Autora: Ray Dias
    Scripter: Ana Paah
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Última atualização: 12/03/2024
Capítulos: 15 | 16 | 17 | 18 | 19 | 20 | 21 | 22 | 23 | 24




O dia seguiu como tantos outros: pacato. Steve pegou o turno da tarde e foi para casa. Ela concentrou-se nos planos de seu laboratório e, procurando pela internet encontrou um ótimo lugar para construí-lo. Decidida a não perder aquela chance, foi atrás do ven-dedor, mas o terreno já estava vendido. E como havia reservado aquele momento para a tarefa, optou por vagar em busca de outros possí-veis terrenos em Forks. Após muita procura, sem sucesso, a fome lhe indicou o momento de pausa. Frustrada, ela retornou para sua casa e dedicou-se ao jardim, que estava sendo destruído por lagartas, desde que a mulher não tinha tempo para se dedicar a ele ultima-mente. Enquanto tratava-o, ela observou como aquelas lagartas estavam gordas, realmen-te enormes. Insetos que pareciam monstros. De repente, indagou-se, “Tudo em Forks sempre nos remete a monstros?”. Felizmente, se elas eram enormes lagartas, logo, seu jardim estaria repleto de lindas e grandes borboletas.
Todo aquele cuidado com o jardim, era de fato necessário. fora bastante relapsa com as suas plantas que mor-riam, aos poucos. O que era para ser um lindo canteiro de vida, estava a ponto de se tornar um cemitério de flores, com exceção das suas plantas de estudo que mantinham-se em um ponto de sua casa, mais artificial e protegido. Aquelas sim, eram as plantas pelas quais dedicava-se sem se descuidar.
Depois de regar flores mortas, a mulher permaneceu observadora ao analisar a fachada da própria casa. Por mais que a pintura fosse nova, tudo ali era sombrio. Um jar-dim fraco que mal florescia, um casebre velho que em tudo rangia e soava ventos solitá-rios e assustadores. Nem o cheiro de lá era bom... Era uma mistura de floresta e bolor. Pa-recia que a vida não gostava de se manter em Kalil. E ela começava a sentir uma repulsa forte por aquele lugar. Ficou ainda mais pensativa a respeito da última conversa que tivera com Erick: “Onde será que ocorreu o ataque? Seria perto demais da minha casa? Aquele homem na minha porta teria alguma coisa a ver com o assassinato? Era um ho-mem? O que Jacob viu? E qual era o nível de perigo que eu corria agora?”, tantas per-guntas sem respostas martelavam em sua cabeça.
Por fim, ela entrou em casa e após tomar banho retornou aos seus estudos da alga marinha encontrada em La Push. descobrira há al-gum tempo que a planta continha um poder muito alto de antídoto para veneno. Fizera al-guns testes de reação com algumas substâncias tóxicas e naturais, e à maioria delas, o sumo da planta combatia. Sua intenção era desenvolver no seu laboratório, uma fórmula medicinal com o sumo da planta. E também, descobriu que a própria alga recém-retirada da água, quando em contato com a pele produzia enzimas capazes de acelerar a cicatri-zação de queimaduras e cortes na pele humana. Era uma excelente, valiosa e revolucio-nária descoberta! Se Hernando e Julian sabiam daquilo, ainda não tinha conhecimento. Os irmãos lhe dizi-am que Sue ajudou-os muito em seus estudos, mas Sue não reconheceu a alga quando mostrou a ela no dia em que a recolheu, e portanto, talvez fosse uma grande descoberta científica e inédita.
Por cerca das sete horas da noite, Jacob telefonou para a casa dela, e ela atendeu com uma voz mansa de quem estava contente e contida por ouvir a voz dele:

— Oi Black, já está com saudade? — brincou ela referindo-se ao fato de que há um dia estivera com ele.
— Posso dormir aí? Estou preocupado com você. — Surpreendendo-a não só com seu tom sério, como pelo pedido repentino, Black também a deixou preocupada.
— Está ciente dos ataques, não é? — Ela o perguntou não obtendo resposta, e após um breve silêncio, respondeu-lhe: — Não aconteceu nada até agora, mas pode vir sim.

O ataque que Erick disse ter acontecido perto da casa de , já a apavorava, mas depois de falar com Jacob e perceber o quão sério ele estava, seu medo apenas piorou. E foi amenizado apenas quando seu lobo favorito chegou.

— E aí, como você está? — Jacob perguntou assim que entrou em casa.
— Confesso que a cada dia que passa, eu tenho mais vontade de sair desse casebre.
— Por quê? Aconteceu algo?
— Você deve saber, não é? Ontem teve um ataque. Aqui por perto. Erick veio à noite para saber como eu estava e ele estava me contando mais cedo, quando você o viu lá na loja...
— Falando nisso... Vocês dois... — Jacob buscava as palavras.
— Nós?
— Voltaram?

não gostou da indagação. Sentiu-se brava pela pergunta, de um modo mais emocional do que racional, pois, sabia que ela e Jacob não tinham nada. Na verdade, ela não sabia bem, o quê ou que nome dar, ao que sentia por Jacob, mas estava claro que alguma coisa mexia com os dois e apegava-se àquilo. Embora se apegar a uma ideia vaga de sentimento, não fosse tão inteligente.

— Como pode me perguntar isso, Black? — Devolveu-lhe, irritadiça.
— Ele tentou te beijar.
A voz de Black sequer tremeu. Era de uma certeza de alguém que presenciara a cena. arregalou seus olhos em surpresa enquanto o quileute lhe encarava, sisudo. E aquilo causou nela, um pequeno temor de que a barreira antiga se erguesse novamente, mas isso era algo que ela não deixaria acontecer.

— Você viu...
— Sim, eu vi. Por que não deixou ele te beijar?
— Queria que eu tivesse deixado?

Os dois fizeram silêncio e não deixaram de perscrutar os olhos um do outro, quase apostando que havia ali, uma aura de ciúme e medo do que ouviria. tentava descobrir o que Black sentia, no entanto, mal sabia, que o lobo tentava o mesmo, não apenas sobre ela, mas sobre si.

— Só quero saber se não o beijou porque me viu, ou se há algum outro motivo...
— O quê... ? — Ela sibilou incrédula, e mais irritada ainda por esperar que Jacob já sou-besse do óbvio, que tampouco ela sabia, respon-deu rudemente: — Eu não deixei ele me beijar, porque eu não quis!

E se levantou indo até a escrivaninha da sala, onde trabalhava numa espécie com-pacta de seu “escritório". A mulher começou a guardar as suas pastas, sendo visível os gestos de quem estava brava, e já não falava nada. E mesmo escutando os passos pesa-dos de Black em sua direção, não desviou ou ten-tou evitá-lo. Apenas o ignorou, concentrada em organizar aquela escrivaninha.

... — Black chamou-a baixinho, bem perto do cor-po dela, porém sem tocá-la. Apesar de imóvel, ela não se virou para o encarar, estava res-pirando de modo ofegante, zangada, mas teve suas pernas enfraquecidas quando ele de novo, sussurrou a chamando: — Mani...
— O que foi Black? — perguntou um pouco grosseira apoiando as mãos na mesinha e respirando fundo.
— Eu... Falei alguma coisa errada?
— O quê? — Ela se virou ainda mais eufórica: — Você não pode estar falando sério!
, se acalma! Você está tendo uma atitude exage-rada! Foi só uma pergunta!
— Não Black! Não foi só uma pergunta! Foi a pergunta mais cretina que você poderia ter feito a mim!
?! — Jacob estava assustado e tentou pegar a mão dela, mas se esquivou e foi andando até a co-zinha.
— Olha aqui seu lobo peludo e irracional! Se você não sabe o que disse de errado, então esquece! Não quero falar sobre isso!

caminhou até a cozinha segurando-se para não ter a ridícula atitude de bater em Black, afinal, não adiantaria nada. sequer teria forças contra ele, além do quê, seria ainda mais ridículo do que o xingamento infantil que ela acabara de proferir. Jacob, no en-tanto, seguiu-a, sorrindo:

— Lobo peludo e irracional? — Ele perguntou tentando disfarçar uma risada, mas ela per-maneceu séria e concentrada nas panelas que usaria. Ao perceber que alguma coisa mui-to estranha estava acontecendo, Black a pegou delicadamente pelo braço, de forma que pudesse olhá-la nos olhos. — ? O que houve?
— Nada... Me desculpe... Esquece isso.
?
— Ai, tá certo! — resmungou diante a postura insistente de Jacob — Por que você me fez uma pergunta daquelas?v — Eu... Só queria... Não... Precisava saber.
— Precisava? Por quê?
— Não sei! Não sei! Eu vi os dois lá... Eu achei que... Não sei, me desculpe! — Jacob atraplhou-se nas palavras até organizar melhor as justificativas: —Depois que vi vocês dois juntos na farmácia e a tentativa dele de se aproximar, eu precisava saber se você só não o queria por perto, ou se não era o momento.

Enquanto lhe explicava, Black andava de um lado para outro evitando encará-la. Como bem sabia ele, não tinha nada com a mulher capaz de justificar seu acesso do que parecia ser “ciúme”, nem mesmo declarações. Entretanto, os dois tinham uma noite pas-sada. Um noite onde ficou bem claro que não existia apenas o Jacob e, a . Depois daquela noite, onde eles apenas comparti-lharam a temperatura de seus corpos e nada mais, ele achava que ficou esclarecido que, a partir daquele instante, se tratava de Jacob e . Jun-tos. Dois. Dupla. Não era como antes, duas pessoas separadas, desconhecidas e distan-tes. Alguma coisa os unia, se não a proximidade ou a amizade, alguma outra coisa. E tan-to Black quanto , estavam certos de que aquilo tudo precisava ser esclarecido. Afinal, ambos estavam apegando-se aos sentimentos vagos. Não era somente uma falha de .

— Black... O que está acontecendo conosco? Você também percebe que há algo...?
— Do que você está falando precisamente?
— Da noite passada, Jacob! Nós dormimos juntos, e mesmo que não tenha acontecido nada além de só dormir abraçados, não podemos negar que a nossa relação mudou. E desde então eu estou cheia de dúvidas sobre nós... Por que você agiu comigo daquela forma? Por que essa manhã tudo estava tão... Diferente!?
— Eu não sei, sinceramente, . Não sei nominar e nem explicar essas mudanças. E também, não quero, não por enquanto.

ficou frustrada. Ouvi-lo dizer que não queria saber, era o mesmo que não aceitar o que ela dizia. E para a mulher, teria sido melhor o silêncio dele. "Não quero saber", aquilo era algo positivo? Na concepção de , não. Black estava a afastando, então ela não emitiu som algum, não demonstrou feição alguma. Agiu no máximo que pôde, naturalmente. Se ele não demonstrara importância ou interesse nas oscilações que havia entre eles, ela também não mostraria! E ao perceber o silêncio de , Jacob voltou a se pronunciar na expectativa das reações dela, mas a mulher relevou, fin-gindo uma distração com qualquer coisa desimportante.

?
— Sim?
— Está tudo bem?
— Está!
, eu não quis parecer um cafajeste... Ontem foi... Aquele nosso momento, a cumplicidade é maravilhoso, eu só...
— Black, tudo bem. Não temos que falar nisso. — Ela interrompeu o ignorando.
— Temos sim... Me deixe explicar. — pediu e ela o encarou, insatisfeita, e Jacob continu-ou: — É que eu tive um vínculo com uma pessoa, embora, eu não sinto mais nada... Nem sei se senti. É confuso... É que... Você é especial, desde você eu já não sei qual a razão desse sentimento antigo, e tantas coisas foram mudando...
— Black! Eu não tenho a menor ideia do que você está falando. Não precisa explicar... Até porque nem mesmo você sabe o que dizer. — de-clarou duramente, e os dois ficaram uma brevidade em silêncio, apenas se olhando, até ela mudar o assunto: — Vou preparar algo para comermos. Alguma preferência?
— Não... Eu te ajudo.

E o assunto encerrou-se. Enquanto preparavam lado a lado o jantar, durante todo aquele período eles permaneceram em constrangedor silêncio, rompido apenas quando estavam servindo seus pratos e jantando, de fato. Black observou-a levando a garfada à boca, sem o encarar, e incomodado, deu voz a dissipar o clima:

— Eu preparei uma coisa para nós fazermos amanhã...
— O que?
— Se lembra que você prometeu me mostrar seus dotes de motoqueira rebelde? Que tal amanhã? — Jacob sorriu e o acompanhou, final-mente.
— Seria uma boa, mas... Não tenho uma moto.
— Mas eu tenho. Duas. E amanhã bem cedo nós vamos pilotar.
— Eu tenho turno na farmácia às oito.
— Prometo ser pontual.

O assunto realmente aliviou os momentos anteriores, mas depois da decisão eles jantaram calados, observando um ao outro. Pensativos, cada qual em suas próprias neu-roses, arrumaram a cozinha juntos. Com o dito e não dito, percebeu o quanto tudo aquilo era torturante, pois antes, havia uma barreira e os dois mal se falavam, porém, era suportável. Mas ali, naque-le instante onde ambos já sabiam da importância um do outro... Todo aquele afastamento era dilacerante. No corredor, indo aos quartos para dormir, eles pararam em frente à porta do quarto de , e ainda abalados, se despediram es-tranhamente.

...
— Boa noite Black. — Ela virou-se para entrar.
espera! — Black a segurou — Eu estraguei tudo não é?
— Não. Está tudo bem, estragar o quê, não é mesmo? Boa noite.

Tentou sair, mas Jacob ainda segurava sua mão, com mesmo tom de voz e postura de in-sistência:

, por favor... Não vamos ficar assim, estranhos.
— É Black... Você bagunçou bastante, sim. Você me bagunçou e revirou o que quer que estava indo bem entre nós... — dissera, se contro-lando para não deixar lágrimas revoltadas caírem.
— Me deixa ao menos, tentar me explicar melhor?
— Não. Não Black. Eu estou cansada, com sono. Amanhã nós conversamos sobre isso se for realmente necessário.

Finalizou ela, após dar um beijo de despedida ao rosto dele e entrar em seu quarto para dormir. Depois de tudo aquilo, só queria ador-mecer e não pensar em dúvida alguma.

[ ----- ]


Ela despertou na manhã seguinte, junto aos primeiros raios solares. Jacob, apesar de levantar cedo, ainda não estava acordado, uma vez que não o encontrou no térreo da casa. Ela abriu a porta da casa, observando o início do dia ainda um pouco nublado de sua varanda. A entrada daquele casebre naquele horário proporcionava uma bela visão do nascer solar sobre a copa dos pinheiros. Como se o Sol se ocultasse na densa mata à frente. Enquanto inspirava a brisa matutina — com agradável cheiro de orvalho e uma pequena pontada desagradável de bolor — ela se recordou de que, ra-ras vezes, apreciara aquele momento lindo em sua quase "cabana dos horrores". Ela ob-servou o assoalho de madeira da varanda, repetindo de modo automático, um gesto que sempre fazia na intenção de perceber a presença dos animais selvagens. Porém, aquele gesto, já não causava as mesmas sensações. As sensações da misteriosa proximidade dos lobos. Porque naquela ocasião, já sabia de tu-do. E ali, observando o seu piso coberto de poeira e nenhum pêlo, a mulher imaginava qual seria a razão dos quileutes não mais lhe protegerem, se ainda havia perigos. Perigos do tipo que faziam Erick procurá-la de madrugada para a alertar e, ela ter que pedir socor-ro ao Jacob.
entrou novamente à sua casa, preparada pa-ra iniciar a manhã com uma deliciosa xícara de café. Enquanto ela terminava a montagem do sanduíche com pasta de amendoim, que Jacob tanto gostava, ele surgiu à porta da co-zinha. Os dois ainda não sabiam ao certo como agir, depois daquela noite cheia de ten-são. Sentiam-se envergonhados por dizerem tanto ao não dizerem nada.

— Bom dia, Black. — Ela rompeu o silêncio com um cumprimento e um sorriso — Dormiu bem?
— Bom dia . Dormi, e você?
— Mais ou menos.

Ela respondeu simples, e Jacob se aproximou da bancada sentando na banqueta ao lado dela. Ela estava de pé, e Jacob virou o banco de forma que sentado, ele ficasse de frente para e o corpo dela posicionado entre as per-nas dele. O lobo a observava de forma intensa, analítico ao que poderia absorver sobre que humor ela tinha naquela manhã, e embora silenciosa, sentia o olhar dele queimando sobre si.

— Coma. — Ela disse, apontando para a mesa posta.
— Pasta de amendoim? É o meu favorito. — Jacob falou pegando o sanduíche e, ainda fugia do olhar dele servindo-se de mais uma xícara de café.
— É... Eu sei que é. — Concordou sentando-se ao lado dele, e mantendo-se em silêncio. — ... Sobre ontem...
— Black. — Finalmente o olhou à face, e interrompeu o que ele diria, e suspirou antes de declarar: — Não sei se eu quero falar sobre isso.
— Mas Mani... Eu quero explicar. Eu preciso.
— E eu não quero ouvir! Não agora!
— Nós temos que falar disso! — Jacob foi um tanto enfático, tal como ela.

tornou os olhos para sua xícara, negando com a cabeça e bufando ao abaixar a cabeça. Black fechou os olhos arrependido por seu tom um tanto impetuoso, e reclamou:

— Já estamos discutindo de novo.
— É isso que estou querendo dizer... Não estamos preparados... Na verdade, nós não te-mos nem mesmo motivo para isso tudo. Temos? — falava ainda encarando a bancada.
— Temos! — Black proferiu certeiro, e com singeleza ergueu o rosto dela para si ao tocar o queixo da mulher. — Mas concordo que podemos esperar para esclarecer qualquer coisa quando estivermos um pouco menos afetados emocionalmente. — Ótimo! — Ela declarou e olhando para o relógio da cozinha na tentativa de afastar a mão dele de seu rosto, percebeu: — E então... Ainda vai dar tempo?
Black encarou ao relógio também, e tocou-se de que precisariam ter saído bem mais cedo.
— Nossa! É mesmo! Perdemos a hora... Eu deveria ter levantado mais cedo.
— Eu também me esqueci do passeio... Me desculpe. — pediu ela.
— Tudo bem. Nós dois fomos dormir tarde.
— Quando pode ser?
— Quando você quiser, Mani.
— Que tal amanhã? É sábado e eu não vou trabalhar.
— Às sete?
— Pode ser.
— Até lá então. — Jacob concluiu, e beijou a testa dela já se levantando para sair.
— Espera, Black... Aonde você vai?
— Embora? — Ele respondeu, com um sorriso calmo.
— Ah... Tá... Achei que íamos sair juntos...

mencionou um tanto confusa, porque apesar de tudo, queria passar mais tempo com ele, e constatar aquilo só deixava-a ainda mais perplexa com os próprios sentimentos. Ela passou a mão à nuca, virando o restante de seu café em um único gole ansioso. Jacob começou a rir, de modo discreto e fraquinho, como alguém que acha a situação engraçada e ingênua. Sacudiu a cabeça de um lado ao outro em negativa, e encarou a mulher sentada na banqueta do lado, um tanto resistente entre ser “durona” ou pedir pra que ele ficasse.

— Ah ... Você me perturba tanto... — declarou.

Atenta, virou seu rosto para encarar o dele, acima de sua cabeça, e foi surpreendida com os braços fortes de Jacob passando ao redor de sua cintura e a erguendo dentro de um abraço apertado, porém, acolhedor. Jacob dei-xou um beijo casto no pescoço dela, e , deixou um beijo indeciso ao ombro dele. Haviam então, se despedido, como sempre faziam. Ela o acompanhou até a porta e em seguida, preparou-se para mais um dia de trabalho.



Um pouco mais tarde, naquela manhã, Erick surgiu na farmácia para deixar espalhados alguns cartazes de "procurado", nas paredes do estabelecimento como fizera por toda área comercial de Forks.

— Estes são os suspeitos dos ataques? — perguntou observando os rostos impressos nos papéis.
— Não. São assaltantes que tem importunado alguns alpinistas...

Ele iria contar um pouco mais sobre o caso dos ataques, mas a presença de uma das irmãs Parker, adentrando o ambiente, lhe chamou a atenção. revirou os olhos, em sinal de nenhuma paciência, e se preparando para caso aquela fosse outra tentativa de lhe implicar. Mas Daniela apenas a ignorou, sendo diretiva ao policial:

— Bom dia Erick. — Abraçou-lhe — Sumiu lá de casa, por quê?
— Daniela... Você sabe que não faz muito sentido, não é?
— Jessica está desesperada para falar com você. — A irmã mais nova dava o recado, e o policial encarou-a, de certo modo preocupado.
— Aconteceu alguma coisa?
— Aconteceram muitas coisas, não é Erick?
— Bom. Ela pode me telefonar e sabe disso.
— De todo modo... Porque não passa lá em casa? Essas conversas devem ser feitas pessoalmente, não acha?

apesar de pequena curiosidade, atentou-se somente em seu trabalho como se estivesse sozinha na loja. Contudo, desconfiava de que Jessica estivesse grávida de Erick, como a mesma declarou semanas antes.

— Tudo bem Daniela. Diga à Jessica que pela noite, ao fim do meu expediente, eu estarei lá.
— Claro!

Assim que terminou de falar com o policial, Daniela lançou à , um olhar de vitória e a outra mulher sorriu ladina, em total piedade. Era lamentável a cena que aquelas duas faziam contra , em achar que todo e qualquer homem de Forks lhe interessava, quando a mesma tinha olhos somente para uma região daquele condado. Erick ficou parado à porta observando a interação das duas, enquanto Daniela caminhava na direção da gerente.

— Bom dia, Daniela. — mencionou educadamente.
— Bom dia. Preciso destes medicamentos. — A cliente esticou uma receita, desprezível e sem sinal de cordialidade.
— Só um minuto. — encarou-a de cima a baixo e pôs-se a ler o papel e digitar algo no computador. Conferia o registro médico assinado no papel, bem como as dosagens passadas, em seguida, entregou-a a medicação. Daniela pagou e saiu despedindo-se somente de Erick.
— Qual é o problema de vocês duas? — O policial perguntou para apontando o percurso da silhueta de Daniela.
— Pergunte a elas a razão da implicância. Estas duas, desde que eu cheguei aqui, me odeiam.
— É porque você é muito bonita, diferente e atraente, . — Erick mencionou risonho dando de ombros e o agradeceu aos elogios — Mas, o que acha do que ela me disse? Será que a Jessica está mesmo grávida? — Erick lhe perguntou.
— Bem, eu não sei, Erick. Você é quem deve saber, não é?
— O que ela poderia querer falar comigo?
— Juro que também não sei. Apesar de sermos amigas íntimas. — falou ironicamente com cara de óbvia para ele. E Erick riu, apesar de não esconder que o modo como Daniela lhe deu o recado, deixou-o ansioso. também percebeu e tentou o despreocupar: — Fique tranquilo. Não deve ser nada grave.
— É. Tomara. — Por fim, Erick bateu no tampo do balcão e lançou um beijo no ar para , saindo em despedida: — Fique atenta aos cartazes, !
— Pode deixar!

E ela ficou. Durante os momentos vagos de clientela, alternava o trabalho com momentos de contemplação aos cartazes. Observava como se quisesse gravar a cara dos assaltantes em sua memória e ainda mantinha-se curiosa sobre, quem seriam os suspeitos dos ataques e quando seria possível ver os cartazes deles. Ao fim de seu turno, após ser rendida por Steve, precisava passar do supermercado da cidade.

— Boa tarde Carter! — Ela cumprimentou ao rapaz que estava parado ao lado de uma prateleira e seguiu caminhando entre as gôndolas.
— E aí ! — Peter acenou.

continuou suas compras e encontrou Scott apenas no caixa de pagamento.

— Olá Scott!
— Tudo bom, ? — Simpático, sorriu para ela pegando os itens que a mesma colocava à esteira.
— Sim, e com você?
— Vou indo...
— Parece cansado, Scott.
— Estou mesmo, um pouco.
— Hm... Scott, está tudo bem? — Preocupada com o semblante mais triste do rapaz, que era sempre tão risonho e altivo, perguntou o encarando sem se importar se pareceria indiscreta. Scott, por sua vez, suspirou longamente e parou de passar as compras dela pelo sensor, e com um toque de amargura nos olhos, encarou-a de volta. franziu as sobrancelhas admitindo-o: — Pode confiar em mim, Scott.
— Aceita sair comigo esta noite? Para conversamos.

Se o tom dele a ressoasse um resquício de galanteio, tentaria esquivar-se do convite. Mas não foi o que lhe ocorreu. Scott estava sério, como se decidido a ter alguma conversa realmente importante com ela, e por isso, a não tivera dúvidas ao responder:

— Claro! A que horas?
— Pode ser às oito?
— Pode! Eu venho lhe encontrar na cidade.
— Combinado. — Ele a sorriu forçadamente.
— E os seus pais? Como estão? — Ela perguntou voltando a pôr suas compras na esteira, e ele a registrá-las.
— Minha mãe foi acompanhar meu pai em uma consulta lá em Seattle.
— Está tudo bem com ele?
— Sim, são exames de rotina.
— Bem... Fico aliviada. — terminou de empacotar as compras e se despediu dele, embora ainda estranhando a reação do mais velho dos filhos Carter — Até mais tarde então, Scott.
— Até lá. Se cuide.
— Você também! — Ela olhou para Peter mais afastado arrumando algumas coisas e acenou-o simpática: — Até mais Peter!
— Beijão ! — O mais novo lhe gritou, sorridente.

saía descontraída do mercado e até pensativa sobre o comportamento de Scott. O que estaria acontecendo com ele? Não era estranho que Scott estivesse em um mal dia, mas sim, o modo como lhe fizera parecer que seu mau humor relacionava-se à própria . De repente, alheia à sua volta, esbarrou em alguém.

— Oh, me desculpe! — pediu, esticando um dos braços na direção da pessoa e a ela também, erguendo os olhos.

Bruh. Bruh Ateara era a pessoa em quem esbarrou. A jovem quileute encarava a outra, a quem ela detestava com facilidade, de modo predatório, como se seus olhos transpassassem por dentro de . Mas, ao contrário do que imaginava, Bruh não ameaçava , que não via nada além de uma garota adolescente e revoltada diante de si. E portanto, a encarou de volta, sem abalar-se. As duas passaram em silêncio ao lado uma da outra, e sustentando a intimidação de Bruh.

— O que foi falsa quileute? Quer lutar? — Bruh perguntou zombeteira, quando notou que passava ao seu lado, sem desviar-se de seus olhares e ameaçou: — Olha que eu faço um estrago, hein!
— Não me subestime, criança... Posso não ter as mesmas táticas que as suas, mas eu também sei ferir. Onde mais dói. — devolveu-lhe confiante e sóbria.
— Você acha mesmo? — Ateara retrucou, furiosa: — Não deu certo para ele uma vez, e não dará de novo! Ele já sabe que garotas como você não podem curá-lo!

Soltou aquilo como se vencesse a uma provocação e saiu sorrindo torto. , porém, permaneceu confusa e estática. Do que Bruh falava? Ela mencionara Jacob, era claro, mas... O que ela queria dizer com aquilo? Curar Jacob, de quê? De que garotas estava falando? Não dar certo de novo? Apesar da sensação de perder informações importantes, tentou não dar tanto foco àquilo. Talvez, Bruh só quisesse lhe enganar ou dizer qualquer coisa para provocar reações em . Entretanto, era inegável que a jovem Ateara conseguira deixar irritada! Pois, pensar em que garotas ela se referia ou situação, lhe fizera rememorar as desculpas de Black na noite passada.

— Lobinha ridícula! Cachorra de meia- tigela! Quem ela pensa que é? Aquela pirralha...
xingava Bruh enquanto entrava furiosa em sua casa e, de repente um lampejo racional veio à sua mente. De novo, as palavras de Bruh ressoaram como se a cena repetisse:

"Você acha mesmo? Não deu certo para ele uma vez, e não dará de novo! Ele já sabe que garotas como você não podem curá-lo!".

E em seguida, mais uma vez, as palavras de Black:

"(...) É que eu tive um vínculo com uma pessoa, mas eu não sinto mais nada... Nem sei se senti. É confuso é que... Você é especial, desde você eu já não sei qual a razão desse sentimento antigo, e tantas coisas foram mudando..."

Se havia dúvidas antes de ouvir Bruh, depois, já não havia mais: Jacob tivera ou ainda tinha sentimentos por outra pessoa. Era alguém que definitivamente não deu, ou não estava dando certo. Ponderou se poderia ser a própria Bruh... Mas, não... Ele lhe garantiu que não a suportava! E depois... "sentimento antigo" ele dissera... Vasculhando suas memórias, tivera um insight de outra conversa, mais antiga, entre ela e Embry:

"Sabe , Jacob sente amargura. Ele era apaixonado por Bella, mas então... As coisas tomaram rumos diferentes. Ela deve ter te comentado algo sobre isso, não?"

Bella? A sua antiga amiga? Jacob falava de Bella? De certa maneira, até faria sentido... A garota como ela de quem a Bruh dissera, o sentimento antigo... Só poderia ser sobre a Bella! Mas, era tão estranho pensa que Jacob não conseguiria se relacionar consigo por causa dela. Algumas coisas pareciam começar a fazer sentido, mas em todo o caso, não tinha a menor segurança sobre tal hipótese. Não sentia que fosse Bella, a lembrança que se colocava entre ela e o quileute.
Durante o restante de seu dia, fizera tudo o que podia para afastar aqueles pensamentos. Estava começando a perder o controle sobre o que sentia. Jacob começava a ocupar uma parcela grande demais dos seus desesperos e tornava-se ainda mais, a cada dia, o motivo maior de sua insônia.
Às seis horas, parou com tudo o que fazia e foi preparar-se para escolher que roupa usaria no encontro com Scott. E concentrou os pensamentos no amigo, pois, a preocupava vê-lo daquele jeito. Apesar da bela aparência e da excelente personalidade, Scott parecia ser muito solitário. O que era, também, muito controverso para alguém no qual a aura acarreta simpatias inúmeras, principalmente do público feminino. Daniela Parker que o diga! Scott parecia não ter amigos, sempre ocupado, sempre solícito, como alguém que cuida de tudo para os outros, mas não para ele.
Quando estava perto o horário de sair para ir até a cidade e o encontrar na casa dele, como planejara, ela deparou-se com batidas em sua porta. Estranhou, pois, justamente o dissera que iria ao encontro dele, a fim de que não desse a entender a ele um encontro romântico, já que sabia dos sentimentos de interesse do rapaz. Mas, Scott pareceu notar a intenção de depois que haviam despedido-se, e adiantou-se em ir buscá-la.

— Boa noite, ! Sei que disse que nos encontraríamos na cidade, mas fiz questão de vir buscá-la. É um tanto mais educado, não é? — Ele falou assim que deparou-se com a mulher ao abrir a porta, de semblante confuso.
— Boa noite, Scott... Bem, eu... Tudo bem. — disse ela, sorrindo ao final e o observando com mais atenção.

Ele estava muito bonito. Simples, mas irremediavelmente bonito, e a expressão cabisbaixa parecia um pouco melhor. Talvez, sair para conversar com ela o teria animado, e ficou feliz em ter aceitado o convite dele, visto que poderia fazê-lo um bem.

— Você está linda.
— Ah obrigada, mas estou o mais natural possível.
— Eu sei disso. — Scott respondeu com uma serenidade habitual de todas as vezes que rasgava elogios à amiga.
— Mas, por favor, entre. Seja bem vindo.

Scott adentrou à casa bem arrumada e aconchegante de , embora fosse igualmente sombria pela distância de tudo. Ele não deixou de notar os riscos, mais uma vez.

— Como consegue ficar tão só? Não tem medo, ? — ele me disse, com um humor fraco evitando ofendê-la: — Esse bairro... Me dá arrepios, confesso. E a sua casa tão solitária...
— Eu tenho medo, na verdade... Frequentemente, ainda mais. — Ela riu — Mas eu a comprei, não é? Não vejo como me livrar dela, e depois, eu não tenho para onde ir por enquanto. Este é o único bairro disponível em Forks. Parece que as pessoas não querem sair daqui, mesmo apesar de tudo o que acontece.
— É... Tem razão. Mas você precisa de uma companhia.
— Uma companhia? — Ela indagou curiosa e até irônica, porque se ele a sugerisse um cachorro, seria de fato engraçado.
— Sei lá — ele riu — Alguém para não ficar tão só... Um parente. Ou algo que a protegesse como um cão, ou um marido.
— Eu tinha os lobos, mas parece que eles saíram de temporada. — Ironizou e reforçou: — E um marido? Sério, Scott? Não sei... Entre lobos e homens, acho que prefiro os lobos.
— Os lobos não deveriam te causar tranquilidade. — Ele respondeu curioso, observando-a terminar de fechar a casa para saírem. — Não quer casar?
— Talvez um dia... Por enquanto, tenho outros planos.
— Entendo... Podemos ir?
— Sim, podemos. — pegou sua bolsa, apagou as luzes e trancou a porta da frente — Aonde iremos?
— Nada público. Não queremos fofocas, não é? No seu caso... Mais fofocas.
— Sim, por favor! — Concordou risonha — Algum lugar secreto?
— Um vilarejo próximo. Meia-hora de viagem. Mas, garanto que não irá se arrepender.
— Tudo bem, eu gosto de vilarejos, lugares simples...
— E aldeias indígenas. — Scott disse de modo objetivo.
— É. Você tem algum problema com isso? — E o perguntou recordando-se do quanto Erick era contra aquilo.
— Não. Eu também gosto, talvez você até fique surpresa...

não soubera a respeito do que ficaria surpresa, mas enquanto ele dirigia, ela o observava meticulosa. O rosto pesado, a boca rígida, os olhos sem foco. Transparecendo uma alma assombrosa, perturbada, um fantasma interno. E ela estava tão desconfortável com aquilo! Ela queria e precisava ajudá-lo. Aquele não era o Scott que ela conhecera e qualquer que fosse o motivo de sua mudança, desejava que ele voltasse ao que era.

— Scott. O que está acontecendo? Você está tão triste, e eu estou realmente preocupada.
— Está preocupada comigo? Por quê?
— Porque você é meu amigo. E eu sei que tem algo o incomodando... Não pode se abrir comigo?
— Desculpe , eu não quero te preocupar ou fazê-la achar que estou sendo um imbecil de propósito... Fazê-la me desprezar ainda mais...
— Desprezá-lo? Eu nunca o desprezei Scott. Nós já saímos tantas vezes, não é? Eu, você e o Peter. Menos vezes do que eu gostaria, mas em todas, acho que deixei claro o quanto gosto de você...
— Sim, deixou. E me desculpe , talvez a culpa seja inteiramente minha, por criar expectativas irreais. Mas, acho melhor esperarmos chegar, para conversamos sobre isso.
— É por minha causa que você está assim, não é?

Ele a olhou de soslaio, incomodado. E bastou. não precisava ouvir a reposta, estava clara.

— Posso ligar o rádio? — perguntou ela. — À vontade.
E no meio daquela música entorpecente e frenética, "From Now On" dos The Features, observava pela janela os pinheirais de Forks correndo como se tivessem vida própria. Começava a pensar no que dizer ao Scott. Estava claro que o assunto dele era sobre o que sentia por ela. A sua mente traíra e cruel, no entanto, a importunava em distraí-la sobre Jacob, ao invés de formular uma desculpa decente para Scott. Jacob, Jacob, Jacob... sequer percebeu quando chegaram porque como dito, ela travava uma luta interna consigo, segurando lágrimas, ódio e desejo por Jacob. O carro estava estacionado, ela de olhos fechados escorada ao banco, e Scott lhe chamava algumas vezes.

— Você está bem? Chamei umas três vezes...
— Desculpa Scott... Estava distraída.
— Ok... Vamos? Nós já chegamos.

assentiu sorridente, Scott abriu a porta do carro para que ela descesse e ao fazê-lo, se deparou com um lugar incrível. Uma cabana com lâmpadas amarradas em cordas que se uniam, cabaninha por cabaninha. Um pátio do tal vilarejo, que muito lhe lembrava a vila dos quileutes. Pessoas sentadas em suas varandas, crianças correndo na rua, casais de namorados nas escadarias das cabanas e ao fundo, uma maior, por onde saía um som alto, barulho de vozes e risos. Era um bar. Típico "Saloon" de faroeste.

— Que lugar é esse Scott? — o perguntou sob uma expressão maravilhada em presenciar uma cena tão antiga de filme.
— Vilarejo Menitt Howa.
— É uma tribo indígena?
— Sim, mas não tão mais indígena há muito tempo... Alguns costumes foram mudados com o tempo.
— É um lugar incrível.
— É... Mas só tem isso. — ele disse apontando ao redor deles e sorrindo: — As cabanas dos moradores e o velho bar.

Scott abriu a porta para que entrasse na cabana, ou “saloon” onde o bar funcionava, enquanto a mulher esmiuçava com seus olhares atentos cada detalhe, cada pessoa.

— "Tá" brincando, Scott? Não tem mais nada?
— Não. É um esconderijo perfeito não acha?
— É sim!

Os dois sentaram-se a uma mesinha ao fundo. O lugar parecia muito com os velhos salões de bebidas do faroeste que assistia nas antigas fitas de filmes, herdadas de seu pai. A não ser pela decoração cheia de carrancas, artesanatos de tribos e muitos rostos simpáticos que diferiam-se do cinema. Scott fez sinal para uma mulher que aparentava seus oitenta e alguns anos, um cabelo negríssimo, com poucas mechas grisalhas que media até os joelhos, todo trançado. Alguns penachos decorando seu penteado, olhos pequenos e puxados. Lembrava o rosto dos asiáticos, mas a pele era vermelha, como da maioria das tribos americanas antigas.

— O que vai querer beber ?
— Não sei, o que você vai beber ou me sugere? — dizia admirando a mulher sorridente, que lhe observava como se a conhecesse há anos.
— Eu estou dirigindo. Quer uma cerveja?
— É, pode ser. — respondeu absorta, ela ainda encarava a mulher de forma encantada. Aquela senhora era linda. Transmitia uma paz...
Silakan melayani kita bir dan kaiak. — Scott dissera à mulher.
Ya pak. — E a velha respondeu sorridente saindo em seguida.
— Mas o que foi isso? — o perguntou com a boca aberta e o cenho franzido, numa satisfatória surpresa.
— É a língua que eles adotaram ao virem da Ásia.
— Como sabe dessas coisas?
— Frequento aqui há bastante tempo... Eu trago a mercadoria para que eles vendam.
— São seus fregueses?
— Não. São meus amigos. Ninguém até onde sei, de Forks, sabe desse lugar.
— Além de mim?
— Sim, e claro, da minha família. — ele disse rindo.

O astral de Scott começava a mudar. O que era totalmente compreensível estando naquele lugar.

— Eu forneço para eles a mercadoria a um preço pequeno, basicamente só repassamos o custo. É também nossa forma de ajudar, já que o que restou da tribo, vive com tão pouco. Distantes de tudo. Eles também fazem os trabalhos manuais que são vendidos na estrada e têm suas receitas próprias aqui na cabana.
— Eu acho que você não poderia ter me trazido a um lugar melhor...
— É perturbador presenciar a forma como você fica diante de lugares assim... Imagino que foi o mesmo quando conheceu os quileutes.
— O que quer dizer?
— Seus olhos... Transmitem uma alegria que não vejo em você quando está na sua rotina. É como se você pertencesse a esse mundo.
— Seu pai estava certo quando me viu e perguntou se eu era quileute. — revelou e Scott espantou-se com o que ouvira. — Quero dizer... Eu não sou uma quileute, mas eu tenho sangue indígena.
— Sério? — indagou chocado de um modo positivo — Isso explica algumas coisas.
— Meus pais... Eram filhos de indígenas.
— Você é realmente a pessoa mais surpreendente que Forks já vira... Nem mesmo os Cullen causaram tanto alvoroço nas pessoas.
— Os Cullen?

ouviu aquele nome e algo em si pareceu reconhecê-lo. Onde ou quem já havia lhe dito sobre eles?

— Uma família bastante singular, que morou por aqui. Há alguns anos eles se foram. E a Bella foi com eles, ela casou-se com um deles, o Edward. Foi um grande evento... Ela destoava um pouco deles, não sei bem no quê, mas... Era estranho.
— Por que nunca me disse isso?
— Não sei, talvez não tivéssemos falado de nada que me levasse a comentar...

A senhora chegou com as bebidas 'kaiak', 'ber'. Quando estava saindo disse outras coisas para Scott e olhando para sorriu:

Dia benar-benar indah. Tapi masa depan mereka tidak menyeberang.
— O que ela disse? — logo o perguntou, muito curiosa sem tirar os olhos da senhora.
— Não entendi... — Scott apesar de compreender, mentiu, pois, não queria contá-la que o que a senhora dissera foi que era realmente muito bonita, embora seus futuros não se cruzassem.
— Por que eu causo tanto alvoroço nas pessoas Scott?
— Eu não consegui compreender ainda, mas... Papai disse que, grandes mudanças vieram com você.
— E pode me dizer por que as pessoas se importam tanto com o que o seu pai diz...? Quero dizer, é como se elas confiassem na certeza das palavras dele.
— Meu pai nunca diz algo que não acontece. Ou que não tenha coerência.
— Ele é um tipo de profeta?
— Não. — Scott riu — Mas sempre acerta, na grande maioria.
— E que mudanças são essas?
— Ele não diz. Acho que não sabe. Mas toda a cidade sente.
— Como assim?
— As pessoas sentem-se atraídas por você, mas não sabem se isso é bom... Não percebe isso?
— Atraídas? Por mim? — ria como se escutasse um absurdo — E sentem medo?
— Não... É algo maior... — O Carter dizia aquilo, como se estivesse buscando ou enxergando alguma coisa ao redor dela, ou ainda, como se soubesse que havia um mistério, embora, fosse incapaz de definí-lo. e Scott beberam suas bebidas, encarando-se em silêncio. Ela esperando alguma resposta, e ele a analisando até declarar de novo: — Seu olhar ... Ele é fulgurante. Anunciador de alguma coisa além do que podemos compreender.
— Você está me fazendo sentir como se eu fosse um mostro... — A mulher falou cortando o clima de suspense e fazendo Scott rir.
— Não. Só não é alguém comum. Nem surgiu para pequenas coisas. Conte-me! Como era a sua vida, suas relações com as pessoas antes de vir para Forks?
— Ah... Eu sempre fui rodeada de amigos. Algumas intrigas também, mas para mim isso sempre foi normal.
— Sempre foi popular, não é?
— É, acho que posso dizer isso.
— Ninguém consegue imaginar você e a Bella como amigas. Principalmente porque a Swan era... Apagada. O contrário de você. Eu, por exemplo, sentia algo de sombrio nela. Acho que é por isso que algumas pessoas te evitam, ! Por saberem que a Bella trazia um desconforto para nós e quando se uniu aos Cullen isso ficou maior. Eles não eram más pessoas. Mas, eram muito distantes de todos, um pouco estranhos. E acho que algumas pessoas querem ficar perto de você, pelo inverso, justamente porque para alguns, você desperta o contrário do desconforto de Bella.
— Bella não tem sido o melhor ponto de referência para mim desde que cheguei. Ninguém fala nada que possa explicar isso. Mas acho que ninguém sabe de fato sobre alguma coisa a respeito do que houve com ela.
— Só os quileutes. Eles devem saber, com certeza. — Scott respondeu convicto, sob um risinho sábio e no mesmo instante, sua expressão estava diferente de novo.
— Por que diz isso?
— Eles são conhecedores de todos os mistérios da cidade. É o povo mais antigo. Os primogênitos de Forks. É por isso que você é tão apegada a eles? Por causa da relação em comum com a Swan?
— Não. Eu realmente gosto deles.
— Quer outra cerveja? — Scott perguntou desviando o assunto para a bebida. Não precisava que ela de repente, começasse a dizer o quanto era apaixonada por algum quileute, como o mesmo desconfiava que seria.
— Sim, por favor.
— Quer experimentar uma comida típica daqui?
— Hum, claro!
— Rasa Tanah. Rasa significa sabor e Tanah, terra. É o que eu mais gosto, na verdade é um prato à base de carnes e tubérculos.

Depois de explicá-la, Scott chamou a velha índia e fez os pedidos.

— Você me parece à vontade aqui.
— Sim. É meu refúgio. Surya, além de tudo, sempre foi uma grande amiga, uma ótima conselheira.
— Surya... É o nome da senhora que nos serviu?
— Sim. Ela é a Ibu pemimpin keluarga da vila. A matriarca. É a mais velha viva.
— Qual a idade dela?
— Completou cento e quinze anos, mas tem alma e carinha de oitenta.

deixou o queixo cair com a informação surpreendente de uma vida duradoura como a de Surya.

— Ela é linda.
— Sim. O povo diz que Surya foi a mais bela mulher da aldeia. Desejada por todos. Mas casou-se com o filho do cacique.
— E ele?
— Morreu em uma batalha. Ela não era apaixonada por ele e quando ele descobriu propôs ao homem que ela amava a disputa por ela. É um dos costumes da vila, que já não existe mais. Aqui o que manda é o sentimento das mulheres. Os homens devem zelar pela felicidade delas.
— Que incrível! — falou encarando-o de modo ainda mais admirada pelo amigo e ele notou.
— Por que está me olhando assim? — perguntou.

Outra pessoa viera os servir enquanto Surya apenas observava aos dois, cautelosa do balcão.

— Como você pode ser outra pessoa tão encantadora quanto a que eu conheci no mercado? Eu jamais... Imaginaria você com tudo isso. — apontou para o entorno em que estavam.
— Então eu acertei. Eu sabia que, quando a trouxesse aqui você gostaria mais desse Scott.
— Não. Não gosto mais. Eu continuo gostando de você da mesma forma Scott. Só a minha admiração que aumentou.
— Que pena, então... Eu achei que conseguiria conquistar um pouco mais de afeto.
— Scott... Vamos voltar ao ponto que paramos no carro. O que você está sentindo, além de tristeza por ter sido desprezado, embora não tenha sido?
— Eu te amo. — Ele declarou de uma só vez, após a pergunta dela, sem receios. no entanto, sentiu seu sorriso e reação de alguém pronta a confortá-lo, esmorecer. —Evitei dizer isso, todo o tempo. Mas acho que sempre deixei claro o meu interesse, não é?
— Amor? Isso é tão inconsistente Scott...
— Por quê?
— Porque para amar a gente tem que conhecer.
— Embry já havia me dito que você não acredita em amor à primeira vista.
— O Embry? Quando falaram sobre isso?
— Já tem algum tempo. Nós também somos amigos. Eu contei a ele o quanto eu sentia a necessidade de estar mais perto de você, mas eu sabia que você não se interessava por mim. Então o procurei para perguntar se você estava com alguém da reserva. Tomei um susto quando ele me disse que vocês estavam juntos, mas já haviam terminado. Então ele disse que eu deveria ser sincero com você, mas só falar quando eu realmente estivesse preparado, porque você não acredita que um homem, pode sem pedir muito, amar de repente.

estava mais do que surpresa. Estava confusa. Guardou aquelas palavras que mereceriam uma análise cuidadosa, quando estivesse em sua casa.

— Estive me preparando essa semana para te dizer o que sinto, e receber um “não”, bem grande. Mas confesso que por mais que eu já saiba o que você me dirá, é difícil me conformar.
— Sabe o que eu vou dizer?
— Que no momento você não está preparada. Que está confusa com algumas coisas, com outra pessoa. E que espera que possamos continuar amigos, e irá dizer também para eu pensar um pouco mais no que eu sinto. Porque não quer me magoar e não quer que eu me confunda.
— Você é bom. — Ela disse envergonhada — Isso é... Constrangedor. Eu já sabia que o assunto era mais ou menos sobre os seus sentimentos relacionados a mim... E que eu teria que dizer alguma coisa, mas não consegui pensar em nada para falar. Nem mesmo pensei que ouviria tudo o que você disse. E como você também afirmou, eu não tenho como lhe prometer ou permitir que aconteça algo... Eu estou em um momento um tanto... Indescritível até mesmo para mim.
— Isso significa que?
— Que você não deve ter esperanças, Scott. Não é que eu esteja te rejeitando de um modo permanente. Pelo contrário, você tem atributos e qualidades que muito me atrairiam. Pode ser que um dia... Sei lá, as coisas me levem a nós, mas não confie nisso. Eu nunca vou tomar alguma atitude até que eu tenha certeza dos riscos. Na verdade, isso é mentira... — repensou o caminho que o próprio discurso estava tomando e recalculou os argumentos sinceros: — Eu tenho me arriscado muito ultimamente e não consigo refrear esses atos impensados, mas sei que, quando o risco não virá para mim, e sim, para alguém importante a mim, eu analiso com cuidado. Eu não arriscaria nem um fio de cabelo de quem eu amo.
— De quem ama... Como pode dizer isso? Há pouco falou que para amar a gente tem que conhecer... — desafiou-a de um jeito calmo e sereno. O jeito de Scott.
— Eu... Scott... A questão não é essa! Eu amo você, amo o Peter, o Erick, os quileutes... Os poucos amigos que tenho aqui, como iguais. Mas o amor ao qual você se refere, não é amor. É paixão. Não estou dizendo que você não pode me amar, só estou dizendo que o que você sente ainda não pode ser amor.

Scott a olhava apoiando a cabeça nas mãos em cima da mesa. Bebia seu kaiak e fitava-lhe como se tentasse invadir seu interior.

— Que cara é essa? — o perguntou aflita.
— Estou tentando decifrar você... — ele a fez sorrir sem graça descontraindo o clima desconfortável que havia ficado — Então quer dizer que... Eu posso manter a esperança, mas não acreditar em nós?

Ele indagou com certa confusão, pois a desculpa dada pela amiga era de fato contraditória. sorriu largamente, ao ver a expressão de quem tentava a pegar desprevenida com aquela retórica. E o sorriso dela, contagiou o dele. A virou um gole e suspirando, pediu para que eles esquecessem aquele assunto:

— Scott... Só vamos deixar que aconteça o quê, e se, tiver que acontecer.
— Tudo bem. Eu sei que não sou eu. Sei que não vai acontecer, mas uma única vez... Eu vou te beijar, . Porque não existe outra que eu queria tanto, e nem vai existir.

