portanto, ela aproveitou a ocasião para perguntar sobre ele. Os rapazes disseram que Embry havia ido para o extremo sul de Silverdale, uma cidadezinha um pouco maior que Forks e um pouco mais colorida, que fazia divisa com outros centros urbanos e era mais próxima da rodovia federal de Seattle. Segundo Black, Embry estava visitando uns amigos antigos da tribo.
Enquanto os demais continuavam conversando, observou Leah agindo naturalmente com Seth e Quil. Aquilo a intrigou um pouco, pois, por mais reservada que Leah fosse, sua reação de repulsa destinada a si demonstravam um afastamento proposital. O que Leah poderia ter contra ? Notando os olhares analíticos da moça, Jacob se aproximou discretamente dela, e tocou o braço dela com o seu, ao lado da garota.
— Ela vai te aceitar. Ela é assim mesmo, leva um tempo. — informou ao capturar a atenção de para si.
Jacob começava a trincar aos poucos a barreira invisível que havia entre eles, deixando a mulher mais confortável também. Não que ela sentisse medo de Jacob, até porque, “assustador” não era a palavra que combinava com uma figura bonita, galante e sinceramente amigável como a dele. Mas o incômodo que aquela barreira de distância impunha a ela, para soava como uma injustiça. Havia algo em Jacob que a fazia querer desvendá-lo, estar perto e criar laços, contudo, toda vez que o quileute erguia um muro, se entristecia. Era como a criança que quer muito tocar o leão, mas precisa contentar-se com o vidro protetor de um zoológico. Jacob parecia mesmo uma fera solitária e aprisionada.
— Então já acabou com o conserto do meu carro? — Ela desconversou após sorrir em agradecimento pelas palavras anteriores dele.
— Pois é eu tenho um dom. — disse e sorriu convencido.
Jacob não percebeu, mas desde que a conheceu e vinha convivendo com a mulher – ainda que muito pouco – ele reaprendia a esboçar sorrisos, mesmo tímidos.
— Vamos, está lá no galpão. — chamou-a se levantando e andando para fora da cabana. Enquanto caminhavam, recordou-se do que havia escutado minutos antes e resolveu zombá-la. Olhando para ela com curiosidade, perguntou: — Quer dizer que pilotar a minha moto é uma honra, senhorita?
— Seth te contou?
— Era segredo? Ele não é muito bom com segredos, já aviso.
— Não, não era. Mas sim, para ele é uma honra.
— Você pilota?
— Sim.
— Depois de ver o que fez com seu carro... Céus, você deve ser uma suicida em cima de uma moto. — riu discreto.
— Ei! Qual é!?
— Pobre moto... — Jacob ainda se divertia zombador, e Luan lhe deu um soco no braço a fim de que ele parasse: — Ai! Nem doeu, sua fracote!
— Pode zombar! Só porque é maior do que eu.
— E mais forte.
— Anormalmente, mais forte. — Ela respondi.
— E mais bonito também. — continuou a provocando.
— ‘Tá legal, aí você já está sonhando! — zombou de volta.
— Estou? — Jacob a encarou surpreso como se o fato de ser lindo fosse a coisa mais óbvia do mundo.
— Claro! Você é bonito, mas aí dizer que é mais do que eu? Quem andou te enganando? O Billy ou a Sue?
— É tem razão, podemos concordar que você é muito linda. — falou sério e fez uma pausa pensativa, pigarreando ao dizer: — Mas temos de convir que eu também não sou nada mal. Se fosse um ranking, nós dividiríamos o pódio.
— Certo, entraremos em acordo: Eu sou linda e você é legal. — Apesar do elogio dele deixando-a, animada por saber que ele a achava uma mulher bonita, esboçou desinteresse ao provocar de novo.
Haviam chegado à porta do galpão em que provavelmente o carro dela estava, quando Jacob perguntou-lhe:
— Preparada para ver isso?
— Preparada sempre e para tudo.
Ele empurrou a pesada porta de correr do galpão, permitindo que mais luz entrasse ali além das claraboias do telhado, e avistou seu Munstang novinho em folha. Duvidou inclusive se aquele era o mesmo carro.
— Uau. Esse aí não é meu carro! Tem certeza que não trocou? Posso verificar o chassi?
— Bom, eu dei uma polida e um trato na pintura também, ficaria um trabalho porco se eu mexesse apenas na frente batida... — Jacob olhava o carro admirado com o que havia feito.
— Black... Não sei se com os meus salários de bióloga e farmacêutica, eu conseguirei pagar po...
Black não a deixou terminar, interrompendo-a antes que viesse falar de mudanças no preço:
— Garota o que tínhamos combinado era um preço camarada! E eu não sou de quebrar as minhas promessas. Foi um passatempo cuidar do seu Mustang, o pagamento combinado já é o justo. Não se preocupe com isso.
— Certo, mas você não fez promessa alguma para mim, Jacob.
— . Você pode deixar eu te mimar um pouco? Já tem algum tempo que eu não conserto uma máquina foda como essa! A gente pode combinar de além da grana, você não sair batendo o carro por aí, que tal? Afinal, é a minha obra de arte ali.
Segurava a capa do carro e deixou-a em um canto, ao se aproximar da mulher com todas aquelas justificativas. A expressão dele não era de alguém que estava brincando e, na cabeça de apenas uma frase se repetia:
— Você quer fazer mimos a mim? Posso saber que papo é este agora?
— Considere um pedido de desculpas por toda a minha grosseria quando nos conhecemos.
— Não. Eu não posso aceitar isso Jacob! — Ela falou apontando o próprio carro.
— Quer deixá-lo comigo? — Jacob arregalou os olhos sorrindo fraco.
— Não. Lógico que não! Tira o olho do meu carro, posso no máximo te deixar dirigí-lo às vezes, mas não aceito aquele orçamento que você deu! Mexeu em mais coisas do que o combinado, então eu vou pagar. O meu valor justo.
— Nesse caso, me vejo obrigado a recusar.
Os dois permaneceram naquele debate por menos tempo do que duraria, graças ao Seth os chamando, e avisando que Billy a procurava. Jacob assentiu e apontando um dedo para ela, afirmou que aquela história de preços e consertos não seria discutida mais. passou os dedos na lataria do automóvel, com um sorriso maravilhado e os olhos brilhando de felicidade. Ela era apaixonada por aquele carro e estava radiante com o resultado entregue.
Ao chegarem à varanda da casa de Billy, o cadeirante estava lá com um sorriso simpático no rosto e uma caneca na mão. Quil, Paul, Leah, Seth, Sam, Emily e Sue observavam de onde antes, e Jacob estavam: a cabana ao lado.
As cabanas dos quileutes eram uma de frente para outra, em um formato circular no seu espaço reservado da mata. Eles dividiam-se em grupos dentro da reserva. Eram todos integrantes de uma só tribo, porém o grau de parentesco influenciava nas separações. Um exemplo nem tão claro, era a família de Quil, que morava mais ao norte da reserva. Então, viviam em outro ponto da reserva as famílias Call, Ateara, Magwire e Koto. E no Sul da reserva, que ironicamente compunha a entrada dela dado o acesso à estrada, as famílias Black, Clearwater, e Ulley. Apesar disso, Quil residia com Embry e Paul na cabana de Sam. Jacob residia com o pai na mesma cabana, mas todos eram uma só família.
não entendia as razões para os rapazes morarem juntos ao invés de Quil e Embry estarem com suas famílias primárias, mas adotou como explicação aquela história de Embry dizer que era "praticamente" irmão dos meninos. Portanto, por uma amizade ou escolha, ele e Quil decidiram morar com Sam. Em todo caso, para ela ainda era confuso compreender, aquele papo de “clãs”, sendo que a reserva inteira era uma única tribo: quileutes.
Pegou ao chá estendido amigavelmente por Billy e notou que todos estavam, seja na varanda de Sue ou dos Clack, encarando-a apreensivos. Ela começava a observar a bebida procurando algum problema aparente. Leah olhou para de maneira desafiadora e a garota ouviu aos comentários dela com um dos rapazes:
— Ela não vai conseguir beber. — Leah afirmou firme para Paul ao seu lado.
— Caso dez dólares com você como consegue. — Ele respondeu.
arqueou a sobrancelha encarando a xícara com a bebida escura de cheiro tão forte como fumo e grama recém-cortada.
— Você consegue. — Jacob sussurrou ao ouvido dela, e destinou-se a sentar ao lado do pai em seguida.
Billy entregou outra caneca com a bebida para o filho, e só então, compreendeu do que se tratava tanta expectativa: apenas os Black conseguiam beber aquele troço, de aparência e cheiros duvidosos.
— , o que achou do seu carro? — disse Billy muito simpático, mais do quê o de costume.
Ela encarou o senhor que a lançava um olhar de desafio, diante do sorriso simpático. Por um breve instante, enxergou semelhanças entre o rosto dele e de Jacob, além é claro, de sentir o tom de quem achava que ela desistiria do chá.
— Perfeito demais. Mesmo para mim. — Ela disse e os três riram.
fez que ia levar a caneca à boca, tão desafiadora ao encarar os dois Blacks, quanto eles com ela. O restante da plateia continuava encarando a cena apesar de disfarçarem com conversas sutis entre eles. A mulher começou a rir e por fim, soprou o chá afastando a fumaça e foi sentar-se em um banquinho rústico e muito bonitinho em frente à cadeira de Billy. Tomou então o primeiro gole do chá, e ouviu Paul comemorar contra Leah, mas a mulher rebateu quase rosnando para ele, alto o suficiente para que escutasse:
— Um gole? Isso não foi beber o chá! Espere Paul, você me deverá dez dólares!
— Jacob que fez. Não é maravilhoso? — Billy soou orgulhoso pelo filho, atraiu de novo a atenção de para si, ao apontar um dos banquinhos que a mesma sentou-se admirando.
— Pai... — Jacob resmungou revirando os olhos.
— É sim, um trabalho muito delicado. Você tem muitos dons não é, Black?
— Nada demais .
— Bom, eu não conseguiria. — Ela disse dando de ombros.
— Qualquer dia ele te ensina . — Billy afirmou sorridente.
— Se ela quiser pai, não imponha... — Jacob bebia vagarosamente seu chá olhando-a por cima da caneca com a sobrancelha arqueada.
Aquilo lhe soou também desafiador e não recusa desafios ou aventuras. Uma de suas qualidades e defeitos.
— Eu vou adorar! — respondeu a mulher.
— Agora beba seu chá, senão vai esfriar mais. Ou não quer? — Billy perguntou, divertido com a premissa de que uma simples caneca de chá se tornou um ritual de aceitação da intrusa aos quileutes.
As conversas cessaram na cabana ao lado e o silêncio dominou a floresta. podia escutar o cricrilar dos grilos e algumas risadinhas dos meninos. Jacob a encarava confiante, tão confiante como ela mesma não poderia confiar, e lhe pareceu que se tratava de um ritual.
— Vou encarar como uma missão, ou um ritual de chegada à tribo.
Afirmou risonha erguendo a caneca na direção dos Black, e depois, em direção aos demais que ainda observavam curiosos, com sorrisos divertidos e piscou especialmente para Paul. Suspirou e virou a bebida em um gole maior que o outro. O gosto era péssimo, mas o azar de Leah era não saber que , tinha o hábito de bebidas fortes e amargas. E o chá de Billy, por mais que parecesse coado com a meia de um ogro de montanhas vulcânicas, não era diferente de qualquer chá forte demais, escuro demais e amargo demais. virou outros goles, da bebida que já havia esfriado o suficiente.
Ouviram-se os gritos dos garotos quileutes ecoando o nome dela como um coro de final de campeonato, outros gargalhavam, e ainda havia alguém entre eles praguejando um grande nojo pela bebida. Se quisesse saber um dia como se sentiam os heróis das batalhas com gladiadores, soubera naquele instante. Não pode deixar de se divertir com tudo aquilo e começou a rir trocando olhares engraçados com Billy e Jacob.
— São 10 pratas, Leah! — Paul ria com a mão estendida para a outra.
Leah bufou batendo na mão dele de forma violenta e os dois trocavam olhares em silêncio, e de repente ecoou-se uma risada geral só entre os rapazes. Como se tivessem escutado uma piada.
— Billy trapaceou. Aquele não era o mesmo chá de esterco que ele bebe! — Leah resmungou apontando incrédula para Billy.
O mais velho respondeu ameno:
— Deixe de ser irritante Leah, eu não trapaceio. Você quer experimentar para tirar a prova?
— Não vou engolir bosta de vaca.
A mulher saiu brava para dentro da sua cabana e Paul a seguia.
— , não é esterco, não se preocupe. — Seth gritou do outro lado gargalhando da reação da irmã — Só é um chá de mato ruim para caramba!
Billy deu de ombros e deixou sua caneca num banquinho ao seu lado. Puxou a carteira do bolso de sua camisa de flanela, e encarou Black com certa decepção ao entregar a ele, cinco dólares.
— Entendi agora. Alguém mais apostou por aqui? — falou olhando a todos e sorrindo em falso tom de ofensa.
— Valeu . O velho não queria me pagar essas cinco pratas há algum tempo. —Jacob disse colocando a mão sobre o ombro do pai que riu desanimado.
— Você é corajosa. Gostei ainda mais de você. — Billy comentou: — É das minhas!
— Espero não ter mesmo bebido bosta de vaca fervida em água. — arqueou a sobrancelha e Billy riu fartamente como Jacob.
— É uma bebida de ervas medicinais que a Sue e eu, cultivamos. Eu tomo há muito tempo, desde que tinha a idade de Jacob. Meu avô passou para o meu pai, que passou para mim. É de fato um ritual quileute.
— Apenas os quileutes mais fortes e líderes natos dão conta de beber isso. — Jacob falou alto provocando aos outros garotos.
— É amarga e picante. O gosto picante, tem um fundo que me lembra o de um tempero que eu utilizo muito. O que são essas ervas?
— Ocimum Basilicum e Aloe Vera. Como bióloga deve conhecer não?
— Claro! Babosa e Manjericão. Conheço muito. As propriedades nutricionais do manjericão e da babosa são excelentes. Grandes remédios. Principalmente o Aloe Vera que cura ferida interna, previne tumores, reduz colesterol e outras infinidades de propriedades!
— Babôssa? Mândiéricao? — Billy perguntou com sotaque carregado por não conseguir pronunciar as palavras em português como .
Foi ali que ela notou a curiosidade no semblante dos Blacks, pelo idioma português dominado por ela, bem como os nomes desconhecidos das ervas.
— Bem, acho que vocês podem saber um pouquinho mais sobre mim. — ela sorriu enquanto eles se encontravam atenciosos.
convidou os outros que estavam na cabana de Sue para se juntarem a eles, e ouvir a sua história.
— Só falta o Embry... Mas depois eu conto a ele! — suspirou e começou a narrar: — Eu não conheci a minha mãe, ela faleceu no parto e o meu pai conviveu pouco tempo comigo. Mas, enquanto ele era vivo, nós chegamos a fazer uma viagem à terra de nossos ancestrais como, ele mesmo dizia. No Brasil. Meu avô não nascera lá, mas o meu pai sim. Algum tempo depois da morte do meu avô, que o meu pai voltou para os Estados Unidos. Nessa viagem que fomos juntos, eu conheci um pajé da nossa tribo. E então, eu também tenho sangue indígena...
Ela contou como se fosse uma surpresa e estava repleta de orgulho de sua história.
— Eu desconfiava. — Billy falou sendo assentido por Sue.
Todos estavam interessados em ouvir mais sobre a , em especial, Jacob que a encarava intrigado.
— Pois é... O meu pai foi nascido na tribo Bororo ou também chamada de Coxiponé. E o meu avô nascido por descendentes americanos da tribo Cheyenne, que infelizmente, é uma tribo extinta hoje. — Billy e Sue se entreolharam curiosos. — Fomos à tribo Coxiponé no Brasil e conhecendo um pajé amigo dele, eu aprendi muitas coisas lá. Inclusive sobre plantas de cura. Foi onde me interessei por biologia.
— Seu avô era um Cheyenne? — Jacob perguntou.
— Pouquíssimas vezes minha tia e eu conversamos sobre essas coisas. Não tenho certeza se ele era Cheyenne ou apenas conviveu com eles. Ela disse uma vez que ele passou muito tempo em outra tribo. E que nessa outra tribo, fora onde ela nasceu e viveram até os cinco anos de idade dela, depois todos foram para o Brasil. Já meu pai nasceu lá.
— Sua tia? — Quil perguntou confuso.
— O meu pai faleceu quando eu tinha 12 anos então, eu fui criada pela minha tia Pearl. Aos dezesseis anos, por curiosidade e nostalgia das memórias últimas com meu pai, eu voltei à tribo no Brasil. Quase morri, diga-se de passagem porque não me reconheciam, e eles tem alguns conflitos territoriais que não facilitam em nada a convivência com estrangeiros. São um povo desconfiado por natureza. Na ocasião, eu convivi um pouco mais com o pajé e aprendi um pouco mais sobre as ervas, plantas, curandeirismo...
— Essa tribo aonde o seu avô passou um tempo até a sua tia nascer... Você não sabe mais nada sobre isso?
— Não me lembro de muita coisa Sue. Eu era mais nova quando minha tia me contou e raras vezes nós voltamos a falar do assunto. Mas engraçado... — iria falar alguma coisa, porém foi interrompida por Sam que se levantou bruscamente atraindo toda a atenção.
Ele olhava para o vazio à frente. Jacob se levantou em seguida imitando os gestos dele e logo todos os meninos fizeram o mesmo. Parecia uma hipnose. Billy estava apreensivo e disse forte e sério "Entrem!" e os meninos seguiram-no. Leah também foi atrás.
ficou naquela varanda sem entender muita coisa, quando Emily e Sue chamaram sua atenção para uma conversa. Ela não percebeu o que as mulheres diziam e nem mesmo respondeu, pois, olhava para dentro da casa de Billy ansiosa e curiosa.
Todos os meninos vieram novamente à varanda e olharam aflitos na direção de . Encaravam uns aos outros silenciosos. Sue levantando-se disse que iria tirar os biscoitos que assava do forno e traria para todos, mas os garotos não falavam nada e Billy puxou uma conversa aleatória da qual não conseguia entender nada. Ela apenas olhava para os meninos. Todos visivelmente nervosos e aflitos. Os músculos enrijecidos, olhares ansiosos.
Quil por natureza era o mais estressado ou nervoso; ele sempre fica inquieto e parece explodir. Seth tocou o ombro dele, como se o pedisse para se controlar. Então encarou Jacob, que passou do estado de "desinibido" para "altamente fora de aproximação". Aquela barreira que ela começava fervorosamente a odiar se reergueu.
— Então , o que achou do chá? — Seth pronunciou para tentar descontrair um pouco o clima.
— Fichinha. — Ela respondeu sem muito humor, mas arrancando fracos risos.
Diante da situação que ela notava ser apreensiva, pediu licença e permissão ao Billy para levar as xícaras à cozinha da casa dele. E mais do que rapidamente ele agradeceu e permitiu. Lógico, ela não queria se afastar, mas sabia que era por sua causa que nada estava sendo pronunciado. Aquela foi uma retirada estratégica.
Leah, assim que voltou de dentro da casa estava distante da varanda. De repente, ela bufou e saiu correndo, havia entrado na mata como um furacão. Algo ali estava intrigando muito a jovem . E esta impressão não era surpresa. Na verdade, os quileutes , desde que ela topara com Jacob na praia tornaram-se uma espécie de necessidade para . Ela sentia-se como se precisasse ficar perto e não era apenas por Embry ou qualquer outra coisa. Ela se sentia confortável com eles. Ousaria dizer até... Parte deles.
Lavou as xícaras muito atenta aos burburinhos que se esforçava em ouvir. Assim que acabou, ela foi dando passos calmos e silenciosos até a varanda de volta. Talvez a vissem e se calassem, ou na melhor das hipóteses, estariam tão concentrados na conversa que não notariam a sua chegada. Batata.
chegou próxima à porta e escutou Sam exclamando baixo:
— Ela não pode saber! Embry precisa de ajuda agora!
— O que houve com Embry? O que eu não posso saber? — impulsiva, se intrometeu.
Jacob pegou em seu braço guiando-a para onde estava o carro dela. Ele mantinha-se sério, de humor afetado e como se fosse explodir de raiva.
— Jake! Calma aí! — Paul dizia.
— Eu resolvo isso! — Jacob gritou para eles arrastando para o galpão.
— Black me solte agora! O que você está pensando? Está me machucando seu louco!
Jacob nada disse, apenas soltou-a aflito por não perceber o que estava fazendo. Entrou com ela no galpão e puxou a imensa e pesada porta do lugar. Pegou as chaves do Mustang no seu bolso e a entregou.
— Tá. Estou sendo expulsa. Entendi! Só que não saio daqui sem saber o que está acontecendo com Embry! — parecia uma ursa raivosa.
— Não ! — Black estava nervoso, mas não bravo, apenas nervoso com algo.— Você não está sendo expulsa. Não queremos que pense isso. — pousou as mãos no rosto dela fazendo-a olhá-lo nos olhos: — Desculpe ter machucado você.
— Então o que foi tudo isso? — A mulher estava confusa e estressada por ser culpa dele a deixar daquele jeito, tão irritada e frustrada.
— Eu não posso lhe explicar direito. É coisa de clã. Embry está bem, apenas saiba disso.
— Coisa de clã... Entendo, eu não tenho esse direito mesmo... Peça desculpa aos outros pela minha intromissão.
— ...
deu as costas a ele entrando em seu carro e saindo da reserva sem olhar para trás. Avistou Seth correr até Jacob que, já no meio da floresta, olhava ao carro partindo. espiou pelo retrovisor, Black sair olhando por cima do ombro devagar. Ela chorava. Não esperava ser tão íntima deles, mas achou que merecia alguma consideração, afinal, ela não pediu nada além de notícias do Embry.
O que estava acontecendo com ele que ela não poderia saber? Entretanto, de uma coisa ela tivera certeza: se Embry considerasse-a como dizia, ela acabaria sabendo das coisas.
Algum tempo se passou desde que saiu revoltada da reserva; ela não passava por lá e não recebia notícias de ninguém, nem mesmo de Embry. Diante de sua chateação por ter sido tratada por Jacob daquela forma, e por sentir-se excluída dos fatos, adiantou parte do dinheiro da sua poupança a fim de pagar os serviços de Black. Apesar de saber que não deveria mexer naquela poupança, pois estava juntando capital para o projeto do seu laboratório, a mulher não queria enrolar mais para findar aquele assunto do reparo de seu carro. Num primeiro momento, a sua mágoa contra os quileutes desconsiderou o fato de que; nenhum deles tinha obrigação de inteirá-la aos seus assuntos, e só depois de um tempo que notou sua insensatez. Entretanto, ela não poderia desconsiderar a mágoa por parte de Jacob, pela forma como ele a tratou, tampouco pelo descaso de Embry em lhe mandar notícias.
estava contente com o trabalho na farmácia, embora fosse algo de meio período, mas seu foco era o laboratório dos irmãos Vincent. Como uma excelente bióloga pesquisadora que se enveredou na farmacologia natural, o ambiente químico era o que ela mais gostava de atuar. Quando viera para Forks; os irmãos Vincent foram muito solícitos com ela pelos dois empregos: como químico-farmacêutica no laboratório Vincent’s Co; e como farmacêutica responsável na Drogaria H&J. Sue tivera alta participação na contratação de , uma vez que ela foi quem a apresentou aos patrões. Eles contaram à que Sue foi a responsável tempo atrás, por algumas descobertas de ervas locais aos irmãos Vincent, que trabalharam em um novo projeto de flora medicinal a partir dessas plantas. Esse novo composto medicinal que eles criaram, com a ajuda dos conhecimentos indígenas de Sue, rendeu-lhes muito prestígio no âmbito da ciência e lógico, o início de carreiras de sucesso no ambiente fármaco. Para , trabalhar com os dois irmãos foi uma tacada de sorte do destino; e claro, com a ajuda de Sue a quem ela seria eternamente grata já que, sem a ajuda dela os primeiros passos de para aquela cidade não seriam dados.
A ainda não compreendia tão bem, como foi fácil para eles a aceitarem nos empregos dada apenas à recomendação de Sue — que em contrapartida também não lhe conhecia —, mas ao perguntá-lo em um dia que conversava com Julian Vincent, ele a contou que Sue dissera-lhes que tinha ótimos pressentimentos por desde o momento em que ela, visitando a cidade, a abordou para uma conversa sobre o lugar. Sue nunca comentara com ela sobre essas ótimas impressões.
Julian havia dito aquilo, um pouco depois do episódio em que havia saído da reserva chateada. A mulher sentia que devia desculpas por aquela situação; à Emily, Sue e até mesmo ao Seth, que sempre lhe soou tão ingênuo. Estava no laboratório fazendo a distribuição dos químicos nas cápsulas a pedido de uma nova encomenda de Julian e Hernando quando os mesmos chegaram:
— Bom dia — disse Julian.
— Bom dia Julian. Eu aguardava-os mais tarde. — Ela o olhou e procurou o outro irmão, continuando seu trabalho e sorriu para ele: — Hernando não veio?
— Veio sim, está descarregando uma caixa. O que faz aqui tão cedo?
— Tenho andado tensa e trabalhar me faz bem... Ocupar a mente.
— Não tem receio de sair da sua casa às cinco horas sozinha? É um pouco escuro não? — Nesse momento Hernando chegou dando-a bom dia. respondeu a ele e continuou a conversa com Julian sem distrair-se das cápsulas.
— Hm... Nos primeiros dias eu estive mesmo receosa com os lobos. Eles têm acampado na entrada da minha casa, eu acho, sinto pelo cheiro....
Quando ouviram o que ela dissera, os irmãos se viraram para ainda mais interessados e curiosos.
— Mas eu acredito que essa minha movimentação matutina tem afastado eles.
— Tenha cuidado . Ouvimos relatos bem sérios sobre os ataques.
— Acredite Hernando, eu tenho escutado muito mais.
— Se refere ao Erick, certo? — Hernando sorriu sugestivo — Ouvimos falar que você e o policial prodígio estão juntos.
— Na verdade não estamos juntos. Apenas saímos algumas vezes, mas não só ele fica me dizendo para ter cuidado com os ataques. A cidade não fala de outra coisa, então não é difícil não escutar os casos dos clientes.
Terminando seu trabalho, se encaminhou aos armários do laboratório para pegar as caixas de dispensação. Dispensando as cápsulas e bulas, ela entregou os pedidos a eles, enquanto os irmãos trabalhavam no outro lado do laboratório.
— Rapazes? Aqui está o pedido das cápsulas de ácido valérico.
— Obrigado , pode deixar na recepção?
— Claro. Vocês querem mais alguma coisa ou posso ir para a farmácia?
— Na verdade, nós gostaríamos de conversar com você. Pode nos esperar um pouco? — Hernando disse.
— Sim.
Ela não tinha ideia a respeito de que assunto os dois Vincent teriam com ela, por isso, caminhava até a recepção ansiosa. Pegou sua bolsa e tirando o jaleco, dobrou-o e guardou na bolsa. Já agitava as chaves do seu carro na mão, claramente nervosa, quando Julian e Hernando chegaram e os três se sentaram ao sofá da recepção vazia para conversarem.
— Temos uma proposta a você, . — Hernando sempre muito direto iniciou o diálogo.
— Está difícil e corrido para Hernando e eu sairmos de Seattle para vir à Forks apenas dirigir os pedidos a você e lidar com a administração da farmácia. Nosso laboratório não é aberto ao público; servindo apenas para que você faça as formulações. Então temos pensado em transformá-lo em uma sede de um novo projeto.
— Temos trabalhado com cosmetologia e perfumaria. Nosso laboratório em Seattle tem crescido e pensamos em focar apenas nesses estudos. Temos muitos planos.
— Portanto a área medicinal é algo que aos poucos nós iremos, nos desligando. Porém, você é ótima com tudo isso e não podemos findar com a farmácia, já que somos o principal fornecedor de fármacos da cidade.
— Então propomos a você que gerencie a farmácia e fique com ela em horário integral. Quanto ao laboratório não há necessidade de continuar nele, pois, como dissemos estamos estudando se enviamos alguma equipe para cá; ou simplesmente o transformamos em uma loja com nossos produtos já concluídos. O que você acha?
— Bom, eu desejo muita sorte a vocês! Acredito que terão muito êxito com a cosmetologia, a última amostra do creme que me apresentaram é realmente muito boa. Agora... Eu realmente não esperava por isso.
—
— E eu fico honrada e sempre muito agradecida. Vocês deram um impulso fora de sério para mim aqui em Forks. Porém, a farmacologia não é o meu foco. Eu lhes disse isso no início, não me levem a mal.
— De forma alguma. O que te incomoda nisso tudo? — Hernando disse simpático como sempre são os dois irmãos.
— Não é questão de incomodar. Longe disso. Acontece que eu tenho estudos de biologia próprios e o fato de ter seguido farmácia é justamente para o desenvolvimento desses estudos. Com isso, assumir a farmácia em tempo integral seria um pouco inviável para mim. Há algum problema em Steve continuar comigo?
— Não. — eles disseram olhando-se e sorrindo juntos. — Mas você assume a gerência da farmácia para nós?
— Bem, eu não vejo problema com isso Julian.
— Ótimo! Nós mandaremos a documentação toda para você ler e analisar se quiser. Não muda muita coisa, apenas não precisaremos mais vir aqui tratar de alguns assuntos. Você fará por nós. Ah, e obviamente, nós ajustaremos o seu salário de acordo com o novo cargo.
— Sim. Mas... Quanto ao laboratório... Vocês poderiam me emprestá-lo enquanto não tomam alguma decisão sobre ele? — perguntou um pouco temerosa da reação deles.
— Emprestar? Posso perguntar para o quê? — Hernando pareceu calmo assim como Julian.
— Justamente por esses estudos que citei. Eu ainda não tenho todo o dinheiro para iniciar a construção do meu pequeno laboratório e seria de muito auxílio que eu pudesse continuar tendo acesso a ele.
— Bem, ... É um assunto delicado. — Julian pronunciou-se: — Você poderia nos dizer quais são esses estudos?
— Estudos com plantas medicinais. Não é nada absurdo, apenas meu prosseguimento com o que venho desenvolvendo dentro da farmacologia homeopática.
— Nesse caso não vejo problema, desde que nós possamos acompanhar os resultados enquanto estiver utilizando o nosso laboratório. Apenas por formalidades se é que entende. Não queremos nos envolver nos seus estudos. Fique tranquila com isso. — Julian afirmou olhando para Hernando.
— Eu também não. — Hernando disse sorrindo.
— Eu sou imensamente grata.
Eles despediram-se sob o acordo de que recebesse os papéis para a análise e formalização da proposta, e ela seguiu para seu carro. O laboratório ficava na parte de trás do centro de Forks, uma parte menos movimentada, não isolada. Os irmãos Vincent, que haviam se esquecido durante a conversa, entregaram a ela um convite antes que a mulher saísse do local.
No caminho até a farmácia, pôde ver os Carter cumprimentando-a do mercado. A localização da loja deles era próxima à loja dos Vincent. Na verdade, o centro de Forks tinha os seus pequenos estabelecimentos próximos, com exceção da escola municipal e da delegacia que não se enquadravam naquele aglomerado de comércios. Educada, os cumprimentou de volta com um sorriso largo em seu rosto e avistou que Daniela Parker estava na porta do mercado, ao lado de Peter. Foi notório ver o desgosto na face dela.
nunca foi de preocupar-se com repulsas alheias, mas começava a achar aquilo um tanto quanto precipitado. O que afinal, ela teria feito contra Daniela? Seria pela revelação que Eva lhe prestou ao dizer que Scott interessava-se por ela? Seria por seu envolvimento com o Erick? Que razão a Parker tinha para encará-la como se fosse sua própria inimiga? Um lampejo de outra ideia surgiu em sua mente: seria por sua relação antiga com Isabella Swan? Bella parecia ter deixado mágoas em algumas pessoas da cidade, o que deixava ainda mais intrigada. Pensando sobre tudo aquilo, ela também pensou em Erick... Ele de fato desaparecera de seus dias.
Talvez ela devesse procurá-lo? Ou manter-se apenas distante conforme o espaço imposto por ele? Eram muitas as dúvidas de em relação à expectativa e curiosidade que algumas pessoas da cidade tinham sobre ela. Durante aqueles tempos em que ela estava mais presente à cidade; e mais afastada da reserva, pôde evidenciar o quão ela estava mexendo com as pessoas da cidade. Murmúrios sobre o quê ela teria vindo fazer ali passavam ligeiros aos seus ouvidos com frequência, e pareceu que ser "amiga" de Bella não era mesmo um bom presságio.
Abriu as portas da farmácia e pendurou sua bolsa na saleta aos fundos notando que algumas caixas tinham chegado, e supôs que os irmãos Vincent teriam as deixado ali antes de irem ao laboratório naquela manhã. Enquanto ela se preparava para levá-las ao mesmo quarto dos fundos, Scott apareceu na porta da farmácia.
— Bom dia ! — ele disse escorado na porta.
— E aí Scott! Bom dia. — Ela respondeu indo cumprimentá-lo, e recebeu um abraço forte.
— Como você está, ?
— Estou bem e você?
— Um pouco mais calmo. Hoje estou mais absolvido do mercado! Ganhei uma folga!
— Ele riu.
— Pobre Peter. — olhou para o semblante gentil à sua frente, por sobre os olhos iniciando o sistema do balcão.
— Ah, pois é. Acredita que ele quis um pagamento extra por me cobrir hoje? — Scott se aproximou do balcão e ficou bem próximo olhando as tarefas de com seu queixo escorado em suas mãos.
— Hm... E o que ele pediu em troca? Alguns telefones? — sorria fazendo insinuações sobre as garotas que viviam correndo atrás de Scott, “o bom partido” da cidade.
— Na verdade... — Scott pôs-se a rir tampando o rosto com as mãos. De um jeito muito fofo, vale citar. — Ele está me fazendo um grande favor. Pediu o telefone da Daniela.
— A Parker?
— Sim.
— Ela é afim de você? — perguntou mais interessada parando de digitar no teclado.
— É sim. Por quê?
— Acho que agora entendo porque ela não me engole.
— Está falando precisamente do quê? — Scott ficou sério e decerto modo, esperançosos com a insinuação escutada por a deixava, constrangida.
— Mas acha que Daniela aceitaria sair com Peter? — Ela disse sorrindo em dúvida.
— Não. Mas acho que ela faria qualquer coisa para chegar a mim de alguma forma.
— Entendi. — os dois começaram a rir. — Deve alertar o Peter, não acha?
— Ele é novo, mas não é bobo. Sabe muito bem de tudo isso.
Scott se ofereceu para ajudá-la com as caixas que ela tinha que guardar. Enquanto ele as carregava, limpou a farmácia, atualizou o sistema e em seguida, ele se despediu dizendo que aproveitaria o dia em outra cidade. Ela o desejou boas diversões e na porta da loja, Scott a abraçou apertado beijando seu rosto demoradamente. Lógico, aquilo foi o suficiente para que Parker e companhia pudessem olhar para ela, de onde estavam com sangue nos olhos.
A manhã correu tranquila como sempre. Poucos clientes a serem atendidos; um movimento sutil na rua... E lia e escrevia suas anotações, — como era hábito quando as tarefas de seu expediente já haviam sido feitas e ela ficava com horas sobrando — tentando se concentrar. Mas, em sua mente a culpa por saber que não havia sido gentil com Sue, Emily, Seth e até mesmo Billy e os outros garotos na reserva estavam a incomodando. Portanto, assim que ela fechou seu caderno de pesquisas e procurou terminar uma tarefa que havia se esquecido no computador da loja, decidiu telefonar para a matriarca Clearwater.
