Queria saber se Janeiro foi tão longo para vocês como foi para mim, e aí? Achei que não ia acabar NUNCA, mas minhas férias foram embora, tsc. Mas levantando ânimos, hoje tem coluna nova, da nossa colunista nova, Lais, para encerrar o mês com chave de ouro. Vamos lá?
Os queridinhos problemáticos
De que outra forma eu poderia começar esta coluna se não me apresentando? (Afinal, nesta sala de aula eu sou a novata e vocês são os professores me obrigando a falar diante da turma inteira). Prazer, eu me chamo Lais (em algumas redes, Yoko) e no Popicando de hoje nós vamos bater um papo muito sério: livros queridinhos que muito provavelmente você já leu e AMA, mas que são problemáticos.
Das polêmicas envolvendo After todos nós temos conhecimento; é quase um dever universal odiar esse livro e sabemos muito bem o porquê. O livro Eleanor & Park, da Rainbow Rowell, publicado em 2012, também teve seu momento de cancelamento, tendo em vista todo o racismo envolvido, ainda que disfarçado. E como não falar de A Saga Crepúsculo? Confesso que amo e já reli várias vezes, mas não podemos negar a romantização de comportamentos obsessivos como o de Edward (ele ficava observando a Bella dormir…) e a dependência emocional da protagonista no segundo livro. Um amor patológico, um desserviço literário. É claro que a lista não para por aí. Se procurar, vai encontrar vários, mas estou apenas incluindo os que eu li e que, sim, tem aí sua cota de “eu não acredito que estou lendo isso!”. Atenção:se você nunca leu Corte de Espinhos e Rosas e/ou Aristóteles e Dante Descobrem os Segredos do Universo, os parágrafos abaixo contém spoilers. Outro que vai entrar pra lista é Corte de Espinhos e Rosas, da Sarah J. Maas, que virou o queridinho de muitos bookstans(e o pior é que nem dá para dizer que o livro é ruim). Qual o problema do livro, então, se ele é assim tão bom? Acontece que, em algum momento em todas aquelas páginas, há romantização de assédio. Um dos principais personagens, Rhys, que viria a ser o par romântico de Feyre, embebeda a protagonista, e só então ela se mostra mais receptiva aos toques dele. Conseguiu ver onde está o problema? Sem falar da ausência de representatividade, que é tão essencial em obras literárias. Quem mais vai ganhar um espaço nesta coluna é um livro de Benjamin Alire Sáenz, Aristóteles e Dante Descobrem Os Segredos do Universo — vulgo Aridante. Desta vez, a problemática está na transfobia que ocorre neste livro. Fãs e demais leitores reclamaram do uso dos pronomes errados para se referir à uma mulher trans e da falta de aprofundamento no assassinato dela, dando a entender que o assunto não merece tanta atenção, quando todos nós sabemos que é uma pauta que precisa ser discutida, não banalizada. Se eu fosse falar de todos os livros problemáticos existentes, esse texto iria ficar enorme, portanto, vamos terminar por aqui? Chega de reclamar por hoje. Moral da coluna: não seja um escritor sem noção!
— Lais