Ela escutou aquilo surpresa, e ficou sem resposta. Não sabia o que dizê-lo. encarava Scott, com seus olhos arregalados enquanto os dele, transpareciam calmaria, e no rosto do belo homem havia um grande sorriso. A velha senhora aproximou-se dos dois, após observar um pouco da dinâmica do casal e encostando a mão no ombro de Scott disse como alguém que surgia apenas para intrometer-se:

Gadis itu bingung. Dan kamu menipu dirimu sendiri. Gadis itu bukan milik tujuanmu.
(— A menina ficou perplexa. E você está se enganando. A menina não pertence ao seu propósito.)

Dia mungkin bukan miliknya, tapi dia ada di dalamnya.
(— Ela pode não pertencer, mas está nele.)

observou a conversa entre os dois, confusa, claro. Mas sentiu ainda mais curiosidade, pois, entre os dois pairava uma atmosfera de que o assunto fosse ela. E caso estivesse certa, ela sabia que Scott não lhe contaria. Por isso, pegou seu celular e pôs-se a gravar o que eles falavam, sem que os dois notassem.

Jangan kejam pada dirimu sendiri. Itu tidak akan bertahan lama, dan apa yang kamu rasakan hanyalah tandanya.
(— Não seja cruel com você. Não vai durar, e o que você sente é apenas o sinal disso.)
Tapi tanda-tanda itu bisa menjadi hal yang baik, dan aku menginginkannya.
(— Mas esses sinais podem ser uma coisa boa, e eu quero.)
Dia bukan untukmu, terimalah.
(— Ela não é para você, por favor, aceite.)
Aku merasakannya. Aku merasakannya. Dan itu tidak berarti dia juga bukan bagian dari diriku... Aku juga bisa terhubung dengannya.
(— Eu senti. Eu sinto. E isso não significa que ela não seja também parte de mim... Eu também posso estar ligado a ela.)
Jika seperti yang kamu katakan, jika kamu ingin menempuh jalan itu, maka kuharap kamu benar-benar siap.
(— Se é como diz, se quer seguir por este caminho, então espero que esteja realmente pronto.)
Aku sudah siap untuk waktu yang lama.
(— Estou pronto há muito tempo.)
Jalur ini tidak bisa kembali, hanya ada satu kesempatan untuk memilih.
(— Este caminho não tem volta, só há uma chance de escolher.)
Aku sudah tahu apa yang akan dia pilih. Jadi mencoba tidak akan menyakitiku.
( — Eu já sei o que ela vai escolher. Então não é como se tentar fosse me prejudicar.)
Bocah riang, tidak tersesat.... Aku akan selalu ada di sini untuk apa pun yang kamu butuhkan.
( — Menino despreocupado, não se perca.... Eu estarei sempre aqui para o que precisar.)
Saya menghargai itu, Nenek.
(— Agradeço por isso, vovó.)

A senhora sorriu para Scott depois daquele diálogo, e olhando a expressão curiosa e confusa, também um pouco boquiaberta de a encará-los, sorriu para ela também, e em seguida, a anciã saiu.

— Eu vou arriscar, apesar de achar que não, mas... Você vai me deixar saber o que disseram?
— Não. É melhor não.
— Tudo bem...

Apesar de desejar interrogar o amigo e arrancar qualquer informação que a mesma pressentia ser sobre si, ela não o fez. Os dois continuaram conversando e nada mais sobre aquele assunto foi dito. Um pouco depois de comerem e beberem, Scott quis levá-la para o pátio da vila, e conheceu todo o vilarejo.
Eles caminhavam como bons amigos de braços dados, Scott apresentou ela a muitos moradores da vila, e embora fossem dez horas da noite, não parecia que os nativos dormiriam tão logo. Era um povo muito animado! E todos se referiam a Scott como "Anak laki-laki riang".
As crianças da tribo gostaram do cabelo de , não só pela mistura dos tons negros e mechas castanhas, para elas incomum, como pelo volume farto e as ondulações que diferiam da maioria dos cabelos indígenas da região, sempre tão lisos.

— O que significa "Anak laki-laki riang"?
— Menino alegre, menino despreocupado... Mais ou menos isso. — Scott a respondeu orgulhoso.
— Puxa, era mais fácil que eles apenas dissessem o seu nome, já que, de fato, pensar em você é pensar em alegria. Sem falar que, “Scott” é bem mais curto... — comentou um pouco altinha da bebida e Scott não conteve o sorisso de quem achava graça nela a cada expressão que fazia.

Não demoraram mais a ir embora. Então, Scott e se despediram das pessoas a quem conversavam na vila, e a mulher prometeu que voltaria. Os dois entraram de novo no carro de Scott, e enquanto ele dirigia fazendo o caminho de saída do vilarejo, as crianças nativas corriam atrás do carro. ficou observando-as sorridente e Scott acenou para elas da janela, afirmando:

— Acene também senão elas virão atrás de nós até você acenar.

riu fartamente, alegre de fato pela noite tão incrível que tivera, e pendurou-se na janela do carro acenando de volta e gritando “até mais” para as crianças. E só então, as crianças pararam de correr e acenaram de volta, logo dando as costas e voltando para a vila. Aquela noite fora uma experiência muito inusitada para ! Não mais que outras que ela havia vivido em Forks, mas era tão especial quanto. E ela estava muito feliz, e um pouco bêbada, então, gargalhava divertida e animada, no banco do carro já recomposta, mas segurando sua barriga. Não era risada de graça, era risada de deslumbramento, admiração e alegria genuína.
eufórica no banco, digerindo aquelas memórias todas que mais pareciam-lhe ter entrado em um livro de contos e lendas, e Scott a observando sereno, satisfeito. Logo ele começou a rir junto com ela, porque não dava para não achar cômica a reação da mulher que ele não sabia se estava mais surpresa ou sob efeito de uma “metamorfose alcóolica”. Ao vê-lo alternar os olhares entre si e a estrada, com boas risadas de tudo aquilo, foi acalmando sua efusividade e parando de rir, trocou um olhar indagativo a ele e perguntando:

— As crianças correriam até Forks? O que foi aquilo? — e riu de novo, mas fracamente — Elas realmente me esperavam acenar! Que divertido!
— É minha culpa. — Scott começou a explicar: — Acostumei a acenar para elas quando corriam atrás do carro e acho que elas pensam ser um cumprimento obrigatório. Tornou-se um ritual de despedida. Só param de correr quando eu aceno. E como você estava comigo, elas esperavam você acenar também...

Um breve momento de calmaria se colocou entre os dois no carro, e já plácida e ainda mais curiosa , sorriu de maneira singela para Scott o agradecendo.

— Obrigada.
— Pelo quê?
— Por dividir isso comigo. Você disse que ninguém mais além de você veio até aqui... Que você nunca trouxe alguém...
— Eu ainda posso dividir muitas coisas com você .

O tom dele não só era sério, como era sedutor de um jeito sutil. percebeu Scott com outros olhos naquele momento. Era talvez, a primeira vez em que ela o olhava como um homem a quem ela poderia beijar, se as circunstâncias atuais fossem outras. E buscando afastar a onda de curiosidade sobre como seria o beijo do amigo, mudou de novo o rumo da conversa:

— Agora... Responde uma coisa?
— O que você quiser.
— Eles não são apenas seus amigos. — Tão logo ela contestou, Scott suspirou como se entregasse a resposta da prova de matemática nas mãos da professora enquanto colava.
— Você percebeu...
— É. Percebi o quanto você faz parte daquilo tudo... É pelo lado do seu pai, não é?
— Sim... Ele é neto da Surya. Mas, o meu pai não vem muito aqui por causa da morte dos meus avós.
— O que houve com eles? — perguntou ajeitando-se a sentar de lado no banco, sem retirar o cinto de segurança, muito atenta para ouvir a história que Scott contaria.
— Quando os indígenas começaram a serem caçados pela América, os Menitt Howa perderam muitos deles. Meus avós estavam entre alguns assassinados e, os poucos que restaram fugiram para esses lados, assim como em algumas outras tribos da região. Esse vilarejo é o que restou dos antigo Menitt.
— Por que nunca ouvi falar dessa tribo na história que retrata os povos originários dessa região?
— Porque não é legitimamente americana. A aldeia mesmo era toda de povo indonésio, ao virem para a América os povos misturaram-se entre Apaches e Menitt.
— Como você pode esconder isso tudo de mim? — retrucou indignada, pois, como bem sabia o amigo, ela era uma aficcionada por histórias antigas e lendas, além de ser uma curiosa fã de estudar as civilizações indígenas e já havia comentado com ele sobre suas motivações e raízes.
— Era a minha última cartada. Tive que esperar o momento certo. — Ele riu dando de ombros .
— Mas você é completamente diferente... Digo... Vocês não tem essa ligação... Seu pai, o Peter... Não é como os quileutes com a coisa de serem tão parecidos entre si.
— É... Não tinha como sermos idênticos não é?
— Só na personalidade, Anak laki-laki riang. Você, Peter e o Sr. Carter são igualmente adoráveis.

Os dois riram quando mencionou o apelido de Scott, de um jeito atrapalhado. Durante a volta, acabou adormecendo e só acordou quando já haviam chegado, e Scott a carregava.

— Ei... — Scott sussurrou e levantou sua cabeça que estava recostada ao peito dele, e observou ao redor ainda sonolenta, mas reconhecendo sua própria sala. — Acorda, aventureira. — Ele sussurrou de novo e se explicou: — Desculpe , tive que pegar a chave em sua bolsa. Não quis acordá-la, dormia tão tranquila, mas achei errado só te deixar aqui e ir embora sem me despedir.

Scott terminou de falar já colocando-a no sofá. esfregou os olhos e jogou as costas para trás, bocejando e riu quando voltou a olhar para o amigo em pé de braços cruzados à sua frente, com um sorriso ladino.

— Tudo bem. Obrigada por me trazer em seus braços fortes Scott, — Ela riu — e desculpe por dormir durante todo o caminho.
— Tirando os roncos, está tudo bem.
— Roncos? — Ela arregalou os olhos um tanto envergonhada.
— Estou brincando. — Scott disse rindo e se abaixou para acariciar o rosto dela de modo delicado: — Você parecia uma criança cansada dormindo. Acho que foi efeito da cerveja também, não é?

Sentindo os dedos carinhosos dele em seu rosto, e a ajeitar alguns fios de seu cabelo, o sorriso simpático e respeitoso de Scott, ficou o olhando com algumas dúvidas e surpresas. Quantas revelações sobre ele, a amiga tivera naquela noite. O tempo todo havia alguém como ela bem à sua frente. Alguém que não era uma espécie de metamorfo ou lenda, mas sentia-se parte de algo maior. De uma história, uma ancestralidade. E de novo, percebeu que Scott era atraente de um jeito novo. Enquanto ela ficava calada o esmiuçando, o homem achou estranha a atitude dela. Ficou pensando em o que estaria se passando na mente dela ao encará-lo daquele jeito, e presos em olhares, estudando um ao outro, Scott colocava uma mecha do cabelo dela para trás da orelha.

— O que você está estudando em mim? — Ele perguntou.
— Como a vida é engraçada... Eu achei que estava cometendo algum crime desviando-me para os quileutes, e que estava sozinha... Porque por mais que eu os adore, eles não conseguem me compreender... Quero dizer, eles me acolhem, me tratam como uma deles, mas não compreendem os lamentos da minha alma tão confusa... De algum modo eles e eu, somos distantes e muito próximos, mas aí... Você.... Surge com toda a sua normalidade igual a minha, e com os dois pés fincados em um mundinho tão seu... Você é igual a mim, Scott. — declarou de um modo quase filosófico, e Scott riu fraquinho e abaixou o olhar como quem pensasse distante, só tornando a encará-la quando a amiga o perguntou: — E você, o que estava analisando me olhando desse jeito?
— Desde que eu a vi, eu já te conhecia. Meu pai também sentiu que já te conhecia, mas ao contrário de mim, ele falou, não foi? Eu guardei cada traço teu, de antes dessa noite, e agora... Enquanto te olhava gravando os traços de uma diferente após ter conhecido a vila, eu pensava... Analisava, ou melhor, tentava analisar... O quanto a sua direção mudou. Porque, seus olhos sobre mim já não são os mesmos.
— Isso é ruim?
— Não. Só me pergunto se fiz as coisas no tempo certo.
— Não acho que devamos marcar as coisas com tanta ordenação do tempo... Isso não faz diferença em alguns casos.
— Mas é assim que as coisas são. O tempo organiza. E ele é necessário até mesmo para desorganizar... Então, será que na tentativa de organizar algo confuso entre nós, eu tenha desorganizado ainda mais?

Aquela pergunta pairou sem resposta por alguns instantes, estava deslumbrada. A cada palavra de Scott Carter, ela descobria um novo ser, um novo amigo, um novo homem e um novo alguém que talvez, fosse capaz de compreendê-la totalmente.

— Boa noite . Eu tenho que ir agora.
— Tudo bem... Eu te acompanho até a porta. — Ela sibilou quase inaudível de tanto que estava imersa nas palavras ditas por ele. E se levantando, sob um clima de tensão diferente entre eles. Os dois caminhavam em direção à porta de entrada dela, quando Scott retesou os passos no meio do caminho. — O que foi, Scott?
— Agora eu fiquei com medo.
— Medo? Medo de que Scott?
— De acordar amanhã e tudo não ter as mesmas proporções...
— Co-como assim? — A amiga encarou os olhos dele sobre si, um tanto confusa, inebriada.
— Eu vou ter que fazer uma coisa ... Só para que eu possa seguir em frente... Porque se eu não fizer, tanto posso retroceder como continuar no limbo em que estou, mas eu quero arriscar saber o que vem depois.
— Do que está falando? — se aproximou de Scott e tocou no braço dele, preocupada e confusa.

E foi assim que ele tocou a mão dela que repousava em seu braço, com a cabeça acima da dela, pela diferença de altura, firme a manter uma linha direta do olhar que encarava os lábios da mulher. percebia aquele olhar como se uma chama de paixão pudesse sair das irises de Scott recaindo em si, e a atmosfera ao redor dos dois mudou. Foi estranho, foi hipnótico, foi envolvente. Ela não sentiu os próprios pés dando pequenos passos de encontro a se aproximar ainda mais dele. Era como um ímã os atraísse para perto, contudo, com pouco fogo. Não era luxúria, não era paixão, era um misto de estranheza ingênua, como quando adolescentes estão prestes a dar o seu primeiro, atrapalhado e tímido beijo. tocou com outra mão o rosto de Scott sem desfazer o contato visual, e o rapaz envolveu a cintura dela com seu braço, a trazendo delicadamente para perto.

— Scott?

No silêncio confuso da ausência de resposta dele, o resultado foi um beijo. Os dois colaram suas bocas, com os olhos fechando devagar, e explorando e experimentando um ao outro, o ósculo era calmo e curioso. Era manso, cuidadoso, macio, uma sensação bem típica de Scott Carter causar. Totalmente contrário do que seria o arrebatamento de beijo quente e luxurioso que faria perder-se nos braços de quem a beijasse. Entretanto, aquele beijo ingênuo, tinha notas de maturidade e confiança, capazes de deixar que ele guiasse as reaçãoes dela, e não o oposto. E só isso, por si, já foi para uma surpresa enorme, quando sentiu uma mão de Scott em sua nuca, entrelaçando dedos por seus cabelos, segurando a cabeça dela como se a movimentasse para onde ele quisesse.
Scott Carter, como alguém que manipula o boneco de ventriloquia, dominou o corpo de . E ela deixou-se beijar por ele, como a outro, talvez, não deixaria; sem o meno pingo de disputa por “quem está beijando quem”. Foi Scott que parou o carinho, afastando o rosto um do outro, e explorando já com olhos atentos a expressão dela. A mulher com olhos ainda fechados, a boca entreaberta na espera de que ele retomasse ou dissesse algo. Um sorriso brando, ladino, de ladrão que surrupia uma maçã na feira sem ser pego e depois sai caminhando tranquilo, lustrando a fruta na camisa e a mordendo, estampava ao rosto do Carter. então abriu os olhos notando-o satisfeito, sentindo a mão dele baixando de sua nuca num deslizar respeitoso pelas costas dela, e ela estava completamente assustada pelo modo como ficou dominada por ele. Sequer aproveitou o momento para também explorar alguns carinhos entre os braços, costas ou pescoço dele. Lembrou-se de Theo. Seu antigo noivo beijava-a daquele jeito.

— Desculpe por isso. — Scott, por fim, rompeu o silêncio se afastando mais.
— Não tem que se desculpar. Acho que estávamos os dois, curiosos por isso, depois de tudo... — Ela dizia recobrando a consciência e os gestos — Não... Não peça mesmo desculpas por isso...
— Eu não sei o que vai ser quando nos vermos de novo. E nem vou ficar no seu pé ou fazendo dessa noite uma cobrança. Eu vivi o que queria contigo hoje, e.... O beijo... Eu realmente me culparia se saísse daqui sem ao menos deixar essa memória a mais pra nós dois.
— Scott, não pretendo te evitar por causa disso ou das suas confissões. Não se preocupe! Eu acho que no fim, a gente realmente terminou a noite num encontro! O que era para ser só uma saída entre amigos, mas, não me arrependo.
— Eu fico feliz por isso, de verdade. — Ele sorriu um sorriso de garoto travesso — Eu acho que consegui mudar um pouco a minha imagem não é?
— É, não posso negar. Agora você tem um... — riu entrando no clima de gozação que o amigo estava provocando para descontrair — Tem um tempeiro a mais, malandro....

Os dois riram e ele apontou a porta para ela, sorrindo:

— Tenho que ir.

acenou e continuou o acompanhando à saída. Abriu a porta para ele, e os dois se despediram em um abraço. Ela aguardou que ele entrasse no carro, e assim que Scott fechou a porta ela acenou e entrou, trancando a própria casa. Apagou as luzes da sala e subiu correndo para seu quarto e depois de acender a luz do abajur da mesa de cabeceira, espiou em sua janela entre as cortinas: o carro de Scott ainda estava parado em frente a sua casa e o homem encarava o próprio volante, em inércia, pensativo. suspirou e saiu das escondidas da janela, observando-o com mais atenção, e Scott dentro do carro suspirou pesadamente.

— Você fez o que podia no momento mais apropriado, Scott. Agora é deixar as coisas acontecerem ou não. — falou sozinho para si, e debruçou-se um pouco sobre o volante batendo a chave na ignição, olhando para cima e notando na janela o observando. Piscou na direção da amiga e acenou sorridente, e logo ela correspondeu ao sorriso, ele partiu do lugar.




Já era sábado e acordou com as batidas ocas que escutou à porta da sua casa, mas não se levantou da cama, pois ainda estava sonâmbula como se sonhasse com aquilo, até que seu telefone ao lado da cama começou a soar estridente, fazendo-a finalmente abrir os olhos e o atender.

— Alô? — disse com a voz cansada.
? Está tudo bem? — Ela reconhecia a voz do outro lado, mas não conseguia se lembrar de quem seria, por puro efeito do sono e da leve ressaca que sentia desde a noite passada com Scott — ? Alô?
— Jacob?
— Sim. Está tudo bem?
— Está... Mas, o que houve?
— Eu estou aqui na sua porta... Tínhamos um passeio... — Jacob explicou soando confuso, sem compreender se ela quem havia esquecido, ou ele que entendera errado o encontro.

No mesmo instante, a mulher deu um salto da cama deixando o telefone jogado sobre o colchão, descendo as escadas de sua casa apressada e resmungando um pouco desesperada para si:

— O passeio! Esqueci do passeio com o Jacob! Como pude esquecer?!

Ela pegou o molho seu porta-chaves, e o chaveiro de cachorrinho batia entre os dedos, enrolando-se entre os objetos pendurados, enquanto ela buscava sonolenta, qual era a chave da porta.

— Espera aí Black! Não vai embora! — gritou na esperança de que o homem à porta ainda a aguardasse.
— Tudo bem, não precisa correr... — Jacob devolveu a fala, enquanto guardava o celular no bolso de sua calça e sorria de canto, imaginando que a mulher do outro lado da porta estaria descabelada e envergonhada por ter se esquecido.

Tal como imaginou, o trinco da porta girou fazendo um típico barulho de destrave e a maçaneta igualmente deu espaço para visão que ele já esperava: ofegante, de olhos esbugalhados, um sorriso sem graça e amarrotada da cabeça aos pés.

— Oi! Bom dia! — A voz dela soou baixinha, e um tanto rouca.

Jacob sustentou um sorrisinho encantado em seu rosto e como se estivesse provocando-a, ele olhou para da cabeça aos pés, lentamente. Em seguida assobiou e disse:

— Hoje você se superou! Não sei se você é o lençol ou a cama inteira.

Ela olhou-se de cima a baixo, e virando o rosto para o lado, pôde ver seu reflexo em um pequeno espelho que havia na parede ao lado da porta. Ao constatar seu rosto cheio de marcas de travesseiro, os cabelos tal como ninho de passarinho e a remela nos olhos, saiu correndo em direção as escadas da casa, e subia-as pedindo enfática:

— Espere na sala! Espere na sala!

Black sorriu e entrou lentamente pela casa, fechou a porta da sala e foi até a cozinha. Como bem sabia, ela desejaria ao menos uma xícara de café antes de saírem, então ele ligou e preparou a cafeteira automática dela, embora, já tivesse dito a ele que preferia o café feito manualmente.
entrou em seu cômodo arrancando o pijama em seu corpo e buscando roupas limpas para vestir. Foi pega de surpresa com a data do passeio, pois, não havia se lembrado que já seria no dia seguinte ao encontro que tivera com Scott, e portanto, deitou-se sem sequer lembrar de despertador. Depois de definir o quê vestiria, ela correu para o banheiro fora de seu quarto, batendo a porta ao fechá-la e entrando no chuveiro apressada. Alguns minutos depois, saía enrolada na toalha quando avistou a figura de Jacob no topo da escada já adentrando ao corredor.

— Eu falei para esperar na sala, Black! — Ela enfatizou entrando ao próprio quarto quase como uma fugitiva. — Nem pense em entrar! Eu vou me trocar aqui!

Jacob encostou-se no corredor ao lado da porta dela, e cruzou os braços como um guarda-costas. Esperou o tempo em que ela já estaria possivelmente vestida e com as falanges do dedo indicador, deu dois toques na madeira.

— Já se vestiu?
— Sim! — Ela respondeu alto, mas não abriu a porta.

Black girou a maçaneta e entrou sorrateiro ao quarto. caminhava de um lado ao outro buscando outro par de algum sapato que não sabia onde deixara. Ele olhou para a cama dela de casal, bagunçada. Olhou ao redor do quarto se encontraria peças de roupas que não fossem dela. E ainda caminhando lento, como um detetive, foi até a janela olhando para baixo.

— Jacob? — indagou ao notar que ele parecia procurar alguém, mas quando ele se abaixou olhando sob a cama, foi que ela realmente sentiu-se incomodada: — Você perdeu alguma coisa aqui, por acaso?
— Ainda não tive a chance de deixar nada meu por aqui. — Ele zombou e escorando sentado na janela, cruzou os braços perguntando: — Está sozinha? Achei que pudesse ter atrapalhado alguma coisa.
— Estou. Claro que estou sozinha! De onde tirou essa ideia?
— Você não é de perder a hora assim, parece que dormiu tarde. Eu só pensei que talvez você estivesse com alguém.
— E? — calçou o par de sapato que havia encontrado, sem desfazer contato visual com Jacob, e tinha em seu semblante muita indignação pela atitude do rapaz.
— E o que?
— Jacob! Quem te deu o direito de vir vasculhar meu quarto atrás de alguém?
— Eu... Não quis ser invasivo, eu só estava brincando . — Ele explicou ainda com um sorrisinho cretino no rosto, mas não a olhava nos olhos, pois não admitiria que sentiu um leve desconforto com a hipótese de encontrar alguém ali.
— Brincando? — Ela se levantou da cama e com as mãos na cintura o encarava de pé na frente dele, e disse categórica: — Certo. Que seja. Mas, se eu estivesse com alguém, sabe que não tem o direito de se meter, não sabe?

Black desfez sua expressão e ficou mais sério, porém, não estava irritado com as maneiras dela como geralmente ficava. Na verdade, sentiu-se constrangido porque enquanto passava o café na cozinha, sua mente lhe soou um “Será que ela dormiu com alguém aqui e por isso se esqueceu do nosso combinado?”. Claro, ainda tinha o fato de que o cheiro de uma presença masculina estava impregnado nela e na sala, misturado ao cheiro da própria e também, perto do sofá. Algum cara havia estado ali, ele só não reconhecia quem. Então, a impulsividade de subir as escadas até o cômodo particular dela foi tão instintiva que Jacob sequer percebeu que não tinha aquele direito.

— Desculpe. — Ele falou baixinho e pigarreou se erguendo da janela e dando alguns passos na direção da mulher que ainda o encarava. — É que eu farejei outro homem.
— O quê? — perguntou com uma face confusa, mas deixando seu corpo relaxar, já que imediatamente se lembrou de Scott se despedindo dela na noite anterior.
— Eu... Outro cara. Tem o cheiro de outro cara na sala, deu pra saber que não foi uma mulher, e quando você abriu a porta... Você também tinha... — Jacob suspirou constrangido demais por aquela sua demonstração dos traços selvagens — O cheiro de outro homem impregnado em você.

sentiu o rosto ruborizando e coçou a orelha, extremamente envergonhada ela abaixou-se pegando a toalha sobre a cama e deu as costas ao Jacob indo até a própria cabeceira. Deixou sua toalha na cadeira, e ainda de pé, um tanto aturdida, ela tateava alguns itens básicos de maquiagem e começou a preparar o rosto. Se maquiava curvada para o espelho e olhando para Jacob através dele.

— Hrm... — Pigarreou — Você sentiu o cheiro de outro cara e simplesmente subiu no meu quarto sem mais nem menos? Pode dizer por quê fez isso?
— Eu só... — Jacob coçou a nuca envergonhado porque teria que admitir um comportamento tão irracional daquele — Foi mal, às vezes eu perco um pouco o domínio do que seria humano... Quero dizer... Foi uma coisa meio de alfa...

sorriu escondendo a vontade de rir debochada e analisando a figura dele pelo espelho, ela arqueou a sobrancelha ao dizer:

— Então você demarcou seu território por aqui, é isso?
— Eu vou te esperar na sala... — Jacob disse simples caminhando até ela, parou bem perto de , que girou a cabeça e a ergueu para encarar o homem sem graça, em pé ao seu lado que pegava a toalha na cadeira frente à ela.
— Quando você fez isso? Quando começou a dormir na minha porta?

No mesmo instante Black notou o sorrisinho debochado de para si.

— Você sabe que é vergonhoso pra mim e está tirando um sarro da minha cara, não é?
— Eu só fiquei curiosa para entender... Vocês fazem como os cães que urinam nas coisas ou tem outro jeito? — Ela sorriu um pouco contida pela risada que queria soltar.
— Está sendo extremamente grosseira, aliás.

Jacob desconversou suspirando, embora julgasse que talvez ele tivesse sido mais grosseiro primeiro. Farejar outra presença e entrar no quarto dela procurando alguém, era um descontrole bem pior do que a genuína curiosidade humana. A pergunta dela era vergonhosa para ele, mas completamente plausível. Se os quileutes demarcavam territórios como ela estava imaginando, era comum que ela perguntasse aquilo. Ele deu as costas para sair do quarto com a toalha dela em mãos, e olhou novamente na face quase ingênua dela que ainda esperava uma resposta.

— Não é assim. Basta a nossa presença contínua num local para demarcar como nosso.
— Ah... Então, é por isso também que só você dormia na minha porta? Porque como alfa você deve ter umas vantagens, não é? — largou o rímel sobre a penteadeira e virou-se realmente interessada para ele.
— Digamos que sim... Ser o alfa também tem este tipo de peso. Nenhum lobo da matilha ou de outras entra no território do alfa sem permissão.
— Hm... Isso dá um pouco de sentido a algumas coisas... Então você realmente demarcou a minha casa... Não é?

sorria para ele espertalhona, e notando que Black ainda estava constrangido ela tocou na bochecha dele apertando e dizendo:

— Agora nenhum lobo vai entrar aqui sem você deixar, não é? Como você é territorialista, Jacob!
— Nenhum lobo vai tocar em você. — Ele disse sério e de uma única vez. — Não sem antes lutar comigo por isso.

soltou o rosto dele devagar, sentindo-se quente e com o olhar confuso. O que ele estava querendo dizer com aquilo?

— Eu não demarquei só a sua casa. Eu demarquei você.
— C-como?

Ao perceber que ele havia conseguido deixar ela sem graça, como uma vingança sutil pelo constrangimento passado, Jacob sorriu e se aproximou do ouvido dela explicando sussurrado:

— Eu deixei meu cheiro em você várias vezes, então saiba que agora você pertence ao alfa, .

Ele a abraçou sutilmente, enquanto ela ainda estava estática com o que ouviu, depois ele se afastou dela e sorriu cretino ao encarar a expressão ruborizada dela. Caminhou rumo à porta com a toalha em mãos e saiu por ela. soltou o ar que prendia sem notar, e pensou a respeito do que havia acabado de ouvir, mas nem tivera muito tempo de ser pega de novo pela artimanha de Jacob, que voltou alguns passos até a porta do quarto dela e explicou mais uma vez:

— Ah! E sim, eu sou mesmo territorialista.

Depois de dito aquilo, Jacob saiu descendo sorridente pela casa dela. Se achou que teria pego uma fraqueza dele com a vergonha que ele sentia pelo que fizera, agora ele também havia incutido uma fraqueza nela. Afinal, pensar que Jacob a marcou como sua propriedade seria o bastante para deixar a morena perturbada um pouco. Embora aquela fosse uma verdade, não foi intencional da parte de Jacob. Era algo natural e instintivo, até involuntário. Por isso, os lobos alfas tendem a ser mais reclusos da alcateia, já que a simples presença ou toque deles é capaz de demarcar. É um símbolo de sua força, mas também, é uma fraqueza. estava demarcada desde o momento em que ele não só estava na casa dela, quanto ao momento em que ele a tocou pela primeira vez. E ela percebeu aquilo, no momento em que ele retornou dizendo: “eu sou mesmo territorialista”.
Ela terminou de fazer sua maquiagem diária simples, e olhou-se no espelho satisfeita. Ainda pensando em Jacob a aguardando na sala, pegou um perfume e passou em si. O cheiro de Scott estava nela? Ainda estaria? Borrifou perfume. Um pouco culpada, ela pensou na noite anterior desacreditada de como poderia ter “capotado” ao ponto de se esquecer do compromisso com Black. Então relembrou-se de que, não havia simplesmente apagado. Na verdade, ela custou a dormir. Por causa de sua atitude impensada com Scott. E ao retomar aquilo, já não tinha cara de encarar o Jacob... Aliás, será que Jacob já sabia quem era o homem que estivera na casa dela?
desceu e encontrou Jacob sentado à bancada da cozinha a esperando com duas canecas de café. Ela se aproximou dele ainda um pouco sem graça por tudo, e Jacob a esticou a xícara.

— Não está do jeito que você gosta, porque eu fiz na cafeteira, mas já estamos atrasados.
— Obrigada. — Ela falou dando um gole e olhando o relógio da cozinha dando-se conta do horário: — Seis e meia em um sábado!? Você está doido, Jacob?
— Nós marcamos às sete.
— Eu sei disso! Mas a que horas você chegou?
— Cinco e meia. E bem... — Ele ironizou — Que bom que eu vim cedo, do contrário, alguém estaria até agora roncando!
— Tem razão... — Ela deu de ombros e voltou a reclamar: — Mas podia ter avisado que estávamos com tempo! Me fez achar que estava atrasada!
— Não me culpe, eu só cheguei cedo. Você quem ficou agindo como se tivesse cometido algum crime. Você fez alguma coisa errada, mocinha?

A piada sarcástica dele fizera novamente ruborizar. Então, ela virou o restante da bebida de uma só vez sob os olhares curiosos de Jacob.

— Vou pegar meus documentos, vai trancando a casa por favor.
— Já está tudo fechado, não abri nada.

Enquanto pegava suas coisas, Jacob lavava as canecas e logo os dois estavam caminhando para fora de casa. Ela trancava a porta da entrada, quando perguntou para ele, ainda um pouco sem graça:

— Eu quero perguntar uma coisa...
— Hm?
— Essa coisa de cheiro... — comentou e pigarreou antes de concluir: — Eu... Eu ainda estou com cheiro de outra pessoa?

Jacob a olhou de soslaio, e ela se virou de frente para ele ainda um pouco tensa. Ele, igualmente ficou de frente para ela, analisando o quanto aquela informação parecia mexer com ela.

— Se eu disser que sim, isso te incomodaria ou te confortaria?
umedeceu os lábios e olhou para os próprios pés. Jacob entendeu que ela estava pensando em uma forma de mudar de assunto.

— Está com cheiro do seu perfume, agora. Eu tirei o cheiro dele de você quando te abracei. Seres humanos comuns não conseguem demarcar uns aos outros dessa forma, podemos farejar rastros das pessoas por alguns dias em lugares, coisas, pessoas, mas, quando se trata de deixar algum rastro, o cheiro dos lobos se sobrepõe ao cheiro dos humanos.
— Então você quer dizer que agora não tem mais o cheiro de outras pessoas perto de mim?
— Eu sinto, mas não tão forte quanto o meu. Por quê? Você quer saber como perder o meu rastro?

A mulher apenas suspirou e negou silenciosa.

— Não é isso. É só que eu não sei como me sentir... Não sei se é desconfortável ou não, andar marcada por aí como sua propriedade...

Jacob sorriu abaixando a cabeça e então tocou a mão de a confortando:

— Não ligue tanto para isso, não é como se você fosse minha propriedade, não é? E depois, não tem muito como impedir. É tipo quando você está perto de outros animais e o seu bichinho de estimação reconhece que você esteve com outros. Não que eu seja seu animal de estimação, vamos deixar isso claro.

O comentário dele foi capaz de deixá-la mais descontraída. Então olhou para a rua, onde a camionete de Jacob estava estacionada com duas grandes motos na carroceria, e ela sorriu largamente.

— Certo! Vamos logo!
— Espera... — Jacob ainda segurava a mão dela quando a mesma tentou passar por ele: — Você está chateada comigo? Digo, com a minha atitude esta manhã? Eu não quis ser...
— Eu sei! — o interrompeu sorrindo — Territorialista, você ia dizer, não é? Eu sei que não quis ser invasivo e que a sua atitude foi uma ação instintiva.
— Mesmo assim, quero que saiba que controlar este tipo de impulso é algo que nós fazemos. Afinal, nós somos racionais e humanos também. Minha condição de lobo não deve justificar ações de controle sobre você... Se algum dia eu fizer isso contigo de novo, por favor, ...
— Eu te mordo. — Mais uma vez ela falou o cortando, e levando a mão até o rosto dele explicou: — Não é assim que se mostra respeito? Mordendo a orelha do outro?

Jacob riu bem humorado e menos culpado.

— Você assiste muito Animal Planet, não é?
— Pior que não, eu deveria?
— Anda, vamos logo, Mani! — Jacob sacudiu a cabeça em negativa e passou o braço ao redor dela a guiando até o carro.

Os dois entraram, afivelaram o cinto, Jacob ligou o rádio do carro e logo perguntou o que estava curiosa para saber:

— De onde veio a camionete?
— Da oficina. Eu geralmente a uso no trabalho.
— É bem bonita. É uma Chevrolet Truck 53, não é?
— É sim... Você entende mesmo de carros. — Ele sorriu e zombou: — Não o suficiente para evitar batê-los em uma árvore.
— Ah, esquece isso! — Ela riu e tocou o couro interno do painel analisando: —Parece que foi reformada, você quem fez?

A mente de Jacob viajou de volta alguns anos, no momento em que recebeu de Charlie a Truck vermelha detonada pedindo que ele “desse um trato” no polimento e uma revisão mecânica, porque seria o presente da filha do policial.

— Foi sim. Ela estava bem pior, tinha um amassado grotesco na porta que quem fez, tentou consertar com um serviço porco. Digno de um Cullen.

O comentário dele ativou uma memória da conversa com Scott.

— Espera, essa Truck foi de algum Cullen?

Jacob suspirou e umedeceu os lábios antes de contar:

— Era da Bella, e ela deixou para trás junto com Charlie.

queria fazer muitas perguntas sobre aquilo! Estava curiosa ainda por tantas questões em torno da ex-amiga, mas ao mesmo tempo, sentia que tocar no assunto traria mais desconforto, do que esclarecimento.

— Você saiu ontem? — Então Black mudou o tema da conversa, antes que ela perguntasse mais alguma coisa sobre Bella. — Não estava em casa, estive lá.
— Por que foi até minha casa?
— Nada em especial... Só queria ver se estava bem.

encarou aquela resposta com estranheza. Os dois haviam estado juntos recentemente, e mesmo assim, Jacob foi até sua casa na noite passada “só para ver se ela estava bem”?

— Por que não me telefonou? — Ela perguntou,
— Porque você não me deve satisfações, Mani. — Jacob respondeu de modo óbvio.
— Eu saí para beber ontem... — respondeu receosa se deveria dizer com quem.
— Sozinha?

Ela balbuciou prestes a dar uma resposta

, mas não emitiu som algum, então Jacob notou que talvez ela não quisesse falar. — Não precisa contar se não quiser. Sua vida particular não me diz respeito, .
— Não se trata de não querer, é só que... — pigarreou e no mesmo instante seu telefone apitou uma notificação recém chegada. Aproveitou a deixa para ler a mensagem, e se assustou ao constatar que era Scott.

"Bom dia , obrigado pela companhia maravilhosa, e pela noite incrível. Confesso que acordei um pouco preocupado com o que aconteceu. Espero que nada tenha mudado entre nós. Prezo muito para que possamos manter ao menos a nossa boa amizade, mesmo depois das confissões... Enfim, até breve. Um beijo."

Logo que leu, a sensação de algo preso à garganta retornou, assim como a culpa. Sentiu-se péssima por estar lendo aquilo com Jacob ao seu lado. Ele, no entanto, não tentou espiar a mensagem, apenas observava os trejeitos dela. Notou que algo estava incomodando, e sabia que tinha a ver com outro cara. Ao mesmo tempo que Black queria saber tudo, ele entendia que ela não precisaria contar ou explicar nada. Por mais que ele viesse dia após dia, sentindo como se ela fosse sua, Jacob compreendia que aquilo não era certo. Ela não era dele nada além de uma boa amizade, e por mais que às vezes, o desejo de mudar aquilo falasse mais alto, se envolver com qualquer pessoa nunca foi algo simples para ele. Se se tornasse uma lembrança dolorosa, Jacob não aguentaria outro tombo. Por isso, ele estava lutando contra seu instinto e seu querer, contra sua racionalidade e sua emoção, desde que conhecera aquela mulher tão perfeita para ser a líder fêmea de um alfa.

— Black... — Ela sibilou após apagar a tela do próprio celular — Ontem eu saí com...
— Você não precisa mesmo me contar o que faz ou deixa de fazer da sua vida, . — Interrompeu ele à fala dela, antes que escutasse o que não queria — Está tudo bem você ter os seus segredos, sair e namorar com quem bem entende.
— Por que parece que você está repetindo isso mais para se convencer?

Os dois trocaram olhares curiosos. Jacob suspirou ficando sério, e guardou o celular no bolso da calça novamente pigarreando e olhando para frente. Logo, tomou um fôlego e encarou Black, mesmo que a atenção dele estivesse focada à estrada.

— Não quero te esconder nada, mas fico insegura se eu deveria falar tranquilamente o que fiz ontem, porque eu não sei como nós estamos e o que nós temos de fato. Quero construir uma cumplicidade com você, na verdade... Acho que eu quero...
— Podemos falar disso depois? — Jacob pediu a interrompendo pela quarta ou quinta vez naquela manhã — É melhor esclarecermos tudo.
— Depois? Não pode ser agora?
— Eu prefiro. Para poder olhar nos seus olhos.
— Tudo bem.

A música continuava tocando como fundo musical calmante. E Jacob e permaneceram dialogando tranquilos, sem mais falarem em sentimentos, cheiros, ou pessoas paralelas em suas vidas. Apenas conversavam sobre carros, motos, sobre o lugar em que fariam o passeio e Black ainda contava como Seth ficou chateado por não ser convidado a estar com eles. Depois de alguns bons quarenta minutos, Black estacionou no acostamento de uma grande estrada vazia, com nada além de poeira e chão grosso ao redor. Aquela era não era rodovia que saía de Forks, aos arredores de La Push, e que estivera antes. Jacob olhou para o lugar como se alguma memória dali, estivesse se mostrando em sua mente. o encarou enquanto caminhava até a parte traseira da carroceria e ele permanecia silencioso e contemplativo.

— Está tudo bem?
— Sim... Já faz um bom tempo que não venho aqui pilotar... — Ele respondeu fitando o nada, até encará-la com um olhar desafiador: — Preparada?
— Sempre e para tudo!
— Que perigo. — Black disse zombeteiro.

A subiu na carroceria da camionete para desamarrar as motos e empurrá-las até Jacob. Ele retirou a camisa antes de pegar as motos e o encarou com a sobrancelha arqueada como se o perguntasse o motivo para aquela exibição desnecessária.

— O que foi? Graxa mancha a roupa sabia?
— Você só quer exibir esse tanque de guerra que eu sei... — Ela revirou os olhos arrancando risos dele, que tão sutil como quem pega um copo de vidro, cuidadosamente levantou as duas motocicletas de quase trezentos quilos.
— Qual vai ser a minha? — perguntou ao descer.
— Eu te indicaria a vermelha, a capacidade é melhor para iniciantes.
— Então ela é sua. — A mulher respondeu puxando a chave da mão dele e se preparando para montar na moto preta. Colocou o capacete, piscou atrevida ao Jacob e já estava se preparando para sair.
é sério! Você pode se machucar...
— Nos encontramos em que ponto? No fim dessa estrada? — Ela ignorou o aviso dele, dando partida na motocicleta e sem esperar resposta, acelerou.

Jacob a observava surpreso pelos zigue-zagues audaciosos que fazia na pista. Ela provou que realmente, não era iniciante em nada daquilo, e de braços cruzados, Black sorria todo bobo. Não demorou muito a alcançá-la e emparelhou ao lado, a mulher girou a cabeça para encará-lo e viu que Jacob sorria de volta para ela, pelos olhos já miúdos dele. Os dois continuaram o percurso batalhando manobras por alguns metros na estrada, até que ela fez uma manobra de retorno, por ele inesperada, e os pneus cantaram. gargalhava do quanto aquilo teria assustado Black e ao retornar ao ponto de partida, ela desceu da moto retirando o capacete, e Jacob parava ao lado dela, eufórico. se encostou na lataria da frente da camionete e colocou os seus óculos de sol, sorrindo para ele como uma garota marrenta. Jacob igualmente tirou seu capacete, passou a mão ajeitando o cabelo curto e sorrindo ladino caminhou até ela, a surpreendendo com seus braços fortes, prendendo o corpo dela entre ele e a camionete.

— Você é doida? Quer me matar de susto? — disse tranquilamente, a encarando bem próximo.
— Por quê? — ria divertida.
— Que manobra foi aquela?
— Nunca te disseram que se não sabe brincar, não deve começar?
— Quer brincar mesmo? Então tá. Eu só não imaginava que você sabia mesmo pilotar desse jeito.
— Mas eu te avisei. — Ela deu de ombros.
— Tenta não me matar ok, motoqueira selvagem?
— Matar? — ajeitou sua postura, fazendo com que Jacob se endireitasse ficando reto, e com um risinho sacana ela deslizou o indicador do queixo de Jacob até o início do abdômen vestido dele, enquanto provocou: — Matar não... Mas, enlouquecer, quem sabe?

E em seguida o afastou caminhando mais uma vez para a motocicleta, vestindo de novo o capacete e se preparando para outra volta. Black ficou um tanto inerte com a atitude dela, mas logo olhou para o chão soltando um riso fraco, e preparou-se para retornar à pista. Eles ficaram explorando a estrada de cascalhos dessa vez, por um caminho mais trilhoso que o próprio Jacob indicou a ela que o seguisse. E após quase uma manhã inteira de trilha, retornaram para a Chevrolet Truck, extremamente felizes e risonhos e claro, cheios de poeira.

— Você é mesmo muito boa. É sempre boa em tudo?
— É um dom. Mas você não sabe nem da metade das coisas que eu sei fazer, Black!

respondia tranquila, livre de malícias, depois de ajudar a colocar as motocicletas de volta na caçamba do carro, e enquanto os dois caminhavam para a frente da camionete. Jacob pegou duas latas de refrigerante dentro da caixa térmica que estava no carro, ficou em pé de frente para a lataria da camionete e Jacob estendeu a ela a latinha. Ela abriu e ele deu um gole no seu, em seguida respondeu:

— Estou me preparando inteiramente para conhecer todos os seus dons, Mani.

sentiu que havia certo tom de malícia na fala dele. Ela bebeu um gole do seu refrigerante sem desfazer o contato visual com ele. Deu um passo para trás para encostar na lataria, e percebeu Jacob caminhando em direção a ela. A manhã não estava quente, sequer havia sol forte no céu, já que as nuvens nubladas formavam um cobertor térmico. Os dois não sorriam mais, porém, mantinham seus olhares ardilosos um sobre outro. Black estava tão mais próximo dela, que imaginou que ele fosse finalmente, dá-la o beijo que há muito ela esperava. No entanto, ele deixou a lata de seu refrigerante sobre o carro, passou os braços em torno do corpo de e a abraçou, posicionando as mãos nas costas das coxas dela e a colocando sentada no capô do carro. Ficaram silenciosos encarando-se, ele em pé entre as pernas dela e enlaçado à cintura da mulher; ela, aceitou o abraço dele em sua cintura, o abraçando de volta e repousando a cabeça no ombro de Jacob.
O que quer que fosse a intenção de Jacob ali, para , tratava-se daqueles tipos de “silêncio” que muito dizem.

— E agora? — ela perguntou, mas se referia aos dois, e não ao passeio.
— Conheço uma estrada de cascalhos... É bem radical. Mas você não vai pilotar.
— Por mim tudo bem. — disse aceitando que não era o momento de falar sobre o que é que estavam sentindo um pelo outro.
Retomaram a estrada rumo ao outro ponto em que Jacob queria levá-la, uma trilha bem mais sinuosa e mais isolada, além dos limites de Forks. Depois que desceram do carro, Jacob retirou apenas uma motocicleta preparando-se para pilotar.

— Vem. — ele disse montando na moto preta e batendo às suas costas para que sentasse à garupa. Ela sorriu animada obedecendo, e Jacob não perdeu a chance de provocar quando falou em tom sensual piscando para ela: — Segura direitinho.
— Assim? — agarrou firme a cintura dele e travou as coxas ao redor das pernas dele, devolvendo a provocação.

À medida que Jacob acelerava e a poeira subia deixando-os ainda mais sujos do que antes, a sensação de liberdade era incontestável. A adrenalina causada pela velocidade e pela proximidade entre os corpos um do outro, o vento refrescando a pele, e o olhar fixo de Jacob às curvas dando a ele uma expressão ainda mais sexy, tudo aquilo causava em uma urgência. Ela repousou a cabeça nas costas dele, apertando-o ainda mais em seus braços, desejando que aquele momento durasse cada vez mais, e assustando-se por perceber o quanto necessitava de Jacob. Estava mesmo apaixonada, e ter consciência daquilo começava a doer porque não sabia se era certo, ou no mínimo, correspondida.
Depois de passarem cerca de quarenta minutos naquela trilha, onde chegaram a um cume que possibilitava-os ver onde a camionete estava parada lá embaixo e ficaram contemplando um pouco do Sol que ali no alto era mais acessível; os dois retornaram ao ponto de partida. Aos poucos Jacob desacelerava e a camionete se aproximava ainda mais. Assim que parou a moto, Black virou o rosto para , sorridente, porque ela não o soltava e mantinha-se de olhos fechados com a cabeça repousada no ombro dele.

— Só para constar... Já estamos parados.
— Eu sei, mas não quero soltar.
— Ah... Sabe, sem problemas você ficar assim agarradinha em mim, mas é que... Podemos pelo menos ir para o carro?
— Quer que eu te agarre dentro do carro? — falou risonha e provocante.
— Não foi o que eu quis dizer, mas já são meio dia e eu estou faminto... — ele riu fraco pelo nariz.

observou o modo como ele sorriu constrangido, e não deixou de notar que a resposta dele foi um tanto evasiva. Ela desceu da moto ficando em pé na frente dele. Com braços cruzados, a mulher sorria analisando a reação de Jacob. adorava a forma como ele olhava para os lados, encarando o chão e tentando dizer alguma coisa, abrindo e fechando a boca sem de fato emitir som. Era o jeito dele que mostrava o quanto Jacob ficava afetado com algo, envergonhado como um adolescente ansioso. E saber que de algum modo, ela causava ansiedade nele, tornava a centelha de esperança maior. A esperança de que ela não estava se apaixonando sozinha.

— Não acredito que consegui deixar Jacob Black visivelmente sem graça. Isso é sério?
— Não é nada disso sua boba. — ele respondeu sem jeito, olhando-a com ternura.
— E então, o que é? — perguntou se aproximando dele, gradualmente, enquanto o silêncio aguardava o momento de ser rompido por uma resposta ou ação. E foi a ação dela quem veio primeiro. Lentamente, aproximou o rosto dele, cautelosa como quem quer acariciar uma fera, ela pousou a mão no rosto dele e encarou os lábios de Black. Foi se aproximando, aproximando, até Jacob segurar o rosto dela com as duas mãos, de modo delicado, mas depositar um beijo no rosto dela. Em seguida, afastando-a ele saiu da moto.

Jacob Black havia fugido do beijo. observou-o dando-lhe as costas, sentindo-se uma idiota. Uma otária apaixonada. Jacob estava de costas para ela, encarando os pés, com uma mão na cintura e outra sobre as têmporas, claramente, aturdido. Ele não acreditava no que acabara de fazer: como pôde negar a investida dela daquele jeito. Suspirou profundamente, certo de que deveria explicar a ela o motivo para não permitir que o beijo entre eles acontecesse. Se até ele queria aquilo, porque sentia tanto medo de que acontecesse?
Quando finalmente se virou para falar com ela, que parecia derrotada como se tivesse acabado de ser reprovada em uma prova importante, caminhava rumo ao carro.

— Vamos Black.
, desculpa. Eu...
— Não precisa de ajuda para guardar a moto, certo? — Ela o cortou abrindo a porta da cabine e entrando já no banco do carona.