Logo que lhe atendeu, Sue dissera que estava preocupada com ela. Gostaria de ter telefonado, mas ao mesmo tempo, quis dá-la o espaço que era pressuposto. desculpou-se pelo modo tempestivo com o qual saiu da reserva, e pela forma grosseira que se manteve distante. Confessou que estava chateada com todos, mas em seguida compreendeu que os assuntos deles não eram os assuntos dela. Sue nada disse; o que deixou a ainda mais certa de que, queria ser uma deles mais do que uma “visitante” e amiga. Ela sentia o desejo de ser parte do clã, um desejo, aliás, irreconhecível que nela despertava-se pouco a pouco, e assustava . Sue lhe perguntou quando ela voltaria para vê-los, e esquivou-se numa desculpa de estar ocupada. A verdade é que estava evitando encontrar-se com Black, e ainda mais com Embry que lhe demonstrou mínima consideração. Contudo, convidou Sue a ir vê-la quando quisesse e pediu para falar com Seth.
— Você está com raiva de mim? — E direto sem rodeios ou voz amargurada, Seth lhe atendeu à chamada com claro sentimento de culpa.
— Não Seth, isso seria impossível. Eu queria ver você inclusive...
— Sério?
— Pode vir à farmácia?
— Claro! Eu pego a moto do Jake e chego rapidinho!
— Não! Quero dizer... Não diz a ele que vem me ver, pode ser?
— Segredinho nosso gata. — Seth disse com uma voz propositalmente sexy, que nem sabia que ele teria, mas compreendeu estar rodeada de um bom humor do garoto.
— Ah! Seth, a sua mãe preparou umas plantas da reserva para mim. Então, não se esqueça de trazer as mudinhas, por favor.
— Cuidado com essas plantas, hein... — Seth zombou dando uma risada sutil.
— São apenas as mudas de babosa e manjericão que o Billy utilizou no chá, é bem difícil achá-las por aqui, mas o Billy tem um cultivo próprio.
Aquelas plantas eram; o novo objeto de estudo de , que atribuiu ao universo uma boa coincidência de logo Billy, logo ali na reserva quileute, ela as encontrar. Assim que Seth chegou à cidade, estacionou animado em frente à farmácia e sorriu abertamente para . Queria ter ido visita-la, mas sua mãe o impedia dizendo que ela melhor dar a ela o próprio tempo.
— Ei, pequeno Clearwater! Estava com saudades suas! — Ela confessou se aproximando dele e o abraçando.
— Não sou tão pequeno assim, ! — ironizou arqueando a sobrancelha com seus pequenos olhos apertadinhos num sorriso — E nós também sentimos a sua falta! Deveria ter aparecido!
— Eu estive ocupada...
— Mentirosa! — A acusou — Você está evitando o Jake. Ele foi rude, mas não tinha a intenção de te magoar, ...
— Não importa, não é para justifica-lo que eu te chamei... — deu de ombros e puxou um envelope do bolso de trás de sua calça e o entregou ao Seth: — Entregue nas mãos de Black, por favor. É o dinheiro do conserto do Mustang.
— Então você só queria um garoto de entregas... Para trazer plantas e levar dinheiro... — reclamou.
— Não só isso, eu também queria ver este rostinho lindo! — riu apertando suas bochechas. — Me faça esse favor, vai? Eu não quero vê-lo por enquanto, mas quero menos ainda ficar devendo dinheiro.
Seth suspirou assentindo e guardando o envelope no bolso de seu agasalho.
— Tudo bem, mas ele vai recusar. E pior: vai vir até você! Escreve o que eu estou dizendo, eu conheço o Jake! Ele é mais transparente do que você imagina.
Seth se despediu a abraçando e convidando novamente para voltar à reserva quando quisesse, porque ninguém havia ficado magoado com ela.
— Você tem notícias do Embry? — Ela o perguntou, antes que ele ligasse a motocicleta, e Seth ficou sério. A expressão de ansiedade e preocupação tomando-lhe o rosto. não precisou ouvir o que quer que fosse. — Deixa para lá, seu rosto já disse tudo. Entendi o recado do Embry...
— , desculpe, mas...
— Esquece, Seth! — Ela sorriu amenizando sua fala ao interrompê-lo — Não vamos envolver outras pessoas na nossa amizade, ok? Se o Embry quer ficar longe, então eu ficarei. Dele, não de você. Prometo.
O Clearwater tentou esboçar um sorriso, mas a sua expressão de seriedade se mantinha. Ele trocou um cumprimento de soco à mão dela, e engatou a moto partindo sob os acenos distantes da garota.
Ao chegar a hora do almoço, esperou por Steve para a troca de turnos; assim que ele chegou ela voltaria para casa, mas quando daria partida em seu carro, a viatura da polícia parou na lanchonete badalada da cidade. Avistou Erick sair dela sozinho, e o seguindo, trancou o seu carro e foi até ele. A lanchonete tinha uma daquelas sinetas que fazem barulho quando se abre as portas. Não estava vazia e todos olharam para a entrada a fim de ver quem chegava. Inclusive Erick, que, sentado à mesa a olhou de soslaio, o policial enrijeceu-se da postura ao rosto quando a encarou.
— Erick. Como você está?
— Bem. E você?
— Também... Será que eu posso me sentar?
— Eu não posso demorar . — Ele desconversou.
— Eu não pretendo alugar você por muito tempo. — Ela disse já me sentando e Erick permaneceu sério e desconfortável — Até quando vamos ficar sem nos falar, Erick?
— O que você quer ?
— Conversar com você. Mas aqui não é hora e nem lugar. Quando podemos nos ver?
— Vai estar em sua casa hoje à noite?
— Como todas as noites. — Assim que ela o respondeu, ele se afeiçoou de uma expressão de sarcasmo.
— Passo lá. — falou seco, frio e voltando-se à garçonete a ignorando.
— Até mais então.
despediu-se e levantou-se saindo irritada de dentro da lanchonete. Abriu a porta do carro com raiva de Erick. Ele precisava ser tão ridículo, tão imaturo? O que ela fizera a ele para ser tratada com tanto desdém?
Pensando sobre aquilo, com a sua cabeça encostada ao volante, achava aquela atitude de Erick, um exagero dele. E a culpa também era do próprio; por ter se iludido. Contudo, algo lhe ecoava que de um jeito ou outro, sendo culpa diretamente dela ou não, havia magoado os sentimentos de alguém e aquilo devia desculpas. É assim que funciona: você tem que mandar o orgulho pular do barco para a humildade navegar nele.
Horas depois, em sua casa, foi replantar as novas mudas que Sue havia lhe dado, depois cuidou do seu jardim da frente. E ao pôr do o sol, com o relógio marcando aquilo que deveria ser um fim de tarde, guardou seus aparatos de jardinagem e tomou um banho. Desceu já vestida com um moletom e uma camiseta dos Ramones ansiosa para ler o convite que Vincent havia lhe dado.
O convite consistia em um jantar na casa do Hernando, às 20 horas e no fim de semana próximo, em sua casa em Seattle. sentiu-se honrada e imaginou que aquele jantar seria algo sofisticado apenas pela aparência do convite. Bebericando um pouco de suco na cozinha, ela escutou um estrondo de tábuas caindo aos fundos.
Os lobos continuavam rondando a sua casa durante aqueles tempos e ela sabia disso pelo cheiro. Algumas noites, os uivos eram bem fortes como se eles estivessem se comunicando. identificou que um deles dormia à porta de entrada, pois todas as manhãs havia pelos em seu tapete. Já estava acostumada a barulhos como aqueles, mas pensava, a cada vez que percebia a presença dos animais selvagens: "Será que os quileutes sabem que lobos ainda estão rondando minha casa?".
A considerar as atitudes dos rapazes, ou melhor, do Black quando soube dos lobos; ela poderia jurar que seria um fato preocupante para eles. Mas os quileutes não a procuraram e não davam notícias sobre Embry, muito menos sobre aquele assunto. Eles estariam caçando-os como naquela vez? Eles estariam tentando controlá-los? E seria por isso que os lobos estavam acampando em suas terras: por serem expulsos do território da reserva? E quanto aos ataques humanos? Se eles fossem mesmo perigosos, os quileutes a deixariam sem aviso sobre aquilo?
colocou o copo na pia após aqueles pensamentos e pela primeira vez desde que chegou ali, fizera algo impulsivo em relação à aqueles barulhos: abriu a porta da cozinha e foi aos fundos da casa. Naquela hora do dia, geralmente era quando os lobos chegavam, mas não pensou nisso. Ela pensava em Embry. Na última vez que eles se viram antes dele sair para caçar. Quando se deu conta do que estava fazendo, ela já estava no meio do quintal dos fundos sem nada nas mãos e longe da porta da cozinha. O que quer que, pudesse vir a acontecer ali, ela precisaria ser ágil.
Algo se mexia nos arbustos da floresta que dava para o fundo da sua casa, e mais uma vez, impulsiva, deu passos à frente. Onde ela estava com a cabeça? De repente, uma buzina soou na entrada da casa, tirando-a daquele transe de curiosidade e deixando-a ser tomada pelo desespero do que havia feito. correu para dentro de sua casa de novo, e caindo na realidade do que havia feito, imaginou se algo terrível tivesse lhe ocorrido. Aleatoriamente, em sua mente, pensava como pôde ser maluca de comprar aquela casa abandonada com fundos para uma floresta; em um lugar que ninguém habita. No mesmo instante, indagou-se silenciosa, se era hora de ter um cão de guarda, mas rapidamente percebeu ser a maior besteira fazer aquilo. Imagine a loucura que seria ter um cão de guarda em uma casa cercada de lobos!
não poderia saber, ouvir e nem notar a presença de estranhos nos arbustos que lhe vigiavam no momento em que surgiu corajosa movida a uma curiosidade fatal.
— Ela é louca! Não, não, ela é corajosa muito corajosa!
— Ela não sabia o que estava fazendo.
— Sim, mas mesmo assim cara, ela sabe dos lobos! Achei que ela iria para os arbustos.
— Anda, vem. Vamos ver quem chegou aí.
Na entrada da sua casa, assim que saiu pela porta, viu o Charlie indo até ela acompanhado por Erick.
— Boa noite !
— Ei Charlie, que surpresa! — disse lhe dando um abraço.
— Vim saber como estava. Afinal, não tenho notícias de você há tempos.
— Ah eu estou bem, tenho trabalhado bastante.
— Sue está preocupada. Você não aparece mais na reserva há quase um mês.
— Ela é adorável. Diga que você me viu inteira. Ela não acredita pelo telefone.
— Certo, eu digo sim. — Ele sorriu e deu outro abraço à jovem, cobrando: — Precisamos marcar um almoço de fim de semana lá em casa hein?
— Ah com certeza, estou devendo-lhe isso e eu não gosto de dívidas.
— Eu te ligo querida. Até mais. Até amanhã Erick.
— Eu vou aguardar o telefonema. Até mais Charlie. Abraços a todos.
Charlie entrou na viatura e olhou para Erick sorrindo amigável; convidou-o para entrar, mas novamente passou um olhar meticuloso pelos arredores, os arrepios que tivera nos fundos de sua casa a amedrontaram como há algum tempo não acontecia. Erick chamou pelo seu nome, já de dentro da sala dela e ela entrou.
Após fechar sua porta, novamente em algum ponto escondido de sua varanda, os indivíduos que a espiavam se manifestaram:
— Certo cara, vamos nessa. O policial está aí.
— Sim, vamos. Escuto os outros nos chamarem.
Assim que observou o rosto preocupado e desconfiado de , Erick também percebeu imediatamente o nervosismo dela.
— Está tudo bem ? Está pálida... Parece nervosa.
— Antes de vocês chegarem eu estava lá no fundo e tive impressão de ter algo na mata... — rapidamente ele empunhou sua arma e seguiu para a cozinha até os fundos.
— Erick... — chamou e foi atrás dele.
Erick caminhou em direção à moita, espreitou o arbusto e se manteve parada sob a porta dos fundos sem nada dizer. Nada havia ali, Erick adentrou um pouco mais à frente da mata e olhando em volta sem nada pressentir, deu meia volta até . Acariciou seu rosto já à frente da mulher na varanda perguntando se ela estava bem. assentiu agradecida e eles entraram à cozinha.
— Sente-se. Vou preparar um jantar.
— Não posso demorar. Tenho compromissos .
. Ouvir Erick chama-la pelo seu nome e de forma tão áspera mutilava a sua consciência. Orgulho perverso o dela, que em todos os momentos impróprios se voltava contra si. O que há cerca de minutos atrás parecia uma trégua com a preocupação dele, ao ouvi-lo dizer seu nome pronunciado como ele o fez, puxou-se de volta à situação real. Havia o chamado para ela pisar no seu próprio ego e o pedir perdão, ainda que não aceitasse estar errada.
— Um café então?
— Pode ser. — ele sentou incomodado por estar ali.
trocou olhares com Erick e pela expressão dele, talvez tenha clamado uma bandeira de paz pela sua forma de encará-lo. Ela estaria disposta a mostrá-lo como, de repente, os dois soavam-se como dois estranhos e sem necessidade. Rapidamente, Erick tentou puxar algum assunto.
— Então você não vai à reserva há quase um mês?
— Sim. Tenho andado ocupada.
— Ou se cansou de brincar de índio.
— Como é? — pronunciou pousando a xícara que segurava ao balcão, estupefata pelo tom utilizado por ele.
— Eles te excluíram não é? — Erick a olhava convincente e piedoso. — Eu te avisei ! Os quileutes não são boas pessoas! Eles nunca irão te aceitar, por mais linda, interessante e parecida com eles que você seja! São apenas índios egoístas com seus rituais extremamente suspeitos!
— Eu não te chamei aqui para pedir a sua opinião. Eu te chamei para pedir desculpas Erick.
— Sei disso. E é por isso que te falo assim. Por que mais, você me pediria desculpas a não ser por eu estar certo sobre esses índios estúpidos?
— Índios estúpidos?! — gritou. — Eu te chamei aqui para conversar sobre a forma como eu te magoei seu idiota! E não por causa de quileute algum, mas sim por ter expressado mal os meus sentimentos por você! Erick! Você é tão babaca! Te ouvindo agora, acho que eu nem deveria pedir desculpas a você! Estou aceitando um erro que não cometi!
— Não cometeu? Como você é hipócrita . Você começa a se envolver com um índio atropelando nós dois e o errado sou eu?
— Cala a boca! Eu não atropelei nada. O que nós tínhamos? Saímos duas vezes e ainda assim você nunca deixou claro que pretendia algo sério. Eu me interessei pelo Embry assim como você poderia ter se interessado por qualquer outra!
— Ah, por favor, você quer que eu peça desculpas? — estava assustada por estar diante daquela parte mimada do homem, e que ela não conhecia. Estava triste por ver que o quê interessava para ele, não era o bem estar da sua relação, mas a briga infundida dele com os quileutes.
— Não. Não quero suas desculpas Erick. Sabe por quê? Porque você quer que eu me desculpe, por gostar de pessoas nas quais você odeia sem motivos, e não por tê-lo magoado. Sua birra não é por mim. É por eles.
— Você não sabe o que fala. — Erick começou a rir ironicamente e muito nervoso. — Você defende aqueles marginais!
— Eles não são marginais! — gritou novamente, já avançando para cima de Erick entre tapas e socos infantis.
Ele até podia estar certo sobre ter sido excluída, mas ela ainda defenderia os quileutes! Era culpa da maldita sensação de se sentir uma deles! E sabia que não deveria julgá-los por seus segredos, afinal ela nada conhecia sobre eles.
— Eu preciso realmente ir. Minha namorada me espera e não quero mais perder tempo com você. — Erick frisou bem a pronúncia "namorada" segurando os braços de , na tentativa de afastá-la dele, com olhar desprezível.
— Melhor você ir mesmo. Mas, antes que saia... Eu peço desculpas a você por ter alimentado involuntariamente, uma ilusão sobre nós. Somente por isso.
— Se é do meu perdão que você precisa para viver... Eu te perdoo.
— Não! Eu tenho a minha consciência tranquila, minhas desculpas são apenas um favor que lhe faço, já que a sua consciência é surda e cega suficientemente ao ponto de te fazer não aceitar os seus defeitos.
— Não preciso da sua aceitação ou favores, . É você quem precisa daqueles índios... Olha para você. Totalmente dependente deles.
Ele estava certo. sentia uma necessidade de estar com as pessoas daquela tribo, daqueles ares, daqueles olhares e urgentemente dos seus mistérios. Ela não seria falsa em retrucar contra aquilo, mas precisava ainda saber de uma coisa...
— Por que você pronuncia a palavra "índios" com tanto desprezo?
— Porque este é o único sentimento que tenho por eles. Desprezo.
— Cuidado com isso. O sentimento que você tem, é preconceito racial... E logo, o seu chefe será um deles. Não deveria repensar um pouco isso que você chama de “desprezo”?
— Se o senhor Swan não sabe escolher as suas esposas, eu não tenho nada a ver com isso, mas não tenho a menor obrigação de ser simpático com essa gente.
— Essa gente...
repetiu da mesma forma com que ele pronunciou, a fim de entender o que ela ouvia e presenciava. Em sua mente, aquela reação dele era tão absurda quanto nojenta. Que Erick era aquele? Fora por culpa sua que aquele ódio todo veio à tona ou ela estaria sendo muito prepotente?
— Até a vista, . Jessica já deve estar preocupada com minha demora.
— Adeus, policial Erick.
pode perceber com o susto que ele levara, que tratá-lo por "policial Erick" mostrou claramente o imposto distanciamento. Apesar da pose, parecia que Erick sofria com aquilo. Ele se aproximou dela, e o olhava decepcionada. O policial ainda tivera a audácia de acariciar o rosto da mulher, antes de sair despedindo-se:
— Se cuida . Eu só quero o seu bem e essa gente... Enfim, você não precisa se misturar com um povo tão desprezível... — Ele beijou sua testa e quando já estava na porta, o chamou.
— Só para você saber... Eu sou filha de índios. — Erick então, olhou para ela inexpressivo e saiu parecendo mais atordoado.
sentiu-se péssima com o que havia escutado. O olhar de superioridade, o preconceito com o povo indígena, e a ferida que aquilo lhe causava... Ela nunca havia sido julgada por ser uma descendente indígena, mas... Só de presenciar aquele ataque feito de Erick a respeito dos quileutes... estava com ódio. O que os garotos e o restante do povo da reserva não teriam ouvido de Erick, ou de outras pessoas da cidade que pensassem como ele? Ela mal esperou a viatura dele sair da entrada de sua asa, e fechou a porta trancando-a. A água para o café estava quase seca, então optou por utilizá-la apenas para uma caneca de chá. Um forte chá de capim limão.
Algumas horas depois da partida de Erick, os quileutes estavam na reserva discutindo sobre uma ação importante do clã.
— Ela vai ficar bem Jacob. Não precisa ir!
— Pai, eu vou. Paul, Seth! Vocês vêm comigo?
Eles olhavam para Jacob, indecisos. Billy insistira naquela ideia de que Jacob deveria ficar fora daquilo tudo, mesmo sendo aquela uma noite aturdida para os quileutes.
— Eu vou com ele Billy! — disse Seth.
— Lia também pode ir, Paul e Quil ficam comigo Billy.
Sam também ordenou passando confiança ao patriarca Black, que às vezes agia como se Jake ainda tivesse 16 anos. E aquilo irritava Jacob de uma forma imensurável! Ele estava prestes a retomar a liderança do clã, embora não houvesse verbalizado a respeito com os outros, e seu pai, ainda o tratava como um alfa problemático.
— Certo, então vamos antes que a princesinha fique em apuros. — disse Leah em tom esnobe.
Os lobos saíram sobre os olhares preocupados dos outros e ouviram os urros altos do perigo, olharam para trás preocupados, mas receberam a aprovação de Sam que lhes gritou:
— Vão! Nós damos conta disso! — Sam gritou e saiu sendo seguido para a mata junto com o restante da matilha.
— Não sei por que estamos nisso! Ela não corre perigo!
— Leah! Você ouviu o que Billy disse. — Seth brigava com a irmã, e realmente a garota estava dando nos nervos de Jacob ao agir daquela forma. Leah fazia com que ele se recordasse de tempos atrás. Tempos infelizes.
— Jacob... E o policial? — perguntou Seth preocupado.
— Ele não deve estar mais lá.
— Como sabe? Eles podem estar juntos. — Leah continuava sendo irritante diante daquilo tudo; Black controlou-se para não mordê-la e notando a raiva dele, a outra loba se calou.
— Ainda que ele esteja lá nenhum deles está fora de perigo. — concluiu inteligentemente, Seth.
Em sua casa, bebia seu chá e já mais calma pela discussão recente, ela ligou o computador para procurar desvendar algumas das suas dúvidas, até que seu telefone tocou a interrompendo.
— Boa noite . É o Steve.
— Boa noite Steve, aconteceu algo?
— Não. Primeiramente, parabéns pela promoção senhora gerente.
— Ah, obrigada. Não muda muita coisa.
— Certo... — ele riu.
— E então, me ligou apenas para dar os parabéns?
— Não... Você vai ao jantar dos Vincent?
— Claro, já é neste fim de semana, certo? — conferiu pegando o convite e lendo o dia e horário. — E você?
— Sim, também irei. Que tal se fôssemos juntos?
— Acho ótimo! Até porque eu não sei andar muito por Seattle.
— Eu passo aí às oito horas então, pode ser?
— Se importa, se nós formos com meu carro?
— Não. Por mim tudo bem.
— Até lá então Steve, e não se esqueça: qualquer problema com a loja, você pode me ligar.
— Entendido chefinha. — Steve disse brincalhão e os dois encerraram a chamada.
Voltando ao seu laptop, digitou nas pesquisas do Google “Bairro Kalil, Forks” . E ficou abismada com a quantidade de manchetes e notícias trágicas envolvendo o nome de Forks. Notícias sobre mortes misteriosas, rituais sobrenaturais, ataques a turistas, campistas e alpinistas que não obtiveram respostas a não ser suspeitas de provirem de animais selvagens desconhecidos. Contudo, sobre o bairro Kalil, ela precisou de uma procura mais detalhada e sua resposta fora que; ali, exatamente ali naquele bairro inóspito, muitos destes corpos foram encontrados.
Então era aquilo que preocupava a todos; morava em um cemitério antigo. E se ali ocorreu a maioria dos ataques, ela estava mesmo correndo muito perigo! Por isso nenhuma outra casa, nenhuma outra alma habitava os arredores e, consequentemente esta era a razão do preço baixíssimo pelo qual ela pagou naquele casebre. Assustada e evitando aqueles pensamentos tenebrosos de filme de terror, fechou o aparelho e reuniu suas coisas, subindo ao seu quarto para tentar dormir, porém, os lobos pareciam cada noite mais agitados e naquela precisamente, ela temia mais do que todas as outras. Nunca pensou tanto em Embry e Jacob como naquela noite. Em consequência disso, tivera um sono conturbado e sonhou com eles.
Ao amanhecer após toda a preparação matutina rotineira, não havia mais sinais de perigo, mas ainda sentia uma estranha premonição que lhe fazia arrepiar. Havia uma aura muito fria em torno de si, suspeitando ser apenas um pavor provocado pelo que havia lido na noite anterior, ela decidiu que não buscaria mais informações naquele dia. E exausta, sem ter dormido direito, não iria realizar suas pesquisas laboratoriais também.
Seguiu à porta para sair em direção ao seu turno da farmácia e avistou um envelope conhecido, no chão passado por baixo de sua porta. Ela o pegou e abrindo a porta para enfim sair, nem mesmo precisou abrir o envelope para reconhecê-lo ou conferir o que estava dentro. Havia um bilhete pregado nele dizendo: "Nada de pagamentos, esse foi o combinado". Black devolvera seu dinheiro. entrou em seu carro, desanimada com o fato de ter que insistir naquilo.
Já na cidade, ela estacionou em sua vaga de sempre, e mal pôde acreditar quando avistou Jacob Black saindo do mercado. Antes mesmo de olhar para a loja, trancou o carro e correu até o quileute:
— Black! — gritou ao vê-lo subir na motocicleta irrevogavelmente perfeita. — Espera!
Jacob olhou para ela retirando o capacete, ainda sentado. se encaminhou até ele parando bem em frente ao corpo que refletia exaustão e nenhuma postura elegante sobre as duas rodas.
— Bom dia. Parece cansado.
— Bom dia. Realmente preciso de um bom descanso. O que aconteceu?
Ele respondia desatento a ela, sem querer dar a ela muita atenção, mas arregalou os olhos ao ver que ela o estendia novamente o envelope.
— Não vou aceitar.
— Ora, Black. Não dificulte as coisas. O combinado foi um pagamento justo.
— Eu não quero. Você não pretende montar seu laboratório? Guarde-o para isso.
— Como sabe disso? — Ele abaixou a cabeça como se tivesse falado demais.
— Hm... Sue e eu, estivemos conversamos sobre você.
Black tinha uma particularidade: quando não gostava do assunto ou não queria falar, ou ainda quando não queria estar em alguma situação, mas era obrigado a isso, ele conversa sem olhar para a pessoa. Ficava analisando em volta com o olhar vincado e as sobrancelhas juntas. E não percebeu naquele momento, mas achava aquele um dos gestos engraçados e sexys, de Jacob Black, dentre tantos outros que só notaria muito tempo depois.
— Conversando sobre mim. O que? E por quê?
— Nenhum motivo direto. Ela apenas comentou que você planejava isso. Então pegue seu dinheiro de volta.
— De qualquer forma eu insisto.
— Façamos assim... — Ele estava cansado demais para discutir. — Você fica me devendo um favor. — concluiu já se preparando para partir.
— Não, espera Black... — Ele depositou um beijo à testa dela e piscou para ela se preparando para dar a partida da moto. — Jacob!
— , não. Depois nós conversamos. Preciso mesmo ir.
— Está tudo bem? Por que essas olheiras tão fortes? Você não tem dormido. O que está acontecendo? É com o Embry?
— Está tudo bem. — ele disse e saiu veloz.
Mais uma vez, sem notícias, sem vestígios, sem explicações. Se ficasse pensando nas coisas que vinham ocorrendo, surtaria. Então a garota decidiu pensar no jantar dos Vincent, no quê vestiria para ir.
A farmácia sempre monótona pelas manhãs decidiu surpreender. Primeiramente com a visita insossa de Jessica Parker. Infeliz a coincidência de ser irmã de Daniela? Bom, coincidências como essas eram muito comuns em Forks.
— Bom dia. — disse.
— Um remédio para dor de cabeça. — A outra respondeu de forma diretiva, séria e deixando notório que educação, não era o forte dela.
— Alguma preferência?
— Não.
— O Aimovig custa dezoito dólares, caixa com vinte comprimidos. Temos o genérico.
— Esse mesmo. E os testes de gravidez ficam onde?
— Algum laboratório específico?
— Não. Pode ser qualquer um. — pegou um dos mais vendidos e entregou a ela.
— São vinte e oito dólares no total.
— Aqui está. — Jessica estendeu o dinheiro para , de forma esnobe.
— Boa sorte. — Em igual tom, disse sorridente olhando para o exame.
— Obrigada. Erick vai ficar muito feliz! Eu tenho certeza da gravidez.
A Parker esperava atingir à com aquela informação, mas a atendente continuava sorrindo falsamente simpática, o que deixou Jessica, um tanto impaciente e respondeu:
— Sei que tem. Espero que ele fique mesmo feliz!
Após a visita nada agradável de uma, veio a visita da outra, porém Daniela nada consumiu. Apareceu tempestiva e exigindo informações:
— Bom dia, em que posso ajudar?
— Onde está o Scott?
— Oi? Por que eu deveria saber?
— Sei que você está de caso com o meu Scott sua mulherzinha!
"Ah fala sério!" foi o que pensou, já entediada e de certa maneira se segurando para não responder à altura.
— Não sei onde ele está, primeiramente porque não tenho nenhum caso com ele, depois porque ao contrário do que você deseja, ele não me deve satisfações e terceiro... Não perca seu tempo. Scott com certeza deve estar fugindo de você como sempre. Aliás, deveria perguntar à mãe dele em qual setor ele estaria. É no mercado que Scott trabalha e não na farmácia.
— Sua ridícula! Não se atreva a meter-se com Scott! — Enraivecida, Daniela invadiu o balcão da farmácia tentando entrar na sala reservada. — Scott! Scott!
a impedia, entrando em sua frente e assim que percebeu que aquilo só pioraria a situação, ela fez questão de acompanhá-la por cada cômodo da loja. Ao ver que estava surtando, Daniela saiu sem dizer mais nada. Com o nariz bem empinado. E para piorar o fatídico dia de maus encontros da , Erick também apareceu pela farmácia um pouco mais tarde naquela manhã.
— Bom dia . Estou um pouco enjoado, o que você tem aí?
— Você tomou café?
— Sim.
— Têm sentido esses enjoos com frequência?
— Um pouco. Nada muito contínuo.
— Eu sugiro que você passe no posto ou no hospital. Não posso vender nada sem receita.
— Eu não posso . Aliás, eu sempre tomo uns comprimidos para enjoo, me dê esses mesmo. O nome é... — Ele retirou um papel do bolso — Bromoprin.
— Erick, eu não sou médica. Não posso vender esse tipo de medicamento sem receita. Você terá que ir ao médico ou conseguir uma receita.
E de repente, sem o menor preparo da parte dela, Erick a assustou. Ergueu a cabeça encarando o teto, e apressado deu a volta no balcão da farmácia parando à frente de , um tanto impulsivo, e a puxou pela cintura. Enlaçando um de seus braços no corpo dela e com uma das mãos em sua nuca, beijou tão desesperadamente como se a melhora dele dependesse daquilo. E sem aviso prévio ou consentimento. ficou tão sem ação que não reagiu. Enquanto era beijada, torcia mentalmente para que ninguém visse aquilo. Ao partir o beijo e separar seus corpos, o encarou com medo, dúvida, raiva, surpresa e revolta. Deferiu um tapa ao rosto dele, e antes que abrisse a boca para iniciar uma discussão do quanto aquilo foi errado, Erick saiu. Ao deparar-se com o olhar raivoso da mulher, sua mente pareceu elucidar como quem se dava conta do ato grave cometido. Não se beija e nem toca em uma mulher, sem o seu consentimento. Covarde, talvez, Erick fugiu.
permaneceu ali estatelada, sem qualquer esclarecimento do que havia ocorrido. Erick não voltou naquela manhã e acabado o turno de trabalho, a garota de Phoenix foi novamente para casa. À tarde, continuou suas pesquisas e, realizou uma limpeza doméstica. Embora sua casa sempre estivesse organizada e de certo modo limpa, ela quis ajeitá-la com mais afinco. Ao tardar da noite tudo continuava normal. É absurdo declarar um bando de lobos, muitos uivos e rosnados como "normal", porém, aquela era a realidade corriqueira da mulher, a qual se espantaria se por acaso não encontrasse sinal de seus "amiguinhos" por ali, tamanha era a conformidade que ela já apresentava pela presença dos animais. Entretanto, foi ao acordar que toda a "falsa calmaria" da mente de obteve algumas de suas respostas. Ela acordou mais cedo do que o de costume e ao passar em frente à janela da sala, resolveu dar uma espiada. Afastou sua cortina e avistou pernas estendidas, de alguém que estava escorado à sua porta. O susto era inevitável! Antes de abrir, agiu com sensatez e olhou novamente pela janela.
Black. Jacob Black. Ele dormira na sua porta! Mas, por quê? Quando pensou em abrir, ela pôde avistar a figura de Quil Ateara indo em direção a ele. Ela rapidamente, fechou as cortinas e se escondeu de modo que pudesse ainda os vigiar. Quil acordou Black e os dois saíram correndo em direção à estrada. Jacob, ainda sonolento olhou para trás, se certificando de que estava tudo certo e de que não estaria acordada.
Aquilo a deixou raivosa e abismada. Uma chuva de perguntas e preocupações iam passando em sua mente: Por que ele estaria ali? E há quanto tempo? Mas e os lobos? Erick estava certo em dizer que os quileutes domavam e treinavam os lobos para atacar as pessoas? E o pior de todos os pensamentos: os lobos estariam a cercando por causa dos quileutes? E Embry? O que aconteceu com ele? Por que ela não tinha respostas sobre ele? Porque ele se afastou tão repentinamente?
Enquanto ela se preparava para mais um dia buscando frustrada, se acalmar, a sua mente vagueava nas lembranças das vezes que estivera com Embry. O almoço na tribo, o passeio na praia, o beijo nas rochas, o corredor da casa de Emily, o casaco dele, e finalmente a caça aos lobos. Ela não o viu mais, nem seu sorriso, nem seu olhar, nem ouviu a sua voz. Embora ele fizesse falta, o que sentia por Embry era superficial! Não de um jeito pejorativo, mas como se ela apenas se preocupasse com ele por tê-lo como um bom amigo, um companheiro. Sempre estivera certa de que não o amava, afinal, ela nunca foi o tipo de garota sonhadora que; em um beijo se declara apaixonada pelo homem da sua vida. achava tal comportamento insano e estranho. Ingênuo. Contudo, ela tinha muita consideração pelo Call e curtia estar com ele. Até porquê, eles estavam iniciando algo muito bacana. queria seguir em frente com ele, mas como? Como, se ele não demonstrava querer o mesmo? Como se eles vinham sendo afastados por aquele desaparecimento estranho? Como, se Black tomava mais espaço nos seus pensamentos com suas atitudes misteriosas do que o próprio desaparecimento de Embry?
Céus! Black não deveria surtir tanto espaço assim! Que droga! Ele tornava-se um tormento. se vestiu tão rapidamente que se existisse um concurso, o tempo vitorioso seria o dela. Pobre do seu carro! Engasgaria com o tanto que a mulher ia acelerar para chegar naquela reserva. E assim o fez. Ao chegar à reserva, estacionou-o de qualquer jeito e deixou o motor ligado, inclusive. Ela personificava em seu corpo e semblante, a raiva, o desespero e o medo. Sentimentos mistos, os quais ela não controlava naquele momento.
Ainda que Billy estivesse em casa, não deixaria de agir como agiu. Abriu de súbito a porta da cabana dele e adentrou buscando o quarto de Black. Um dos quartos estava arrumado, e nem sinal de Billy na casa. Encontrou outra porta semicerrada e avistou Jacob Black deitado em sua cama. Vestia apenas uma boxer e tinha o corpo perfeito descoberto. Embora a visão fosse tentadora, os sentimentos que havia na alma da mulher, no momento, eram bem maiores. avançou para perto dele e começou a batê-lo gritando para que ele acordasse. De repente, Jacob segurou os punhos dela e girou-a em sua cama, se colocando por cima de . Segurava-a com as suas pernas fortes, e com suas mãos largas e grandes imobilizava as mãos da mulher sobre o próprio abdômen.
— O que é isso ?! — dizia desesperado.
— Calado! Explique-me agora, o que você fazia na porta da minha casa! Por que dormiu lá, Jacob? — gritava.
Com o escândalo, Billy, Sue, Paul e Quil apareceram no quarto de Jacob os deixando constrangidos com a situação. Paul e Quil deram risadas discretas e espantadas. se contorcia tentando se desvencilhar de Jacob que lutava contra ela, ainda vencendo e a deixando imóvel por seu corpo. Enquanto eles gritavam um com o outro e resistiam entre si, as pessoas presentes olhavam sem nada entender.
— ! O que faz aqui? — disse Billy finalmente.
— Eu quem quero saber, por quê Jacob dormiu na porta da minha casa e o que ele fez ou faz com os lobos à noite! — gritou ela, enfurecida e Sue tapou a boca com as mãos, assustada pela dedução rápida de , então todos ficaram sérios.
— Jacob! — Billy gritou com o filho lhe dando sinais de desaprovação.
— O que foi? Ela quem invadiu e começou a me agredir!
— Não é isso! — Billy disse colocando a mão sobre as têmporas, impaciente: — Saia de cima dela e vá se vestir! — O pai olhou para ele como se tratasse da coisa mais óbvia.
— Ah. Claro! — Jacob soltou o corpo da mulher e se levantou bastante constrangido, pedindo a Sue: — Desculpe Sue.
Abriu o guarda-roupa de um jeito atrapalhado e puxando uma bermuda vestiu-a. ainda encarava-o séria escorada na cama dele.
— Será que pode olhar para lá? — ele disse.
— Eu vou acabar com você se não começar a se explicar logo! — esbravejou ela para ele desconsiderando a presença de outras pessoas.
— se acalme querida. — pediu Sue.
Fazendo o que ela pedia, a mulher ajeitou a roupa em seu corpo, se levantou desculpando-se com todos, inclusive com Billy por invadir a casa dele.
