Chegando nessa terça-feira com mais um popicando! Hoje a coluna é da nossa mais nova colunista da equipe: Raíssa G.! Para estrear, ela trouxe o livro “Você ligou para o Sam” para a gente popicar. Vamos lá?

Você Ligou Para o Sam, por Dustin Thao

  “O celular chama por um bom tempo, abafando lentamente meus pensamentos, e sinto que vai chamar para sempre, até que de repente o toque para. Alguém atende a ligação. Há um longo silêncio até que uma voz surge na linha.

      — Julie…”

 Primeiramente, meu nome é Raissa G., sou nova aqui e tenho um vício felino incapaz de ser detido na presença de gatos. Dito isso, agora posso dizer que esse livro me abalou totalmente. Ou seja, favoritei e dei 5 estrelas. Confesso, não sou muito apegada a livros únicos, mas costumo abrir algumas exceções e foi o que eu fiz pra Você Ligou Para o Sam, do Dustin Thao.

Julie é uma garota da cidade grande que mudou para uma pequena e conheceu Sam, o amor da sua vida. A história se passa no tempo em que um terrível acidente aconteceu e Sam morreu, então Julie, tendo se fechado no luto e enfrentando culpa e tristeza, decide ligar para o número de seu namorado enquanto está em uma crise de ansiedade. Ela nunca esperou, é claro, que ele atendesse. Mas é o que ele faz. Como poderia alguém morto atender o telefone? Seria uma pegadinha? Uma brincadeira de mau gosto? Ela está sendo punida por não comparecer ao velório ou… uma segunda chance de se despedir?

      A edição de fotografia é a coisa que mais me fascina nos filmes, mas imagine isso em um livro? A escrita do Dustin Thao é fácil e leve, o livro não é longo, mas o mais interessante é o jeito que ele consegue viajar nas memórias de Julie com o Sam de maneira nada cansativa e inteiramente pontual. Veja bem, quando digo “viajar”, não apenas quero dizer que ele dedicou um capítulo para flashbacks, não. Não o Dustin, as cenas passam por uma transição fascinante para algo que é tão limitado para a fantasia como o livro dele, não há magia envolvida, a não ser o talento do próprio escritor.

      Dustin tinha um problema quanto aos seus protagonistas, Julie e Sam eram namorados, mas como entender o amor dos dois sem ver a história deles? Como não deixar os capítulos maçantes e entediantes na divisão de “Antes” e “Depois”? Ele pontuou bem os momentos, alguns eram apenas pensamentos soltos de Julie, outros ela simplesmente contava para alguém, mas os mais importantes, os que fariam os leitores sofrerem junto com ela pela perda do Sam… esses ele narrou em cenas conjuntas e pequenas.

      Há, é claro, uma mensagem clara que você aprende com o livro. Seguir em frente não é abandonar o seu passado, o luto não muda pessoas ruins, e o mais importante: ser feliz de novo é honrar o que já te entristeceu. 

– Raíssa G.