Jacob queria que, naquele momento, pudesse voltar no tempo um minuto. Mas só restava a ele guardar a moto e tentar conversar ao longo do trajeto de volta. Enquanto fechava a porta da carroceria, observou pelo retrovisor, e a expressão dela era de quem estava tentando controlar a própria raiva. estava séria observando a estrada, mordendo os lábios, e aquilo era algo que ela fazia involuntariamente quando estava prestes a explodir, mas não queria. Depois que entrou no carro, notando que a mulher evitava olhar na direção dele, Black afivelou o cinto de segurança, bateu a chave na ignição, deu a marcha e segurava o volante, mas não fizera menção de pisar no acelerador. Continuou imóvel encarando ao volante. E resolveu não dizer nada, não fazer nada, deixá-lo decidir o momento de sair dali. Afinal, como ela iria encará-lo depois daquilo? Em sua mente, seria torturante ver a rejeição nos olhos cortantes dele ou ouvir qualquer desculpa seguida de “eu não tenho este tipo de sentimento por você”. No fim das contas, lá estava ela pagando por uma paixão unilateral que a própria foi incapaz de evitar.

? — ele disse finalmente se virando para ela, ainda com o carro ligado — Você está bem?
— Por que não estaria? Eu apenas tentei beijar você, mas não é o que você quer. — Ela respondeu ainda sem encará-lo e segurando a denúncia de decepção que poderia vir da sua voz, tentando manter alguma racionalidade madura: — Eu posso lidar com isso, não tem motivo para não estar bem.
— Não era a minha intenção te rejeitar.
— Eu já entendi a sua intenção, Jacob. Agora, vamos, por favor... Ou tem algum problema com o carro?
— Não... Com o carro não tem nenhum problema.

Jacob abaixou novamente a cabeça, olhando para o volante, decepcionado, e deu partida. Queria dizer a ela que também desejava o beijo, mas não podia ceder a uma coisa de momento e arriscar perder mais uma amiga. Eles seguiram o percurso, calados, intermediados apenas pelas músicas que tocavam no rádio. E ao contrário do efeito que imaginaram, logo estavam dentro do distrito de Forks de novo. A volta foi rápida, mas longa o suficiente para que na mente de muitas hipóteses se passassem, e na mente dele, muita culpa.
Ela refletia que por mais doloroso que fosse o sentimento de rejeição, precisava manter a maturidade. Racionalidade, aliás. Tudo bem uma pessoa não corresponder aos sentimentos dela, certo? Mas, então porque motivo ele jogava com ela? Ou apenas levava a sério toda aquela brincadeira de flerte que vinha ocorrendo entre eles há meses? Sem saber o que foi manipulação dele e o que foi ilusão da fértil imaginação dela, tentava elencar por pensamentos as respostas. Jacob não a queria, e ponto. De algum modo, o passado interno dele era muito mais vivo do que ela pensava. Acreditava ter subestimado as lembranças de Bella, ou seja lá quem fosse a pessoa que habitou tão ferozmente o coração dele, e o deixou retalhado daquele jeito. Ela já não queria saber.
Contudo, por mais que ela se calasse, não poderia impedi-lo de falar. A voz trovejante de Jacob ecoou, com a súbita necessidade dele de deter as perdas da confusão gerada, antes que se despedissem um do outro.

. Eu quero conversar sobre o que aconteceu agora há pouco. Não posso deixar nossa manhã terminar assim com esse peso de quem acabou de enterrar um cadáver. Eu sei que só estou piorando as coisas e...
— Black, eu não quero conversar. — o cortou de novo: — Só me deixa em casa. Por favor.

Jacob deu seta, parou no acostamento da estrada fazendo lamentar porque, sem dúvida alguma, aquela conversa não acabaria bem. Os dois estavam mergulhados em suas próprias frustrações e isso geralmente não dava certo.

— Jacob, por favor! Eu não quero lidar com... — começou a pedir, mas notou que Black estava trêmulo e ofegante. — Jacob?
— Você não pode me evitar de tentar explicar!

A voz dele soou baixa, mas rouca, raivosa, como se estivesse sumindo, como se ele estivesse lutando com uma força interna tão grande que explodiria. Ao mesmo tempo, Jacob começava a suar, e desafivelou o cinto de um jeito urgente e aquelas reações começaram a assustar .

— Jacob? Você está bem?

Ele abriu a porta do carro, ignorando a pergunta dela, e ordenando enquanto abaixava a trava da porta do motorista e a fechava trancando dentro do carro.

— Fica aí! Não saia desse carro!

observou, assustada com o estrondo forte que ele deu ao bater a porta, mostrando que alguma coisa estava saindo do controle dele. Observou Jacob pelo retrovisor caminhando para trás da camionete, se afastando com as mãos segurando a cabeça e se contorcendo enquanto andava de um lado para o outro. Black parecia sentir alguma dor. era uma pessoa inteligente, mas na maioria das vezes, a impulsividade sobrepunha-se à sua inteligência. E aquilo se provava desde que ela viera para Forks, já que nos últimos tempos, estava totalmente inclinada a se entregar às insanidades à sua volta. E foi em um rompante destes, que ela sequer pensou o problema que poderia se meter ao desobedecer Jacob, soltar o próprio sinto, destravar a própria porta e sair do carro caminhando até ele.
Já desconfiava que Jacob perdeu o controle de suas emoções e estava prestes a se transformar no metamorfo, mas algo estava diferente! Ela recordava da transformação de Bruh, e não foi daquele jeito! Com Bruh, sequer havia piscado e a garota era uma loba. Mas Jacob estava sofrendo alguma coisa, e ela soube que estava certa quando ele caiu de joelhos no chão, encolhido quase em posição fetal apertando a cabeça. Então ela parou de caminhar cautelosa e correu até ele, desesperada.

— Jacob! O que foi?

A respiração dele ainda estava ofegante, e sua postura não mudou quando ela se aproximou. Ele continuava com a cabeça pressionada entre as mãos e os olhos voltados ao chão. então tocou o braço dele e sua pele incendiava, ele suava muito também.

— Jacob! — tentou levantar seu rosto, mas ele urrava como se lutasse contra a dor — Jacob, por favor, olha pra mim! Me deixe te ajudar!

Só depois que ela gritou com ele, Black percebeu que estava perto. Os olhos dele a encararam, e estavam diferentes, suas íris oscilavam entre reflexos de cor dourada e vermelho. Quando viu os olhos da criatura pela primeira vez, sentiu-se assombrada, no entanto, não queria afastar-se dele, não conseguia.

— B-Black... Você me ouve?
— Saia daqui! — Apesar do olhar dele dentro dos olhos dela, parecia que Jacob não a enxergava, a voz também era grave e trêmula, um tanto rouca. E vê-lo vulnerável como um animal acuado só a fazia querer ficar.
— Você precisa de ajuda!
— Vai embora ! Agora!

Ele gritou, a empurrando para longe de si e caiu sentada ao chão. Jacob, num rompante levantou-se ainda contorcido e aproveitou para fugir. Correu rumo à mata densa da floresta que permeava a estrada. não compreendia o que acontecia com ele, afinal, aquela era uma transformação comum de um alfa ou ele estava se tornando aquele metamorfo perigoso que Embry também se tornou?
Desesperada, correu em direção ao carro depois de se levantar e olhando atenciosa à sua volta, pois, percebeu que estava em uma situação muito arriscada. Depois que entrou pela porta que havia deixado aberta, ela fechou-a travando a segurança, e pulou para o banco do motorista. Precisava chegar na reserva o quanto antes! Deu partida ligando o carro de novo, e se pôs a dirigir apressada. As ideias que passavam por sua mente eram assustadoras! E se ela perdesse Jacob para a própria fera? E se aquilo o matasse? E se ele fizesse mal a alguém? Aquilo não poderia estar acontecendo com o Jacob! Entretanto, ele era um dos sete herdeiros do clã. Pior, ele era o alfa. E saber aquilo a deixava ainda mais apavorada, então começou a chorar de medo e tirou o celular do próprio bolso da calça, discando o número de Embry com dificuldade, enquanto dirigia.

? Tudo bem? — Embry atendeu a chamada rapidamente, mas a ela parecia um pouco agitado.
— O Jacob, Embry! Aconteceu com ele! — gritava chorosa, ansiosa e confusa: — Ele precisa do clã!
— Vocês estão onde? Se afaste dele, !
— Já chegamos em Forks, na estrada limítrofe com Silverdale, mas ele correu para a mata. Estou dirigindo para a reserva. — explicava tudo com um choro compulsivo e assustador que também espantava a Embry.
— Se acalme, ! Tenha cuidado ao vir, e não se preocupe, ok? Sam, Paul, Quil e eu já iremos atrás dele! Não se preocupe! Ele vai ficar bem, agora só se controla e vem pra cá! Se acalme! A Sue e o Billy, estão te esperando.
— Tá, tá... Embry... Por favor...
— Eu cuido dele. Fica calma.
— Cuidado.

desligou e continuou dirigindo apressada, porém, foi tentando se acalmar . Confiando que entre os rapazes, eles conseguiriam proteger Jacob. Sequer pensou em parar em sua casa, seguiu o caminho para a reserva direto com tanta velocidade que nem surpreendeu-se ao ver a viatura policial, com Charlie dirigindo, seguindo-a. Ele fez sinal para que ela encostasse e obedeceu. Quando Charlie avistou a Truck vermelha surgindo na estrada naquela velocidade, espantou-se. Primeiro, porque aquele carro ele conhecia muito bem e não entendia qual a razão de Jacob estar dirigindo como um louco. E em segundo, porque não era Jacob quem estaria dirigindo, visto que soubera que o rapaz iria passear com .

— Onde pensa que vai a essa velocidade senh.... — Charlie dizia enérgico ao se aproximar da janela, mas parou de falar ao reconhecer a motorista: — ? O que aconteceu? Por que está chorando? E por que corria desse jeito? Esta Chevrolet é a do Jacob, onde ele está?
— Charlie... Desculpa... Mas é que o Jacob...
— O que tem ele? — Charlie perguntou abrindo a porta do carro e percebendo o estado ansioso de , um pouco assustada também, ele desafivelou o cinto dela, que retomou o choro compulsivo e deu a mão para ela sair do carro.
— Estávamos juntos no carro, a caminho de casa quando ele... Surtou, sei lá, acho que é a transformação... — explicou com dificuldade e Charlie a abraçou consolador.
— Se acalma, .
— Ele saiu de controle, Charlie! Foi assustador! Correu pra floresta e eu liguei para o Embry. Os rapazes foram atrás dele, Billy e Sue me esperam na reserva. Pelo visto a coisa é mesmo séria!
— Tudo bem querida. Ele vai ficar bem. — Afagou os cabelos dela, e acariciou as costas da mulher, como um pai acolhedor — Vamos. Eu te levo para a reserva. Você não deve dirigir neste estado.
— Mas o carro...
— Eu reboco. Agora, vamos.

retornou entrando na Chevrolet ao lado do carona aguardando Charlie terminar de prender a viatura policial no reboque da camionete. Quando o delegado subiu do banco do motorista e deu partida com o carro, atento à estrada e em , percebeu que a mulher não conseguia se acalmar. Alguma coisa deveria ter acontecido entre ela e Jacob. E por mais que a tentasse se controlar era impossível. Uma culpa corroía o seu interior. não sabia exatamente por que, mas sentia que tudo o que acontecia com Jacob tinha ligação com ela. Como se fosse ela quem despertava a fera, e em meio ao julgamento próprio, ela se lembrou de ouvir Billy dizendo ao filho: "— É a , Jacob (...) E já está na hora filho".

? Tudo bem? — Charlie perguntou depois de dar a ela algum tempo de silêncio, o qual aos poucos ela parava de chorar. — Quer conversar sobre mais alguma coisa?
— Sobre o quê precisamente?
— Algo que a distraia... — Arriscou ele: — Me conta o que você e Jake foram fazer hoje...
— Ele me levou até umas estradas desconhecidas e andamos de moto.
— E se divertiram?
— É... — Ela respondeu ainda incomodada.
— Eu não estou ajudando muito não é?
— Desculpe Charlie... Quem sabe se mudarmos o assu

nto?
— Tudo bem, filha! — Charlie assentiu e sorriu. Mas aquela palavra... “Filha”... Pegou de surpresa. Não que fosse a primeira vez que Charlie a demonstrasse um carinho paternal, entretanto, a palavra bateu diferente daquela vez. ficou olhando sem graça para o delegado Swan, que ao se dar conta do que dissera, pediu desculpas:

— Desculpe... Não é que eu esteja te comparando a ela.
— Tudo bem, eu sei que você sente falta da sua filha.
— Sim. Mas não é por isso que eu gosto de você. Você é muito diferente dela, tem o seu jeito próprio de cativar. Eu me sinto ligado a você de alguma forma.

aproveitou-se daquele momento em que Bella era o assunto e resolveu perguntar:

— Afinal, o que houve com ela Charlie?

O delegado olhou para e foi possível enxergar uma dor antiga em seus olhos. Algo como a dor de um pai que perdeu para sempre uma filha. Porém, mesmo com aquela verdade escondida no fundo do olhar, Charlie sorria ao dizer para a mulher:

— Logo você saberá.
— Tudo bem. — Apesar de sorrir, soltou um muxoxo descontente. Já deveria imaginar que não saberia, pois, todos sempre trocavam de assunto quando ela perguntava demais. Ela não insistiu, e voltou a observar os pinheirais passando pela janela.
— Posso te fazer uma pergunta um pouco indiscreta? — Charlie perguntou um tanto constrangido e a jovem, com cenho franzido e curiosa, assentiu que sim. — O que está acontecendo entre você e o Jake?
— Nossa... Não imaginei que perguntaria sobre ele! — , surpresa, começou a rir.
— O que foi? É uma pergunta muito invasiva? — Charlie perguntou desentendido.
— Não, é que... Eu nunca tive alguém próximo de uma figura paterna me perguntando sobre as minhas paqueras ou namoros... Foi algo novo.
— Figura paterna?
— Como você acabou de dizer, eu também sinto uma ligação com você Charlie. E embora não seja o meu pai, eu gosto de imaginar como seria.
— Fico honrado. — ele riu e arqueou uma sobrancelha — Então... Pelo que entendi vocês estão de paquera ou de namoro?
— Não... Nem um, nem outro.
— Tem certeza?
— Também não. — o encarou, falando de forma triste e direta — Até essa manhã eu achei que fosse diferente, mas... Acho que foi só ilusão minha o tempo todo.
— Tenho certeza de que não foi. De alguma forma, Jacob está sempre se apaixonando pelas minhas meninas, acho que é fixação dele querer ser meu genro... Então não foi ilusão sua.
— Fala sério! — riu um pouco mais divertida.
... Sei o quanto é complicado para você, porque também foi para mim. Mas uma hora todas as peças vão se encaixar, inclusive Jacob. Você só precisa ter um pouco mais de paciência. Se não for demais para você...
— Não é. Eu suporto. Tenho suportado até mais do que eu imaginei poder suportar.
— E conte comigo para o que precisar.
— Obrigada Charlie.
— E por favor, não dirija mais daquele jeito.
— Pode deixar.
— Chegamos. — ele disse entrando à reserva.

O policial estacionou o carro de Jacob, enquanto cumprimentava Sue na varanda de Billy, com um forte abraço. Billy caminhou com sua cadeira silenciosa até ela e Charlie logo se colocou ao lado de , e beijou Sue em cumprimento.

, você está bem?
— Um pouco melhor Billy, obrigada. E os meninos?
— Se acalme. Eles estão bem.
— Já deram notícias?
— Não querida, mas fique calma. Estão bem! Eles sabem o que fazem. — disse Sue para a mulher.
— Nem todos Sue, nem todos.

disse olhando para Charlie que entendeu ao comentário e sobre o que ela se referia. O delegado não ficou por ali, pois ainda estava em serviço, então a abraçou e perguntou antes de ir:

, querida, tem mais alguma coisa que eu possa fazer por você?
— Tem sim.
— Pode falar.
— Não me multar por excesso de velocidade seria muito bom. — A mulher riu.
— Eu não vi nada. — ele piscou e saiu, deu meia volta apontou o dedo para e disse: — Ah! Só dessa vez, certo?
— Não teremos outra. — Ela respondeu firme.

Assim que ele saiu, sentou-se no banquinho da varanda da casa de Billy e ficou com os olhos fixos encarando a mata.

— Aceita um chá com bolo? — Sue perguntou para ela, sentando ao seu lado.
— Não precisa se incomodar Sue. Estou sem fome. Obrigada.
— Tudo bem, melhor guardar a fome para o almoço que já, já, sai.

Apesar da matriarca Clearwater, simpática tentar lhe confortar, não tirava os olhos da floresta, preocupada. Atenta ao menor sinal, no aguardo de boas notícias. Aliás, boas notícias que iriam apenas a acalmar para que ela pudesse ir embora para sua casa. Não havia motivos de comemorar nada, porque ainda estava chateada com o ocorrido entre ela e Jacob, no entanto, não poderia negar a preocupação. Por isso, logo que surgissem com novidades, os rapazes a tranquilizariam daquele susto para que ela fosse embora.

— Conte-me o que houve . — disse Billy parando a cadeira ao lado dela.
— Ele parou o carro e começou a tremer. Mandou que eu ficasse na camionete e saiu descontrolado. Eu fui atrás dele, ele caiu de joelhos no chão e começou a urrar, era notório que sentia dor e a pele dele incendiava. Eu nunca vi nenhum de vocês apresentar estes sintomas, Billy. Jacob segurava a cabeça como se evitasse alguma coisa em sua mente. E os olhos dele... Estavam dourados, mas no reflexo avermelhavam e ... Não sei Billy... Eu não sei o que aconteceu, apenas que ele saiu correndo.

olhou para o lado e avistou Bruh escorada na cerca da varanda escutando o que ela dizia. olhou para a mais nova com raiva e Bruh não se intimidou. Billy pigarreou e então, a voltou sua atenção a ele.

— Entendi... Mas não era sobre isso que eu estava perguntando. — Billy encarou a jovem mulher de forma sábia, calmo e ergueu a sobrancelha.
— O quê? — balbuciou confusa, ouviu passos pesados e virando a cabeça, notou que Bruh havia saído de perto com ainda mais raiva.
— Eu me referia ao "o que aconteceu" para deixá-la assim tão desapontada? Certamente, vocês brigaram não é?
— Não... Não foi nada... Foi o susto — Ela desviou o olhar de volta à floresta, mas Billy era astucioso e insistiu:
— Vocês não conversaram sobre vocês?

suspirou profundamente e se controlou. Ter a toda hora, perguntas de todos os lados, sobre Jacob e ela, começavam a irritá-la demasiadamente.

— Não. — Se levantou, dizendo arredia: — Billy, obrigada, mas... Eu vou pra casa. Preciso descansar disso tudo... Só não deixa de me avisar, tá?
— Não. Você vai ficar. Não pode ir ainda.
— Por que não?
— Porque a primeira coisa que Jacob vai querer ver é você e saber se está bem.
— Ele pode me ver outro dia. — Ela mencionou nervosa.
— Então vocês brigaram.
— Billy...
— Pessoal, venham almoçar! — Sue apareceu na porta da casa dela gritando para os dois.
— Vamos, . Não se preocupe, eu não farei mais perguntas.
— Eu não estou com fome. Obrigada.
— Deixe disso . Não vou falar mais nada. — Billy disse amigável.
— Eu não vou embora Billy. Só não estou com fome...
— Tudo bem. Qualquer coisa, nós estaremos lá dentro.

Ele disse saindo em direção à casa de Sue e tudo o que mais queria naquele momento, era a possibilidade de enxergar em um raio de dez quilômetros à sua frente. Assim, ao menor sinal dos garotos retornando pela mata, ela sairia correndo até eles. Entretanto, a mulher só podia aguardar. E aguardou imóvel, pensativa e preocupada por algum tempo, até Sue novamente surgir insistindo para que ela almoçasse. Agradecida, negou. Ela estava absolutamente sem apetite. Ficava recordando a manhã de corridas e trilhas com Jacob, o quanto divertiram-se e o quanto ela decepcionou-se. A cena de Black fugindo de seu beijo passava vívida remoendo com a raiva que sentia, sequer compreendendo o motivo para aquilo.
Aos poucos, as pessoas que estavam na reserva surgiam após terem almoçado, entre elas, Emy e Leah, foram falar com a . Bruh manteve-se na rede de pano, na varanda da casa de Sue, junto a ela.

— Não se preocupe, eles chegarão bem. — disse Billy quando retornou com as mulheres, para sua própria cabana, e antes de entrar ofereceu: — Vou preparar um chá para você. Tudo bem?
— Obrigada Billy.
— Como você está, ? — Emy a abraçou e em seguida Leah fez o mesmo.
— Estou bem, dentro do possível.
— Eu posso garantir que esta sua cara azeda não é por preocupação apenas. Afinal, já vi você em situações piores com a maior tranquilidade.
— Está se referindo ao episódio da tribo Whitton? — perguntou .
— Exato. — Leah respondeu sorrindo.
— Se quiser conversar, pode contar conosco . — Emy a olhava com carinho — Somos suas amigas!
— Até mesmo a Leah? — Bedingfiled mencionou olhando com uma sobrancelha arqueada, em tom sarcástico para a filha mais velha Clearwater.
— Er... Por falar nisso... Eu te devo um pedido de desculpa e algumas explicações. — A loba mencionou um pouco envergonhada por seu comportamento anterior.
— Não, Leah! Eu e Embry já conversamos e não há nada para ser explicado ou desculpado. Está tudo certo!
— Mas eu gostaria que você soubesse que eu não tive a intenção de magoá-la.
— Fala sério Leah! Magoar? Não me magoou. Eu posso não ter ou não ser, o imprinting de alguém, mas o Embry exagera quando diz que eu "não acredito no amor".
— É ele sempre diz isso! — Leah confirmou e as três mulheres riram.
— Pois é! O que me lembra que preciso ter uma conversa com ele sobre ficar espalhando essa visão equivocada a meu respeito...
— Ele não está errado. Vai dizer que você não é do tipo que acredita que o amor se conquista aos poucos? — perguntou Emy.

Com a pergunta de Emily, olhou para a caçula Bruh Ateara. Ela encarava à bióloga certa e atenta a conversa que pos sua condição era fácil ouvir, mesmo à distância. . Diante daquela pergunta de Emy, percebeu que talvez fosse aquela a questão: Jacob havia sido conquistado pouco a pouco por Bruh.
Contudo, algo em seu coração ainda indagava-se “Será?”. A não-quileute sustentava o olhar da Ateara, sem sentir qualquer intimidação e Bruh, compreendeu de alguma forma o que pensava. Sorriu de canto, vitoriosa. Um sorriso, que soou à , uma real vitória de quem não só conseguira causar uma pressão psicológica, como também, de alguém que talvez houvesse conquistado Jacob. Leah percebeu o quanto encarava a Ateara, e olhando na direção da lobinha, ela pescou o que acontecia entre elas, e foi logo dando a sua opinião sempre muito direta.

— Ah fala sério! Acha mesmo que a Bruh conquistou o Jake? — Leah encarou a mulher, de forma incrédula enfim atraindo a atenção de para si novamente: — Aquela pirralha?
— Não quero acreditar nisso. Porque seria nojento. Jacob seria nojento. Ela é só uma criança. — disse e não tivera a intenção de ofender Bruh, mas ela realmente achava-a uma criança comparada ao Jacob.

O que não percebeu é que a caçula escutou tudo e tentou levantar nervosa da rede em que deitava, mas Leah virou-se de frente para a Ateara, em um repente, e ergueu a mão à frente do corpo gritando de modo incisivo:

— Se acalma aí, Ateara! Nem tente ou eu vou arrancar a sua orelha!

A mais nova entrou para a casa de Sue, irritada como toda loba adolescente com os hormônios aflorados, e Leah voltou à sua posição de antes: encostada na madeira da varanda de frente para , e as três mulheres continuaram conversando.

— Ela está nervosinha. — Leah disse de um jeito que fez as três rirem.
— Isso é bullying, Clearwater. — disse arrancando mais risos.
... Não se preocupe com a Bruh! Eu já te disse isso. — Leah falou séria, a fim de consolar a preocupação da outra que ela ainda não sabia se provinha apenas daquela insegurança com a outra loba.
— Eu a encontrei na porta do mercado um dia destes, e nós meio que discutimos. — contou recebendo os olhares curiosos das outras duas.
— Discutiram? — Emily cruzou os braços tentando imaginar o motivo usado por Bruh para tirar da própria razão: — O que ela pode ter dito a você para que caísse na pilha dela, ? Este não é o seu estilo, é mais o da Leah .
— Bem, ela me encarou e me desafiou para uma briga. Então eu disse para ela não me subestimar e ameacei que também poderia atingir ela, aonde doeria mais.
— No Jacob. — Leah constatou rindo orgulhosa e piscando travessa para .
— É.... Foi o que eu pensei. :
— Mas espera... Ela te chamou para brigar? E vocês caíram na pancadaria? Tipo, isso? — Emy falou assustada.
— Não! Claro que se fosse necessário eu não evitaria brigar com ela, mesmo ela sendo uma loba estúpida... Sei que ela não se transformaria no meio da cidade à vista de todos.
— Ei, não xingue o clã! — Leah repreendeu.
— Foi mal. — riu — Enfim, se tivesse que lutar eu lutaria. Cravava dentes e unhas mesmo que não sobrasse nenhum pedaço meu depois, mas, eu não sou de ficar brigando por qualquer coisa.
— Mas também não é de fugir. Por isso que eu simpatizo com você. — Leah confessou sorridente.
— Simpatiza é? Quem queria comer o fígado da e mastigá-la entre os dentes como se ela fosse um pedacinho de carne inútil, mesmo? — Emy perguntou debochada e revelando algo dito por Leah tempos atrás.
— Ah, mas... Ela estava com o Embry e sendo amiga da Bella eu achei que a história toda se repetiria!
— Caramba. Escapei de uma boa por pouco... — zombou fingindo cara de medo para Leah — E sabe... As pessoas precisam desassociar a imagem de Bella à minha, porque isso não tem funcionado! Não mesmo!
— Continua a história, . — pediu Emily.
— Então... Depois que eu a provoquei, a Bruh falou algo que não saiu da minha mente. Ela disse: “Não deu certo para ele uma vez, e não dará de novo! Ele já sabe que garotas como você não podem curá-lo!”. E bem, eu acho que ela estava certa apesar de não ter ideia ainda do quê exatamente ela estivesse falando.
— Acho que a está pensando que o Jake ainda não esqueceu a Bella. — Emily comentou encarando Leah, e as duas olharam para a amiga, de um jeito que passava confiança. Queriam que compreendesse o quanto aquilo era bobagem.
— E ele esqueceu, por acaso? Ainda que o Jacob tenha tido outra namorada, o único tipo de "garota como eu" que posso assimilar a tudo o que Bruh disse, é a Bella!
— Bella não era como você. E nunca será. — Leah revelou, firme com muito desprezo em sua voz.
— Nós não somos parecidas mesmo. Mas, a Bella é como eu, porque também é uma garota que não se transforma em lobo.
— É. Ela se transformou em algo muito pior. E isso também te faz muito melhor do que ela. — Leah contou e entrou na casa de Billy, pois ele a chamava.
— Não entendi Emy. — mencionou desconfiada.
— Você vai entender quando te contarem toda uma longa história.
— Tenho tempo. Pode me contar! Aliás... Vocês tem muitas histórias, alguém precisa a começar a dizê-las.
— Desculpe, Lu... Mas não serei eu a te contar a história entre Bella, Jacob e tudo o que isso gerou. — Emily sorriu quando declarou aquilo e logo Leah chegou com o chá de Billy, e dizendo alegre:.
— Então, voltando ao raciocínio inicial... Revele de uma vez, o que aconteceu com você e o Jake hoje? Eu sei que tem alguma coisa no ar!
— Nós só saímos para andar de moto e na volta ele teve esse surto, ataque... Sei lá como vocês chamam isso.
— Ah cala a boca, ! Você entendeu onde nós estamos querendo chegar! — esbravejou Leah — Billy contou que vocÊ chegou aqui com a cara de quem mataria o Jacob assim que ele chegasse e não tem nada a ver com a transformação dele! Vocês brigaram, e se brigaram, eu aposto que tem a ver com toda a tensão sexual que existe entre vocês!
— O quê? — Alarmou-se um tanto indignada — Não tem nada... Não tem tensão! Do que é que você....
— Desde o dia em que você e Embry estavam trocando carinhos na varanda da minha cabana... — Recordou Emily interrompendo : — Que essa tensão sexual existe, ! Pelo menos, pela parte do Jacob, sempre existiu.
— Vocês duas estão muito enganadas. Não acontece isso entre a gente. Eu até pensei que o Black poderia estar interessado, mas ele deixou claro que não.
— Como assim? Ele te rejeitou? — Leah perguntou irritada.
— Praticamente. Eu tentei beijá-lo hoje, mas ele fugiu.
— ELE O QUÊ? — Emy e Lia, gritaram.
— Ele não quis me beijar e o discurso que se iniciou foi próprio de alguém que me daria um fora. Daí eu fiquei com raiva e só entrei no carro para ir embora negando qualquer conversa. A gente ainda estava discutindo dentro do carro quando ele começou a perder o controle.
— Como assim? Não entendo! Ele disse que... — Leah murmurava confusa, como se pensasse alto, mas não terminou a frase. Sua atenção foi tomada pelo instinto de loba, de repente.

Ela olhou para frente na direção da floresta, Emy e fizeram o mesmo, então avistaram os garotos começarem a surgir devagar entre as árvores. Jacob estava com eles, e seu semblante era sério, irritado. Imediatamente, largou sua caneca em um canto do chão ao lado do banquinho em que estava sentada, e caminhou em encontro ao grupo de lobos seguida pelas meninas logo atrás.

— E aí, Seth? Como vocês estão? — ela perguntou tocando o rosto do garoto caçula, que era mais alto do que ela, um tanto cuidadosa analisando suas expressões.
— Tudo bem. — Seth disse sorridente e calmo.
— Tudo bem? Como assim? — indagou preocupada e confusa.

Os rapazes olharam para Jacob todos ao mesmo tempo, aguardando que ele se aproximasse da garota. Black andou devagar até , olhando-a sério da cabeça aos pés, buscando certificar-se de que não a machucou.

— Você está bem? — Jacob perguntou em tom baixo.
— Estou. E você? — devolveu a questão, um tanto fria.
— Vou ficar melhor... Mas, eu machuquei você?
— Não como você pensa. — respondeu com mágoa e se virou para os outros garotos: — E vocês? Estão todos bem?
— Só alguns arranhõezinhos. Tem certo lobo que gosta de se esconder no meio dos espinhos. — Sam falou abraçando Emy e zombando Jacob.
— Bem, sendo assim... Agora que vejo que estão todos bem, eu vou para casa.
— Eu te levo. — Jacob disse.

deu as costas para ele sem falar nada, enquanto todos os observavam, atentos. Claramente, eles sentiam que alguma coisa de muito errado havia acontecido entre eles. caminhou até a varanda de Billy pegando sua caneca no chão e entrando para deixá-la no lugar, silenciosa, ignorando a presença de Jacob que a seguia.

— Não precisa me acompanhar, Jacob. — declarou sem olhá-lo.
— E você vai a pé, por acaso? — Black ironizou em tom arrogante, recebendo da mulher, uma resposta tão atrevida quanto a dele:
— Vou até voando se eu quiser!

deu as costas para ele antes que Jacob a retrucasse, mas ele se apressou e tocou no punho dela a parando, se colocando à frente dela sério, e os dois enérgicos, encaravam-se com impaciência.

— Eu já disse que te levo, não foi um pedido.

A garota trincou o maxilar e soltou-se das mãos dele de um jeito rude, e pisou fundo para fora da cabana, bufando e se controlando para não parecer tão afetada diante de todo mundo que ainda estava reunido do lado de fora, conversando. Assim que avistaram a saindo pela porta de entrada da cabana, Leah ouviu Emily e Embry mencionarem para que ela não fosse até ele, mas a loba entrou correndo na cabana dos Black. Seth, Quil e Paul se despediram da , dizendo que iriam comer e dormir porque estavam todos exaustos da canseira que alcançar e controlar Black lhes deu. Embry, no entanto, permaneceu ao lado de fora sentado, como se soubesse que queria falar com ele, e a esperasse.

— Ei. — ela disse se aproximando dele. — Queria conversar com você antes de ir.
— Estava com muitas saudades de você. — Call respondeu abraçando a amiga de um jeito apertado e perguntando curioso: — Por que mesmo não nos vemos há algum tempo?
— Eu não sei. Mas é normal quando um amigo começa a namorar, sabe? Principalmente quando a namorada é ciumenta. — comentou rindo e o olhando cúmplice.
— É... Mas você também não apareceu mais na reserva, bonitinha!
— Estou meio enrolada com algumas coisas no trabalho...
— Leah disse que eu precisaria conversar com você.
— Disse? Sobre o quê?
— Ela não sabe, mas eu acho que faço ideia.
— E então?
— Scott Carter?
— Acertou. Agora você pode ler os meus pensamentos?
— Não. — Embry riu explicando: — Eu me encontrei com ele hoje cedo e fiquei sabendo de vocês...
— Eu não imaginava que vocês fossem tão amigos assim.
— Confesso que já fomos mais próximos.
— Hum... E o que ele te disse?
— Tudo.
— Tudo?
— Tudo. — Embry a respondeu, com um olhar jocoso e desafiador sobre ela.

Imediatamente sentiu as bochechas esquentarem. Estava coradasó de imaginar que Embry soubesse do beijo que ela e Scott trocaram.

— É... Pois é, ele se declarou. Assim posso dizer. E disse que você andou dando umas dicas.
— Não. Eu só o adverti da verdade.
— Você precisa tirar da sua cabeça essa ideia de que eu não acredito no amor, Embry. E claro, parar de ficar mencionando isso para os outros!
— Não é isso que eu digo. Você sabe! Responde, sinceramente : acredita no amor a curto tempo? — Call a encarava desafiadoramente como se já tivesse ganhado uma aposta.

Assim que ele terminou de falar, Jacob apareceu na porta da frente. Olhou para os dois conversando e foi até a casa de Sue.

— Eu não sei. — enfim respondeu ao Embry.

Leah apareceu logo atrás de Black, contrariada. Ela olhou para direção que ele havia tomado e gritou:

— Volta aqui, Jake! — Mas como ele a ignorou, ela apenas resmunou e entrou novamente, nervosa para a cabana dos Black.

e Embry assistiram a cena, curiosos.

— O que essa maluca falou para ele?
— Você deveria se acertar com ele, seja lá o que aconteceu entre vocês, o Jake ficou muito preocupado contigo. E está se sentindo culpado, eu só não sei se é apenas sobre o ataque.
— Embry... — Ela tentou negar, mas então, cedeu: — Argh... Eu já volto.

Mal suspirou arrependida, Call escancarou um sorriso de confiança e ela seguiu atrás de Jacob. Entrou pela sala de Sue e não havia ninguém. Subiu as escadas imaginando que Jacob estivesse no quarto do Seth e caminhou pelo corredor devagar, o quarto de Seth era o primeiro. Bateu, mas ninguém atendeu. Então ela caminhou um pouco mais a frente e encontrei uma porta entreaberta, dentro os vários quartos. tocou a maçaneta e abriu a porta devagar, sentindo como se o chão se dividisse sob os próprios pés. Ela poderia ver seus pedaços caindo lentamente, como se uma metralhadora a perfurasse por inteira. Mas não havia sangue, havia sombras. Faltou todo o ar em seus pulmões e lá estava ela sufocada. Por que aquilo lhe parecia um castigo?
Bruh e Jacob. Jacob e Bruh. Suas hipóteses confirmadas. A loba e o lobo. Eles se beijavam. Jacob não estava segurando a garota de um jeito romântico, apenas segurava as mãos dela sobre seu rosto, mas ainda assim, ele a beijava. E Bruh, o corpo inteiro dela demonstrava o quão feliz e fervorosa ela se sentia. não fez barulho, ela fechou a porta devagar, sentindo a garganta fechar escorou a mão na parede, e quando virava-se para sair pelo corredor, Leah surgia caminhando bufante, mas lenta.

? — A amiga sibilou ao notar a outra saindo dali com um olhar vago.

sequer respondeu, apenas ergueu os olhos para Leah que viu as iris brilhantes da amiga, sem nada entender. Silenciosamente, mas rápida, descia as escadas pronta a sair dali o mais imediatamente que poderia. Leah ficou surpresa e desconfiada, encarou a porta por onde parecia ter saído e foi até lá.

— Jake!? — Leah gritou ao ver Jacob finalmente separando-se da boca de Bruh: — Seu babaca!

Àquela altura, já surgia correndo pelo pátio saindo da cabana de Sue, apressada para a cabana dos Black. Ela sequer explicou algo ao Billy quando passou a mão na chave da camionete de Jacob, pendurada atrás da porta. Embry e Billy assistiam a cena um tanto confusos.

— Vai atrás dela, ela parece nervosa demais Embry... — Billy ordenou.
, espera! — O amigo falou caminhando até ela, e quando a viu correr para o carro de Jacob, Embry se apressou.
— Embry! Vem comigo! — gritou se jogando no banco do motorista, e Call, sem entender nada a seguiu para o banco do carona.

Antes que ele pudesse fechar a porta, o arranque e o som do acelerador soando ao mesmo tempo, mostraram o quão nervosa estava para sair dali. Embry deu um grito assustado, batendo a porta e a olhando preocupado e pedindo:

! Me deixe dirigir!
— Fica quieto Embry! — Ela gritou arrogante e depois pediu com a voz mais fraca: — Só me dê um tempo!
— Tudo bem. — O amigo disse a olhando assustado, prendendo o cinto de segurança ele olhou para frente, respirou fundo e pediu: — Só tente não nos matar!

acelerava pela estrada, sem sentir o peso do próprio pé, sem sentir a aceleração, sequer estava focada na estrada. Era como se a cena de Jacob e Bruh se beijando, estivesse repassando pelo parabrisa.

... — Embry chamou ao sentir a velocidade subir — ... — Repetiu, mas ela não o ouvia, até que ele notou o estado de choque dela e gritou-lhe: — ! O que está fazendo!?
— Ele e a Bruh estavam se beijando, Embry! — respondeu gritando de volta, sentindo-se abalada e segurando o choro. Ela aos poucos foi caindo em si, e desacelerando, o que fez Embry também suspirar aliviado.

Quando ele percebeu que a amiga estava calada, mas focada na estrada, com os olhos firmes e a aceleração normal do veículo dentro do limite, ele tentou entender aquela história:

— Quer conversar?

Mas ela nada falou. Mantiveram o silêncio até que chegasse em casa. Assim que o fez, ela estacionou a Chevrolet de Jacob de qualquer jeito na entrada, saiu do carro batendo a porta e jogou as chaves para Embry.

— Obrigada por vir para levar o carro! Já pode ir, Call. — mencionou dirigindo-se à sua casa, cabisbaixa, mas Embry não deixou de seguir ela.
espera.

Ela não parou, apenas adentrou rápida e direta até a cozinha para buscar um copo de água.

— Vamos conversar? Acho que vai te fazer bem desabafar. — Embry disse calmo e parado na soleira da cozinha.
— Não. Não precisa. Tudo foi esclarecido. Quase tudo, na verdade, mas não quero saber de mais nada. Nada de respostas. Nada de perguntas.
, você está com raiva... Olha...
— Você queria saber se eu acredito no amor à primeira vista? Naquele amor ingênuo e platônico que simplesmente brota do nada? — o interrompeu dizendo dura e direta: — Não Embry! Eu não acredito em nenhum sentimento desse tipo! Eu só acredito no amor que surge depois de muita convivência, cumplicidade e sobretudo, depois que os dois lados permitem-se conhecer todos os segredos um do outro. Não é algo que eu espere mais que venha do Jacob, mas do Scott? Quem sabe!? Eu tenho essa possibilidade que poderia me fazer acreditar... No futuro, talvez eu tente!
— Você está nervosa . Não fala besteira!
— O Scott te disse que nós nos beijamos? — continuou falando e andando de um lado para o outro, como se a culpa do que aconteceu fosse de Embry e ela estivesse tentando jogar as coisas na cata dele.
— Não. Eu joguei verde com você.
— Pois é! Beijamos e foi um ótimo beijo, aliás! — caminhou até o barzinho que havia em sua sala, até então, pouco usado, e serviu-se uma dose uísque enquanto contava, com Embry atencioso e preocupado a encarando: — E descobri que somos mais parecidos do que eu pensava, Embry! Foi só um beijo, mas foi intenso o suficiente para Scott deixar uma memória e plantar uma semente de possibilidade na minha cabeça!

declarou virando a dose de uísque toda de uma vez, e deixou o copo vazio sobre o móvel. Embry suspirou entendendo que tudo aquilo não passava de uma explosão dela, querendo se convencer do que dizia, então se aproximou a abraçando:

se controle, por favor! Você está surtando! Não se descontrola assim... Você e o Jake precisam conversar pra entender o que realmente aconteceu com ele e a Bruh e o que está acontecendo com vocês dois.
— Não tem nada mais para entender. O que eu vi foi esclarecedor o suficiente. — declarou e se soltou do abraço do amigo, já o dispensando da sua casa: — Vai Embry! Depois nos falamos! Obrigada! Agora leva essa merda de camionete daqui. Eu não quero nada do Black ou que me faça pensar nele perto de mim!
— Eu vou. Mas eu volto! — Embry beijou a testa dela e acariciou o rosto da amiga dizendo: — Se precisar de qualquer coisa me liga, eu venho correndo, você sabe!



Desde que Embry foi embora, estava jogada em seu sofá abraçada à garrafa de Whisky, com uma caixa de lenços e aos prantos. Então finalmente ela poderia confirmar, caso ainda negasse, que sim: estava completamente apaixonada por Jacob. A escuridão da casa foi aumentando e após uma dia quente como aquele, a chuva que caía no fim de entardecer não era uma surpresa.
Aos poucos, fui adormecendo pelo efeito de muito choro, mas também pelo entorpecente álcool que aliviava no momento a tristeza, mas que traria muita dor de cabeça ao despertar. Portanto, o melhor era se entregar ao doloroso sono, pois o irremediável viria a seguir.
Na manhã seguinte, ela acordou com o despertador estridente tocando. Aquela prevista dor de cabeça estava lá, se fazendo companheira no meio da solidão. Esfregou os olhos e sentou-se na cama. Para seu espanto, ela estava no próprio quarto, ainda com as roupas de ontem, mas não se lembrava de ter ido dormir. E tudo estava organizado demais para alguém que secou um John Walker sozinha. Ao lado, na cabeceira da cama um bilhete dizia:

"Não consegui deixar de vir vê-la, e espero que acorde melhor amanhã... Se bem que após uma garrafa de whisky... Não se maltrate assim, . Te amo, boa noite!"


Quem o teria escrito? Embry? Era melhor acreditar nisso, pois seria muita falta de vergonha própria se Jacob aparecesse ali na surdina. No entanto, ainda sentia o cheiro dele, mas decidiu acreditar que era tudo coisa da sua cabeça, e não, Jacob não tivera a audácia de ir vê-la.
A mulher levantou da cama, com aquela miserável ressaca zombando de si. Apertava a cabeça no intuito de fazer a dor parar, mas só o banho gelado a confortou um pouco. Depois de se vestir e descer as escadas, lentamente, já que o ritmo de seu corpo era o mesmo de uma pessoa recém-acidentada, ela foi preparar seu insubstituível café. Forte. Quente. Amargo. Tão amargo quanto a cena que não saía de sua cabeça. não era de definhar sob tragédias, preferia dar a volta por cima das perdas de forma rápida. No entanto, curtir aquela fossa poderia encerrar um ciclo. O ciclo Black. Pensava nisso e iria beber o seu primeiro gole de cura, quando o telefone tocou irritantemente.

— Alô?
— Bom dia, . Aqui é Julian. Tudo bem?
— Bom dia, Julian. Sim... Aconteceu algo?
— Aconteceu sim. Estamos dando uma folga a você e ao Peter. Uma semana de luto em nossa família, nenhum estabelecimento nosso funcionará. Aproveite para descansar e seguir seus projetos mais tranquila.
— Julian... Meus sentimentos. Se quiser conversar, sabe que pode contar comigo não é? Como você está?
— Obrigada querida, sei disso. Estou ainda triste, mas Hernando está mais magoado. Foi nosso avô. Eles eram bem mais próximos. Já estava idoso e doente. A lei natural da vida... Sabe como é. Hoje quem amamos está ao nosso lado, amanhã de repente, vai embora.
— Sei. Sei muito bem como são essas perdas. E por saber quero que para o que precisarem, seja uma distração, um conselho ou companhia, não hesitem em me chamar.
— Obrigada. Fique bem, e tenha uma boa semana.
— Obrigada. Beijo.

Desligado o telefone, não demorou muito a tocar novamente.

— Sim Julian?
— Não. Não é o Julian... É o...
— Sei que é você Black.— interrompeu ao reconhecer a voz dele e não escondeu a dureza no tom de voz: — E eu não quero falar contigo, por favor, me deixe...
espere!— ele também interrompeu insistindo: — Por favor, me deixe te explicar!?
— Não há nada a ser explicado, já entendi tudo!
— Não, você não entendeu! Nós ainda não conversamos! Foi tudo um engano.
— Foi sim Jacob. Tudo um engano. E eu te peço que por favor, me deixe em paz. — pediu desligando na cara dele.

Aquela mísera troca de palavras foi suficiente para morder os lábios nervosamente, na tentativa de segurar as lágrimas. Mas não conseguiu por muito tempo. De repente se pegou caminhando até o sofá da sala com sua caneca de café em mãos, e pensativa sobre as perdas que vivera até chegar em Forks. E lembrando-se que o propósito era se mudar para lá, a fim de deixar um pouco a dor de seu passado para trás, assim como, reencontrar sua antiga amiga. Mas, não encontrou Bella e aquilo era tão estranho! Tantas coisas haviam acontecido até ali, que agora estava até mesmo sofrendo por amar quem não deveria. Quem diria! Depois de Theo, ela chorava de novo por um homem.
Ao menos, teria uma folga naquela semana, e aproveitaria para ficar sozinha, pensar em muita coisa e organizar tudo o que eu já deveria ter organizado em sua vida: dos seus projetos profissionais ali, até mesmo, retornar à Phoenix e resolver o que deixou esquecido por lá. Após uma manhã de contemplação e de tentativas frustradas de achar qualquer coisa para assistir na TV que ela sequer ligava, retomou sua atividade no jardim da frente. Não se lembrava de ter acabado todos seus suplementos de jardinagem, porém. E com isso, ela precisava ir à cidade. Disfarçou em seu quarto a expressão denunciante de coração partido, com um pouco de maquiagem sutil, e saiu correndo com bolsa e chaves na mão até entrar no seu carro. E embora houvesse algum tempo que Black não entrasse nele, ainda sentia seu cheiro ali. Ligar o rádio não iria ajudar a pensar menos no quileute, pois ela tinha certeza de que, alguma música inimiga tocaria. Lembranças surgiriam. Aliás, tudo e qualquer momento era passível de lhe trazer alguma recordação dos momentos com ele naquela cidade.
aspirou ao silêncio, enquanto dirigia devagar — algo que não era costume — e olhava à frente atenciosa ao gotejo fracos das nuvens. Chegando no centro do condado, como sempre encontrava-se monótono. Algumas pessoas pulando poças, alguns acenos, agradecimentos, sorrisos, cordialidades, mas sua aura permanecera cabisbaixa. "Gardens and Earths". Lia-se a simples frase em um letreiro de madeira esculpido à mão acima da porta da cabana pequena.

— Bom dia. — A dona do lugar falou assim que a sineta da porta soou denunciando a chegada da cliente.
— Bom dia senhora.
— O que vai querer hoje querida?
— A senhora teria estes utensílios todos? — esticou a ela uma pequena lista, com caligrafia rápida.

Terra escura — 4 sacos de 10 kg.
Pá de mão — 1 pequena
Garfo de mão — 1 médio.
Lascas de lino — 5 sacos de 20 kg.
Sementes de girassol — 1 pacote de 300 gr.
Sementes de margaridas — 1 pacote de 500 gr.
Composto polivitamínico para plantas: (nitrogênio, zinco, cálcio) — 1 vidro de 200 ml.


Enquanto a senhora procurava os pedidos, passeava entre as gardênias e gerânios de estimação que ali eram cultivados.

— Hoje não está sendo um bom dia? — A velhota perguntou tímida.
— Não. Mas logo irá passar. — respondeu, , sorrindo fraco.
— Aqui estão, apenas a terra e o lino que eu pedirei para você pegar nos fundos da loja comigo querida, estou sem meus ajudantes hoje.
— Claro, sem problemas! Pode deixar que eu pego.

A Coffee & Bar tocar, ela decidi que um pouco de waffles com mel e mais um café quente poderiam complementar o desjejum mal feito. Como parecia tornar-se um hábito involuntário, ela encontrou Erick sentado aos fundos do bar, entretanto, fingiu não tê-lo visto, assim como ele também não a avistou (ou fingiu como ela). Logo que sentou-se ao balcão de atendimento, coicidentemente deparou-se com Scott sentado ao lado.

— Bom dia, waffles com mel e um café forte, por favor.
— Bom dia ! — Scott sorria muito feliz em vê-la.
— Olá Scott! Bom dia... Tudo bem? — cumprimentou-o, abraçando.
— Sim... Mas você não me parece muito bem. Aconteceu alguma coisa?
— Nada que não possamos falar um outro dia.
— Tudo bem. — ele sorriu.

Erick foi ao caixa pagar sua conta e voltando para o balcão cumprimentou e Scott, demonstrando assim que não a tinha evitado como ela fizera.

— Ele ainda está interessado em você...
— Ah Scott, eu prefiro apenas tê-lo como um bom amigo. Não daria certo entre Erick e eu. Já descobri sermos diferentes demais.
— Que bom que você está decidida quanto a isso, mas ele ainda está interessado. Embora...
— Embora?
— Ele voltou a sair com a irmã da Dani.
— Eu espero realmente que eles sejam felizes.
— Eu também. Só queria que a Daniela saísse do meu encalço. — Scott comentou revirando os olhos e os dois se encararam trocando uma risada.
— Ela ainda insiste?

A garçonete entregou o café da manhã dela, e Scott aproveitou para pedir outra panqueca e mais uma caneca de chocolate quente.