— Tudo bem . Melhor, você e Jacob conversarem, nós estaremos lá fora. Acalme-se. — Billy falou e antes de sair olhou sério para Jacob deixando claro ao filho, que resolvesse a situação com cuidado.
— Ei, gatinha feroz poderia me emprestar a chave do carro? Você deixou o motor ligado lá fora. — Paul se manifestou brincalhão à mulher que sorriu sem graça e jogou as chaves para ele.
— Até mais . Tenha paciência com o nosso amigo. — disse Quil abraçando-a e sorrindo travesso para a figura irritada de Jacob.
Depois que todos saíram, Black sentou-se em sua cama. Esfregando a face e encostando os cotovelos nos próprios joelhos depositou as mãos no queixo a encarar a figura da mulher que tentava o intimidar com o olhar.
— Estou esperando suas explicações, Black.
— Precisava mesmo disso tudo?
— Limite-se às explicações.
— Estou pensando.
— Está pensando? Ora, faça-me o favor! Diz logo Black! O que fazia lá? — ele ergueu um pouco o corpo a encarando sério, mas ainda sentado.
— Eu estava vigiando sua casa.
— Como é?
Jacob a puxou pela mão indicando para que se sentasse ao seu lado na cama. Virou-se para ela e continuou a falar olhando profundamente o castanho urgente dos seus olhos:
— É tão complicado ... Você não faz ideia de como eu gostaria de contar tudo o que sei, mas não posso. Eu estava te protegendo. Passei todas as noites possíveis dormindo à porta da sua casa.
— Black... Não insulte minha inteligência. Lobos rondam minha casa todas as noites, e todas as manhãs tem pelos espalhados pela varanda! Quer me convencer de que dormiu do lado de fora com eles?
— Lembra-se quando os rapazes saíram para espantar os lobos?
— Lógico.
— É que... Nós conseguimos controlá-los...
— Certo, mas eles estiveram nervosos uivando noites e noites, agitados! Ora Black! Eu não sou idiota! — Parando um instante para raciocinar, teve uma ideia acerca do que escutara: — Erick é quem esteve certo o tempo todo!
Soltou-se das mãos de Black, que seguravam as suas enquanto ele a explicava sua historinha, e saiu do quarto, ainda mais furiosa. Billy, sentado na varanda notou que as coisas não foram bem feitas por seu filho, quando passou e quase derrubou Sue com uma bandeja de café. Black surgiu correndo até a mulher, pedindo para que ela o esperasse e o ouvisse um pouco mais; foi aí que parou de respirar. Parou de pensar. Todo o seu corpo parou, sentia-se letárgica como se o sangue corresse em suas veias em câmera lenta. Embry estava saindo da casa de Sam. Embry estava lá!
— O quê? — sussurrou , ainda chocada por ver a figura de Embry por ali.
Uma mão forte segurou o seu braço. Era o braço forte de Jacob que a virou para ele e segurando seu rosto para encará-lo começou a explicá-la:
— Acalme-se. Eu tenho muitas coisas para te falar. Vamos até o galpão?
— Há quanto tempo? — ignorou Jacob e disse correndo até Embry indagando-o pela resposta.
A mulher, mentalmente torcia para que ele a respondesse: "Agora há pouco " e assim, ela poderia acreditar que não estava sendo enganada. Todos estavam parados assustados, e olhavam para a figura do quileute e da mulher frente à frente.
— Não faz muito tempo desde que voltei. , você precisa se acalmar.
— Me acalmar Embry? Me acalmar?! — gritou ela. — Você não tem ideia de como eu tenho tentado me acalmar desde que você desapareceu! Tem uma cidade inteira me odiando por sei lá... Eu existir! Tem um policial enchendo a minha cabeça de coisas a respeito de todos vocês, nas quais eu os defendo sem nem mesmo conhecer nada de cada um! Lobos selvagens circundam a minha casa o tempo todo! Descobri que eu moro em um lugar perigoso, aliás, descobri que Forks é um lugar perigoso! Escolhi um lugar terrível para viver! Você desaparece e ninguém me dá notícias! Black dorme na porta da minha casa e fica inventando coisas sem nexo, e de repente como se nada acontecesse você está aqui na minha frente! E está bem!
levou as mãos à testa, como se tentasse evitar a dor de cabeça pelo estresse repentino, e ainda mais nervosa, ela se aproximou de Embry o apontando um dedo ameaçador, e o rapaz deu um passo para trás, tão assustado quanto todos os outros ao ouvir ela gritando em sua direção:
— Me acalmar é o que eu venho tentando fazer todo esse tempo! Estou sozinha nessa cidade monótona tentando entender o mínimo, ou apenas me conformar em não procurar respostas! E de repente, Isabella Swan é a pior conexão que me aconteceu na vida! Eu estava preocupada com você! Achei que tínhamos alguma amizade, ao menos, e você desapareceu e não me deu mais notícias principalmente depois de beijar a minha boca e me fazer crer que estava sendo incluída entre vocês! Então, não peça para eu me acalmar, Embry Call!
No pátio florestal em que todos eles estavam, nenhum pio de ave era escutado, no mínimo o farfalhar das folhas nas copas das árvores era ouvido. Os quileutes encaravam , muito espantados por não saberem de todas as coisas que vinham acontecendo a ela; por não saberem tudo aquilo o que ela sentia e os únicos olhares confortantes que a mulher recebeu no meio de todos eles, surpreendentemente foram de Leah Clearwater e, Emily.
A saiu correndo de volta para o seu carro sem dar tempo de Embry a responder. Sue e Charlie, contudo, sem que ela percebesse haviam se aproximado caminhando até ela e parando ao seu lado; seguraram em seu braço de forma tenra. Charlie, respeitosamente e um tanto culpado por saber que a presença de na cidade era culpa de Bella, a abraçou como um pai.
— Billy! — Sue gritou para ele com a voz embargada, de um modo suplicante ao notar a morena recebendo o abraço do delegado, com suas expressões de quem segurava um choro de decepção.
— ... O que eu posso fazer por você? — Charlie chorava a olhando preocupado.
— Apenas me desculpe pela forma como eu falei da Bella... É só que...
— Não tem que me pedir desculpas por isso. Eu te entendo. — Charlie a interrompeu de justificar-se e os dois se abraçaram de novo.
Enquanto o senhor Swan e estavam dialogando brevemente, Jacob iniciou uma pequena discussão com o pai e Sue, na varanda. A matriarca Clearwater pedia para que os Black falassem em tom baixo, e então, reparou a situação os olhando furtivamente incompreensiva.
— As coisas vão se esclarecer, eu te prometo! — Charlie a garantiu. — Você terá que ser forte e esperar um pouco mais. Confia em mim?
A morena de cabelos longos e ondulados não sabia explicar o motivo, mas confiava em Charlie, e num momento cúmplice entre eles, soltaram-se do abraço e ela concordou com o que Charlie perguntou. Billy se aproximou pedindo para que ela ficasse por lá aquele dia, pois segundo ele, teria muito a conversar e ouvir. Reticente, encarou o redor. Os quileutes estavam todos a encarando esperando uma resposta, e da varanda dos Black, Jacob e Sue lado a lado, eram os mais apreensivos para que ela dissesse que sim. Então haviam decidio contar-lhe tudo o que ela quisesse saber? Explicariam os lobos e o sumiço de Embry? Ela não sentia que sim, porém, ao encarar Charlie, o delegado meneou a cabeça como se a aconselhasse a ficar. fez sinal positivo para Billy, e sacando o seu celular do bolso da calça, se afastou para telefonar e perguntar ao Steve, se o rapaz poderia a cobrir no seu turno de trabalho. Felizmente, ele poderia.
Jacob se aproximou e parou à frente da mulher, calado, cabisbaixo e triste. Charlie se afastou entrando na casa de Sue, e a Clearwater junto à Emily se aproximaram para abraçar , sorridentes e envergonhadas. Uma vergonha que não achou que as mulheres devessem sentir, mas Embry deveria. Seth também tentou a reconfortar com um sorriso e um "Que bom que está aqui" sussurrado em seu ouvido. Leah apenas sorriu de longe. Pelo menos alguma coisa estava evoluindo para melhor. Embry se aproximou e estava visivelmente abatido, cansado, bem mais forte fisicamente e não parecia ser mais o mesmo que a conheceu há semanas.
— Desculpe. Eu não estive bem. — ele disse.
Os dois se encararam silenciosos por um tempo e, deixando as lágrimas escorrerem em seu rosto, após segurar por todo aquele instante, então o abraçou. Jacob que ainda estava parado perto deles, deu alguns passos para trás e virou-se de costas para o casal.
— Seu idiota. — disse ao Embry enquanto o apertava. — Por que não me mandou notícias? Eu estive tão preocupada!
Assim que soltou-se dele e abriu seus olhos, ela se afastou de Embry e o notou observando Jacob. Ela olhou para Black, e no mesmo momento ele virou-se de novo de frente para eles, como se tivesse sido chamado e sua expressão era muito irritada. Entre ele e Embry parecia haver algum debate por seus olhares, ou talvez, pensamentos, mas pensou ser apenas uma impressão sua. Até porque, ninguém era capaz de conversar por olhares e mentes, não é? Ela pressentiu uma estranheza no ar entre os dois, deduzindo que talvez, estivessem também brigados.
— Eu não queria que se preocupasse. Só tentamos te proteger... — Embry disse por fim ao retomar o olhar para ela.
Mas, aquele que estava diante dela, não era o mesmo Embry. Era visível que ele não estava bem, não sorria, não tinha o mesmo brilho nos olhos, nem a mesma alegria.
— O que houve com você? — perguntou, cuidadosa e acariciando o rosto do rapaz.
Foi então, que bruscamente ele retirou as mãos dela do seu rosto e afastou-se. estranhou a reação, e sentiu-se triste com aquilo por saber que perdera o velho Embry. Ela sabia que ele estava mudado e não seria mais como antes. Jacob assistia aos dois, um tanto repugnante. O que ocorria era que, ele culpava Embry por ter se precipitado na aproximação com a visitante, uma vez que se ele não tivesse se envolvido com ela da forma como aconteceu, tudo aquilo que Embry estava lidando agora não a magoaria. E Jacob achava que , de uma forma ou outra acabaria se magoando.
— Eu já estou bem, . Não se preocupe mais, foi uma viagem para cuidar de algumas questões pessoais, mas estou de volta. Agora, com licença, eu preciso descansar.
Ao percebê-lo arredio e fugitivo, sentiu u peito inflar em raiva. Aquilo era maneira de tratá-la depois de tudo? Por que Embry agia como se ela fosse culpada por algum crime? O que afinal ela teria feito para tanta mudança? Incontestável, se pronunciou:
— E posso saber por quê está agindo como se eu tivesse alguma culpa de seja lá o que for que lhe aconteceu?
Jacob trancou o maxilar em desaprovação. Embry estava mesmo fazendo tudo da pior maneira!
— Apenas estou cansado, não é nada contigo ... — Embry deu de ombros, dizendo de modo quase indifernte, mas na verdade, estava era ansioso por vê-la sem ter tido tempo de se preparar: — Não estou a culpando ou fugindo, é só impressão sua.
Deu um sorriso mínimo e virou-se de costas para saindo. Black olhou imensamente irritado para Embry quando este passou por ele. Jacob já estava conhecendo um pouco mais, pois, quando notou a expressão de raiva e injustiça no rosto dela; prevendo que a mulher novamente surtaria, o quileute deu passos em sua direção passando seu braço pela cintura dela e foi empurrando , que caminhava de ré para a direção da praia.
— Black! O que está fazendo? Me solta!
— Ei, se controla certo!? Vem comigo. — disse ele em tom firme e continuou a arrastando.
se virou para frente, caminhando de forma certa. Ela olhou para trás em busca do rastro de Embry, mas o rapaz já não estava em seu campo de visão, logo, ela bufou irritada. Jacob riu e disfarçou o olhar para frente, o encarou de modo ladino e percebeu que o braço dele ainda estava em sua cintura, dessa vez, a abraçando desajeitadamente pelas costas.
— Já pode se soltar da minha cintura. Estou indo com você, não está vendo?
Então sorrindo torto com a birra da mulher, Black a colocou em seu colo.
— Me coloca no chão Black! — reclamou se sacundindo em seus braços.
— Para com isso mulher! Estou só te carregando pra você não escorregar nas pedras!
— Não precisa!
— Embry não fez isso da última vez? — ele encarou os olhos de , que notou um lampejo de descontentamento por parte de Black.
— O quê? Mas é diferente!
— Entendi! Ele pode né? — disse sério, e agora sem qualquer tipo de humor, colocando a garota ao chão.
— Black, qual o seu problema? E ainda estava nos espiando? — não entendia nada daquele comportamento do rapaz e foi andando mais rápido até ele. Contudo, sua falta de atenção e conhecimento do terreno, fizera-a escorregar e cair.
Jacob olhou para trás quando a ouvir praguejar e retornou para perto dela, apressado e preocupado.
— Tudo bem? Você se machucou?
— Não foi nada... — encarou seu pé um pouco dolorido e sem graça estendeu o braço para cima, dizendo como se o pedisse ajuda para a levantar: — Você também pode Black.
— Agora posso? — Ele arqueou as sobrancelhas, zombando em falsa irritação: — Chama o Embry agora!
— Black... Você está irritado com o quê precisamente? — A garota o perguntou ainda sentada no chão, esmiuçando as feições dele em busca de entendimento.
Numa falha tentativa de calar a pergunta dela, Black revirou os olhos e pegou a mulher em seu colo, com uma facilidade de quem levantava uma pena. Continuou caminhando entre as pedras, de forma silenciosa, até que insistiu:
— E então bipolar? Não vai me responder?
— Não estou irritado com nada.
"PUUUUFFF"! Desceu a barreira antiga. Impenetrável e transparente, mas que , aprendia a cada vez mais que seria necessário quebrar aos poucos, com um martelinho imaginário e ignorou a frieza repentina dele:
— Jacob Black... — sibilou o nome dele baixinho, como se contasse um segredo, e começou a rir zombando-o: — Você está com ciúmes?
— Ciúmes do quê?
— Não sei... De eu ter deixado o Embry me carregar?
— Eu estou te carregando, não estou?
— Sim, mas é diferente... — sussurrou sem o tom de piada e os dois se olharam discretos, um pouco atordoados e envergonhados, pois que intimidade tinham para que ela estivesse nos braços dele daquela forma?
A sensação daquele instante era de fortes palpitações no peito de . Por motivos distintos: o primeiro, a frieza de Embry; o segundo, o corpo de Jacob tão perto. E Black ignorava o fato de que estar tão perto de uma mulher como ela daquele jeito, também estava esquentando o seu sangue, e tentou mudar o assunto ou afastar o pensamento que lhe veio à mente sobre ela.
— Você, precisava mesmo entrar no meu quarto daquele jeito ?
— Eu estava descontrolada... Desculpe por isso. — A mulher pediu envergonhada pela cena tempestiva que fizera no quarto dele, e viu que Jacob sorriu.
Jacob Black começava a esboçar um sorriso de verdade, vez ou outra. Como se ele houvesse reaprendido a sorrir, embora ainda tímido, sem mostrar os dentes.
— Nas rochas né? Seu lugar favorito. — Black perguntou ainda a carregando até o amontoado de pedras na areia, para que eles se sentassem.
— Sim... Mas, por quê estamos aqui Black?
— Quero conversar com você. — disse se sentando ao lado dela, na pedra.
— Pode falar.
— Primeiro... Por que Black?
— Ah... Não sei. Eu nunca senti que pudesse te chamar abertamente de Jacob e... Da primeira vez que o chamei por um apelido parece que você não gostou. — Ao ouví-la, ele abaixou a cabeça se recordando exatamente do que ela falava.
— Eu gosto da sua voz pronunciando "Black"... — Jacob a olhou sorrindo fraco e disse, um pouco receoso: — Acho que eu também deveria poder chamá-la de algum outro nome.
— Quando eu era menor, minha tia dizia que eu parecia uma ursa quando ficava zangada...
— Não... Eu prefiro algo como “loba”. — o encarou admirada pelo apelido tão único e que faria tanto sentido para ela, já que sua casa era uma toca, aparentemente, de lobos.
Jacob notou a expressão quase infantil de contentamento da mulher e reagiu com um sorriso solar. O primeiro sorriso verdadeiramente tímido e solar que Black dera desde que o conhecera.
— Gosto de loba...
— , a loba irritadinha... — Zombou e a mulher fez uma careta, mas logo Jacob voltou a ficar sério ao dizê-la: — Preciso te contar algumas das nossas lendas.
— Estou mais do que preparada para ouvir...
Black contou da relação íntima que os quileutes têm com os lobos, e do quanto os lobos são importantes para eles. Contou que eles conseguem se comunicar com esses animais de forma muito amigável, e por isso, ele estava vigiando a casa dela.
— Black... Como... — Antes que ela terminasse a pergunta, Jacob se adiantou em explicações:
— Eu não estava perto dos lobos. Fiquei observando de longe. Eles estão nervosos ultimamente por causa das mudanças da lua. Isso é verdade, embora todos pensem ser mito. Então eu fico observando se eles não irão tentar invadir a sua casa. Naquele dia que você me viu, eles foram embora antes de amanhecer, como sempre fazem. Quando eu acordei, eles não estavam lá, então me aproximei para olhar direito e peguei no sono na porta da sua casa. Foi só isso.
— Por isso tem dormido tão mal?
— Sim.
— Mas teve um dia, que você me disse que espantou um deles com uma vassoura e não havia vassoura alguma lá na varanda Black.
— É... Eu disse isso para que você entendesse que eu consegui espantá-lo. Você não sabia ainda que nós nos comunicamos com eles.
— Entendi... Você podia me ensinar, assim eu não precisaria ter medo nem incomodar vocês. — falou, e ele riu divertido.
A história toda lhe soou confusa, mas manteve a tese de que procurar entender aquele povo, não traria bons resultados. Na verdade, não acreditou naquilo de “comunicação assertiva” com os animais selvagens. A menos que os tais lobos fossem treinados, o que lhe fazia se recordar das acusações de Ericl. Mas... Charlie não seria de acordo com aquilo, certo? E portanto, a mulher acreditou que era óbvio que ela estivesse apenas procurando uma explicação óbvia onde não havia.
Sem mais perguntas ou explicações por parte de qualquer um dos dois, permaneceram um tempo calados, contemplando a visão da imensidão do mar, até que Jacob se levantou.
— Vem, vamos subir. — Ele a estendeu a mão e os dois puderam descer e retornar às cabanas.
— Ei Black, você poderia ter me avisado antes. Pode dormir na minha casa! É melhor do que ficar escondido por perto da minha varanda.
Jacob não disse nada, apenas se aproximou e a envolveu com seu braço dando um peteleco na testa dela, e logo os dois chegavam no pátio das cabanas vislumbrando Charlie aproximando com sanduíches para os dois.
— Belo sanduíche Charlie. — disse brincalhona e faminta, e o delegado sorriu voltando a ajudar Sue com os copos na bandeja que a mulher carregava.
Estavam todos reunidos na grande mesa do pátio. Embry não olhava para e ela entrou no jogo, decidindo fingir que não o conhecia por mais que aquilo doesse. Jacob apertou a mão dela, ao notar a forma como percebeu a garota desviar o olhar de Embry e sussurrou para que apenas escutasse: "Vai ficar tudo bem" . Charlie, em certo momento, convidou para ir pescar com ele no dia seguinte.
— , que tal uma pescaria amanhã?
— Isso é algum outro teste, tipo aquele desafio do chá de Billy? — Ela perguntou com a sobrancelha arqueada fazendo a alguns rirem.
— Não, é só uma pescaria mesmo! — Charlie disse sorrindo discreto, e após uma breve pausa a perguntou, fazendo com que a maioria prestasse atenção também: —Como estão as coisas entre você e o Erick?
— Ele é um idiota, — Ela respondeu dando de ombros e os meninos da reserva riram discretos — mas eu sei lidar com os idiotas.
— Essa é a nossa . — Seth falou beijando o rosto da mulher ao ir se sentar perto da mãe.
— Então você topa ir conosco?
— O Erick vai estar e por isso me perguntou sobre ele?
— Bem, não acredito que ele venha. Ele se convidou quando me escutou comentar algo na delegacia, mas eu disse que seria aqui na reserva, então...
— O fardinha não vem não. — Jacob resmungou piscando para ela.
Charlie concordou, embora de forma discreta para não soar rude como Black.
— Mas é claro que aceito ir, Charlie! Mesmo se o Erick estiver eu não me importo nem um pouco. Estou mesmo lhe devendo uma, não é Charlie?
— Está me devendo sua presença em um almoço. A propósito almoçaremos na minha casa após a pescaria.
— Tudo bem. Eu vou adorar, só não poderei demorar. Amanhã à noite eu tenho um jantar em Seattle.
— Algo importante querida? — Sue perguntou simpática, ao notar o modo como parecia séria sobre o tal jantar.
— Sim Sue, será na casa do Hernando.
— Ah, você irá adorar! — ela disse sorrindo, embora Billy e Jacob tenham trocado olhares insatisfeitos sobre aquilo.
— Durma por aqui , Charlie e eu saímos cedo para pescar. — disse Billy.
— Ah Billy, eu não trouxe nem roupas.
— Isso não é problema. — Emily disse sorrindo para a mulher.
— Também posso te emprestar algumas roupas... — Leah falou tímida e todos a olharam surpresos pela atitude de aproximação, o que a fez fechar a cara.
— Obrigada Leah, é muita gentileza sua. — ainda que surpresa, sorriu respondendo sincera e a outra assentiu, com um mínimo sorriso. — Obrigada mesmo.
Quando todos eles acabaram de almoçar, se levantou para recolher os pratos da grande mesa, e Jacob se aproximou de suas costas, brincando ao dizê-la baixinho:
— O que você fez com a Leah?
— Pare com isso. Fico feliz por ela estar me dando uma chance. — sorriu pegando alguns pratos e olhando discreta para a Clearwater que recolhia algumas coisas na mesa também.
Jacob ajudou a levar as coisas para a cozinha da casa de Emily, e quando a mulher estava distraída, ele pôs a mão no bolso de trás da calça dela, puxando o chaveiro do carro que estava pendurado para fora. o encarou, assustada e prestes a brigar, mas Jacob continuou andando porta à fora.
— Black! — Ela gritou.
— Vou dar uma volta naquela máquina, cuido direitinho, você sabe! Até melhor do que você! — Ele respondeu sorrindo discreto e piscando, lhe deu as costas.
Por fim, passou a tarde na reserva conversando entre as mulheres locais. Quando ela conseguiu convencer Sue a deixar que ela servisse o café recém passado, ainda com a bandeja às mãos, viu Leah se aproximar pedindo-lhe um momento para que conversassem.
Leah pediu desculpas pelo modo como a tratou e declarou que sentiu medo, porque quando Bella se aproximou deles como ela estava fazendo, foi muito doloroso para todo mundo. Diante daquela descoberta, não perguntou nada, já que também estava disposta a não saber mais nada de Bella. Toda vez que o nome dela era tocado, o clima entre as pessoas mudava e ficava nervosa.
Maus presságios sufocavam quando ela recordava da imagem da sua antiga amiga. Embry continuava a olhar distante para , outras vezes apenas encarava a paisagem. Ninguém tocou em nenhum assunto em relação a ele e a não se atreveu a tentar. Aguardava ainda o momento em que as conversas aconteceriam. Já estava quase escurecendo, e ela percebeu que talvez, os quileutes apenas lhe passaram a perna de novo. Exceto por Jacob vir com aquele papinho de “falar com lobos”, ninguém a explicou mais nada. E foi enquanto pensava onde é que ele havia se metido com o carro dela que ainda não havia voltado, que o avistou, dirigindo seu carro para o galpão.
— Por que ele... — sussurrou ela, mas foi tomada de assalto pela pergunta de Charlie.
— , como vão os trabalhos na farmácia?
— Muito bem Charlie. Fui promovida à gerência.
Entre assuntos e assuntos, piadas e piadas, implicâncias dos garotos uns com os outros, Jacob retornou do galpão e foi chamado por Paul e Seth que lhe diziam qualquer coisa risonhos, e Quil se aproximou com uma garota ao seu lado. Ela era nova.
— , essa é Bruh Ateara. Minha irmã caçula.
— Não fala assim Quil! — Bruh resmungou pela maneira que o irmão a fazia parecer uma criança.
— Olá! Muito prazer, eu me chamo !
— Prazer. — A garota não parava de olhar para Jacob que conversava com Paul, mal dando atenção para .
Mas, ela já estava acostumada com as mulheres pouco educadas e muito arrogantes de Forks. Bruh era uma jovem de 18 anos, tão bonita, quanto qualquer quileute. acompanhou o olhar da garota, enquanto todo o restante de pessoas ao redor conversava e pôde reparar o que a menina tanto admirava. Jacob estava com uma camisa fina de longas mangas, que diferente das outras camisas largas que ele usava, dessa vez evidenciava seu porte atlético. Conversava distraído com Paul e percebeu o quanto Bruh analisava cada milímetro de Jacob. Não era um homem que parecia se interessar por mulheres tão novas, mas Bruh era mesmo muito bonita e se pegou pensando se ela interessaria a Jacob, como ele parecia interessar à garota.
Até que Paul percebeu a presença da garota se aproximando deles, e sorriu para ela em seguida fizeram um toque de mãos. Só então Jacob notou-a. Black sorriu para ela e repetiu o toque de mãos de Paul, enquanto a menina sustentava um sorriso muito maroto para ele. Será que ele havia percebido o que aquele sorriso dizia?
— Bruh consegue ser mais insuportável do que eu e só tem 18 anos. — Leah sussurrou para sentando-se ao seu lado e analisando o tipo da garota. Havia percebido o modo como a novata estudava os trejeitos da Ateara, e ainda mais como olhava desconfiada para ela e Jacob, e começou a contar para : — Ela é fissurada no Jacob, embora ele não dê a menor confiança. Para ele, ela ainda é uma criança.
apenas assentiu, sem saber o que dizer e sem dar muita importância para aquilo.
— Ela não vai gostar nada de você. Se prepare. — Leah avisou e revirou os olhos em falsa surpresa ao dizer:
— Sério? Será que eu nunca conseguirei que alguém goste de mim de primeira?
Leah riu justificando que poderia sentir-se pouco empática à caçula dos Ateara também:
— Tudo bem, também não gosto dela. Ela é atrevida. Adoro o Quil, mas às vezes nem ele suporta a irmã. Se ela mexer com você, estou do seu lado.
— Sério Leah? Ela é só uma garota...
— Uma garota que arruma problemas de gente grande quando quer. Você vai ser uma pedra no sapato dela.
— Por quê? Do que está falando?
Leah apenas sorriu misteriosa se levantando. a acompanhava com os olhos e durante seu trajeto, a Clearwater olhou para , em seguida para Jacob e riu. Então se deu conta, e abriu a boca em um pequeno choque descrente: Leah estava insinuando que aquela menina sentiria ciúmes de Black por sua causa? Aquilo era ridículo!
— E aí chata? — Leah disse para a garota ao passar esbarrando nela.
— Já vai embora logo, não é? — A garota respondeu no mesmo tom.
— Para minha felicidade sim. — Leah arqueou uma sobrancelha, e tanto Quil quanto os garotos riam da rincha das duas.
Enquanto olhava as duas birrentas, Jacob a observava diretivo caminhando em sua direção.
— O que foi? — Ela perguntou o encarando de volta.
— Você vai ter problemas. — Black sorriu estendendo-lhe as chaves do carro dela.
— E você pode me dizer que motivo me traria problemas?
— Eu. Eu sou o motivo dos problemas que você terá com a Bruh. — Jacob respondeu sincero e lançando um olhar atrevido para , que arqueou a sobrancelha para ele prestes a pedir mais explicações, mas apenas abriu a boca sem emitir sons quando ele concluiu: — Afinal, ela faz tudo para chamar a minha atenção.
— Ainda não entendi onde eu entro na história... — levantou-se para levar sua xícara de volta à cozinha, ficando de pé na frente de Jacob que estava escorado ao gradil da varanda de braços cruzados.
— Sou eu quem tenho a missão de vigiar os lobos na sua casa, oras...
sentiu que não era sobre aquilo que ele estava falando, sendo só uma desculpa. Entretanto, ignorou. Jacob Black era muito estranho e indecifrável. Era loucura tentar ler suas entrelinhas.
— Você levou meu carro para o galpão por qual razão?
— Vai dormir na reserva não é?
Black a indagou de volta, e que ainda não havia confirmado percebeu que não haveria escpatória, então só assentiu e virou-se entrando na casa de Emily, com sua xícara vazia na mão e algumas curiosidades a mais na cabeça. Bruh notou a aproximação dos dois, e observava-os conversando, curiosa e antipática.
Escurecia cedo na reserva, mas já estava bem tarde quando Charlie e Sue se recolheram. Billy já havia ido se deitar há algum tempo também. Quil e Bruh foram embora primeiro, dentre os demais quileutes que haviam ficado ao redor de uma fogueira noturna papeando. e Jacob estavam conversando sobre como ela se sentia em relação ao Embry e aquela reação distante dele. Call havia se retirado para dormir, logo após Leah e Paul saírem também, e até aquele momento não mais havia conversado com . Jacob, atento aos dois porque precisava, quis investigar os sentimentos dela.
— Estou revoltada. Ele age como se nem me conhecesse... E semanas atrás enfiou a língua na minha boca!
— O problema foi justamente este... — murmurou Jacob, e não achou ter entendido corretamente.
— O que disse?
— Jacob? — Bruh se aproximou interrompendo a conversa dos dois e se abaixou beijando a bochecha de Black, que a encarou sério e nada satisfeito com aquilo. — Boa noite, até mais!
Bruh sorria, o mesmo sorriso travesso que viu mais cedo. E na hora de se despedir dela, a garota apenas encarou e meneou a cabeça sem sorrir ou dizer nada mais.
— É... Eu devo ser mesmo muito gostosa... — murmurou diante a mais uma rivalidade feminina sem sentindo.
— O que disse? — Jacob repetiu a pergunta dela, segurando um risinho de quem não sabia se havia escutado o que escutou.
— Boa noite Jake! Até mais, ! — Quil se aproximou.
— Você precisa ter uma conversa com a sua irmã sobre educação e sobre quando um cara não está afim dela Quil.
olhou assustada para Black soar tão direto e grosseiro sobre a irmã caçula do amigo, diretamente para ele, mas julgou que pela forma como Quil reagiu e como os ainda presentes entre eles riram, Jacob talvez estivesse certo. Restaram Emily, Sam, Seth, Jacob e ali fora, e assim que Emy e Sam se levantaram para entrar, e Jacob também. Seth farfalhava a fogueira, afastando os tocos para abrandar o fogo, até que Sam jogou um pouco de água cortanto o barato do garoto. ficou observando o grupo, e deu-se conta de que não sabia onde iria dormir.
— ... — Emily começou a falar depois de bronquear com Sam e Seth pela pequena discussão que iniciavam.
— Ela vai dormir lá em casa Emy. — Black se pronunciou de forma direta.
— Ér... Tem certeza? — Seth perguntou olhando entre Jacob e um pouco incerto e a mulher já ia perguntar se aquilo era devido, quando a voz de Jacob trovejou de novo:
— Ela vai dormir na cabana dos Black. Algum problema ?
Ele disse de uma forma tão convincente que ninguém contestou, nem mesmo ela. Poderia até contestar e decidir dormir na cabana de Emily, que era um pouco maior, mas ela sabia que Embry dormia lá, e na casa de Sue já estavam Seth e Leah. E talvez, ainda estivesse curiosa demais com a reação do Black, para discutir e contestar algo. Os outros três sorriram e se despediram seguindo seus caminhos, ficando Jacob e , ali fora, silenciosos. Ela não sabia o que dizer.
— Espera... Eu não quer incomodar e eu posso dormir no mustang e...
— Vem ! — Jacob a cortou, pegando em sua mão e a guiando para a cabana dele.
gelou com aquele gesto. Para quem havia trincado a barreira com um martelinho, na praia, de repente a aura de quem a afastava havia desaparecido. O vidro havia se estilhaçado sem muito esforço, em apenas uma tarde. Quando os dois entraram na cabana, tenou fazer o mínimo de barulho já que Billy dormia. Observou ao redor e não avistou nenhuma cama feita na sala. Jacob entrou em seu quarto, e deu a ela passagem para entrar também. A mulher nem parecia a mesma que invadiu seus aposentos de manhã; estava tão sem graça de entrar ali, recordando-se da forma como o abordou mais cedo.
— Deixei suas coisas em cima da minha cama. Fui até sua casa buscar roupas para você. — Jacob colocou as mãos no bolso um pouco desconcertado após explicar e apontar para a pequena mochila dela.
— Obrigada... Então foi esse o seu passeio? — Ela dissera sorrindo, ao abrir a bolsa e vasculhar as próprias coisas.
— Pois é...
Jacob sorriu e tirou sua camiseta, de repente, deixando-a na cadeira. Estava sentindo-se mais quente do que o normal com a presença de em seu quarto, pois, em sua mente, a lembrança de imobilizar a mulher sob seu corpo aquela manhã também lhe retornou. Ela ainda estava de costas observando o que ele havia pego dentro da mochila, e ele explicou:
— O banheiro é no fim do corredor. Fique à vontade... Eu estarei na varanda...
Disse saindo, encostou a porta de seu quarto, e um sorriso começou a se formar no rosto de . Ela não entendia porquê, mas estava muito feliz. Como se finalmente ela fosse parte de tudo aquilo. Percebeu que a única coisa que a impedia de se sentir totalmente bem vinda, era a barreira que Jacob impunha entre eles. Se até Leah estava a aceitando, Jacob também aceitaria cada vez mais...
Os dois tornaram-se amigos, e a amizade ampliaria aos poucos. Apesar dos avanços com os quileutes problemáticos, ainda havia a mudança repentina de Embry e o mistério do seu desaparecimento. Ao pensar em Embry Call, deixou o sorriso esmorecer, desanimando um pouco. Uma chuva mansinha começou a cair do lado de fora da cabana. Remexeu suas mudas de roupa, atentando-se novamente ao que fazia, e puxou uma camisola. Black havia mexido nas coisas dela e trazido logo uma camisola? Claro que foi proposital, já que as roupas comuns para o dia seguinte, além de roupas para pescaria, haviam sido devidamente preparadas por ele. Que intenções Black guardava para aquela pequena estadia dela?
— Safado! Querendo me constranger, é? — murmurou para si, encarando a sua camisola, até comportada, nas mãos. Logo depois pensou que... Roupas íntimas! Jacob Black havia mexido nas roupas intímas dela! puxou a calcinha, que estava dobrada entre a camisola e murmurou sentindo o rosto esquentar: — Minha nossa, que vergonha!
Eis que compreendeu a razão para ele a deixar ali, a sós dizendo que estaria na varanda; ele sabia que poderia se constranger ou ficar furiosa. Mas enquanto se dirigiu ao seu banho, ela pensava: Jacob pensou em tudo... Preparou uma mala com toalha, roupas para pescaria, roupas para o almoço após a pescaria, tênis, chinelo... Até absorvente ele pegara. Ela não precisava, mas ele não sabia não é? sorriu ao perceber que até que Jacob era bem preparado.
Depois que tomou banho e retornou ao quarto, Jacob bateu à porta do mesmo.
— Entre... — A mulher mencionou.
— Com licença ... Precisa de alguma coisa?
— Só irei precisar de roupas de cama. Você pensou em tudo, menos nisso. Pensou até demais eu diria. — Ela sorriu erguendo o pacote de absorventes.
Jacob que evitava a encarar vestida em sua camisola, a qual o mesmo pegara muito rápido sem dar importância ao estilo, ao olhar para a direção das mãos dela erguendo o pacote, estava muito constrangido.
— Dê um desconto... Eu fiz um grande esforço pensando no que uma mulher precisaria para dormir em uma casa só de homens. — Sorriu.
— Está de parabéns! Superou as malas que eu faria, até trouxe meu creme corporal. — mencionou ainda sorridente pelo constrangimento aparente de Jacob.
