Boa noite, fanfiqueiras! Vamos falar sobre um clichê? Confere só mais uma coluna
Continência ao Amor
O clichê (quase) sempre dá certo
Algum tempo atrás, a Netflix lançou um filme clichê que dividiu opiniões na internet: Continência ao Amor. O filme conta a história de Cassie, que tem o sonho de ser cantora, trabalha como garçonete em um bar e tem um problema: não consegue manter os custos dos seus remédios de diabetes. Por outro lado, temos Luke, um cara que tem um passado duvidoso e está se corrigindo, prestes a virar um soldado militar, e ele também tem um problema: está devendo 15 mil dólares a um traficante do seu passado e não tem como arrumar esse dinheiro.
Os dois não gostam um do outro, mas não chega a ser exatamente um enemies to lovers, a trope do filme é relacionamento fake. Quando Cassie descobre que os soldados recebem auxílio saúde e que, se casada com um deles, também pode receber esse auxílio, ela tem a ideia de se casar com um de seus amigos, mas ele não aceita, pois namora. É aí que Luke entra, que também precisa do dinheiro para a dívida de 15 mil.
Apesar do clichê envolvido na trama, o filme não agradou tanto boa parte dos espectadores e, apesar de eu ter gostado do filme, também entendi os motivos de não terem gostado, pois senti falta de alguns elementos que poderiam ter endossado a história. Todo mundo adora um clichê, isso é fato, mas não é só porque é clichê que não precisa ser bem trabalhado.
O casal tem química. Eles fingem um relacionamento para manter o benefício que ajuda os dois. Quando ele se machuca em uma missão do trabalho, precisa voltar para casa e, para manter a farsa de que estão casados, ele vai morar na casa de Cassie. A partir daí, nós assistimos o relacionamento dos dois evoluírem, mas também é nessa sequência que o roteiro peca.
Um clichê precisa de três coisas para se basear: o plot da história que é considerado clichê, nesse caso, relacionamento fake + enemies to lovers; um conflito e um bom desenvolvimento. Continência ao Amor entregou as duas primeiras coisas, mas deixou a desejar o desenvolvimento da relação dos dois. Sinceramente, senti que as coisas aconteceram rápido demais e não consegui sentir os dois se apaixonando. E foi justamente isso que não agradou boa parte dos espectadores. O filme é longo, mas parece que não deu tempo de trabalhar em cima da relação dos dois.
A produção da Netflix só serviu para mostrar que o clichê nem sempre dá certo ou agrada. No entanto, Continência ao Amor não deveria ser considerado um filme ruim, ele atende a sua proposta de agradar uma tarde entediada qualquer, em que você pode assistir para passar o tempo, deitada na sua cama, com um sorvete de lado para refrescar o calor do clima quente da primavera. Mas, também, serve como uma lição aos escritores de quais tipo de erros não devem cometer na hora de querer inovar um clichê que existe em milhares de filmes e livros.
– Aurora