— Acho que ela não desistirá nunca. E eu nem sei porquê! — ele sorria surpreso. — Você é um cara encantador Scott. Aceite isso.
— Vindo de você... Como não aceitar? — Ele respondeu com um sorriso mínimo e sincero.

sorriu, constrangida, e mudou de assunto:

— O mercado fechado?
— Sim, o avô dos Vincent faleceu. Não soube?
— Soube, claro. Mas o que tem a ver?
— Meus pais sempre foram muito amigos da família Vincent. Eu não quis ir. Planejei uma trilha hoje, mas choveu, talvez seja tristeza e luto.
— O restante dos comércios fechados tem alguma associação com o falecimento dele?
— Sim! Acho que não te contaram... A família Vincent tem muito prestígio aqui, pois eles descendem dos fundadores de Forks. O avô deles foi um grande médico, que fundou o hospital de Forks. Até então, um posto de saúde pequeno é o que dava conta dos atendimentos.
— Uau. Eu sempre soube que os Vincent eram pessoas amáveis e admiráveis, e lógico, muito discretos, mas ninguém me contou sobre o legado deles aqui na cidade.
— Forks tem muitos segredos .
— É... Já deu para perceber... E o que você fará hoje?
— Ainda não sei. Peter quer ir até a tribo... Mas eu não sei. Se a chuva piorar, podemos acabar ilhados por lá.
— Bem, mande abraços meus às crianças, à sua avó...
— Sinta-se convidada a ir, caso nós formos.
— Hoje não Scott, mas outro dia quem sabe...
— Tem certeza que não quer conversar?
— Tenho sim, e na verdade eu preciso ir agora Scott. — Ela respondeu terminando de mastigar o último pedaço de seu waffle e virando o último gole de seu café,

Os dois se abraçaram apertado, em despedida, agradeceu a ele pelo carinho e preocupação, pagou seu lanche e saiu rumo ao seu carro e sua manhã de jardinagem. No horário do almoço, ela já havia terminado parte das tarefas com as plantas. Tomou um banho quente, um antigripal, porquê enquanto remexia na terra abaixo de uma garoa fina, ela já sentia uma leve coriza em seu nariz. Descia as escadas de volta à sala de casa, vestindo um suéter quente e ouviu batidas fortes na porta de entrada. Quem poderia ser?

— É aqui que mora uma mulher maluca, metida à loba?
— Leah! — sorriu largo pega de surpresa: — Emy! Você também veio!

Elas se abraçaram e deu passagem às mulheres que visitavam-na pela primeira vez.

— Embry está a caminho, ele foi à cidade.
— Mas o que estão fazendo aqui?
— Ei! Quer que vamos embora?
— Não Leah! Não, por favor não interpretem assim. Fiquem à vontade.
— Sua casa é aconchegante.
— Não tanto quanto a sua Emy. Ainda deixarei ela do meu jeito, algum dia, eu acho...
— Já estou abrindo a geladeira! Eu posso né? Você disse para ficar a vontade.
— Claro que pode Leah. — sorriu, enquanto Emily reclamou:
— Leah! É a primeira vez que viemos aqui! Cadê seus modos, Clearwater?
— Não Emy, tudo bem! Apesar de nunca terem vindo, é como se estivessem sempre por aqui. Obrigada por virem, meninas.
— Sem mi-mi-mi por favor! — Leah sempre muito seca ao seu modo, falou apontando para a dona da casa: — Agora, escute mocinha! Faremos um almoço italiano aqui! E nada da senhorita reclamar!
— Almoço italiano?
— Leah e Embry pensaram em massas, você adora, não é?
— Sim! — sorriu — Obrigada pela atenção gente.

agradeceu verdadeiramente emocionada por notar que sim, eles estavam sendo bons amigos com ela, já que a razão da visita poderia ser a “iminente fossa escrita em sua testa, mesmo à distância”, que Embry provavelmente relatou às duas após sair de sua casa na noite anterior.

— E não viemos só para comer! Viemos para conversar também, e saber como você está.
— Eu não estou muito bem... Gostaria de estar melhor... Mas é uma fase necessária.
— Eu também vim para lhe contar algumas coisas! — disse Leah da cozinha. — Se for sobre ele, Leah... Não me conte. Eu não quero saber de mais nada.

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Outros Segredos


— Primeiramente senhorita "eu não quero mais saber, mentira, conte tudo!"... Eu não vim defender o Jake. Se é o que está pensando...
— As coisas tem tomado proporções maiores , e embora Sue e Billy achem que você ainda não deva saber... Leah e eu, pensamos ser o momento de começar...
— Ouça bem: começar! — Leah interrompeu Emy, que fez uma cara desaprovadora.
— Como eu dizia... Começar a te deixar mais à parte das histórias de Forks.

Quando as duas terminaram de falar e se entreolharam, um estrondo foi escutado da varanda da frente. Era apenas Embry, limpando os pés e abrindo a porta da sala com as mãos cheias de sacolas de compras.

— Você deveria manter essa porta trancada, . Não é nada difícil entrar sem ser convidado.
—Seu idiota! Que susto me deu! — Ela reclamou com a mão ao peito.
— Idiota é você! Que se encheu de whisky na noite anterior... Tomando um porre, ? Não conseguiu pensar em nada menos clichê?

Embry ralhou com ela, o que a fez ter certeza e certo alívio por ser ele o responsável pelo bilhete matutino.

— Consegui sim, eu pensei em pegar meu carro e sumir de Forks... Mas me lembrei que minha vida agora é aqui e não vai ser tão fácil me livrar dessa cidade.
— Não vai ser tão fácil é se livrar de nós, garota! — bronqueoou Leah sempre muito autoritária, se jogando no sofá da sala.

Embry foi tomando posse da cozinha, que, por ser conceito aberto o permitiria participar da conversa das mulheres enquanto prepararia os pratos italianos.

— Bem ... Não vamos retroceder muito à histórias antigas. Acho que tudo o que temos que lhe dizer, deve ser começado pela chegada de Bella.
— Ei, ei! Emy! O que vai fazer? — Embry se alarmou encostando-se na bancada americana que dividia os cômodos.
— Embry! Já está na hora da conhecer um pouco mais desse assunto que tanto mexe na vida dela, sem que ela tenha consciência! — A Clearwater advertiu para seu namorado.
— Billy deixou claro que não podíamos falar nada ainda Leah!
— E não vamos! Como membros da alcatéia, não podemos, mas é a Emy que vai contar tudo.

Embry não fez uma cara aprovadora, mas quando se tratava de um embate com Leah Clearwater, a loba era osso duro de vencer.

— Ótimo! Eu estive mesmo pensando esta manhã em como foi ela a razão para eu vir até aqui, mas desde que cheguei não só descobri que Bella é como a fumaça quanto uma lenda que ninguém quer contar. Então chega, é hora de alguém realmente tocar no assunto! — falou determinada ajeitando-se de frente para Emily no sofá em que estava e ordenou: — Conte-me tudo, Emily!
— Bella chegou aqui em Forks e as coisas de imediato começaram a mudar drasticamente... — Emy começou a relatar o que de fato aconteceu: — Era para ela seguir a vida dela sem muitas novidades, mas a própria era uma grande novidade para as pessoas da cidade que conheceriam a filha do delegado Swan. Na verdade, ela foi assunto mais entre a juventude local mesmo. O restante das pessoas não se importavam muito, era só a filha adolescente do delegado. Não deveria ter nada de especial nela. Billy e Charlie sempre foram muito amigos, e Jake já conhecia Bella de infância, e de alguns poucos verões que ela passou com o pai. E bem... Ele se encantou com ela, logo que a viu novamente.
— Só falava nela. O tempo inteiro... Um saco! Eu nunca gostei dela, na verdade! Só trouxe problema pra todo mundo! — Leah desabafou rolando os olhos com altiva antipatia.

Embry e Emily trocaram olhares rindo do comentário ciumento de Leah, embora também fosse sincero. Bella só causou problemas.

— Os Cullen eram uma família muito antiga e peculiar aqui em Forks... — Emily continuou.
— Scott me falou deles. Comentou que eram estranhos...
— Scott? — Leah perguntou com a sobrancelha arqueada e abanou o ar com a mão para que elas continuassem: — Você vai nos contar a sua historinha depois garota! Mas... O Scott estava errado. Estranhos somos nós... Os Cullen são... desprezíveis!

Leah novamente com seu humor ácido se pronunciava totalmente contra os tal “Cullen”.

— Os Cullen só andavam e socializavam entre eles...
— Tipo vocês?
— Nunca nos compare! — Embry se meteu no assunto ao ouvir a pergunta genuína da amiga, justificando-se em seguida: — Eles jamais chegarão aos nossos pés, ! Nós somos família de verdade.
— Ok... — falou de modo curioso: — Já identifiquei uma desavença forte.
— Sim ... Não temos muita simpatia com eles. — Emily falou e encarou aos outros dois, quase como Sue prestes a dar uma bronca: — Olha gente, não me interrompam mais, ok? Antes que eu desista de contar tudo e...
— Não, não! — Exaltou-se advertindo com expressão zangada aos amigos: — Calados Embry e Leah! Eu quero ouvir tudo o que a Emy tem a dizer!
— Os Cullen tinham hábitos incomuns... Que você vai entender depois! Aconteceu que Edward Cullen, um dos filhos se apaixonou por Bella e ela, por ele. Pasme. Jacob e Bella nunca tiveram algo tão sólido quanto o que ela teve com o "frio"... E foi Edward quem Bella escolheu. O ponto chave de tudo é que, os Cullen eram um outro tipo de ser, do qual nós quileutes devemos defender a todos de Forks. Não são pessoas . São monstros. São vampiros. E nosso dever era mantê-los bem longe de todos, mas há muitos anos atrás, um acordo entre o Carlisle Cullen e o chefe de nossa tribo fora feito, onde eles prometiam não fazer mal a nenhum humano local, e poderiam viver aqui misturados entre todos.
— Cara! Para! Vampiros? Sugadores de sangue e tal? — perguntou boquiaberta, e com o aceno positivo dos outros três, ela zombou: — Olha, isso é muita viagem! Vampiros não existem!
— Assim como é muita viagem nós sermos lobos metamorfos? — Embry gargalhou da descrença de , e disse aquilo arrancando risinhos das duas quileutes que observavam a outra garota com a expressão confusa.
— Ela é maluca, ela escolhe acreditar no que quer! — Leah zombou , espantada, e tomou a narrativa no lugar de Emily: — Escuta , eu vou resumir! Bella apaixonou-se pelo vampiro, e engravidou, aí o bebê monstro nasceu e para que ela não morresse no parto, o vampiro transformou-a em um deles, o Jake queria matar todo mundo, e quando iria fazer isso, pasme! Ele teve um imprinting com o bebê monstro! E nos impediu de fazer a festa matando aquela corja de sugadores. Fim.
— Leah! — Emily reclamou não só do modo como a amiga contou, como o quanto ela contou.
— Ai Emy, você demorou demais!
— Ok... — ainda processava tudo: — Estou catatônica! Bella é uma vampira então? E depois? O que aconteceu com eles, onde estão e porque o imprinting do Jacob era um bebê? Isso é... Meu Deus, que loucura!
— Depois , achávamos que ia ficar tudo bem com a recente ligação entre Jake e Renesmeé, a filha de Bella, mas os Cullen eram ameaçados pelos Volturi...
— Que são...? — interrompeu tentando acompanhar o raciocínio.
— Um outro clã de sugadores, que acham ser os reis entre eles, mas são todos uns covardões!
— Leah! Deixe a Emy falar logo... — Embry pediu, sempre rindo dos comentários da namorada.
— Os Volturi sempre estiveram esperando um momento oportuno de condenar os Cullen por algo, pois tinham interesse em Edward, Alice e Bella pelos poderes extraordinários que tinham como vampiros. Um dia, Jake e Renesmeé estavam na praia, e ... O instinto dela foi maior... Não caçava há algum tempo.... Renesmée atacou algumas pessoas que vinham para a praia, e no meio de outros que viram tudo. Para consertar o que havia feito, ela teve que matar os restantes. Mas, Jacob, apesar do imprinting tinha o dever com seu clã de defender as pessoas dos frios. O fato de ter ido contra Sam por causa de Bella, o fizera tomar seu posto de alfa, e isso é maior até mesmo que um imprinting, mas somente ele poderia fazer algo contra seu próprio imprinting. Por isso , ele pôs fim em Renesmée.

Emily contou, contida como sempre a espera das reações de para saber se deveria continuar ou não. , no entanto, tinha olhos arregalados, boa semiaberta, e sobrancelhas franzidas por tudo o que escutara.

— Jacob matou Renesmeé para cumprir seu dever com o clã?!
— Isso causou uma grande confusão entre os Cullen e os Quileutes novamente. — Emily declarou após assentir à pergunta dela — E um novo acordo foi feito entre as espécies... Nós, quileutes, declaramos o exílio de Forks para os Cullen. Bella tentou assassinar Jake, várias vezes depois disso... Mas por algum motivo que ainda não temos certeza, ela se afastou para sempre desde a última tentativa. Abandonou Forks e tudo que havia aqui e que ainda pertencia a história pregressa dela, incluindo Charlie.



Depois de descobrir todas aquelas coisas sobre o passado de Bella, ficou ainda mais confusa e preocupada. Embry, ao contrário das meninas, não estava nenhum pouco confortável em desacatar as ordens de Billy. Portanto, após Emily contar tudo o que achava ser necessário, por hora, eles continuaram o dia de visita à amiga, sem tocar, em momento algum no assunto "Jacob". Até porque, estava bastante irritada ainda com o ocorrido do beijo entre ele e Bruh Ateara. E o que mais lhe irritava era a consciência de que, ela se encontrava perdidamente apaixonada por ele.
Após alguns dias, voltou a sua atenção aos seus trabalhos com pesquisa. E algo que descobrira sobre aquelas algas marinhas um tempo antes, se confirmavam naquele momento. Despertou sua curiosidade e antes de ir até a única pessoa que poderia a ajudar, ela terminou suas anotações. Passou toda a manhã analisando fatos, fórmulas, textos antigos, autores conhecidos, conceitos e mais artigos acerca da sua nova pesquisa. Tudo apontava para a mesma direção. Era como se algo dentro dela lhe guiasse às descobertas. Ela foi reunindo as informações das histórias que Emily contara, e remontando peças em sua mente. Mas, o que a sua pesquisa teria a ver com tudo aquilo? Não havia certeza sobre isso, ainda. No entanto, a sensação de agouros premonitórios, a estimulavam a cavar ainda mais. precisava continuar a trincar aquele passado de Forks!
Estava decidida a ir até Sue, e arrancar o máximo de informações que pudesse. E desta vez, Billy também abriria o jogo. Estava farta de mentiras, de omissões. Era direito seu estar ciente de tudo, afinal ela estava inserida no meio daquela confusão de alguma forma, e não era certo que não soubesse a verdade completa.
Enquanto se preparava para sair, seu telefone notificou uma mensagem de Scott:

"Espero que esteja melhor hoje... Confesso que fiquei pensando em você aquele dia, e mal consegui dormir. Queria conversar. Tudo bem se nos encontrarmos hoje à noite?"

respondeu ao Scott que gostaria de vê-lo mais tarde, mas como estava ocupada, ela mandaria uma mensagem combinando um horário melhor. Pegando as chaves do carro, saiu apressada até a reserva. Por ser hora do almoço, todos estavam reunidos em volta de grande mesa no pátio e, assim que ela estacionou o carro na entrada, as atenções se voltaram para si. A maioria dos rostos sorriam, mas entre eles, lá estava a expressão de susto e esperança no rosto de Jacob. E Bruh, também estava lá, com sua raiva de sempre estampada num sorriso vadio. respirou fundo controlando o ódio iminente que sentia. Bateu a porta do Munstang ao sair do carro com um largo e falso sorriso em seu rosto. Provaria ter superado aquela decepção e Black sentiria amargamente o seu desprezo.

— Eu não acredito! Olha quem decidiu lembrar que tem amigo! — disse Seth com ar de deboche e alegria.
— Desculpe, gracinha, eu andei muito ocupada. Não justifica o sumiço, eu sei. — depositou um beijo em seu rosto e um forte abraço.
— Mas... Para a alegria de todos: I’m back! — Lun bradou um pouco mais alto e todos riram, exceto Bruh, que sentiu-se provocada.
— Venha , sente-se! O almoço está servido.
— Sue... Senti saudade de suas comidas tão gostosas!

Ela abraçou à senhora Clearwater, recebendo seu maternal abraço de volta. Charlie também estava lá, e sentou-se ao seu lado, também a abraçando e beijando sua testa.

— Como você está?
— Estou bem, bastante atarefada apenas.
— Me preocupei com você.
— Por quê Charlie, aconteceu algo?
— Não quero ser invasivo, mas eu soube do ocorrido com o ... — Ele inclinou a cabeça para o lado onde Jacob estava sentado.
— Pelo que sei, não é destino das suas meninas ficarem com ele.
— Eu estarei sempre disposto a ouvir. Basta me chamar.
— Eu sei. E agradeço muito. Nós iremos conversar mesmo, logo mais.

Charlie e sorriram um para o outro e continuaram o almoço. Após colocar as fofocas em dia com todos à mesa, e auxiliar Sue com a limpeza, coisa que ela sempre evitava de permitir aos outros fazerem, Emy, Leah e foram à varanda da cabana de Sue. Seth estava deitado na rede e as três se sentaram nos banquinhos próximos a ele.

— Sabe ... Se bem me recordo, alguém está nos devendo uma explicação sobre o que estava rolando com um tal rapaz da cidade! — disse Leah, sorrateira.
— É verdade! Você nos deu a volta aquele dia, mas pode ir contando tudo! — Emily reclamou.
— Então você e Scott estão finalmente juntos? — Seth pronunciou olhando para com um sorriso atrevido em seu rosto.
— Ei gracinha, o que você sabe que eu não sei?
, você sabe que eu e Scott somos amigos...
— Espera! Meu irmão caçula sabe de tudo e eu não? Qual foi, projeto de indígena? Pode ir falando! — Leah bronqueou com tom de escárnio ofensivo à amiga, fazendo com que e os outros dois relevassem e rissem por sua postura.
—Bem... Scott e eu saímos algumas vezes, mas não temos nada além de amizade.
— Não é bem assim... — cantarolou o Seth colocando mais “lenha na fogueira”.
— Bom... Ele confessou que gosta de mim, mas já que soube da fofoca, então você sabe muito bem que eu não dei falsas esperanças a ele, Seth!
— E o beijo que aconteceu entre vocês? — O mais novo Clearwater inquiriu desafiador.
— NÃO ACREDITO! — Leah bradou revoltada, arrancando alguns sorrisos de Seth, Emily e um olhar constrangido de .
— Foi só um beijo! Não conversamos mais sobre isso... — explicou sentindo-se um tanto estranha de contar aquilo e logo ali na reserva, e pensativa concluiu: — Mas talvez você esteja certo Seth. Não posso deixar de conversar sobre este beijo com o Scott, até porque ele nutre algum tipo de sentimento. Não quero magoar ninguém.
— Você deveria dar uma chance a ele. Está solteira, e pelo que sei não tem mais nenhum interesse no policial. Não é? — Seth perguntou.
— Não sei se deveria. — revelou.
— Scott é um cara legal. Fora da reserva, talvez o mais legal que você tenha conhecido. E vocês formam um par bonitinho.
— Quanto ele te pagou para convencer a , hein Seth? — Emily perguntou risonha, estranhando tal como a irmã dele, a insistência do garoto.
— Ele não me pagou nada. O pior é isso! — Seth levantou-se da rede adentrando a casa, não sem antes dizer à elas: — Só acho que você mereça ser feliz, e ele demonstrou coragem de expor o que sente e tentar algo não é?

e as meninas ficaram um tempo em silêncio olhando para onde o Seth havia caminhado.

— Talvez o pirralho esteja certo . — Leah declarou suspirando em seguida: — Embora eu shipasse outro casal... Mas, alguém fez merda.
— Concordo com a Leah. E com Seth. Você está solteira, não existe mais possibilidades entre você e o Erick. Ou existe?
— Não Emy! Torço todos os dias para que ele e Danielle se acertem.
— E pelo que sabemos, você não está disposta a perdoar o Jake... Não é?
— Emy, eu não quero nem mesmo ouvir a voz do Black, para não dar brecha de enfiar um soco na cara dele.
— Bem, então é isso... , ouça de alguém que viveu a solidão por muito tempo e não recomenda a ninguém. É muito triste viver sozinha. E você está muito sozinha aqui em Forks. Tirando a sua ligação conosco, o que mais você tem? Pense bem, talvez criar vínculos mais sólidos e menos complicados do que nós... Seja o melhor para você.

Leah sorriu, colocou a mão no ombro da amiga e entrou na casa. Emy e ela ficaram na varanda mais um pouco, em seguida, explicou que precisava falar com Sue e entrou também.

— Sue... Eu preciso da sua ajuda.
— Claro querida! Tem a ver com Jacob?

Leah que estava na cozinha com elas, se retirou dizendo que deixaria as duas a sós, e Charlie apenas observava as reações da sentado tomando café.

— Não. Absolutamente nada a ver com ele.
— Me desculpe, achei que sua vinda era por isso.
— Não precisa se desculpar. Sei que a maioria aqui na reserva estão ansiosos por essa história, mas sinto desapontá-los. Eu vim até aqui porque preciso conversar com vocês três.
— Nós três? — perguntou Charlie.
— Onde está o Billy?
— Está na cabana. Eu vou preparar o chá dele. Enquanto isso você pode ir chamá-lo.
— Não demoro. — falou saindo da cabana de Sue, em direção à cabana de Billy.

Torcia para não encontrar Jacob, porém, como todo o azar que ela vinha tendo, ele esbarrou com ela no meio de sua sala. Seus cabelos molhados e bagunçados denunciavam que acabava de sair do banho. Seu cheiro era ainda mais gostoso, com o acentuado amadeirado ainda maior. E sentia falta daquele cheiro, os dois permaneceram imóveis, se encarando surpresos.

— Mani...
— Eu preciso falar com Billy. Onde ele está? — cortou-o, seca e ríspida.
— No quarto dele, mas olha... Nós precisamos conversar.
— Não. Você precisa é chamá-lo para mim, é urgente.

declarou se virando em direção a porta até que Jacob segurou com cuidado, em seu braço pedindo:

— Por favor. Todo mundo tem direito a se explicar.
— Eu não quero explicações Black. Você escondeu seus sentimentos o tempo todo. Quando eu decidi me abrir a você, recebi a sua negação. E o que mais me deixa irritada é a sua incapacidade em ser franco. Era só dizer que estava envolvido com a Bruh... O que me faz lembrar que além de tudo você me fez de idiota!
, não é nada disso.
— Mentiu quando disse que não tinha interesse nela, por ser muito jovem. Mentiu sobre não estar preparado para se envolver. E me fez de trouxa o tempo inteiro...
! Me escuta!
—Por favor, vá chamar seu pai.

Ela disse se distanciando, então Jacob lhe puxou novamente e a enlaçou em um abraço apertado.

—Me solte Black... — dizia furiosa olhando seus olhos.
— Eu não estou envolvido pela Bruh. Nunca estive. Ela me atacou aquele dia! Eu não queria que você tivesse se magoado e por isso evitei tanto tempo que nós nos envolvessemos. Você é a última pessoa a qual eu faria sentir a dor da rejeição! Acredite ou não, eu sei bem como é isso! Me perdoe, mas foi tudo um engano, . Eu não evitei o nosso beijo porque estava envolvido com a pirralha da Ateara!
— Belo discurso. Agora chame o seu pai, por favor. Estamos aguardando ele na cabana de Sue.

disse finalmente se soltando dos braços fortes de Jacob e indo impassível à cabana de Sue. Estar abraçada ao Black mexeu com suas estruturas e por muito pouco ela não se convencia das desculpas bobas dele.
Junto com Charlie e Sue, ela aguardava Billy e assim que ele chegara, os três foram para a casa de Charlie. Concordaram que era melhor ter a conversa em um lugar afastado da reserva por privacidade e também, porque queria evitar ficar mais tempo ali. Os mais velhos, preocupados sobre o assunto e desconhecendo-o, não viram problemas em aceitar o pedido da jovem.
Ao sair com seu carro, observou a figura amarga de Black na varanda de sua cabana, e Billy que estava sentado ao seu lado no carona, observava tristonho a nula interação entre os dois jovens. Não era de se meter nos assuntos do filho, mas estava bastante triste por saber que tanto Jake quanto pareciam sofrer por aquele desentendimento que o próprio não entendera direito. Assim que chegaram à casa de Charlie, e era a primeira vez que entrava lá, eles não foram adiando ainda mais a conversa. colocou os seus papéis sobre a mesa e entrou logo ao assunto:

— Vocês devem saber, ou não... Que eu já descobri sobre a história envolvendo Bella, os frios, e a reserva.
— Não era pra saber. — Billy retrucou um pouco irritado.
— Me desculpe Billy, mas era sim. Eu estou no meio disso tudo. Posso não estar envolvida com nenhum Cullen, mas estou envolvida com vocês. E já sei o bastante para não ter mais segredos entre nós. Acredito que a confiança é recíproca, não é mesmo?
— Claro. — disse Charlie.
— Concordo com ela Billy, há algum tempo eu já vinha dizendo que precisava saber onde estava se metendo.
— Ok, Sue. Já sei de suas colocações há muito tempo. Mas e você Charlie? Preparado para desenterrar o passado? — Billy perguntou ao policial, com o rosto um tanto retorcido por desaprovar expor a mais segredos que poderiam colocá-la em perigo um dia.
— Billy, pode não sentir o mesmo, mas eu sinto que ela é como uma filha. Uma filha que eu não tenho como perder, dessa vez. Tudo que eu quero é que ela saiba a verdade, para que assim possa decidir se viver entre nós é realmente o que ela quer.
— Certo... Então . O que você quer saber?
— Eles voltaram?
— Não. Não temos ideia de onde os Cullen estão, desde a morte de Renesmeé. Você já sabe?
— Sim, o imprinting de Jacob que ele matou para defender a tribo... Eu tenho uma dúvida, e quero compartilhar com vocês, tentar entender essa ponta solta... Por que a Bella, sendo mãe de Renesmeé e furiosa com Jacob... Partiria sem vingar-se?
— Isso querida, é algo que todos nós ainda tentamos entender. Os lobos são muito fortes, mas não é mentira que se ela quisesse, teria travado uma grande batalha para se vingar de Jake. Não que ela não tenha tentado algumas vezes, invadir a reserva e ir atrás do Jacob, sem sucesso, claro, mas... No fim ela desistiu.
— Acreditamos , que minha filha, motivada pelos sentimentos de amizade e amor que tinha pelo Jacob... Tenha ido embora para poupar que a vingança destruísse o que restava desse sentimento.
— Os Cullen conhecem nossa história . Bella sabia que o único que pode ferir um imprinting de um lobo, é o próprio lobo. E por isso, nós acreditamos que Bella sabia o quão difícil foi também para Jake.
— Me desculpe Billy, mas não acredito nisto. Pelo que entendi, Bella não teve receio algum de abandonar sua vida, seu pai, seus sentimentos humanos para se unir aos Cullen. Estas desculpas, para mim, não passam de uma retirada estratégica!
— O que quer dizer com isso, querida? — A mais velha Clearwater perguntou trocando olhares preocupados com os outros dois homens.
— Sue... A Bella não é mais a menina que veio para Forks morar com o pai. Ela não relutou não foi?
... Já se passou tanto tempo desde que tudo aconteceu. Minha filha não teria motivos para voltar agora.
— Exato Charlie. Muito tempo se passou. Ninguém se lembraria. Por que iriam se proteger? Como Sue mesma disse, ela poderia reunir forças para se vingar.
, você não é de rodeios como eu. Então, onde quer chegar? — Billy perguntou direto, um tanto preocupado com algo que sabia, estava rodeando para dizer.
— Há um tempo atrás Billy, antes da transformação final de Embry. Eu era recém chegada e não sabia de nada ainda. Jacob dormiu na minha casa uma noite, e de madrugada eu desci para beber água. Vi uma sombra humana rondando minha casa, e aquela foi a primeira vez. Jake desceu e me calou, mandou que eu subisse e saiu pela porta. Ouvi rosnados, e na época ele dissera que eram lobos. Não acreditei, porque sei o que vi, mas não tive como contestá-lo. Nunca me esqueci deste fato. Após descobrir a verdade sobre os quileutes, muitas coisas se encaixaram, mas esse era o único fato que ainda não se encaixava em nada. Outras vezes pude ver humanos rondando meu quintal. Não contei a ninguém, mas sei o quão insegura é a minha casa. E por um tempo, tendo a casa vigiada por lobos, em seguida disfarçando que estivesse muito movimentada sempre, eu consegui afastar essas visitas. Mas seja lá o que forem, não são burros e podem voltar a qualquer momento. Temo pelo que sejam. Conheço as lendas Kalil.
— Billy! Você sabia disso? — Sue dizia um pouco desesperada.
— Jacob me contou sobre o ocorrido uma vez, mas como não aconteceram mais após a patrulha dos lobos, acreditamos que não havia mais riscos para .
— Billy, isso era algo que você deveria ter me dito, ainda mais sabendo os motivos pelos quais me mudei para a reserva! — Charlie reclamou, sério.
— Como assim Charlie? Você não mora mais aqui?
, desde que Sue e eu nos casamos, decidimos continuar na reserva, é mais seguro. Como você mesma sabe, Kalil não foi um bairro dos mais tranquilos. E há pouco tempo em minha casa também haviam rondas, de seres humanos estranhos. Não os abordei por recomendações da reserva, posso ser o delegado Swan, mas a morte de um humano para um vampiro é como tirar doce de criança.
— Então, eu realmente não estou segura ali!
, as coisas mudaram muito agora. Achamos, Jacob e eu, que havíamos afastado seja lá quem fosse o frio que estava te rondando. Na verdade, os ataques aos alpinistas tinham relação com ele.
— Billy! Você deveria ter me dito! — Charlie reclamava ainda mais revoltado — Estamos investigando estes ataques na delegacia há tempos!
— Se contasse a você o que causou, o que mudaria, Charlie? Você não teria como explicar um vampiro para aquele intrometido do seu policial não é?
— Claro, mas diferente de Erick, eu deveria saber que não foram mesmo ursos! Vocês não deviam ter me escondido isso, eu sou o delegado de Forks além de tudo!
— Acalme-se meu bem! — Sue pediu segurando os ombros de Charlie.

observava a expressão decepcionada de Billy, com ele mesmo, claro. O patriarca Black sabia que havia errado feio.

— Jacob tinha razão. Eu não deveria ter dado pouco importância a passagem desse frio em Forks... Ele tentou me alertar de que era melhor trazer para a reserva. — Billy revelou suspiroso. — Há quanto tempo você o viu pela última vez? Sabe dizer que aparência tem?
— Não consegui ver nada além de vultos humanos, e na verdade, nunca estive tão perto deles, mas eu pressenti que era algo diferente de vocês, e perigoso. A última vez já tem muito tempo, não me lembro ao certo, mas desde a transformação de Embry... Por aí.
— Billy, precisamos agir! Não podemos ficar de braços cruzados com essa informação! — Sue afirmou.
— Diante de tudo o que você diz, ... Lembra da oferta sobre morar na reserva?
— Sim Billy.
— Junte suas coisas, você volta conosco hoje mesmo. E amanhã bem cedo começaremos a construção da sua cabana. Até lá você fica em minha casa, que é a mais vazia. E não tem discussões! Seja lá o motivo que fez você se desentender com o Jacob, vai dividir a cabana conosco até a sua ficar pronta.
— Ok... E a minha casa? — Ela perguntou preocupada.
— Por hora, deixe fechada como fiz com a minha, . — Charlie informou e em seguida comentou: — Acham que pode ser um Cullen?
— Não pisariam em Forks após o exílio se não tivessem uma razão forte, e nem o fariam sem vir até nós pedir trégua. Carlisle não é sem palavra, apesar de tudo. — Billy afirmou sem dúvidas, mas a voz de plantou a dúvida:
— Um exílio não é nada para alguém que quisesse se vingar, como a Bella poderia querer. Não acho que devam descartar que seja um desses Cullen, ainda... E depois, se está me rondando, não faz sentido ser alguém que me conhecia? Talvez minha ex-melhor amiga tenha sabido da minha presença aqui, do meu envolvimento com vocês... Isso poderia ser uma razão forte?

Os mais velhos entreolharam-se surpresos com o raciocínio de , e ela suspirou encarando o chão. Billy se retirou em direção à cozinha de Charlie, acompanhado de Sue. , apesar da postura de quem sabia decididamente o que fazer, estava atônita. Não falou nem mesmo metade do que pretendia, mas em poucos minutos perdera com poucas informações a autonomia de suas decisões. Se ela queria me mudar para a reserva? Lógico. Sempre quis. No entanto, não era o que desejava no momento. Seus planos de se desligar dos quileutes, em especial de um deles, iriam por água abaixo. Ela encarava a mesa em frente ao sofá, sem reação, quando Charlie se pronunciou ressurgindo ao cômodo:
— Venha , vamos pegar algumas das suas coisas em sua casa. Eu te acompanho.



— Certeza de que pegou tudo filha?
— Sim Charlie, por hora é o que preciso.
— Então vamos?
— Charlie, sinceramente, não sei se isto é uma boa ideia.
— Boa ideia ou não , não deixaremos você sozinha aqui. É direito seu não querer ir para a reserva, mas é dever nosso deixar alguns dos meninos aqui com você.

pensou um pouco sobre o que Charlie disse, e decidiu-se:

— Não. Não quero tirar ninguém da reserva, do seu lar para proteger a princesinha aqui. Eu vou com vocês. Mas... De todo modo estou sendo um peso.
— Você nunca é um peso. Gostamos muito de você, e todos ficarão felizes com a notícia. Você sabe disso.
— Nem todos, acredite.
— Jacob? Tenho certeza de que ele será o mais feliz de todos.
— Não, não é ele. O que me lembra que... Não tem mesmo um lugarzinho noutra cabana qualquer? Numa casinha de cachorro que seja?

Charlie começou a gargalhar, divertido pelo que escutou e só então parou para pensar no trocadilho, involuntário que acabara de fazer. Ela balançou a cabeça em negação, com um sorriso constrangido no rosto. Pegou suas bagagens, e Charlie repetindo seu gesto e parando de rir, pronunciou:

— Você vai ficar bem acomodada na casinha do seu cachorro. Afinal, parece que você adestrou ele muito bem, não é mesmo? — Charlie fez piada e lançou um olhar desafiador para a mais nova.
— Não conte com isso.

Ela fechou a porta da casa e os dois entraram no carro dela, em direção à antiga casa do delegado Swan. E assim que chegaram, Sue e Billy apressaram-se para seguir à reserva, então interrompeu a todos:

— Esperem. Meu motivo de conversar com vocês, não contava com essa mudança de planos. Eu ainda gostaria de falar algumas coisas.

Enquanto os três a olhavam curiosos, a bióloga se acomodou ao sofá e abriu seus papéis e anotações sobre a mesa de Charlie até que os presentes à cena se aproximaram.

— Há algum tempo enquanto pescávamos, eu colhi algumas algas marinhas e vinha estudando-as. Por isso precisava de sua ajuda Sue. O que tem a me dizer dessa planta?

esticou alguns papéis com anotações e fotos da alga para a indígena. Sue pensava um pouco, e mostrou os papéis ao Billy.

— Querida, é uma alga antiga. Quase não é encontrada em abundância nas encostas de Forks, como antigamente. Preparei muitos xaropes com ela, e os distribuí às famílias da reserva, para darem aos seus filhos ainda pequenos. É um tônico fortificante, e estimulante do apetite.
— Nós utilizávamos , em bastante quantidade, mas foi ficando escassa. Sem ter muita noção de como replantá-las, pois elas são típicas das encostas mais difíceis, nós paramos de colhê-las. Com o tempo voltou a brotar, mas é apenas mais um tipo das muitas ervas medicinais que nossa tribo utiliza.
— Exatamente Billy. Medicinal. Descobri um teor bem alto de regeneração na planta, e aproveitei para fazer alguns experimentos. O insumo é forte contra infecções, inflamações, cicatrizantes. Mas o mais curioso não é isso... Recordei de quando estive na tribo Whitton com vocês, e os pajés locais utilizavam uma planta de aspecto parecido, porém seca. Foi o que deram para o Embry. Pensando um pouco mais, eu consegui chegar à conclusão de que esta alga apresenta poderes curativos. Ou talvez retardantes.
— Você acha, querida, que a utilização que fiz desta alga na infância pode ter retardado a transformação dos meninos?
—Sim. Faria muito sentido. Não há nenhuma comprovação científica a respeito. Mas tenho estudado esta alga há bastante tempo, e lendas envolvem os poderes curativos quase mágicos dela. Em relatos mais antigos, encontrei uma assimilação do uso desta alga, como "a regeneração da vida", ou "ressurreição dos frios". O que vocês podem me dizer sobre isso?
— Eu desconheço qualquer fato. Billy? — Sue olhou para Billy, tão curiosa quanto e Charlie.
— Há muitos anos atrás, meu avô contava histórias sobre uma cura. Não era a cura que nós lobos procurávamos para nós. Mas era algo que poderíamos fazer uso para o bem. Mas, ele falava de magia. Nunca mencionou o uso de nenhum insumo ou planta.
—Bem... Fiz uso desta erva por um tempo. E realmente, testando em mim pude notar que a regeneração de feridas é bem rápida. Não sei se provém dela uma cura definitiva para os lobos. Mas pelo que vi na reserva Whitton, ela apenas funciona como um... Controle. Nada definitivo. Embry continua se transformando só que de forma “controlada” agora não é? Como antes, como se não tivesse passado para outro estágio. Mas retardou um processo mais grave a ele. E quanto aos frios... Bom eu continuarei a estudar, mas é um pouco difícil sem algum deles para que eu possa testar.
— Acredite . Contente-se com suas anotações, você não gostaria de testar nada em algum frio. São repugnantes.

Neste momento, após esta fala conclusiva de Billy, Charlie pigarreou e se levantou para que eles pudessem voltar à reserva. No caminho, Billy e não falaram nada do que haviam conversado anteriormente. No carro de Charlie, Sue tagarelava de felicidade de ter morando na reserva e Charlie concordava. Assim que chegaram à reserva, Sue e Charlie saíram do carro, e o delegado auxiliou Billy a descer enquanto dava a volta em direção a eles. E deixando a nova moradora a sós com Billy Black, Charlie seguiu para sua cabana.

—Antes de entrarmos , eu gostaria de conversar com você.
—Tudo bem... Quer ir até a praia?
— Vamos apenas caminhando... Pode empurrar a cadeira?

assentiu e os dois seguiram em direção ao imenso toco de carvalho, próximo à entrada da trilha para a praia. No mesmo toco onde Jacob a presenteara com um rádio de madeira.

— Vamos, sente-se aí. Não é um caminho muito acessível para descer com a cadeira de rodas, essa trilha.
— Ok... — soltou a cadeira virando-a de frente para onde ela se sentaria e após recostar-se ao carvalho, a mulher encarou o patriarca Black.
— Sei que está zangada com meu filho. E não irei me meter na relação de vocês dois. Jacob é cabeça-dura como eu, então acredito que ele possa tê-la magoado muito com suas atitudes confusas.
—Você conhece bem o seu filho.
—E por conhecê-lo entendo as suas limitações em dar chance a um novo amor. No entanto, desde que você chegou, meu filho é outro homem. Você conseguiu restaurar muitas coisas em Jacob, . E sabe disso. Assim como sabe que restaurou aos quileutes a confiança em alguém que não seja como nós.
— Não pode dizer isso Billy. Bem sabemos que as semelhanças que tenho com vocês, e toda a afinidade é grande. Essa é a razão da confiança entre nós.
— Claro. Há algo de ascendente em você que nos conecta como a uma espiritualidade, mas essa afinidade também é a mesma com os Carter.
— O que você está querendo dizer?
— Não estou recriminando, ou me intrometendo na sua relação com o filho mais velho dos Carter, mas eu soube que você já conheceu a tribo de sua família. Você realmente é fascinada por culturas indígenas, não é? O que me faz retomar que, a sua felicidade, ao contrário do que eu pensava no início, pode não estar junto a nós. Entretanto , quero que saiba da minha profunda admiração por você. E da nossa alegria em recebê-la aqui. Entre nós, você sempre terá um lar. E apesar da minha esperança infindável de que é com o meu filho que você deva ficar, eu desejo que você encontre alguém que realmente lhe complete. Ainda acredito em você e em Jacob. E saiba que pode conversar comigo quando quiser. Jacob pode ser indecifrável, e ninguém melhor que o seu pai, para que você tenha ajuda nisso. Claro, se é que você ainda quer decifrá-lo.
— Billy, tudo isso é...

não terminou de falar, soltando o pouco fôlego que a surpresa de todas aquelas palavras lhe causara. Não só as notícias corriam rápido, como agora, a amizade dela com Scott parecia uma ameaça aos olhos dos quileutes para seja lá o que fosse que ela e Jacob viessem a ter. Ela piscou algumas vezes e sacudindo a cabeça, respondeu ao Billy:

— Agradeço as palavras, o acolhimento e a compreensão. Não sei se há um nós entre Jacob e eu, assim como com Scott. Mas fico feliz em saber que posso confiar em você. Principalmente nestes difíceis momentos que virão com a minha estadia em sua cabana.
— Oras, não se preocupe com isso! Você é forte e decidida, tenho certeza que não será tão ruim quanto pensa. Jacob não vai amolar você, se você assim desejar. Ele ficou trancado dentro de si por muito tempo antes de você chegar, e se você o colocar naquele lugar opressor do próprio coração, novamente, ele saberá lidar com isso.

As palavras de Billy a fizeram sentir certo remorso. E acreditou que era exatamente o que o velho índio pretendia: causar nela arrependimento pela forma como julgou Black. Afinal, ele era o filho de Billy e tudo bem um pai defendê-lo com um pouco de chantagem emocional, não é? Billy sorriu para a garota, e ela sorriu de volta a ele. E arrastando sua cadeira, sempre surpreendentemente silenciosa, Billy se retirou de volta para a cabana. se levantou suspirando e seguiu atrás dele, e então pôde ouví-lo de repente:

— Ah! E estava me esquecendo! Como você sabe, não temos muitos cômodos então você vai dormir no quarto de Jacob.
— Billy! Não precisa incomodar Jacob com isso. Eu durmo na sala.
— De forma alguma . Somos cavalheiros.

Conhecendo Billy, como ela já conhecia, sabia que continuar a discussão não adiantaria nada. Tão turrão quanto o filho, tão teimoso quanto ela. E não esquecendo que ela era uma hóspede de favor, não cabiam reclamações. A mulher seguiu atrás de Billy adentrando a casa e Jacob avistando-os, caminhou em direção a eles. Saiu da casa de Sue com uma feição um tanto quanto alegre, e já imaginava a razão daquele sorriso sutil que ele não pretendia esconder.

— Então você vai morar aqui! — falou animado assim que parou próximo do pai, observador aos dois, e , ainda tentando fingir evitá-lo.
—Pois é. Parece que eu vim mesmo para ficar.
— Vamos filho, temos que acomodar no seu quarto.
—Eu vou pegar minhas coisas no carro. — ela disse e Black seguiu logo atrás dela ignorando o pai.
— Eu te ajudo, !

Enquanto eles tiravam as malas do carro, e iam levando para o quarto, não falaram mais um com o outro. Para ela, era estranho estar novamente naquele quarto diante das atuais circunstâncias. Após a última leva de bagagens, e Jacob olharam um para o outro com dúvida sobre o que fazer a partir dali.

—Bem, eu vou pegar umas roupas de cama limpas para você.
— Obrigada Black.
— Sabe que não precisa me agradecer. Eu é quem devo. — ele sorriu — E vou preparar também o meu acampamento na sala.
— Black, eu ainda estou muito magoada com você. Estar aqui não significa que as coisas mudaram. Contudo, nós teremos uma convivência pacífica e tranquila se depender de mim.
— Eu já sabia que não havia mudado nada, mas não me peça para não demonstrar o quanto estou feliz de ter você aqui. Entendo seus sentimentos e irei esperar o tempo que for preciso até você me perdoar. Eu já espero por você há muito tempo, não seria diferente agora.

Assim que terminou de falar, Black saiu pela porta de seu quarto deixando uma ainda mais confusa sobre seus sentimentos. Ela já não tinha tanta certeza se não teria chances de uma reaproximação entre eles. Na verdade, começava a se indagar se Jacob não era mesmo apenas uma vítima. Assim como ela. Tentando afastar esses pensamentos, a mulher voltou sua atenção ao quarto e às suas coisas que precisaria dar um jeito de alocar em algum lugar.

•-•--♦--•-•


— Bom dia, Mani.

Ela acordou com a voz trovejante de Black ao pé do seu ouvido, enquanto as mãos dele acariciavam seus cabelos. Um cheiro agradável de café forte com hortelã enebriava os sentidos olfativos da mulher e , abriu os olhos lentamente, processando a imagem do extenso sorriso de Jacob à sua frente. Endireitou-se na cama sorrindo de volta para ele agachado à sua frente.

— Bom dia Jacob. Sente-se. — indicou a cama do próprio para que ele se acomodasse.
— Preparei um café de boas vindas. — ele pegou a bandeja depositando-a com cuidado no colo dela — Tem torradas, daquelas suas favoritas, morangos, iogurte de pêssego, queijo branco e peito de peru no delicioso pão de batata da Sue, e café forte com hortelã. Está tudo direitinho?
— Uau. Você não esqueceu de nada. Vai ser assim todos os dias? Meu café da manhã favorito na cama? — olhou para ele de um modo sarcástico, enquanto bebericava o café — Posso me acostumar muito mal assim.
— Infelizmente não será assim todos os dias. Não na nossa atual circunstância, em que você está chateada comigo.

não quis discutir com Black o que aquilo significava.

— Não vai comer? — Ela perguntou quebrando o clima que havia ficado entre eles.

Jacob apenas pegou sua caneca de café no móvel lado da cama, levantou-a e sorriu. Enquanto comia, ele observava-a com aqueles olhos de devoção.
— Sei que não é da minha conta, mas você sumiu ontem à noite. Algum problema na região? — Ela perguntou tentando manter algum diálogo a fim de evitar aquele olhar sobre si.
— Apenas fui aos Carter antes que fechassem, para fazer umas compras de última hora.
— Não me diga que... Jacob, este café da manhã não tem nada a ver com isso, né? — perguntou encarando os itens na bandeja e Black sorriu, abaixando a cabeça escondendo a resposta — Idiota. Não deveria se incomodar assim.
— Deveria sim. Você disse que deixaria eu te mimar o quanto quisesse. Ou já esqueceu?

Ela mantivera o silêncio, encarando séria, aos olhos atrevidos dele como um sinal de que entendia o que ele estava tentando fazer, e não aceitaria as chantagens a fim de apagar tudo o que acontecera.

— Meu pai disse que conversaram um pouco sobre o passado... Desculpe, mas tivemos que entender a sua mudança tão repentina para cá.
— Fico feliz que todos já estejam sabendo. Me poupa de contar e encarar as reações.
— Ora ! Sabe que as reações foram boas! Todos adoraram. Acredite.
— Pode ser... Mas é diferente ter uma hóspede e uma nova moradora permanente.
— Fico feliz com o permanente.
— Claro que... Por enquanto é permanente. A gente nunca sabe quando é hora de partir.
— E você pretende partir?
— Não sei Jacob. Mal sei o que acontecerá daqui a vinte minutos.
— Vai tomar banho e me ajudar na marcenaria.
— O quê?
— Você não tem trabalho, tem?
— Não, hoje não. Mas... Como você sabe?
— E então, sobre a história de Bella e os frios... Está com medo? — Jacob mudou o assunto.
— Olha só, alguém já consegue pronunciar o nome dela.
— Bella é um passado sem dor desde a sua chegada.

A declaração dele a pegou de surpresa, e mais uma vez evitando aquele assunto, desviou o diálogo:

— Não me respondeu como sabe que não tenho trabalho. Anda espionando minha vida?
— E você não me respondeu se está com medo dos frios.
— Perguntei primeiro.
— Teimosa. — Black declarou negando com a cabeça e sorrindo fraco — Digamos que Scott Carter e eu temos finalmente um assunto em comum.
— Eu não acredito! O que vocês andam falando sobre mim?
— Sua vez de me responder.
— Não tenho medo de nada. Na verdade o que mais quero é encontrar um deles, pra arrancar algumas respostas.
— Você não tem ideia do que está dizendo ! Eu jamais vou deixar um deles se aproximar de você.
— Se vai ser meu cão de guarda é melhor pedir permissão à sua namorada antes. — respondeu tão altiva e sem pensar, que sentiu-se envergonhada pela grosseria repentina, abaixando a cabeça ao pedir desculpas: — Me desculpe. Não quis te ofender.
, eu e Bruh não somos namorados. Eu já tentei te explicar, mas você não quer me ouvir.
— Vamos mudar de assunto?
— Como perguntou... Scott e eu não ficamos falando de você. Mas parece que vocês passam bastante tempo juntos, já que ele conhece o seu paladar tão bem... — Jacob disse com certo ciúme — Se é que é só o paladar que ele conhece...
— Eu realmente vou fingir que não ouvi isso... — declarou olhando incrédula para ele.
— Desculpa, você não deve satisfações a mim. Enfim, ele notou que minhas compras não eram literalmente para mim, e perguntou se eu tinha notícias suas. Contei que você estava passando um tempo na minha casa — Jacob sorriu maleficamente — Ele ficou surpreso e pediu para avisar que estaria aguardando o seu telefonema.
— Droga! Eu me esqueci! Ai não, não acredito!

se levantou da cama andando de um lado ao outro com a mão na cabeça, enquanto Jacob parecia se divertir com a situação.

, como foi se esquecer do seu encontro?
— Não me provoque Black! Scott não merecia isso!
— Não mesmo, apesar das nossas diferenças ele é um cara muito legal. Poxa , você deveria ter telefonado.
— O quê? Seu idiota! — deu um soco no ombro dele, que gargalhava da sua reação — Por que você não me passou o recado? Foi de propósito não é mesmo? Seu grandíssimo babaca!

Ela avançou irritada sobre Black, com empurrões e tapas, até que ele a segurou.

— Ei, calma aí! O encontro era seu, meu amor. E eu, bem... Me esqueci.
— Não acredito em você. — Ela disse se soltando das mãos fortes de Black, indo até o espaço no armário que Jacob disponibilizou para que guardasse suas coisas.
— Isso não é novidade.

Jacob também se direcionou à sua parte do armário pegando uma toalha limpa e a entregou.