— Hum... É... Escute, eu vou tomar um banho, você quer comer alguma coisa? Pode ficar a vontade, ok?
— Tudo bem, obrigada.
Assim que ela agradeceu, Jacob fechou a porta saindo e sorriu de um modo confidente. Como se percebesse estar se divertindo, pelas maneiras tímidas de Black. Encarou-se em suas roupas de dormir, observando as pernas expostas. Não era uma camisola do tipo provocante, mas certeza que ela não deixaria de trazer um pijama de moletom. Afinal, como Jacob dissera, era uma casa de homens e se ela dormisse no sofá? estava sorrindo e tentava imaginar a cena de Black em sua casa, no meio de seu quarto tentando preparar a mochila. Apesar de corada pela invasão à sua intimidade, ela sorria com as expressões que sua mente criava, ao pensar no momento em que ele fazia uma mala de mulher. Enquanto sua imaginação a induzia a criar aquele cenário, ela pegou o seu creme e começou a passá-lo nas pernas. Jacob deu dois toques na porta e a abriu, entrando de repente e fugindo o olhar de , novamente. Já ela, sorria ladina por achar um tanto fofo, o modo como a pele naturalmente avermelhada dele, corou ainda mais.
— Esqueci de pegar a minha roupa, me desculpe. — ele disse.
Black movimentava-se pelo quarto, sem olhar para . E diferente do que uma postura de timidez soava, ele não se encolhia. Pelo contrário, o Jacob constrangido, estufou o corpo e fechou o semblante, tal como fazia quando estava bravo ou sério com algo. escondia um risinho o observando, e percebendo o motivo pelo qual era difícil ler ou constatar o que Black sentia, afinal, ele não tinha expressões e trejeitos diferentes para cada sentimento. O que o tornava às vezes um mistério, um enigma difícil de decifrar.
Ela ficou analisando o quarto dele até que ele voltasse, e sem saber exatamente, em que lugar da casa ela dormiria. A chuva que há minutos começara e chegou branda, de repente demonstrava a presença dos relâmpagos, trovões e grossos pingos de água. O frio também aumentava, fazendo com que ventos gelados adentrassem À janela da cabana. O barulho das gotas chuvosas caindo nos telhados, e na floresta, ecoavam ao ponto de nem mesmo escutar a própria respiração. Vasculhando a pequena mochila preparada por Black, constatou-se que não havia roupas de frio na mala, e a mulher nem as esperaria; visto que ninguém ali era tão friorenta quanto ela. Sendo assim, Black nunca pensaria que ela poderia sentir, frio.
Era até engraçado! Ele pensou em coisas tão pequenas e cuidadosas, e no mais provável, ele não pensou... sentir frio... Se fosse Embry, pensaria. Aquele pensamento surgiu-lhe de assalto. Talvez, se Black a conhecesse como Embry, ele também percebesse o quanto ela era sensível às baixas temperaturas, mas varrendo em sua mente as informações trocadas entre ela e Embry, e entre ela e Jacob... se empertigou com uma dúvida: o quê exatamente Embry sabia sobre ela?
A mulher chegou à conclusão de que Embry Call nada sabia a seu respeito. Se não fosse aquela conversa sobre o corpo dele ser quente, ele não perceberia a temperatura friorenta dela, naquela tarde da reserva. E então, talvez ele nem a trouxesse aquele casaco próprio. Não foi exatamente uma projeção de cuidado dele, foi uma constatação de que “ está com frio”. Analisando melhor, Jacob sabia muito mais sobre ela, somente pelo dia em que havia contado a sua história para a tribo. Um dos dias em que Embry não estava presente. franziu as sobrancelhas ao perceber aquilo tudo: ela e Embry nem tiveram tempo de sentir ou serem “tanto” um para o outro. Na teoria, ela vinha passando muito mais tempo com Jacob, então por quê o pouco caso de Call, a feria daquele jeito?
Quando Black entrou no quarto, não o escutou por causa da chuva. Ela estava pensativa, encolhida em seus próprios braços, e mexia nas pequenas miniaturas de madeira que ele esculpiu. Então sentiu uma borrifada no seu pescoço e se virou, assustada.
— Eu me esqueci de trazer o seu perfume...
— E quem disse que eu gosto do seu perfume?
— Ninguém disse, mas agora está borrifado. — Jacob se aproximou dela, a cheirando levemente. — E sinceramente? Está ótima com meu cheiro.
Black sorriu, de um modo quase sedutor, mostrando apenas uma parte de seus caninos e se afastou caminhando de volta ao seu guarda-roupa, e secando os cabelos com a toalha. , estava inerte, de frente para suas costas largas e perfeitas um pouco chocada com o que lhe pareceu ser um flerte. Sua mente começava a beirar a insanidade e a mulher travava uma batalha interna consigo. Mordeu os lábios e de olhos fechados mentalizava: "Não! Ele Não! Não pense em nada !". Quando abriu os olhos, deparou-se com Black a encarando, curioso.
— Tudo bem? — perguntou à ela se aproximando em passos lentos.
— Sim, é só... — tremia por frio e nervosismo, e nem pôde justificar-se de que estava com frio, pois, Black a tocou em seus braços e a mulher tensa, com a aproximação e textura da mão dele em sua pele, prendeu a respiração.
— Está gelada.
— Convenhamos... Está muito frio.
— Vá se deitar. Quer que eu te prepare um chá?
— Não obrigada. Onde eu durmo?
— Na minha cama, é claro.
Ele pronunciou certeiro, e a morena ficou parada, com olhar fixo aos dele, que correspondia. Mas, Jacob não tinha uma expressão alarmada como a dela, e vasculhando o rosto dela com mais cuidado, ele sorriu ao constatar o que a preocupava:
— Eu vou dormir no chão . — Ele começou a rir.
— Tem certeza?
— Quer que eu durma com você? — Ainda zombando com a cara dela, ele perguntou de um jeito atrevido.
— Não, mas eu posso dormir no chão! Até porque é a sua casa... ou no sofá!
— Cala a boca. — Ele fechou os olhos e abaixou a cabeça.
Jacob jogou sua toalha em cima de uma cadeira; foi até o armário e pegou um cobertor forrando um colchonete no chão, depois jogou uma almofada por cima. Em seguida, trocou as fronhas de sua cama e preparou-a para ela se deitar.
— Muito cavalheiro da sua parte.
— Vou pegar um cobertor para você.
— Não precisa! Eu me cubro só com o lençol mesmo.
— , você está gelada!
— Eu estou bem. Obrigada.
— Então tá... Eu não gosto de dormir com muita roupa, você se importa?
— Percebi pelas roupas que você me trouxe. — Zombou ela apontando a própria camisola — Não me importo não, fique à vontade.
Black assentiu afirmativo, e tirou a calça de moletom ficando apenas de boxer preta, e por mais que houvesse dito que não se incomodava, ela também não esperava por aquilo. Ele continuou falando com ela, que por sinal desviava qualquer olhar para ele. Sem nem mesmo encará-lo, se lembrava da cena em que eles se encontravam de manhã naquele quarto, então imagine se ela ficasse admirando aquele corpo semi desnudo? E até onde, aquela ação de Black não foi intencional?
— O que há de errado com a camisola que eu te trouxe? É a mesma que você vestia no dia que eu dormi na sua casa.
Então mais uma vez, encarou a peça em seu corpo, e só então percebeu o fato. Realmente era ela. Ele gravou a camisola que ela usou naquele dia!
— E olha que havia algumas roupinhas bem provocantes por lá. Fui até educado. — disse a olhando e sorrindo sacana.
— Black! — percebeu o rosto corando, desconcertada, decidiu se deitar e se enrolar naquele lençol enquanto Jacob ainda rindo da cara dela se aproximou devagar. O que ele queria?
— Eu sou um bom rapaz... Boa noite loba! — disse em seu ouvido e beijou seu rosto.
Um ato que a pegou desprevenida e a fez virar o rosto para ele, sorrindo encantada.
— Boa noite Black.
o observou se deitando no chão tão desconfortável. Sem nenhum cobertor. Nem precisaria, afinal, ele tinha a pele mais quente de todos os quileutes. Ela havia notado isso, ou talvez, ela que estivesse quente. Demorou a pegar no sono e ficou olhando suas costas largas, até que não se lembrando de mais nada, adormeceu.
Quando acordou Jacob não estava mais dormindo, então se espreguiçou e foi ao banheiro realizar sua higiente matinal. Retornou ao quarto, e logo que entrou, Jacob surgiu com uma bandeja em mãos.
— Bom dia, Loba.
— Bom dia. — respondeu sorridente com a cena.
— Senta aí.
Os dois se sentaram na cama dele, e Black colocou a bandeja entre ambos. começou a analisar a bandeja de madeira delicada, também esculpida à mão. Lindos os detalhes talhados.
— Você gosta mesmo disso não é? — ela perguntou tocando os detalhes do artesanato.
— Sim. E consigo ganhar dinheiro com isso também.
— É verdade...! Eu nunca lhe perguntei; com o que você trabalha, Black?
— Além de consertos mecânicos, como pode ver, eu faço marcenaria. Os Carters vendem meus artesanatos no mercado e eu também os disponho em alguns outros pontos da cidade. Entretanto, os consertos mecânicos rendem mais, porque faço para as cidades dos arredores também.
— E você não quer aceitar o meu dinheiro? Está vendo!
— Coma. — Ele a serviu rindo pela insistência dela naquele assunto do conserto do carro. Black a serviu uma torrada com geleia, uma xícara de café e comeu junto com ela, já encerrando o assunto pela incotável vez: — Você me deve dois favores por causa dos serviços com o carro.
— Tudo bem... Mas, eu quero pagar alguma coisa. Afinal você também ajudou com a reforma da minha casa.
— Vou te contar uma novidade: estou terminando de construir a minha oficina na estrada. Então como pagamento você me ajuda com a pintura e decoração.
— Sério Jacob? Nossa, isso é incrível.
— Demorou um pouco, mas consegui com meu dinheiro suado e economizado.
— Tudo bem, eu aceito.
— Ótimo!
— Alguém mais acordou?
— Não. Você madrugou.
— E você não? — Ela o cutucou e os dois se encararam e riram.
— Como está o café?
— Está ótimo.
Jacob fez uma careta como se não acreditasse nela.
— Está brincando? Olha isso Black! — apontou para a bandeja cheia de comidas. — Você caprichou. Está lindo e... Fofo.
Ela tentou medir bem as palavras antes de dizer qualquer outra coisa.
— Fofo? — Jacob a encarou apelativo.
— Bem, eu não encontrei outra palavra apropriada. Isso tudo é bem romântico, mas, não é essa a atmosfera aqui, então... Eu só consegui pensar que...
— Eu entendi. — ele piscou a interrompendo — É de fato um ato bem romântico, mas, não foi a minha intenção te seduzir. Fique tranquila. — devolveu a expressão de quem não acreditava, dessa vez, no que ele dizia, e os dois riram mais uma vez.
— ... — um breve silêncio enquanto comiam, e Jacob abaixou a cabeça com um jeito mais sério ao chamá-la e perguntar: — Como você está em relação ao Embry?
— Triste por não entender o que houve com ele. Ele se transformou em alguém que não reconheço... Fico lembrando o sorriso dele Jacob... O brilho do olhar... Ele perdeu tudo isso. No que ele se transformou?
Enquanto dizia, algumas lágrimas fracas parecerema marejar os olhos dela, e as conteve. Não deveria sentir-se tão sensível daquele modo por bobeira. Jacob afastou a bandeja entre eles, se aproximou dela e, meio sem jeito a abraçou.
— Desculpe por isso ... — ele apertava forte aquele abraço e ela estava quase se fundindo com ele. E para sua surpresa era tão bom estar ali com aquele Jacob. Daquele modo.
— Você não tem que desculpar-se por nada, Black.
— Eu sei como é triste e doloroso ver alguém que você tanto gosta se transformando em algo diferente... Em algo que você não gosta.
As palavras dele eram profundas e dolorosas. Jacob sabia exatamente do que estava falando e não tinha a certeza de que falavam da mesma coisa.
— Você o ama? — A pergunta veio a ela, de repente, de surpresa e Black a proferiu ainda abraçado ao corpo dela.
Diante àquela pergunta, ficou sem entender algumas coisas. Por que aquela pergunta? Por que logo o Jacob estava perguntando aquilo? Ela sabia que não amava Embry, mas era tão difícil responder isso ao Black! não entendia porque era difícil fazê-lo. E principalmente, que sensação estranha era aquela em ouvi-lo perguntar isso para ela, tão diretamente? Que receio era aquele de responder? afastou-se do abraço de Black e ficou olhando em seus olhos de boca aberta.
— Não precisa responder... Desculpe.
— Não... Tudo bem. Eu quero que você saiba.
— E então... — Os dois continuaram se olhando, curiosos e silenciosos.
— Eu não amo Embry como homem. Tenho um profundo carinho por ele como um amigo, companheiro... Nós não tivemos nada concreto a ponto de nos apaixonarmos, eu acho. Mas eu estava curtindo conhecê-lo e ficar com ele, mas Embry está tão distante... Ele se coloca tão além do meu alcance agora que eu não vejo mais nós dois como antes...
Depois de escutá-la, Black a abraçou ainda mais forte e beijou a sua cabeça. Após aquele início de manhã tão agradável, Billy bateu na porta do quarto e Jacob e ela, se assustaram olhando para a porta, mas Jacob não a soltou. Continuou abraçado a ela, preocupando-se em jogar um lençol nas costas dela. observou os gestos dele, ainda aproveitando o abraço, sem entender sua reação e não imaginando que Billy abriria a porta, porque se imaginasse, teria se afastado.
— Entra pai!
No mesmo momento ela corou, assustada pelo que Jacob pretendia.
— Bom dia... Ah. Desculpe.
— Tudo bem pai. — Black revirou os olhos.
ainda estava surpresa pela situação, mas continuava abraçada com Black. Acenou para o Billy, um pouco tímida. Afinal, o que ele pensaria?
— Vou preparar o café, se arrumem.
— Pai... — Jacob sorria observando o pai voltar — Eu já fiz tudo.
— Ah, então desculpe... Não vou mais atrapalhar. Vocês fiquem à vontade.
Foi inevitável que assim que Billy saísse, eles caíssem no riso. Se soltaram e novamente, Billy bateu à porta. De súbito, Black lhe abraçou de novo, a deixando ainda mais desentendida.
— Ér... ... Ainda está de pé a pescaria? —Billy perguntou e Jacob fez uma careta zangada para ele. — Tá, desculpe... Não vou mais incomodar! Tchau.
Ele fechou a porta e Jacob permaneceu rindo, e soltou o corpo de .
— Por que fez isso?
— Meu pai sempre me deixa sem graça, é bom vê-lo sem graça também. Desculpe, mas tive que aproveitar, eu não tenho muitas chances assim de pregar peças do tipo.
Não tem muitas chances assim? Ele não se via no espelho ou o quê? concluiu que Jacob não era de muitos namoros, ou de namoros sérios em casa.
— Entendo, mas você vai desfazer o mal entendido... Imagina o que ele está pensando agora. — dizendo isso, arregalou os olhos e tampou o rosto se jogando de costas na cama.
Black se levantou, a puxou fazendo ela ficar de pé em frente a ele.
— Ele deve estar pensando que nós nos amamos. Só isso. — e puxou a mulher para mais perto e lhe abraçando beijou seu ombro. — Vamos! Você tem um longo dia, lobinha.
Após um bom banho, roupas apropriadas e todos os aparatos de pescaria em mãos, Charlie, Billy, e seguiram à praia. Pescaram em uma encosta um pouco afastada da reserva. Até que se saiu muito bem na atividade, o que a rendeu o título de "anzol de ouro", entre os dois mais velhos. A mulher ria divertida com tudo aquilo e um pouco antes de irem embora; decidiu parar a sua pesca.
— Certo, eu vou dar uma parada e deixar um pouco de peixe para vocês, senão vocês irão passar um vexame quando voltarmos.
— Muito humilde da sua parte, querida. — disse Charlie brincalhão.
Ela foi andando pela encosta e no meio de algumas pedras onde as ondas arrebentavam avistou um tipo de alga diferente. Algas laranjadas presas às pedras. O lugar não era de muito fácil acesso, mas devagar conseguia-se chegar lá. Era perigoso, pois as ondas arrebentavam fortes ali, a maré estava baixa e não conhecendo o tempo de intervalos de altos e baixos dela, decidiu ser rápida para não sofrer nenhum mal.
Conseguiu com um pouco de dificuldade arrancar algumas amostras da alga pela raiz. Saiu rapidamente dali e ao voltar para os pescadores, depositou a planta em um recipiente com água do mar. A raiz da planta se mexia como se estivesse viva, então, fazendo um teste jogou uma pedra dentro do recipiente, e quando as raízes a encontraram agarraram-se à ela. Não era uma planta marinha, era uma espécie de Rhodophyta. Uma planta animal. voltou ao local onde as encontrou, e percebeu que elas se nutriam do limo que ficavam nas pedras, então raspou um pouco daquele limo e jogou no recipiente.
Ao fim da manhã voltaram à reserva. Charlie decidiu preparar o almoço na casa de Sue, e enquanto limpava os peixes e ajudava Sue com o almoço, o delegado admirava as duas. Sue revelou para , então, que Charlie via nela uma figura filial. Gostaria de se aproximar da garota como um pai, primeiro porque gostava muito de , e segundo, porque ela ainda representava algo de sua antiga filha. deduziu que para ele sentir tanta falta desse tipo de relacionamento, Bella de fato o abandonara ou algo muito grave os afastara. E também ficou estranhando a forma como Sue falara: “antiga filha”...
O almoço foi ótimo, tranquilo e todos ficaram sabendo do posto de "anzol de ouro" cujo Billy e Charlie fizeram questão de espalhar. Era sempre tão magnífico para a estar com os quileutes. Após o almoço ela sentou-se atrás do grande carvalho e ficou pensando em como a sua vida fora tediosa nas semanas em que se afastei deles. Decidiu-se em nunca mais fazer algo assim, por mais difícil que fosse. Até porque Jacob agora se tornara um amigo especial, e ela não se afastaria dele. Aquela era a chance de conhecer o mesmo Jacob Black que foi relatado nos emails de sua amiga, há alguns anos atrás. Aquele ser tão adorável... Estranhamente, contudo, não sentia a possibilidade de conhecer aquela mesma pessoa, porém estava gostando daquele ser atual. Do seu tipo de Black e; ainda que o tipo descrito por Bella soasse mais encantador, o seu Jacob, era da sua maneira muito mais incrível.
Então aquele ser magnífico e misterioso, de pele avermelhada, olhos profundos, sorriso tímido, corpo tentador, toques pecaminosos, costas largas como um papel virgem em que desenharia as suas melhores rasuras, se aproximou sentando ao seu lado.
— Pensando em quê?
— Em como eu consegui ficar todo esse tempo longe da energia desse lugar... Entre outras coisas que você não precisa saber...
— Por quê? — ele olhou curioso e sorridente.
— Porque são coisas íntimas. — no mesmo momento em que respondeu-o, Leah descia para a praia de La Push.
Ela passou pelos dois sorrindo e abaixou a cabeça, depois lançou um olhar cúmplice para que acenou de volta para ela com um sorriso.
— Por que ela te olhou desse jeito?
— Não sei... Ela está sendo gentil. — Black encarou a morena, em dúvida já que ele sabia claramente o que Leah havia pensado.
— Olha o que eu tenho para você. — Ele disse a estendendo uma caixinha.
Ao abri-la, era uma escultura em miniatura, de um rádio feita em madeira. Tinha até uma anteninha de metal
.
— Que coisa mais legal e fofa...
— Argh... Fofa... — Black ria. Sorrindo orgulhoso revelou: — E funciona tá?
— Jura? Mas como? É de madeira.
— Só por fora, eu instalei um pequeno esquema de som dentro, os botões funcionam e você escolhe as estações aqui. — Ele a explicou e girou um dos botões. — Mas não pega muito bem, porque a frequência é baixa.
escolheu uma estação aleatória, e no momento tocava uma música brasileira, da qual ela conhecia, bem antiga e uma das suas favoritas. A mulher começou a cantar, mas Jacob não entendia nada, então ela foi recitando a tradução para ele:
"Talvez não seja nessa vida ainda, mas você ainda vai ser a minha vida. Então a gente vai fugir para o mar, eu vou pedir pra namorar, você vai me dizer que vai pensar, mas no fim vai deixar. Talvez não seja nessa vida ainda, mas você ainda vai ser a minha vida. Sem ter mais mentiras pra viver, sem amor antigo pra esquecer, sem os teus amigos pra esconder. Pode crer que tudo vai dar certo..."
— É linda. — Jacob disse quando ela terminou de recitar.
— Sim, as canções brasileiras são lindas.
Jacob ficou a olhando de uma forma tão diferente... De repente, ele colocou a mão no rosto de e continuou olhando em seus olhos. A garota tivera a leve impressão de que estavam muito perto, então, Bruh Ateara apareceu chamando por ele. Sue observava de longe a cena dos dois, e ao notar que ela os percebia, lhe sorriu sem graça. Sem dúvida, havia acontecido alguma coisa ali, um clima constrangedor, diria.
— Fazendo o quê escondido aí Jacob? — disse a Bruh depois que se aproximou de onde os dois estavam sentados, escorados no tronco do carvalho.
— Tentando passar despercebido por você. Não vai cumprimentar a ?
Bruh revirou os olhos e simplesmente se afastou, ao notar como Jacob a encarava impaciente. não queria ter que lidar com as criancices da Ateara jovem e ainda teria que se preparar para o jantar à noite. Se levantou, agradecendo ao Jacob pelo presente e caminhou até Sue que balançava na rede em sua varanda ainda, a olhando desde o momento que flagrou a Clearwater os espiando.
— Sue...
— . — ela sorria para a mais jovem, de forma doce e amigável e aquilo deixava a , ainda mais constrangida. — Venha aqui, quero conversar com você.
— Claro.
Curiosa e receosa de que conversa Sue Clearwater gostaria de ter com ela naquele momento, se aproximou ainda mais da mulher, que havia se erguido da rede e sentado nela.
— Billy me contou sobre você e Jake. E eu estou muito feliz, eu sabia que...
— Sue! — a interrompeu: — Jacob fez uma pegadinha com o pai dele...
— Como?
— Estávamos apenas tomando café e conversando sobre minha situação com Embry. Black tem sido muito amigável. Eu me descontrolei um pouco e ele me abraçou, foi só. Mas quando o Billy bateu na porta ele quis deixar o pai constrangido e decidiu não me soltar. Uma brincadeira dos dois, algo do tipo, eu não entendi muito bem.
— Ah... Desculpe eu estava vendo vocês e pensei que finalmente...
— Não... — dando conta do que ouvira, perguntou curiosa: — Espera... Finalmente o quê Sue?
— Nada. Bobagem... O que você queria me dizer?
— Eu queria me despedir. Ainda tenho o jantar de hoje e... Está na hora de ir.
— Não dê importância para a Bruh. Ela ainda é só uma garota com um amor platônico de adolescência.
— Leah já me falou.
— Fico tão feliz por Leah ter se dado bem com você... Olha , sei que tudo ainda está muito confuso. Sei que não é esse o Embry que você queria ver, ele tem passado por momentos difíceis e precisará da sua ajuda, mas não agora. Tudo vai se resolver. Nós estamos tentando ser... Sutis.
— Sue, falando assim você só me preocupa mais...
— Não se preocupe, concentre-se em seu jantar.
— Obrigada. — As duas se abraçaram carinhosas.
Sue a recordava muito o modo como imaginava que fosse a sua mãe... Toda vez que sua tia Pearl falava sobre ela, era do jeito de Sue que a imaginava. Doce, sincera, amiga, enérgica, forte, e muito amorosa.
— Embry está lá dentro. Vá se despedir. Garanto que ele está sofrendo tanto quanto você.
— Está certo, eu vou tentar.
Seguiu até o quarto onde Embry estava e o encontrou sentado na janela observando a mata. Soava tão triste... não pôde deixar de se sentir angustiada quando o viu. O que fizeram com ele? Assim que a viu, Call caminhou até ela. Parou em sua frente, acariciou seu rosto e lhe deu um abraço forte.
— Desculpe! Eu vou te pedir desculpas por toda a eternidade...
— Pare com isso Embry. Eu só quero entender o por quê... Assim eu vou saber como te ajudar, seja lá o que for.
— Não tem como ajudar ... Mas, eu quero que você se recorde sempre de tudo o que eu te disse. Quero que se recorde do Embry que você conheceu. E quero ver você feliz.
— Por que está falando assim? Eu não estou gostando do seu tom de voz... Embry...
— Eu não entendia nada antes, mas agora entendo tudo... , você não veio aqui à toa... Você é muito importante para todos nós. Você é a chave de tudo... E eu te amo tanto... — ele disse e a abraçou novamente.
— Embry...
— Escuta... Eu quero, preciso e vou te proteger, mas por enquanto eu não posso ficar por perto. prometa para mim que você vai deixar a pessoa certa te amar?
— Por que está dizendo essas coisas confusas, Embry?
— Porque você não acredita no amor, .
— Não acredito no amor? O que você está dizendo?
— Se eu dissesse que te amo aqui e agora, assim como o Erick, o que você diria?
— Só acho que amor é uma palavra muito forte para pessoas que não se conhecem direito.
— É exatamente disso que estou falando... O amor, na maioria das vezes se manifesta imediatamente , pelo menos é assim conosco, os quileutes... E você tem que deixá-lo se aproximar de você... Entende?
— E como vou saber quem é a pessoa certa? O amor também fere Embry.
— Você saberá...
— Você está querendo dizer que está realmente apaixonado por mim?
— Não te amo dessa forma . Mas a amo como alguém muito importante da qual eu deva cuidar.
— Eu também Embry. Então me deixe cuidar de você!
— No momento certo você poderá... Tenha calma e confie na intuição do seu coração. Você é forte garota, e muito especial.
ainda não compreendia nada daquela conversa com Embry, mas também não tinha mais a necessidade pela urgência das respostas. Ele falara tão sinceramente, ainda que enigmático... E mesmo sem o entender, confiava nele e sabia que deveria descobrir tudo na hora certa, seja lá o que fosse esse "tudo". As palavras dele sobre ela não acreditar no amor caíram como um tapa de realidade. Será que ela se precipitou com os sentimentos de Erick e ele realmente a amasse? Será que ela não acreditava mais no amor? Ou fugia dele?
O que aconteceu com Embry afinal? Ele nunca mais seria o mesmo! tivera certeza quando ele pediu para que ela nunca se esquecesse dele, como o conheceu. Depois de dar a ele, um abraço dos mais fortes que já dera em alguém, ela saiu dali. As lágrimas vinham quase compulsivas e rapidamente entrou na casa de Billy; passando despercebida por todos.
No quarto de Jacob, deixou todo aquele líquido ocular derramar-se por sua face quente e vermelha. De repente o medo encobriu seu corpo, sua alma e ela se recordou dos noticiários que lia sobre aquela cidade. Pegou as suas coisas, mas não conseguia sair dali. E nem deveria, não com aquela cara. Black abriu a porta agressivamente e ela se assustou largando a mala no chão. Ele a abraçou de forma desesperada e rápida.
— O que aconteceu? Embry me disse para vir vê-la!
— Nada. Eu só fiquei emocionada. Eu tive uma conversa muito bonita com o Embry e... Jacob é tão complicado me conter apenas com as perguntas! Estou com medo do que irá acontecer, do que está acontecendo que eu desconheço... Estou me sentindo acuada... Sozinha...
— Você não está sozinha.
— Eu sei... Eu sei. Provavelmente é só uma sensação tola.
Enquanto os dois estavam de novo, abraçados, pensou no que Sue quis dizer com "finalmente" ao falar de Jacob e ela. Se sentia um brinquedo nos braços dele por causa da diferença de tamanho entre seus corpos; e começava a sentir um passarinhar no seu estômago toda vez que ele a abraçava daquele jeito. pressentia que aquilo não era boa coisa.
— Tenho que ir... Ainda vou a Seattle.
— Eu te levo.
— Não precisa Black, como você vai voltar?
— Eu faço questão.
— Não. Fique aqui com seus amigos.
— Agora que Bruh vai começar a frequentar mais nosso lado da reserva, eu quero mesmo é me distanciar.
— Por que ela vem para cá?
— Coisas do Quil... — ele disse um pouco nervoso pigarreando.
— Ela te admira. Só isso.
— Não, ela imagina coisas. É diferente. — os dois ficaram em silêncio. — Como você vai para Seattle?
— Steve vai me buscar, nós iremos com meu carro.
— Steve? — ele desconhecia o nome.
— O funcionário que pega o turno da tarde na farmácia. — ri com a falta de atenção de Black.
— Ah! É... — ele sorriu sem graça se lembrando do rapaz, e sem o menor filtro ou raciocício lógico a perguntou: — Vocês estão juntos?
— Black, que tipo de garota pensa que sou? Eu estava envolvida com Embry!
— Estava? — ele olhou surpreso.
— É... Estava. — ele ficou cabisbaixo. — Está tudo bem Black, tudo esclarecido.
— Então tá... Eu te acompanho até o galpão.
Eles saíram da cabana e assim que se despediu de todos, inclusive de Bruh, a menina sem educação, Black e ela foram para o galpão. A caçula Ateara não gostou nada de ver Jacob em companhia tão próxima de . , abraçou Jacob fortemente uma última vez e agradeceu por tudo o que ele fez, e ao beijar o rosto dele, sentiu aquele passarinhar estranho de novo que invadia o seu estômago sempre que eles se aproximavam. Black, repentinamente segurou-lhe a nuca e beijou o rosto de demoradamente, e em seguida cheirou os cabelos dela levemente.
— O que está fazendo?
— As melhores lembranças guardam os cheiros.
Sorriu envergonhada e entrou no carro partindo. No caminho, olhava para seu chaveiro de cãezinhos e lembrava da reserva, de Embry e de Jacob. Não conseguia compreender de início, mas recordou da história dos lobos e de como eles eram importantes para os quileutes. Então em um flashback lhe veio a fala de Jacob: "Não... Eu prefiro... Loba" quando ele escolhia um apelido só dele, para a chamar. Só aí, ela percebeu a indireta... Jacob dizia que era importante para ele. Dizia? Ou simplesmente assimilou o nome com a personalidade dela? A mulher não sabia explicar por qual razão, mas ela preferia acreditar na primeira opção.
já estava em sau casa, pronta e aguardando que Steve chegasse no horário combinado. E o rapazote fora pontual. Ela o entregou as chaves do carro e assim, seguiram para o jantar.
— Você já conhece a residência de algum deles, Steve? — perguntou assim que perceberam a casa nem um pouco modesta, que ao fim de um grande gramado podia ser vista.
— Não! Em três anos em que trabalho para eles, apesar de sempre terem sido excelentes pessoas e patrões, eu nunca fui convidado pra evento algum. É por isso que eu fiquei daquele jeito desconfiado!
— Hm... — levou a mão ao queixo pensativa — Por que logo agora, os Vincent chamaram-nos, então?
— Talvez eu só esteja aqui por que pegaria mal convidar uma funcionária e outro não? — Steve falou dando de ombros, um tanto indiferente se aquilo era ou não uma declarada preferência.
— Do jeito que você fala parece até que eu sou a queridinha!
— Eu acho que é! — O amigo riu e estacionou na entrada já virando-se para com as mãos em defesa dizendo: — Ei, mas nenhum problema com isso, ok? Eu não ligo nem um pouco! Você é uma gerente bam-bam-bam, e eu felizmente, apenas o atendente!
Os dois desceram sob comentários contraditórios a respeito da teoria exposta por Steve, de que era a o interesse dos irmãos, e consequentemente o motivo de estarem ali, e cessaram o assunto logo que avistaram Hernardo abrindo a porta imensa da entrada com um vasto sorriso para os dois. De repente, sentiu-se absolutamente estranha e arredia.
Assim que chegaram à casa de Hernando, eles foram muito bem recebidos pelo chefe e anfitrião e por seu irmão, Julian. Também puderam conhecer as dignas esposas de cada um. e Steve até imaginaram que o jantar reuniria muitas pessoas, mas apenas estavam presentes as famílias de Julian, Hernando e os dois funcionários. Ambos irmãos tinham simpáticos e lindíssimos filhos, pareciam esculpidos em carrara reluzente, de fato, duas belas famílias. E elegantes! Os dois convidados estranharam a elegância do que parecia ser um jantar tão particular, mas não poderiam, de qualquer modo esperar menos que aquilo, tratando-se de Hernando e Julian.
As conversas da noite permearam assuntos como negócios à coisas corriqueiras das pacatas vidas de uns, e das agitadas vidas de outros. Todos jantaram e, mesmo os filhos deles muito bem educados, também interagiram com os adultos. Eles conheceram com boa vontade da esposa e de Hernardo, àquela imponete casa e, Julian logo se apressou a marcar um jantar para que, Steve e também conhecessem sua residência. No terraço da casa que era composto por um jardim sustentável lindíssimo, enquanto a família e os dois funcionários conheciam o ambiente e conversavam, puderam também escutar, uivos de lobos. Uivos muito altos e desesperados.
— Há lobos por aqui também?
— Não, nunca. Até hoje. — disse Ashley, esposa de Hernando.
As crianças brincavam dentro da casa e não pode deixar de sentir novamente aquele frio na espinha. O mesmo que sentiu quando viu Hernando lhe sorrindo ao recebê-la. Que também era o mesmo que sentiu no dia em Jacob dormiu em sua casa. E arrepio este, que a fizera olhar para trás na expectativa de que realmente, as crianças Vincent estivessem protegidas dentro da mansão.
— Vieram no cheiro da . — Hernando brincou ao complementar sua esposa, referindo-se ao fato de que aqueles animais sempre estavam circundando sua funcionária, tal como ela dizia.
Apesar do fraco riso em falsa descontração de todos, eles estavam estavam surpresos com aquilo. Steve e , principalmente, assustados. Desceram novamente à casa e então, os irmãos contaram uma novidade que poderia e de certo modo, iria mudar a vida de . Eles se prontificaram a investir no laboratório da jovem pesquisadora com uma única condição: que ela continuasse fazendo parte da equipe deles nos estudos laboratoriais. Propuseram, uma parceria. Como eles continuavam mexendo com a cosmetologia, se encarregaria de estudar e desenvolver as fórmulas para eles; de produtos cosméticos medicinais para pele, em troca, obviamente, a patente desenvolvida seria dela. Era um bom negócio e sem a menor dúvida, aceitou de imediato.
Ela estava radiante com toda a agradável noite, com o "presente" dos irmãos que sempre confiaram no seu trabalho, e com a entrega das papeladas da gerência da farmácia. Combinaram que, tão logo o laboratório da mulher estivesse pronto, Steve pegaria turno integral, com aumento de salário e caso o mesmo quisesse, novo cargo e funções. , ainda iria ajudá-lo nas manhãs, entretanto, com menor frequência. Já que para os irmãos, e para a própria, a dedicação ao laboratório seria mais importante. O irmão mais novo, Julian, disse para preparar o projeto arquitetônico do laboratório e contatar a construtora e assim que possível avisá-los.
A felicidade da mulher era tamanha, que não passou em sua mente, momento algum, desconfiar ou indagar por quais razões estava recebendo tamanho apoio dos dois. Naquela noite, não bebera nada além de uma taça de vinho, por cortesia, pois sabia que entre ela e Steve, alguém teria que voltar dirigindo. E Steve esqueceu disso, saboreando mais de duas taças, embora não estivesse bêbado, certamente não o deixaria dirigir. No meio da noite, um pouco após todos terem escutado o uivar de lobos aos arredores, enquanto todos conversavam agradavelmente na sala de estar, o celular de tocou indicando uma chamada da senhora Sue.
— Sue o que houve?
— Diga aos Vincent que sua casa sofreu um início de incêndio já controlado. Charlie passava em frente e rapidamente evitou maiores estragos e agora precisa de você no flagrante para prestar depoimentos enquanto a perícia investiga.
— O quê?
Pega em sobressalto, não entendia se o que havia escutado de Sue era real, e tampouco a pressa e emergência na voz da Clearwater. Os demais presentes perto da mulher começavam a prestar atenção em sua conversa, apertava o olhar para o chão na tentativa de se localizar na realidade diante às instruções de Sue.