— Não precisa, eu trouxe. — disse já mais calma.
— Te espero na sala então.

Assim que terminou de falar, Jacob a abraçou apertado dando um beijo em seu rosto. Saiu pelo corredor do quarto, e voltou de repente na soleira da porta dizendo com um sorriso sacana:

— AH! Você deveria ligar para o Scott. Coitado!

olhou para aquele moleque que ela ainda não conhecia, ou se conhecia havia se esquecido e lançou sua expressão silenciosa de "caia fora!". Assim que Black saiu, a mulher ficou pensando sobre aquela manhã e sobre aquela reação amigável da parte dele. Talvez não fosse tão difícil a convivência como havia pensado. Jacob sabia das suas mágoas, respeitava-as, mas não havia esquecido a amizade que nutria por ela. Amizade que ela poderia não admitir, mas sentia falta. E seria imaturidade da sua parte negar a aproximação, até porque, no fundo... Ela não queria mesmo. Não desejava alimentar mais aquela história de orgulho, o tão antigo orgulho que impede de ser feliz.
Vestiu uma camiseta branca, uma bermudinha jeans e calçou uma bota para "trabalhar na marcenaria" com Jacob. Não sabia o que ele estaria aprontando com aquela história. Prendeu seus cabelos em rabo de cavalo alto, organizou o quarto e levou para a cozinha a bandeja de café, limpando tudo. No caminho, passou por Black que estava jogado no sofá, coisa rara de se ver.

— Você, deitado no sofá?
— Ei garota, eu estou te esperando. — Ele disse chamando-a para fora.
— E então Black?
— Como você sabe, eu vendo minhas obras pela cidade. Tenho uma encomenda de souvenirs temáticos da cidade e uma mesa grande para entregar. Enquanto eu trabalho na mesa, você trabalhará nos artesanatos.
— Espera aí bonitão! Eu nunca esculpi nada!
— Você aprende rapidinho. Nós sabemos disso.

Enquanto caminhavam em direção ao galpão de Black, ela pegou seu celular discando para Scott, e a ação foi notada por Jacob que espiando o visor do aparelho dela, não evitou a provocação ao dizer sorrindo:

— Vai ligar para o seu novo namorado?

revirou os olhos e até responderia ao Jacob, mas Scott atendeu a chamada.

— Alô? Scott! — Então ela caminhou afastando-se aos poucos de Jacob, o que o deixou um pouco irritado — Primeiramente, mil desculpas! Ontem aconteceram muitas coisas, Charlie me trouxe para a reserva de última hora, e eu acabei adormecendo de cansaço ao anoitecer. Jacob não me deu o seu recado, porque quando chegou eu já havia dormido. E hoje ao acordar eu me lembrei de você. Desculpe!
— Tudo bem , eu entendo.
— Não, não Scott! Eu sei que você deve estar pensando que eu te dei outro fora, mas não é nada disso! Por favor, aceite o meu convite para o almoço de hoje! Ou um jantar! Eu tenho muito pra contar a você. E não quero que fique uma má impressão.
, tudo bem, mesmo. Não se preocupe. Quando você quiser...
— Eu quero! É exatamente isso Scott, eu quero me encontrar com você, eu quero sair com você, só que ontem, eu tive muitas surpresas e acabei me esquecendo de telefonar para cancelar. Por favor, Scott, — ela sorriu fraco pelo telefone ao falar: —Não desiste de mim vai... Você é o amigo mais próximo da minha vida normal. Quero dizer... Adoro a reserva, mas às vezes é difícil entende... Eu realmente sinto sua falta!

Scott ficou mudo por um tempo.

— Scott?
— Oi... Er... — gaguejou tentando dar uma resposta: — Eu não posso almoçar hoje , mas podemos jantar sim. E dessa vez eu não irei te aguardar, eu vou buscar você, para não correr o risco de você esquecer.
— Ótimo! Eu te aguardo às oito horas.
— Combinado.

Ela desligou a chamada e sorriu com a expectativa daquela noite. Na verdade, adorava passar um tempo com o Scott, pois a calmaria dele era o que lhe faltava. E sempre tão paciente, Scott sabia a reconfortar. No entanto, aquela seria a primeira vez que eles sairiam sem que tivesse algo ruim, triste ou desanimador para despejar nele. E era de fato um encontro, não uma saída entre amigos. Essa coisa estava meio que explícita desde que eles se beijaram e não tinham conversado sobre aquilo. Então, até segunda ordem, era um encontro e até estava animada com aquilo. Jacob continuava andando à frente dela, e quando a mulher entrou ao galpão ele perguntou um pouco desanimado:

— Se acertou com seu namorado?
— Sim, ele vem me buscar hoje às oito. — Ela disse sorridente, no automático.
— Espera... Vocês estão mesmo namorando?
— Não. Pelo menos não ainda. Mas... Eu ainda não estou preparada para me abrir sobre este assunto contigo Black. Você entende?
— Claro. Eu não tenho nada a ver com a tua vida. Fico feliz, que você esteja feliz.

A expressão de Jacob transmutou-se entre culpa, ciúme e decepção. não sentiu-se bem em enxergar aqueles sentimentos na face dele.
Por que apesar de saber que ela não estava fazendo nada de errado, ela se sentia tão mal com aquela situação?

— Nós só estamos saindo. Como amigos. — Explicou, ciente de que não era obrigação sua justificar nada a ele — Mas, desta vez eu não estou impondo barreiras a algo mais. Como seu pai mesmo me disse, a gente nunca sabe de onde virá a felicidade.
— Faz bem. Seguir em frente... Lamento que eu não saiba fazer isso tão bem quanto você.

Os dois trocaram olhares tímidos, e enquanto observava ao redor desviando o olhar, Jacob pigarreou se direcionando a um balcão extenso.

— Venha! Vou te mostrar os souvenirs.
— Eu conheço, esqueceu que coleciono seus artesanatos em casa?
— Sim, eu sei, mas eu quero te mostrar como fazê-los.

Não demorou para que o clima de constrangimento se esvaísse entre eles. Jacob mostrou para ela alguns pequenos brindes, uns conhecidos, outros novos, mas Black explicou e demonstrou como esculpir devagar cada um deles. Enquanto se concentrava em seu trabalho, Jacob se concentrava em sua mesa, hora ou outra espiando-a por cima de seus ombros. E ela notava, repetia o gesto quando ele não estava olhando. Depois de um tempo, Black se levantou indo em direção a ela e parado ao seu lado observava o trabalho realizado por . Até que se direcionou às costas dela e abaixando-se, seu corpo a envolveu em seus braços, ele segurava as mãos de junto às suas, guiando o esculpir que ela executava. Jacob não fez por mal, estava a corrigindo, concentrado em orientar:

— Nesta fase de finalização, mantenha a mão firme, porém delicada. Embora a peça ainda vá passar pela lixa e pintura, é importante que a lapidação da madeira seja delicada, porque auxilia a não ter tanto o que finalizar com lixamento.

, foi pega de surpresa com o gesto. Suas memórias voltaram aos inúmeros momentos como aquele, que anteriormente eles tiveram. Ela suspirou pesado, como se quisesse se livrar daqueles braços, e embora quisesse realmente, algo no seu íntimo contrastava com não querer. Black se afastou após a explicar tudo aquilo, girou o banquinho onde ela estava sentada de frente para ele, e sorrindo disse:

— E então? O que achou?
— Achei relaxante... — Ela mencionou baixinho, e reforçou: — A atividade é mesmo relaxante. Mas me diga você, o que achou?
— Que para a primeira vez, você foi muito bem. — Jacob respondeu sorrindo discreto enquanto observava os artesanatos dela.

sorriu de volta, e levantando sua mão em direção ao seu rosto, ela limpou as lascas de serragem que haviam na bochecha dele. Jacob fez o mesmo notando algumas lascas no pescoço dela. Os dois se encararam sentindo uma tensão no ar, que rapidamente partiu ao se levantar e afastar-se arrumando os materiais usados na bancada. Ele a ajudou e os dois voltaram para a cabana. No caminho de subida, Jake estava calado e ela também, até que ele pronunciou algo que estava o incomodando.

— Sabe, desde que você chegou... Eu não pude te dar um abraço.

Ela parou de caminhar e olhou diretiva para ele, em dúvida, notando um pequeno desconforto em sua face.

— Eu sei que está chateada comigo. Sei que está seguindo em frente com Scott ou não... Enfim, eu sei que forçar a barra não é a melhor opção e não quero isso. Eu pedi para você ser paciente comigo o tempo todo, até que estraguei tudo, então eu serei paciente com você. Mas, eu gostaria da minha amiga de volta. E sinto falta do seu cheiro, do seu abraço, das suas mordidas em meu ombro. Eu só queria dizer isso, para você saber. Saber que, eu entendo você... Mas torço para que você possa me perdoar nas pequenas coisas pelo menos...

Os dois se mantiveram em silêncio por um tempo. olhou para frente e notou que estavam próximos à cabana, quase chegando no toco de carvalho. Então, observou os próprios pés, pensativa, no que escutou. Jake começou a caminhar novamente, certo de que estava sendo ignorado, mas então, ela o segurou pelo braço.

— Espera. Jacob, eu não estou feliz com esta nossa situação. Mas é como você disse... Eu te esperei. Eu aceitei seu desprezo até achar que havia conquistado você. E no fim, não conquistei.
— Conquistou sim . Eu é que fui idiota demais para impedir que a armação de uma criança te magoasse.
— Armação da Bruh, acidente, ou não, o fato é que eu me magoei. E fiquei muito confusa. Foi tão difícil iniciar alguma relação contigo, enquanto que com o Scott foi tão natural... Eu não amo o Carter, assim como não amei o Erick. E não estou tentando despejar nele a frustração com você. Eu apenas gosto de estar com ele, e me sinto bem. Já contigo... Eu não sei o que esperar de você, de nós... Enfim... Eu preciso de um tempo para voltar a ter controle dos meus sentimentos, sabe Black. Também sinto sua falta. A falta da amizade. Mas eu fui de cabeça até você! Mergulhei em um sentimento confuso e agora eu preciso só desacelerar...
— É, foi tudo muito intenso. Sua chegada, nossos costumes e segredos. Entendo...
— Mas, você pode sim abraçar a sua Mani. Que sente muita falta disso! Mas, só vamos manter o controle, para não confundir as coisas de novo.

Ao terminar a frase, sorriu segurando a mão dele, e Black mais do que rapidamente, a envolveu em seu abraço protetor. Cheirou o pescoço dela como sempre fazia, e se manteve imóvel. Podia sentir-se estúpida de permitir que sofresse mais no futuro, mas um passo de cada vez. Não poderia negar seus sentimentos.
Jacob beijou a testa dela, sorrindo largo, e assim, continuaram a subida rumo às cabanas. Ao chegarem próximo ao pátio das cabanas, lá estava Bruh Ateara os espionando. Sua expressão raivosa já era conhecida, e se afastou um pouco de Jake. Ele por sua vez, se colocou na frente da , rígido e calado. Bruh olhou para a mulher de modo atravessado e saiu a passos fundos em direção ao seu canto da reserva. Se era possível sentir a aura de raiva dela, conseguia até mesmo tocar.

— A lobinha traiçoeira já sabe que eu estou morando aqui, pelo visto.
— É, sabe sim. E sabe de algumas coisas a mais... — Jake disse olhando de lado para .
— Como assim? Que coisas?
— Não se preocupe, ela não fará nada contra você.
— Ah, eu não me preocupo não. Bem, eu vou até a cabana de Sue. Nos vemos depois.

Depositou um beijo no rosto de Jacob e acenando foi até a cabana de Sue calmamente. Queria encontrar Leah, para poder contar sobre seu encontro com Scott.

— Bom dia Sue!
— Bom dia , como foi com o Jacob? — Sue perguntou sentando-se à própria mesa de sua cozinha, logo sendo seguida por Charlie, Seth, e Leah.
— Sente-se! — Seth puxou a cadeira ao seu lado.

Todos olhavam para ela, com olhos de lêmures. Aguardavam ansiosos a resposta do "como foi com o Jacob?". riu baixo por aquela situação, puxou uma cadeira e serviu-se de café, encarando a todos, calma e divertidamente.

— Bem, plateia... — os olhares de Charlie e Sue se encontraram em uma expressão pouco constrangida, Leah e Seth por sua vez não piscaram nenhuma pálpebra — O que exatamente vocês querem dizer com "como foi o Jacob"?
— Oras ! Não enrola! Somos curiosos, ou fofoqueiros. Chame como quiser! Mas, a gente precisa saber como foi passar a noite com ele! — Leah já estava impaciente e eufórica como sempre: — Vocês conversaram? Se acertaram? Os pensamentos dele estão um tanto descontrolados por isso, é bom você saber!
— Como assim? — perguntou surpresa e preocupada.
— É... Quando um alfa sai do controle até os segredos mais sórdidos é difícil de evitar ouvir... — Seth resmungou baixinho, constrangido e fazendo os outros se constranger também.

Leah dissipou o momento de exposição de Black e , tentando amenizar o comentário do irmão:

— Mas não é sobre o que passa na cabeça do Jacob que estamos falando. Ele fantasia muita coisa! Conta o que realmente queremos saber, vocês fizeram as pazes?
— Nós vimos vocês dois saírem sorridentes em direção ao galpão esta manhã, . — Seth respondeu envergonhado pela reação da irmã, e compartilhava a mesma expressão de sua mãe, e Charlie.
— Ah... Isso... Bom, ontem não trocamos muitas palavras. Ele saiu pela noite e eu adormeci antes mesmo dele chegar.
— Então nada mudou?

Leah, mal esperava beber seu café para interromper a fim de esclarecer aquela história. Sue ao observar a ansiedade da filha pegou em sua mão e encarou , de modo compreensivo e terno. Embry chegava assim que Leah terminou de falar. Cumprimentou a todos e selando os lábios da namorada sentou-se ao lado dela. Embry pareceu ter ideia do que se tratava e não demorou muito para atacar os biscoitos, os bolinhos e outras gostosuras que Sue havia preparado, e com a boca cheia olhar para , ansioso também. Aquilo tudo fizera a nova moradora da reserva, sorrir ainda mais. Ela se recordou de Billy falando sobre a esperança que mantinha sobre Jacob e ela. Obviamente ele não era o único a torcer por aquele casal.

— Mudou sim. Esta manhã Black me acordou com meu café na cama favorito e uma oferta de paz. Eu resolvi que em respeito à hospedagem dos Black, e pela minha amizade com ele, nós iríamos nos dar bem. Por mais chateada que eu esteja com tudo o que aconteceu, não faz sentido ignorá-lo agora.
— Muito bem . — Charlie sorria orgulhoso.
— Eu sei que você não vai querer escutar isto, mas acredite, ! Nunca aconteceu nada entre Jake e a pirralha sem noção da Bruh. — Embry pronunciara-se e todos o olharam apreensivos, talvez por acreditarem que ele estivesse sendo muito invasivo ou precoce naquele assunto.

, estava calma, na verdade, Embry era o seu melhor amigo ali. E ele lhe amparou naquela história. Natural que tanto ele, quanto Leah quisessem que uma pedra fosse colocada sobre aquele assunto de uma vez por todas. Enquanto sorria serenamente para Embry abraçado à Leah, Sue e Charlie sorriam para os três observando-os de um modo íntimo. Charlie e Sue estavam orgulhosos pela maturidade de com tudo, inclusive com a formação do casal “Leah e Embry” que de certo modo, ocorreu de um jeito que a envolvia no passado. Eles se tornaram bons amigos, e Sue ficava feliz pela aceitação de Leah para com também. Estavam todos sorridentes, comendo e pensando em algum próximo assunto, quando Seth, tímido e um pouco deslocado, segurou a mão de fazendo-a percebê-lo. Ele parecia, aos olhos de , um tanto incomodado com os casais formados por sua mãe e irmã.

— E... O que vocês foram fazer no galpão esta manhã depois de um café na cama? — Leah mencionou, rindo maliciosamente e Embry também.

Sue e Charlie se levantaram da mesa como se quisessem não participar mais da história. percebeu que todos pensavam que Black e ela havia passado a noite juntos, devido ao seu relatado “café na cama”.

— Nós não estamos juntos, se é o que vocês pensaram. Fui ajudar Jacob com umas encomendas de marcenaria.
— Talvez devessem perguntar por que motivo ele faria café na cama para ela, e não porque foram pro galpão de manhã... — Seth mencionou entrando na provocação.
— Isso a gente já sabe, infelizmente... — Leah mencionou negando com a cabeça e apontou para ao dizer: — Tem sorte de não ter seus pensamentos invadidos, loba branca!
— Não me digam que Jacob tem pensamentos eróticos que vocês podem ver?
— Ouvir. A gente escuta tudo o que um ao outro pensa... Claro, quando estamos cansados demais ou fora de controle. Geralmente todo mundo se esforça para esconder. — Embry explicou e o rosto de se chocou, ao passo que Embry a acalmou: — Mas ele não teve pensamentos eróticos com você, não foi isso.
— Aquilo estava mais para um adolescente chorão pensando em como pedir desculpas pra namoradinha... — Leah reclamou — Mas ele sonhou com você, e eu vi. Foi tão chato como só o Jake sabe ser...

Leah confessou e tanto Embry quanto Seth sorriram. concentrou sua atenção no rosto de Seth, e sua mão que já apertava menos a de . Seth não percebeu que ainda segurava a mão dela como fizera momentos antes, e a buscaria entender o que o deixou acuado daquele jeito. Então se recordando do motivo de ter ido à casa de Sue, interrompeu um diálogo entre Leah e Embry.

— Ei, Leah... Eu precisava falar com você.
— Este é o momento em que nós nos vemos depois, amor. — Ela disse sorridente ao namorado e se levantando da cadeira chamou a amiga em direção ao seu quarto.

beijou a testa de Seth, que mantinha uma expressão preocupada desde o que ela havia dito. E aquilo estava a deixando curiosa. No entanto, acompanhou Leah até seu quarto. Ela escorou a porta depois que entrou e antes que ela pudesse sentar-se em sua cama, Leah já estava ansiosa de novo.

— Vamos lá, eu sabia que você estava escondendo algo naquela cozinha!
— Não é nada com o Black, Leah... Eu acho que você vai querer me matar quando eu disser e nem sei se deveria mesmo falar sobre isto contigo. Talvez Emy, fosse a melhor opção... — sorria debochada.
— Você me chamou até o meu quarto para me insultar? Sua otária!
— Ok, mantenha a calma! Por favor!
— Você está me deixando muito nervosa, ... Não me diga que você e aquele imbecil do Erick estão juntos de novo?
— Não! Eu não voltaria com o Erick em hipótese alguma... Mas tem outra pessoa sim.
— Scott Carter.
— Como sabia?
— Seth é amigo do irmão caçula dele, e ultimamente tem passado muito tempo com os Carter. Outro dia, o Peter esteve aqui. Ouvi os dois conversando no quarto dele sobre Scott e você.
— Eu sabia que eles eram amigos, mas não imaginava que fossem próximos assim... E o que eles disseram sobre mim?
— Algo sobre "meu irmão é totalmente apaixonado por ela", e o Seth dizer "e ela totalmente apaixonada por Jake".
— Eu vou matar o Seth! — declarou e Leah riu divertida com a cara de raiva e espanto da outra.
— Bem vinda ao meu mundo. Agora imagina um bando de garotos adolescentes como o Seth se metendo em sua vida. Foi assim que passei a maior parte da minha adolescência.
— Enfim... O fato é que, ontem eu tinha um encontro com Scott. Nós costumamos sair como amigos às vezes. E eu dormi e acabei me esquecendo. Só que Jacob, esta manhã me contou que esteve com Scott ontem à noite no mercado e o boca grande contou a ele, antes de mim, que eu estava morando aqui agora. Scott deve ter ficado um pouco chateado e pediu para Black me dar um recado, que adivinhe você...
— Ele não deu... — Leah ria das coisas que havia dito — O que você esperava? Que Jake fosse entregar você de mãos beijadas para outro?
— Não tem essa de "me entregar". Para dar algo a alguém, primeiro esta coisa tem que pertencê-lo. E eu não pertenço ao Black, ok?
— Pode até ser, mas é como Seth diz: não dá para encarar como se você e Jacob não tivessem algo, seja lá como vocês denominam isso!
— Tá, tá! — já estava irritada com aquela colocação.

Era tão previsível que ela mergulhou de cabeça nos próprios sentimentos não correspondidos por Black? Ela estava se sentindo a idiota da reserva.

— Não é como se ele não te correspondesse, ... Do jeito dele, Jake sente o mesmo. — Leah o defendeu como se pudesse adivinhar os pensamentos da amiga, ou ouvi-los.
— O fato é que liguei para Scott hoje, e ele virá me buscar às oito horas. Eu precisava dar uma satisfação e me desculpar com ele.
— E isto é um tipo de encontro?
— Eu não tenho certeza. Scott e eu nos damos muito bem, e é sempre um alívio estar com ele, porque ele me traz sossego. A calmaria dele me contagia sabe? Mas todas as vezes que saímos eu estava cheia dos meus problemas, então despejava tudo nele. Nunca dei uma chance de conhecer Scott de verdade. Quando ele me levou até a tribo da família dele, foi o mais próximo de um encontro que chegamos. Inclusive...
— Inclusive?
— Nos beijamos aquela noite.
— Vamos lá ... Você está pensando em dar uma chance ao Carter?

Neste momento as duas ouviram um barulho vindo do corredor. E Leah, visivelmente irritada correu até a porta e virando-se para a outra extremidade do corredor, gritou:

— Pode voltar, Seth Clearwater!

Seth logo entrou no quarto de Leah, com o rosto tão vermelho de vergonha e a cabeça baixa.

— Eu ouvi tudo, desculpe.
— E aí , o que vamos fazer com ele? — Leah perguntou encarando o irmão em reprovação.
— Senta aqui Seth. — bateu ao seu lado no colchão, e ele arrastando-se obedeceu, então ela o perguntou prevendo que algo o chateava: — O que está acontecendo? Eu sei que você está incomodado com alguma coisa.
— Eu sinto muito por ter invadido sua vida, falando de seus sentimentos com Peter, mas tanto eu quanto ele estamos preocupados.
— Que história é essa moleque? — Leah sentou-se ao lado do irmão julgando.
— Eu gosto muito de Jake, Scott e de você . E Peter está preocupado com o irmão dele. Não é segredo para ninguém que Scott é louco por você, e você vai me desculpar, mas não é segredo também que você gosta do Jake. E o pior é que, Jake também. Eu não entendo porque vocês não acabam com essa briga idiota. Bruh armou tudo aquilo! E todos sabemos, inclusive você, que Jake é completamente outro homem desde a sua chegada. Então, para mim está claro que vocês dois devem ficar juntos, mas tem o Scott no meio disso. E desculpe , mas você está o colocando numa situação constrangedora. O cara é apaixonado por você, mas não é com ele que você quer ficar! E agora, olha você se envolvendo com ele a fim de sanar qualquer coisa, ou se vingar, sei lá...
— Garoto! — Leah acusou: — Outro dia você estava aconselhando ela a dar uma chance pro Carter! Espera... Foi ontem!
— Isso foi antes! — Seth justificou — Antes de ter certeza que o Jake foi só muito burro com a armadilha da Bruh e que, e ele realmente se gostam! Você ouviu o chororô do Jake ontem à noite!
— Se ele souber que a gente contou isso pra , a gente morre. Você sabe né? — Leah advertiu encarando o irmão com expressão ameaçadora.
— Mas o que eu disse antes ou agora não importa, ! Eu só espero que você não se engane achando que Scott vai entender se você só quiser se divertir com ele... — Seth concluiu.

Seth se manteve calmo e firme em tudo o que disse. Leah estava espantada, mas compreensiva com os sentimentos e palavras do irmão. E também.

— Você não está completamente errado Seth, mas não é apenas por Bruh que eu me magoei com Black. — Leah já sabia do que estava falando e as duas olharam uma para a outra cúmplices — Já que você tocou neste assunto... Deixe eu te falar dos meus sentimentos, ok?

Seth assentiu dirigindo a ela, uma atenção ainda maior.

— É verdade que eu não correspondo aos sentimentos do Carter. Mas eu o adoro. E quero a amizade dele. Não é que eu esteja me envolvendo com ele, eu só quero poder estar com ele sem nenhum compromisso ou preocupação e deixar que o que tiver que acontecer, aconteça. Eu fui muito clara com ele, ao dizer que não iria dá-lo esperanças falsas. Mas, eu não vou me afastar de um amigo, só porque ele se apaixonou. Pode parecer cruel, mas abrir mão de uma amizade por causa disso, nunca fez sentido para mim. Eu sempre impus em situações como esta que, se eu quiser estar com alguém eu estarei, a menos que esta pessoa me peça para ir embora. Se ela tem um amor não correspondido por mim, nós trabalharemos juntos nisso. Seja para me conquistar ou me esquecer.

Leah e Seth não viam muito sentido no que dizia, eles pensavam diferente da garota. E não era novidade. O histórico de amor não correspondido dos dois impedia-lhes de achar adequado o pensamento de . E olhar, dos dois para , a fizera se lembrar de quando completou dezessete anos e um dos garotos do High School em Phoenix, havia se declarado para ela. Após dizer que queria apenas ser sua amiga, ele perturbava Bella com recados e desesperados pedidos de ajuda à sua melhor amiga. Assim que ela fez o mesmo discurso que acabara de fazer ao Seth e Leah, para Bella, sua antiga amiga olhou-a assustada e disse:

Você não tem coração. É cruel forçar alguém a conviver com você sabendo que a verdade é que você não vai corresponder aos sentimentos dele. É como se você quisesse ter um lacaio fiel e apaixonado.

Aquele dia, se recordou de ter discutido com ela. Bella nunca soube lidar muito bem com as emoções. E foi através de uma mensagem, pelo celular, que as duas fizeram as pazes. Então, explicou a ela da melhor maneira:

Bella, é cruel forçar alguém a se afastar de você, mesmo contra sua vontade, apenas porque você não sabe lidar com sentimentos contrários aos seus. Eu não vou abrir mão de alguém especial para mim, apenas porque ele não sabe lidar com um não. Nunca fizeram isso por mim, eu aprendi a lidar com todos os "não" e "sim" que recebi a vida toda. Nem tudo o que nós ganhamos é perfeito como queremos, mas pode ser perfeito como podemos ter.

E foi recordando desta fala que continuou a falar com Seth e Leah, que ainda estavam pensativos sobre o que a havia dito, repetindo o discurso:

— É cruel me forçar a me afastar dele, mesmo contra minha vontade, apenas pela hipótese dele não conseguir lidar com sentimentos contrários aos seus. Eu não vou abrir mão de alguém especial para mim, apenas porque ele não sabe lidar com um não. Eu aprendi a lidar com todos os "não" e "sim" que recebi a vida toda. Não vou me afastar de Scott, assim como Jacob não se afastou de mim, quando não correspondeu ao que eu sentia. Nem tudo o que nós ganhamos é perfeito como queremos, mas pode ser perfeito como podemos ter.
— Como assim, Jake não correspondeu? , ele está implorando para você perdoá-lo! — Seth disse um pouco incompreensível e impaciente.
— Você não sabe quantas vezes eu investi no Jacob, e ele desviou-se de mim! Eu mergulhei de cabeça nos sentimentos por ele. Deixei muito claro, e em todas as vezes eu recebi o desprezo dele Seth! Quando eu ia tentar de novo, eu tive que dar de cara com Jake beijando a Bruh! E pode ser que eles não tenham nada, mas eu tive que lidar com o fantasma de Bella, ou seja lá quem for o tempo todo. E eu cansei. Eu estou aqui, mesmo depois de tanto "não" da parte dele, mas não me forcem a fingir que nada aconteceu.

Após um breve silêncio entre os três, Seth se desculpou e segurando a mão de beijou-a.

— O problema é que todos os garotos desejam uma garota como você.
— Deixa de ser bobo Seth! — sorriu — Isso é um exagero. Eu não sou a garota perfeita. E não são todos os garotos, olha para você, por exemplo.
— Ingênuo da sua parte achar que eu não deseje ou já tenha desejado você. — ele sorriu sedutoramente deixando boquiaberta. Leah também estava espantada.
— Ei garoto! Que nojento. Se quiser dar em cima das minhas amigas, faça isso longe de mim!
— Cala a boca. — ele olhou odioso para a irmã, e ambos ficaram encarando um ao outro, logo voltando suas atenções para , depois de Leah dizer:
— Eu nem sabia que você pensava nestas coisas! Eu vou contar pra mamãe!

Um diálogo mental estava acontecendo sem que pudesse notar.

— Se liga Leah, eu não tenho mais quinze anos.
— Eu não quero falar com você sobre isso! Que horror! — Leah levantou-se da cama eufórica e precisou intervir.
— Eu não sei o que vocês estão conversando em suas cabeças aí, e nem quero imaginar o que você pensa a meu respeito agora, Seth... Mas, podemos voltar ao assunto “Scott”?
— Desculpe, ... É que você não se enxerga da mesma forma que todos nós. — Seth falava dele, e de "todos os garotos" se desculpando e pondo fim aquilo: — Mas fica tranquila, não estamos competindo por você. Seu único e exclusivo problema são Scott e Jacob.
— E você já pode responder a minha pergunta: você está pensando em dar uma chance ao Carter, ? — Leah a encarava curiosa e confusa.
— Não. É como eu disse, eu não vou dar falsas esperanças a ele. Sei o que ele sente! Mas não vou impedir se por acaso acontecer alguma coisa. Vocês acham que eu estou sendo muito idiota com ele?
— Eu não sei Lu... São os seus sentimentos, e não podemos falar por você. Mas, se aceita meu conselho... Toma cuidado. São três corações envolvidos nesta história, e se dois ficam bem, um vai acabar se machucando. Não acho que tenha como evitar isto, a menos que sacrifique os três.

Assim que Seth terminou de falar, ele beijou a testa de e foi em direção à porta. Leah e se mantiveram caladas até ele sair.

— Puxa... Esse garoto é esperto! No final, não era nem você e nem a Emy que eu deveria ter procurado. — sorriu ao constatar.
— Eu vou apenas aceitar o agradecimento que eu não ouvi, ok? — Leah rebateu.
— Parece que seu irmãozinho, afinal, se tornou um homem.
— Você não tem ideia do quanto. — ela disse como se recordasse de algo — Eu sabia que um dia Seth iria crescer, sabe? Mas depois da morte do papai, ele continuou tão alegre e ingênuo. Não era a reação que eu esperava. Eu achei que ele fosse se fechar e rebelar-se. E quando Charlie surgiu, eu notei que ele estava tão bem com aquilo que pensava "esse moleque não sabe de nada". Mas no fundo, quem não sabia era eu. Parece que Seth herdou toda a sabedoria do papai e da mamãe. — Leah sorriu com orgulho.
— Vocês lidam com as perdas e traumas de forma diferentes. Não é que um saiba mais do que o outro... Mas por quê eu acho que não é exatamente da morte de seus pais que você está falando?
— Em breves momentos que compartilhamos os pensamentos, eu vi que Seth passou por algumas coisas desconhecidas por mim, enquanto estive fora. Mas ele não quer se abrir comigo. Por algum motivo, descobri agora que ele se sente mais à vontade com você para isso.

Leah manteve uma decepção no rosto, mas uma compreensão na voz. E , nada entendia.

— Espero que você possa ajudá-lo mais do que eu.
— Do que você está falando? O que aconteceu?
— Seth está lá fora agora, quando você descobrir o que aconteceu ao passado que ele esconde de mim, se puder me conte.

Leah saiu do quarto e a seguiu. Assim que passou pela porta de entrada dos Clearwater, viu Seth sentado no tronco grande de carvalho a caminho da trilha de La Push. Ela se aproximou calmamente, enquanto o garoto segurava uma expressão séria e reflexiva. Ao notar a presença da amiga, ele sorriu de canto sem encará-la.

— Parece que este é o carvalho das reflexões — disse e sentou ao seu lado.
— E o que você veio refletir?
— Eu nada... O que você disse me ajudou bastante. Eu vim te dizer que se precisar, pode contar comigo.

Ele se virou para ela, sorrindo.

— Assim como você teve as palavras certas, talvez eu também possa ter. E se não as tiver, meu colo é bastante confortável. — declarou, paciente.
— Não há nada que deva se preocupar, Lu. Eu estou bem.

o abraçou e voltou a encarar a praia. Seth ainda mantinha seu olhar sobre a .

... Desculpe pelo que insinuei lá no quarto. — Seth pediu, sem jeito, se referindo à suposta história de ter se interessado por ela. — Não é como se eu estivesse dando em cima de você, ou algo do tipo. Desculpe se foi o que pareceu, quero que saiba que te respeito e sei que sou um moleque que...
— Seth. — o interrompeu: — Não tem que pedir desculpas, por nada. Gostei da sua sinceridade, e entendi o que você quis dizer. Não me senti desrespeitada. Surpresa, talvez. E você não é um moleque... Nem de longe se parece com um. Eu vejo um homem, e você realmente o é.
— Obrigado, ! — ele sorriu beijando a mão dela, novamente.
— Bem, eu vou subir. Posso não estar no trabalho, mas há trabalho a ser feito. — se levantou beijando o topo de sua cabeça —Não esquece, posso conversar sobre qualquer coisa. E o fato de não ser uma loba ajuda, às vezes.

Ele sorriu compreensivo. Enquanto subia em direção à cabana Seth a gritou, desta vez mais animado:
— Ei ! Se algum dia precisar de ajuda com o trabalho, é só me avisar. Eu aprendo rápido.

Ela acenou concordando e sorrindo com a mesma animação que a dele, e voltou às pesquisas. Ainda havia muito a descobrir sobre as propriedades medicinais de suas algas e faltava pouco para desenvolver seu emplastro caseiro. Se as suas expectativas sobre aquilo estivessem corretas, poderia ajudar muitas pessoas.



Após subir para a cabana, pegou todas as suas coisas e continuou com a pesquisa durante o dia todo. Parou apenas para almoçar e auxiliar Sue nas arrumações. Por volta das dezoito horas, havia acabado parte de seu trabalho e estavam prontos os seus primeiros protótipos do emplastro. Ela já estava utilizando aquela pomada caseira há algum tempo, e observando as reações que poderiam ter. Não houve nenhuma reação adversa consigo, e então planejou testar com os meninos. Afinal, eles tinham uma genética totalmente diferente. Sem excluir a hipótese de aplicá-la a um grupo experimental, redigiu o Termo de Consentimento, e os documentos necessários a serem encaminhados dentro dos protocolos de saúde. Enviou os documentos aos irmãos Julian, e ambos que apoiavam sua pesquisa iriam proceder com o passo a passo da fase de testes. Logicamente, já havia dado um jeito de manter a patente original sobre sua guarda.
Jacob entrou em seu quarto enrolado em uma toalha. Estava molhado, com os cabelos escorrendo por seu pescoço e o amaldiçoava mentalmente. Fingindo não ter reações sobre aquela tentação, ela o olhou rapidamente de lado, voltando sua atenção para a mesa. Ele foi andando calmamente até ela, e secando seus cabelos. De pé à frente da escrivaninha, organizava os papéis na pasta, e reunia os pequenos potes transparentes com as amostras de pomada dentro. Jacob estranhando aquela situação parou ao seu lado. E embora seu cheiro perfumado a fizesse desejar pular em seu colo, manteve seu olhar no que estava fazendo.

— Você passou o dia todo nisso. Tem certeza de que não precisa de alguma ajuda?
— Eu já acabei Black, mas obrigada. — Olhou para ele sorrindo e voltando à mesa.

Era verdade que não havia mais nenhum papel para organizar, mas em busca de fugir da situação lá estava ela: mais bagunçando a escrivaninha do que arrumando. Black jogou a toalha que tinha em suas mãos em cima da cama, e bagunçou seus cabelos agora secos. E quando Lunas menos esperava, ele a abraçou por trás cheirando o seu pescoço. Era habitual aquilo acontecer antes deles brigarem. E naquele momento, se indagou se, sem que notasse, havia se inserido em um tipo de jogo do Black.

— E o que você estava fazendo com estes potinhos? — Black perguntou com sua voz rouca ao pé do ouvido dela.
— O que você está fazendo Black? — perguntou, séria.

Ele a virou de frente para ele ainda enlaçado à sua cintura. Olhou para a mulher com expressão de dúvida e confusão.

— Nós tínhamos combinado de não forçar as situações. — Esclareceu ela.
— E você tinha dito que eu podia te abraçar quando quisesse.

Embora a olhasse com certa ingenuidade nos olhos, tinha certeza absoluta de que tudo havia sido premeditado. E não sabia se Jacob respeitaria o acordo. Na verdade, desconfiava de que ele encontraria inúmeras concessões no meio de uma cláusula ou outra que a própria impusesse. Ela pegou um dos potinhos em cima da mesa atrás de si, e ele a encarava. Estendeu o remédio a ele, que o pegou, finalmente a soltando.

— É um emplastro caseiro para cicatrizes. Teste. Eu vou entregar os outros aos meninos.

Saiu do quarto pegando seus potinhos e indo até a cabana de Sue e pôde ouvir uma risada fraca de Black assim que deu as costas a ele. Certamente, ele sabia muito bem o que estava fazendo a provocando daquele jeito. Assim que explicou à Sue e Billy sobre o seu remédio, ambos acharam uma boa ideia testar com os garotos da reserva, e iriam distribuí-los entre eles. Em seguida, foi até o quarto de Seth e após três batidas na porta, ouviu sua voz dizendo:

— Entre!

Ele estava enrolado em uma toalha também, e observava o guarda-roupa como se escolhesse o que vestir.

— Ai desculpe! — exclamou ao vê-lo decomposto e daria meia volta, mas Seth riu baixo e chamou:
— Lu! Relaxa, pode entrar. Precisa falar comigo?

retornou, sem graça, e estendendo a ele o remédio que foi apenas uma desculpa, já que na verdade estava ali para saber se estaria tudo bem com ele.

— O que é isso?
— Uma pomada que eu fiz, e estou testando com vocês, use-a quando se machucar. Ela é uma espécie de "super" cicatrizante.
— Ok. Obrigado! Eu não vou morrer não, né?
— É o que estamos tentando descobrir. — Eles riram e Seth guardou o potinho em seu guarda-roupa, enquanto o observava atenta.
— Não consigo escolher uma roupa bonita.
— Hm... Vai sair com alguma garota, bonitão? — A mais velha sorriu zombeteira observando Seth enrubescer.
— É, digamos que sim... — Seth riu apesar de um pouco envergonhado.

achou uma graça o trejeito de irmão mais novo com vergonha da irmã mais velha, ao saber de suas namoradinhas. Sentia verdadeiramente um carinho fraterno pelo garoto. Ela se aproximou do armário e vasculhou entre as peças de roupa penduradas, escolhendo uma camisa e um jeans, ambos escuros, e apontou para os tênis claros que havia no espaço dos sapatos. Seth gostou da sugestão e arrancou sua toalha para vestir-se. Obviamente, virou-se surpreendida cobrindo os olhos e ele ria divertido, a avisando que poderia abrir os olhos, pois, ele estava de cueca. De fato, os quileutes eram menos pudicos com seus corpos, lidando com naturalidade selvagem à nudez. Seth vestiu-se e calçou-se e perguntou, curioso, pelo fato da amiga ainda estar desarrumada:

— Você não deveria estar se arrumando para o seu encontro com Scott?
— Céus! Não! Eu já estava me esquecendo de novo! Quantas horas? — Ela procurava desesperadamente um relógio pelo quarto de Seth.
— Calma. Ainda não deu sete horas. O encontro é às oito, certo?
— Certo.
— Eu apenas estranhei, porque vocês garotas demoram demais escolhendo suas roupas... Imaginei que você já estaria pensando sobre isso, mas pelo visto...
— Pelo visto o que?
— Você não esteve nem um pouquinho preocupada com este compromisso. — Seth sem querer acusá-la, acabou fazendo-o pela forma como a olhava.
— Ei! Primeiro, não tem essa de "garotas demoram a se arrumar e frufru!" — falou apontando a ele seu dedo indicador, tão incisiva na atitude quanto ele no olhar — E depois, não é como se eu desse a mínima, eu só acabei me ocupando o dia todo com trabalho.
— E se esqueceu que tinha que sair com Scott. Você mesma disse! — O mais novo bufou ao dizer aquilo de modo frustrado, até irritado. E percebeu.
— Vamos lá, Seth! Por que você está agindo assim? Até parece que eu tenho dado furo com você, e não com o Scott.
— Eu espero que você não continue com isso, . De verdade. — Seth a olhou decepcionado e abaixou a cabeça.

Foi então que preocupada com ele, mas principalmente com o modo como as atitudes dela pareciam ser julgadas por ele, que a mulher puxou Seth pela mão até sua cama, e se sentou convidando-o a fazer o mesmo. Queria passar a ele a segurança de que não iria ferir os sentimentos do irmão mais velho de seu melhor amigo, e nem mesmo os próprios.

— Olha, eu sei que você desaprova esta situação, mas eu já falei que eu não vou iludir o Scott. E eu sei que tem mais alguma coisa nesta história que está te afetando. O seu desconforto com minhas relações com Jacob ou Scott, na verdade tem a ver com outra coisa não é? Então... Se abre comigo?

Ao terminar de falar aquilo, o viu desviando o olhar, então cuidadosa, puxou o rosto do rapaz para que ele a encarasse.

— É muito difícil você amar alguém e não poder conviver com a pessoa. Mas imagino o quão pior é amar, e poder estar todos os dias lado a lado da pessoa, mas não tê-la verdadeiramente. — Seth iniciou seu desabafo — E é isso o que você faz com Scott. Pode ser involuntariamente, você diz que não quer e não vai magoá-lo, você diz que não abrirá mão da amizade dele apenas por Scott provavelmente não saber lidar com a sua negativa... Mas ele já tem o seu não desde que você chegou e tem lidado com isso. Então , talvez não seja direita a sua escolha, se é melhor vocês se verem com frequência ou não. Talvez o Scott é quem deva saber o que é melhor. O coração partido, afinal, tem sido o dele.

ficou perplexa com todas aquelas palavras. Nem parecia o mesmo garoto dizendo a ela para dar uma chance ao Scott dia antes.

— De repente você tem tanta certeza que eu não devo dar uma chance a ele... O que mudou?
— Não é isso que eu digo. — Seth justificou — Eu achei que deveria dar uma chance a ele, se você realmente fosse capaz de gostar dele. Mas você está apaixonada pelo Jake, embora tente miseravelmente fingir que não, e ele por você. Então, ninguém mais deveria se envolver nisso, que é apenas uma questão de tempo para acontecer.
— Seth... Eu prometo que cada palavra sua está sendo levada em consideração, ok? Eu nunca havia visto por este ângulo, mas estou preocupada. Esta sua reação de defesa pró-Scott... Tem algo a mais acontecendo?
— Tipo o quê?
— Hã... Sei lá... Você... Você reagiu como um lobo em defesa dele.
— O que está querendo insinuar? Pode falar abertamente.
— Você gosta do Scott? — Depois que as palavras foram proferidas, estranhou sua própria pergunta que já não lhe soava tão óbvio como dentro da sua cabeça.
— Você realmente acha que eu sou gay? — Seth sorriu de canto, ainda um pouco alarmado — Então esta é a impressão que eu causo?

Seth não estava bravo, mas surpreso.

— Não, é só que... Você reagiu como se quisesse defender alguém que ama muito.
— E quero. Estou tentando defender você de erros que podem te machucar.
— Eu não entendo como poderia me machucar por me aproximar do Scott...
— Eu que não entendo! — Seth gargalhava prestes a se explicar: — Só pra deixar claro, o Scott não faz o meu estilo. Eu prefiro pessoas com um pouco mais de curvas, e não precisa de muitos seios ou pernas grossas. Não sou tão exigente, só tem que ser mulher, ok?

Os dois começaram a rir, e sentiu-se envergonhada pelo que havia insinuado. Mas, algo não passou despercebido por ela, que logo emendou:

— Entendi... E será que eu posso saber quem foi esta pessoa que você amou e não pôde ter?

Assim que terminou de falar, viu que Seth havia mudado sua expressão. Ele beijou o rosto da amiga e levantando-se em direção à porta do quarto, disse para ela antes de sair:

— Talvez algum dia você possa me desvendar. Por hora, acho que deve correr para se arrumar. — E enviou um beijo no ar, seguido de um sorriso enquanto segurava a maçaneta da porta.

— Posso pelo menos saber o nome da pessoa de curvas, com quem vai se encontrar hoje?
— Ela não é muito de curvas. Uma garota de curvas não olha para mim.
— Você é tão modesto! Acho que só precisa sair um pouco mais da reserva pra encontrar a pessoa certa.
— E você pelo visto teve que entrar, não é? — Seth riu divertido.
— Desculpe, eu não consegui entender o nome, você falou muito baixo. — , comentando com ironia desconversou, tirando o foco do assunto sobre Jacob de novo.
— Lili. Lili Parker.
— Sério? A caçula dos Parker? Acho que você deveria fugir daquela família.
— E acho que você vai se atrasar se continuar na minha cama. Geralmente as meninas que acabam na minha cama, custam a sair mesmo. É normal. Mas sabe... Você pode voltar quando quiser.

O rapaz falou de modo divertido e caminhou até ele risonha, e bateu com as costas da mão, no abdômen do rapaz respondeu:

— Me respeite, garoto! Eu poderia ser sua irmã mais velha.
— Nem é para tanto. Formaríamos um belo casal. — Seth ainda sorria travesso e enquanto fechava a porta, os dois ouviram Leah gritar do outro lado do corredor:
— Ei! Vocês dois aí!

A garota os olhava desconfiada e parou em frente ao irmão de braços cruzados calada, encarou e, Seth ainda sustentava o sorriso travesso. Leah se direcionou mais perto de Seth para farejar o ar na altura de seu pescoço.

— Aonde você vai? Por que está tão cheiroso assim? A mamãe sabe? O que vocês dois estavam fazendo lá dentro?

Assim que terminou de falar, olhou para de maneira inquisidora e antes que o som saísse da boca da , Seth se pronunciou:

— Grosseiro da sua parte pensar isto. — Leah já percebendo que os seus pensamentos estavam sendo compartilhados retornou o olhar ao irmão — E fica feio você se expressar desta forma: "comer". Eu não como mulheres, eu dou carinho a elas.

... Desculpe, eu não... — Leah falava para a amiga, extremamente sem graça e bronqueando o irmão disse: — Seu moleque, não tem que externalizar o que eu penso!
— Constrangedor, não é? — Ele devolveu mencionando uma vingança pelo que ela também havia feito com ele.

E assim que ele se virou para seguir adiante no corredor, Leah tentando não sair por menos bradou:

— Sai mesmo! Vai lá dar "carinho" a quem quer que esteja te esperando.

ficou observando a expressão furiosa da irmã que havia sido exposta, e ao mesmo tempo que estava constrangida com , estava ciumenta por Seth. aguardou a loba recuperar sua calmaria e se pronunciou:

— Você precisa parar de agir como se ele fosse um garotinho. Já pensou que talvez por isso, ele não se abra com você?
— É eu sei... De ontem para hoje pude notar que se tem algo que Seth não é mais, é um garoto.
— Pois é... E fala sério! Você realmente pensou que eu e ele estávamos no quarto dele, fazendo...
— Porquê não pensaria? Depois de ontem no meu quarto, eu não sei se você se lembra, mas eu estive na mente dele!
— Eu tenho idade pra ser a irmã mais velha dele.
— E isso não quer dizer nada.
— Seria como você e ele.
— Que nojo garota. Não chega nem aos pés! Ele é meu irmão, não seu.
— Para mim é como se fosse.
— Mas não é para ele...
— Como assim ? Está dizendo que o Seth pensa nestas coisas comigo? Você viu o quê na cabeça dele, hein? E puxa... Que invasão de privacidade Leah!
— Escuta... Você não tem um encontro?

O modo como Leah se pronunciou deixava claro que ela não manteria aquele assunto e achou mesmo que era melhor nem saber o que quer que fosse, que a irmã do Clearwater tinha em mente. E claro, aquilo a pegou de surpresa! Entre todos os rapazes da reserva, Seth aos olhos dela era só um garoto, não imaginou que ele teria algum tipo de atração por ela.

— Já estou indo.

•--•--♦--•--•
19:55 da noite.


Billy, Sue, Charlie, Emy, Sam, Leah e Embry estavam na varanda da casa dos Black. E o vozerio ecoava junto às risadas. acabara de calçar seus saltos quando a porta do quarto entreabriu revelando um rosto preocupado: Jacob Black.

— Aconteceu alguma coisa? — perguntou ao notá-lo com sua expressão mesclada entre preocupação e surpresa.

Deparou-se com o olhar frenético e firme de Jacob sobre si, até que ele sorriu de lado como se acordasse de algum devaneio.

— Minha Mani vai sair com um menininho. Nem posso acreditar que este dia chegou. — zombou, mas sem rir.
— O que? Estou tão infantil assim? — falou correndo ao espelho e um pouco preocupada — É este penteado! Eu sabia, vou soltar o cabelo.
— Não precisa ficar insegura, você está linda. E não tem nada de... — Black emudeceu-se um momento quando ela sacudiu os cabelos, soltando-os e se virando para ele, continuando após um breve silêncio: — infantil.
— Em todo caso, vamos manter as madeixas livres. Cabelo solto não tem erro! — sorriu.
— Parece animada com o encontro... Você pretende dormir em casa?
— Eu pretendo.
— Droga...
— O quê? Você quer o quarto livre pra você hoje? Porque eu posso...
— Não! Não é isso! Pode ficar com ele todinho... O meu quarto, no caso! Eu vou estar na cama te esperando. Esperando você chegar, eu quis dizer.

sorriu enviesado, de um jeito divertido encarando um Black atrapalhado com as palavras, e porque não dizer, transbordando ciúme.

— Tudo bem Black, não me espere acordado. — Ela avisou e depositou um beijo em seu rosto, seguindo em direção à porta logo depois.

Enquanto ela saía pelo corredor, Jacob que vinha logo atrás parou um pouco antes na saída do quarto e murmurou de um modo que só ele escutou:

— Merda, merda! Idiota!

Em seguida foi atrás de . Os dois chegaram juntos à varanda e todos olharam para ela. Os meninos com tom provocadores faziam piadinhas e assim que o carro de Scott surgiu à frente da casa de Billy, uma redoma foi formada nos degraus abaixo da cabana. Sam, Embry, Paul, Quil, e Jacob respectivamente, nesta ordem desceram os degraus e formaram uma fileira à frente de . Scott desceu do carro e aproximou-se tranquilo, nem um pouco ameaçado com os quileutes em torno da amiga. Ele olhava para , sorrindo radiante como em todas as vezes que eles se viam. Leah sentada na cerca da varanda falou um pouco mais alto, em direção à amiga:

— Nossa, ele está mesmo um gato!

As mulheres na varanda riam e não pôde deixar de rir também. Afinal, quem mais imprópria que a Leah para externalizar um momento como aqueles? não pôde deixar de se sentir especial quando Charlie parou ao seu lado com os braços cruzados, olhou-a de canto sorrindo e voltou sua expressão séria para Scott. O convidado cumprimentou todos os rapazes, que foram corteses embora intimidadores, e pousando os olhos em Jacob apertou sua mão. ficou atenta naquela interação. Jacob apenas acenou com a cabeça enquanto com um aperto de mão, devolvia o cumprimento. Parando um degrau à frente dela, Scott deu boa noite a todos e logo, pousou seu olhar aflito sobre Charlie.

— Delegado Swan...
— Apenas Charlie, Carter. — ele assentiu sorrindo para o rapaz: — Onde pretende levar minha filha?

Aquela pergunta espantou a maioria dos meninos, mas não espantou Jacob, Billy, Sue e muito menos . Se algo a confortava imensamente era a paternidade adotiva que Charlie correspondia a ela. sentia falta do que era ter uma família, e se não fosse calejada com aquilo, provavelmente teria chorado com a atitude do mais velho. Tivera vontade de abraçá-lo, porém, contendo-se não o fez.

— Silverdale.
— Você não pretende beber e dirigir, não é?
— Não mesmo, senhor delegado. — Scott continha um sorriso tranquilo e cúmplice ao dela.
— Charlie... Acho que eles não são mais adolescentes. — A voz de Sue ecoou doce ao ouvido de Charlie.
— É Charlie! Daqui a pouco você vai dizer que horas o mocinho deve trazer a sua filhinha para casa! — Leah zombava, arrancando risadas de todo mundo e despertando o delegado Swan daquele transe.
— Não se preocupe, Charlie, vamos ficar bem. — disse sorridente e amável para o senhor Swan.
— Em todo caso... — Charlie sorriu para Scott e para ela, e voltando a ficar sério respondeu: — Eu ficaria tranquilo se ela voltasse ainda esta noite.

Tanto quanto Scott abaixaram a cabeça sorrindo e Sue cutucou o delegado. Os demais, já haviam se entretido após o comentário humorado de Leah, de volta aos seus lugares. Scott e ela seguiram para o carro, acenando e se despedindo de todos. Emy gritou um "divirtam-se" para eles e ao passarem por Black, os dois sorriram em cumprimento. Jacob apenas sorriu de volta, sem tirar os olhos de . Da janela do carro a “sua” Mani observou quando Black entrou de volta à cabana sem pronunciar nada a ninguém.

— Parece que a senhorita encontrou uma porção de irmãos para defendê-la. — Scott dizia sorrindo antes mesmo do carro sair pelo portão da reserva.
— Sim! Enfim encontrei uma família.
— Meu pai tinha razão afinal.
— As premonições de seu pai, ainda não devem ser concluídas.
— Mas, estão caminhando para isso. — Scott afirmou e eles sorriram.
— Silverdale, então? — perguntou puxando assunto.
— Espero que goste de dançar...
— Muito! — Ela respondeu animada observando Scott rir.
— Country?

então o olhou em dúvida, Scott dava risadas animadas enquanto vigiava a reação dela.

— Bem, eu não sou lá uma "expert". Mas eu aprendo rápido.
— Você vai gostar! Temos a noite toda para eu te ensinar... A menos que...
— Não se preocupe com Charlie, ele estava apenas brincando! — sorriu prevendo o que Scott diria.
— Não é bem com o Charlie que eu me preocupo.
— Os meninos não irão atrás de nós! — Ela disse e Scott a observou desconfiado, então reforçou: — Nenhum deles!
— Bem, então hoje é o dia que você sairá de Silverdale dançando country!
— Hoje eu sou toda sua. Me ensine.

Embora animada e ingênua com a resposta, Scott observou a mulher com certa malícia, que logo se desfez em seu cavalheirismo iminente. Seja lá o que tinha se passado em sua mente, ele já havia afastado. E para , a expressão dele serviu como um alerta para pensar um pouco mais antes de falar, pois como havia prometido ao Seth, não iludiria o Scott.

— Você está linda. Não que isto seja difícil para você.
— Obrigada, mas você poderia ter dito que eu iria dançar country hoje, teria vindo à caráter!
— Então, agradeçamos por eu não ter dito nada! — Ele sorriu ligando o aparelho de som do carro, e uma música qualquer embalava o diálogo.
— Acredita que Seth saiu para um encontrinho com a Lili Parker?
— Não!? — Ele olhou surpreso para a : — Ele não sabe onde está se metendo!
— É eu avisei a ele, mas ele não quis me ouvir. Meninos...
— "Encontrinho", "meninos"... Por que se refere ao Seth como se ele fosse um pré-adolescente? Ele não é tão mais novo do que nós.
— Tem razão... Acho que eu peguei esta mania da irmã dele.
— Leah sempre verá o irmão como um moleque de 15 anos.
— Verdade, mas Seth é mais maduro do que ela pensa.
— Ele passou por muita coisa afinal! — Scott comentou como se soubesse de algo que os outros, incluindo a própria família de Seth não soubessem.
— Claro! Eu falava disto com Leah... — tentou pescar algo com aquela conversa através de Scott — As pessoas agem diferente diante das perdas.
— E Seth amadureceu muito com as duas perdas na mesma época, não é? — Scott ao observar o cenho de , desentendido com aquele comentário, notou que talvez ela não estivesse falando da mesma coisa que ele e, portanto desconversou: — Mas Lili Parker? Ele não está em seu juízo! Eu vou perguntar ao Peter que tipo de amigo ele é para não avisar ao Seth do problema que é se meter com aquela família de mulheres obsessivas!

Os dois sorriram um para o outro dentro do carro, e percebeu que Scott realmente sabia de alguma coisa.

— Acho que já que você não quer entrar na família, e o sonho de Peter é conquistar Daniela, ele está tentando arrastar o melhor amigo para a mesma aventura.
— Precisamos salvar estes garotos!

O resto da viagem correu tranquila, e ao chegarem no restaurante onde Scott havia feito as reservas, não demoraram muito para jantar, embora estivessem agradáveis com o clima, a comida e a presença um do outro. Logo, eles se apressaram para seguir à danceteria que Scott havia prometido levá-la. Noite do Country. Assim que adentraram, uma banda típica do local estava no palco não tão pequeno. Pessoas gargalhavam, um flashmob country ocorria no centro do salão, os mais tímidos aplaudiam. Os grupos de amigos bebiam, alguns pelos balcões, outros pelas pequenas mesas que circundavam os cantos do estabelecimento. E Scott puxou pela mão sorrindo animado.

— Vamos para alguma das mesas, e eu pego algumas bebidas pra nós no balcão.

Ela concordou e eles rondavam em busca de alguma mesa. Assim que encontraram uma vazia, Scott perguntou o que ela queria beber e antes de sair um homem alto e forte apareceu ao lado dele, chamando pela amiga:

!
— Seth? Como assim? — Eles riram da coincidência e o joevem Clearwater abraçou Scott cumprimentando-o.
— Por que não disse que viriam para cá?
— Eu não sabia. Scott fez uma surpresa.
— Está tudo bem Seth? — Scott perguntou ao notar que Seth estava extremamente feliz em vê-los.
— Bem, agora que vocês chegaram vai melhorar. — Seth olhando para , completou: — Eu devia ter te escutado e ficado em casa! Aquela Lili é completamente insana.

Scott e riram.

— Nós vamos te salvar garoto. Senta aí.

Scott disse e foi buscar as bebidas. Seth disse que não bebia, então Scott não precisava se incomodar. Sentando-se ao lado de e a abraçando como se ela fosse sua salvação, Seth olhava em direção ao banheiro feminino impaciente. observava as danças pelo salão e assim que Scott chegou, eles começaram a desvendar qual tipo de furada Seth havia se metido. O mais novo explicava:

— Ela é insana! Ela acha que somos namorados, e é a primeira vez que saio com ela! Ela não para de falar um minuto, e pelo amor de Deus... Ela não fala nada de útil!

Scott e só conseguiam rir enquanto conversavam com Seth.

— E aonde ela está?
— Na fila para o banheiro, há uns 10 minutos. Bendita fila!
— As mulheres da família Parker são ótimas para serem suas amigas, até o ponto em que não cismam com você. Sempre chega um momento em que elas forçam uma situação. E se você não se cuidar, acaba sendo engolido pelos compromissos fantasiosos delas! — Scott explicou.
— Scott, eu mato seu irmão!
— Viu só? Eu sabia que o Peter tinha empurrado o Seth pra esta aventura, Scott!
— Ei Seth, pode ficar conosco aqui o tempo que quiser. — O Carter mencionou.
— De forma alguma, eu não vou atrapalhar mais o encontro de vocês!
— Ei Seth, não tem problema! Scott e eu estamos ainda mais animados por ter encontrado você.
— É, a é ótima com as Parker. Tem algo na comunicação delas, que é muito... Íntimo. — Scott zombou rindo da amiga, enquanto ela sorria fazendo uma careta vencedora.
— Olha Seth, tem várias garotas por aqui, e você facilmente encontra alguém. Claro que você não vai ser cafajeste de largar a Parker, que você mesmo inventou de trazer, mas conversa com ela que o interesse não é mútuo. Talvez ela não seja como as irmãs.

Scott olhou para incrédulo com a sugestão que ela deu.

— Ok. Talvez ela não seja tão superficial como as irmãs. — O Carter raciocinou concordando.
— Pode ser, mas eu vou dar uma volta pra aproveitar que já vão completar 20 minutos que ela está na fila do banheiro. — Seth sorriu bem mais animado.

Scott e acenaram e em seguida, brindaram.

— O que você está bebendo?
— É só um suco. Relaxe... Eu não me atreveria a desobedecer uma ordem do delegado Swan. — Ele riu.
— Eu vou te acompanhar, no próximo. Não gosto de beber sozinha.
— Tem certeza? Eu posso cuidar de você, se por acaso você não conseguir andar em linha reta até o fim da noite.
— Você já fez isso uma vez!
— Não necessariamente! Você apenas pegou no sono!
— É, mas hoje eu prometo que não vou dormir! E aí, quando começa a minha aula de dança?
— Agora!

Scott depositou os copos na mesa e pegando as mãos dela, ele a guiou até o centro do salão onde ocorria "a grande dança". De longe, observou Seth dançando com outras meninas e logo Lili Parker o encontrou, ela se aproximou timidamente. Seth é um cavalheiro exímio e continuou a dançar com sua acompanhante, fazendo com que ela sorrisse abertamente. Talvez a caçula dos Parker não fosse uma caça-dotes como as irmãs, mas sim estivesse encantada por Seth.
Entre danças e danças, risadas e mais risadas, a noite correu muito divertida e alegre. Seth e Lili se juntaram aos outros dois, algumas vezes na mesa e descobriu que a garota era realmente mais tragável do que as irmãs. Embora, ainda assim, perdurava a marca registrada dos Parker: "o egocentrismo". Nada que não houvesse salvação para ela. Após a chegada de e Scott, indubitavelmente, Seth ficou mais relaxado então de certa forma a noite estava sendo boa para ele também.
Na saída, observou que Seth havia pego o carro de Jacob emprestado. Ela disse a ele um "até logo", o garoto deu de ombros ainda em dúvida se eles se veriam logo ou não. Talvez Seth não voltasse para casa aquela noite. não poderia afirmar se mesmo após a sua chegada, as impressões dele sobre a jovem continuavam as mesmas. Scott e ela voltaram de Silverdale para Forks muito mais animados do que antes. Conversaram sobre como ela se saiu bem dançando country, apesar de estar desengonçada devido ao seu vestido e saltos. Eles prometeram um ao outro que repetiriam a dose, porém da próxima vez, vestidos à caráter. E quando finalmente chegaram à estrada de Forks, Scott pronunciou-se a respeito do encontro.

— Foi uma noite incrível.
— Foi mesmo. Obrigada pela segunda chance. Sei que eu andei vacilando muito contigo, mas acho que posso afirmar que foi uma das noites mais divertidas que tivemos.
— Já notou que toda vez que saímos é sempre divertido, ? Por isso que eu adoro quando você finalmente, encontra um tempinho para nós.
— Prometo ser uma amiga mais atenciosa. — Ela falou sorrindo e os dois olharam-se, amenos, mas não pôde evitar ser sincera: — Sabe Scott, eu tenho muito medo de te magoar. De te iludir. Eu sei dos seus sentimentos, mas lamento não poder correspondê-los como você merece.
— Eu sei de tudo isso, . E não fique com medo, eu não vou te pedir em casamento ou algo do tipo. Eu só quero estar com você e ficar o máximo que puder ao seu lado, porque é como eu disse, nós nos divertimos muito.
— Eu queria tanto poder corresponder seus sentimentos, de verdade. — suspirou pousando sua mão sobre a coxa direita de Scott, ele a olhou um pouco espantado. — Mas, acho que expectativas não devem ser criadas de nenhum dos lados.
— Concordo. Eu só quero deixar as coisas irem acontecendo. E no momento se a sua amizade é a minha melhor oferta, eu a agarrarei.
— Pra ser sincera, você tem alguns méritos. Aquele beijo... Eu não o esqueci.

deixou escapar e logo em seguida, arregalou os olhos espantada. Pensou “mas o que eu estava fazendo?!”. Não podia negar que Scott tinha sua parcela de atração, no entanto, que sujeirada ela armaria se o fizesse crer naquilo para depois negá-lo. Estavam na entrada da reserva e ela nem notou que o carro já havia parado. Scott e ela se olharam tímidos, sem imaginar qual o passo dar a seguir. Ele se aproximou de , prestes a beijar seu rosto em despedida, mas imediatamente, olhou para a cabana dos Black e se recordou do dia em que viu Jacob e Bruh se beijando. De ímpeto, ela segurou a nuca de Scott aproximando os rostos e mordeu levemente, seu lábio inferior. Scott segurou os cabelos dela os puxando para trás com calma, e os dois encostaram seus lábios novamente, mas quando decidiu avançar impetuosa para Scott, ele segurou firme os braços da mulher a impedindo:

— Eu adoraria! E quero muito, mas eu acho melhor, nós esperarmos outras saídas, para ter certeza se devemos...
— Você tem razão... — respondeu despertando do transe que aquelas lembranças haviam trazido.

Scott estava totalmente certo. não sabia se estava agindo por vingança, ou se ao lembrar de Jacob com Bruh ela imaginava que Scott era o próprio Black. De qualquer modo, Scott ou Black, as reações foram as mesmas: ambos haviam negado seu beijo. Ela não culparia Scott por aquilo, ele estava protegendo seus sentimentos. Aliás, ela faria o mesmo se estivesse no lugar dele. Será que faria? Talvez não fizesse. Se Jacob se aproximasse daquele jeito, ela o teria beijado, mesmo sabendo que ele não a amava. Mesmo sabendo que no final da noite, o frio da sua cama continuaria esperando por ela.
Os dois se afastaram naquela atmosfera de quem não deveria agir por impulso, e se despediram com um abraço. desceu do carro, e não avistou o automóvel de Black na porta de Sue. Talvez Seth não houvesse voltado. Scott saiu da reserva, e adentrou à cabana pé por pé, sem fazer barulho para não acordar os moradores. Tudo estava apagado e ela não quis acender a luz, afinal, Black dormia na sala e poderia acordá-lo. Entrou no quarto, fechou a porta, acendeu as luzes e ao se virar, lá estava Black.
Sem camisa e deitado na cama, abraçado à camisola dela, o que pegou de surpresa. Ela achou a cena um tanto quanto fofa e sorriu sem perceber. Ele dormia pesado, então pegou suas coisas pronta a tomar um banho rápido e se preparar para dormir, saiu do quarto o deixando ali, com todo cuidado em não acordá-lo ainda. Quando retornou, ficou em pé perto da cama, observando a figura de um homenzarrão, todo encolhido abraçado numa peça de roupa com o cheiro dela. Ela sabia que as ações seguintes poderiam gerar uma extrema dor de cabeça, contudo, ela não conseguia negar a oportunidade. Sair com Scott e não se beijarem no final, foi um soar divino de que não era a coisa certa apagar um amor com outro, ou com uma tentativa frustrada, com outra prestes a ser também frustrada.
Algo no universo havia evitado que ela se afundasse ainda mais nos seus devaneios. Então, afastou o edredom e se deitou ao lado de Jacob. Aninhou-se em seu pescoço, e enquanto esperava o sono chegar, se enebriando com seu cheiro, ela repensava em tudo que Seth, Leah e Billy disseram sobre Black e seus sentimentos a respeito dela. recordou-se de toda a conversa com Seth, e de fato, era melhor evitar corações feridos. Scott foi maduro com a hipótese de continuarem se vendo, mesmo sem qualquer relação. No entanto, a sua mágoa sobre Jacob tê-la evitado durante tanto tempo, continuava. Ela não sabia se era correto se entregar ao desejo, independente do que ocorrera anteriormente. Não seria nada bacana que Black acordasse e a encontrasse em seus braços, pois estaria claro que, ela poderia investir em quem quer que fosse, mas seria nos braços dele que ela desejaria estar. E o orgulho de a impedia de permiti-lo tal descoberta. Ao mesmo tempo, era ali que a mulher queria estar e não se importava naquele momento, com o que aconteceria no dia seguinte. Desde que ela acordasse antes de Black, tudo poderia ficar bem.



mal pôde acreditar quando abriu seus olhos e deu de cara com Jacob, que ainda dormia. Estava tudo resolvido: ela levantaria, tomaria um banho e faria o café antes que ele acordasse e quando perguntassem, ela diria que o sofá era um pouco desconfortável. Seria o plano perfeito se, por acaso, não tivesse ela se esquecido de que Billy era praticamente a coruja da madrugada. Ao sair pelo quarto, a mulher sentiu ainda no corredor o cheiro do café.
“Droga Billy! Por que você não dorme?” pensou e irritada retornou ao quarto para pegar seu roupão. Após cobrir-se e sair com todo cuidado para manter os olhos de Jacob bem fechados e seus sentidos adormecidos, bufou pelo corredor em direção ao banheiro. E enquanto escovava os dentes, ela praguejava mentalmente contra Billy Black: “Mas que droga, fica de guarda a noite toda?”, “Ele já tem idade, era para ser mais sonolento!”, “Aposto que Charlie está dormindo, afinal de contas, ele tem a Sue!”, “É isto: Billy precisa de uma mulher pra mantê-lo exausto!”.

secou o rosto, jogou seus cabelos que eram mais bonitos ao acordar do que quando os penteava, para trás, e de repente começou a rir sozinha no banheiro. Afinal de contas, que pensamentos eram aqueles contra Billy? Quando foi que ela havia se tornado uma adolescente de novo? Parecia até que seu pai havia proibido-lhe de dormir com seu namorado. Enquanto ela abria a porta e saía sorrindo, se recordou de que em todo modo, Billy teria notado que nem ela e nem Black, dormiram na sala. O que ela deveria fazer então? — Bom dia Billy. — disse assim que adentrou a cozinha. — Tudo bem se eu fizer um bolo?
— Bom dia . Não está muito cedo para você acordar? — Ele respondeu, a mulher desconfiou do que ele estaria querendo insinuar com aquilo. — Afinal, você deve ter chegado tarde ontem. Como foi a sua noite?
— Ah foi muito divertida Billy, aprendi a dançar country! Acredita que Scott e eu encontramos Seth e Lili em Silverdale? Nossa nos divertimos muito.
— Uow! Alguém ficou realmente empolgada. — Ele ria divertido e até mesmo ela, não entendia aquele tagarelar matutino do senhor Black — Eu nem sabia que Seth estava saindo com uma garota.
— Na verdade, ontem foi o primeiro encontro deles, e não tenho certeza se repetirá.
— Por quê? O que houve?
— A princípio ele não se deu muito bem com a Parker. — respondeu e riu.
— Bem, isso deve ter mudado, afinal Sue está com os nervos exaltados porque ele não voltou para casa e nem avisou que não dormiria. — Billy gargalhava com a travessura de Seth — Ela não entende que o filho dela já não é mais um menino! Imagine, como se ele fosse ligar...
— Eu fico feliz por ele ter se divertido então. Eu posso conversar com Sue sobre isso depois... Acha que ela ficará chateada comigo Billy?
— De forma alguma! É apenas ciúme de mãe. Ela é mente aberta, afinal, foi ela quem fez o Charlie se tocar ontem, não é?

Enquanto já misturava os ingredientes do bolo, os dois morriam de rir lembrando as reações de Charlie. Na verdade, ela estava rindo muito mais por contágio da alegria de Billy aquela manhã. Ele não era muito de brincar, mas estava mais animado que o habitual. No meio dos risos, a garota se recordou de algo que talvez Billy pudesse esclarecer.

— Ei Billy... Ontem Scott me disse algo que eu não entendi muito bem. Ao falarmos sobre a maturidade de Seth, ele disse que "Seth havia passado por duas perdas ao mesmo tempo, e que embora difícil, aquilo ajudou ele a amadurecer". Você sabe do que ele estava falando?
— Não . Não faço ideia! A única perda significativa para ele foi o pai. E agora você também me deixou curioso.
— Fica entre nós Billy... Leah e eu temos achado Seth um pouco introspectivo, e eu tenho tentado conversar com ele. Nós duas achamos que seja lá o que for, ele pode acabar me contando. Então poderíamos deixar isso entre nós?
— Claro, saiba que se precisar pode contar comigo com isso. Se nosso Seth precisa de cuidados, faremos o que for preciso.
— Obrigada.
— Quer deixar entre nós também, você e Jacob terem dormido juntos de novo?

Na hora em que bebia seu café, pois já havia batido a massa de bolo que naquele momento Billy colocava ao forno, a mulher engasgou diante àquela pergunta.

— Você sabe que sou discreto, mas não posso deixar de perguntar: o que aconteceu?
— Ah isso... Droga Billy! — exclamou correndo até a porta da cozinha para se certificar de que Black não estaria ouvindo, e o pai dele apenas sorria — Não aconteceu nada! Estava cansada demais para deitar no sofá. Ele é quem não deveria ter dormido no quarto.
— Como foi com Scott?
— Bem... Eu não posso iludir ele, nós gostamos de sair e somos bons amigos. Vocês todos que criaram expectativas sobre ontem.
— Eu criei mesmo, mas só quando fui ao quarto de Jacob ontem o chamar e o peguei dormindo aninhado à sua camisola, e ao acordar hoje pela manhã e não ver nenhum dos dois no sofá que voltei a sentir esperança.
— Com todo respeito Billy, você precisa de uma namorada! — Ele se espantou com a colocação de , que logo foi se justificando: — Não quero ser uma abusada, mas se você tivesse uma namorada não ficaria “de guarda” a noite toda e eu teria conseguido acordar antes dos dois.

Billy gargalhou com as ideias dela e enquanto estava emburrada, o ancião guiou sua cadeira até ela. Estava sentada à mesa e ele pegou na mão da jovem sobre a mesa, e acariciando-a parou de rir, transformando o riso em um sorriso paterno:

— Os cães devem ficar de guarda. Desculpe este lobo velho que quase não tem mais sono. Eu não queria deixar você sem saída. Eu juro!
— Pois é, mas meus planos foram por água abaixo. Planejei acordar antes de todos e fingir que dormi no sofá!
— Jacob a ama, . — O velho Black a encarou tenro, mas ao mesmo tempo, firme — Depois que você saiu, ele entrou e foi para o quarto. E não saiu mais de lá. Quando fui vê-lo, havia dormido e tive pena de acordá-lo. Afinal, eu nem sabia se você voltaria para casa. Achei melhor deixá-lo lá. E você? Quer falar sobre o que aconteceu quando chegou?
— Bem... Quando o vi dormindo com minha roupa... Eu não sei explicar, mas me senti culpada. E ao mesmo tempo feliz. Eu queria estar com ele, no entanto, senti que não devia. Foi aí que decidi deitar lá e ficar abraçada a ele, e no dia seguinte se tudo desse certo mencionou com certa ênfase — Eu acordaria como se nada tivesse acontecido.
— Entendo... Mas não acha cruel fazer isso? Você mata a sua vontade de estar com ele porém, ele acorda com a triste lembrança de uma peça de roupa nos braços?
— Desde quando você é poético, senhor Black?
— Estou gostando da nossa relação! — Billy confessou risonho com mais uma ironia da mulher — Mas é sério . Você o ama, não tem motivos para não viverem isto.
— Pode ser um pouco cruel, mas... E o que ele fez comigo? Não estou falando da Ateara, estou falando de todas as outras vezes que ele não soube apenas dizer o que sentia, fazendo eu me sentir uma completa idiota que achava que conseguiria quebrar as barreiras no coração dele.
— Sabe, eu não tenho o direito de te contar sobre o passado dele, e é por isso que vou deixar que ele conte quando achar que deve. Apenas pare de remoer os erros entre vocês dois. Isso não está ajudando nem você e nem ele. Acabam se afastando quando sentem falta um do outro, e sabem que juntos são muito mais felizes.
— Você tem razão, mas... Ele teve o tempo dele, e eu tenho o meu.
— Devo ficar quieto sobre tudo então?
— Eu mesma contarei a ele que dividimos a cama esta noite. — sorriu revirando os olhos, de um jeito teimoso, e perguntou tímida: — Posso te dar um abraço Senhor Black?

Billy assentiu e após receber um abraço do lobo velho, atentou-se ao forno, pois o bolo estava pronto. Jacob havia acordado e entrou na cozinha com uma expressão de mau humor, como há muito tempo Billy e ela não viam, mas ao colocar os olhos em vestida de roupão com o tabuleiro nas mãos, ele sorriu abertamente dizendo:

— Como assim?
— É eu também não acredito, Billy podia me dar este forno quando eu me mudar! Eu nunca vi um bolo assar tão rápido. — comentou arrancando um sorrinho sarcástico do mais velho.
— Não, eu estou dizendo que... Achei que você não dormiria em casa! — Jacob respondeu beijando a testa dela após se aproximar um pouco eufórico e confuso por não ter certeza se ela havia ou não dormido em casa.
— Eu vou ver se o Seth já chegou, e acalmar a Sue para tomar um café conosco. Pela hora Charlie já foi trabalhar. — Billy piscou para e saiu balançando a cabeça. Jacob estava ainda mais confuso.
— Vai, senta aí para tomar café. — ordenou sorrindo para Black.
— Você... Olha, eu não...
— Black... — ela o interrompeu — Do que você está falando? Eu dormi com você.

Black estava mais confuso ainda.

— Você não percebeu que dormi ao seu lado? — Ela perguntou.
— Eu não tenho certeza...
— Não foi um sonho Jacob. Eu cheguei tarde ontem e você dormia na cama abraçado com minha camisola, e eu estava cansada demais para dormir no sofá. Apenas deitei ao seu lado. Só não imaginei que minha presença fosse tão despercebível.
— Não é isso... — Não pretendendo se explicar, Jacob apenas sorriu e afagou os cabelos dela.

Eles tomaram o café da manhã, com contando para Jake as partes divertidas da noite. Ela não contou nada sobre Scott e ela, e o que havia ocorrido. Beijando-o ou não, decidiu que não havia porquê dar explicações ao Jacob sobre aquilo, não naquele momento. Quando Sue chegou, as duas se abraçaram e novamente a mulher contou sobre a noite para os presentes, inclusive comentou sobre Seth estar em um encontro. Sue ficou visivelmente incomodada enquanto Billy e Black riam do garoto.
Depois que havia se arrumado para o trabalho e quando saía pela porta da cabana, encontrou Seth descendo do carro, indo em direção à casa dos Black. Ela bateu em sua mão quando pararam de frente um para o outro na varanda.

— Então você não dormiu em casa... “A Parker é um chata, a Parker isso, a Parker aquilo”. zombou dele fazendo voz de criancinha.
— Ei! Ela continua não sendo o meu tipo, ok?
— Ah cachorro! Agora você diz isso né?

Seth beijando as mãos da amiga mais velha e olhando para ela, com cara de súplica explicou:

— Eu não dormi com a Parker, tudo bem?
— O quê? Seth, você tem muito a me contar!
— Mais tarde, agora estou com fome, e com sono! Você tem que trabalhar né?
— Sim, eu tenho! E tô pensando seriamente em te empregar sabia? — zombou de novo, mas havia um tom de verdade na sua fala.
— Ok. — Ele beijou-a na testa — Bom trabalho, até mais tarde. ‘Tô em fuga pra casa de Jake, porque quero evitar minha mãe. Tem café aqui?
— Tem bolo que eu acabei de preparar, café, frutas, queijo, leite... E tem também uma outra coisinha...
— Ok, ok! — Seth disse se virando e a ignorando.
— Bom café da manhã explicando-se para sua mãe.

Imediatamente ele voltou até , a segurando pelo braço e a guiando até o carro dela, como se realmente ele fosse um fugitivo.

— Não brinca!?
— E aí, vai encarar ela na sua casa ou na casa dos Black?
— Se eu for pra casa, posso tomar café por lá e dizer que estava o tempo todo no meu quarto.
— Eu acho que ela procurou pelo filho dela no quarto dele, né?
— Tem razão. Vou dizer que saí com o Quil, e acabei dormindo lá.
— Seth... Sem mentiras, ok? — A amiga aconselhou revirando os olhos sem entender o que Sue poderia fazê-lo de tão ruim. Tudo bem que ela era muito ciumenta, mas aquilo era exagero. — Até porque, eu contei para eles que ontem nos encontramos.

Assim que terminou de falar, Seth respirou fundo e enfim entrou na cabana dos Black. entrou em seu carro e seguiu para o trabalho na cidade.
Na hora do almoço ela passou no mercado dos Carter para fazer umas compras, almoçou, voltou ao trabalho na farmácia e após as 15 horas, deixou Stuart trabalhando e finalizou suas tarefas de gerência do dia.
Seguiu para a reserva e antes de prosseguir, parou em sua minha casa. O bairro Kalil parecia ainda mais assustador, e a casa com todas as coisas dela ali e sem movimentação deixavam o ambiente pior. pegou as suas plantas colocando-as no carro, e continuou seu caminho de retorno para a reserva.
Assim que chegou pediu ao Billy e à Sue para deixar os vasos de plantas nas varandas deles, até que ela tivesse, enfim, uma casa na reserva. Perguntou onde estavam todos, e Emy muito animada respondeu:

— Atrás da cabana de Sue, preparando o alicerce para a sua cabana!
— Não brinca! Eu quero ver isso! — correu para atrás das cabanas e sorria de orelha a orelha ao ver todos engajados daquele jeito.
— Café da tarde, alcateia! — Sue gritou da janela de sua cozinha.

Os meninos todos olharam para ela, e largando pouco a pouco suas ferramentas foram se encaminhando para casa. Passaram por a cumprimentando com beijos e abraços suados. Embry lambeu a bochecha da mulher que apenas fez cara de nojo, e Seth ia em sua direção aparentemente exausto.

— Obrigada por isto. — pegou sua mão andando acompanhada ao amigo: —Mesmo cansado está ajudando com minha cabaninha.
— Ei, não tem que agradecer... — Seth sorriu beijando-lhe a mão.
— Eu assumo daqui, pode ir tomar um banho, comer e descansar!
— Valeu! Vou mesmo aceitar! — Ele sorriu aliviado e enquanto estava de costas, gritou:
— Como foi com sua mãe?
— Tranquilo! Sobre ontem, te conto depois!

sorriu afirmando. Olhando para trás, Black e Charlie estavam vindo no mesmo rumo que ela, então, a mulher os aguardou. Agradeceu aos dois e recebeu seus abraços de volta, depois continuaram andando em direção à cozinha de Sue.

— Desde quando ele conta sobre as noitadas dele para você e não para mim? — Black perguntou se referindo ao Seth.
— Eu sou muito mais divertida, e posso ajudá-lo com as mulheres melhor do que você.
— Também posso! Na verdade, era eu quem vinha fazendo isso e muito bem por sinal!

Charlie e riam do ciúmes de Black. A abraçou ao Charlie de lado e ignorou a cena de Jacob.

— Obrigada por ser meu pai aquela noite. — disse ela para Charlie — Eu nunca soube como era.
— Eu que agradeço por me deixar fazer parte disso.
— Eu posso me habituar facilmente a chamar você de pai, gostaria de saber se teria algum problema. — confessou um pouco tímida, e no mesmo instante, o delegado parou com sua caminhada.

Disfarçando a emoção, Charlie puxou para um abraço e beijou o topo de sua cabeça, o Swan revelou:

— Eu serei muito feliz com isso.

O delegado se afastou da mulher, um pouco constrangido e sorriu feliz, sentindo Jacob parado ao seu lado e sorridente com a cena. Black a abraçou pelos ombros, contando:

— Ele sente falta. E Leah mesmo depois de aceitá-lo, nunca pode chamar ele de pai. Nem Seth. Mas Charlie entende. O Sr. Clearwater era muito amado por todos, inclusive por Charlie.

apenas sorriu de volta para Black, e se aninhando cada vez mais em seus braços, Jacob a acompanhava pela sala de Sue. Charlie saindo do banheiro e os encontrando disse:

— Black! Solte minha garota e vá lavar suas mãos.
Ao restante da tarde, todos voltaram seus trabalhos à nova cabana. Foi necessário votlar à cidade, e decidiu ir acompanhada de Emy e Leah para comprar alguns materiais de construção e assim, elas aproveitaram para ouvir os detalhes da noite de fofocados pela própria. Ao contar do quase beijo, tanto Emy quanto Leah concordaram que manter a amizade de Scott era o melhor caminho e assim que comentou sobre sua conversa com Billy pela manhã, as duas quileutes assinaram embaixo de tudo o que velho lobo dissera. O restante da tarde e início da noite foi de muito trabalho focado na construção da cabana. Os rapazes quileutes estimaram que no máximo em três meses a cabana de estaria pronta. O jantar foi feito na casa de Sue, para comemorar o primeiro dia de trabalho na cabana da nova quileute. estava mesmo muito feliz, mas em determinado momento, sentiu falta de Seth e foi ao seu quarto. Deu duas batidas na porta, e logo Embry estava ao seu lado. Havia saído do quarto de Leah com um CD em mãos.

— Tudo bem ?
— Sim. Que música vamos ouvir?
— Leah e essas bandas esquisitonas que ela escuta... — Embry riu mostrando a capa de uma banda que não fazia ideia de quem eram — Escuta... Está tudo bem com Seth?
— É isto que eu vim conferir. Estar cansado sobre ontem, ok. Mas ele não está apenas cansado. Você sabe de alguma coisa?
— Vocês estão muito amigos, não é? —Embry sorriu nostálgico.
— Eu sou amiga de todos vocês. Só que vocês oscilam em momentos diferentes. E que bom, porque eu não daria conta de ser psicóloga de todos ao mesmo tempo. — Embry sorriu a abraçando e ralhou apontando: — Sabe qual o problema? Essa falta de privacidade mental de vocês!
— Não, isso é algo que todos estamos habituados. O que está mexendo com ele, é algo que aconteceu há algum tempo. Ele tem remoído isto, mas ficará bem. Mas é como a Leah diz... Seth não se sente mais à vontade como antes, para se abrir com a gente, mas com você tem sido diferente. Agora acho que pode ser justamente pelo o que você disse: este vínculo que vocês não tem deve deixá-lo mais confortável pra falar sem medo.
— Você é sempre tão esperto.

abraçou Embry e disse que o encontraria logo, lá em baixo. Estranhando a demora de Seth em atender as batidas à sua porta, ela resolveu abri-la devagar e deparou-se com ele dormindo. A mulher não sabia se deveria acordá-lo, mas sentiu que poderia entrar e observá-lo de perto. Então, avançou alguns passos, e encostou a porta. Ele estava de costas para ela, se sentou na beira da cama e, tal como uma irmã preocupada, iniciou um cafuné em seus cabelos.
Seth remexeu-se um pouco na cama e virou para o lado dela. Em outros momentos, outros dias, estaria sem graça pelo que fez. Acharia que estava invadindo o espaço dele, mas a verdade é que ela sentia que pertencia cada vez mais àquela imensa família, e sentia por Seth a mesma preocupação que sentiu quando Embry precisou do seu ombro amigo. Pensava nisto enquanto afagava os cabelos de Seth, e mal percebeu quando ele passou as mãos em sua cintura e a puxou sobre ele colocando-a deitada ao seu outro lado da cama. ficou tão assustada e inerte com aquilo e já ia gritar com ele, quando ele se aninhando a ela, deitou seu rosto no pescoço da amiga e sussurrou um nome: “Anna”.
Anna? Quem diabos era Anna? E por que Seth estava a confundindo com essa tal de Anna? observou melhor o rosto dele e pôde notar as lágrimas que escorriam de seus olhos. Lembrança ou apenas sonho, Seth estava sofrendo. Ela colocou a mão em seu rosto a fim de acordá-lo e sussurrou seu nome baixinho, Seth em resposta colocou sua mão sobre o rosto da amiga e esboçava um sorriso confuso. Ao abrir os olhos fracamente, ela disse para ele:

— Seth... Sou eu, a ...

Ele soltou o rosto da amiga, confuso, e foi se afastando devagar. Sentou-se na cama e a encarou envergonhado.

— Tudo bem... Não precisa ficar mal. O que aconteceu só vai ficar entre nós, ok? — disse e Seth levantou apavorado. Ao se olhar apenas de cueca correu para pegar sua bermuda e a mulher não pôde deixar de rir com aquilo.
— O que aconteceu ? — Ele dizia espantado.
— Nós transamos. — A outra zombou, dizendo de forma calma e séria.
— O que? — Seth correu até a porta do seu quarto, trancando-a, desesperado: — Como assim? Não é possível... O que eu...

Era nítido o pavor no rosto dele, e mesmo com ela rindo da situação Seth não desconfiava de nada, então resolveu parar com a “trolagem” antes que ele saísse correndo perguntando aos outros o que havia acontecido.

— Senta aqui Seth. Nós não fizemos nada seu idiota, se acalma.

Seth sem entender, respirou fundo se acalmando, e colocou a mão sobre os olhos quando a ficha caiu de que tudo não havia passado de uma brincadeira.

— Você enlouqueceu ou o quê, ?
— Nossa, não precisava ficar apavorado... — Ela ria.
— Não! Imagine!
— Por que este desespero?
— Você é mulher proibida ! — Seth disse óbvio voltando a sentar-se ao lado dela na cama.
— Que papo é esse, lobinho?
— Você é a mulher do meu amigo...
— Ei! — interrompeu o discurso — Desconheço este fato!
— Desconhece por enquanto...
— O que você sabe que eu não sei? — Ela perguntou já imaginando se ele saberia sobre a outra noite que havia dormido novamente com Jacob.
— O que aconteceu para você ficar preocupada assim? Agora você vai me contar!

Ela tratou de desconversar, pois notei que ele havia se reanimado como antes:

— Olha, eu vim até seu quarto saber de ontem, o que aconteceu e tal... Mas aí você estava dormindo, me aproximei, te fiz um carinho e você praticamente me jogou nos seus braços e me chamou de Anna. Quem é Anna? A mulher de curvas que dormiu com você ontem?

Seth arregalou os olhos e ficou um tempo em silêncio. Tempo aquele que estava a incomodando bastante e já pensava em falar algo quando ele disse que iria ao banheiro de seu quarto escovar os dentes, porque não iria explicar nada a ela com “bafinho de sono”. Ela aguardou que ele voltasse ainda sentada em sua cama, e logo Seth se juntou à amiga. Ele cruzou as mãos e como quem procurava as palavras iniciou:

— Vamos lá, podemos falar sobre ontem primeiro?
— Podemos falar sobre tudo o que você quiser.
— Podemos começar por você?
— Podemos, mas não sei se vou falar tudo que aconteceu comigo ontem antes de você falar o que aconteceu com você.
— Você transou? — Seth perguntou travesso.
— Não. O que isso tem a ver?
— Então o que você não iria me contar? — Ele disse sorrindo e ela assentiu, e ele continuou: — Já eu, transei. Então tecnicamente não posso te contar nada. Vamos lá comece!
— Ei! Você vai me contar sim! Não precisa explicitar sua noite sórdida, mas temos um acordo de manos aqui! Não temos?
— Um acordo de manos? — Ele disse zombeteiro — Se eu tivesse um mano como você, teriamos realmente transado.
— Cala a boca que você quase caiu para trás com a minha brincadeira. Faltou sair correndo pelo corredor.
— Ok, desculpe, mas é como eu disse...
— Eu não sou mulher de amigo seu, e nem de ninguém! — corrigiu e mudou a rota do assunto de vez: — Vamos ao ontem... Depois que deixamos vocês lá em Silverdale, Scott e eu voltamos para casa conversando o caminho inteiro sobre como a noite havia sido divertida e quando chegamos aqui, nós quase nos beijamos. Mas Scott foi mais sensato do que eu, e nos parou antes que o fizéssemos. Decidimos que é cedo para “deixar rolar”. É isso, e você?
— 'Tá faltando coisa. — Seth falou com uma expressão desconfiada e um sorriso cretino para ela.
— 'Tá nada! Que história é essa?
— Você morde o lábio inferior quando mente ou está escondendo algo, ! — A amiga olhou para ele sem entender desde quando Seth havia notado aquilo, mas o rapaz explicou: — Jacob e Embry me contaram isso. Na verdade Embry soube primeiro e Jacob apenas concordou depois.
— Droga... Não posso sequer mentir pra vocês... — suspirou e contou sem deixar de apenas rodear pelo assunto: — Eu cheguei e vi Jacob dormindo com minha camisola em seus braços, e ele estava na minha cama, então... Eu estava cansada, não ia dormir no sofá!

Seth começou a gargalhar e sussurrar um “eu sabia!”.

— Sabia do que garoto?
— Que você ama o Jacob!
— Ai cala a boca, Seth.
— Mas e aí, o que aconteceu depois?
— Nada oras! Dormimos e acordamos.
— Espera... — disse Seth óbvio após ouvir seu relato — Não é a primeira vez que vocês dormem juntos, não é?

Seth gargalhava ainda mais.

— Quando foi que eu disse isso?
— Não precisa nem dizer! “Dormimos e acordamos”? É óbvio que se fosse a primeira vez que isto acontecesse, você estaria toda desesperada sobre essa atitude! Eu não sou bobo, tá?
— Ok. Você venceu. Já aconteceu antes, há muito tempo. E não, nós não transamos.
— E porque não transaram ontem?
— Seth! Você acha que é assim que funcionam as coisas? “Ei Black, vem cá, vamos acasalar!”
— Acho.
— Ah cala a boca, garoto!
— Se eu tivesse a mulher que amo ao meu lado, não hesitaria.
— Bem, isso me lembra que minha história acabou. Sua vez.
— Ok. — Seth suspirou pesadamente — Eu trouxe a Lili para casa ontem. Conversamos e expliquei que ela estava fantasiando muito e criando expectativas e diante disso, eu não queria magoá-la, e achava melhor irmos devagar. Ela concordou comigo. Falou que se divertiu bastante, e quando eu quisesse era só procurá-la. Então voltei para o carro, e meu telefone tocou. Era a Paige, uma amiga do colegial. Ela chorava muito e perguntou se eu podia ir encontrá-la na casa dela. Eu já estava na rua mesmo, então eu fui. Assim que cheguei lá, os pais dela não estavam em casa porque tinham viajado. Meu alerta mental soou dizendo “cai fora” imediatamente.

Ele parou de contar e vagueou em suas memórias tristonho.

— Então. Por que mesmo você tinha que cair fora? — atraiu de volta a atenção dele.
— Ela disse que havia sonhado e que ninguém mais podia acalmá-la se não eu. Ela começou a desabafar sobre como eram difíceis as lembranças para ela, mesmo depois de tanto tempo. E no meio das lágrimas, e do choro que consumiu nós dois, eu acabei não resistindo e quando ela tentou me beijar, eu correspondi. E dali por diante... Bem você já sabe né.
— Tá... — pensava sobre o que havia escutado — Não preciso de Jacob e nem do Embry para me dizerem que também está faltando história... O que ela sonhou? Por que vocês dois estavam chorando sobre estas lembranças e que lembranças são estas? E afinal, quem é Anna?
— Droga... — Seth deixou uma lágrima escorrer — Eu vou ter que me abrir com você.
— Não precisa fazer isto se não quiser Seth, eu só quero ajudar.
— Eu sei. Desculpe. Eu só posso fazer isto com você... Não me sinto confortável de falar com mais ninguém sobre isto.
— Tudo bem, eu estou aqui....

virou-se para Seth e o abraçou apertado sendo correspondida.

— Um pouco antes do meu pai morrer... Eu tive um imprinting com uma garota chamada Anna. Meu pai era o único que sabia. Ele havia dito que era muito cedo para ter acontecido meu imprinting. E que não era para eu me preocupar com aquilo, apenas aproveitar a companhia da Anna. Éramos amigos desde o dia em que fui para o colégio na cidade. Algumas semanas depois, meu pai faleceu e Anna me apoiou da melhor forma que pôde. Sem meu pai, eu não sabia como contar para minha mãe sobre aquilo ou apenas com quem desabafar. Peter Carter não sabia de nós, e na verdade nem eu sabia que ele descendia de outra tribo da região. Então eu pensei em falar com algum dos meninos, mas além das coisas estarem muito conturbadas na época, eu observava como todo o assunto da matilha deixava de ser pessoal. E como a Leah sofria em relação ao Sam, eu não queria nenhum deles controlando. Todos estavam ocupados demais com as... As coisas que iam acontecendo em nossas vidas. E eu ainda tinha minha mãe para ajudar a consolar. Peter acabou sendo o amigo que eu tive para contar certas coisas. Eu não havia dito nada para ele sobre imprinting, mas confessei gostar da Anna. E era correspondido. Estava tudo voltando a ficar bem, mas numa noite Peter me ligou dizendo que Anna havia sido internada. Ela estava doente, e por isso foi levada para Phoenix. Quando eu pude ir vê-la, ela já estava muito mal, e na primeira noite que eu dormi no hospital, Anna não resistiu. Eu perdi meu pai, e meu imprinting na mesma época. Quando voltei, Peter que sabia dos meus sentimentos notou que eu não superava Anna, e foi quando ele me contou sobre a Paige. Paige era a irmã gêmea de Anna e confidente dela. Eu achei estranho não conhecer ela, ou Anna nunca ter mencionado a irmã. Peter disse que Paige morava em outro país, e Anna não falava muito sobre a irmã pra evitar as saudades e a melancolia. Mas, depois que ela havia falecido Paige estava vindo. Então eu tive que me preparar, afinal a irmã gêmea da minha garota estava vindo à Forks. Quando todos souberam, acharam que Anna era apenas uma paixonite de colegial e Embry foi quem mais parou de viver o caos do mundo, para viver meu caos comigo. Mesmo assim eu não tive coragem de dizer a ele que eu havia perdido não uma paixonite, mas o meu imprinting. Só se tem um imprinting uma vez na vida, e enquanto todos sonham em como será o seu, eu já não teria o meu.

Seth chorava como se tudo aquilo que ele estava contando para tivesse acontecido aquela semana. E a única reação dela, era de abraçá-lo e confortá-lo. Sobre aquilo de imprinting, ela não poderia opinar a respeito. Apenas tentar compreender. A medida que Seth foi se acalmando, o perguntou:

— E o que aconteceu quando Paige chegou?
— Peter se apaixonou por ela, e nós dois nos tornamos muito amigos. Anna era e é tudo o que temos em comum. Eu contei a Peter logo depois sobre o imprinting, foi quando descobri que na tribo dele há algo parecido. Ele acreditou e me compreendeu e se compadeceu da minha tristeza. E durante estes anos, eu superei e tudo ficou bem. Mas... Depois de você aqui ...
— Oh-oh... Não gosto quando as pessoas dizem isto.
— Tudo bem, não é como se você fosse culpada de algo, mas você chegou e Jacob mudou, Embry mudou, Leah finalmente encontrou o seu imprinting e você não sabe como fiquei feliz com tudo isso! E aí, você e Scott começaram esta história e ao mesmo tempo você e Jacob... Fiquei pensando sobre os sentimentos de Scott, perguntei a Peter e ele me garantiu que não é algo como um imprinting que Scott sente. E eu fiquei aliviado. Sei o quão doloroso é não ter quem você mais sonhou um dia encontrar. E não é o caso entre vocês, mas me peguei pensando de novo nisso tudo. E procurei a Paige depois de todo este tempo. Andamos nos vendo e conversando sobre a Anna... Até então ela estava bem, me apoiando e dizendo que eu logo encontraria alguém... Tudo parecia bem até ontem. Quando ela desabou com toda essa história que eu desenterrei e acabou se entregando pra mim, e eu idiota que fui...

Seth parou de falar fechando os olhos, de um jeito culpado.

— Entendo, mas Seth não se culpe. Tem sentimentos demais de ambos os lados. O que houve com a Paige e o Peter?
— Terminaram há muito tempo. Como você sabe, Peter é apaixonado por Daniella Parker. Mas ainda me sinto sujo de ter dormido com ela. Ela era minha amiga, gêmea da garota que eu amava e ex namorada do meu melhor amigo. — Não, não pensa assim. Vocês dois estavam fragilizados e acabaram cedendo a algo que já existia dentro de vocês. Este interesse não veio de agora, pode ter sido notado agora, mas não se culpe! Você não fez nada de errado e nem ela. E quanto ao Peter, ele virou a página e não acho que tenha motivos pra dizer isso a ele. A menos que você e Paige decidam...
— Não! — Seth interrompeu a fala da amiga, enfático: — Não vai acontecer mais nada. Hoje pela manhã me desculpei com ela, e ficamos numa boa. Só é duro lidar com a minha consciência.
— Ei, imagino o quanto tudo isto deva ser difícil, mas você precisa continuar. Sabe disso não é? Olha a sua irmã! Havia desistido de amar, e entendo que com ela aconteceu o inverso do que com você, mas não é porque a pessoa do seu imprinting não está aqui, que não exista mais ninguém possível para você amar. Seth, você está me entendendo?
— Você é mesmo incrível. — Ele disse sorrindo para ela, e a olhando com ternura.
— Obrigada por compartilhar isto comigo, Seth.
— Eu que agradeço, ...
— Eu só não entendo... Eu não sou como vocês, não posso entender exatamente a força disto tudo... Do imprinting... — Seth ouvindo-a, sorriu franco — Você tem várias pessoas que entendem e te acolheriam, cuidariam de você... Então por que não compartilhar com eles?
— Por entender, eles me olhariam com pena. Isso se tornaria um fantasma sobre quem eu seria dentro da matilha. E não é este o olhar que quero.
— Por causa da Leah, não é?
— Exatamente, eu vi o que ela passou.
— Bem, todos estão preocupados com você agora. Sua irmã, me pediu pra conversar contigo. Embry, Billy... O que eu faço?
— Apenas diga que eu me apaixonei pela pessoa errada. — Seth encarou firme à amiga, e compartilhando seu olhar mais carinhoso completou: — Mas já estou me curando.