— Seth e Quil estão indo buscá-la. Venha com eles imediatamente. Sem perguntas , é urgente! Encontre-os fora da casa dos Vincent.
— Certo, eu estou indo.
— O que aconteceu ? — perguntou Hernando assim que, desnorteada, ela desligou a chamada guardando o aparelho em sua bolsa.
fizera tudo como Sue pediu, explicando exatamente o que foi repassado pela mais velha aos anfitriões da noite que não deixaram de ficar preocupados. Após se desculpar inúmeras vezes com Hernando e Ashley, conseguiu convencê-los de que ela poderia ir embora sozinha com seu próprio carro. Também teve de convencer Steve a ficar para aproveitar a ocasião por mais tempo, já que Julian prontificou-se a levá-lo se ele quisesse. sequer deu tempo para que Steve, não decidisse prontamente a vir consigo. Ela saiu rapidamente de dentro da casa, até o local estacionado de seu Mustang. Embora tudo tenha sido muito veloz, todos pareciam ter engolido a história e ao passo que ela se direcionava ao próprio automóvel, avistou a figura de Quil vigilante à sua espera, acompanhado de Seth parado na porta do motorista. Não delongou-se em tentar entender as coisas, apenas jogou suas chaves para o caçula Clearwater.
— O que está acontecendo?
— Entre . — disse Quil fechando a porta do carona assim que ela entrou seguindo Seth, e escutou o Ateara dizer para o amigo do lado de fora do carro: — Eu distraio ele. Vai direto Seth!
Quil corria rápido na direção oposta ao carro, e mesmo olhando para trás, pela janela, não o viu desaparecer. Estava assustada. Seth dirigia rapidamente sem falar qualquer coisa, estando apenas tenso e vigilante ao redor.
— O que está acontecendo Seth?
— Embry. As coisas se complicaram, ao chegarmos você vai entender tudo. Ou não.
— Para onde o Quil foi?
— Distrair Embry.
— Embry? Como assim? Que lobos são esses por aqui? O Hernando disse que não é comum! Ficamos todos assustados.
— É um lobo só, . E é o Embry.
O resto da sanidade que habitava na mulher começou a entrar em crise. Propositalmente, ela não assimilou as palavras de Seth. Piscava boquiaberta e confusa, pensando: “Ele me disse realmente que o lobo no qual eu falei era o próprio Embry? Que tipo de chá eles andaram bebendo aquela noite? Cannabis?”. Desesperada internamente, por fora, tentou transparecer uma falsa calma. Respirou fundo algumas vezes, piscou incrédula e extremamente confusa. Olhou para Seth nervoso e concentrado. Seu pé afundava no acelerador e quase poderia prever uma morte que felizmente não ocorreu. O velocímetro encostava nervoso aos 200 km por hora e a sensação era de que o carro decolaria a qualquer instante.
Embora fosse arriscado instigar diálogos com Seth diante a forma com a qual ele conduzia o automóvel, precisava falar. Precisava tentar entender o mínimo do que acontecia. Percebeu uma placa na estrada, mas não conseguiu lê-la, contudo, reconheceu que aquela estrada por onde seguiam, não compunha o caminho de volta à Forks.
— Para onde estamos indo? — perguntei.
— Silverdale. Lembra-se que Embry estava lá? É o lugar mais seguro para você por enquanto.
— Seth... Estou com medo.
Seth segurou a mão dela e sorriu:
— Estaria assustado se você não estivesse... Faz parte do show, Lu. Você vai ver o grande espetáculo em que se meteu.
Quando Seth disse aquilo, novamente, outro arrepio percorreu a medula de . Envolver-se com eles seria realmente motivo de preocupação e a garota ponderava se Erick poderia estar correto. Ainda assim, ela não sentia medo de estar naquela situação. Ela sentia medo do que poderia descobrir e, de acabar não obtendo respostas que a satisfizessem.
A estrada ia se tornando cada vez mais escura obrigando os faróis altos do Mustang a darem o melhor de si. Também se tornava estreita à medida que aprofundavam nela. estava absorta em pensamentos que envolviam tudo o que ela havia passado desde que chegara àquela cidade. Não se arrependia de nada, porque apesar dos mistérios, ela pressentia muitas emoções. Emoções maiores do que a frenética batalha de Seth com as curvas da estrada. E como gostava de emoções, adrenalina e desafios! O problema é que ela se via imersa nisso tudo, às cegas.
Seth era muito habilidoso com o volante. Todos eles eram habilidosos. Ágeis... apertou seu olhar na figura do amigo que dirigia e repuxou em sua recente memória as características de cada quileute. Todos são lindos, ágeis, inteligentes, com uma temperatura corporal de autorregulação um tanto incomum, com físicos fortes e extremamente grandes. Os olhos do jovem belíssimo de vinte anos que se encontrava concentrado ao seu lado, fitavam a estrada sem nem mesmo piscar, como uma hipnose. chamou por ele em sussurros a fim de saber se ele realmente prestava atenção no que fazia, mas ele não a olhou. Seth previa as curvas antes mesmo de chegar nelas, e aquilo lhe soava assustador. Quando pensava que cairiam desfiladeiro abaixo, ele surgia na curva. As suas pupilas estavam dilatadas e a mulher pensou até mesmo, ter visto suas córneas mudarem de cor.
não tinha noção de tempo, espaço, de absolutamente nada; e decidiu que o melhor era parar de pensar e vigiar tudo o que estava acontecendo, inclusive o caminho por onde seguiam. Seth jogou o carro para dentro de uma estrada no meio da mata e o carro começou a subir floresta a dentro. Estavam em uma serra, mas o desfiladeiro desaparecera, permitindo-o dirigir mais calmo como se estivesse em território seguro e próprio. Contudo, ainda havia urgência de chegar a algum lugar específico, que a própria não conhecia.
— Temos que chegar rápido, mas posso desacelerar um pouco. — encarou os olhos da amiga e sorriu.
— Estou preocupada com o Quil...
— Ele está bem! — disse como se soubesse daquilo piamente. — Logo se unirá a nós. Não se preocupe.
— Seth, por favor... O que está acontecendo?
— Já estamos quase chegando , mantenha a calma. Você está bem?
— Assustada... Mas, estamos chegando onde?
— Na reserva Whitonn.
— Outra tribo?
— Sim. — ele sorria amigável. — Já não deve estar gostando tanto de tantos índios de uma vez só, não é? — ele tentou ser bem humorado, mas sentiu uma pontada de tristeza na voz dele.
Seth imaginava que tudo aquilo a espantaria deles, atitude que demonstrava que, definitivamente ele não conhecia o tamanho do sentimento dela pela tribo.
— Eu nunca me cansarei de vocês. Até porque vocês me fazem querer estar cada vez mais inteirada no meio, mesmo com essas fugas, mistérios e prováveis perigos.
— Minha mãe estava certa. — ele olhou admirado e sorridente para ela: — Você é mesmo uma loba perdida, é uma de nós!
lhe sorriu contente em ouvir aquilo. Apesar da loucura e situação quase cinematográfica que vivia no momento, tudo o que ela queria era ser considerada por eles.
A , de relance avistou uma fumaça escura e azul subindo ao alto das copas das árvores daquela floresta. Seth disse que estavam chegando. Passaram por algumas árvores grandes de troncos espessos e alguns homens os aguardavam, Seth abaixou o vidro e mostrou-lhes o braço com o símbolo do clã quileute. Os homens foram andando em frente e puderam continuar devagar com o carro, adentrando por uma tribo parecidíssima com a reserva quileute. A distribuição de cabanas era quase a mesma, as pessoas também eram parecidas com eles, porém tinham pinturas por todo o corpo seminu, e esmiuçava tudo ao seu redor com muita atenção e curiosidade. Contudo, ela não avistou nenhuma mulher, apenas homens.
Seth deixou o carro de numa espécie de clareira da mata, estacionado meio escondido com outro que, ela reconheceu como sendo o Rabbit de Jacob e duas motocicletas. Uma era de Leah, a outra a que Black havia mostrado guardada no galpão. Ele nunca tocara nessa, e pretendia dá-la ao Seth se conseguisse convencer Sue daquilo, e por ver que a moto estava ali, supôs que Jacob havia convencido a mãe zelosa do caçula Clearwater.
Depois que desceu do carro, Seth abriu a porta para que ela descesse também e abraçado com a amiga, a acompanhou até o centro de um círculo onde os indígenas se encontravam sentados proclamando frases em um idioma desconhecido. O mais velho deles, gritava entre frases e outras, algumas palavras ainda mais ininteligíveis e jogava um pó escuro na imensa fogueira do centro fazendo subir aquela fumaça azul escura. A visitante, restringiu-se a apenas observar. O líder daquele povo, ao ver os dois juntos chegando, se aproximou de Seth e .
— Aiwaiko tundara yêshumute.
Seth apenas acenou afirmativo. O homem passou os dedos com tinta negra na testa de Seth formando algo parecido com o Sol. Após isso, os dois saíram do centro do círculo.
— Você deve ficar na cabana junto com as mulheres. Eu não posso entrar lá. Leah já vem.
— Como sabe que ela vem? — perguntou e Leah surgiu atrás dela, saída de uma tenda de pano.
— Ei, . Venha comigo. — Leah abraçou o irmão e puxou pela mão até a tenda onde estavam Emy, Sue, Bruh e outras mulheres não-quileutes.
— Você não está entendendo nada, não é? — perguntou Emily enquanto dava um abraço em , percebendo mais do que a curiosidade dela, o espanto.
— Vamos prepará-la. — disse Sue sorrindo e a levando para um quarto.
Dentro dele ficaram apenas as quileutes e uma única senhora mais velha da outra tribo. Ela pronunciou algumas coisas em sua língua olhando fixamente nos olhos da . Depois, conversou em tom baixo e separada com Sue já na língua anglo-americana, enquanto Emy e Leah ajudavam a retirar suas vestes superiores.
— Não adianta tentar ouvir, . Elas não irão falar nada até que se deva. — Emily pronunciou à amiga que espreitava com os olhos, bastante atenta e se esforçando pra ouvir os cochichos das duas mais velhas.
— Porque estão tirando minha roupa?
— A anciã vai te preparar. E não é que eu seja fluente em língua Whitton, mas nem mesmo a velha Makaul sabe se isso vai funcionar com você. — Leah falou com um semblante muito preocupado e diferente da sua habitual “cara fechada de mau humor”, encarava como se tivesse tentando ver algo nos olhos da mulher, e não conseguindo, suspirou afirmando: — Você é estranha, !
— Sério, Leah? — ironizou com humor sarcástico: — Vindo de vocês, é realmente preocupante ... Afinal, sou eu que estou sendo preparada para um ritual sei lá de quê depois de Seth vir com uma conversa doida de que Embry era um lobisomen.
— Não somos lobisomens! Que ultrajante! — Leah beliscou o braço de , enquanto Emily sorria por ao menos a quileute estar ajudando a manter serena diante aquilo tudo.
A matriarca Whitton voltou-se para , o semblante preocupado e com a mesma tinta que o homem pintou a testa de Seth, ela pintou o corpo de . Iniciou por seu rosto com uma linha vertical pontilhada que seguia da testa ao queixo. Fez outra linha pontilhada horizontal na testa. Ao colo da mulher, a anciã passou os dedos com tinta de outra cor fazendo rajados que desciam a partir de seus ombros. E ao finalizar aquela pintura rupestre, sorriu simpática e se afastou dando uma última encarada em Sue, e acenou com a cabeça de forma indecisa.
A pintura no corpo de era tão bela quanto tantas outras que ela viu naquele povo diferente, porém, a sua consistia de um desenho único. encarava-se, sem um espelho na tenda em que pudesse ver o todo. Sue, Emy, Bruh que só então notou afastada em um canto da tenda, e Leah, estavam dentro da barraca, silenciosas em expectativa.
— As mulheres não podem ficar lá fora? — perguntou.
— E adivinha de quem a culpa? — Bruh mencionou sem encará-la.
— Cala a boca pirralha! — Leah bronqueou e se levantou sorrindo amena para : — Vou pegar um chá para você, garota do chá!
Bruh olhava desprezível para e a outra sentia-se curiosa de quais as razões lhe levaram até ali. Começaria uma lista de questionamentos infinitos, quando Emy e Sue seguraram em suas mãos e disseram então que era hora de descobrir o inevitável. A história verdadeira das Tradições Quileutes.
— História verdadeira? Tudo o que Jacob me contou era falso?
— Nem tudo.
— Nós temos mesmo uma proximidade com lobos, . Mas está muito além do que você possa imaginar.
— Nós somos os lobos . — disse Emy concluindo a fala de Sue.
— Espera... Por isso que Seth disse que Embry era o lobo, quero dizer... Ele se transformou mesmo em um lobo?
Sue e Emy se entreolharam surpresas pela reação de , pois, apesar de soar muita loucura, ela ainda parecia acreditar no que as mulheres disseram.
— Por que estão me olhando assim? São vocês que estão me contando histórias sobrenaturais... — perguntou tão surpresa pela reação das duas quanto elas.
— Você acredita em nós? — Emily a perguntou.
— Eu não sei se é uma questão de acreditar, mas... Eu sinto que tem alguma coisa estranha comigo desde que estive com vocês. Desde que estive em Forks, na verdade. Mas, se eu não acreditar nisso, qual a explicação para todo este circo? — argumentou apontando ao seu redor — Quero dizer... A menos que vocês sejam uma seita esquisita ou perigosa, eu não consigo ver nenhuma ação dentro de um provável normal por aqui. Então, antes de saber se eu acredito ou não, eu preciso ouvir o que vocês tem a contar.
— Não somos uma seita, . Somos um clã. — Emily explicou sorrindo e deixou que Sue contasse a história:
— Há muito tempo nos primórdios de nosso povo, um líder quileute se transformou em lobo para defender sua tribo. Ele tivera seus filhos e assim perpetuou-se o segredo. Não são todos que tem o dom de se transformar. Emily e eu, por exemplo, não nos transformamos. Sam é o líder temporário da nossa matilha. Ele foi o primeiro da nova geração quileute a se transformar. Contudo, Jacob é por herança o líder. Ele é neto de Efraim Black. O primeiro líder. Billy também foi o líder antes dele e assim segue-se sucessivamente.
— Mas... Jacob não estava preparado e era muito novo. Então Sam assumiu o posto por ser o primeiro e ter como preparar o restante da matilha que surgiria. — Emy concluiu.
— Mas porque Billy não continuou?
— Em uma luta Billy acabou ferido.
— Entendi... A cadeira de rodas. Então Sam assumiu para ele...
— Exatamente. Os garotos só afloram seus dons a partir dos quinze anos. Os últimos foram Embry, depois Jacob, Quil e por último Seth. A mais recente na matilha é a Bruh. — Sue disse olhando a garota que estava de costas às três.
— Você está bem ? Está tão quieta ouvindo essas coisas todas... — Emily disse preocupada.
— Estou... Parece que eu entrei dentro de um livro, mas... Continue Sue, por favor.
encarava o chão enquanto concatenava seus pensamentos e desconfianças. Mais perto de acreditar e se dar como uma maluca ela estava, do que de sair correndo.
— Os meninos foram treinados por Sam desde então. Aprenderam a controlar seus instintos, conhecer uns aos outros e... A defender a tribo de outros perigos.
— Que outros perigos?
— Existem muitos mistérios dos quais, você vai conhecer . Por enquanto, você deve apenas saber o essencial sobre nós. — Emy confortou-lhe com voz meiga afim de que esperasse e aceitasse apenas o que escutava naquele momento.
— No início é muito difícil. A primeira transformação é dolorosa e eles devem ser isolados. A maioria não aceita o fardo. Foi assim principalmente com Jacob, que descobriu que o seu era muito maior. Eles conseguem transformar-se a qualquer hora, mas precisam controlar algumas emoções... É que dependendo da tensão em seu corpo o extinto fala mais alto. Hoje eles já estão mais íntimos com seus próprios dons.
— Contudo, a Bruh... — Emily disse em tom mais baixo olhando-a. — É tudo muito novo para ela ainda.
— Sue... — respirou profundamente pensando exatamente no que mais a trazia incômodo nos últimos meses: os lobos em sua casa. E juntando os pontos, ela perguntou após tomar fôlego: — Sue, então os lobos na minha casa...
— Sim querida, eles eram os meninos te protegendo.
Aquilo foi como uma faca dentro do peito de . Ela havia os desprezado na reserva por não lhe contarem nada do que acontecia com Embry e, no entanto, estavam a defendendo o tempo todo... Jacob... Ele era o que mais parecia empenhado dado o fato de estar dormindo tão mal, porém, se recordando também da sua primeira noite em sua casa... Se aquele vulto que ela avistou era um lobo, por quê eles brigaram? Por que Jacob havia espantado aquela “coisa”? Era muita informação!
— Sei que é muita coisa e você não terá a resposta para tudo agora.
— Mas do que eles defendiam-me?
— Chegamos ao ponto crucial. — Emily disse tentando parecer humorada.
— ... Tudo isso tem ocorrido porque algo inesperado surgiu. Até pouco tempo os garotos podiam controlar suas transformações, mas... Recentemente, Embry se tornou algo mais perigoso e incontrolável. Quando aconteceu o trouxemos para cá, pois os Whitton têm conhecimentos vastos sobre isso. Tivemos que isolar Embry, por isso você não teve notícias dele. Nós sabemos muito pouco dessa nova transformação e temos tido contato direto com esta tribo para poder conhecer da mesma sabedoria que eles têm sobre o assunto.
Embry se tornando algo mais perigoso e incontrolável? Finalmente se deixou assustar com o que estava vivenciando. Leah surgiu com o chá em mãos, e viu que Bruh a encarou de modo implicante, então ignorando-a, a filha mais velha de Sue perguntou-lhe se a mãe preferia que ela continuasse contando as histórias para a mãe descansar, mas Sue permaneceu firme. Emily ponderou se não fosse melhor dar um tempo para a cabeça de , que assustada bebia ao chá e se mantinha pensativa e silenciosa, mas a voz raivosa de Bruh as interrompeu:
— Ela deve saber de tudo logo! — disse Bruh.
Emily a chamou para fora do quarto a fim de que ela se acalmasse, e ficasse mais confortável com Sue e Leah.
— E então, como você está reagindo? — perguntou Leah assim que Emy e Bruh saíram da tenda.
— Eu não sei. Sinceramente. Sinto-me tremer inteira por dentro, mas... também me sinto apenas anestesiada.
— Devo continuar? — perguntou Sue.
— É óbvio! — mãe e filha se olharam em dúvida quando exclamou.
— , naquela noite em que os meninos saíram para acalmar os lobos e Jacob te levou para casa... Bem, os lobos na nossa reserva não eram da nossa tribo. Eram daqui e levavam notícias de novas feras, muito piores em poder de destruição. Na sua casa... Jacob disse-nos que vocês viram um vulto.
— Sim! Ele insistiu que era um lobo, mas eu vi que não era! Andava como uma pessoa e agora sabendo disso, sei que ele lutou com aquilo!
— Não era uma pessoa apenas, era uma mistura de lobo e homem.
— Espera... Um lobisomem? Mas, isso não existe Sue! E a Leah acabou de dizer que vocês não são lobisomens... Eu...
— Você é engraçada! — Leah falou rindo com empatia — Acredita que nos transformamos em animais, mas lobisomens não existem?
— Você acabou de me dizer o mesmo, Leah!
— Não, não! Eu disse que era ultrajante você nos chamar disso, e não que não existem. ... Respire e apenas ouça a mamãe, tudo bem?
— Naquela noite, um lobisomem de uma tribo antiga e agora extinta veio para as proximidades de Forks. O chefe dos Whitton surgiu na nossa reserva contando-nos que há poucas semanas um homem apareceu lhes pedindo abrigo, pois toda sua gente havia sido dizimada. Ele era um lobisomem, como alguns dessa tribo onde estamos.
— Há lobisomens aqui? — perguntou apavorada para Sue.
— Sim, o ancião foi um e o atual chefe também. Eles não se transformam mais por causa do veneno que tomam, a vida deles teve de ser sacrificada para que isso que eles considerem "um mal", não continue. Eles não devem ter muito tempo e nem tiveram filhos. Se empenharam a descobrir mais coisas e com o passar dos anos, Billy e eu tivemos muitas informações dadas por eles. Eles sabiam sobre nós e vigiavam-nos por pensarem que seríamos da mesma espécie. Billy e eu nunca acreditamos nisso, pois já nos transformávamos há mais de sete gerações. Esse homem que lhes pediu abrigo transformou-se e fugiu para caçar. Essa era a noite que você estava conosco. Os Whitton acreditam que a única forma de acabar com isso, é matando a fera, e assim fizeram com aquele último lobisomem da antiga tribo desconhecida. Ainda naquela noite, Embry se transformou também. Foi um choque para todos nós, nunca esperaríamos que acontecesse com um de nós. Entretanto, os meninos correspondem à sétima geração e pelo o que sabemos agora, os homens lobos só se transformam na sua real figura, à sétima geração. — Sue chorava.
— Então todos estão condenados a...
— Não temos certeza, ... Parece que sim, mas o que nos espantou é que por ordem, Sam deveria ser o primeiro. Contudo, fazendo as contas somente a partir de Embry que de fato houveram as sétimas transformações. Então, teoricamente, Sam e Leah, estão fora.
— Mãe, antes de continuar... Ela deve saber mais de nossos dons.
— Tem mais? — Luan perguntou confusa, inerte e chocada.
— Tem. Nós podemos ouvir os pensamentos uns dos outros. Por isso temos essa ligação tão forte e somos como irmãos. A matilha defende um ao outro com a própria vida. Somos habilidosos, temos excelente visão, escutamos uns aos outros a distâncias longas e...
— Bem, isso explica um bocado. — interrompeu à Leah — Como a leve mudança de cor nos olhos de Seth agora há pouco e puxa...
— Pois é. O chefe Kwyto disse que um lobisomem pode ou não guardar suas memórias enquanto está transformado. Embry é um dos que podem. E segundo o chefe isso nunca aconteceu com nenhuma fera que ele tenha conhecido, nem mesmo com ele. E aí está mais uma dificuldade que enfrentamos. Pois, até onde um lobisomem é controlado se sua memória estiver preservada? Um lobisomem é capaz de matar em alto grau. Embry guardou você na memória dele e por isso temos protegido-a dele. Na primeira noite, na porta de sua casa, era o Embry que Jacob tentou impedir de avançar e não o outro lobisomem desconhecido. Ele sente seu cheiro a distâncias e vai atrás de você, como fez hoje. Ele não quer matá-la, mas a proximidade de um lobisomem com alguém ainda que ele nutra boas memórias é perigosíssimo.
— Acho que agora, eu estou começando a entender melhor... Apesar de achar que posso ser mentalmente interditada a qualquer instante.
— A estadia dele por essa tribo foi de muita ajuda, . Não teríamos sabido lidar se não fossem os Whitton.
— Ah claro, isso porque impedimos que ele morresse! — resmungou Leah contra o argumento da mãe, e percebeu a reprovação no olhar de Sue para a filha — Ah qual é mãe! Conta logo tudo, ela pode ficar doida e cair dura mesmo!
— A Leah veio com Sam trazê-lo para cá. Não deixaram que nenhum de nós ficasse aqui, mas a Leah se escondeu e como Sam não concordava em deixá-lo sozinho, ele permitiu que ela ficasse aqui. No meio da noite, Leah percebeu que pretendiam matar Embry e os impediu. Os Whitton acham que somos demônios e não há outra forma de cura a não ser matando o lobisomem. Mas, nós acreditamos que podemos controlar isso! E Embry tem se empenhado muito nisso!
— O que eles estavam fazendo lá fora Sue, quando eu cheguei e o porquê destas pinturas?
— Eles estão fazendo o ritual da grande Lua. Acreditam que essa fumaça e com as rezas que fazem, o Deus da Lua irá enganar o lobo-homem escondendo a lua.
— A lua os transforma? Como na mitologia?
— Não dá para saber até onde as histórias dos homens brancos são reais sobre esta “mitologia”. Mas, alguns pontos batem com o que temos vivido. Não é que a Lua os transforme, mas a energia dela de alguma forma ativa algo. Por isso é tão complicado controlar.
— E no que consiste a pintura que fizeram em Seth e em mim?
— A pintura de Seth é uma defesa espiritual para o provável lobisomem que há nele. Pintaram um Sol. O contrário da lua. E a sua pintura é uma defesa para o lobo que há dentro de Embry. Ainda que ele se lembre de você, ao se aproximar é como se você fosse um espírito ruim para ele. Ele se afastaria.
— E eu acho isso tudo uma bobagem arcaica. — Leah sussurrou para mim. — Se isso funcionasse, o chefe e o velho Whitton não teriam que sacrificar suas vidas com o tal veneno.
— Que veneno é esse Sue?
— Eu ainda não sei. Eles não contam. Só sei que é uma mistura de várias ervas que eles injetam diretamente na veia. Nós chamamos de veneno, eles chamam de antídoto.
— Há quanto tempo os Whitton fazem isso?
— Desde que o chefe se transformou aos seus quinze anos. O velho índio foi o primeiro, mas tanto ele quanto a tribo, nada sabiam a respeito. O ancião se isolava toda a vez que chegava a temporada da grande Lua. Ele serviu de estudo para a tribo, tem cortes por todo o corpo e só não o mataram, por medo de acontecer com outro deles. Eles acharam que era um castigo dos Deuses e tiveram medo de matá-lo. Como eu te disse, essa transformação só acontece de novo na sétima geração. Foi quando aconteceu com o chefe Kywoto, filho do cacique da sétima geração. Nessa época, depois do ancião ter sido objeto de estudos, eles já haviam descoberto esse veneno que isola as células mutativas aumentando o número de anticorpos que as combatem e destroem. É uma morte lenta... O chefe apenas se transformou uma vez, e não foi em lobisomem, foi em lobo, mas ainda assim o veneno não o impediu de aos vinte três anos tornar-se a grande fera. Daí eles perceberam que aplicar o veneno uma só vez, ainda na juventude do lobo, não bastava e passaram a drogar-se sempre.
— Mas se o velho índio foi o primeiro e único, porque o filho do cacique herdou a genética? Eles têm alguma ligação?
— Qualquer um deles pode se transformar, mesmo que os pais não se transformem. Assim como nós. Paul, por exemplo, não é filho de lobos, mas transforma-se em um. Está no sangue do clã , não no gene da pessoa.
— É místico. — Leah deu de ombros ao dizer, deixando ainda mais confusa sobre que tipo de misticismo Leah era cética e qual não. Sobre seu clã ela acreditava em tudo, mas era irônico que achasse a cultura dos Whitton uma “bobagem arcaica”.
— O que aquela anciã te disse Sue? Digo, antes de vir me pintar.
— Ela... Acha que há algo dentro de você que guarda o espírito de um lobo... Mas não sei se você deve acreditar nisso, querida.
— Seth disse que você pensa o mesmo.
— Não... Eu disse que você é parecida com nós, uma guerreira como nós. Foi um sentido metafórico.
— A minha pintura também consiste em me defender do meu suposto espírito lobo? — perguntou suspirando e encarando de novo apenas os braços pintados, agora que já estava coberta com suas roupas.
— Sim... Mas não se ligue a isso . Se você tivesse um espírito lobo nós já saberíamos.
— Eu não sei o que dizer...
— Fico abismada de você acreditar em nós. — disse Leah.
— Vocês se esquecem de que eu sou indígena também... Eu já ouvi sobre muitos mistérios dos meus antepassados Coxiponés.
Sue a encarou, curiosa.
— Numa outra ocasião... Eu adoraria saber também. — ela disse.
— Depois que eu me recuperar de tudo o que ouvi, e entender como esse capítulo vai acabar, Sue... — A terminou de beber seu chá enquanto mãe e filha se olhavam satisfeitas por terem contado a ela a verdade, até que se lembrou e perguntou-as: — Onde está o Quil?
— Ele acabou de chegar! — Bruh pronunciou entrando novamente ao quarto e com o semblante mais satisfeito. Estava verdadeiramente preocupada com o irmão, por isso o mau humor.
— Ele precisava distrair Embry até amanhecer. — Emily falou assim que Bruh saiu novamente porta à fora.
olhou pela entrada da tenda, e o Sol da alvorada surgia fraco pela luz de um novo amanhecer. Nem percebeu que a madrugada lhe passara tão rapidamente desde que saíra da casa dos Vincent. Queria sair, mas por recomendação, tivera que continuar dentro da tenda até que alguém dissesse que ela poderia sair.
— Vamos te deixar descansar um pouco.
Sue, Emily e Leah saíram deixando-a. observou que na tenda não havia onde se deitar, mas um grande toco de madeira em formato de um banco rústico e não esculpido estava ali, como se fosse uma espécie de descanso. não sentia sono, estava com muitos pensamentos confusos à mente, então deitou-se no toco, com um pé fora dele e o outro em cima, escondeu seus olhos com o antebraço e sibilou para si:
— Como eu fui me envolver com isso tudo e por que eu? O que aquela maluca da Swan fez enquanto esteve aqui e porque ela desapareceu?
O som de passos firmes e um cheiro conhecido de suor amadeirado surgiu e tirou o braço dos olhos, se ergueu rapidamente sentando e viu a figura de Jacob parado em pé na entrada da tenda, a encarando com ansiedade.
— Loba! — Urgente, Jacob caminhou até a amiga e se agachando em sua frente a analisou. Viu que ela estava bem e sorriu, mas não podia esconder o quanto estava cansado.
— Black! Que droga, Black! Como você está? — encarou o homem abaixado em sua frente e tomada por uma súbita preocupação sentiu vontade de o abraçar. Não se contendo, ela o abraçou o mais forte que podia.
nunca tinha abraçado Black daquele jeito, mas era tão forte a sua felicidade e alívio em vê-lo bem, assim como era tão grande o seu medo de que o alto desespero interior que ela escondia se transparecesse. E transpareceu.
— Acabou... Acabou ... Foi a última noite confusa do Embry. — Jacob afagava os cabelos dela, dentro daquele abraço, enquanto lágrimas repentinas jorravam dos olhos de em direção aos grandes ombros de Black.
— Como ele está? Onde você esteve, Black?
— Ele está bem, cansado e um pouco machucado... Eu tive de caprichar em algumas mordidas... — Jacob riu sem graça. — Suponho que já tenha escutado tudo, certo?
— Vocês tiveram que brigar?
— Somente lá em Seattle quando Quil e Seth foram te pegar, eu tive que dar cobertura e Embry estava bem disposto...
— Como foi isso?
— Esquece isso... Me diz, como você está? Não deve ter sido fácil ouvir a Sue, não é?
— Acho que eu estou bem, embora me sinta meio louca. Eu não estou num transe não é? Ou em coma e sonhando com tudo isso?
— Bebeu algum chá? — Jacob brincou.
— Seria uma boa justificativa para tudo isso, parece mesmo que estou alucinando. E o que mais me assusta é que eu sinto que é verdade, acho que acredito, Black.
— Ainda acha que somos uma boa companhia depois dessa noite?
— Eu sou uma de vocês agora... Não sou?
— É sim... Esse é o preço por se envolver demais conosco... Nunca dá para esconder por muito tempo quando se aproximam demais. — os dois riram de modo contido enquanto seus olhos esmiuçavam o semblante um do outro, profundamente. — Gostei da maquiagem! — Jacob disse zombando da pintura no corpo de que bateu em seu ombro. — Ei! É sério! É linda... A pintura...
Black se levantou estendendo a mão para que ela se levantasse também. Assim que ficaram em pé e de frente um com o outro, mais uma vez, foi o momento de Jacob a abraçar apertado. correspondeu também com força, mas ele gemeu de dor. As costelas dele estavam machucadas.
— O que houve?
— Não se preocupe, vamos. O dia amanheceu e...
— Anda, Black! Me deixe ver!
insistiu se afastando, e contrariado Black ergueu sua camisa possibilitando-a ver o ferimento. Uma imensa marca de mordida. Dentes cravados em sua pele na altura de suas costelas, porém, não sangrava mais.
— Você... Você tem que tratar esse ferimento Black! — ela advertiu, nervosa.
— Eu sei, eu sei! Está tudo bem, não foi nada grave... Estamos acostumados a isso. Eu só queria te ver primeiro. Lobinha. — Jacob a encarou com ternura passando uma das mechas do cabelo dela para trás da orelha. — Agora, vamos sair dessa tenda.
Os dois seguiram para fora da barraca e a tribo estava tranquila. Nem parecia que estavam realizando rituais num grande círculo de indígenas proferindo preces baixas, com aquela fogueira alta, apesar de mesmo apagada, ainda ser possível ver o resto da fumaça subindo até os céus, e os índios que participavam do ritual dirigiam-se às suas cabanas. As mulheres começavam a sair dos seus esconderijos e retomar suas rotinas. As crianças acordavam saindo para brincar. Billy e Sue conversavam com os precursores da sabedoria daquele povo a cerca dos lobos-homens. E Seth, se afastando de Emy que estava na porta de uma cabana, se aproximou de e Black.
— Bela obra de arte! — abraçou a amiga elogiando a pintura em seu corpo assim como Black havia feito, e os três sorriram — Ei Jake, vá cuidar disso.
olhou de Seth para Black entendendo que o mais novo falava do ferimento e os dois pareciam trocar informações sem nada dizer.
— Ele tem razão! Onde podemos fazer o curativo?
— Uow! Jacob te deixou ver uma ferida dele? — Seth encarou surpreso e olhou para Jake de forma brincalhona — Sabe , talvez você devesse cuidar desse curativo. Isso doeu bastante, e o Jake está fingindo-se de durão.
— Seth, estou exausto. Não me provoca, dê um tempo! — Black deu um peteleco na testa do mais novo, e se aproximou beijando a testa de que ainda estava abraçada ao amigo mais novo — Você, descanse.
Black deu as costas a eles e se encaminhou para a cabana onde Emy estava à porta.
— Lu, sobre o Embry, você quer vê-lo? — Seth perguntou.
— Eu posso?
— Vamos, ele está arrasado por você... No caso, pela razão que te envolveu nisso tudo...
Os dois foram atrás de Black e entraram na cabana maior onde estava o Quil cuidando de alguns ferimentos, abraçado à sua irmã; Paul tomava uma sopa conversando com Emily e Sam e finalmente Leah estava fazendo os curativos em Embry, que se mantinha cabisbaixo ainda deitado em uma maca improvisada. Jacob estava sentando-se em uma maca perto de Paul e tirou sua camisa.
— Caramba Jake, nunca vimos alguém te morder assim! — Paul falou para o amigo, e mesmo que tivesse sido baixo, deu para os outros escutarem.
Assim que Bruh percebeu a presença de Black caminhou-se até ele para tentar cuidar de seus ferimentos, ignorando o irmão. Uma pequena discussão baixinha iniciou-se entre Jacob, Bruh e, entre Quil e Bruh. Sam revirou os olhos pelo comportamento de Bruh, Emily ria da insistência da mais nova, e Paul acenou amigável para , que ainda estava ao lado de Seth. Ela observava a presença de todos, como se estivesse num campo de batalha, sentiu-se um pouco culpada por aquilo. Seth lhe abraçou e a encorajou a se aproximar mais de Embry e Leah.
— Você é incrível, não faz essa cara de culpada... — Seth sussurrou para ela sorrindo.
— Não... Vocês é que são incríveis... Olha o que vocês fizeram... — o respondeu sem saber ao certo se aquilo tudo era fascinante ou aterrorizante.
Leah e Embry que já haviam notado a chegada de e Seth à cabana, estavam em silêncio, um pouco apreensivos em como seria a interação entre eles. Embry tinha os olhos marejados de arrependimento, culpa e preocupação por e antes da chegada dela, Leah tentava convencê-lo de que estava tudo certo com a não-quileute.
— Vê Embry? Ela está bem! — Leah disse tentando confortá-lo de novo, assim que a mulher se aproximou dos dois.
— Não por minha causa, é óbvio.
e os irmãos Clearwater encararam-se e Seth puxou Leah para que os outros dois ficassem a sós.
— Eu fiquei muito preocupada com você, Embry... Como você está? Está muito ferido?
— Você é muito gentil... Mas deveria se preocupar em estar perto de mim, . Eu sou a razão para tudo isso estar acontecendo!
— Eu nunca irei me afastar de nenhum de vocês, Embry! Não importa o quão difícil possa ser... Eu queria ser e sou uma de vocês! É como me sinto, assim como a Emily...
— Se não fosse por Jacob, Paul, Sam e Seth... Você não estaria aqui, ... Eu me tornei... Um monstro.
— Não! Não! Pelo o que eu sei ninguém sabe o que você teria feito comigo! Você me guarda em suas boas memórias e isso não significa que você me faria mal.
— Quando se é um monstro de mais de dois metros o mal sempre acontece, mesmo que não seja intencional.
— Embry... Para de falar assim, tá? Eu te amo e nada vai me afastar de você. A não ser que você não queira mais ser meu amigo.
— Não é questão de querer... Eu não posso mais ser.
— Essa noite depois de descobrir tudo, eu juntei algumas peças soltas e... Emily... A cicatriz dela, não foi um urso não é? Foi o Sam.
— Sim.
— Eles se casaram e estão juntos apesar disso.
— Mas você não sabe dos sentimentos dele... Não é como se Sam pudesse ignorar o que sente pela Emy e ela por ele...
— Exato, eles se amam! Sem dúvidas Sam tem medo e fica vigiando para que não a faça nenhum mal, mas o amor dos dois é muito maior, Embry. Apesar de nós dois não termos este tipo de sentimento, nessa intensidade um pelo outro, não é como se...
— Ela é o imprinting dele, . É muito diferente. — Embry a interrompeu, calmo e com ar de mais sabedoria do que ela e até mesmo do que o seu “antigo eu”.
— Imprinting?
— Não te contaram?
— São muitas coisas a se saber, e pelo visto...
— Imprinting é algo como... O grande amor da vida de um lobo. Nenhum outro lobo pode fazer mal a pessoa de um imprinting, porque é como atingir o próprio lobo. Sam vive por Emily, não mais por ele.
— Todos os lobos têm isso?
— Em algum momento de nossas vidas acontece, nunca é igual e não tem um tempo definido. Acontece de repente. Lembra que eu te disse que o amor acontece de imediato pelo menos para nós quileutes? E você não é meu imprinting , o que significa que eu não sei até onde eu posso segurar meu ímpeto violento... Nem mesmo Sam conseguiu em determinada vez... — Embry disse e os dois olharam para Sam e Emily que conversavam ainda com Paul.
— Você também me disse recentemente: "Quero que se recorde do Embry que você conheceu... Quero ver você feliz". Recorda-se disso, Call?
— Sim, e quero mesmo que você seja feliz. Eu não sou mais o Embry Call que você conheceu na praia...
— Para mim, sempre será.
— Eu tenho medo do que eu possa te fazer ...
— Eu também. Não vou mentir! Mas eu acredito muito no seu coração, nos seus sentimentos e sei que você é muito mais forte do que tudo isso. Você sempre soube controlar seus instintos, não é? Então ainda que essa tribo Whitton diga o contrário, não é porque você se tornou um lobo maior e mais poderoso que signifique que você não se conheça.
Embry sorriu do tom de elogio usado pela que fazia parecer que ser um “lobo maior e mais poderoso” fosse algo bom. Ele a abraçou sincero e aliviado. sabia que ele precisava ouvir aquilo dela. Não era a transformação que o assustava ou que o revoltava, mas sim as pessoas nas quais ele teria que se afastar, e as limitações novas que teria de impor. Mas agora ele sabia, assim como ela e todos os quileutes pensavam que poderia ser apenas uma questão de tempo para Embry ter novamente o controle em suas mãos.
— Embry... Você também me disse que não entendia nada antes, mas que agora entende tudo, que eu não vim para a vida de vocês à toa. Que eu sou a chave de tudo... O que você quis dizer?
— Esses tempos na reserva Whitton me ajudaram bastante. Ajudaram a ver que você tem um papel fundamental entre nós. , eu não teria me transformado se não fosse você.
— Claro que teria... Sue me explicou.
— Sim, o que eu quero dizer é que eu não teria me transformado por agora. É algo ligado às sensações, à energia que você trouxe...
— Então eu sou culpada?
— Não! Nada a ver! Você entendeu mal... É complicado. Como muitas coisas que estão para vir, você descobrirá aos poucos. É algo da sua alma. E não se esqueça: eu também disse que eu quero, preciso e vou te proteger. Sempre.
e Embry se abraçaram sobre os olhares de Jacob, que estava realmente feliz por eles estarem bem após tantos acontecimentos confusos. estava realmente aceitando tudo de uma maneira muito melhor do que o imaginado.
— Agora entendo a primeira piada que você fez quando eu te conheci, Call...
— Não me lembro...
— "Sou um excelente cão de guarda!".
Quando respondeu, não apenas ela e Embry caíram na gargalhada como os demais presentes que acabaram escutando aquilo. Bruh era a única que não esboçava nenhuma reação, a não ser olhar para Jacob encarando a figura dele risonha a observar de um jeito diferente.
Com exceção de Embry que precisou ficar sob os cuidados do povo Whitton e Leah que Lia ficou com ele, porque ainda não confiava em deixá-lo sozinho, todos os outros retornaram para a reserva quileute naquele mesmo dia.
Depois de algumas semanas, Embry estava mais confiante consigo e sua capacidade de autocontrole, o que dava esperanças ao clã inteiro. Os meninos treinavam com ele e o treinamento também era útil para toda a matilha, afinal, todos poderiam estar predestinados àquilo.
E após a descoberta de algumas coisas começaram a ser esclarecidas. Como o dia em que Jacob a levando para casa, no exato dia do lobisomem solto na mata; Charlie parou a viatura no caminho para falar com Black. Charlie, sempre soubera dos lobos, afinal ele estava noivo de Sue, então fazia sentido que algumas coisas ficassem “ocultadas” pela autoridade local. Seria por isso que ele não tomava atitudes deixando Erick cada vez mais intrigado com os quileutes? E se Erick descobrisse?
ainda queria algumas respostas, mesmo passando-se algumas semanas, tudo o que eles lhe haviam contado ficava martelando em sua cabeça. E Bella... A figura da amiga fazia menos sentido ainda agora. Será que a Swan sabia daquilo tudo quando este por lá? Quando seu carro adentrou à reserva ela estava vazia, silenciosa de um modo incomum. estacionou o carro e desceu observando ao redor cautelosa. O Sol, surgia de forma tímida e habitual entre as copas das árvores, e ela caminhou até o galpão de Black em busca de alguém. Acabou encontrando ao Jacob sem camisa, com uma bermuda rasgada, e descalço. Estava sujo de graxa e mexia em uma moto. pegou uma pedra do chão e bateu na imensa porta do galpão, surtindo um inútil som oco que ele obviamente não ouviu.
— Black? — Ela chamou seu nome, entrando e o homem escutando, se virou para abrindo um sorriso largo e limpando as mãos em algumas estopas ao chão.
Aquilo era algo que notou e se felicitava: Black aprendera novamente a sorrir já fazia algum tempo. Mas ainda não era o sorriso descrito por Bella em seus e-mails. Não era o sorriso que a própria esperava e imaginava ser digno dele. Entretanto, era um sorriso que só quando ele encontrava-se com ela, esboçava.
— ! — Jacob parou o que estava fazendo indo até a mulher e ela tentou o abraçar, no entanto ele a evitou: — Não! Eu estou todo sujo!
— Não me prive disso, por favor. — pediu ignorando o afastamento dele, e se jogando com precisão a um abraço nele.
Quando se soltaram do breve abraço, ele fez um dos seus gestos que era o favorito da : olhou para baixo rindo e bufando pelo nariz, depois olhou para o lado direito como se pensasse em algo que pensava se falaria ou não, em seguida a encarava fixamente gesticulando com os lábios um tímido formar de palavras ou sussurros. Jacob fazia isso constantemente, como trejeitos de homem tímido. E aquela era uma das imagens que gostava de ficar repassando em sua mente, sempre que Jacob lhe vinha em pensamentos... Aos poucos ela ia percebendo e se dando conta do quanto conseguia enxergar mentalmente, cada milímetro de Jacob.
Então, as palavras gesticuladas em mímica por ele, ganharam voz:
— Por que ?
— Por quê? Por que o que?
— Por que pediu para eu não te impedir de me abraçar?
— Porque... Não sei Black, mas... Faz bem para mim. Eu gosto. Acho que depois de tanto tempo sem um olhar sincero teu... Agora que somos amigos qualquer toque é um troféu.
E os olhos dele arregalaram tentando manter alguma discrição.
— Entendo... Veio nos visitar?
— Também.
— Também?
— Tenho alguns assuntos pendentes dentro de mim e que precisam ser desabafados... Mas antes... Essa moto é aquela que eu vi na reserva Whitton?
perguntou se aproximando um pouco mais da motocicleta e a encarando com admiração.
— É! Ela mesma! Não está linda?
— Você faz um trabalho realmente magnífico! Ela parece tão mais nova...
— Não era para tê-la levado, mas na emergência... Esta semana eu dei uma polida nela e ajeitei a pintura também... Falta apenas trocar os pneus, que espero conseguir fazer em breve.
— Conseguiu convencer Sue a te deixar dar ela ao Seth?
— Ãn... Ainda não. E acho que vai demorar um pouco mais para que ela mude de ideia.
— Do jeito que o vi dirigir ela está certíssima. — disse em tom de piada, e riu acompanhada de um sorriso de Black.
— Ele se empolga às vezes, é verdade... Mas eu nunca vi Seth cometer nenhum erro em cima de uma moto ou em um volante. Ele é muito bom em pilotar.
— E porque está reformando-a se ainda não vai pertencer ao nosso garoto? Algum motivo especial? — disse analisando a moto e andando em volta dela com as mãos no bolso.
— Não... — Black começou a rir alto.
— O que foi? Eu disse algo errado?
— É que vendo você assim nessa pose e toda interessada... Até parece uma motoqueira rebelde com esses jeans rasgados e tênis.
— E quem disse que eu não posso ser uma motoqueira rebelde?
— Nossa... — ele disse aproximando e se encostando ao banco da moto de frente para ela, a encarando com fulgor e curiosidade: — Agora eu fiquei curioso!
devolveu o olhar intenso, deixando a mente de Black vagar um pouco pela informação de que ela poderia pilotar enquanto seus olhos prescrutavam o corpo dela, assim como os olhos dela, mapeavam as expressões dele. Depois de alguns segundos em silêncio, com aquela atmosfera palpável de “tensão e química” entre eles, riu e desconversou:
— E então Black, você pode parar um pouco o que está fazendo para conversarmos?
— Claro! Vamos para a minha casa. — Black cobriu a moto, reuniu as coisas que utilizava, como algumas ferramentas, e os dois saíram do galpão, depois que ele lavou as mãos e enxugou-as em uma toalha surrada que havia ali, porém, limpa.
— Onde estão todos?
— Eu não sei... Estavam todos aí mais cedo, antes de eu vir mexer na moto. Tentou olhar nas cabanas?
— Não vi ninguém quando cheguei, também fui direto ao galpão.
Black olhou em volta vendo todas as cabanas fechadas, quando chegaram na clareira do pátio.
— Ah! Lembrei! Foram todos à festa de aniversário do primo de Quil.
— Ah... E por que você não foi?
— Não temos muito contato. — Jacob abria a porta de sua cabana a convidando para entrar.
— Billy também foi?
— Não, ele foi pescar. Meu pai não é muito social. — ele disse rindo.
— Percebi. Igual a você. — Jacob direcionou um olhar óbvio e jocoso para enquanto os dois entravam pelos cômodos da cabana — Vem, pode entrar.
Black abriu a porta de seu quarto, mas ficou parada ao batente da porta, e ele percebeu, estranhando.
— Não vai entrar?
— Não. Estou bem aqui, posso te esperar na sala também, se preferir.
estava um pouco sem graça com a intimidade entre eles, depois de saber todas as coisas dos quileutes e descobrir que Jacob vinha dormindo na porta de sua casa. Sem falar que aquele abraço na tenda da reserva Whitton foi diferente. Ainda mais aconchegante do que todos os outros poucos que eles tiveram nos últimos tempos.
— Você dormiu aqui na minha cama não faz muito tempo. — Ele provocou rindo e se sentando na cama: — Ou já se esqueceu?
— Nem um pouco.
Black sorriu satisfeito com a resposta dela, e deu de ombros. Sentou-se ao lado dele, e Jacob sorriu apertando a bochecha dela, como se a achasse ingênua. Se levantou e caminhou até seu guarda-roupas. Tirou a camisa que estava manchada de graxa e a deixou recostada à cadeira, desviou o olhar sentindo-se enrubescer e Jacob puxou uma camisa limpa para vestir. Enquanto se vestia, ela espiou seus músculos das costas se movimentando e mordeu os lábios um tanto atrevida. Sacudiu a cabeça para afastar qualquer ideia errada que lhe surgisse e cessou o pequeno silêncio:
— Por que vocês não se dão bem? Você e o primo do Quil?
— Besteira dele.
— Que tipo de besteira? — Ela perguntou, e então Jacob tirou as calças ficando apenas de boxer fazendo com que se remexesse incomodada a desviar o olhar mais uma vez.
Black virou-se para a responder e notou que ela estava tímida com ele, e sendo uma cena fofa e rara, decidiu tirar sarro de :
— Você se incomoda que eu fique apenas de cueca?
— É a sua casa, não é? Finja que eu não estou aqui... — ela disse tentanto fugir da provocação, mas quando notou o sorrisinho e a sobrancelha arqueada de Jacob, ela bufou ao responder: — Pare de gracinhas! Apenas me responda e vista logo uma bermuda! Que tipos de besteiras, Black?
Jacob riu obedecendo as ordens dela e suspirou ao ter que falar daquele assunto que o irritava: Bruh Ateara.
— , você já deve ter percebido que a Bruh é um problema constante que eu tenho não é? O primo dela me odeia por isso.
— Ah... Mas a Bruh ainda é muito nova e ela te admira, eu já te disse isso.
— Não. Ela imagina coisas. E eu também já te disse isso.
— Que tipo de coisas?
se levantou andando pelo quarto dele até a janela e se apoiando nela. Ele estava de costas e então, caminhou até ela com um olhar estranho depois de ouvir a sua última pergunta. Se aproximou parando a centímetros de , e ela se conteve em não reagir de modo estranho, apenas encarando os olhos castanhos amendoados dele, tão perto do seu rosto.
— O que está fazendo?
— O que você sente quando ficamos perto assim, ? — sua voz carregava um tom sério tal como o seu semblante que analisava de forma sensual o rosto atônito da mulher.
— Black... Ah... Eu não sei. — mentiu, mas sabia o que sentia: turbilhões no estômago, mas ela não arriscaria dizer nada.
— Quando a Bruh faz isso comigo... Eu sinto raiva. Não sei por quê, mas eu não gosto da ideia de tê-la tão perto. — Jacob dizia imóvel, encarando os olhos de de modo invasivo e forte, quase como se ele pudesse enxergar a alma dela, e o quileute continuou: — Não é como quando ficamos assim, você e eu... Eu me sinto bem desse jeito e você?
— Acho que... Também me sinto bem... É estranho, na verdade o quanto me soa certo... — revelou sincera ainda controlando sua respiração e gestos.
Jacob sentiu-se eufórico com a resposta e sorriu tocando o rosto de , umedeceu os lábios e sem desfazer o contato visual com ela, encostou as testas e permaneceu em seu diálogo:
— E quando a Bruh faz isso... Me tocando tão perto, eu tenho vontade de afastá-la...
— E agora? E comigo? — perguntou de forma repentina, fechando os olhos arrependida por falar sem pensar. Mas, Jacob não respondeu a sua pergunta, apenas cheirou o pescoço dela devagar e delicado.
— Quando eu faço isso você não se sente... Invadida?
— Black... — Ela apenas sussurrava o nome dele, não conseguindo evitar as reações de abandono aos toques dele.
Ainda mais ousado e desejoso, Jacob uniu seu corpo ao dela, de um modo lento e preciso, passando seus braços na cintura de e subindo a cabeça do pescoço dela em direção à orelha, falou:
— Isso tudo não te faz pensar que eu vou beijá-la ou algo mais?
Ele perguntou pausadamente, mas nada respondeu. Seu coração batia frenético em um descompasso novo para a mulher.
— Esses tipos de coisas, ... São coisas que a Bruh costuma tentar fazer. — Jacob afastou brevemente seu corpo do dela, e os dois mantinham seus olahres sustentados um no outro. , enfraquecida, uniu forças para ficar de pé enquanto escutava Jacob encerrar o assunto e se afastar dela aos poucos: — E ela faz isso imaginando muitas coisas que eu não quero que aconteça... Mas até tenho medo .
— Medo?
— Quando se fecha o coração e a alma para o amor... Nos enfraquecemos por muito pouco... E a Bruh não tem limites em suas provocações e nem se importa se eu só a vejo como uma pirralha.
Jacob afastava-se de como se nada daquela cena tivesse acontecido da forma intensa como pareceu para ela, dando as costas e sorrindo se direcionou à porta avisando a ela: — Vou tomar um banho. Fique à vontade eu não demoro.
— Ba-banho? — perguntou confusa, baixinho e nem poderia ter respostas dele, já que Jacob havia saído tão efusivamente do quarto: — Isso é hora de dizer que vai tomar banho por acaso?
Sentindo-se abafada, tornou a se recostar à janela. Tirou seu casaco fino deixando o ombro à mostra, pois a camiseta que usava tinha alças finas. Ela refletiu no que Black dissera e compreendeu a mensagem. Há muito ele não se permitia amar e Bruh o provocava como ele fez comigo, por isso, Jacob tinha medo de cair em tentação de forma imprudente, e aquilo o fazia sentir cada vez mais raiva das atitudes da garota.
Ela olhou ao redor do quarto de Jacob e o cheiro dele estava em cada canto, o que não ajudava em nada no calor que ele a fizera sentir há poucos minutos, então saiu dali em direção à varanda. Novos banquinhos haviam sido feitos e ela observou mais uma vez, admirada pela delicadeza das mãos dele quando esculpia. “Mãos firmes, mas delicadas”, ela pensou sentindo ainda a sensação dos toques dele no quarto. Sacudiu a cabeça de novo e escorou-se no gradil da cabana, ficando ali de olhos fechados pensando no momento passado no quarto e ouvindo o chacoalhar das folhas na copa das árvores. Até que Black retornou chamando a sua atenção:
— Pensando em que, ?
— Em nada... Apenas escutando o farfalhar das folhas... Sente isso? Eu sinto como se o vento pudesse me tocar e como se as folhas me falassem coisas que eu não consigo entender. Eu sinto que estou em casa, aqui. E isso é tão estranho... — A mulher meditante, dizia tudo ainda de olhos fechados. Jacob tirou uma mecha do cabelo mal preso de , que caía no rosto dela e colocou-a atrás da orelha.
abriu os olhos sorrindo e deparando-se com um olhar admirado dele. Mas tanto as íris de Jacob como a dela, buscaram pela boca um do outro, e corou automaticamente dando a ele outro sinal de que havia provocado-a de uma forma um tanto perigosa para aquela amizade.
— Olha... Desculpe-me por aquilo ... Digo... A brincadeira no quarto agora há pouco...
— Tudo bem... Acho que eu consegui entender perfeitamente a sua analogia...
Black sorriu em perceber que ela não se ofendeu ou zangou. Na verdade, nem mesmo ele sabia o que estava fazendo com ela, mas sabia que se deixou levar e por muito pouco não cometeu algo que pudesse fazê-lo se arrepender. olhou para a mão dele, que segurava uma caneca de café, e dando-se conta de que não havia a entregue, Jacob lhe estendeu a bebida.
— Como você consegue tão rapidamente esculpir novas coisas?
— É uma terapia que faço quando estou nervoso ou quando muitas coisas estão me perturbando...
— Foi uma semana difícil de treinamentos com Embry e a alcatéia, não é?
— Sim, mas não foi isso que me incomodou. Tem muitas coisas me incomodando há algum tempo desde a transformação do Embry.
— Se quiser conversar sobre.
— Obrigado. E quando eu conseguir mais lenhas eu vou chamá-la para esculpir comigo, que tal?
— Eu vou adorar! — eles sorriram bebericando o café.
— Fale . Você disse que precisava desabafar, então vamos lá.
— Charlie sempre soube de tudo?
— Somente a partir de algum tempo depois que ele e Sue uniram-se.
— E aquele dia na estrada, quando você dormiu lá em casa... O que ele disse a você quando nos parou no caminho?
— Ele havia parado para me cumprimentar, mas eu aproveitei para alertá-lo sobre o lobo. O que mais você quer saber?
— Nossa... São tantas coisas... Bem, se lembra quando Embry e eu fomos à praia de La Push pela primeira vez?
— Não é como se eu pudesse esquecer aquele dia. — resmungou ele entredentes, encarando a floresta em sua frente com um sorrisinho provocador.
— Ei, eu ouvi. E entendi, tá? Mas... Por quê?
— Esquece... Apenas prossiga, eu lembro sim, o que é que tem?
— Tá, mas depois eu vou querer saber mais sobre isso...
— Bem depois. — ele riu e se fez curiosa.
— Por que você não achou boa ideia nós irmos até lá?
— Quem lhe disse isso?
— Ouvi vocês sussurrando.
— Que bela audição! Foi por causa do perigo. Esse foi o mesmo dia do ataque do lobo, e os Whitton já tinham nos avisado.
— E nesse mesmo dia, eu vi um vulto na janela e Sue disse que era o lobisomem, porém, pelo que percebi um lobisomem é bem maior do que um humano. E eu escutei apenas um urro. O seu urro quando desceu...
— Você insiste nessa ideia... O que mais seria se não fosse um lobisomem, ? — Jacob empertigou sua coluna argumentando de volta e sentindo-se um pouco incomodado pelo rumo daquela conversa.
— Tenho lido notícias antigas de Forks e não são os lobos os primeiros a serem acusados de assassinatos, principalmente no bairro onde moro. — Ao escutar o que ela disse, Jacob ficou estático e sério.
— Foi um lobisomem. Não precisa se confundir com essas lendas do povo da cidade. Muitos adolescentes inventam histórias e colocam na internet como forma de popularizar nosso condado.
— E porque a sua feição enojada ao perceber o vulto? Você não age daquele jeito diante de um lobo. Não subestime minha inteligência Black, olha onde eu já cheguei aqui...
encarou-o de forma desafiadora e esperta, como se tivesse o deixado numa sinuca de bico.
— , aonde você quer chegar?
— Eu não sei. O que falta a você me dizer?
— Nada.
— Está certo... Por enquanto acho que é só... Eu vou acabar arrancando mais verdades, se não for de você... De alguém. — sorriu de maneira superior, mesmo tentando amenizar o clima denso que ficou entre eles, e desencostou do cercado da varanda sacudindo a caneca e indo para dentro da cabana de forma sensual, embora ela não soubesse que aos olhos dele soaram sensuais os seus gestos e perguntou: — Posso ir lá pegar mais café?
— Claro.
Quando saiu, de modo esperto, se esgueirava na sala, cudiadosamente observando quais seriam as reações de Jacob. Ele pôs as mãos na cabeça como se estivesse aliviado de sair de alguma furada e ela notou que ainda estava a escondendo algo. Entrou na cozinha e serviu o café, ao retornar à sala, ela ouviu a voz de Bruh Ateara e de novo, se manteve escondida escutando.
— Jake! — A adolescente gritava.
— Já te falei que não é para me chamar assim. Está fazendo o quê aqui, Ateara?
— Eu soube na festa que você estava sozinho e dei um jeitinho de vir fazê-lo companhia.
— Não precisa. — Jacob respondeu arredio, e quando viu que ela se aproximava da varanda da cabana, Black se ergueu do apoio que seu corpo fazia no gradil da varanda, e olhou cuidadosamente de relance por cima de seu ombro.
— Como assim não precisa? Você é o meu alfa, e não deveria ficar sozinho... Se a alcateia não te respeita, eu te respeito como meu superior e como alfa... — Bruh se aproximou sedutoramente dele e, relembrando o que ocorreu no quarto e como Black se incomodava com aquilo, saiu do esconderijo e apareceu na varanda, ao lado de Jacob.
— Ah, a Bruh está aqui?
— O que ela faz aqui?
— Boa tarde para você também, Bruh! Estou bem, obrigada! — respondeu de forma jocosa, estendendo ao Black a outra caneca de café cheia.
— Jacob? — A Ateara insistiu, contrariada e ignorando a presença de . — O que ela faz aqui quando todos estão fora?
— Eu te disse não estou sozinho.
Bruh deu alguns passos para trás, encarando e começou a se sentir raivosa. Jacob rapidamente se pôs à frente da , pois como a menina ainda era nova com o controle da transformação ele temia que ela pudesse machucar .
— Vai para casa, Bruh! — Ele a falou firme, mantendo o corpo de atrás do seu e a mais nova respirava de forma descompassada e a raiva era expressa em cada gesto dela — Bruh! Anda logo! Se acalme e vai pra casa! Não me faça te punir!
A adolescente virou-se de repente para o caminho de volta à mata e saiu correndo para longe.
— Obrigada Black... Ela vai ficar bem?
— Tudo bem. Não se preocupe, ela vai dar um piti, mas vai ficar bem...
— Desculpa, eu não queria causar problemas para ela... — continuava encarando o lugar por onde a mais nova saiu, sentindo pena da garota.
Black, no entanto, tirou os olhos da mata, aliviado e encarou com um riso de zombaria sobre Bruh, ao dizer:
— Você precisa ficar mais tempo por aqui... Ela nunca se afastou tão rápido quando pedi.
— Você não é um pouco rude com ela, Black?
— Não. Sou muito compreensivo até... Ela é muito mimada, consegue ser pior do que a Leah foi com o Sam, e já sabe que a Leah é osso duro não é?
Os dois gargalharam e ficaram conversando várias coisas diferentes por algum tempo, até que Jacob chamou para andar na praia. Eles não pretendiam entrar na água, mas foi caminhando um pouco à frente de Black e só então ele notou a tatuagem que ela tinha atrás do ombro esquerdo.
— Por que será que eu não reparei nisso antes? — ele perguntou.
— Talvez porque eu nunca deixei exatamente à mostra? E quando eu estive de camisola naquela noite... Bem, estava escuro e...
— E você ficou com medo do lobo mau e já foi se enrolando nos lençóis. — Ironizou Black, fazendo parar de andar e dar um soquinho em seu braço — Mesmo assim, é estranho que eu não tenha notado.
— Estranho por quê? Você fica espiando meu corpo, é? — Ela brincou o deixando dessa vez, sem graça.
Jacob desconversou e pigarreou. Parou de caminhar e tocou no ombro dela, tateando as linhas da tatuagem observando melhor.
— Que oportuno... Um índio tatuado no ombro?
— É... Um Cheyenne. Dos meus antepassados.
— Por que de repente você surge tão perfeita em nosso caminho? — Black perguntou suspiroso, depois de se pôr ao lado de a encarando.
— Eu não sou perfeita Black...
— Tente me provar o contrário qualquer hora.
— Você é que não tem percebido, mas se analisar bem...
— Eu te analiso muito bem. — ele disse a interrompendo e se instaurou um silêncio enorme entre eles — E parece cada vez mais que você tem um propósito aqui, mas... Será que você pode me contar um pouco mais da sua história algum dia?
— Posso, não hoje. Está escurecendo e acho melhor eu ir.
— Já aviso que não vou desistir disso.
— Estamos quites, porque eu também não vou desistir de descobrir muitos mistérios que você tem, Jacob Black!
Jacob sorriu depois de fazer o gesto favorito dela: aquele de olhar para baixo, lados e gesticular palavras tímidas dessa vez, não pronunciadas.
— Vamos voltar! Eu deixei meu casaco no seu quarto...
Ainda mais cúmplices, um tanto mais amigos, e até mais íntimos, os dois subiram de volta à reserva conversando, sorrindo um para o outro e com uma aura cheia de outras intenções ainda não nomeadas. Black levou-a de novo até seu quarto, e quando se abaixou para pegar o casaco na cama dele, Jacob repetiu o ato e fez suas mãos se tocarem. Os dois sentiram um choque elétrico percorrer seus braços, e se empertigaram ao mesmo tempo. Black pegou o casaco das mãos dela, foi até as costas de , e silenciosos, eles apenas sentiam aquela atmosfera nova, aquele calor crescente entre si. fechou os olhos sentindo as mãos de Jacob passando por seus braços vestindo-lhe o casaco, até que os dois se encararam frente a frente.
— Obrigada.
— Não há de quê.
— Eu... Acho que já vou então...
— Antes...
Ele se aproximou devagar, mais uma vez, e tocou o rosto dela. Seus olhos se encaravam em expectativas, e Jacob, fechou os olhos rompendo o contato visual e a abraçou, afundando seu rosto na curvatura do pescoço de . Cheirou os cabelos dela e a apertava forte em seus braços.
— Você disse para eu não privá-la de me abraçar...
— Não mesmo... — respondeu também o abraçando.
Delicadamente, Black puxou mechas do cabelo de , e afastou do pesçoco nu dela, dando ali também outra fungada.
— Você tem um cheiro... Tão...
— Os cheiros guardam as memórias. Eu lembro. — Ela falou um pouco desconcertada e então ele riu jogando seu peso cada vez mais ao corpo dela, agora com um pouco menos de atmosfera sedutora.
— As melhores lembranças guardam os cheiros... É o contrário. — Ele ria de como quebrou o clima.
— Dá no mesmo.
Depois da resposta dela, os dois saíram e caminhou até seu carro, só então notaram que Bruh nem o percebeu estacionado à entrada da reserva debaixo de uma árvore, mesmo que ela tivesse surgido da região contrária.
— E aí, vai dormir na porta da minha casa hoje? — riu zombando ao perguntar sacana para Jacob.
— Não, mas quem sabe se você me convidar...
— Convite feito. E não precisa ser na porta.
Black fechou a porta de motorista por onde ela entrou e lançou a ela um riso sedutor, no mesmo momento em que ligou o som do carro, e os acordes de “The White Stripes - Seven Nation Army” começou a tocar.
— Ousada, motoqueira e rebelde? A que veio me ver hoje está brincando com fogo...
— Se eu tivesse medo de brincar com perigo, eu não me meteria com os lobos não é? Se decidir, bata na porta. Só vou ficar devendo o pote de ração dessa vez... — Ela zombou mordendo os lábios e dando partida da ignição.
— Engraçadinha... Não me provoque.
Jacob queria dar a ela outra resposta mais ousada, porém, sentia que as coisas estavam mudando rápido demais. Apenas se afastou acenando e viu que o carro dela acelerou com uma motorista de sorriso largo. voltou para casa radiante e se sentindo diferente de tudo o que ela já havia sentido desde que chegara a Forks. Naquela tarde, Jacob e ela, deram um salto de quinze andares na sua relação sempre tão... Enigmática.
Os trabalhos estavam cada vez mais agitados, e após a descoberta feita por sobre a planta encontrada na pescaria, ela dedicava seu tempo cada vez mais ao laboratório e à botânica. Em uma dessas tardes solitárias, a recebeu um lindo buquê de flores, porém, sem cartão ou identificação. alocou as flores em um jarro bonito e passou a contemplá-las todas as tardes se perguntando quem as teria enviado. Uma semana se passou, e ela dedicou-se cada vez mais aos seus estudos e ao planejamento da construção do laboratório, e não descobriu quem lhe endereçou as flores; porém, desconfiava, ou melhor, torcia para que fossem de Jacob.
Desde que Hernando e Julian fizeram a proposta naquele jantar, pensava no seu laboratório. Engajava-se em escolher e planejar da cor das paredes até a localização onde ficaria. Uma noite, estava a bióloga na sala desenhando um esboço do que ela desejava ser a planta da construção, quando observou uma sombra humana refletida no chão ao seu lado. Assustada, rapidamente olhou para trás, mas não havia ninguém dentro da casa. A mulher respirou fundo e encarou a porta, e por baixo dela, viu novamente, uma sombra. Alguém, aparentemente estava de fato em sua porta, e parecia disposto a entrar na casa a qualquer instante. Por sorte, o celular de estava em seu bolso e ela sacou-o já telefonando para Jacob. Ela estava morrendo de medo, e enquanto o aguardava chegar; foi atrás de algum objeto que permitisse que ela se defendesse. Todos os noticiários estranhos e misteriosos que havia lido sobre Forks e Kalil, passavam em sua mente e ela tinha cada vez mais raiva por ter comprado aquele casebre.
se manteve acuada dentro de casa, espreitando agachada ao sofá de sua sala por qualquer movimentação estranha. Quando Jacob chegou, a mulher escutou alguns rosnados altos. “Seria o Embry?”, pensou ela. Mas, logo tirou aquela hipótese de sua cabeça, afinal, ela poderia jurar que daquela vez, o vulto era de um humano. Não havia como ser Embry transformado. Black bateu na porta minutos depois, cerca de uns vinte minutos depois dos rosnados, e tudo já estava silencioso. Ainda assustada, caminhou até a porta para espiar quando ele bateu nela deixando-a mais apavorada.
— ! Abra, sou eu Jacob!
Assim que reconheceu a voz do quileute, abriu a porta com rapidez e se jogou contra o corpo forte e grande de Black. Tal como ela, Jacob também a abraçou de um modo protetor e angustiado, parecia preocupado em a proteger. Sem dúvida, não era Embry ali para deixar Jacob naquele estado.
— Quem era Jacob?
— Vamos! Suba e faça uma mala, vou te levar para a reserva!
— Por quê? Quem era Jacob?!
— Era uma... Um... Eu não posso lhe dizer agora. Vamos logo, porque eu estou sozinho, Sam me acompanhou com Paul, mas eles já não estão aqui.
— Qual o problema de você estar sozinho? É muito perigoso?
— ... Por favor, sem perguntas por enquanto.
Juntos, eles subiram ao quarto dela e Jacob a ajudou a preparar uma bagagem pequena, com algumas roupas, itens pessoais muito necessários, e claro, as pastas de trabalho da , e seus documentos. Mal a mulher chegou à reserva, notou que todos estavam aguardando a chegada deles. Pareciam recém-reunidos e ansiosos. Embry, entre todos eles, era o único que parecia não ter saído da reserva para a mata. Os outros estavam ofegantes, como se tivessem realizado uma ronda noturna. Ele se apressou a ir de encontro à , logo que ela desceu do carro e a puxou urgente em um abraço acolhedor.
— ! Como você está?
— Muito assustada. Não era você, não é? — Ela perguntou encarando o olhar aflito do amigo, que apenas acenou indicando em silêncio que não foi ele o motivo para algo ter aparecido em sua casa.
Sue dispôs-se a hospedar em sua cabana aquela noite, entretanto a filha mais velha a encarou levantando a sobrancelha de um modo cúmplice, e Billy compreendendo o que Leah estava evitando, disse para dormir em sua casa, afinal eram apenas Jacob e ele.
— Tudo bem por você? — perguntou ao Black, ainda um pouco sem graça após o último encontro deles.
— Claro, não é como se você não tivesse me colocado para dormir no chão antes. — Ele zombou tentando soar mais ameno.
Ao entrar em sua cabana, Black levou as malas dela para seu quarto e os dois se olharam um tanto divertidos pela ironia que estava sendo aquele “ir e vir” entre eles.
— Deja vú? — perguntou Black quando notou a garota paralisada em seu quarto encarando a cama dele.
— Deja vú. — ela afirmou sorrindo.
— Pode tomar um banho se quiser.
— Obrigada, mas já estou limpinha. Vou apenas trocar de roupa!
Ela sorriu e saiu em direção ao banheiro da casa, segurando uma muda de roupa que puxou de dentro da sua pequena mala, e retornando para o cômodo, viu que Jacob havia preparado a cama para ela se deitar e estava ajeitando suas coisas no chão.
— Black, de novo não! — se aproximou dele, tentando evitá-lo de forrar o edredom ao chão — Eu não posso concordar que você mais uma... — Jacob calou a mulher colocando a mão em sua boca de forma gentil.
— Eu jamais a deixaria dormir no chão. É anticavalheiro!