Os dois ficaram ali abraçados um tempo. Se acomodaram na cama e com sua cabeça no peito de , ela fez cafuné em Seth até que ele adormecesse novamente. Na verdade, por mais que tentasse, não sabia como lidar com aquilo. Os quileutes não a prepararam para saber lidar com "imprintings" perdidos. Este capítulo era desconhecido, e ela sentia o quanto aquela tradição, ou benção, ou seja lá o que fosse, era algo profundo e íntimo para os lobos. Doía ver que Seth, no auge de seus 20 anos teria aquela bagagem toda de perdas. E após saber daquilo, pôde compreendê-lo melhor. sempre soubera que as pessoas se tornam aquilo que as suas experiências transformam nelas. E Seth, se tornou um homem íntegro, maduro, amoroso da melhor maneira, mas sobre as mais difíceis circunstâncias. Ela orgulhava-se ainda mais dele após saber daquilo tudo.
Antes da conversa com , quando foi lavar seu rosto, Seth destrancou a porta e alguns segundos após ele adormecer no colo da amiga, alguém abriu lentamente a porta os procurando. Era Jacob. O quileute olhou para os dois, curioso e espantado e sorriu fazendo um sinal com a mão para ele entrar. E um diálogo breve em sussurros, para não acordar Seth iniciou-se entre eles:

— O que houve com ele?
— Dor de amor. Mas ele ficará bem.
— O que eu faço? Embry pediu para eu vir vê-los, e todos esperam uma resposta.
— Eu já desço. Deixa só eu conseguir me soltar dele sem acordá-lo.

Jacob saiu um pouco contrariado. Devagar e delicadamente desvencilhou o seu corpo ao de Seth, e ajeitando-o da melhor maneira que ela pôde, a amiga fraternalmente beijou o seu rosto longamente, acariciou seus cabelos e se retirou devagar do quarto. Parada à porta, antes de fechá-la, o observou uma última vez aquela noite e enfim, deixou uma lágrima escorrer. Ela segurou o máximo que podia, mas aquela pequena lágrima teimosa insistiu em descer de seus olhos revelando a realidade de alguém que por conhecer o medo da solidão também temia por ela. enxugou seu rosto e foi ao encontro de todos.



descia as escadas da cabana de Sue ao encontro de todos à varanda e Jacob a esperava no último degrau. Eles se entreolharam, e ela não pôde deixar outra lágrima guardada. Jacob se compadecendo da situação de Seth mesmo sem saber ao certo do que se tratava, enxugou aquela trilha molhada no rosto de , e abraçados os dois seguiram casa à fora.

— Está tudo bem com o Seth, ?
— Vai ficar, Sue.
— O que ele tem? Conseguiu descobrir? — Leah perguntou disfarçando sua aflição.
— Ele se apaixonou por alguém que não pode corresponder.

Todos assentiram encarando , curiosos. Leah olhava profundamente nos olhos da amiga e nos olhos de Jake. Então, Paul prosseguindo com o falatório daquela tarde, concluiu:

— Ele vai ficar bem quando o imprinting dele acontecer.

E percebendo que ninguém ali teria a dimensão do que o Seth precisava, sorriu se despedindo, afirmando que ia descansar, até estava mesmo cansada, mas Embry e Leah ficaram a observando, estranhos. A mulher correspondeu ao olhar curioso deles, como alguém que implorava para que eles entendessem o quê os seus olhos tentavam dizer. Ela deu as costas em direção à cabana de Billy e ouviu passos a seguindo devagar, porém não olhou para trás. Apenas depois que estava deitada na cama de Jacob ela o ouviu entrando no quarto, e se sentando ao lado dela. Black passou um dos braços acima do abdômen da mulher, com as mãos apoiadas na cama, em uma espécie de abraço discreto.

— O que houve com ele, de verdade?
— Eu não tenho este direito, Jacob.
— Ele já teve um imprinting, não é?
— Eu acho que você deveria perguntar a ele.
— Eu não vou contar para ele e nem torturá-lo por isso. Seth pode ter se esquecido, mas, as pessoas que mais o compreenderiam com isso sou eu, e talvez a Leah.
— Seja como for, ele não se abriu comigo para que eu saísse contando a vocês o que o aflige.
— Tudo bem. Mas, e sobre você, pode me contar?
— Contar o que?
— Para alguém que “não acreditava em amor” como Embry insistia em dizer, e para alguém que não compreende a dimensão de um imprinting… Você ficou bem abalada.
— E você está achando que sabe demais, não é?
— Não precisa ficar nervosa. — Ele riu.
— Não estou nervosa.
— Não está. Devo me preparar para ser mordido? — Jacob olhava para ela, zombeteiro.
— Sabe, eu queria muito morder você agora. De verdade!

Jacob estava a irritando com aquele assunto, e não sabia ainda o motivo para se incomodar tanto com aquele sentimento antigo. Algo que havia ficado no passado, tão remoto, tão distante, e que iniciava-se numa latente recordação de dor.

— Você pode me morder. — E se aproximando do rosto dela, Black sussurrou — Quando você quiser.
— Você está confundindo as concessões que lhe dei, Black.
— Uma coisa por vez, primeiro, conte-me o quê te magoou tanto com a situação de Seth.
— Eu enterro certas coisas que nem mesmo a minha sombra reencontra. — Uau. Entendi. Isto nos faz pular para a próxima pauta.

olhou para ele, confusa, e saltando sobre ela, calmo e com sua respiração próxima e olhar fulgurante, Jacob se deitou ao seu lado. Apoiou a cabeça em uma das mãos e a encarou sedutor:

— Vamos falar de nós.
— Nós? Não há um nós, Black. Há eu, e há você.
— Você e Scott se beijaram?
— Achei que falaríamos sobre “nós” e não sobre mim.
— Você precisa se decidir...
— Eu não acho que lhe devo alguma explicação da minha relação com Scott.
— Não, não deve. Mas, eu estou tentando consertar as coisas entre nós dois.
— Ah é, e posso saber por quê?
— Porque é estupidez demais continuar negando um para o outro o que sentimos.
— As coisas sempre são assim contigo? Na sua hora?
— Ora vamos, ! Você é extremamente teimosa!
— Pode até ser, mas, quando eu quis investir nisso — a mulher apontou para os dois — você ergueu um muro de Berlim! E agora, porque você quer, acha que pode vir e dizer “Scott cai fora!”?

se virou na cama, sendo espelho dele e o encarava furiosa.

— Eu só quero que saiba que eu já me arrependi de tudo o que eu não fiz. E quero que fiquemos bem de novo.
— Nós estamos bem, eu te disse quando voltamos do galpão. Até te abracei.
— Não é o suficiente.
— Que merda, Jacob! O que você quer?
— Você e Scott estão juntos mesmo, ou não?
— Ainda não! Satisfeito?

Silêncio.

— Ele me ama. — confessou enquanto seus olhos e os de Jacob encaravam-se de forma apreensiva um pelo outro.
— Ele disse?
— Tantas vezes quanto as que corri atrás de você. — Ela lançou e novamente um silêncio se prostrou entre eles, até que ela falou um pouco mais duramente: — Não… Não corri tanto assim atrás de você. Não foi preciso, você me dispensou bem rápido. Ele disse que me ama muito mais do que isso. Não é segredo para ninguém nesta cidade, e só você não enxerga que eu poderia ter tido qualquer cara desde que cheguei…

Ela decidiu não continuar a frase. Não poderia esclarecer para Jacob o poder que ele tinha sobre ela.

— E você pretende dar uma chance a ele?
— Por que isso te interessa agora?
— Porque eu amo você e estou disposto a lutar por isso. — Jacob confessou de um jeito totalmente firme.

Ele se aproximou dela, lentamente. Seus olhos hipnotizados um no outro. Ele umedeceu seus lábios, tão chamativos, e quando roçou-os aos de , ela o empurrou. Levantou da cama um pouco ansiosa, com uma das mãos na cintura, e a outra bagunçando os próprios cabelos. Já Black, a encarava tranquilo. E queria bater nele por ele fazer aquilo depois de tanto ela sofrer. A mulher pegou o próprio casaco as chaves do seu carro, e saiu do quarto com Jacob a seguindo, mas parando quando ela pediu:

— Me dê um tempo. Eu quero ficar sozinha, Black.

Billy, Sue, e Charlie conversavam ainda na varanda de Sue, e estranharam a saída repentina dela.

— Onde vai, ? — perguntou Charlie com autoridade paternal.
— Só dar uma volta pai! — Ela gritou sem perceber o que havia dito, e ao fechar a porta do carro, o olhou pedindo: — Er.. Desculpe, Charlie.

Ele apenas sorriu, indicando que ela poderia chamá-lo por “pai” quando quisesse. Sue o abraçou de lado e sussurrava feliz algo para ele obtendo o cativo sorriso de emoção do delegado. observou o pequeno grupo pelo retrovisor uma última vez, e lá estava Billy me analisando com sua habitual feição indecifrável. Jacob surgiu na porta da cabana, e encostado nela, olhava sereno para ela. Os dois trocaram olhares cheios de significados e ela deu partida sem pensar duas vezes.
Dirigia pela estrada, devagar. Não estava nervosa e nem com medo, nem sentia ódio, ou raiva, estava na verdade, feliz. Feliz pelo que havia escutado. E confusa. Confusa, porque, era como se Jacob estalasse os dedos para que ela fosse em sua direção. já havia passado de Erick a Embry, de Embry a Jacob, de Jacob a Erick, de Erick a Jacob, e enfim, de Jacob a Scott... Deu-se conta de que ultimamente, ela brincava de malabares com os corações. Inclusive o seu. Se pegou indagando para si: “Se eu, não tivesse me envolvido com a reserva, Erick e eu estaríamos juntos?”. Chegou rapidamente à conclusão de que não. Eles eram muito diferentes.
E não haveria como ela não se envolver com La Push, uma vez que a foi à Forks justamente pelo desejo de conhecer La Push. Bella havia falado tanto naqueles e-mails, sobre a reserva, a praia, os indígenas… Era claro que nunca quis conhecer Forks. Nem mesmo quando no passado…

— Ei linda, e se fossemos até aquela cidade aonde o pai de Bella mora? Como se chama mesmo Bell?
— Forks. Não acho que gostaria de Forks. Ela é ensolarada demais para um distrito como aquele.
— Exatamente, Theo! — disse beijando o namorado — Não vamos mudar os planos! Iremos para a Califórnia nas férias!
— Theo, por favor, nós custamos a convencer René…
— Eu sei Bell, mas não acho que sua mãe se importaria caso quiséssemos voltar uma semana mais tarde, apenas para você visitar o seu pai.
— Theodor… Eu não vou a Forks. Eu odeio lugares frios!

Bella riu, olhando cúmplice para Theo. Ele pegou sua namorada , no colo, enchendo-a de carinhos e sussurrou em seu ouvido: “Eu faço tudo por você, você não poderia fazer isto por mim?!”.

Após ser tomada por aquela memória triste, balançou a cabeça afastando as lembranças. Theo... Ela já não chorava por ele há muito tempo. Dirigindo ainda, ela olhou para o céu à sua frente e a mistura de tons indicavam um céu sombrio e estrelado, que só existia em Forks. dera-se conta de que não havia ido à Forks nem mesmo por Theo, o que fazia ela sentir que o traíra por isto. Ela havia ido à Forks exatamente por La Push: o paraíso escondido de Bella. E quão falso aquilo soava, uma vez que, Bella havia ido embora como fumaça que se esvai sob a chuva. Não havia sequer o fantasma de sua antiga amiga.
Às vezes, sentia como se tudo houvesse existido apenas em sua mente. Todos aqueles e-mails pareciam histórias fantasiosas, de alguém criativo o suficiente para se tornar um escritor. Por onde estaria Bella? E como ela pôde sumir do mapa, abandonar o pai, La Push… E Se Embry não tivesse o imprinting com Leah, eles estariam juntos? E se estivessem juntos, ela e Black teriam se tornado amigos? também sentia como se fosse empurrada para Black desde o primeiro instante. Aquele Jacob do quarto era tão oposto daquele homem que esbarrou com ela, enquanto caminhvam na areia da praia. Tão oposto daquele que socorreu o seu carro quebrado na estrada. Tão diferente daquele que a levou até Sue, e tão diferente daquele em sua cozinha no escuro, o qual já havia instigado desde aquele momento nela, algum fascínio…
Se fosse responder sobre amá-lo ou não, talvez diria que não o amava, mas que dependia dele. Aquela era uma sensação tão estranha e doentia. Tudo soava como se, Forks não fosse o seu lugar sem ele. E se ela não pudesse tê-lo, por que estar ali? Se ela desejasse e pudesse amar ao Scott seria tão prudente. Tão mais fácil! Eles poderiam ser uma família comum de pessoas apaixonadas com filhos divertidos, que se reúnem aos domingos na casa dos avós… E… Oras... O que ela estava pensando? Nada naquele lugar era comum. Nada. Nenhuma pessoa. Tudo em Forks, era peculiar demais para quem deseja ser medíocre.
Rompendo com aquela confusão de pensamentos atravessados, parou o carro em frente a grande casa branca da cidade. Abriu o portão preto, alto, de grades pontiagudas ouvindo-o ranger. Caminhou na curta trilha de pedras, e bateu à porta.

?
— Como vai senhora Eva?
— Ótima. Que surpresa! Ora, entre.

Dando-lhe espaço para entrar, ela avistou que o senhor Carter estava sentado em sua poltrona, mas dobrou os jornais em seu colo e se levantou para cumprimentá-la.

— Como vão as coisas ? — Eles apertaram as mãos.

— Estão bem. E por aqui?
— Hã… Algumas décadas são necessárias para uma grande novidade surgir outra vez, em Forks.
— Entendo, depois da “amiga da misteriosa Bella”, vão levar alguns anos. — fez piada e eles riram breves, mas rápida ela explicou sua presença ali: — Desculpem-me atrapalhá-los a esta hora, mas eu gostaria de saber se o Scott estaria em casa.
— Oh querida — Eva voltou com uma xícara de café para ela, respondendo um tanto chateada: — Lamento, mas ele saiu.
— Certo, tudo bem. Não era nada importante… — bebericou o café com os olhos do casal sobre si.

Viu que foi uma péssima ideia ter ido até lá. Peter descia as escadas e sorrindo ao vê-la, se aproximou e logo a abraçou.

— Procurando o Scott?
— Sim.
— Ele saiu com a Parker.

Eva pigarreou olhando-o reprovadora.

— Ér… Ele não deve demorar. Você sabe como ele é em relação as Parker.
— Tudo bem, Peter! Você me acompanha até lá fora?
— Claro, se quiser aguardá-lo eu te faço companhia.
— Pode ser. Tenho mesmo que falar contigo sobre um assunto aí…

Os dois saíram pela varanda e Peter fechou a porta da casa, sob sussurros e caretas aos pais. sorriu discretamente por notar que eles haviam mesmo ficado surpresos. Caminharam até o carro dela, e Peter acomodou-se no banco do carona enquanto entrava pelo outro lado.

— E aí, o que você quer saber do Scott?
— Eu não quero saber nada dele. Quero saber que ideia estapafúrdia é esta a sua, de empurrar o Seth para a Lili, Peter?
— Bem, antes eu podia contar com meu irmão para me aproximar de Daniela, mas aí você surgiu…
— Você sabe que ela é apaixonada pelo Scott, não sabe?
— Ela é apaixonada pelo dinheiro da nossa família, e não por algum de nós.
— Você sabendo disso, não acha também que merece uma pessoa melhor?
— Eu gosto dela. Não dá pra evitar por quem nos apaixonamos… Não é, ?
— É.

Um breve silêncio se fez até Peter se pronunciar novamente.

— Posso te perguntar uma coisa?
— Se eu gosto do Scott?
— É.
— Ele é muito especial para mim, um amigo que eu sinto que posso contar tudo, e que sempre estará ao meu lado. Não importa o que eu faça de errado. E… É como se ele fosse igualzinho a mim, sabe? O mais próximo da realidade que eu já pertenci um dia. Não sei explicar. É um sentimento fraternal.
— Então, por quê você dá esperanças a ele?
— Eu não dou, Peter. Seu irmão e eu acordamos que não vamos evitar um ao outro independente de nossos sentimentos.
— Típico dele. Escolheu se contentar com a sua amizade mesmo sabendo que isso o destruirá por dentro.
— Peter, do jeito que você fala é como se eu fosse um veneno para ele.
— E é. Scott sempre deixa os sentimentos dele o intoxicarem. E eu torço a cada dia, para que ele um dia se apaixone por alguém capaz de amá-lo.

começou a se sentir afetada e culpada com a sinceridade expressa nas palavras de Peter. Ela sorriu sem graça para ele e girando a chave de seu carro, se despediu:

— Bem Peter, eu não quero fazer mal ao seu irmão… Fique tranquilo quanto a isto. — sorrindo ainda, sem jeito, concluiu: — E eu preciso ir agora.
— Não era a minha intenção constranger você, eu não tenho nada a ver com a relação de vocês, me desculpe.
— Imagina! Tudo bem, eu realmente tenho que ir.
— Ok.

Peter beijou o rosto de e saiu do carro. O sr. Carter aproximou-se da porta do motorista sem que ela percebesse e a assustou ao dizer:

, tenha cuidado na volta para casa, certo?
— Obrigada, Sr. Carter. — Ela o olhou em dúvida, sentindo que os olhos do velho Carter se tornaram diferentes, mais opacos.
Ela deu partida deixando os dois homens para trás acenando em sua direção. Scott chegou antes que ela pudesse se afastar demais, constatou ela pelo retrovisor. Mas, não quis mais ficar e falar com ele, por isso apenas continuou acelerando. Ao passar pela sua casa à beira da estrada, parou o carro no que antes era um gramado. Sem cerimônias, abriu a porta da sala deixando um rastro de pegadas na varanda empoeirada. acendeu as luzes e foi até a cozinha. Havia esquecido algumas coisas na geladeira que acabaram por apodrecer e como se fosse melhor momento para aquilo, ela iniciou uma limpeza em sua cozinha. Então, o seu celular alertou a chegada de mensagens:

“Aconteceu alguma coisa? Onde você está? — Scott.”
“Está tudo bem Scott. Estou em casa, no Kalil. —
“Posso passar aí? Você veio até aqui e eu não estava… Daniela me chamou para um jantar na casa dela, e eu não deveria ter ido. Foi extremamente desagradável. — Scott.”
“Que chato. Você é gentil demais para se livrar da Daniela, não é mesmo? Fique tranquilo, não precisa se explicar. — .”
“Desculpe… Isto é ciúmes? :D — Scott.”
“Não. É só um toque. Se não gosta da situação, por que não se livra disso? — ”.
“Algumas situações eu simplesmente não sei como me livrar... Você não respondeu se posso passar aí. :/ — Scott.”
“Precisa aprender. E acho melhor não Scott, eu comecei uma faxina. Nos vemos depois, beijos! :* — ”.


Scott digitava uma mensagem quando o interrompeu enviando outra:

“E antes que pergunte, eu não estou chateada” — .

Ele não digitou mais nada. Depois de limpar toda a cozinha, subiu as escadas com os objetos de limpeza em mãos. Abriu a porta do seu quarto e então, estranhou a janela aberta. Pensou por alguns segundos recordando o último dia que estivera ali, e não havia engano. Alguém havia invadido a casa. Assustada, ela enviou uma mensagem ao Jacob:

“Estou no Kalil. Venha rápido, acho que tem alguém em minha casa.” — .

Ela estava com medo demais para sair do quarto ou fazer qualquer barulho. Sua mente dizia para ter coragem e ir até o corredor vasculhar outros cômodos, mas, algo dentro dela estava fazendo-a sentir frio demais. Seu corpo congelava e aquele vento assobiando pela janela do quarto, não trazia uma boa sensação. novamente, pegou o telefone e discou uma chamada para Erick, mas ele não atendia. Então telefonou ao Charlie, que ao atender, disse:

— Não faça nada , você está bem?
— Sim. — sussurrou.
— Fique onde está. Tem alguém com você aí?
— Não sei. A janela do meu quarto estava aberta quando cheguei. Alguém esteve aqui, ou está. — sussurrou de novo.

Então, ouviu um barulho das tábuas rangendo no andar inferior da casa.

— Ouvi barulhos, tem alguém na sala.
— Esconda-se, e não faça nada! Estamos chegando.

desligou e discou novamente para Erick, a chamada ainda não havia sido atendida, então ela colocou o celular em seu bolso depois de abaixar ainda mais o volume dele. Saiu cautelosa do quarto, embora Charlie houvesse pedido para não se mexer. Há algum tempo, ela escondia tacos de beisebol em lugares estratégicos da casa. Peguei um deles embaixo da sua cama, e saiu pelo corredor sorrateiramente. No alto da escada, olhou para a sala e não avistou ninguém, felizmente, as luzes estavam acesas. Ela desceu degrau por degrau com o taco de beisebol a punho. Nenhuma sombra. Nenhum som. Deu as costas para a entrada da cozinha, e foi quando ela ouviu a voz dele:

— Você é muito mais bonita do que nas fotos espalhadas pela casa.

Um tom de voz sedutor e firme. se sentia ainda mais fria do que antes, e poderia afirmar ter tido uma queda considerável da sua pressão arterial. Virou-se, amedrontada, mas curiosa, para o homem. Ele vestia uma blusa fina de mangas compridas, preta e justa. Calças jeans surradas que caiam levemente de sua cintura. Botas pretas de cadarços. Era forte, notava-se pelos braços cruzados à frente do corpo. Seus olhos eram pequenos e escuros, quase negros e sua barba bem feita e ruiva no mesmo tom dos cabelos, também impecáveis.

— Quem é você e o que faz na minha casa?
— O que você faz sozinha numa casa como essa? Pode ser perigoso sabia? — Ele se aproximou aos poucos, rodeando-a à medida que ela fugia devagar em passos cuidados para longe dele.
— Responde a minha pergunta! — Ela disse enérgica tentando passar confiança ao seu corpo em tremores.
— Que brava! — O homem sorriu mostrando os dentes — Eu posso ser seu amigo. Ou não. Depende de você.

Chegando à frente dela, ele segurou firme o taco de beisebol na mão de e retirou-o com agilidade sussurrando:

— Mas, posso garantir que um taco de beisebol não é uma boa arma para defesa, gracinha.

se manteve muda, o encarando com a respiração muito mais ofegante do que ela esperava. Ele aproximou-se do pescoço dela afastando os seus cabelos. notou um anel em seu indicador direito, com as iniciais “KM”. O homem cheirou o local do pescoço dela roçando seu nariz gelado na pele macia e dourada de .

— Doce… Mas, há algo diferente em você, gracinha.

Mantendo um invasivo contato visual e hipnotizada nele, o deixou parar novamente de frente ao seu corpo. Muito, muito perto. O homem puxou o braço dela com agressividade e sentindo a veia sobressaltada no punho de , ele levou o braço novamente ao seu nariz.

— Mas, embora confundível… Doce. O que é você?
— Quem é você? — insistiu.

Com uma risadinha irônica ele puxou o braço em suas mãos fazendo seu corpo chocar-se ao de . Tão mais perto, ela pôde notar que os olhos escuros dele não eram como achou, quase negros, mas sim, tinham uma tonalidade de vermelho sangue, um vinho escuro...

— Eu quero você comigo. — Ele declarou roçando o nariz dele na face de .

E de repente a porta da casa se abriu revelando Erick, com a arma apontada na direção dos dois. O policial gritou:

— Solte-a e se afaste imediatamente!

O homem continuou rindo e quando Erick ameaçou atirar, ele beijou os lábios de . Ela encarava Erick de olhos saltados, à espera de que ele fizesse algo a mais do que largar a arma no chão e sair pela porta da frente. Que raios de reação foi aquela de Erick? Era sério que ele a abandonaria ali?
Ao partir do beijo, o homem sorriu para ela. Havia um olhar maligno nele. estava assustada demais para se mexer, então ele afastou seus corpos, e voltando-se em direção à cozinha parou próximo à mesa de recados. Pegou o porta-retratos de e o observou a perguntando:

— Qual seria o seu último…

Imediatamente parou de falar e olhou descontente em direção à porta da sala. Deixou o porta-retratos no lugar e sorrindo com a mesma ironia de antes, concluiu para :

— Qual seria o seu último desejo? Reflita sobre isso, gracinha.

E saiu pela cozinha ao terminar de falar. escutou o barulho de portas de carro. E logo, Charlie surgiu com a arma empunhada, a encontrando sozinha e trêmula.

— Tem mais alguém por aqui? — perguntou se aproximando dela cauteloso, assentiu silenciosa, negativamente e logo ele estava a abraçando — O que houve filha? Está tudo bem?
— Cadê o Jacob?
— Já está o perseguindo.
— Ele demorou!
— Eu o fiz vir de carro comigo, desculpe.
— E o Erick?
— Não havia ninguém lá fora, e nenhuma viatura. Ele esteve aqui? — disse Charlie confuso.
— Sim! Entrou e ameaçou o cara. Deixou a arma cair ao chão antes de sair pela porta. Parecia hipnotizado.
— Vamos sair daqui, Jake sabe se cuidar e vai nos encontrar na reserva.

aguardou Charlie no sofá da sala enquanto ele verificava e trancava os cômodos da casa. A ficha dela caiu e a partir dali, a mulher se deu conta do risco corrido. Afinal, quem era aquele homem?
Ao entrar na viatura, Charlie não perguntou nada até chegarem à reserva.


Passados alguns minutos que a viatura de Charlie havia saído da casa de , ela se lembrou de que havia deixado o carro parado em frente à sua casa. Contudo, antes mesmo de retornarem, Jacob telefonou para ela. Enquanto ela o lotava com indagações pertinentes a quem era aquele homem estranho, Jacob pediu calmo para que também se acalmasse. E assim, avisou que encontraria-os na reserva. pediu para que ele trouxesse o seu carro, cujo as chaves, a mulher havia deixado na mesa da sala.
Como vou entrar para pegar a chave? — Jacob perguntou a respeito de estar tudo trancado.
— Não importa mais, pode arrombar a porta se for preciso. Amanhã mesmo eu retornarei para esvaziar esta casa!
Tudo bem, tente se manter calma.

Charlie e ela não conversaram no caminho até a reserva. observava a mata do lado de fora imaginando se aquele homem peculiar estaria por lá rondando a região. Olhou para o rosto de Charlie na intenção de afastar os seus pensamentos e se distrair, porém, a face sempre tão pacífica do delegado se emoldurava num cenho ranzinza e meticuloso. O que o senhor Swan estaria a pensar? Decidida que sua curiosidade esperaria, manteve o silêncio, deixando Charlie a sós com seus pensamentos.
A viatura parou no pátio da reserva, e Billy balançava-se em sua varanda, numa cadeira de balanço. Sue, ao seu lado conversava com Seth. O jovem lobo, ao notar a chegada ergueu-se indo em direção à e Charlie.

— Lu! Você está bem? — disse Seth abraçando-a apertadamente.
— Sim, por sorte.
— O que houve, Charlie?

O delegado apenas encarou Seth e , e abaixando a cabeça seguiu na direção dos mais velhos.

— Viemos em silêncio todo o caminho, e ele compenetrado em seus pensamentos. Onde estão os meninos?
— Foram vasculhar.
— O que você acha que está acontecendo?
— Primeiro, me conte a sua história. — Seth pediu.

Os dois foram andando na direção dos outros, e logo contou sobre o ocorrido. Billy, Sue e Charlie se entreolhavam duvidosos. Ela já conhecia muito bem aqueles olhares, e sabia que, não conseguiria arrancar nenhuma informação antes da hora. Apenas aguardou Black voltar bem como os demais garotos. Seth e ela conversavam afastados dos mais velhos, e com ele, sentiu que poderia arriscar uma resposta.

— E então, o que você acha Seth? Será que era apenas um ladrão?
— Eu diria que pode ser um ladrão, ou um assassino, ou qualquer coisa. As características físicas não podem definir. No entanto, a reação de Erick me preocupa… Você disse que ele pareceu hipnotizado?
— Erick não abandonaria o seu posto. E jamais me deixaria em risco, apesar de nossas diferenças. Ele ficou estático ao perceber o homem, largou a arma e foi embora!
— É, uma reação incomum demais para o policial “caça lobos”.
— Eu realmente gostaria de entender, numa outra hora, esta rincha de vocês.
— Não temos nada contra ele. Como eu disse, ele que é um “caça lobos”. Sobre o seu amiguinho misterioso… Vamos aguardar Jake chegar, com ou sem informações.
— Eu li a respeito dos “frios” Seth, e Emy me contou sobre os vampiros. Os Cullen. Os Volturi. E Bella.

Seth olhou para ela, boquiaberto por uns instantes. E notando que enfim, descobrira os últimos segredos, ele se posicionou sobre o assunto.

— E eu acho que aquele homem, também era um deles. — concluiu.
— Achamos o mesmo, então.

Jacob surgiu com o carro dela atraindo a atenção de todos. Primeiro, ele caminhou até seu pai e falou algumas coisas em baixo tom, permitindo Charlie e Sue o ouvirem. Enquanto Seth e ela apenas observavam do canto da varanda, mas não demorou muito para que ele viesse na direção da mulher.
Seus olhos aflitos. Urgentes. Preocupados. Com passos firmes ele se aproximou dos dois, e que estava sentada mal conseguiu processar as ações de Black quando ele puxou-a com ferocidade para seu corpo. Envolveu-a em um abraço apertado, e afundou seu nariz no pescoço dela. Como de costume, ela deveria morder seu ombro. Aquele era o cumprimento deles, mas não pôde. Ele havia se declarado para ela quando a mulher saiu desnorteada atrás de Scott. não conseguia reagir ao abraço carinhoso de Jacob, porque não sabia como fazê-lo.
Ela deveria fingir que não ouviu Black dizer que a amava e lutaria por ela?
Ela deveria agir como sempre, correspondendo o carinho amigo que eles tinham?
Ela deveria se entregar ao desejo profundo de aceitar os sentimentos dele, e com isso abraçá-lo sem pudor?
Ela não sabia o que fazer, mas instintivamente, fez: abraçou Black de volta. Ela teve medo de nunca mais ver aqueles olhos e a postura ranzinza, o sorriso solar…
Jacob ainda abraçado a ela, afastou sua cabeça de pescoço de e olhou para Seth tocando seu ombro. Seth sorriu para os dois, um cretino sorriso, de alguém que acha saber mais do que há.

— Por que saiu daquele jeito, Mani?

Fora a primeira coisa que Jacob dissera. Seth, beijou a testa da amiga e se retirou para deixá-los a sós.

— Eu precisava pensar.
— E se colocar em risco é a sua forma de pensar?
— Não. Eu fui dar uma volta na cidade. Quando estava a caminho da reserva, decidi parar em casa para…
— Sua casa é aqui agora, .
— É, eu sei. Não vem bronquear comigo não, como eu imaginaria que…
— Você veio para cá ciente dos perigos que corria no Kalil. Não deveria estar lá a esta hora!
— Por que você está falando desse jeito comigo!? — começava a se irritar.
— Porque eu tive muito medo hoje ! Um absurdo medo de perder você!
— Ei… — ela notou o descontrole despreocupado de Jacob, e cuidadosa tocou em seu rosto — Eu estou bem, você não vai me perder. Não vai ser tão fácil assim...

Os olhares de ambos se cruzavam enquanto ela o consolava. Não conseguia decifrar o que os olhos dele diziam para ela, mais uma vez. Mas, ela estava feliz por vê-lo preocupado consigo. sorriu de canto a fim de passar falsa calma a ele, e exatamente após soltar seu rosto Jacob puxou o pescoço de em sua direção. Segurou os cabelos dela com uma força abrasadoramente confortável, e finalmente beijou a boca da mulher. Um beijo cheio de desejo, carinho, e necessidade. E o correspondeu no mesmo tom. Eles puderam ouvir a risada fraca dos três mais velhos na varanda, e os murmúrios comemorativos de Seth.
Não sabia qual a razão de uma lágrima escorrer por um dos seus olhos, mas Luan sentiu o mesmo acontecer ao Black, molhando saus faces de um jeito cúmplice. Parecia um encontro de almas, e ele sorriu entre o beijo. O primeiro beijo deles. E depois, quando suas bocas se distanciaram satisfeiras, eles se encararam, sorridentes. Jacob abraçou o corpo de sua Mani, ainda mais forte, apertou sua cintura e iniciou um segundo beijo, mais calmo. E à medida que suas respirações voltava ao normal, eles deram-se as mãos. O quase silêncio era acolhedor, mesmo com o som baixo da vitrola de Billy num instrumental de guitarra já conhecido por . Agora eles tinham uma trilha sonora como todo casal que se preze. “Dream On” dominava, baixinho, o momento de muda voz e carinhos tão esperados daqueles dois.
mordeu o lábio inferior balançando a cabeça negativamente, sorrindo boba. Tola, e desacreditada. E Black a acompanhou numa risada muda, e desajeitada. Sue, Billy, Charlie, e Seth se retiraram os deixando a sós na varanda. Não que fosse necessário, pois, não havia mais nada além deles próprios e de sua nuvem de sentimentos mistos, para ambos. E só quando o silêncio da vitrola de Billy pode ser notado que Black e , saíram daquele transe temporário de dois apaixonados se abraçando e confortando-se um sob a proteção do outro.

— Droga, Billy podia ter esperado o fim da música para desligar. — reclamou.
— Meu pai vai adorar saber que vocês vão compartilhar Aerosmith.

olhou duvidosa para Jacob e então, ele esclareceu que Aerosmith não era muito o seu estilo musical.

— Bem, o que você descobriu? — então se afastou um pouco dele desconversando e perguntando sobre o estranho em sua casa.
— Não consegui pegá-lo. Mas segui seu rastro até a antiga casa dos Cullen.
— Eles voltaram? Digo... Os Cullen?
— Aparentemente não, mas há outros aqui.
— Os ataques podem ser …?
— Sim, mas eu estranho não termos notado eles antes.
— Como assim?
— Não é comum que eles transitem tanto tempo entre nós.
— Você acha que são outra coisa?
— Não, eles são frios. Eu tenho certeza. Dois. Mas, de alguma forma eles conseguiram se camuflar muito bem. A casa dos Cullen parece habitada há mais de um mês.

abraçou Jacob, e eles sentaram-se na varanda compartilhando o aperto quente dos braços um do outro. E entre conversas aleatórias — que não englobavam mais o assunto dos frios e nem tocavam no assunto “casal” —, Jacob e ela riam contemplamos o céu da reserva. Pouco depois, eles beberam chá e acenaram aos meninos que chegaram mais tarde. Eles perguntaram à se ela estava bem, e cansados, se despediram. Haveria tempo para que contassem sobre o que Jacob descobrira, e o que aconteceu com ela naquela noite. Por fim, Jacob e foram dormir.
Tanto Black quanto ela, não estavam confortáveis para iniciar uma discussão sobre “o quê” eles teriam ou quais resultados aquele beijo traria. Apenas continuaram sua relação amiga e confusa. Ele pegou suas coisas e foi dormir na sala, e se preparou novamente para dormir em sua cama. Antes de apagarem em sono profundo, os dois deram um último beijo de boa noite um no outro, e se direcionaram às suas respectivas camas.
No dia seguinte ao amanhecer, bem mais cedo que o habitual, acordou. Após se vestir para o trabalho, ela saiu de casa deixando Billy e Jacob ainda adormecidos. Ao passar pela sala, olhou para Black que dormia tranquilo no sofá e antes de fechar a porta o observou com carinho, mais uma vez, sorrindo. Depois saiu com seu carro, e por algum motivo que provavelmente teria a ver com o beijo do dia anterior, ela foi tomada de nostalgia musical. Coloquei um CD antigo, no seu carro antigo, no aparelho de som moderno demais para aquele carro. E seguiu até sua antiga casa. E ao contrário do que possa parecer, ela não estava desafiando o perigo. A sua intenção era outra, totalmente diferente: se livrar do casebre.
porém, ficou estacionada, com o rock and roll no último volume encarando a construção. Sair do carro ou voltar depois? Decidiu sair e desligou o rádio. Trancou o carro e seguiu para dentro de casa. Uma janela quebrada indicava o modo como Jacob entrou na noite anterior para pegar a sua chave do carro. O tal “KM” não estaria ali, e embora ela não pudesse ter certeza, sua intuição pressentia que ele de fato não estaria.
Cautelosa, ela entrou e foi diretamente ao seu quarto. Separou todas as coisas que havia deixado lá e que eram importantes para si: lembranças da sua vida, fotografias, documentos não habituais importantes, alguns dos seus muitos livros e CD’s. Desceu e pegou no seu depósito externo à casa uma caixa de papelão guardada. Antes de retornar para dentro de casa, deu uma boa olhada à volta do quintal dos fundos. Não havia nenhum vestígio de presença humana, ou de qualquer outra coisa que fosse. E então, empacotou suas coisas colocando-as no carro, em seguida dando partida à cidade.
Os comércios ainda estavam fechados, alguns de costume abriam, o relógio marcava uma hora e meia anterior ao seu horário na farmácia. estacionou em frente a loja e caminhando lentamente, passou na banca de jornal. Comprou o noticiário impresso do dia. Cumprimentou algumas pessoas no curto caminho até o Coffee&Bar e entrou, com o mínimo de barulho para uma manhã. Mas, todo o silêncio de suas botas não eram páreo para aquela sineta da porta. Dois bêbados, um grupo de quatro alpinistas — aparentemente turistas —, um senhor de barbas branca, e Joe — que era motorista operador de uma extratora perfuradora de pedras, ele trabalhava na antiga pedreira de Forks — olharam em sua direção quando ela entrou. A mulher acenou discretamente com a cabeça na direção de todos. Joe que constantemente surgia na farmácia para buscar sua medicação de rotina sorriu e trouxe até a mesa em que ela foi se sentar, uma caneca limpa que a garçonete lhe entregara e a cafeteira de mão. Os dois trocaram corriqueiras palavras e ele serviu-a de café, gentil. Logo retornou ao seu lugar e a garçonete chegou.
— Desculpe , eu estou sozinha esta manhã e aceitei a ajuda de Joe para lhe servir. Bom dia!
— Bom dia Stacy, e não se preocupe. Pode me trazer um pão quente com bastante queijo, uma xícara de leite quente e um muffin de chocolate?
— Não vai querer waffles? Acabo de colocar na máquina.
— Com mel, por favor.

Elas sorriram uma para a outra e volveu a atenção ao seu jornal. Das tragédias lidas, nada lhe surpreendera. Ela buscou nos classificados anúncios de compra à imóveis e infelizmente não havia nada. Aguardou o seu café folheando devagar cada página. Stacy estava com dificuldades para expulsar os bêbados que insistiam em atormentá-la do balcão. E aquilo irritou , então ela foi até eles.

— Vocês dois! Já é de manhã, e a maioria das pessoas desta cidade tem que trabalhar. Não me interessa a vida de vocês, ou o motivo para estarem aqui até agora. Mas, o bar já fechou. E não é porque a garçonete está sozinha por enquanto, que vocês dois podem atormentá-la em seu trabalho. Olhem em volta: as pessoas estão tomando seu café da manhã para irem aos seus respectivos trabalhos. E ninguém está bêbado. A hora da farra acabou senhores, então paguem suas bebidas e deem licença!

Os dois encararam , silenciosos, se entreolharam, e resmungando grosserias para ela levantaram pagando suas contas e saíram cambaleantes do bar. Stacy a agradeceu informando que já estaria a caminho de sua mesa com os seus pedidos.
Enquanto voltava para a mesa, o jovem garçom da manhã adentrou o bar atrapalhado. Com certeza, estava atrasado. Stacy o olhou contrariada e caminhou até a mesa de . E assim que ela saiu, a sineta do bar denunciava a chegada de mais alguém.

— Que apetite, hein? — olhou para frente e lá estava Erick sorridente. — Bom dia .
— Bom dia Erick. Sente-se.
Sem muitas delongas ele sentou-se à mesa e fez seu pedido ao garçom recém-chegado. ofereceu a ele, dividir seus waffles e sem a menor cerimônia, Erick cortou um pedaço e embebendo-o de mel, o comeu. Algo estava diferente. Erick reagia como se ainda estivessem os dois na primeira semana da mulher em Forks, muito mais receptivo, muito mais íntimo. Sem falar que não parecia estranho ou constrangido por ter abandonado em casa naquela situação de perigo.

— O que houve com você ontem? — Ela disparou o analisando.
— Engraçado você perguntar, eu não lembro de nada. Não tenho a menor memória do que eu fiz ontem, só sei que acordei hoje com dor de cabeça. Devo tê-la batido em algum lugar, ou bebido muito ontem…? Não faço ideia...

Ele forçava os pensamentos em uma careta, e tentava se recordar a todo custo. perguntou a ele a data daquela manhã. Ele, mesmo estranhando o jornal à mesa, ainda assim respondeu corretamente. Ela então achou por melhor, desconversar e os dois continuaram ali tomando café juntos.

— Erick… Por que você nunca me falou absolutamente nada sobre a Bella? Você sempre soube que eu vim por ela, e mesmo assim, nunca disse nada.
— Você já deve saber que ela se envolveu com um pessoal estranho, não é?
— Sim, os Cullen.
— É. Eles não fizeram nada suspeito enquanto estiveram aqui, mas, tenho pressentimento de que não eram boas pessoas, mesmo Carlisle tendo sido um médico dedicado em nossa cidade por tanto tempo.
— Você ainda não respondeu a minha pergunta.
— Não queria ser eu, a te dar a notícia de que ela havia ido embora com eles, e deixado um rastro de mau presságio na cidade. As pessoas estranhavam os Cullen, não apenas por serem muito fechados entre si, mas, porque eles passavam algo de sombrio a todos. Sabe como é, tudo o que é misterioso e desconhecido causa espanto, e com eles não era diferente. A Bella já era esquisita, e digamos que ela não se uniu com a turminha mais popular da cidade.
— Entendo.
— Ao contrário de você.
— Não começa.
— Só uma brincadeira, sem malícias. — o olhou duvidosa — Juro, ! Eu não me importo mais com a sua paixão pelos indígenas da reserva. Desde que eu e você possamos ser amigos.

tivera vontade de dizer para ele naquele momento: “Amigos não abandonam um ao outro em um momento de perigo”, mas não seria justo. Eles continuaram a conversa e ao acabar de comer, ela se despediu. Ao caminho da loja, passou em frente a floricultura. A mesma velha senhorinha floreira, dona do lugar estava varrendo sua calçada e observou um anúncio de trabalho colado à vitrine. Pensando em Seth, ela mandou uma mensagem para ele.

“Bom dia! Venha até a cidade e passe na floricultura. Você estava querendo trabalhar não é? Estão precisando de carregador. Até mais, Lu.”

Entrou na farmácia, iniciou o sistema e ao ponteiro soar seu “tic” exato às oito horas, ela abriu a loja. Separou as medicações da população local, pois, era dia de distribuição gratuita. Não demorou muito para que a população idosa surgisse com suas receitas médicas, ávidas pelas suas caixinhas de anti-hipertensivos, antidiabéticos, medicações controle entre outros. Aquele projeto dos irmãos Hernando, de distribuir as medicações que o sistema público não podia ofertar à população era tão fantástico!
Por volta das dez e meia da manhã o movimento diminuiu. avistou Seth sair da floricultura e foi até a calçada da farmácia, a fim de acená-lo. E logo, ele foi até a amiga. Havia conseguido o trabalho e agradecia por aquilo. Seria um trabalho de meio turno, e portanto, uma ideia que já martelava em sua mente fez-se oportuna. ofereceu ao Seth outro trabalho de turno posterior como entregador da farmácia. Eles ainda não ofereciam “disque entrega”, mas já estudava que existia uma necessidade. E Seth aceitou. A amiga avisou a ele que prepararia a papelada burocrática, os anúncios com a linha telefônica e o novo serviço de entregas e assim, o chamaria para consolidar tudo.
O relógio da igreja badalou as doze horas, e já estava com muita fome de novo. Seu apetite duplicara desde que ela foi morar na reserva, e parando para pensar naquilo, decidiu que precisava voltar a fazer exercícios. Às doze horas e trinta minutos, Steve surgiu para seu turno.

— Já almoçou?
— Sim, chefe.
— Para com isso, garoto! Então, bom trabalho e qualquer coisa me liga.
— Tranquilo.
Ela voltou para o Coffee&Bar, não antes de passar no Carter’s Market. Na frente do mercado olhava, sem entrar, para o estabelecimento à procura de Scott. E não o viu, mas, fui vista por senhor Junior Carter. O senhor Carter sorriu para ela e então, a mulher se viu obrigada a entrar.

— Bom dia !
— E aí, Senhor Carter, tudo bem?
— Sim, sim! Em que posso te ajudar?
— Ah nada não, eu só vim ver se o Scott estava por aqui, e saber se ele está bem.
— Ele está bem sim. Mas, não está trabalhando hoje.
— Certo… Mande um abraço meu a ele, Eva e Peter. — já ia se retirando do local quando Junior Carter a chamou de volta:
, você não está chateada pelo quê Peter disse, não é?
— De forma alguma. Peter agiu muito bem protegendo o irmão.
— Fique tranquila, nenhum de nós te culparíamos pelos sentimentos de Scott. Ele foi avisado há muito tempo do que aconteceria e decidiu assumir o risco.
— Eu só não queria ter que me afastar dele.
— E não tem. O que a faz pensar isso?
— De certa forma, Peter estava certo. Scott pode não saber o que faz, mas, eu sei o que estou fazendo.
— Muitas coisas começarão a se encaixar agora, menina. Não se culpe por nada.
— Outra premonição, senhor Carter?
— Isso é bobeira que o povo diz…
— Tudo bem senhor Carter… Eu acredito na sabedoria indígena.

Ele olhou surpreso por ela saber de sua origem. E sorriu de canto, um pouco assustado. largou-lhe um sorriso divertido e acenou para ele, já de costas. Ao entrar no pequeno estabelecimento — que de manhã era um café e restaurante, à tarde café novamente, e no início da noite um bar — a mulher se sentou na mesma mesa da manhã, que estava vaga. E pediu ao jovem garçom o seu almoço. Erick e Scott chegaram juntos, sendo denunciados pela sineta, e olharam na direção da gerente da farmácia. Scott se aproximou, e após notar para onde ele iria, Erick acenou com a cabeça para ela e seguiu para o lado oposto. Scott beijou o rosto de e sentou-se à frente dela.

— Boa tarde, como você está?
— Boa tarde Scott. Eu estou bem, e você?
— Preocupado com ontem. O que houve?
— Do que você está falando?
— Você foi até minha casa para falar algo comigo, mas saiu antes que eu chegasse.
— Não houve nada, só estava tarde para aguardar você chegar.
— Entendo. Bem, e o que você queria conversar?
— Nada propriamente. Eu só saí um pouco para espairecer.
— Se precisava espairecer, é porque algo aconteceu…
— Eu só queria te ver Scott. Não aconteceu nada.

Ele fez um silêncio, pouco constrangedor. Ela não queria soar uma grosseira com ele, mas, após a conversa com Peter e o beijo com Jacob, não continuaria naquele jogo com o Carter. Não era justo a ele, e nem a ela. Além do mais, depois do que Peter disse, ponderou todas as vezes que mesmo sabendo do sentimento de alguns amigos, e não os correspondendo, ela continuou uma amizade com quem fosse apaixonado por ela. E todas essas ponderações a fizeram perceber que ela não sabia o quão doloroso aquilo poderia ter sido. apenas sabia que seria extremamente difícil se do outro lado fosse ela. Seth dissera aquilo. Bella, há muito tempo, dissera também. E agora ela faria diferente com Scott.

— Desculpe Scott. Não queria ser grosseira.
— Eu só quero entender se eu te fiz algo, ou se… Alguém te fez algo ontem em minha casa.
— Não. Eu só… Estive pensando e sinceramente Scott…

Stacy chegou com o almoço à mesa, e Scott contrariado, despediu-se dizendo que iria deixá-la almoçar e que eles conversariam depois. Ele não estava com raiva, só chateado. Diga-se até, triste. E isso sem ao menos tê-lo contado o que pretendia. Beijou a testa da mulher e foi sentar-se algumas mesas mais afastadas.
Ela almoçou em silêncio, e antes de sair do estabelecimento se direcionou até ele e marcou de passar em sua casa para conversarem.

! — Scott chamou antes que ela o desse as costas: — Poderíamos sair, o que você acha?
— Eu não sei Scott. Acho melhor eu só passar na sua casa.
— Somos amigos, não é?
— É… Tudo bem.
— Eu te ligo mais tarde.