— Mas não é certo você dormir no chão! Eu posso dormir lá no sofá da sala!
— Está com fome? — Ele desconversou.
— Um pouco.
— Eu vou jogar uma água no corpo, mas fique à vontade na cozinha. — Jacob saiu e em seguida voltou advertindo a ela: — É sério, fique confortável para fazer o que quiser. Sem frescuras. Você é de casa.
A mulher sorriu agradecida e minutos depois estava na cozinha dos Black, tentando preparar uma pequena bandeja modesta, com algum lanche para dividir com ele. Encontrou a chaleira de Billy sobre o fogão, encheu-a de água, e notou que havia algumas latas de ervas para chá sobre o armário. escolheu camomila para que de alguma forma, seu susto e seus pensamentos se acalmassem, e pegou também algumas torradas prontas, que estavam no armário.
— Eu me sinto muito estranha de estar mexendo na cozinha do senhor Billy... — riu ao sussurrar para si, achando estar sozinha.
— Bobagem... Considere esta a sua casa. — Billy falou com sua voz tão trovejante quanto a do filho, a pegando de surpresa e fazendo a garota dar um pulinho, ele sorriu: — Te assustei?
— Um pouco. Eu ainda estou sob o efeito letárgico do medo.
— Bem, o que aconteceu antes de você chamar o Jacob?
— Tive uma sensação de estar sendo observada dentro da sala, mas não tinha ninguém dentro da casa comigo. Não teria como, eu havia trancado tudo e saberia se alguma movimentação tivesse acontecido do andar superior. Mas, quando olhei para a porta... Parecia mesmo haver alguém na varanda, Billy. Eu fiquei tão assustada que eu nem me lembrei de ligar para o Charlie que mora tão perto! Eu só... — sentiu a bochecha ruborizar um pouco ao se dar conta do que ia dizer ao mais velho, pigarreou e concluiu: — Eu só pensei no Jacob.
— Fez bem em chamá-lo. Foi melhor do que chamar ao Charlie.
— Quem ou o quê era, Billy? Por que Jacob não quis contar para mim?
— Tudo ao seu tempo. — Billy respondeu arredio e olhou para a bandeja e a chaleira.
— Desculpa, eu não jantei e o Jacob provavelmente está com fome. Ele disse que eu poderia vir e mexer na cozinha, então estou furtando parte do seu chá de camomila e torradas. Aceita? — justificou-se e riu fazendo Billy rir também.
— Eu aceito o chá, mas não precisa se desculpar. Me sinto feliz em ver você e o Jacob se dando cada vez melhor, ao ponto de cozinharem um pro outro.
— É, a gente... — deixou a frase murchar antes de suspirar — A gente tem se dado bem. Quero dizer... Eu não poderia negar a minha amizade, e um pouco das próprias torradas para um cara que vem dormindo na minha porta há meses, não é?
Billy deu uma gargalhada humorada.
— Brincadeira Billy... Eu sou muito grata ao carinho e cuidado de todos vocês, embora esteja descobrindo tantas coisas... Es... Estranhas, vai! Tudo bem se eu disser isso?
— Claro! Não esperamos que você nos achasse normais ou até mesmo acreditasse em nós de primeira, mas você acreditou e está lidando com tudo com muita consciência. É como se você também soubesse disso tudo dentro de você há muito tempo, não é? — assentiu silenciosa — E isso lhe torna muito mais especial, .
— Obrigada, Billy. Gosto de estar aqui, gosto de ser tratada como uma de vocês.
Ela confessou sincera, e um pouco tímida. Voltou a preparar a bandeja, e o velho Black se manteve em sua cadeira a olhando. Ele observava o quanto caía bem a figura da jovem ali, em sua cozinha, como uma filha que ele não tivera.
— Traga mais torradas, a alcateia está aguardando você e Jacob na varanda.
Ela concordou e viu que o anfitrião saía com sua cadeira de rodas silenciosa pelo assoalho da sua cabana. aumentou o chá e a quantidade de torradas e seguiu para varanda, onde os quileutes estavam reunidos, incluindo Sue. A matriarca Clearwater ajudou a dispor o lanche e as xícaras à duas banquetas de madeira.
— Não sei se o meu chá é tão bom quanto o de Billy, mas sirvam-se. Eu garanto que ao menos, ruim Não é.
Enquanto serviam-se, Leah e Embry mantinham-se próximos, calados e distantes de . E ela percebeu, assim como percebeu que Bruh Ateara também estava ali, pois agora, ela morava junto ao clã, naquele lado da reserva, na mesma cabana que Quil, Sam, Emily e Paul. Seth contou para , algum tempo depois, que Quil faria a própria cabana para que ele e a irmã, pudessem morar e tentaria trazer Paul também, já que Sam e Emily precisavam de mais privacidade. Estavam há muito tempo juntos, era hora de começarem a própria família.
— , Jacob falou que você queria nos contar um pouco mais da sua história. — Black sorriu travesso e divertido, assim que o pai o dedurou na frente de todos.
— Ah... É. Pois é Billy...
— E ele me disse que você tem um Cheyenne tatuado no ombro. — Seth completou a fofoca, porém, dessa vez recebendo um olhar de reprovação do Jacob.
— Ele é péssimo com segredos, foi você que me avisou, lembra-se Jacob? — comentou para Black, fazendo com que ele sorrisse junto a ela, e os dois sustentaram um olhar de cumplicidade. Não perceberam que estavam todos prestando atenção neles, até que olhou para Sue e viu como o restante escondia sorrisos e fingiam não notar que algo entre ela e Black estava diferente.
— Fofoqueiro, eu? — Seth desconversou para tirar o foco dos amigos — Bem, não fui eu quem viu a sua tatuagem e veio correndo me contar!
— Não saí correndo pra te contar nada! Você que veio me perguntar por que eu estava...
Black, irritado, quase confessou na frente de todo mundo, que numa tarde pensando em e suas similaridades com seu povo, ficou risonho a sós, ao ponto de Seth o perguntar “por que esse sorriso e essa cara de bobão?”.
— Sorrindo sozinho e com cara de bobo. — Seth o entregou, e Jacob o jogou um chinelo — Agora sim, eu fofoquei! Ele estava pensando em você, !
Jacob negou tímido para ela, e desviou o olhar não só dela, como de todos os outros. Bruh, não evitou a cara feia e levou um cutucão de seu irmão.
— Bem, fofocas ditas, sim Seth, eu tenho uma tatuagem de um cacique Cheyenne no meu ombro esquerdo.
— Podemos ver? — Quil perguntou.
assentiu e conferiu se estava de camiseta sem mangas por baixo do casaco de moletom, e estava. Ela puxou seu casaco pelo braço e afastou os cabelos soltos pra seu lado direito, deixando exposta a tatuagem delicada, do contorno traçado em um rosto. sentou-se de costas para o círculo de pessoas, para que todos pudessem ver sua tatuagem. Sue, um pouco surpresa, se levantou de seu banquinho e aproximou-se de , tocando ao desenho.
— É alguém em especial? — ela perguntou tendo os olhares cúmplices de Billy para ela.
— Este é meu avô. Lembram que eu contei que ele era um descendente de Cheyenne? Não tenho certeza disso também, porque eu não sei qual a tribo natural dele. Se era mesmo um Cheyenne ou se apenas conviveu com eles, mas era isso que a minha tia Pearl me contava.
— Seu... Avô? — Sue, repetiu quase em um sussurro encarando Billy com uma expressão ainda mais surpresa, ela estava assustada.
continuou a contar e foi a vez de Billy se aproximar para ver.
— Minha tia... Ela tinha este desenho dele... Contava que ele passou muito tempo em outra tribo. E foi nessa outra tribo que a tia Pearl nasceu, eles viveram ali até os cinco anos de idade dela, depois todos foram para o Brasil. E foi por isso que o meu pai nasceu lá... Dentre os coxiponés. Se lembram que eu havia contado sobre isso também?
— Sim. — assentiram uníssonos, Billy e Sue.
— Tia Pearl me dizia que, como ela era muito pequena, pediu uma recordação do rosto dele. Meu avô era bastante talentoso com desenhos, projeções, e o próprio fez um autoretrato que ele copiou de seu reflexo em um rio e entregou a ela. Muitos anos depois, minha tia levou a caricatura a um artista e pediu que ele a aprimorasse recriando a imagem em um quadro. E aí ela me deu a imagem da folha. Com dezoito anos eu fiz a tatuagem.
Enquanto escutavam, os quileutes mostravam-se atentos e curiosos, não só pela história da , mas pela reação estranha de Billy e Sue que pareciam ver algo totalmente inusitado diante de si.
— A Bella, desde que se mudou para Forks, não se comunicava muito comigo... Quer dizer, não diante das proporções que éramos uma para a outra, mas houve um tempo em que ela me mandava muitos e-mails contando sobre vocês. Ela dizia que depois que passou mais tempo aqui, lembrava-se de mim e do quanto La Push parecia ser “a minha cara”. Apesar de distante, apenas lendo eu sentia que alguma coisa realmente mágica existia entre vocês... Algo que me deixava ansiosa em conhecê-los. E bem... Nossa! Vocês são lobos e homens!
— Realmente ! Todos nos assustamos com a forma como você se encaixa nas nossas tradições. — pronunciou Quil.
— Como assim?
— Como se você fosse uma de nós, perdida por aí. — concluiu Paul.
— Acho que Bella acreditou que eu me interessaria muito em conhecê-los... E ela não errou.
— Pelo menos alguma coisa certa aquela garota tinha que fazer, não é? — Leah se pronunciou finalmente, após se manter em tanto silêncio, e fez com que os outros soltassem risinhos de deboche.
mais uma vez, sentiu que ainda precisava de respostas sobre a Swan. Será que Charlie a contaria agora que eles já tinham algum contato a mais?
— Você também havia dito sobre seu avô conviver em outra tribo... O que você sabe sobre isso ? — Leah perguntou como se escutasse Sue e Billy mentalmente.
— Não sei muita coisa... A tia Pearl... Engraçado, ela tinha um livro que... — retesou seu conto. Ela abriu a boca, pega pela surpresa e encarou a todos, com olhos esbugalhados.
— Que? — indagou Billy.
— Tia Pearl tinha um livro de histórias, lendas sobre homens que se tornavam cães gigantes. — ficou ansiosa ao se lembrar e começou a dizer um pouco mais urgente: — Minha nossa! Ela me contava algumas histórias antes de dormir! Agora eu... Me lembro um pouco do livro... Haviam desenhos... Tinha alguma coisa sobre uma profecia, mas... Droga, eu era muito pequena e não me recordo de mais nada.
— , sua tia te deu este livro? — Billy perguntou.
— Não. Das coisas que estão guardadas e que pertenceram a ela, o livro... Realmente nunca mais vi. Ela o escondeu de mim, eu acho. Eu não me lembro de vê-lo, desde os meus oito anos. Mas... Nas poucas vezes que conversamos sobre isso, tia Pearl me contou que essa tribo onde conviveu com o vovô até cinco anos de idade, era mágica. Tinha segredos que ela e o pai adoravam. Ela não entendia nada, mas quando cresceu e releu o livro de lendas que o próprio pai dela fez, compreendeu tudo. Ela dizia que vovô, de todos os lobos era o mais sensível... — abriu a boca chocada — Minha nossa...! Espera aí! Ela... Agora eu entendo... A tia Pearl não estava me contando fantasias, não é? Era a minha história! O meu avô não era só um Cheyenne. Agora eu entendo... Ele era um lobo! Eu achava que era uma forma de apelido de tribo, mas... Céus...
— se acalme. — Jacob se levantou, ansioso. Afinal, a aflição de era palpável entre todos eles. A mulher segurava os próprios cabelos com olhos arregalados encarando ao chão, como se em uma epifania descobrisse sua própria origem. Então, Black se aproximou de e a abraçou tentando a confortar: — Não fique nervosa, essas podem ser apenas coincidências...
— Billy há chance de o meu avô ser um quileute? — A mulher perguntou e até mesmo Bruh, que desprezava qualquer coisa sobre , estava atenta e extremamente curiosa pelo desfecho daquilo.
— Não sei afirmar, ... Este rosto...
— Faria sentido! — exclamou após notar que Billy e Sue se encaravam em silêncio como se quisessem chegar a alguma conclusão e contou um pouco mais: — Faria muito sentido com algumas coisas... Digo, não só as histórias que tia Pearl contava, quanto às manias que ela e o papai tinham. Meu pai, era um tanto... Esotérico. Ele e a tia Pearl, tinham um certo ar pajeísta, trejeitos muito próximos do que vi no Brasil entre os coxiponés, mas também muito próximos do que vi entre vocês. Essa coisa por exemplo, de vocês ficarem andando sem roupa por aí, num frio do cacete!
Os garotos riram divertidos da desbocada e um tanto ansiosa. Ela, em contrapartida, não prestava atenção em nada, apenas ia contando e narrando as coisas que vinham em sua mente, como se estivesse lendo-as em um livro.
— Eu sempre reclamei com a tia Pearl e com o papai do quanto eles não sentiam frio, e apesar de vivermos em uma cidade quente, algumas ocasiões eram estranhas para mim. Sem falar que... Agora me lembrei também de algumas tradições que os Coxiponés tiveram comigo quando meu pai me levou ao Brasil... O selo no meu umbigo, as pinturas na minha cabeça... Os Whitton também tiveram um ritual parecido. Será que aquilo tudo teria a ver com o meu avô ser um lobo? Meu pai era um lobo como meu avô? Eles seriam quileutes? Ou eles seriam alguma coisa parecida com o que vocês tem sido?
O silêncio geral, foi cortado apenas pelo suspiro pesaroso de Billy, que imediatamente perguntou, calmo, à Sue:
— Sue o que você acha? Você tem uma memória muito melhor do que a minha para feições... E me parece que reconhece este rosto, não é?
— É ele. Eu tenho quase certeza. — Sue afirmou, e se aproximando de novo de , a afastou do abraço de Jacob para olhar mais um pouco à tatuagem. A mulher passava as mãos no ombro da jovem absorvendo e observando meticulosa a cada detalhe do desenho. — Eu não esqueço o rosto dele. Satade Ratara.
— Satade Ratara. — Billy pronunciou o nome repetido por Sue, como uma sentença.
— Sim! Esse é o nome do meu avô, mas eu não acho que falei... — arregalou os olhos e começou a chorar emocionada.
— Você não contou, . Nós realmente conhecemos o seu avô. — Sue informou emocionada e acariciou o rosto de — Foi graças a ele, que eu aprendi muitas coisas, e inclusive entendi melhor porque eu... — Olhou para Seth e Leah — Me tornei o imprinting do pai de vocês.
— Ele conviveu conosco, . Satade não era um quileute, nem um Cheyenne. Não tenho certeza de qual era a tribo em que nasceu, mas ele era um nômade. Conhecemos o seu avô quando ainda éramos bem jovens, Sue e eu. A mãe dele era uma Cheyenne e o pai um Quileute.
— Uma Cheyenne, de nome Shauna chegou à nossa tribo, antes mesmo de Billy e eu nascermos e se apaixonou por Isaac Akira , um quileute. Akira era o alfa da tribo e partiu deixando-nos para viver com sua mulher na tribo Cheyenne...
— Akira? O lobo desertor é bisavô da ? — Sam e Jacob disseram surpresos. Aquela historia era repassada a cada alfa da tribo pra que nunca mais se repetisse.
— ... — Billy a informou rapidamente — Se não estivermos errados, você é mesmo bisneta do lobo traidor de nossa tribo. Como sabe, um alfa não pode abandonar a sua alcateia, a menos que tenha alguém para repassar o posto. Nós ficamos sem um líder por muitos anos, desde a partida de Akira. Foi o pior tempo de nossa tribo... A ausência do alfa nos coloca em... Vulnerabilidade, assim vamos dizer.
— Mas a Sue me disse que o Sam assumiu ser o alfa no lugar do Jacob, até que ele esivesse pronto. Por que não foi assim com este Akira?
— Porque não havia outro lobo líder... A cada geração quileute, nascem ao menos dois lobos fortes o suficiente para serem alfas, mas a liderança segue uma hierarquia sanguínea, depois dos Akira, a linhagem pertenceria aos Black, mas... a tribo aguardava o herdeiro de Efraim Black nascer para tomar o posto. Em nossa família, antes de mim, todos os alfa despertados eram do clã Akira. Algo como os nossos anciãos chamavam de “a maldição de Efraim”. Algumas gerações nasceriam sem o sangue do alfa, e passaram a vir em outro clã. Quando Isaac Akira partiu, nós caímos em muita desgraça, e acreditávamos que não haveria um Black alfa de novo, até que eu despertei.
— Billy manifestou sua transformação aos catorze anos. Foram treze anos de perdas entre nós, muitas baixas humanas em Forks, e uma década de nosso povo se escondendo dos... Perigos. — Sue contou — Mas, quando Billy retomou o poder do sangue dos Black, as coisas voltaram ao normal e nós quileutes nos reestabelecemos.
— Seu pai e eu fomos amigos, eu acho... — Billy informou para .
A garota tinha um vinco na testa assim como todos os outros.
— Shauna... Shauna Ratara? — perguntava a si mesma e Sue e Billy se entreolharam como se assentissem que poderia ser aquele o nome da Cheyenne da história que ouviam.
— Não temos certeza o nome da Cheyenne. Apenas sabemos que é Shauna.
— Papai contava, que a avó dele, se chamava Shauna Ratara. Mas, ele não se lembrava do nome do avô. E que seu pai, Satade Ratara, era um descendente de Cheyenne, que um dia, apaixonou-se por Serena Araybá... Uma indígena brasileira. A história de como meus avós se conheceram nunca me foi passada, mas... Eu sei que sou neta de Satade Ratara e Serena Araybá, e filha de Hana e John Mani Ratara.
pronunciou e quando Billy escutou o nome do pai dela, ele sorriu para Sue, que sorria ainda mais largo do que ele. Billy concluiu:
— É... eu conheci o seu pai. E conheci seu avô por um curto tempo. Depois dos Cheyenne do norte terem sido dizimados, Satade, filho de Akira retornou à tribo. Eu tinha quinze anos, e já respondia como alfa. Os anciãos do clã Ulley e Black, me treinavam, mas... Há muito não sabíamos exatamente como lídar com um alfa, então, eu vim aprendendo a ser um lobo líder, um tanto na prática. Até que Satade, surgiu e partilhou conosco, seus ensinamentos deixados por Akira. Apesar de não ser um alfa, Akira passou muitos segredos de clã ao filho. Seu avô surgiu quando já era um adulto, e seu pai era um pouco mais jovem que eu... A sua tia, ela...
— Uma bela jovem por quem Billy se apaixonou! — confessou Sue rindo — Claro, antes de conhecer a mãe de Jacob. Pearl... É verdade, houve uma jovem Pearl por aqui, que foi minha amiga no curto tempo em que conviveram conosco.
— Por fim, Satade ensinou muitas coisas a nós. Me ajudou a treinar, e seu pai participava dos treinos, e ensinou a jovem Pearl e Sue, sobre muitas plantas. Suponho que tudo o que você aprendeu, foi com sua tia, não é?
— Sim... Apesar do pouco tempo que tive com ele, papai me ensinou algumas coisas, mas foi a tia Pearl que me ensinou muito mais... Eu perdi minha mãe, no parto. Não a conheci.
— Sentimos muito. — Sue confortou.
— Bem, sobre seus parentes, eles conviveram conosco por pouco tempo. E partiram um dia, sem dizer para onde. Foi quando eu nunca mais vimos seu pai e sua tia. E nem mesmo o velho Ratara.
— Eu sabia que tinha algo em você... — Sue falou maravilhada, emocionada, e puxando para um abraço.
Os meninos riam da feliz coincidência.
— Isso explica muita coisa! Afinal, alguém tem mesmo um pé aqui! — dizia Quil divertido enquanto o rosto de Bruh ficava avermelhado e raivoso.
— Pois é! Agora sabemos a razão de nos sentirmos tão íntimos por você quando a conhecemos . — Paul abraçou a mulher como se lhe desse às boas vindas.
— Eu sempre soube que era uma de nós! — Seth sorria alegre.
— Cala a boca Seth. Quem sempre disse isso é a Sue! — Sam bateu na cabeça de Seth.
— E eu sempre concordei! Até já tinha dito à não é, ?
— É verdade, o Seth já dizia que eu tinha alguma coisa quileute... Mas, acho que não só ele, como Sue e Jacob sentiram também. Na verdade, eu sempre me senti ligada a vocês. E isso tudo faz muito sentido agora...
— Estou curioso com uma coisa... Qual é o seu nome paterno? — Jacob do nada abordou uma pergunta que naquele instante, não soou ter nexo algum para .
— Mani . Por quê?
— Por que nunca se apresenta pelo nome do seu pai?
— Tenho muito orgulho do nome dele, não pense o contrário! Não há um motivo, desde a escola sempre fui apresentada por .
— Lembra que eu procurava um nome para só eu chamá-la? — Jacob falou a encarando profundamente nos olhos com um sorriso admirado, o que deixou a mulher constrangida pela atitude e pela intimidade que ele demonstrava com ela diante os olhares de todos.
— Lembro Black... O que isso tem a ver?
— Mani. — ele sorria de um jeito diferente de todos os que já tinha mostrado até ali, para ela ou na frente dos outros — Minha Mani.
sorriu enviesado, um tanto acanhada e surpreendida. Não sabia o que era, mas alguma coisa boa estava acontecendo entre eles. Jacob segurava as mãos de , ambos sem saber dizer desde que momento, e aquele toque, o sorriso e olhares um do outro, apenas fortaleciam as borboletas que faziam revoada no estômago dela. Não puderam ficar muito tempo se deliciando com a surpresa que eram as novas sensações, porque Paul e Seth, gozadores, começaram a soltar uivos salientes de zombaria. Atraindo não só a atenção dos atores principais da cena, como os risos de todo o público restante.
— Lobos no cio... — brincou olhando sacana para Seth e Paul, zombando-os de volta.
— Ela sabe ofender! — brincou Paul surpreso.
— Você não sabe de nada! — retrucou Jacob explorando cada vez mais, olhares maldosos e piadas.
E de repente, entre os muitos risos e euforia de todos, Sam surgiu transformado à frente de , rosnando a defendendo. E à frente dele, havia outro lobo em pronto ataque. correu os olhos em volta e estavam em guarda para se transformar caso fosse preciso: Seth, Quil, Leah, Paul e ao seu lado Jacob, com o braço à frente do seu corpo também a protegendo. Billy impedia Embry de tentar aquele esforço. pensou um pouco encarando a cena e percebeu o que havia ocorrido: Sam estava protegendo ela, de Bruh. A loba negra à frente de Sam, parecida com ele, era Bruh Ateara. A menina tinha problemas em controlar a raiva e depois do que aconteceu entre Jacob e , já era de se esperar que a intensidade do ciúme fosse a descontrolar. Embry tomou pela mão a guiando para dentro da cabana de Black.
— Fique aqui. Eu vou lá ver como está a situação.
— Espera Embry!
— O que foi? Você está bem?
— Sim, mas fica aqui. Eu... Quero conversar com você.
— Sobre o quê? — Embry ficou um pouco incomodado com o pedido.
— Você e a Leah, estão me evitando desde que cheguei. O que aconteceu?
— Impressão...
— Não adianta mentir Embry. — o interrompeu.
— Você quer mesmo falar disso agora?
— Eu não pedi para conversar depois, pedi?
— Senta aí. — Embry por fim, olhou para ela como se não quisesse que aquele momento chegasse: — Eu preferia que Leah estivesse conosco...
— Não Embry. Se for preciso ela fala comigo depois. — Impaciente, estava sendo um tanto direta: — Olha desculpe, mas não faça rodeios, tudo bem? Você sabe que gosto das coisas bem claras.
— Você se lembra de quando estávamos na reserva Whitton e conversamos na tenda?
— Claro que sim.
— Lembra quando te contei sobre o imprinting de um lobo?
Imediatamente surgiu à mente de a conversa daquele dia.
— É eu me lembro, sim.
— A Leah teve um imprinting há algum tempo... Por isso ela voltou para nos visitar... — ele olhava para , de um jeito óbvio indicando quem teria sido o imprinting de Leah.
— Por isso que ela não gostou de mim no início!
— Depois daquela noite, eu passei aquele tempo na reserva Whitton e ela estava comigo. Eu também tive um imprinting há pouco tempo . E foi com ela, só então a Leah rompeu a barreira do segredo e me contou.
— Entendi. Você e Leah são o imprinting um do outro.
— Nós íamos te falar, mas...
— Por que não me contaram? Quer dizer... Nós não temos mais nada um com o outro, não é?
— Sim, mas achamos que você poderia ficar magoada... Pelo menos era o que eu achava até alguns minutos atrás, quando todo mundo percebeu o óbvio.
— Como assim?
— Sabe... A Leah comentou comigo, mas eu não acreditei que você teria entendido tão cedo o que eu te disse.
— Do que você está falando?
— Você e o Jake lá fora... Alguns minutos atrás.
— Como? Ah! Não! Não, Embry! Black é só um amigo, nós não temos absolutamente nada um com o outro...
— É... Eu disse a Leah que ela estava enganada. — Embry analisava com uma expressão de sabedoria para ver se ela tentaria manter uma mentira.
— O quê exatamente você quis dizer com "não acreditei que você teria entendido tão cedo o que eu te disse"?
Embry não pôde responder, pois Black surgiu na sala da casa com os olhos arregalados e chamando por .
— Está tudo bem, ? — perguntou aflito.
— Sim, sim. E com a Bruh?
— Já está mais calma.
— Vou deixá-los conversando. — Embry disse levantando e novamente ignorando a pergunta de , não sem antes sorrir e lançar uma piscadela para a amiga.
Assim que ele saiu, Black pigarreou e sentou-se ao lado dela no sofá.
— Desculpe por aquilo... A Bruh se sentiu provocada e eu deveria ter ficado atento.
— Relaxe. Não foi sua culpa.
— E desculpe por isso também... — ele apontou para o lugar onde Embry estava e para : — Por ter atrapalhado alguma coisa.
— Não atrapalhou nada, ele só estava me contando um segredo.
— Lobos quileutes não tem muito como guardar segredo... É difícil sabe? — Jacob falou fazendo um sinal de fofoca em seu ouvido: — Muitas vozes na cabeça.
— Não tem um jeito de bloquear?
— Parcialmente, dá para esconder algumas coisas... São mais os pensamentos que a gente pode ouvir... — explicou e perguntou a ela, de forma curiosa: — Então você já sabe do imprinting deles?
— É, isso explica aquela carranca da Leah né? — sorriu e cutucou as costelas de Jacob com o próprio cotovelo: — Você poderia ter me contado que ela só estava defendendo o território dela! Aliás... Parece que todas as mulheres de Forks implicam comigo por causa de homem, até parece que eu sou uma devoradora deles...
— Bem se é, eu ainda não posso dizer, mas com certeza, você soa como uma ameaça para todas elas. Exceto Emily e Sue...
— Você disse “ainda”? — indagou com ousadia tirando sarro do que Jacob havia dito, e então ele mudou o foco do assunto:
— Todos já foram para suas casas, menos Sue e meu pai que ainda estão lá fora conversando. Você já quer ir se deitar?
— Preciso falar com Julian antes, acabei me esquecendo de retornar a chamada dele mais cedo, quando tudo aquilo aconteceu.
— Ok, eu já volto. — Black beijou a testa de e saiu de volta à varanda para recolher as xícaras e bandeja.
se direcionou ao quarto, mandou uma mensagem à Julian se desculpando da demora e perguntando se poderia o telefonar apesar da hora. O chefe correspondeu-a de forma afirmativa, e ela tratou de alguns assuntos sobre seu laboratório.
— Eu acabei as minhas anotações. Quero dizer, o projeto do laboratório está pronto. Como você disse-me que entraria em contato com a construtora que vocês contratam eu liguei para dizer que por mim já está tudo pronto.
— Ótimo! Vou agendar a visita deles com você para segunda-feira que vem, pode ser?
— Claro!
— Já encontrou um terreno?
— É... Eu tenho pensado em algo em torno de La Push.
— Sério? Mas, La Push não pertence à reserva quileute?
— Bom, é só uma ideia, eu teria que conversar com o pessoal da reserva, Charlie, prefeitura... Não sei. Eu gosto daqui, mas até segunda-feira estará resolvido. Prometo.
— Bem, se você não conseguir avise para eu remarcar com a construtora. Eles irão exatamente para conhecer o terreno.
— Certo. Eu avisarei. E Julian... Muito, muito obrigada. A você e ao Hernando. Vocês não tem ideia de como tem sido importantes e generosos comigo.
— Nós apenas sabemos quem você é.
— E quem eu sou? — perguntou rindo amena, e achando o tom utilizado pelo irmão mais extrovertido, um tanto profético ou misterioso.
— Alguém com um futuro brilhante a quem nós queremos muito bem. Você tem grandes coisas à sua frente, .
— Obrigada. De coração, Julian.
— De nada. Não precisa agradecer. Fazemos o certo. Se não tiver mais nada a tratarmos, eu preciso desligar agora. Ash está chorando e chamando por mim... — Julian falou se referindo ao filho.
— Claro! Boa noite, Julian! Um grande abraço. Mande um beijo meu à sua família.
se despediu desligando sorridente e Jacob Black entrava em seu quarto.
— Boas notícias? — Ele a perguntou.
— Sabe... Forks tem sido tão... Não sei...
— Especial? Surpreendente?
— Os dois.
— Vamos dormir! Já tivemos muitas emoções para uma noite... — Black falou fugindo do assunto, que ele sabia que uma hora teria de abrir para ela.
— Sabe que eu tenho perguntas, não é?
— Sei, mas... Por favor, pode me dar uma noite para me preparar? — Ironizou ele, e rebateu:
— Para pensar nas desculpas?
— Não. Elas não funcionam mais com você, e de qualquer forma, você já começou a descobrir muitas coisas... É só que, eu quero me preparar para te contar da melhor forma, o que aconteceu hoje em sua varanda...
— Certo, eu vou escovar dentes e já volto para nós mudarmos a pauta do assunto e começar a discutir essa bobeira de você dormir no chão!
saiu sem dar tempo de Black retrucar qualquer coisa. De olhos fechados, com água gélida escorrendo a face e dando à cada gota impressão de navalhas afiadas, lavava seu rosto e congelou seus pensamentos em um tempo atrás. Um tempo não tão distante:
"— Algo me diz que tem alguma coisa na reserva quileute esperando você . Pode não ser Jacob, mas há algo ou alguém lá a sua espera".
A premonição do senhor Carter veio em um flash rápido que desencadeou uma corrente de outros flashes seguintes:
"— Você deveria levar um pouco mais a sério as "premonições" do Sr. Carter. É só um conselho. Costumam funcionar."
"— Jake tem esse hobby e ele andou se empenhando no seu carro dia e noite. Na verdade ele tem se empenhado com seu carro, sua casa... Há tempos não o víamos assim."
"— . Você vai deixar eu te mimar um pouco ou não?".
"— Não preciso da sua aceitação ou favores. É você quem precisa daqueles índios... Olha para você. Totalmente dependente deles.".
"— É tão complicado ... Você não faz ideia de como eu gostaria de contar tudo o que sei, mas não posso. Eu estava te protegendo. Passei todas as noites possíveis dormindo à porta da sua casa.".
"— Eu sei como é triste e doloroso ver alguém que você tanto gosta se transformando em algo diferente... Em algo que você não gosta.".
"— Eu não entendia nada antes, mas agora entendo tudo... , você não veio aqui à toa... Você é muito importante para todos nós. Você é a chave de tudo...".
"— (...) prometa para mim que você vai deixar a pessoa certa te amar? (...) você não acredita no amor, (...). O amor, na maioria das vezes se manifesta imediatamente , pelo menos é assim conosco, quileutes... E você tem que deixá-lo se aproximar de você (...). Tenha calma e confie na intuição do seu coração. Você é forte, garota, e muito especial.".
"— As melhores lembranças guardam os cheiros.".
"— Minha mãe estava certa... Você é mesmo, uma de nós.".
"— Existem muitos mistérios dos quais, você vai conhecer . Por enquanto, você deve apenas saber o essencial sobre nós.".
"— Ela... Acha que há algo dentro de você que guarda o espírito de um lobo...".
"— Eu sou uma de vocês agora... Não sou?".
"— O que você sente quando ficamos perto assim? (...) Quando Bruh faz isso comigo... Eu sinto raiva. Não sei por que, mas eu não gosto da ideia de tê-la tão perto. Não é como quando ficamos assim, você e eu... Eu sinto-me bem desse jeito e você? (...) Isso tudo não te faz pensar que eu vou beijá-la ou algo mais? (...) Mas tenho medo, (...) Quando se fecha o coração e a alma para o amor... Nos enfraquecemos por muito pouco...".
"— Sim, mas não foi isso que me incomodou. Tem muitas coisas me incomodando há algum tempo desde a transformação do Embry.".
"— Tenho lido notícias antigas de Forks e não são os lobos os primeiros a serem acusados de assassinatos, principalmente no bairro onde moro.".
"— Por que de repente você surge tão perfeita em nosso caminho?".
"— Isso explica muita coisa! Afinal, alguém tem mesmo um pé aqui!".
"— Pois é! Agora sabemos por que nos sentimos tão íntimos de você quando a conhecemos .".
"— Eu sempre soube que era uma de nós!".
se recordava de tudo aquilo atordoada, enquanto escovava os dentes e se encarava no espelho. Oscilações de sentimentos mútuos, variantes do medo ao desejo, da dúvida à certeza, da confiança à curiosidade. Ao sair do banheiro, ela ficou alguns minutos parada à porta do quarto de Black afastando todos aqueles pensamentos e com uma única certeza: esclarecer o episódio ocorrido no início da noite na porta da minha casa o quanto antes. Chega de segredos, Black!
— Tudo bem ? — perguntou Billy quando se dirigia ao seu quarto e a encontrou no corredor.
— Sim! Eu só estou... Pensando. — Ela sorriu e ele balançou a cabeça, negativo e rindo, achando que a garota só estava hesitante à porta do quarto de Jacob, por outras questões.
— Boa noite... — ele virou sua cadeira entrando em seu cômodo e antes de fechar a porta terminou a dizendo: — Novata quileute.
Feliz em ouvir aquilo, sorriu abertamente se apoderando do sentimento satisfatório que foi, reconhecer um pouco mais da própria história , da origem de seus antepassados. Ela realmente poderia ser uma quileute. Seu avô era um lobo! Ela, poderia ser uma loba. Ao fim das contas, a anciã Whitton estava certa: havia algo dentro dela que guardava o espírito de um lobo.
percebia que não se sentia feliz daquele modo, como quando estava perto dos quileutes, há muito tempo em sua vida. Depois de ficar cerca de cinco minutos, pensativa e parada à porta do quarto, ela entrou no cômodo se deparando com a figura também pensativa de Jacob, escorado à janela observando a noite. deixou sua nécessaire no móvel ao lado da cama e tentou se aproximar silenciosa, pé por pé, mas quando iria tocar o ombro de Jacob, ele se virou alerta e segurou a mão dela a surpreendendo.
— O que você está admirando lá fora? — Ela perguntou.
— Na verdade não há nada que eu possa admirar lá fora.
— Claro que há! Tem belas coisas por aí e você sabe disso...
— Não consigo pensar em nada melhor para se admirar, se não esse momento. — Jacob falou de forma baixa, acariciando a mão dela, que ele ainda segurava e sustentando um olhar fixo ao dela.
não estava reconhecendo aquele Jacob Black. Ele havia se transformado em outra pessoa tão rapidamente que a mulher se perguntava onde estava quando aquilo aconteceu. A for-ma como os dois se sentiam mutuamente interligados, não soava real da-do o tempo curto em que se conheciam, e na verdade, mal tiveram um contato comum para se conhecerem. Tudo entre eles era sobre, Jacob escondendo os segredos quileutes enquanto a protegia, e indo atrás dele desesperada por suas respostas. Mas, será que eram apenas as respostas para os misté-rios que ela buscava em Jacob?
— No que está pensando agora, loba? — Jacob perguntou risonho ao percebê-la em seus devaneios.
— Bem... — Mentiu, para não entregar que estava pensando na sua “rela-ção” com ele: — Sobre o dia de hoje. Meu avô era um lobo, e todas essas coisas...
Black sorriu e ainda com a mão dada à dela, ele a guiou pelo quarto para que sentassem na cama dele.
— Você é uma loba, afinal. Por isso nos sentimos tão atraídos por você... — Ele explicou dando de ombros.
— Atraídos? Como assim? — ar-queou a sobrancelha em dúvida sobre que tipo de atração era aquela que Jacob se referia, se ele estava lhe dando alguma indireta.
— Quanto mais você entrava em nosso mundo, mais sentíamos que era certo. Tentamos te poupar de se envolver demais, mas, todos nós senti-mos... Algo como, se estivéssemos magnetizados pela sua presença... Paul comentou comigo que era como se você fosse a alfa, e não eu. — Black riu se recordando da fala do amigo — E eu compreendi imediata-mente o que ele queria dizer, porque mesmo eu sendo o alfa, pressentia que deveria seguir você por onde fosse. Achei inicialmente que fosse so-bre estar muito perto do seu cheiro, fazendo a vigília da sua casa, mas aí, todos os outros relataram que sentiam-se iguais. Mesmo Sam, por quem você pouco teve contato. Então nós começamos a ficar curiosos por quais motivos trouxeram-na para nós e por que você nos era tão familiar. Quan-do a nova transformação do Embry aconteceu, foi o momento em que Sue e meu pai acharam que era melhor mais do que te proteger, te manter por perto.
— Mas pelo o que eu entendi, os Whitton acham que eu sou a razão pra provocar isso no Embry...
— Não, não. — Jacob a explicou calmo e didático: — Não é a razão. Eles acreditam que Embry está destinado a isso, como qualquer ser humanimado como nós: assumir uma face mais selvagem e evolu-tiva... Sobre você, a velha Makaul dizia que havia um espírito, uma energia sua conectada à nossa. E que isso surtiria um efeito de estímulo. Porém, mesmo que você não estivesse aqui, eles creem que as novas transfor-mações podem acontecer.
— Está preocupado com isso? Com outros de vocês se tornando mais fe-rozes?
— Sim. Estou, não posso mentir. Mas, nada me preocupa mais do que ser eu o próximo. Como alfa, isso pode ser um tanto quanto...
— Irreversível? Perigoso? — inter-rompeu completando o raciocínio dele, entretanto, igualmente preocupa-da.
— É isso. Tudo o que a gente desconhece é assustador, não é? — Black deu de ombros tentando aliviar a tensão do assunto: — Mas, nós estamos investigando entre nosso passado qualquer coisa, e averiguando com as tribos vizinhas.
assentiu sem dar-se conta de que ele, contava a ela que havia mais do que os quileutes e os Whitton aos arredores de Whashington.
— Black, você acha que eu posso ser uma loba também? Que eu ainda só não... Despertei?
— Não. Ao menos nunca houve um relato tão tardio da manifestação. É comum que isso ocorra na puberdade humana, se você não manifestou, não vai acontecer.
— Quem sabe? Vocês não estão descobrindo novas coisas? — Ironizou .
— É, pode até ser... Afinal você tem alma ancestral quileute, mas eu acho que é só até aí que a sua conexão conosco se estende. Embora, descen-der de nosso sangue não seja pouca coisa para nós. — Black e se encaravam num misto de admi-ração, intimidade e mistério, e avaliando o que estavam conversando, Black a perguntou: — ... Você já pensou que o fato de você vir para cá pode não ter sido a Bella?
Aquela era a primeira vez que ouvia Jacob falar na Swan, sem aquela repulsa de sempre.
— Mas se não fosse ela, como eu saberia de vocês?
— Acho que a Bella foi só uma artimanha para te trazer, mas ela não tem nada a ver com isso. Ela foi só... Um elo que o destino usou. Se o seu avô esteve aqui, e o seu pai de certo modo... Quem pode garantir que você não teria nos buscado por uma força maior?
— Isso me lembra a premonição do Sr. Carter. Do que ele nos disse aque-le dia, você lembra?
— Acho que eu nunca ouvi algo tão coerente entre as premonições do ve-lho Carter. — Jacob riu.
— Black... Já que estamos aqui falando sobre isso, tem algo que eu tam-bém estava pensando...
— É sobre o que aconteceu hoje na sua casa? — Ele a interrompeu.
— Sim.
— Eu não posso dizer. Espera mais um pouco, é só o que eu te peço. Sei que você deve estar cheia de dúvidas ainda, mas pouco a pouco, nós vamos juntos responder a todas estas perguntas.
— Não precisa dizer o que era então, mas só me diz por que você estar sozinho era tão perigoso?
— A matilha unida é mais forte.
— Alcateia.
— Como? — Black encarou com expressão confusa e ela começou a rir antes de o explicar:
— O coletivo de lobos é alcateia... Matilha é coletivo de cães. Não é pos-sível que logo o alfa mal saiba como se referir corretamente ao seu bando!
— Você... — Jacob sorriu desviando o olhar incrédulo numa admiração jocosa pela mulher: — É uma implicante!
Jacob também começou a rir e depois de sacudir a cabeça em negativa, divertidos, eles se encaravam mais uma vez. Black passou a mão nos cabelos de , colocando-os para trás e, a mulher analisou com cuidado o homem à sua frente. Concluiu que, definitivamente, não era o mesmo Jacob.
— O que está acontecendo? — Ela perguntou a ele, abaixando a cabe-ça.
— Não sei. Eu... Posso afirmar que nunca passei por isso, mas todos di-zem que eu estou melhor. — Black confessou sincero erguendo a cabeça de pelo queixo, fazendo com que seus olhos e rosto se aproximassem sem que notassem.
— Confesso que sinto falta das suas oscilações de humor... Seus misté-rios e sua instabilidade — falou co-mo se estivesse descontente, e Jacob olhou para as próprias mãos, de-sapontado e soltando o rosto dela — Mas uma única coisa nisso tudo não mudou: seu olhar intenso, frio e amargurado.
Depois de ouvir aquilo, Jacob sentiu-se irritado, um tanto frustrado e real-mente desapontado. Aquela era a imagem que ela tinha dele e não havia mudado nada?
— Então resumindo... Para você, eu me tornei ainda mais repulsivo do que já fui?
— Não foi isso o que eu disse... — justificava com um sorrisinho discreto de quem havia conseguido o provo-car e continuou: — Você perdeu um pouco do seu ar sombrio, daquela fi-gura antissocial que eu conheci... Mas seu olhar tão repulsivo continua o mesmo.
Black soltou um muxoxo sarcástico, e mordeu os lábios visivelmente irrita-do. Seu maxilar travado também indicava o quanto ele não gostou de ou-vir as impressões de , e seus olhos já diminuíram formando as rugas na testa. Ela soube na mesma hora que ele estava a ponto de se levantar e a ignorar como fazia, mas travessa, começou a rir enquanto concluía sussurrando ao ouvido dele:
— E o problema é que eu gosto de coisas repulsivas, como esse seu olhar de que é superior, quando na verdade, sabemos que eu é quem sou.
— O quê? — Jacob então sorriu tímido sem olhar para ela, percebendo que havia caído na provocação da mulher e abaixando a cabeça. Então foi a vez de erguer seu rosto para que ele a olhasse.
— Tem mais uma coisa que mudou em você que eu gosto muito.
— E o que seria? — A cumplicidade entre seus olhares era intensa.
— Você aprendeu a sorrir de novo. Eu não sei por que você não sabia, mas escondia um sorriso solar incrível e lindo, dentro das suas trevas. Um sorriso que eu quero para mim.
não acreditava no que havia aca-bado de confessar, mas era a verdade mais impulsiva que ela já havia di-to. Black se aproximou devagar de , engatinhando pela própria cama e circundando a mulher até as suas cos-tas, ele se sentou atrás de , recos-tado à cabeceira e a puxou contra se corpo, de forma que em um abraço íntimo, pôde se manter segura e escorada ao peito dele.
— Me deixa ficar assim? — Ele perguntou segurando-se para não beijar a mulher. — Você está gelada.
— E você quentinho. É irritante esse calor quileute! Me faz querer ficar as-sim mais vezes... — eles riam baixinho.
— Você pode me utilizar como seu cobertor quando quiser, mas nada te impede de se agasalhar sabe? Não que eu não goste de trocar esse calor contigo... — Jacob ouviu o risinho malicioso dela e ruborizou, pigarreando e se explicando: — Não foi isso que eu quis dizer...
riu um pouco mais achando fofa a reação dele.
— Black, Black... Você está mudando da água para o vinho...
— Isso é ruim?
— Não. Eu gosto. Agora você até diz que eu posso me aproveitar do seu corpo quando estiver com frio! — gargalhou e ele a acompanhou, sem deixar de se sentir “enferrujado” com aquele tipo de conversa. — Mas, eu prometo não abusar. Eu sempre te-nho agasalhos no carro, mas eu acho que eu me esqueço de sentir frio de tanto que me sinto uma de vocês.
Black ajeitou-se melhor na cama e apertou o corpo de ainda mais em seus confortáveis braços. sorriu e ergueu os olhos pa-ra encarar o rosto dele, estavam tão próximos e os olhares tão diretos... Ela já não tinha aquele pudor de antes com Jacob. Em ato involuntário, encarou aos lábios dele, claramen-te sinalizando o que tanto desejava. Jacob também observava a ponta do nariz dela avermelhado pela baixa temperatura da noite, ouvindo piados das corujas na mata próxima da cabana, e encarando com a mesma in-tensidade aqueles lábios convidativos da mulher. , de mansinho, ergueu um pouco o tronco, pensando se aquela barreira invisível entre eles realmente existiu. Jacob percebeu as intenções dela, mas não conseguia se mexer. Os olhos dela eram intensos, e os sentimentos dele estavam tão bagunçados e confusos, que Black mantinha-se imóvel para não cometer nada que pudesse se arrepender. Ainda não sentia-se pronto para indagar porque o peito frequentemente acelerava perto dela. tocou o rosto dele com uma das suas palmas frias, e só então ele notou que ela estava pronta pra tocar seus lábios com os dela.
— ...? — O nome dela soou como uma dúvida no sussurro e olhar confuso dele. E aquilo foi um sinal para ela, de que não deveria ter se deixado levar.
— Desculpe... — Ela falou, ainda o encarando com desejo, e os lábios mal chegaram a roçar um no outro e a mulher foi se afastando. Desvencilhan-do dos braços dele, e se ajeitando para dormir.
— Eu não quis ser rude. — Ele falou preocupado em como ela poderia ter se sentido.
—E não foi. Eu é que me deixei levar... Está tudo bem Jacob. — Ela sorriu amena, beijando o rosto dele e se deitando ao lado de Black, contudo, re-pousando o rosto no peito dele como se o pedisse para não sair dali. — Tudo bem ser meu cobertor por hoje?
Black assentiu e sorriu aliviado, deitando-se um pouco mais e puxando o corpo dela em um abraço protetor. Os dois adormeceram rápido, e duran-te toda noite, Black era uma caverna aquecida, uma fogueira onde se mantivera presa. Por uma noite, se deu o direito de pertencer a ele. E ele, como se atendesse inconsciente ao pedido do corpo dela, não a privou de abraçá-lo. Não deixou-se soltar dela. Por toda a noite.
não sabia o que viria naquela ma-nhã após uma noite tão cheia de significados e ao mesmo tempo, sem de-finição alguma. Não sabia o que aconteceria depois, mas já não se impor-tava. Pensar nos fantasmas que atormentariam sua mente era uma injúria maligna para alguém que recebeu a graça tão grandiosa de ter, o seu pró-prio lobo selvagem, domesticado.
Ao amanhecer, aquilo que ela pensou ser um sonho não era. acordou com calor, e olhando para cima vislumbrou o rosto de Jacob que, mesmo dormindo, parecia tenso, pesado... Como se ele estivesse sempre alerta. E estava. Lobos selva-gens não têm sono profundo, porque é preciso que estejam atentos. Logo, ela soubera que para os quileutes também era assim. Contudo, apesar de compreender às memórias da noite passada antes de dormirem, não pôde deixar de sentir-se assus-tada ao se ver tão próxima de Jacob. Além disso, ela tinha nítida a cena do quase beijo. Ela tentou beijá-lo. Ela queria muito beijá-lo! Mas por que ele não correspondeu? Era unilateral?
encarou o peitoral atlético e escul-pido de Jacob, sem perceber que suas mãos ainda estavam pousadas sobre ele, fechou os olhos e desli-zou delicadamente, a mão pelo peito de Black. Subitamente, um pensa-mento impróprio lhe ocorreu e a mulher desconfiada, e até decepcionada por não se lembrar do que lhe veio à mente, ergueu com cuidado o cober-tor olhando por baixo. Aliviada, estava vestida e Jacob também. Ou me-lhor, não exatamente vestido, mas o suficiente para comprovar que depois daquele quase beijo, de fato nada teria acontecido.
Voltando a olhar para ele, Jacob ainda mantinha sua expressão séria e desacordada. Devagar, se desen-roscou do aperto quente dos braços de Black. Vestiu seu hobby por cima da camisola e saiu do quarto a fim de melhor acordar. Precisava afastar também o calor incomum que sentia por estar nos braços dele. Na cozi-nha, ela preparou um café da manhã em agradecimento ao Billy e ao Black pela tão simpática hospedagem, e claro, também estava agradecida ao Jacob pela noite incrível com ele, mas esta era uma verdade que ela não o diria. Já havia falado e feito demais. Pensava de novo, no motivo pelo qual ele não tentou beijá-la de volta, até que Billy acordou e a encon-trou na cozinha.
— Bom dia .
— Bom dia Billy. Como passou a noite?
— Bem. E você? — Ao perguntá-la Billy sorriu e ergueu uma das sobran-celhas do mesmo jeito travesso que Jacob costuma fazer. Essa foi a pri-meira semelhança que notou em ambos.
— Dormi bem, sim. — respondeu e sorriu para o mais velho tentando não demonstrar alguma reação que a constrangesse.
— Que ótimo. Espero que o Jacob não tenha roncado muito em seu ouvi-do esta noite. Quando fica muito cansado, ele tem sonos perturbados. — Billy informou ainda sorridente e ambíguo, encerrando o assunto ao com-plementar: — Vou buscar alguns ovos.
— Eu posso ir. Eu preparei todos os que tinham mesmo.
— Não é preciso. Termine de preparar seu café especial. — Billy manteve um sorriso feliz e girou sua cadeira saindo.
E ficou observando-o por cima do basculante da cozinha, e inclusive, descobriu onde ficava o pequeno gali-nheiro: atrás da cabana, um pouco afastado. Não tinham muitas galinhas, via-se que era uma produção para consumo. Enquanto terminava de pre-parar a mesa do café, ela pensava no que o senhor Black quis dizer com "espero que Jacob não tenha roncado muito em seu ouvido". Será que ele havia flagrado aos dois dormindo juntos? Será que ele pen-sava que aconteceu alguma coisa entre os dois? Ou pior... Jacob teria transmitido pensamentos por telecinese, a respeito do assunto para seu pai? Se fosse a última opção a certa, já sentia-se absolutamente irritada e traída com a probabilidade, embora, decidiu não acreditar que Jacob fosse capaz de algo assim. Ela estava distraída quando Black surgiu atrás de si, acordado. Ele a abraçou por trás e beijou o pescoço de , lhe dando “bom dia”. E logicamen-te, ela não esperava por aquela reação.
— Bom dia Black.
— Como passou a noite? — perguntou ainda abraçado nela e virando-a de frente para ele.
— Bem... E você? — respondeu um tanto desconcertada.
— Que bom que fui uma boa companhia então. — Ele disse com um sorri-so sacana e encantador em seu rosto.
A cena era cômica e constrangedora: Jacob e ela abraçados como um casal. Os dois se encarando e sustentando um sorriso desbravador, quando à porta da cozinha surgiu Billy flagrando aos dois naquela aproxi-mação bizarra. Billy arqueou a sobrancelha e olhava a cena curioso. Ja-cob notou a presença de alguém e virou o rosto para a porta dos fundos da cozinha, notando que seu pai sorria discreto, ao abaixar a cabeça. seguiu o olhar de Jacob e deixou o queixo se abrir em espanto e constrangimento.
— Essa cadeira tão silenciosa... — murmurou ela sem graça, e Jacob sol-tou um risinho em muxoxo.
— Já acordou, pai? — Black pronunciou sem jeito e totalmente envergo-nhado.
e ele se soltaram do abraço intimo até demais, e ela retornou à tarefa de terminar de servir à mesa de café da manhã.
— Não. É só uma miragem sua. Ainda estou dormindo. — Billy dizia zom-beteiro espreitando aos dois que pareciam muito constrangidos ao seu olhar paternal. — Mas, não se preocupe, acho que você não é o único tendo miragens, filho. Acho que eu também tenho tido algumas...— Billy disse olhando Jacob nos olhos e pronunciando para antes de sair da cozinha: — Já vol-to. Sua mesa de café está realmente convidativa.
apenas assentiu num meneio de cabeça e depois que estavam sós, Jacob, desconcertado, pediu antes de ir atrás do pai:
— Me desculpe por isso. Não achei que ele estivesse acordado quando te vi na cozinha preparando o café.
— Tudo bem. — respondeu amena.
Jacob saiu e pôde soltar a respira-ção que estava apertada, até que seu rosto esboçou um sorrisinho ladino discreto por achar fofa, a cena de Jacob constrangido diante do pai. Cada vez mais, descobria e se encantava por suas peculiaridades. Mesa posta, ela rumou em direção ao quarto de Black para se trocar, mas no corredor interceptou um diálogo entre pai e filho ao qual ela espiou uma parte:
— Não é nada disso que você está pensando, pai.
— Não? É uma pena. Eu não me incomodaria nem um pouco.
— Do que está falando?
— É a , Jacob.
No momento em que Billy terminou de falar, Sue surgiu à porta chamando-os. correu para o cômodo de Ja-cob, mas ainda espreitou lá de dentro, atrás da porta a última frase do pai dele:
— E já está na hora filho. — Billy disse e saiu em seguida.
Black estava sério e assim que o viu se aproximar, ela se afastou da porta. Ela mexia em sua mala quando Jacob adentrou calado.
— Está tudo bem, Black?
— Sim. — Ele dizia observando-a mexer nas próprias coisas, e sentou-se em sua cama — O que vai fazer?
— Tomar um banho e depois do café ir para minha casa.
— Você não pode ir para casa.
— Por que não?
— É perigoso.
— Então você decidiu contar sobre ontem. — afirmou se aproximando da cama e de Jacob, atenta.
— Ainda não. — Ele se colocou de pé à sua frente. Mexeu nos cabelos da mulher e sorrindo, com olhar distante falou: — Mani.
— Nunca soou melhor. — Ela respondeu.
— Tenho certeza disso... Minha Mani. — Black divertia-se com isso.
— Olha que eu vou acabar me acostumando... — Ela afirmou sorridente, suspirando e fechando os olhos.
Sentiu um calor aproximando-se do seu rosto, mas não quis abrir os olhos. O hálito refrescante de Jacob bateu ao seu ouvido em forma das palavras: "é para se acostumar" e os lábios quentes de Jacob pousaram em sua fa-ce. Tudo executado o mais lentamente possível. Quando ela abriu os olhos, Jacob a olhava invasivo. dis-tanciou-se pegando suas coisas e indo para o banho.
— Até logo... — Desnorteada pela ação que cada vez mais demonstrava a tensão e atração entre os dois, pro-nunciou baixinho e saiu deixando um Jacob indecifrável jogado à própria cama.
revisava os seus projetos que estavam guardados em uma pasta enquanto Jacob tomava banho, quando algumas chamadas perdidas piscavam no visor do seu celu-lar.
Cinco chamadas não atendidas de Erick Jo-nes"
Em dúvida sobre o que o policial estaria buscando com aquele con-tato, o telefonou, mas sem sucesso. Erick não atendia à chamada. Pensou em tentar mais uma vez, porém, Jacob surgiu no quarto inteiramente molhado e enrolado em uma toalha. Black sorriu de modo sacana ao notar que estava hipnotizada o encarando. Aquilo tirou o foco da mulher que sorriu para ele e desviando os próprios olhos para a janela, tentou falar no-vamente com Erick, e de novo, não conseguiu. Ficou observando o celular em busca de alguma mensagem e preocupada com a anterior insistência de Jones. Teria acontecido alguma coisa?
— Aconteceu alguma coisa? — perguntou Jacob já vestido e aproximan-do-se dela.
— Não.
— Parece aflita com seu celular. Alguém te ligou? — Insistente ao assunto, Jacob a encarava, mas não achava prudente dizer, e nem como, que a aflição chamava-se Erick Jones. Esta-va preocupada com o que Black pensaria a respeito daquele contato.
— Não, só alguns telefonemas desconhecidos. — Ela mentiu guardando o celular.
Black sorriu e os dois saíram do quarto, passando de mãos dadas pela sala onde estavam Sue e Billy conversando à porta.
— Bom dia Sue.
— Bom dia minha querida. — A senhora Clearwater acenou sorridente e discretamente olhou para a mão de presa à de Black, e amena cumprimentou o rapaz: — Bom dia Jake.
— Bom dia Sue. — Jacob soltou suas mãos, e chegou perto de Sue de-positando um beijo filial e muito carinhoso em seu rosto.
Sue intercalava os olhares dela para Billy, e Jacob, bem rapidamente como alguém que tentava compreender o cenário. O que aquelas mãos juntas dos jovens queria dizer? Ela notou que e Jake mal deram-se conta do que faziam, como se fosse um gesto automático, portanto, lançou novamente um olhar surpreso e curioso ao Billy, que lhe deu de ombros ao entender a dúvida da amiga. Sue nem precisou prolongar sua investigação ocular e discreta na observação do casal jovem, porque Jacob, em seguida, invo-luntariamente, confirmou a ela o que estava pensando. E mesmo que esti-vesse errada, não adiantaria: Sue já torcia para que aqueles dois ficassem juntos de verdade. Soltando-se do abraço com Sue, Black caminhou até , novamente pegando sua mão en-trelaçando-a com a dele e guiando Mani até a cozinha, convidando a mais velha:
— Tome café conosco Sue! quem preparou tudo!
Jacob falou sem esconder uma animação incomum, e lançou sobre um abraço de urso todo feliz e orgu-lhoso. sorriu sem jeito para Sue, quando viu o semblante da mais velha lhe encarando com o típico sorrisi-nho sábio e malicioso que ela já havia visto também em Billy, anteriormen-te.
— Obrigada Jake, mas há três lobos famintos em minha casa que eu ali-mente. Logo, eles acordam. Desculpe , fico te devendo um café da manhã preparado por você.
Sue sorria animada e orgulhosa, passando a mão de forma simática nos ombros da garota que ainda estava meio abraçada por Jacob que não lhe soltara.
— Ah, tudo bem. Eu entendo. — fa-lou baixinho, tão sem graça quanto quase sufocada por Jacob.
— Fica para outra vez. Sem dúvidas não faltarão oportunidades. — Sue completou olhando para Jacob e ela. E entendendo o que ela disse, Black pigarreou, finalmente soltando-se da . Billy e Sue mais uma vez, entreolharam-se cúmplices e se despediram. — Até mais garotos!
— Até mais, Sue. — Jacob e disse-ram uníssonos.
Assim que a Clearwater saiu, Billy, Jacob e foram à cozinha tomar café. Na mesa não havia muito o que falar. estava um tanto abalada com aquela aura de manhã entre namoradinhos adolescentes, e que nem mesmo era real. Billy olhava aos jovens adultos à mesa, de um modo sorridente que assustava a mulher e Jacob encara-va, sério, ao pai. Mentalmente, os dois dialogavam um contra o outro: Billy o provocando e Jacob ficando ranzinza com o pai.
O café da manhã seguiu tão rápido quanto em silêncio, entretanto, não era um clima desconfortável para os três. Na verdade, a convivência entre eles parecia bem natural. E foi quem quebrou o silêncio após terminar seu desjejum.
— Sem querer ser má educada, muito obrigada Billy e Jacob, mas eu pre-ciso ir.
Os dois olharam-se em dúvida. Na verdade, Jacob trocou um olhar duvidoso com Billy. Ele ainda estava preocupado com a mulher sozinha no bairro Kalil.
— Tudo bem . Jacob a leva para casa, mas tem certeza que não quer ficar mais um pouco?
— Eu agradeço, mas eu tenho que ir para a farmácia e terminar alguns es-tudos... Ah... Isso me lembra de que... Billy...
— Sim?
— Como sabe, estou no meio do projeto de construção do meu laboratório com investimento dos Vincent. E eu pensei em... Quero dizer, eu gostaria de saber se é possível que eu o construa pelos arredores de La Push, não só se você como chefe da reserva permitiria quanto como, se há um lugar disponível para isso... — Ela falou e notou que Billy franziu o cenho um tanto silencioso e pensativo, e logo foi voltando atrás: — Mas, eu entenderei perfeitamente se não puder.
— ... Eu lamento, mas... Isso impli-caria em... — Billy pausou e tentou uma negativa empática e didática: — Imagine se eu deixo você construir dentro da reserva e outras pessoas saibam... Eu já impedi muitas pessoas de trazer qualquer tipo de comércio ou empreendimento para cá, e embora eu confie em você, isso me faria perder a razão diante os outros. Apesar de ser uma região vasta, esta é a nossa casa. E a nossa casa, é uma reserva ambiental e histórica. Você compreende?
— Entendo. Imagine Billy! Eu compreendo! Já havia permeado em minha mente que não seria possível, mas não custava ter certeza.
— Por que quer construir seu laboratório por aqui? — Billy perguntou ge-nuinamente curioso.
— Eu me sinto muito bem em La Push. Seria incrível trabalhar por ali, e eu estaria mais próxima a vocês... — justificou sorrindo — Estou ficando um pouco dependente dos ares da re-serva. — Ela disse e ficou ruborizada, em como o comentário poderia so-ar, e ainda mais sem graça quando viu que Jacob sorria satisfeito a enca-rando.
— É compreensível, afinal você é tão solitária onde mora... — Billy sorri-dente depositou um olhar compreensivo sobre ela, e tentando ser discreto olhou para Jacob que parecia querer perguntar algo.
— Por que não se muda para cá? — Black falou, tomando certa coragem.
— Seria legal, mas não dá Black. Eu comprei um elefante branco.
Billy e Jacob olharam-se de novo compartilhando pensamentos, dessa vez, concordantes e então Black levantou-se da mesa se prontificando a ajudá-la:
— Bem, então eu vou pegar as suas coisas. Tem certeza que não quer ficar por aqui mais um pouco?
— Se você me falasse o que eu quero saber, quem sabe? Fora isso, eu não vejo problema de voltar para minha casa.
Jacob suspirou contrariado e seguiu ao seu quarto para pegar as coisas de Mani. Um pouco depois, eles já estavam dentro do carro, a caminho do Kalil.
— Balck... Só me responde uma coisa?
— Hm?
— Como chegou tão rápido à minha casa ontem?
— Por coincidência, eu estava por perto.
— Fazendo o que?
— Então agora eu te devo explicações? — Jacob disse em tom divertido.
— Você me deve muitas explicações Jacob Black. — Devolveu a brincan-deira em tom óbvio.
— Eu voltava de uma entrega. Fui à Silverdale entregar uma mesa que esculpi.
— Ah... E a oficina?
— Com os últimos acontecimentos eu dei uma parada, mas a obra já está pronta. Falta só a pintura e a decoração.
— E onde ela fica?
— A dez quilômetros da saída de Forks.
— E quando você vai me levar lá?
— Quando você quiser. — Ele disse feliz e encantador. — Quer que eu a deixe em casa ou na cidade?
— Estou atrasada, mas preciso pegar meu carro antes de ir para a cidade.
— Se quiser eu te deixo lá e levo seu carro depois.
— Não tudo bem. Não precisa se incomodar.
— Não é incômodo. Vou fazer isso, tudo bem?
— Tudo bem... — respondeu com uma expressão admirada e um sorriso simpático pelo gesto gentil dele: — Eu agradeço.
entregou a chave da casa para Black e ele a deixou na cidade, em seguida, então a mulher abriu a farmá-cia e tirava a poeira da vitrine de vidro quando avistou Erick entrando na lanchonete. Certamente iria tomar café da manhã. Ela recordou-se das li-gações dele e novamente tentou falar com o policial por telefone.
— Alô? Erick, bom dia. É a . Aconte-ceu alguma coisa?
— Bom dia . Por quê?
— Você me ligou várias vezes...
— Ah sobre isso... Eu gostaria de conversar com você. Pode ser?
— Claro. Estou na farmácia.
— Daqui a pouco passo aí.
Cerca de quinze minutos depois, Erick saía da lanchonete e chegava cal-mo à farmácia.
— Olá . Como vai?
— Bem, e você?
— Seguindo... — Erick pronunciou um pouco misterioso e calado, pros-trando-se escorado ao balcão da farmácia.
— E então, o que houve?
— É que... Ontem houve alguns ataques nas proximidades de Kalil e eu te liguei porque estava preocupado. Fui à sua casa, mas você não estava lá.
— É, eu fui para a reserva. Aconteceu algo estranho ontem e eu liguei pa-ra o Jacob que por sorte estava por perto.
— O que aconteceu?
— Acho que iam assaltar ou invadir a minha casa. Eu não sei bem o que aconteceria, porque felizmente não deu tempo. Eu me desesperei com a situação, e por sorte o Jacob chegou bem rápido.
— Sabe que pode me chamar se precisar, não sabe?
— Obrigada Erick... Eu não te liguei por que... As coisas estão estranhas conosco não é? Além do mais, eu fiquei bem assustada e o Black foi a primeira pessoa em quem pensei para pedir ajuda.
— Bem... Sobre isso... Digo, sobre nós dois... Eu te peço desculpas. Te-nho sido muito idiota com você. Mas eu ainda sou policial, e seu amigo, se permitir. Pode me telefonar em ocasiões como essa, . É o meu trabalho te proteger.
— Tudo bem... Espero não ser necessário, mas na próxima, eu conto com você. — Ela falou sorrindo e antes que um silêncio por falta de assunto se instaurasse, o perguntou: — E o bebê?
— Que bebê? — Erick perguntou confuso, se erguendo um pouco do bal-cão e ficando teso.
— Achei que sua namorada estava grávida.
— Jessica? Desde quando?
— Já faz tempo desde que ela me falou.
— Ela te procurou? — Erick àquela altura estava visivelmente nervoso com a informação dada por .
— Não necessariamente. Ela veio comprar um teste de gravidez.
— O que? Mas... Quando?
— Ah não lembro, mas foi no mesmo dia em que você veio aqui e, abusa-do, me roubou aquele beijo. Acho que já se passou um mês. Desculpe pe-la notícia Erick... Eu achei que já soubesse.
— Tudo bem deve ter sido engano dela. Ela me falaria se estivesse grávi-da.
— Falaria! Com certeza!
— Nós terminamos há algum tempo. — Erick justificou um tanto ansioso pela reação de .
— Sinto muito. Vocês eram mesmo perfeitos um para o outro. — Sorriu, apesar do tom de ironia.
— E você, o que achou das flores?
— Flores? Espera... Foi você quem mandou aqueles arranjos?
— Sim. Gostou?
— Claro. São lindas. Mas... Por quê?
— ... — Jones suspirou e se apro-ximou devagar do corpo de , que estava parado à sua frente, e com cautela, Erick tocou o rosto de fazendo-lhe um carinho delicado — Não consigo ficar longe de você. É torturante.
— Não Erick. — o afastou com sin-geleza, mas de modo certeiro — Por favor, não. Não cometa o mesmo er-ro.
— Desculpe, eu não te beijaria sem seu consentimento dessa vez, mas estou sendo sincero. Eu acho que me apaixonei de verdade por você e eu espero que...
Um som oco e alto de motor os assustou, interrompendo Erick. Os dois olharam para a porta da farmácia e Jacob apareceu entrando na loja. sentiu-se surpresa e indagando-se mentalmente se ele teria visto que o Erick tentou beijá-la. Black e Jones ficaram encarando um ao outro, em silêncio. Jacob o olhou de cima a bai-xo e em seguida observou o cenário. Ele estava perto de e os dois pareciam estar em uma conversa tensa. Já Erick, sentiu-se enraivecido por ser de novo “aquela gente” entre ele e . O desprezo era palpável entre os dois: o lobo e o homem.
— Suas chaves. — Jacob estendeu as chaves do carro e da casa de em direção a ela, que as pegou ainda um pouco preocupada — Nos vemos depois?
— Claro que sim, Black. — Ela sorriu abertamente para ele.
Então Jacob sorriu de volta, e ignorando a presença do policial se aproxi-mou mais da mulher, abraçando-a de um jeito apertado e lhe deixando um beijo no pescoço. “Que mania era aquela agora?”, pensou. Se era para a enlouquecer, não só estava conseguindo como a mulher também estava aderindo àquela louca atitude, e mordeu o ombro dele, como havia feito antes. Aqui-lo parecia estar tornando-se um “cumprimento de despedidas” entre os dois. E tal como eles, impetuoso, ardiloso e de certo modo, selvagem. Ja-cob sentiu os dentes de roçando seu ombro, apesar da camisa, em um gesto lento e sedutor, e olhou para ela sorrindo provocante.
— Eu também estou gostando e me acostumando com isso... — sibilou baixinho para que só ela escutasse e então a soltou, virou-se para Erick e antes de sair, educado disse: — Passe bem, senhor policial.
Erick demorou um pouco para voltar a olhar na direção de , depois que presenciou a cena dos dois. Estava nítido, não estava? Ela havia mesmo se envolvido com o qui-leute.
— Bem, espero que as flores possam tê-la convencido a me perdoar. — Erick proferiu após encarar a rua por um tempo silencioso.
— Tudo bem. Acho que podemos recomeçar do zero, como amigos. Não gosto de parecer uma ingrata com você que tanto me ajudou quando che-guei. Além disso, embora seus defeitos sejam ... Enfim, eu gosto de você Erick.
— Não acho que tenha sido ingrata, apenas ingênua com suas escolhas.
— Erick...
o chamou como se fosse iniciar uma discussão, e o policial ergueu as mãos em postura de rendição e in-terrompendo-a:
— Tudo bem. Eu fico calado.
— Sobre o ataque... Pode me dizer o que era?
— Não sabemos. Essa vítima apresentava os mesmos sinais no corpo que a maioria das vítimas de alguns anos atrás.
— Como assim? Que sinais?
— Foi assassinada como todas as outras vem sendo, mas dessa vez o corpo estava inteiro. Não parece que um urso ou lobo selvagem possa ter feito algo. É coisa de gente.
— Então, esse ataque, diferente dos outros não foi por um animal?
— Não tem nenhuma pista que leve a isso. Ainda aguardamos o que perí-cia dirá.
— E quem foi o atacado?
— Marcos Swood. Um rapaz de dezessete anos. Poucos conheciam. Dessa vez não era turista, nem alpinista. O pai disse à polícia que ele es-tava voltando da praia com a moto.
— Bem... Eu ficaria satisfeita de que me mantivesse informada sobre es-ses assuntos. Por precaução.
— Certo, eu aviso se algo ocorrer. Talvez você devesse colocar câmeras de vigilância na sua casa, .
— Hm... Não havia pensado nisso. É uma ideia.
— Bom, tenho que ir. Tenha um bom dia. — Ele se aproximou de novo mencionando um abraço de despedida e correspondeu.
— Até mais Erick.
— Bom poder falar com você novamente. — ele disse baixinho no ouvido dela e saiu.
Encontrou algum erro de script/revisão nessa história? Me mande um e-mail ou entre em contato com o CAA.
Nota da autora: Olá, essa fanfic foi a minha primeira, em 2023 passa por reedição e está sendo postada aqui no Fancon, no site MangaToon, Wattpad e a continuação dela também já foi postada no Wattpad, e em breve vem para cá também! Obrigada por ler, se você é leitora das antigas, ou novata. Espero que se aventure com a Luna e goste de conhecer esse universo remodelado da fanfic! Para acompanhar mais trabalhos meus seja fanfic ou livros, me siga no instagram. E todas as minhas fanfics neste site, estão disponíveis na minha página de autora. Até mais! ♥