Antes de retornar à reserva ela optou por dar uma volta pelos arredores de Forks atrás do seu terreno ainda não resolvido para o laboratório. Aquele amontoado de problemas que surgiam, um atrás do outro, a fizeram atrasar a construção. dirigiu entre bairros, mas não adiantaria muito fazer daquela forma, então retornou à cidade e visitou a única imobiliária local.
Após algum tempo, cerca de 40 minutos, conversando sobre o que procurava e sobre preços, condições de pagamento entre outras coisas, algumas visitas foram feitas. O corretor mostrou alguns terrenos bons, outros ótimos, e alguns extremamente fora de cogitação. “Não basta aquele elefante branco no Kalil, eu não posso deixá-lo me enfiar outro terreno ruim!”, pensava enquanto observava o terceiro terreno que o corretor lhe mostrara. Afastado da cidade, e pequeno. Ela já havia favoritado alguns, então dizendo que pensaria nas propostas e retornaria a procurar por ele, se despediu. Novamente, dirigia com intenção de procurar outras possíveis oportunidades, que talvez ele não houvesse a mostrado por algum motivo, nas regiões que havia gostado mais. E enquanto cantarolava High by the Beach, da Lana Del Rey, ela pensava em como vender sua casa mal assombrada.
A corretora da cidade não pegaria aquele imóvel para vender novamente, pois, fora o grande alívio deles saírem daquilo. teria que encontrar um comprador antes de recorrer à “Maine’s Empreendiment”. Quando deu por si, havia avançado ruas a dentro de um dos bairros, e ela nunca estivera ali. O final daquela rua não tinha saída. suspirou irritada com sua distração e deu a ré, retornando. Novamente atenta à estrada avistou uma placa à direita que dizia “Cullen’s Territory”. Então ela parou o carro à beira da entrada. Observou por algum tempo a estrada de chão que imergia-se pela floresta densa.
Má ideia! Má ideia?
Aquele era o antigo território dos Cullen. Jacob avisara que os frios poderiam estar ali. deveria pisar no acelerador e partir o quanto antes, contudo, algo dentro dela desafiava-lhe a seguir em frente. E foi o que ela fez. Como em quase todos os momentos desde que ela chegara em Forks, ali estava desafiando a morte com sua impetuosidade.
Dirigiu devagar, até chegar a um ponto final da estrada. Não havia como seguir de carro, então ela desceu. Colocou as chaves do carro e o celular em seus bolsos. Caminhou lenta e cuidadosa até uma encosta da floresta. Os pinhos desciam a encosta formando um monte retilíneo de árvores enfileiradas e decrescentes. E lá abaixo, uma mansão de vidro. Tudo inóspito demais, silencioso demais, e cristalino demais. desceu até aproximar-se da mansão. Não havia sinal de vida ali. E aquilo a preocupava muito mais do que se houvesse alguém. Sua respiração começara a falhar, ela já estava com medo. Como poucas vezes, mas de uma intensidade absurda. E então recordou-se a noite passada em que confrontou o estranho em sua casa. Por mais que tivesse percebido a estupidez que cometeu em ir até lá, não podia simplesmente dar às costas e correr de volta ao carro. Ela não conseguia.
Passos fraquejantes, olhos atentos, e seus braços envolvendo o seu tronco. Seguiu até a varanda da luxuosa casa vazia, espionando tudo por fora. Nenhum móvel. Nenhuma presença humana. Nada além de silêncio, luz e poeira. Retornou à entrada da casa e olhou mais uma vez ao redor. Não havia ninguém. subiu a encosta mais atenta e apressada do que quando cheguou ali. Ela tivera sorte. De novo. Desesperada para entrar em seu carro, ela abriu a porta e entrou. Afivelou o cinto sem dar-se o tempo que precisava para respirar fundo e se acalmar. Foi tomada repentinamente de um medo fantasmagórico e suas mãos tremiam, como se ela pressentisse que cada segundo ali era um segundo mais próximo à morte. girou a chave na ignição e ao olhar para o vidro de sua janela o avistou ao lado. Gritei de susto.
O mesmo homem estava ali lhe observando com um sorriso de canto. Ele bateu no vidro da janela dela indicando-a para abaixá-lo. decidiu que pisaria no acelerador e daria ré sem importar se aquilo seria sensato ou não. Afinal, o que seria sensato naquele momento!? Enquanto encarava os olhos escuros do homem, imaginou o que ele faria se ela acelerasse. Não seria uma boa ideia demonstrar que ela queria fugir. abaixou o vidro torcendo para ver os olhos de Jacob, mais uma vez.

— Ei docinho, o que faz por aqui? — Ele perguntou escorando-se à janela do carro assim que ela a abriu.
— Você mora aqui? — perguntou diretamente.
— Depende do que você quer.

Ele tinha um ar displicente e autoconfiante. Encarava os olhos dela como se estivesse a decifrando. Embalava-a à se deixar totalmente entregue. Algo magnético e inexplicável.

— Não é como se eu estivesse invadindo a sua casa para ficarmos quites.

disse irônica na busca de se acalmar e soando amigável pediu desculpas. Ele sorriu fraco sem perder o contato visual com ela.

— Em quê eu posso te ajudar?
— Bem, me disseram que esta casa estava vazia e abandonada. Decidi dar uma olhada antes de ir à corretora.
— Você curte um lugar mais ermo, não é?
— Na verdade não seria para morar.
— Hum… E o que seria? — Ele perguntou com genuíno e sedutor interesse. — Desculpe, por mais que você tenha invadido a minha casa e tenhamos respirado quase a respiração um do outro ontem, eu não acho que deva compartilhar a minha vida pessoal.
— Eu gostei muito de você. — Ele disse respirando profundamente, e aqueles olhos negros hipnotizantes não desviavam-se dos olhos dela — A casa está, mesmo, abandonada. Estou passando uns dias aqui.
— Sabe, tem uma corretora na cidade.
— Eu sei, gracinha. Mas, eu gosto deste lugar. Cheguei há pouco na cidade e ainda não tive tempo de procurar um trabalho ou uma moradia.
— Um estranho na cidade que invade casas abandonadas.
— Me desculpe por ontem, mas a sua casa me pareceu mesmo abandonada. — Eu não costumo viver mais lá.
— Hum… Isso explica a sua ausência... — Ele comentou como se estivesse ciente daquilo há algum tempo.
— Por que invade os lugares em vez de se estabelecer logo?
— Eu sou um aventureiro. Contudo, acho que minha estadia por esta cidade será mais permanente do que o planejado.
— Entendo… Bem, boa sorte.

girou a ingnição do seu Mustangue e preparou a marcha, enquanto o estranho se afastou ainda sorrindo a encarando. Ele deu passagem para que ela desse partida, e sem hesitar, ela saiu dali atenta ao redor. O misterioso homem observava-a parado, e enquanto o encarava pelo retrovisor, ele dera às costas e seguiu em direção à mansão. E até o jeito como ele andava era inebriante. Ela estava pálida. E como todos na cidade faziam questão de afirmar, aquela não era a sua cor.
Na reserva, Leah roía suas unhas, nervosa, sentada à entrada de sua casa. E veio andando na direção do carro de quando notou, que algo havia acontecido. desligou o motor e recostou-se no banco do motorista. Respirou dez vezes, entre inspirações e expirações concentradas. Não queria abrir os olhos, mas ao fazê-los, lá vinha Leah com ar sondante à frente do carro, então ela desceu.

— Aconteceu alguma coisa ?
— Não, só não estou me sentindo muito bem.
— Você está pálida! E seu pulso acelerado — Ela disse ao tocar os punhos da mulher: — Vamos, vou te examinar.
— O quê?
— Esqueceu-se que sou uma médica quase formada?
— Totalmente.

As duas serguiram para a casa de Sue, e após um copo bem cheio de água seguido por uma dose de café — que Leah não recomendava, mas não obedeceu — elas se sentaram à sala da cabana para conversar.

— Onde estão todos?
— Minha mãe foi fazer “sei lá o quê” com a Emy. Seth está trabalhando, como você já deve saber. Embry foi dar uma volta na praia e o resto não faço a menor ideia, até porque não sou babá de ninguém.

Ela roía as unhas novamente.

— Certo. Quer falar sobre este humor?
— Quer falar sobre seu súbito mal estar?
— Não pergunto mais. Já entendi.
— Desculpe índia branca… — Leah disse acariciando sua testa e suspirando pesado: — Seth contou para nós sobre o ocorrido de ontem e o que Jake descobriu.
— Ah, entendi. Está preocupada com os frios também, não é?
— Não. Na verdade não. Mas, já que tocou no assunto, eles também estão me deixando extremamente irritada! Que droga! Enquanto eles não forem exterminados, nós não poderemos ser também!
— O quê?

Ela me encarou confusa, nervosa e um pouco… Chorosa.

— Eu não costumo falar dos meus sentimentos, mas você já compartilhou tanta coisa conosco…
— Sabe que pode confiar em mim Leah, eu não vou falar a respeito com ninguém.
— Eu escolhi fazer medicina porque acredito que posso reverter este “dom” que nós temos.
— Sério? Eu achei que você não se importasse.
— Nenhum de nós gosta exatamente de ser o que somos ! É horrível compartilhar todo pensamento com uma matilha, esta ligação que temos nos impossibilitando de sermos livres…

A amiga fez sinal para que ela continuasse a falar, mesmo que não entendesse.

— Se um lobo deixa a matilha, ele é um lobo sozinho. E acredite… Não é algo bom. Assim como não é bom, estar preso num poder sobrenatural que te impede de viver uma vida normal. São tantas coisas… E antes, quando decidi que faculdade faria, ainda tinha o maldito imprinting que não surgia. Então eu volto para cá, porque ele finalmente havia acontecido, com esperanças de conseguir me encaixar nisso tudo e… E aí o meu imprinting se transforma num lobo muito mais fora de controle e nada mais é garantido.

Lágrimas fracas escorreram dos olhos de Leah. Sua pose ainda era a mesma pose de loba corajosa e insensível. Um contraste admirável. E por saber que, ela não era do tipo que demonstrava fraqueza, optou por não tentar consolá-la, servindo apenas de ouvidos dispostos.

— Tenho estudado tanto, e quando eu começo a enxergar uma saída veio esta transformação do Embry!
— Espera… Você conseguiu uma espécie de cura?
— Não posso afirmar nada. Eu ainda nem testei. E nem posso contar aos outros na reserva, porque eles acabariam comigo. Com toda certeza, a posição de alfa do Sam não seria sensível às minhas razões. Eu pretendia testar em mim, mas, após tudo o que veio acontecendo eu não sei se estou pronta para ser uma pessoa comum, caso dê certo.
— Leah! Isto é fantástico! Quero dizer… É uma descoberta fantástica!
— Eu sei. Mas, não é nada certo, pois ainda não tive resultados. São teorias. Estudos. Que penso em deixar de lado por um tempo.
— Entendo… Deve ser bem difícil lidar sozinha com tudo isso.
— Pior é esconder o assunto. Eu não tenho privacidade de pensar no assunto quando estou aqui , porque a proximidade com os outros pode fazer a conexão revelar meus pensamentos.
— Espera… Eu achei que vocês pudessem ter domínio sobre os seus pensamentos.
— E temos. Mas, Sam tem um pé atrás maldito comigo desde que o enfrentei há muitos anos.
— Eu já notei que vocês não se dão muito bem.
— Já passou da hora de Jake assumir suas responsabilidades também!
— O que ele tem a ver com tudo isso?
— Jake é o alfa por herança. Mas desde que Sam assumiu, ele não mencionou tomar seu posto. Só que quando o assunto é do interesse dele, ele não se importa de ir contra as decisões de Sam.
— Nossa quanta confusão. Até eu que sou normal já estou exausta.

Leah riu baixinho ao observar o semblante cansado de e esbarrando, fraco, no braço da amiga advertiu que ela não tinha mais o direito de fugir deles, causando um risinho entre elas.

— Mas, eu volto em breve para Seattle retomar meus estudos e até lá poderei decidir como agir. Se não fossem os frios a voltar agora, eu testaria em mim e voltaria para salvar os outros.
— E se eles não quiserem?
— Eu salvaria pelo menos, o Embry.
— E se ele não quisesse?
— Ele quer.
— Acredito que sim. — pensou em como realmente aquela parecia ser uma decisão em conjunto entre Leah e Embry, diante todas as dificuldades que os dois haviam passado enquanto vestiam aquela pele selvagem — E Leah, quando você parte?
— Daqui há uma semana.
— E como o Embry está em relação a isso?
— Não sei, quando contei ele apenas disse: “vou dar uma volta na praia”.
— Era o Embry mesmo, ou o Jacob? — as duas riram novamente.
— Verdade! É bem mais o tipo do seu lobo fazer isso.
— Ele não é meu lobo, para com isso.
— Nem mesmo depois do beijo de ontem?
— O quê? — recordou-se que Seth não guardava segredos e riu.
— Quando pretendia me contar, sua idiota?
— Não sei… Nós não estamos lidando com isso… Quero dizer, depois do beijo não tocamos no assunto. Fomos dormir e eu ainda não o vi hoje.
— Qual é!? Vocês não vão ficar fazendo jogo depois de tanto tempo, não é? Assumam de uma vez estes sentimentos!
— É só que, talvez, seja mais prudente irmos com calma.
— Mais calma do que vocês já vem tendo?

Leah a encarava desacreditada.

— Bom, eu não posso ir direto ao assunto. Foi o Jacob que me impusera vários tempos, pausas e distâncias! Lembra?
— Tá! Mas, pelo que eu pude entender, ele finalmente se declarou para você e no mesmo dia te beijou! Eu acho que ele está tentando recuperar as chances que vocês jogaram fora, não é?
— Pode ser, mas, eu quero tudo muito claro a partir de agora. Tudo muito bem definido.
— E termine logo com o Scott Carter!
— Nós não temos nada.
— Sim, eu sei. E você vai deixar claro que não terão.
— Eu já faria isso de um jeito ou outro. Vamos sair hoje e vou fechar os parênteses abertos.
— Certo. Então vamos! Você se resolve com Jake, e eu vou atrás de Embry.

Leah puxou do sofá. Perguntou se ela se sentia melhor e depois que a amiga afirmou, elas sairam. Black saía de sua cabana e, ao ver ao lado de Leah sorriu como poucas vezes tinha feito. Segurou na cintura dela após eles se aproximarem e a beijou. Leah soltou um falso uivo, zombando em comemoração. sorriu sem graça, e depois de acariciar seu rosto, Jacob mandou Leah calar-se. Ela advertiu-o que havia chegado se sentindo mal, e desceu em direção à praia.
Black e ela se sentaram no banco de carvalho à trilha de descida da praia.

— O que você tem?
— Relaxa, foi só um mal estar. Nada preocupante.
— Tem certeza?
— Tenho.

apoiava os cotovelos em seus próprios joelhos, enquanto rabiscava o chão com um graveto que encontrou.

— Aconteceu alguma coisa, Mani? — Jake perguntou preocupado e cauteloso.
— Relaxa Black… Estou pensando em algumas coisas que fiz hoje.
— Que seriam…?

o encarou desconfiada por tanta curiosidade dele. Sem esperar que ela mencionasse qualquer pergunta, Black esclareceu:

— Estou tentando participar mais do seu dia a dia.
— Mais? Por quê? — riu divertida.
— Você se incomoda com isso?
— Só estou curiosa.
— Bem… Nós já somos amigos. Amigos com alguma intimidade. E… Eu consegui me declarar ontem, e pensei que… — Ele se enrolava nas palavras quase inaudíveis.

Parecia doloroso para Jacob admitir que queria estreitar mais os laços. Abria a boca tentando pronunciar algum balbuciado, sacudia a cabeça em negação com aquele sorriso contrariado. Há tanto, tanto tempo não o via agir daquela forma, que ela não poderia deixar de aproveitar um dos primeiros trejeitos de Black que a encantara quando o conheceu.

— Droga, Mani…
— Pensou que devíamos estreitar os laços ainda mais?
— É. O que você acha?
— Isso significa o quê?
— Que nós… Poderíamos — novamente o trejeito de homem tímido ou impassível — Namorar?
— Jacob Black. Você está me pedindo em namoro? — sorriu involuntariamente.
— Eu não sei.
— Não sabe? — a mulher indagou, confusa.
— Eu deveria?
— Merda Black, você não pode dizer algo assim e perguntar se deveria depois! O que você quer?
— Eu quero ficar com você. Pra sempre. Mas, depois de tudo o que aconteceu entre nós eu não sei se você…

interrompeu Jacob Black beijando-o. Ele não sabia como fazer algo que ele queria e ela também.
— Somos namorados, agora. Pronto. Facilitei para você, ok? — disse o encarando mandona.
— Tá bom. Acho ótimo! — Jacob sorria solar, com seus olhos ficando pequeninos.
— Céus… Você voltou a ser um adolescente cheio de espinhas?
— Sua idiota.
— Idiota?
— Uma linda idiota.
— Certo, agora somos namorados mesmo.
— E eu nunca tive espinhas, só para você saber.

Eles riam divertidos, e sem se conter, Black a beijou de novo. E poderia ficar ali, aproveitando o carinho de Black se não fosse o seu celular tocando em seu bolso.

— É o Scott.
— O que ele quer?
— Talvez dizer a que horas vai vir me buscar.
— Como assim?
— Preciso resolver umas coisas com ele.

Jacob não sabia disfarçar o ciúme, assim como ela, mas compreendia que era uma decisão que cabia só a ela, com quem e quando se encontrar com alguém. e Scott combnaram um horário para se verem, e depois ela e Black ficaram juntos sob a árvore abraçadinhos como dois pombinhos. Um pouco depois, Embry e Leah voltaram aparentemente bem um com o outro. Black fez questão de contar para eles que, agora sim, ele e eram um casal. E Leah tratou de ordenar aos dois que já poderiam dar os anéis de compromisso delas, que por sinal, estavam atrasados. negou com a cabeça para que Jacob não se preocupasse com aquilo. E ele apenas sorriu a abraçando de lado. Embry e Leah se retiraram e Black e continuaram conversando ali. Então ela o contou sobre a saga com os terrenos, mas não tocou no assunto da mansão dos Cullen. E não contaria enquanto vivesse. Jacob era capaz de trancá-la no galpão para sempre.
Mais tarde, antes de sair com Scott, terminava de prender seus cabelos e então Jacob começou a sondar sobre qual assunto, ela e Scott tratariam. E deixando bastante claro a ele que, não haveria razões para desconfianças sobre ela ou Scott, se despediu. Antes que ela saísse, Black explicou que não desconfiava de nenhum deles, e que o hábito de sentir aquele ciúme desnecessário sumiria. Que ele se esforçaria para não ser um “idiota maníaco”. Palavras dele. o beijou sorrindo, e saiu.
Scott e ela, retornaram à tribo de seus avós. Ele não abriria mão da amizade com e deixou muito claro aquilo. Contudo, ela fez questão de que o melhor era se afastarem por um tempo. Scott não aceitava. Disse que não era nenhum adolescente imaturo. Sabia separar as situações, e que seria infantil da parte dela, deixar de vê-lo ou sair com ele por achar que o iludiria. E então o contou que estava namorando Jacob. E Scott, a surpreendeu:

— Você acha que eu não esperava por isso, ? Óbvio que eu já havia sacado seus sentimentos pelo Jake. Por que acha que evitei aquele beijo no nosso último encontro?
— Desculpe Scott. Eu só não quero que você sofra ou se magoe.
— Não sei o que Peter ou meu pai, ou minha mãe te disseram. Mas, eu não sou criança. Sei me cuidar.
— Desculpe de novo Scott, não queria te ofender.
— Não precisa se preocupar. Eu sei lidar com um fora, mas e você ? Vai saber lidar com nossa amizade?
— Claro que vou. Se não for ruim para você, não será para mim.

Ela sorriu e Scott também sorriu tímido e eles se abraçaram.

— Vamos. Vou te deixar em casa, já está ficando muito tarde para perambular por aí.
— Por quê?
— Tivemos dois ataques ontem. Os policiais de Forks estão muito assustados com as proporções dos ataques, como há muito tempo não ocorria. E recomendam que os cidadãos evitem sair à noite até que eles tenham controle do que vem acontecendo.
— Não sabem ainda o quê vem atacando?
— Não tocam muito no assunto, mas, você bem que poderia perguntar ao seu pai delegado e me contar.
— Claro! — concordou, sorrindo e batendo em sua própria testa.

Ela saiu do carro de Scott e Billy estava em sua varanda. no entanto, estranhou aquele fato, porque habitualmente ele se recolhia cedo — quando não ocorria algo que o impedisse — e também por seu semblante preocupado.

— Boa noite Billy!
— Boa noite . Divertiu-se?
— Como sempre quando Scott e eu saímos. Foi bacana colocar a situação em pratos limpos com ele também.
— Hum… Então agora é sério, uh?
— É sim. Não foi um pedido de namoro típico, mas… Nós estamos falando do seu filho, não é?

Billy apenas sorriu assentindo positivo e, embora tenha tentado arrancar alguma informação dele, não foi possível. Notando que ele preferiria ficar a sós, ela se despediu, e quando já estava na sala, algo martelou em sua mente fazendo com que ela voltasse até ele.

— Billy?
— Sim? — girou-se em sua cadeira para encará-la.
— Algo o incomoda nessa minha relação com Jacob? Quero dizer… Você sempre deixou claro ser a favor, mas, gostaria de saber se algo o fez mudar de ideia.
— De forma alguma. — Ele sorriu sereno — Eu só tenho a agradecer o bem que você faz ao meu filho.

assentiu outra vez, e com um sorriso tranquilo o deixou. Passou pela sala, risonha, e voltou passos atrás ao perceber que não havia um Jacob dormindo no sofá. Então sua cabeça girou. Ela ponderou inúmeras vezes se entrava ou não no quarto. Teve medo de encontrar Black dormindo na cama. Por mais que já tivessem dividido-a, agora era diferente. Eles já eram assumidamente um casal, e com isso não teriam motivos para pudores que antes limitavam suas ações. Apesar de ser impetuoso, Black jamais passaria a linha do consenso. Disso ela tinha certeza, e não temia pelas ações dele, mas sim, pelas suas. Entretanto, ela poderia entrar e se deparar com Black acordado, apenas aguardando-a chegar. E confiando nisto, entrou ao quarto. Jacob dormia. Deitado de lado, com um dos braços passando por cima dos olhos.
pegou um pijama de frio, premeditado. Pé por pé se movimentou pelo quarto, e foi tomar um banho rápido. E bem rápido mesmo. Apenas para relaxar e trazer o sono, como ela estava acostumada a fazer.
Durante os três minutos sob a água quente, conciliava as lembranças recentes de Black e ela, com os planos futuros. Longe dela imaginar os dois com lindos pirralhos correndo pelo pátio da reserva, ou os dois com idade avançada compartilhando a varanda de sua cabana. Não que ela não quisesse, mas, seus pés tocavam o chão quando se tratava de relacionamentos. Black havia sim, feito com que alçasse alguns voos insanos numa relação que existia só em sua cabeça. A mulher havia passado pelas fases do encantamento, do apego, da desilusão, da posse, e enfim da realidade: reconheceu o quão ela cobrava dele sem terem tido uma conversa significativa. Contudo, sempre houvera o interesse, mas, interesse não é o suficiente para que exista algo. É necessário diálogo e decisões. Somente após Black contar abertamente que a amava, pôde entender que a decisão já existia, além do interesse.
Então, lá estava ela no banho fazendo planos para os dois para o dia seguinte, para aquela semana, para aquele mês. Apenas. Um passo de cada vez. vestiu-se e saiu em direção ao quarto, e de mansinho se preparou para dormir. A janela do quarto estava aberta e o luar alto iluminava parte do cômodo, deixando uma penumbra gostosa. Em frente ao guarda-roupa ela observou Black deitado à cama na exata posição de antes, não havia se mexido em nada, e ela estava ansiosa. caminhou calma até a janela do quarto o analisando por inteiro. Uma brisa mansa bateu em seu rosto, ela rescostou-se ao parapeito da janela e conversou com a Lua. Uma atividade mental, uma brincadeira que gostava de fazer às vezes. O farfalhar baixo das folhas lá fora... A pouca luz prazerosa daquele quarto... O vento geladinho. E ele, Jacob Black, deitado ali, finalmente totalmente dela... poderia se aninhar em seu abraço quente sempre tão contrário ao clima da noite, sem medo do que alguém iria pensar ou de como ele reagiria, ou ainda, sem medo de abalar ou não a sua amizade com ele. Agora ela poderia se aconchegar em Black como tanto esperou. E com o bobo sorriso do amor nos lábios, foi até ele.
Levantou a colcha que o cobria, e como uma pluma tentou se colocar ao seu lado. Porém, ela não era tão delicada quanto gostaria. O que era surpreendentemente contrário ao Jacob — aquele homenzarrão bruto conseguia ser mais imperceptível do que ela com seus poucos, um metro e sessenta de altura. Ele se movimentou um pouco com a presença dela e o olhou com cara assustada, pois não queria o acordar. Jacob abriu os olhos devagar e ao notar que era ela, a abraçou. Sorriu fraco, e beijou seus cabelos sussurrando sonolento em seguida:

— Minha Mani…
— Meu Black.
Respondeu ela, dando-lhe um selinho carinhoso. Ele dormiu novamente, e até pegar no sono ficou encarando cada traço de seu rosto, tão pacífico ali. Afundou-se em seu pescoço para sentir seu cheiro. Com aquele abraço seguro e quente, não demorou para que ela adormecesse também.
Amanheceu um dia solar lindo. E estranhava, mas se esperançava com aquele presságio de felicidade. Beijou a ponta do nariz de Black, antes de se levantar. Billy estava na cozinha, quando ela surgiu já preparada para o trabalho. Jacob não demorou a acordar e se juntar ao café da manhã. Billy os admirava com um sorriso farto, e comentou o quanto estava feliz por eles, e o quanto Black e ela tinham o encaixe perfeito. O casal sorriu para ele, e enquanto terminava seu gole de café, Jacob beijou sua bochecha saindo apressado.
lavou a louça da manhã, em seguida se despediu de Billy. Encontrou Jacob com sua camionete — que ela mal reparara na noite anterior, estava carregada de encomendas para entregar — e ele, recostado à porta dela gritava para que Seth se apressasse. Seth pegara as chaves de uma das motos de Jacob para ir trabalhar. E Black, sem delongas as jogou no ar para ele dizendo: “É sua agora, você vai precisar. Se vire com sua mãe!”. Seth estava só sorrisos e agradecimentos aos dois: ao Jacob pela moto, e à pelo trabalho que seria álibi para aceitar aquele presente. Eles riram do jeito moleque do amigo mais novo, com os olhos brilhantes se apressando em sair com a moto. Black e se beijaram antes de entrar em seus respectivos automóveis e seguir para os respectivos afazeres.
abriu a farmácia e procedeu com o ritual de rotina. Enquanto fechava o balanço do mês para entregar o relatório aos irmãos Hernando; a corretora a telefonara, indicando novo terreno que poderia lhe interessar. Ela já havia escolhido alguns favoritos, mas, perguntou algumas coisas por curiosidade. E por fim, não se interessou. Antes de finalizar, perguntou se eles intermediariam a venda da sua antiga casa, apenas por curiosidade também. Devido aos recentes ataques no Kalil, e todos os problemas já conhecidos, não conseguiu.

— Mas, eu reformei a casa e entendo que o momento não é de valorização pela região, contudo, acredito que o preço ainda é maior do que foi vendido a mim pelas melhorias feitas recentemente. — Ela argumentava na ligação.
— Senhorita , infelizmente não estamos num bom momento para investir num negócio ali, e, aquela casa com melhorias ou não pertenceu à nossa corretora e fora um negócio muito demorado de ser feito. Se a senhorita não tivesse surgido, provavelmente ainda estaríamos encalhados com a casa.
— É eu sei, vocês deveriam ter me avisado dos riscos antes de me vender um elefante branco não é? Eu não deixaria de fazer negócio com vocês, pelo contrário, admiraria a franqueza. Mas… Agora preciso de novos serviços e infelizmente não temos outra corretora na cidade. Obrigada pela atenção.

Ela desligou a chamada muito irada com aquele breve diálogo. Não bastasse terem lhe enfiado aquele mau negócio, ainda deixavam claro para ela que o negócio que ela fez fora péssimo! Erick surgiu notando seu humor irritadiço.

— O que a deixa com este bico, logo cedo? — Ele beijou a testa dela em cumprimento:— Bom dia.
— A maldita corretora que me enfiou aquele mausoléu! Aliás, você acompanhou minha chegada! Poderia ter me alertado de muitas coisas, não é? — o repreendeu com as mãos na cintura e logo se acalmando sorriu: — Bom dia, Erick.
— É, eu poderia. Desculpe por isso.
— Como estão as coisas?
— Voltei com a Jessica.
— Bom saber, assim me preparo para quando ela aparecer aqui segurando o troféu.
— Deixa disso, ela é só um pouquinho difícil.
— Sim, vocês são um ótimo casal.

Erick fingiu estar ofendido enquanto ria.

— E você e o Scott? Eu ia falar com você ontem, mas ele parecia bem interessado e ansioso.
— Somos apenas amigos.
— Não é o que a Daniela costuma dizer.
— Outra louca. Vai acreditar no que eu digo ou no que ela diz? Posso garantir que sei mais da minha vida, do que ela.
— Certo, se você diz…
— Scott andou interessado em mim, sim. Mas, somos só amigos. E estamos muito bem com isso.
— É… Parece que os caras da cidade não tem chance com você, mesmo. E o tal Embry? Ainda está com ele?
— Não, há muito tempo.
— Sei…

observou a reação de Erick, e era notória a sua curiosidade.

— Você está morrendo de curiosidade, né?
— Como assim?
— Quer saber se eu estou envolvida com Jacob.
— Oras ! Veja bem se eu tenho cara de Maria Futriqueira!
— Certo.

Um breve silêncio e ela começou a rir prevendo que ele perguntaria.

— E então, está ou não?
— Estou. Começamos a namorar recentemente. E estamos muito felizes, obrigada.
— Bem, felicidades. Fico contente em saber que está feliz, claro que, eu aceitaria melhor se fosse o Carter, mas…
— Mas, você não tem que aceitar nada. E tem que trabalhar, antes que sua namorada venha me importunar.

Eles sorriram com o expulsando e Erick logo saiu. Depois de tudo, aquela amizade seguia tranquila, e ele sempre que podia passava na farmácia para trocar algumas palavras com ela. Após a saída dele, foi bater os documentos de contratação de Seth. Avistando Seth na cidade, o chamou na hora do almoço para comerem juntos e pediu para que Seth lesse os contratos com calma, e entregou-o os papéis. Ele sorriu muito animado. Faltava pouco para finalizarem o almoço quando Seth, sem graça, acabou de beber seu suco, pedindo:

… Você tem um tempo antes de ir embora?
— Você sabe que sim. O que houve?
— Paige. Me telefonou dizendo que quer conversar comigo.

A mulher parou de mastigar e o encarou atenta. Engoliu a comida antes de beber um gole de suco, e abandonar seu prato vazio para conversar com Seth dedicadamente.

— Você não quer falar com ela?
— Não. Na verdade, eu só não quero estender esta história. Sabe, eu gosto da amizade da Paige, mas, não é possível que sejamos amigos.
— Por causa de?
— De mim. Eu me conheço o suficiente para saber que não tenho maturidade para isso, e só irei me torturar ainda mais. Além de brincar com os sentimentos dela.
— Seth… — riu admirada — Se tem algo que você tem, é maturidade.
— Obrigado por reconhecer, Lu. — Ele sorriu pegando sua mão carinhosamente — Mas e aí, o que eu faço?
— Eu acho que você deve conversar com ela sim. Evitar o problema não o faz se resolver. Ela tem algo a dizer, e dependendo do que for, você vai dizer exatamente o que está me dizendo.
— Mas … O problema é que eu não confio que eu vá conseguir dizer alguma coisa. Eu não paro de pensar naquela noite.

Seth sussurrava, de modo quase desesperado. E embora engraçada situação, queria não rir.

— Olha só: isso é natural. Mas, o maior passo você já deu. Reconheceu que não sente algo pela Paige, e sim pela imagem de Anna que ela o faz lembrar. Então, se recorde de tudo o que conversamos. Até mesmo, das suas colocações a respeito de Scott e eu. Você não pode embarcar numa relação assim, e sabe disso, e melhor: você não quer isso. Não tenha medo dos seus desejos. Você os conhece e sabe que não esqueceu aquela noite, não por Paige, mas por Anna.
— Você é tão sensacional… Eu sabia que você me ajudaria a esclarecer minha mente! — Ele ouvia a tudo atento e sorridente — Jake é extremamente sortudo.
— Acredite, a garota que ter você também será.
— Te amo, lobinha! Como a irmã perfeita que a chata da Leah não conseguiu ser.
— Não fala isso, garoto! — deu um peteleco na testa dele.
— Estou brincando, mas sim... — Ele gargalhou — Você é uma irmãzona que ganhamos, Lu!

Diante aquela declaração tão carinhosa de Seth, não se conteve. Ela levantou e o puxou para se levantar também. Abraçou Seth, apertado, sendo retribuída. E de abraço lateral, eles encaminharam-se ao caixa para pagar as refeições. Seth pegou sua moto e foi para a reserva. Os meninos ainda trabalhavam na construção da cabana e logo estaria pronta, portanto, Seth queria ajudar o máximo que pudesse. E , afirmando que chegaria logo mais, foi à corretora.
Havia decidido qual o terreno compraria e precisava conversar sobre as condições de pagamento. Com as dúvidas retiradas, o próximo passo fora dado: buscar um comprador para sua casa. Deixou avisado em algumas lojas da cidade que venderia o imóvel. E por mais que ela soubesse que aquilo nada adiantaria, não custava avisar.
Uma das lojas em que foi, era a “House’s Montain” onde eram vendidos os artigos esportivos para os turistas. Seu foco era vender para alguém de fora. E aquilo até lhe parecia muita sujeira porque ninguém deveria viver ali, mas, o que ela faria? caminhava em direção ao seu carro, quando o homem misterioso do outro dia, surgiu saindo da corretora.
“Então ele, realmente, decidiu ficar?”, ela pensou. Aquilo seria um problema. E na indecisão de entender se aquilo era um problema ou não, percebeu o quão distante parecia a ideia dele ser um vampiro. Não havia lhe atacado. Estava andando à luz do dia tranquilamente. E para uma leitora de Lord Byron, aquilo era estranho. Não era aquela a imagem que ela tinha de um vampiro, e nem mesmo era a imagem que ela leu na internet sobre “os frios”. Por mais insano que parecesse pensar que Jacob houvesse se enganado, algo não se encaixava. então, decidiu tratar aquele homem como um andarilho invasor de obras abandonadas que passaria uma estadia em Forks. Decidiu também que pesquisaria mais sobre os frios.
Ele atravessava a rua após conversar com o corretor na calçada da loja, o observava de dentro do seu carro. E ele, como se soubesse disso virou bruscamente seu rosto em sua direção. Os olhares deles se cruzaram. Ao encarar seus olhos tão ferozes daquele jeito, um arrepio passou pela coluna da bióloga. deu partida no seu carro saindo do alcance visual dele. Que sensação absurdamente desconfortável aquele homem a causava. Perturbador estar próxima dele, mas, ao mesmo tempo, atraente. E com esta atração descontrolada, deu a volta com o carro indo até ele.
O que ela estava fazendo? Era como se não fosse ela dirigindo! Sua cabeça dizia uma coisa, seu corpo fazia outra. Então bruscamente, freou. Nada entendeu, mas ela tinha o controle dos seus passos, entretanto, por que era tão tentada a ir até ele? O homem, sorriu sarcástico subindo em sua motocicleta. Ele sabia que ela se aproximaria dele, e , com o carro lento parou ao seu lado. Ele ajeitava suas luvas, e olhou para o lado encarando-a pela janela do carro.

— Ei docinho. Você de novo?
— Decidiu ficar na cidade?
— Isso a deixaria feliz?
— Depende. Se você estiver interessado em comprar um imóvel.

Ele passou a língua pelo lábio inferior, e ao ouvir a fala dela parou a língua num gesto entre os dentes. Cada movimento dele era cautelosamente lento, e os olhos da mulher percorriam seus gestuais, ávidos. O homem encarou imóvel, com olhos semicerrados, indagativos.

— É. Eu estou sim.
— Gostou da minha casa?
— Você vem junto com ela?
— Eu não estou interessada em estreitar mais a nossa comunicação.
— Não é o que tem parecido.
— Foi você que apareceu no meu território.
— E desde então você tem aparecido nos meus. — Ele rebateu.

silenciou. Era totalmente coerente para ele pensar daquela maneira. Com uma mão pousada no volante, e o braço na janela, desviou o olhar para a frente. Tamborilou os dedos no volante de seu carro e soltou de uma só vez:

— Escuta. Eu quero vender aquela casa. O lugar é ermo, como você mesmo dissera e ninguém na cidade se interessa. Eu irei a uma corretora em outra cidade, mas, você chegou agora e não custava te oferecer, principalmente porque eu quero vender logo.
— Quanto quer pelo imóvel?
— 60 mil. Eu reformei ela recentemente. E você não vai encontrar uma casa pela Maine’s Empreendiment com um valor desse, e em boas condições.
— Por que quer vender? Tem algum problema na região?
— Além de eu estar afastada de tudo? Eu moro com meu namorado, agora. E também preciso do dinheiro.
— Eu posso dar uma olhada?
— Você já não conhece o imóvel? — disse irônica.
— Não o suficiente para comprá-lo.
— Certo. Quer ir agora?
— Eu te sigo.

balançou a cabeça positivamente, e dirigiu até a sua casa antiga. O que ela estava fazendo? Só poderia ter perdido a sanidade em acompanhar aquele cara, até o Kalil — o cemitério inóspito.
Estacionou na entrada, pegou as chaves em sua bolsa e logo o estranho apareceu atrás dela em sua varanda. Encostado no batente da porta, de frente a ela, o homem a encarava de cima a baixo aguardando-a abrir a porta.

— A propósito, eu me chamo Mark. — disse estendendo sua mão.
. — respondeu pegando sua fria mão e entrou.

Ele entrou em seguida, e ela mostrou todos os cômodos para ele. O medo palpitava em seu peito junto às batidas de meu coração. Os dois retornaram à sala, após ela mostrá-lo o quintal dos fundos.

— E aí, Mark? O que achou?
— É… A quem devo fazer a transferência?
— Direto e decidido. — sorriu desafiadora — Gosto disso!

pegou um papel, e anotou seus dados bancários. Ela sabia, na verdade, ela pressentia que aquele negócio deveria ser feito para ele desde o momento que o viu sair da corretora. E não sabia explicar de onde aquela certeza vinha. Esticou-lhe as anotações, ele as pegou e leu.

— Fará um bom negócio Mark. O lugar é ótimo para alguém como você.
— Alguém como eu? — perguntou se aproximando e pôde reviver a cena do outro dia, com os olhos invasivos dele a centímetros dos seus.
— Sim… — sussurrou ela, paralisada — Alguém desprendido.
— Claro.

Se afastou lento até a mesma mesinha onde fizera as anotações, e rasgando um papel do bloquinho, anotou seu telefone. Voltou predador até ela, que ainda se mantinha estranhamente paralisada e depositou o papel dobrado na palma de sua mão.

— E o seu namorado? Não vai me perseguir de novo, por causa disso, não é?
— Não, até porque ele não precisa saber disso.

Mark se aproximou ainda mais do rosto de , a encarando profundamente nos olhos. Colocou uma mexa do seu cabelo para trás, e acariciou o rosto da mulher, sorrindo com sarcasmo:

— Um segredinho nosso?

manteve-se em silêncio, sentia que queria sair correndo, mas algo não deixava.

— Acho que vamos nos dar muito bem.

E dito aquilo, ele se aproximou mais numa tentativa de a beijar de novo, mas reuniu suas forças e o empurrou. Com toda a força que ela tinha, conseguiu se mexer naquele ato rápido de impedi-lo.

— Vamos embora! Eu vou aguardar a compensação do dinheiro em minha conta e aí esvazio a casa.
— Como quiser.

Eles saíram, trancou a casa e entrou ao carro apenas acenando séria para ele. Deu a ré e pegou a estrada na direção oposta. Afundava o pé no acelerador. Havia deixado uma garrafa de água no seu carro ao lado do carona, pegou-a e embora quente bebeu todo o líquido. passou da entrada da reserva, estava tão nervosa que queria dirigir somente. E não poderia voltar para casa naquele estado de pavor. Mark não mexeu nenhum pouco com seus hormônios. Ele mexia com um instinto muito pior: o instinto de sobrevivência. Era horrível a sensação de não conseguir se defender quando estava próxima dele. Na verdade, percebeu que tinha medo de Mark. Então por causa de quê, ela era tão atraída até ele?
Estava quase na saída de Forks, quando avistou o galpão onde seria a oficina de Jacob. Fechado. Um homem saía por uma portinhola lateral. parou ali, se recordando o dia que Jacob a mostrara o lugar antes do seu passeio de moto. Recordou que ela havia pensado em pagar o conserto de seu carro, investindo na reforma com ele. Então, ela desceu do carro e o velhote gordo que passava um cadeado na pequena porta parou o que fazia, a olhando curioso.

— Boa tarde. Este imóvel pertence ao Jacob Black, certo?
— Sim. Algum problema?
— Não, não. Ele me falou deste lugar, eu sou namorada dele.

“Eu sou namorada dele”. Um sorriso imenso quis se formar em seu rosto ao dizer aquilo, mas ficou apenas no seu interior, pois, o velhote a olhava desconfiado. E não era pra menos, Jacob Black não tinha uma namorada, ou não apresentara nenhuma para ninguém.

— Ele me pediu para vir olhar o lugar para ele por um tempo.
— O que houve com a reforma que iria ser feita? Achei que já estaria quase pronto.
— Ele parou. Na verdade, pelo tempo que tem, já teria até mesmo inaugurado e estaria em funcionamento agora.
— Há quanto tempo o senhor tem olhado o galpão?
— Já faz alguns meses, moça. E se a senhorita me dá licença, eu preciso ir.
— Tudo bem, não quero o atrapalhar. Obrigada.
— Disponha.
— Ei, o senhor vem com qual frequência?
— Desculpe moça, mas, eu não a conheço e o senhor Black é um pouco sistemático…
— É eu sei, afinal, como eu disse eu sou namorada dele. Não se preocupe. Eu só quero dar procedimento às reformas, mas, eu mesma falo com ele. Me desculpe.

se despediu do homem que só deixou o local após a sua saída. Deve ter sido bem estranho para ele. voltou para a reserva focada em falar-lhe sobre isso, sobre a oficina e ajudar na construção de sua cabana. E assim foi. Eles não comentaram nada sobre a sua empreitada em vender a casa para Mark. Black contou que parou as reformas devido à situação de Embry e também porquê recebeu muitas encomendas da marcenaria. E como havia feito as entregas naquela manhã, poderia retomar a oficina. falou a ele que o ajudaria, já que havia o prometido isso há tempos. Ele não fez cerimônia.
Era noite, estava sentada na cama com o computador aberto em seu colo e pesquisando sobre os frios. Jacob atravessou a porta com seus cabelos molhados, secando-os com a toalha. Sorriu quando viu a mulher concentrada e lhe beijou em um selinho carinhoso.

— Cheirosa.

apenas sorriu, sem perder a atenção às leituras, fazendo Black notar a sua concentração e ele sorriu curioso. E logo após se vestir saiu do quarto, e voltou com um copo de suco e uma fatia de bolo. Sentou-se ao lado de , observando a tela do computador.

— Coma, Mani. Já está aí desde que saiu do banho.

Só então, ela percebeu o lanche ao seu lado. , apertou a perna dele em agradecimento, em um breve carinho. Black puxou o computador do colo dela e o colocou mais afastado na cama. Enquanto comia, ele a encarava, e ela sorria com aquele olhar admirado dele.

— O que foi?
— Você é linda. — disse sorrindo, sem perder os olhos.
— É eu sei. Mas, você também é.
— Obrigado. Por que estava pesquisando aquilo tudo?
— Estou curiosa, em relação àquele homem.
— Curiosa como?
— Curiosa. Você estranhou o fato dele ser um vampiro que ainda não fora notado por nenhum de vocês.
— É, mas meu pai já me explicou que isso pode acontecer. Há mais de um tipo de frios.
— Ah é? Então, tudo que eu li sobre vampiros a minha vida inteira pode ser real?
— Depende. — Jacob riu fraco — O que você leu?
— Byron. Drácula. Criaturas sombrias, sugadoras de sangue que não saem à luz do dia porque podem queimar, e que são irrevogavelmente sedutoras e atraentes.

Jacob riu baixinho, não como se zombasse dela, mas como se achasse engraçado as histórias.

— Não sei se Byron teve algum embasamento real. Acredito que ele pode sim, ter tido lá as suas inspirações. Mas, Drácula é apenas uma história. Em geral, o que sabemos e conhecemos nestas gerações todas de lobos é que, os frios sugam sangue sim. Qualquer fonte de sangue, humano ou animal. Mas, o sangue humano é a melhor dieta para eles. E, bem… Eles podem andar entre nós como se fossem um de nós, sem serem notados. Andar pela luz do dia, que nada lhes acontece, ou no caso dos Cullen… — começou a gargalhar zombeteiro ao se relembrar — Não podem porque eles brilham ao Sol.
— Brilham? Como paetês e purpurina?
— Tipo isso.

Jacob ria da expressão incrédula de .

— O que mais vocês sabem?
— São sedutores sim. É a arma que tem para atrair suas presas. São muito atrativos, e despertam a curiosidade humana. Tem poderes individuais, alguns são paranormais psíquicos, outros, mutantes físicos… Etc.
— Os Cullen. Como eram?
— Edward lia mentes, Alice previa o futuro. Emmet era extremamente forte, o Jasper... Ele tinha algo, eu não lembro. Alguns deles não desenvolvem paranormalidade. Embora, só o fato de existirem já seja uma anormalidade.
— E… E ela?
— Está falando da Bella?
— Sim.
— Ela era imune a qualquer dom. E parece que isso era bem valioso para eles.
— Hm…
— Meu pai disse que aquele homem, o frio que estava na sua casa, é dessa… Espécie, se assim posso chamar, que é facilmente confundido com humanos. E por isso, mais perigoso.

engoliu em seco.

— Ele por acaso te procurou de novo?
— O quê?
— Você está bem curiosa com isso.
— Eu sou curiosa, Black. Você sabe.
— Não quero que me esconda nada se ele a procurar.

“E se eu procurar por ele?”, ela pensou.

— Como foi o seu dia? — mudar o assunto deixou Jacob desconfiado.
— Fiz as entregas e trabalhei na sua cabana. E só. E o seu?
— Erick voltou com a Jessica. Almocei com Seth, depois fui à corretora ver as condições de compra do terreno que olhei esta semana…
— Por que não me contou que estava olhando terrenos para o seu laboratório?
— Ahn… Não sei, eu só fui tentar resolver.
— Eu gostaria de participar.
— Tudo bem. — sorri.
— E onde fica?
— Na Collins.
— Bom local… E quais as condições de compra?
— Vendendo a minha casa dou entrada no financiamento.
— Bem, vamos ter que vender para alguém de fora. Dificilmente alguém daqui vai comprá-la.
— É, mas eu acho que consegui vender.
— O quê? Para quem?
— Céus, eu acho que você não vai gostar. — não poderia mentir, e não acreditava que tinha dado o mole de falar para ele.
. Para quem você vendeu a sua casa?

Ela se levantou da cama, andando de um lado a outro no quarto. Não podia acreditar que depois de um dia inteiro evitando escapar aquele assunto, ela havia soltado daquele jeito a bomba.

— Mark. Mark soube que eu estava querendo vender a casa, e me procurou quando eu saía da corretora. E Mark é o nome do homem que invadiu a minha casa.
— VOCÊ VENDEU A SUA CASA PARA UM FRIO?

Black estava de pé na sua frente extremamente nervoso.

— E por que você aceitou a aproximação dele se sabia o que ele é? E como ele soube? Simplesmente soube!? E … Eu não acredito que isso está acontecendo outra vez.

Black disse e saiu do quarto. foi atrás dele, na cozinha. Ele virava água gelada num copo e a olhava desacreditado.

— Black, não é bem assim. Eu não sabia o que ele era. Ele me pareceu um homem comum, um doido que invade casas, e eu fiquei com medo sim de fazer a coisa errada, mas ele estava interessado. E com dinheiro na mão, e eu preciso comprar o terreno, e preciso ainda mais me livrar daquela casa. Não me importo se vou vender pro Joseph, pra Marie ou pro Mark.
— Você entregou a um frio, de mãos beijadas, toda uma população!
— Não, eu não meti os pés pelas mãos desse jeito. Vocês caçam frios, eu dei a vocês a gaiola perfeita para acabarem com eles. Vocês conhecem muito bem o Kalil. Vocês vão acabar com eles e disso, eu não tenho dúvidas.
— Okay, . — suspirou pesado — E… Como foi que um estranho recém-chegado descobriu que logo você, queria vender a casa?
— Vários estabelecimentos da cidade estão sabendo.

Jacob colocou o copo na pia, e saiu novamente para o quarto. Olhou furioso para ela quando passou por , e a mulher voltou para o quarto junto a ele.

— Ei Black… Eu fiz algo tão ruim assim?
— Não quero você perto dele. Não só pelos riscos, mas porque eu não vou perder você para ele!
— Você… — sorriu discretamente e um tanto surpresa com a novidade: — Você está com ciúmes do Mark?
— Argh! Para de chamar ele assim?
— É o nome dele.
— Estou! Estou com ciúmes! Eu poderia aceitar você e o Erick por aí, você e o Scott, você e qualquer um. Mas você e um frio, não é algo que eu vá aceitar nem em um milhão de anos.
— Não terá que se preocupar com isso.

o abraçou na tentativa de acalmá-lo e o beijou. Os dois, voltaram a sentar na cama.

— Inclusive, acho que você deveria contar a todo mundo que agora tem uma namorada, para que ninguém me ache uma maluca. — falou de forma a amenizar o assunto anterior.

Black acariciava seus cabelos, ainda nervoso. E a olhou profundamente quando ela disse aquilo. Retirou o computador da cama, e já estava imaginando que ele diria: “Não quero que ninguém saiba de nós”, tamanho o mistério em falar alguma coisa após ter escutado ela. Então Black, virou-se de lado para ela, acariciou seu rosto e iniciou um beijo apaixonado. A medida que eles aprofundavam o beijo, Jacob se colocou por cima de e fazia carinhos em seu rosto enquanto eles se beijavam. Até que os dois ouviram batidas na porta. Black bufou e falou alto: “entre”. Era Sue, que a chamava para falar com Seth. Ela ficou extremamente desconcertada, e só então notando a cara descontente de Jacob pediu desculpas dizendo que não era nada sério, e que pela manhã , poderia falar com Seth. Sue se retirou e Black e a sua então namorada, voltaram os carinhos de onde tinham parado.

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Nota da autora: Olá, essa fanfic foi a minha primeira, em 2023 passa por reedição e está sendo postada aqui no Fancon, no site MangaToon, Wattpad e a continuação dela também já foi postada no Wattpad, e em breve vem para cá também! Obrigada por ler, se você é leitora das antigas, ou novata. Espero que se aventure com a Luna e goste de conhecer esse universo remodelado da fanfic! Para acompanhar mais trabalhos meus seja fanfic ou livros, me siga no instagram. E todas as minhas fanfics neste site, estão disponíveis na minha página de autora. Até mais! ♥


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